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O PRESIDENTE<br />
O que<br />
É FECHAR A<br />
importa<br />
CORTINA<br />
E RECEBER<br />
APLAUSOS<br />
Um personagem ávido pelo fecho do primeiro ato de seu<br />
drama, Michel Temer aguarda com ansiedade que se<br />
fechem as cortinas da peça A TRANSIÇÃO DE DIL-<br />
MA e, enfim, comece o seu governo no final de agosto. E espera<br />
aplausos da plateia.<br />
Enfim, esforça-se ao máximo para, na interinidade, ser o<br />
mais permanente possível. Evita entrar em choques polarizados<br />
com Dilma e o PT, e já lança sinais de que, passada a fase do<br />
impeachment, agasalhará um plano de união política nacional,<br />
sendo necessário para tanto uma conversa com Lula. Se é que<br />
Lula estará lá para conversar e a Lava Jato não terá levado atores<br />
centrais do drama republicano.<br />
Temer procura fazer a sua parte, recitando suas falas o mais<br />
corretamente possível. Sabe que a plateia é volúvel: aplaude até<br />
se comover às lágrimas quando o desempenho no palco é excepcional.<br />
Mas bate os pés, vaia e xinga os atores quando estes são<br />
pífios.<br />
É assim que nesse primeiro ato, que não acabou ainda, Temer<br />
veste um figurino que não carrega uma coroa de ouro.<br />
Todos os dias, quando chega a seu gabinete presidencial,<br />
olha na parede e vê a fotografia oficial de Dilma Rousseff, portando<br />
a faixa que ainda não é sua.<br />
A presença de Dilma em fotos, pairando sobre o ambiente, é<br />
uma sensação pesada, que naturalmente constrange. É como se a<br />
presidente afastada estivesse ali, ouvindo as conversas. Como se<br />
seu olhar continuasse ditando o limite das confidências.<br />
6 CARTA POLIS | JULHO 2016