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SWING POLÍTICO 2.0<br />
Para político farrista,<br />
UMA FRASE TEM PESO MORTAL DE<br />
ESCORPIÃO ATRAVESSANDO RIO<br />
O ministro Geddel Vieira Lima,<br />
um dos dois principais sustentáculos de<br />
Michel Temer, era conhecido na Câmara<br />
como deputado que nunca levou desaforo<br />
para casa.<br />
Sempre teve uma piada demolidora<br />
para lançar em seus adversários e aliados.<br />
Ninguém escapava da língua rota do<br />
deputado Geddel, um frasista de marca<br />
maior.<br />
Aliás, o folclore político anotava,<br />
numa recente legislatura, a coexistência de<br />
três extraordinários frasistas. Eram capazes<br />
de, com uma só frase, demarcar o dia<br />
parlamentar.<br />
Eram os deputados Delfim Netto,<br />
Paulo Delgado e ele próprio, Gedel Vieira<br />
Lima.<br />
O reino deles era o cafezinho da Câmara,<br />
onde desfechavam seus petardos e<br />
não precisavam fazer mais nada naquele<br />
dia. Suas frases já ecoavam minutos depois<br />
em toda a casa.<br />
Geddel na Secretaria de Governo de<br />
Temer, certamente está 100 % contido.<br />
Mas já largou uma ou outra frase corrosiva.<br />
É a tal fábula do escorpião atravessando<br />
um rio.<br />
“Serjão”, duro<br />
e arrogante,<br />
DEIXAVA A MÁSCARA CAIR QUANDO<br />
VIA UM MENINO PEDINDO ESMOLA<br />
O conselho de não dar esmolas a mendigos não faz<br />
a cabeça de um político, daquele tipo que adora dar demonstração<br />
de magnanimidade, se possível em público,<br />
para todos verem.<br />
Em Brasília, que atrai pedintes de todo o Brasil à<br />
cata de um favorzinho, um emprego, um lote de terras ou<br />
simplesmente um dinheirinho na mão, essa recomendação<br />
dos assistentes sociais é solenemente esquecida pelos<br />
políticos, que assim ficam bem com suas consciências.<br />
Estão - pensam - “distribuindo renda”...<br />
Um caso bem típico foi vivido pelo super-poderoso<br />
ministro das Comunicações do governo FHC, Sérgio<br />
Motta, um grandalhão com cara de mau, que era aparentemente<br />
insensível diante de qualquer tipo de demonstração<br />
de emoções.<br />
Longe disso. O “Serjão” tinha suas quedas de pieguismo.<br />
Brasília tem disso também.<br />
Um certo dia, chegava em seu carro oficial com placa de<br />
bronze com a faixa verde-amarela à entrada do Ministério,<br />
quando foi abordado por um mendigo, rogando um dinheirinho<br />
para matar a fome.<br />
O primeiro impulso do ministro foi apressar o passo<br />
e se dirigir ao elevador privativo, naquela cadência que<br />
identifica o homem de estado que tem encargos urgentes<br />
para resolver.<br />
Mas, estancou a marcha, voltou-se, dando uma nota<br />
de R$ 10,00 ao pobre homem.<br />
Exclamou ao assessor a seu lado:<br />
– “Dizem que não é para dar esmola, mas eu não aguento.<br />
Simplesmente eu não aguento! Dou e sempre darei!!<br />
E, dessa forma, continuou fazendo da entrada do<br />
Ministério uma praça de caridade.<br />
48 CARTA POLIS | JULHO 2016