Finame
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Copyright© Associação de Funcionários da FINAME<br />
Projeto editorial e produção gráfica: Flor de Letras Editorial (www.flordeletras.com.br)<br />
Dados Internacionais de Catalogação (CIP)<br />
AF256<br />
Associação de Funcionários da FINAME - AFFINAME<br />
Memória <strong>Finame</strong> Jubileu de Ouro / Associação de<br />
Funcionários da FINAME - AFFINAME - 1a ed. -<br />
Rio de Janeiro : Flor de Letras Editorial, 2016.<br />
228p.<br />
1. Empreendimentos de negócios por indústria 2. Memórias<br />
I. Título<br />
ISBN: 978-85-92965-00-6<br />
CDD: 338.76<br />
CDU: 658:005.5<br />
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – por<br />
qualquer meio, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em<br />
sistema de banco de dados sem a expressa autorização da Associação de Funcionários da FINAME –<br />
AFFINAME – Rio de Janeiro, Brasil.<br />
2016<br />
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.<br />
AFFINAME – Rio de Janeiro – Brasil
Sumário<br />
Apresentação......................................................................................................................4<br />
Memória FINAME...............................................................................................................6<br />
Antes do Início...................................................................................................................8<br />
FINAME: do Início e Avante............................................................................................11<br />
Depoimentos<br />
Márcia Regina Brandão...............................................................................................13<br />
Nanci Rodrigues Leite.................................................................................................16<br />
Humberto Coelho da Rosa..........................................................................................20<br />
João Flávio da Silva e Lucinda Gonzalez da Silva..........................................................22<br />
Financiamento de Máquinas e Equipamentos..............................................................24<br />
Depoimentos<br />
Hugo Emmanuel Pinheiro Sardenberg.......................................................................31<br />
Regina Ribas Costa Sardenberg.................................................................................37<br />
Ivone Hiromi Takahashi Saraiva.................................................................................40<br />
Vicinius Santiago Lamas............................................................................................44<br />
Renato José Cursinode Moura...................................................................................49<br />
Composição Estrutural da FINAME (1984)....................................................................53<br />
Unidades Organizacionais...............................................................................................55<br />
Organograma Geral da FINAME 1983...........................................................................57<br />
Atribuições Funcionais 1983..........................................................................................60<br />
Diretorias da Agência de Financiamento Industrial – FINAME, 1994 a 1997...........61<br />
Juntas de Administração da Agência de Financiamento Industrial –<br />
FINAME, 1995 a 1997......................................................................................................63<br />
Depoimentos<br />
Noeli de Lima Ravache..............................................................................................66<br />
Angela Cristina de Oliveira Leite................................................................................71<br />
Marcos da Costa Guaranho.......................................................................................76<br />
Edson Luiz Moret de Carvalho...................................................................................82<br />
Orvinda Alves Barroso................................................................................................88<br />
A FINAME na Mídia ao Longo do Tempo.......................................................................90<br />
Depoimentos<br />
Ada Maria Torres di Stasio.........................................................................................96<br />
Ana Maria Monerat Miranda...................................................................................101<br />
Eliana Martins..........................................................................................................106<br />
Galeria.............................................................................................................................108<br />
Depoimentos<br />
Luiz Antônio Araújo Dantas.....................................................................................118<br />
Ricardo Augusto Garcia Marques............................................................................123<br />
A Reestruturação do Sistema BNDES..........................................................................127<br />
Estrutura de Gestão e Organograma do Sistema BNDES.........................................128<br />
Rede de Instituições Financeiras Credenciadas no Brasil<br />
(Atualizada em Junho de 2016)............................................................................. 153<br />
Depoimentos<br />
Emilson Costa de Lima.............................................................................................157<br />
Jane Maria Coelho Duarte.......................................................................................162<br />
Alex Soares da Silva.................................................................................................166<br />
Dinorá Soares Maia.................................................................................................172<br />
Denise Soares Pires..................................................................................................175<br />
Programas Operacionais de Financiamento de Máquinas e<br />
Equipamentos Atuais (2016).........................................................................................178<br />
A FINAME e o Metrô do Rio de Janeiro.......................................................................180<br />
Depoimentos<br />
Valdir da Silva..........................................................................................................181<br />
Neide de Lima Torres................................................................................................186<br />
João Furtado de Aquino...........................................................................................190<br />
Roberto Wagner Caruso de Oliveira.........................................................................194<br />
Amaury Barreto Aguiar............................................................................................198<br />
Outros Projetos Financiados pela FINAME.................................................................205<br />
Depoimentos<br />
José Asdrubal Bezerra de Souza...............................................................................206<br />
Marcelo Oliveira de Carvalho...................................................................................210<br />
Jeanne Antunes Simas.............................................................................................215<br />
Jorge Henrique Velloso.............................................................................................218<br />
Agradecimento...............................................................................................................226
Apresentação<br />
No último ano, quando me dei conta de que, no próximo dia 2 de setembro de 2016,<br />
a Agência Especial de Financiamento Industrial – FINAME, criada pelo Decreto nº<br />
59.170/66, completará 50 anos de existência, percebi que 2016 teria um significado<br />
especial para os seus funcionários.<br />
4<br />
Imediatamente recorri aos meus pares da diretoria da Associação de Funcionários<br />
da FINAME (AFFINAME) em busca da melhor alternativa para tão importante comemoração.<br />
No entanto nos deparamos com a grande dificuldade de resgatar informações<br />
sobre a nossa empresa. A maioria dos sites de busca atrelava a palavra<br />
“FINAME” especificamente aos seus programas, alguns pendurados em agentes<br />
financeiros ou intrínsecos ao BNDES, como não poderia deixar de ser, já que a Agência<br />
é subsidiária do Banco.<br />
Mas não era só isso que buscávamos. Na verdade, queríamos ver a história da<br />
FINAME contada com o sentimento amoroso e agradecido daqueles que a construíram,<br />
que dedicaram a maior parte das suas vidas em prol do melhor desempenho<br />
da empresa. Queríamos falar do orgulho de fazer parte de uma instituição tão importante<br />
para o desenvolvimento do nosso país.<br />
Surgiu, a partir daí, a ideia da construção desta obra – sem muita pretensão, mas<br />
com muito sentimento. Então, no aniversário de 49 anos da FINAME, convocamos<br />
todos os “finamenses” a contribuírem nesta empreitada de registro da meritória<br />
representatividade desta empresa em nossas vidas e na de todos os brasileiros.<br />
E é o que se segue. Aproveitem nossa história. História de quem fez, faz e ainda fará<br />
um Brasil cada vez melhor.<br />
Jorge Henrique Velloso<br />
Presidente da Associação de Funcionários da FINAME – AFFINAME
5
Memória FINAME<br />
6<br />
1966 – O primeiro dos próximos 50 anos<br />
O ano de 1966 foi marcado por vários acontecimentos. Alguns foram importantes<br />
e marcaram época, outros nem tanto. De relevância mundial, foi constituído, pela<br />
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Pacto Internacional<br />
sobre os Direitos Humanos. No Brasil, o então presidente, Humberto de Alencar<br />
Castelo Branco, decidiu usar o mês de setembro para proceder a duas grandes resoluções:<br />
sancionar a Lei nº 5.107/66, que estabeleceu o Fundo de Garantia por<br />
Tempo de Serviço (FGTS), e assinar o Decreto nº 59.170, que criou uma instituição<br />
que mudou e continua mudando a vida de milhares e milhares de pessoas – sejam<br />
funcionários, parceiros, beneficiados e, por extensão, suas famílias.<br />
Cada departamento, cada funcionário, cada sala, cada cantinho tem a sua história particular<br />
e, juntando-se todas, ter-se-á o maior e melhor registro que a <strong>Finame</strong> jamais teve<br />
Em 1966, em meio à vitória da Inglaterra na oitava Copa do Mundo, à ascensão de<br />
Indira Gandhi ao cargo de primeira-ministra da Índia e ao pouso da sonda soviética<br />
LUNA 9 num corpo celeste fora do nosso planeta, foi criada a Agência Especial de<br />
Financiamento Industrial (<strong>Finame</strong>), que, no presente ano de 2016, está comemorando<br />
50 anos de existência, o seu mais que dourado jubileu.<br />
Esta edição comemorativa trata não só de contar a história da <strong>Finame</strong>, mas também,<br />
e principalmente, resgatar memórias – institucionais e afetivas. Neste projeto,<br />
intitulado Memória <strong>Finame</strong>, por meio de documentos, entrevistas, imagens e muito
mais, essa cinquentenária empresa permanecerá nos registros oficiais e no coração<br />
daqueles que, de uma forma ou de outra, fizeram, fazem ou farão parte dela.<br />
Cada departamento, cada funcionário, cada sala, cada cantinho tem a sua história<br />
particular e, juntando-se todas, ter-se-á o maior e melhor registro que a <strong>Finame</strong><br />
jamais teve.<br />
A elaboração destas “memórias”, desde sua concepção até a finalização, contou<br />
com comprometimento, dedicação, disponibilidade, boa vontade, muito trabalho de<br />
pesquisa, mas também com o amor de todos os envolvidos para oferecer à posteridade<br />
toda a informação histórica e afetiva sobre uma empresa que chegou, feliz e<br />
elegante, ao seu cinquentenário.<br />
A partir de agora mergulharemos na história desta quinquagenária instituição e<br />
conheceremos o legado que será oferecido às gerações vindouras<br />
7
Antes do INÍCIO<br />
BNDE<br />
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi fundado, em 1952,<br />
com os objetivos de apoiar programas, projetos, obras e serviços que se relacionassem<br />
com o desenvolvimento econômico e social do país e estimular a iniciativa<br />
privada sem prejuízo de apoio a empreendimentos de interesse nacional a cargo<br />
do setor público.<br />
8<br />
Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos<br />
Industriais (FINAME)<br />
O Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais<br />
(FINAME), criado pelo Decreto nº 55.275, de 22 de dezembro de 1964, foi destinado<br />
a financiar as operações de compra e venda de máquinas e equipamentos<br />
de produção nacional. Os recursos do fundo eram administrados por uma junta,<br />
cabendo a sua presidência ao presidente do BNDE (atual BNDES).<br />
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi fundado, em 1952, com os objetivos de apoiar programas, projetos,<br />
obras e serviços que se relacionassem com o desenvolvimento econômico e social do país<br />
O Sistema BNDES<br />
Até 1990 o BNDES contava com duas subsidiárias integrais: a FINAME e a BNDESPAR.<br />
Atualmente, as três empresas compreendem o chamado Sistema BNDES.
BNDESPAR<br />
A BNDESPAR é uma sociedade por ações cujo capital social subscrito está representado<br />
por uma única ação, nominativa, sem valor nominal, de propriedade do<br />
BNDES. Tem como principais objetivos, entre outros, apoiar o desenvolvimento de<br />
novos empreendimentos em cujas atividades se incorporem novas tecnologias e<br />
contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais mediante o acréscimo<br />
de oferta de valores mobiliários e a democratização da propriedade do capital de<br />
empresas.<br />
9
FINAME<br />
A Agência Especial de Financiamento Industrial foi criada em 1966 para gerir o<br />
então existente Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos<br />
Industriais. Suas atividades são desenvolvidas sob a responsabilidade e com<br />
a colaboração do BNDES. A gestão da agência cabe à sua junta de administração.<br />
Os objetivos da <strong>Finame</strong> são:<br />
• atender às exigências financeiras da crescente comercialização de máquinas e<br />
equipamentos fabricados no país;<br />
10<br />
• concorrer para a expansão da produção nacional de máquinas e equipamentos<br />
mediante a facilidade de crédito aos respectivos produtores e usuários;<br />
• financiar a importação de máquinas e equipamentos industriais não produzidos<br />
no país;<br />
• financiar e fomentar a exportação de máquinas e equipamentos industriais de<br />
fabricação brasileira.<br />
As operações da Agência são realizadas por intermédio de agentes financeiros intermediários,<br />
públicos ou privados.
FINAME: do início e avante<br />
Dois anos depois de ser criado pelo Decreto nº 55.275/64, o Fundo de Financiamento<br />
para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais se transformou, por força<br />
do Decreto nº 59.170/66 (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/<br />
decreto-59170-2-setembro-1966-399966-normaatualizada-pe.html), em Agência<br />
Especial de Financiamento Industrial – cuja sigla permaneceu FINAME –, a qual<br />
passou a ser uma autarquia federal com autonomia administrativa e financeira. Este<br />
decreto lhe atribuiu todas as características clássicas de uma autarquia, porém retirou-lhe<br />
essa conceituação ao dispor que deveria operar sob a responsabilidade do<br />
BNDES. Com características de entidade autônoma, o Decreto-lei nº 45, de 18 de<br />
novembro de 1966, incorporando as disposições do citado nº 59.170/66, atribuiu<br />
à entidade personalidade jurídica própria, criando a autarquia federal que passou<br />
a ser FINAME, pessoa jurídica de direito público interno, até o advento da Lei nº<br />
5.662, de 21 de junho de 1971, que converteu e enquadrou a FINAME na categoria<br />
de empresa pública, com personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio<br />
próprio (art. 10), permanecendo vinculada como subsidiária do antigo Banco Nacional<br />
do Desenvolvimento Econômico (BNDE), que passou a ter o nome atual de<br />
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo Decreto-lei<br />
nº 1.940, de 25 de maio de 1982, à Secretaria de Planejamento da Presidência da<br />
República.<br />
11<br />
A transformação do status jurídico em nada alterou os fins da entidade, sua estrutura<br />
administrativa, vinculação, subordinação, capacidade para contratar ou captar<br />
recursos, uma vez que a mesma Lei nº 5.662/71 dispôs que o estatuto da empresa
pública é o conjunto de normas do Decreto nº 59.170/66 e do Decreto-lei nº 45/66,<br />
tal como constituía a lei orgânica da autarquia extinta.<br />
O capital da Agência, dividido em ações nominativas, pertence, na sua totalidade,<br />
ao BNDES.<br />
12<br />
Por força do disposto no Decreto nº 83.324, de 11 de abril de 1979, sem prejuízo<br />
de sua subordinação técnica à autoridade monetária, a FINAME ficou vinculada<br />
ao Ministério da Indústria e do Comércio. Posteriormente, em face de dispositivo<br />
contido no Decreto-lei nº 1.940, de 25 de maio 1982, a FINAME voltou a ficar<br />
vinculada administrativamente à Secretaria de Planejamento da Presidência da<br />
República.<br />
A FINAME, agora Agência Especial de Financiamento Industrial, empresa pública<br />
brasileira subsidiária do BNDES, tem como objetivos atuar no campo da comercialização<br />
de máquinas e equipamentos industriais e abrir linhas de crédito às<br />
empresas privadas nacionais, localizadas em qualquer região do país, com o fim<br />
de: ampliar a utilização de máquinas e equipamentos nacionais e “atender às<br />
exigências financeiras de crescente comercialização de máquinas e equipamentos<br />
fabricados no Brasil; concorrer para a expansão da produção nacional de máquinas<br />
e equipamentos mediante facilidade de crédito aos respectivos produtores<br />
e usuários; financiar a importação de máquinas e equipamentos industriais não<br />
produzidos no país; financiar e fomentar a exportação de máquinas e equipamentos<br />
industriais de fabricação brasileira”, invertendo a tendência do mercado de<br />
máquinas seriadas, caracterizado, na época, pela preferência por equipamentos<br />
importados.
Márcia Regina Brandão<br />
Após ter trabalhado no BNDES, Márcia Regina começou sua carreira na FINAME,<br />
quando esta se localizava na rua da Candelária. Na época, ela trabalhava como<br />
datilógrafa, no Departamento Financeiro (DEPOP), e seu trabalho consistia em datilografar<br />
as propostas de financiamento depois de analisadas. Aposentada há 18<br />
anos, Márcia trabalhou na FINAME durante 27 anos<br />
Eu trabalhava no BNDES como contratada, e, quando houve o concurso, não fui<br />
aprovada. Aí um amigo me falou sobre a FINAME e fui lá e fiz uma prova de português,<br />
matemática e datilografia. Passei e fui chamada para trabalhar.<br />
13<br />
Pouco tempo depois de começar a atuar como datilógrafa, Márcia Regina passou a<br />
trabalhar como secretária.<br />
Fiquei pouco tempo como datilógrafa. Como eu costumava substituir as secretárias<br />
quando elas entravam de férias, fui logo convidada para ser secretária também.<br />
Quando ocorreu a fusão do BNDES com a BNDESPAR e a FINAME, Márcia começou<br />
a trabalhar como secretária na área financeira.
Um fato que chamou a atenção de Márcia logo que ela entrou na FINAME foi a<br />
exigência de que as mulheres usassem saias, sendo-lhes proibido o uso de calças<br />
compridas. No entanto, isso foi modificado posteriormente, quando a FINAME passou<br />
a conceder uniformes aos seus funcionários.<br />
Só podia usar saia, e eu usava muito calça comprida. (risos)<br />
14<br />
Enquanto trabalhava na FINAME, Márcia fez faculdade de Comunicação, especificamente<br />
o curso de Propaganda e Publicidade, mas não chegou a atuar nessa área.<br />
Saía daqui e ia para Botafogo estudar. Mas não exerci a profissão. O salário aqui não<br />
era ruim e acabei ficando.<br />
Apesar do arrependimento de não ter feito outra faculdade, como Administração,<br />
por exemplo, Márcia afirmou que gostava muito de trabalhar como secretária e que<br />
se sente grata à FINAME e ao BNDES por tudo o que alcançou.<br />
Uma vez recebi um convite para trabalhar analisando propostas, mas recusei; gostava<br />
de ser secretária. Eu me arrependi de não ter feito outra faculdade, como Administração.
Saía daqui e ia para Botafogo estudar. Mas não<br />
exerci a profissão. O salário aqui não era ruim<br />
e acabei ficando.<br />
Márcia Regina disse que sente muita saudade do tempo em que trabalhava na<br />
FINAME e que a Agência foi algo muito bom que aconteceu em sua vida.<br />
Estou até meio emocionada. Eu não tenho nada a reclamar. E agora também, como<br />
associada da AFFINAME, só tenho a agradecer.<br />
Um fato que chamou a atenção de Márcia<br />
logo que ela entrou na FINAME foi a<br />
Márcia tem boas lembranças das festas realizadas pela FINAME.<br />
exigência de que as mulheres usassem<br />
saias, sendo-lhes proibido o uso de calças<br />
compridas. No entanto, isso foi modificado<br />
posteriormente, quando a FINAME passou a<br />
conceder uniformes aos seus funcionários.<br />
As festas eram boas, sempre muito animadas. Todos os funcionários iam, participavam.<br />
Atualmente aproveito os eventos da AFFINAME para rever os velhos amigos<br />
de labuta.<br />
15
Nanci Rodrigues Leite<br />
Em novembro de 1965, Nanci começou a trabalhar na FINAME, tendo sido contratada<br />
por meio da FIESP. Na época, ela exercia a função de atendente, cujas tarefas<br />
englobavam a organização de processos a partir de notas promissórias, contratos e<br />
demais documentações, que, posteriormente, seguiam para análise.<br />
16<br />
Eu montava o processo e ele ia para a análise. Passava por todos os funcionários que<br />
faziam os cálculos, depois voltava para aprovação.<br />
Nanci foi efetivamente contratada pela FINAME na década de 1970, depois de fazer<br />
uma prova, assim como os demais funcionários contratados.<br />
Em 1964 FINAME ainda não tinha personalidade jurídica para admitir, então tínhamos<br />
contrato de três meses por meio da FIESP. Como todo o cadastro de reservas do<br />
BNDES havia sido utilizado, chegou um ponto em que o Banco não podia mais ter<br />
funcionários contratados dessa forma, então a FINAME criou personalidade jurídica<br />
para admitir os funcionários que se encontravam naquela mesma situação.<br />
Inicialmente, a FINAME funcionava na rua São José, número 90, onde ocupava apenas<br />
o terceiro andar. Nanci já trabalhava na Agência nesse período. Mais tarde, a
FINAME passou a atuar na rua da Candelária, onde passou a ocupar dois andares.<br />
Em seguida, deslocou-se para a rua Sete de Setembro, onde, a princípio, ocupava o<br />
oitavo andar. Com o tempo, outros andares foram incorporados. Embora os cargos<br />
tenham mudado de nome com o tempo, o trabalho de Nanci continuou sendo o de<br />
aprovação de processos, atividade que exerceu durante 29 anos.<br />
Permaneci no mesmo setor de análise, que mudou de nome várias vezes.<br />
Nanci passou praticamente a vida toda na FINAME, pois começou a trabalhar na<br />
Agência com 22 anos e só saiu quando estava com 50 anos. Segundo ela, a fusão<br />
do BNDES com a FINAME e a BNDESPAR trouxe muitos benefícios aos funcionários,<br />
tendo sido, portanto, uma mudança muito positiva. Com relação ao tempo em que<br />
trabalhou na FINAME, Nanci contou que se sente realizada profissional e pessoalmente,<br />
jamais tendo sido prejudicada por qualquer funcionário da Agência; pelo<br />
contrário, ela se sentia acolhida e respeitada por todos.<br />
17<br />
Para mim, a FINAME representa uma realização profissional e pessoal. Nunca fui<br />
prejudicada pelos meus chefes. E olha que foram muitos! Eu nunca tive problema<br />
com colegas que entravam para que eu ensinasse o serviço e depois passavam a ser<br />
meus chefes. Eu me firmei profissionalmente porque sabia muito sobre aquele trabalho,<br />
a ponto de dizer “essa máquina é financiada”, dizer o prazo, dizer tudo. Com<br />
relação à rede bancária, que tinha uma credencialzinha, o pessoal me chamava de<br />
“memória de elefante”, porque eu sabia a credencial de todos os bancos. A posição
fiscal eu sabia de cor, de tanto que lidava todos os dias. E não tinha computador!<br />
(risos)<br />
Apesar de gostar muito de trabalhar na FINAME, Nanci decidiu se aposentar aos 50<br />
anos porque foi transferida para o setor de atendimento, que era uma área na qual<br />
não gostava de trabalhar.<br />
18<br />
Custei muito a me adaptar, porque a secretaria não era a minha área. Eu não gostava<br />
do tipo de trabalho, era muito telefone. O pessoal ligava demais, o banco,<br />
empresários, pessoas que tinham um financiamento em aprovação etc.<br />
Nanci narrou uma história engraçada que aconteceu com ela no tempo em que<br />
trabalhava como secretária.<br />
Em um dia de plantão meu, eu estava sozinha na secretaria e o chefe estava em reunião.<br />
Lá pelas seis e pouca da tarde, entrou um homem. Não entendi nada: como é<br />
que aquele homem entrou sem o segurança ver? Pensei: “Meu Deus do céu”. Aí ele,<br />
muito baixinho, falou: “Eu sou de Serra Pelada e quero pegar um financiamento”.<br />
Daí eu expliquei que ele deveria procurar o agente financeiro. Hoje essa história é<br />
engraçada, mas na hora eu fiquei com medo.
Quando se aposentou, Nanci sentiu muita falta do trabalho na FINAME, uma vez<br />
que lá possuía diversos amigos com quem tinha uma relação de grande intimidade.<br />
No entanto, ela revelou que também foi muito bom poder ter tempo para cuidar<br />
dos filhos.<br />
Era muito bom. Tínhamos uma intimidade com a rapaziada dos bancos que vinham<br />
buscar os recursos no final da tarde. Eles tinham que levar uma autorização de<br />
pagamento e a gente sentava e era uma falação na recepçãozinha do nosso andar.<br />
Minha matrícula, se não me engano, foi a de<br />
número 15. Tenho a carteirinha. (risos) Hoje em dia<br />
temos essa maravilha que é a nossa Associação.<br />
Agradeço a oportunidade de recordar momentos<br />
tão maravilhosos de minha vida profissional, em<br />
companhia de pessoas tão especiais.<br />
Nanci contou que grandes projetos siderúrgicos, navais e de hidroelétricas passaram<br />
pela FINAME, motivo pelo qual ela sente ainda mais prazer em fazer parte da<br />
agência. Além disso, ela participou da criação da Associação dos Funcionários da<br />
FINAME.<br />
Minha matrícula, se não me engano, foi a de número 15. Tenho a carteirinha. (risos)<br />
Hoje em dia temos essa maravilha que é a nossa Associação. Agradeço a oportunidade<br />
de recordar momentos tão maravilhosos de minha vida profissional, em<br />
companhia de pessoas tão especiais.<br />
19
Humberto Coelho da Rosa<br />
20<br />
Em 1966, Humberto se dirigiu à rua São José, número 90, para participar de uma<br />
seleção para o BNDE (ainda não tinha o S), a qual era composta por provas de português,<br />
matemática e datilografia. A datilografia era a mais importante e Humberto<br />
passou. Acontece que ele já trabalhava há quatro anos em outra empresa e, quando<br />
comunicou que iria trabalhar no BNDE, seu chefe falou: “Eu te mudo de cargo e<br />
dou um aumento”. Mas não teve jeito: em 1º de julho de 1966 Humberto se tornou<br />
funcionário do BNDE, de onde saiu aposentado em 20 de julho de 1995. Primeiro foi<br />
escriturário, depois passou a auxiliar técnico, assistente técnico e técnico de arquivo<br />
no setor financeiro da FINAME.<br />
Eu comecei na FINAME quando ainda era na rua São José, 90, 13º andar. Trabalhei<br />
ali por quase dois anos. Dali fomos para a rua Sete de Setembro, 48, terceiro andar.<br />
Trabalhei ali no máximo três anos. De lá fomos pra Candelária, 60, terceiro andar,<br />
onde ficamos durante um bom tempo.<br />
Um dos fundadores da AFFINAME, Humberto conta que a Associação foi criada<br />
para ajudar, essencialmente, os funcionários em questões financeiras, emprestando<br />
dinheiro a quem precisasse.<br />
Tínhamos, na época, o hábito de pegar dinheiro com agiotas, então criamos a Associação,<br />
que serviria para emprestar dinheiro a algum funcionário que precisasse, já<br />
que todo mês se dava uma quantia para a Associação. Imagina, com 50 funcionários
pagando uma mensalidade, dava para emprestar a alguém que estivesse precisando.<br />
Então nós criamos, com essa finalidade, em 5 de julho de 1972.<br />
Cartão assinado pelos<br />
colegas na ocasião de<br />
seu casamento<br />
Tendo entrado ainda muito novo na empresa, é natural que fatos marcantes da vida<br />
pessoal tenham ocorrido durante o tempo em que lá permaneceu, como, por exemplo,<br />
o seu casamento. Humberto ainda guarda o cartão que recebeu dos colegas de<br />
trabalho.<br />
E também o que recebeu em seu aniversário de 1979.<br />
No dia em que se aposentou, Humberto e outros recém-aposentados se reuniram<br />
após a homologação para comemorar a nova condição.<br />
21<br />
Tristeza? Que nada!<br />
Eu nunca me aborreci com algum colega na FINAME; sempre fui de apaziguar as<br />
coisas.<br />
E na memória...<br />
A FINAME está no meu coração, eu a considero minha segunda casa. Gosto de<br />
confraternizar com meus colegas.
João Flávio da Silva e<br />
Lucinda Gonzalez da Silva<br />
Em 1966, Lucinda foi chamada para fazer uma prova interna na FINAME, com quase<br />
todos os direitos de um concursado. Ela lembra que, no início, eram poucos funcionários,<br />
mas o grupo era unido, e o presidente, bastante acessível.<br />
22<br />
Nós fazíamos tudo com muita alegria, éramos muito unidos. O nosso presidente era<br />
uma pessoa muito boa, que tinha amizade e comunicação com os funcionários, mas<br />
que, na hora da bronca, também sabia dar.<br />
Flavio foi diretor e Lucinda, diretora financeira da Associação de Funcionários da<br />
FINAME (AFFINAME). Ambos consideravam a FINAME uma família. Sempre havia uma<br />
comemoração no aniversário dos funcionários. No Natal, os filhos de até 14 anos dos<br />
funcionários ganhavam presentes. Houve um tempo em que as festas aconteciam no<br />
próprio prédio, com a presença do presidente e do diretor. Depois, começaram a ser<br />
realizadas fora da empresa, em sítios, com a presença das famílias dos funcionários.<br />
Eles participavam do nosso almoço e nós ficávamos muito à vontade com a presença<br />
deles. Eram pessoas muito humanas, muito boas. Nós preparávamos o salão do ter-
ceiro andar com muito carinho e muito amor. Cada funcionário era responsável por<br />
uma tarefa.<br />
Também foi na FINAME, na cantina da D. Geralda, que Lucinda conheceu o marido,<br />
João Flavio, com quem é casada até hoje.<br />
Na cantina da D. Geralda tinha um santo casamenteiro, e foi lá que me amarrei e<br />
estou casada com Flavio há 43 anos. Temos duas filhas, três netas e um neto.<br />
23<br />
Para Lucinda, três situações marcaram sua passagem pela FINAME.<br />
Três acontecimentos ficaram marcados para sempre: quando Flavio e eu nos casamos,<br />
nossos colegas fizeram uma lista com a qual conseguimos comprar todos<br />
os móveis de nossa casa; compareceu ao nosso casamento o diretor executivo, o<br />
doutor Brandão; e, quando nasceu nossa primeira filha, o então diretor executivo, o<br />
doutor Dalton Estelita Lins, nos enviou, em nome da FINAME, uma linda corbelha<br />
de flores para o hospital.
FINANCIAMENTO de<br />
máquinas e equipamentos<br />
24<br />
À FINAME foram atribuídas a garantia do fluxo contínuo de recursos para produção<br />
e comercialização de máquinas e equipamentos que atendessem a índices mínimos<br />
de nacionalização, periodicamente revistos – que chegaram a ser de 85% (1983) –,<br />
e a dispensação, às pequenas e médias empresas, de um tratamento diferenciado<br />
por meio da concessão de financiamento com custos reduzidos e prazos longos para<br />
liquidação.<br />
À FINAME foram atribuídas a garantia do fluxo contínuo de recursos para produção e comercialização de máquinas e<br />
equipamentos que atendessem a índices mínimos de nacionalização<br />
O financiamento para produção e aquisição de máquinas, equipamentos e bens de<br />
informática e automação novos, de fabricação nacional e credenciados no BNDES, é<br />
realizado por intermédio de instituições financeiras credenciadas.<br />
PROGRAMAS OPERACIONAIS DE FINANCIAMENTO – DÉCADAS DE 1960 A 1990<br />
Programa Automático (década de 1960)<br />
Criado para se adequar às necessidades de cada período econômico para melhor<br />
atender aos objetivos fundamentais da Agência. Sua denominação se deve à sua<br />
forma de operar, permitindo ao agente financeiro estabelecer as condições de financiamento.
Programa Pequena e Média Empresa<br />
Financia a aquisição de máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional<br />
destinados essencialmente à produção industrial ou à prestação de serviços básicos,<br />
com índice de nacionalização, em valor e peso, superior a 90%.<br />
Programa de Longo Prazo (Década de 1970)<br />
Destina-se a financiar equipamentos de fabricação nacional que concorram com<br />
os importados. Seu prazo de resgate, que era de 36 meses, ampliou-se para até 96<br />
meses, com, no máximo, 24 meses de carência.<br />
25<br />
Programa Especial (Década de 1970)<br />
Criado em 1972, a diferença entre este e os programas anteriores é que o Programa<br />
Especial estava condicionado à apresentação de carta-consulta pelo interessado,<br />
nela discriminados e caracterizados os equipamentos/máquinas alvos do<br />
financiamento.<br />
No ano de 1973, os programas FINAME sofreram várias alterações, entre elas a<br />
implantação de mais dois programas: Convênio FINAME-CEF e Novo Programa Especial.<br />
Segundo Irimá Silveira, 1 “a necessidade de prosseguir no ajuste das diretrizes<br />
1. SILVEIRA, I. BNDES 50 Anos – Histórias Setoriais: O Setor de Bens de Capital. BNDES, 2012. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 6 abr. 2016.
operacionais da Agência às exigências do parque industrial brasileiro determinou<br />
a conveniência de consolidar o Programa de Longo Prazo e o Programa Especial<br />
em um só, também denominado Programa Especial”. Por meio deste programa<br />
a <strong>Finame</strong> estimulou a produção e o avanço da indústria brasileira no tocante à<br />
“nacionalização de equipamentos pesados e tecnologia sofisticada, concedendo<br />
incentivos especiais à efetiva execução no país das atividades de projeto e<br />
fabrico”.<br />
26<br />
Programa BNDES-Automático (Década de 1980)<br />
Em 1989 o BNDES transferiu para a FINAME a administração das operações de<br />
financiamento de processamento automático, conduzidas exclusivamente por agentes<br />
financeiros.<br />
Programa Agrícola (Década de 1990)<br />
Voltado a dar suporte à aquisição de máquinas e equipamentos destinados à produção<br />
agropecuária e agroindustrial, em conformidade com a política governamental<br />
da época de apoio à agricultura.<br />
Programa FINAMEX (DÉCADA DE 1990)<br />
Constituído para viabilizar a colocação, no mercado externo, de equipamentos de<br />
fabricação nacional em reposta à potencial demanda devida às alterações realizadas<br />
no sistema de apoio ao comércio exterior pelo governo federal.<br />
Programas Especializados<br />
Ainda na década de 1990, complementando os demais programas, foram introduzi-
dos programas especializados, “com condições particulares de financiamento, para<br />
regiões, setores ou atividades limitadas”. 2<br />
São eles: Programa Nordeste Competitivo, Programa Amazônia Integrada, Programa<br />
de Informatização do Micro e Pequeno Empreendimento, Programa de Fomento à<br />
Produção de Embarcações e Programa Especial de Tratamento de Dejetos Suínos em<br />
Santa Catarina.<br />
LINHAS GERAIS DE FUNCIONAMENTO DA FINAME (DÉCADA DE 1980)<br />
A principal atividade da FINAME é fornecer financiamento às indústrias nacionais<br />
para a aquisição de máquinas e equipamentos, o que é realizado mediante a apresentação,<br />
pelo agente financeiro devidamente credenciado, de uma Proposta de<br />
Abertura de Crédito (PAC), a qual, depois de analisada e aprovada, determina a<br />
liberação de recursos para a empresa financiada.<br />
27<br />
As áreas responsáveis pela análise da proposta são a Área Operacional, representada<br />
pelo DEPOP por meio da DIVPO, a área responsável pela liberação de recursos e a Área<br />
de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPFI por meio da DIVPF. O processamento<br />
dos dados para controle e análise é feito pela DIVPD, também da Área de Serviços<br />
Gerenciais. Depois de efetivado o financiamento, a FINAME passa a receber os juros<br />
referentes a esta operação, o que é executado pelo DEPFI por meio da DIVPF, também<br />
contando com o apoio da DIVPD no processamento dos dados necessários ao controle.<br />
2. LAMAS, V. S. A Gestão Estratégica da Qualidade na FINAME – Uma Experiência de Conscientização. Rio de<br />
Janeiro: Grifo Enterprises, 1996.
Os contatos com os agentes financeiros e as providências necessárias ao seu credenciamento<br />
são de competência da DIVRA, a qual atua como órgão de relações<br />
públicas integrando o agente financeiro à FINAME mediante um sistema de informações.<br />
Como apoio técnico ao funcionamento deste sistema operacional configuram-se<br />
duas atuações distintas:<br />
• cadastramento de empresas fabricantes realizado pela Área Operacional, representada<br />
pelo DEPOE por meio da DIVCA;<br />
28<br />
• análise de enquadramento em operações especiais, realizada pela Área Operacional,<br />
representada pelo DEPOE por meio da DIVAE;<br />
• para possibilitar o funcionamento adequado deste sistema operacional, a FINAME<br />
conta com as atividades desenvolvidas pela ASPLA e pela ASCOA, unidades responsáveis<br />
pelo assessoramento técnico ao DIREX;<br />
• a contabilização das operações de financiamento é de competência da Área de<br />
Serviços Gerenciais, representada pelo DEPFI por meio da DIVCO;<br />
• a geração da memória das operações de financiamento é realizada por meio da<br />
microfilmagem dos documentos envolvidos pela Área de Serviços Gerenciais, representada<br />
pelo DEPAD por meio da DIVSG.<br />
• O recebimento e a expedição de documentos necessários à realização das operações<br />
de financiamento é feito pela atividade de protocolo, de competência da<br />
DIVSG.
Os recursos humanos necessários ao desenvolvimento das atividades da FINAME<br />
são providenciados pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPAD por<br />
meio da DIVPE, a qual executa as funções referentes a recrutamento, seleção, admissão,<br />
treinamento, desenvolvimento e controle.<br />
Os recursos materiais necessários ao desenvolvimento das atividades da FINAME<br />
são providenciados pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPAD por<br />
meio da DIVSG, a qual executa as funções referentes a consulta, compra, recebimento,<br />
distribuição e controle.<br />
Os recursos financeiros necessários ao desenvolvimento das atividades da FINAME<br />
são providenciados pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPFI, o<br />
qual executa as funções referentes a obtenção de recursos, liberação de financiamentos<br />
e demais recebimentos e pagamentos.<br />
29<br />
Todo o processo de contabilização da FINAME é executado pela Área de Serviços<br />
Gerenciais, representada pelo DEPFI por meio da DIVCO.<br />
O processamento eletrônico de dados é executado pela Área de Serviços Gerenciais<br />
por meio da DIVPD, que realiza todas as tarefas necessárias ao funcionamento do<br />
Sistema de Informações.<br />
A organização interna da FINAME é executada pela Área de Serviços Gerenciais,<br />
representada pelo DEPAD por meio de Organização e Métodos (O&M).<br />
Todos os assuntos jurídicos da FINAME são analisados pela COJUR mediante parecer<br />
do Consultor Jurídico.<br />
As atividades de recepção, copa, biblioteca, telex, utilização de mensageiros e motoristas<br />
são realizadas pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPAD<br />
por meio da DIVSG.
Recursos Humanos<br />
No desempenho de suas atividades, a FINAME utiliza basicamente um tipo de mão<br />
de obra: a mão de obra administrativa, que é toda aquela voltada para a execução<br />
das atividades administrativas da FINAME.<br />
A mão de obra utilizada na FINAME pode ser classificada em um dos seguintes<br />
grupos:<br />
1. mão de obra qualificada: a que exige formação profissional (p. ex., economistas,<br />
engenheiros);<br />
30<br />
2. mão de obra especializada: a que não exige formação profissional, mas adaptação,<br />
estágio e treinamento em serviços específicos (p. ex., assistente técnico administrativo,<br />
auxiliar técnico administrativo, escriturário);<br />
3. mão de obra não qualificada: a utilizada em todos serviços de maneira geral, não<br />
exigindo formação profissional e/ou treinamento especializado (p. ex., recepcionistas,<br />
garçons etc.).<br />
Contabilidade<br />
O exercício contábil da FINAME tem início em 1º de janeiro e término em 31 de<br />
dezembro, sendo a emissão dos balancetes realizada mensalmente e a publicação<br />
de balanço, semestralmente, em 30 de junho e 31 de dezembro.
Hugo Emmanuel Pinheiro<br />
Sardenberg<br />
Na época em que Hugo, um cientista social que se tornou administrador, entrou para<br />
a FINAME, em julho de 1971, ainda não havia concurso público, sendo as vagas<br />
preenchidas por meio de indicações para processos seletivos. Hugo foi aprovado<br />
e, como já possuía experiência com folha de pagamento, foi direcionado para esta<br />
função.<br />
31<br />
Eu tinha um histórico interessante, fazia folha de pagamento, e precisavam exatamente<br />
de alguém para fazer isso. Então fui admitido na FINAME em junho de 1971<br />
para fazer folha de pagamento, que na época era datilografada. O meu trabalho<br />
basicamente era esse.<br />
Na época da informática incipiente, quando a FINAME ainda era na Candelária, o<br />
sistema de computador do BNDE que a FINAME usava era na avenida Rio Branco, 53.<br />
Eram dois quarteirões de distância, mas tínhamos um carrinho de metal, com um baú,<br />
onde os cartões perfurados eram levados e voltavam os formulários contínuos. No
cartão eram perfuradas as informações; depois, ele ia para uma leitora. Esses cartões<br />
eram perfurados na FINAME e levados de carrinho, pela rua, até o banco. O baú ia<br />
cheio de formulários contínuos e, às vezes, era necessário fazer duas viagens.<br />
32<br />
Com o tempo, Hugo evoluiu dentro da FINAME, assumindo interinamente, de agosto<br />
a novembro de 1978, a chefia da seção quando seu chefe se aposentou. Em<br />
novembro de 1978, Hugo assumiu efetivamente a chefia até dezembro de 1979.<br />
Nesse mesmo ano passou a gerente de serviços gerais.<br />
Serviço geral é aquilo que, se você tiver opção, não faz, ou seja, mensageiro, transporte,<br />
protocolo, arquivo. É tudo aquilo que interessa a todo mundo, mas que ninguém<br />
quer fazer. Fiquei nessa gerência de 1979 até 1990, quando houve a fusão<br />
das atividades-meio das empresas do Sistema BNDES. Aí eu vim trabalhar no Banco,<br />
na área administrativa. Fui para a gerência patrimonial do Banco, como assessor do<br />
subsíndico do prédio. Depois houve uma série de mudanças e passei a tomar conta<br />
do condomínio do edifício sede do BNDES até 1993. De 1993 a 1997 fui gerente da<br />
folha de pagamento do Banco.<br />
Na época em que entrei para a FINAME, era um<br />
telefone só numa sala que tinha umas seis pessoas.<br />
Ficava na mesa do chefe, então não tinha jeito de<br />
ficar batendo papo.<br />
Em maio de 1997 Hugo foi transferido, a seu pedido, para a área social e, mais tarde,<br />
para a de infraestrutura, onde se aposentou. Hugo chegou a ser presidente da Associação<br />
de Funcionários da FINAME (AFFINAME), mas, quando passou a responder
pela Seção de Controle e Pagamentos, optou por deixar o cargo por considerar que<br />
“geraria conflito ser chefe de seção e presidente da AFFINAME”.<br />
São muitas as lembranças de fatos que não se imaginam acontecendo atualmente.<br />
Na época em que entrei para a FINAME, era um telefone só numa sala que tinha<br />
umas seis pessoas. Ficava na mesa do chefe, então não tinha jeito de ficar batendo<br />
papo. Tinha também relógio de ponto, com quatro marcações por dia: para entrar,<br />
para ir para o almoço, voltar do almoço e sair. Ninguém podia chegar mais do que<br />
quinze minutos atrasado. Se chegasse atrasado no terceiro dia dentro do mês, perdia<br />
um dia de trabalho. Às vezes as pessoas largavam o almoço no meio porque<br />
tinham que marcar ponto e saíam correndo. Eram umas regras bem draconianas.<br />
Quando viemos para esse prédio, essas regras foram mantidas, mas o pessoal reclamou,<br />
reclamou e um tempo depois nos igualamos ao Banco.<br />
33<br />
Era um negócio engraçado, mas havia essa distinção. Os chefes, por exemplo,<br />
trabalhavam de paletó e gravata. Eu trabalhei muitos anos de paletó e gravata, na<br />
Candelária, saia no sol de janeiro de paletó e gravata. Mas como havia uma certa<br />
rotatividade nos cargos de gerentes que iam do Banco para a FINAME, alguns já<br />
não usavam mais paletó e gravata porque o Banco já estava relaxando com relação<br />
a isso. Daí a gente entrou na onda. Sempre entrávamos a reboque do Banco.<br />
Eu pensava: “Ah, o M., que é do Banco, é chefe igual a mim e não usa gravata.<br />
Por que é que eu vou usar?”. Então passei a não usar gravata. Um dia alguém<br />
não foi de paletó e gravata e ninguém falou nada, no dia seguinte também e aí
ninguém mais usou. Mas essas características da FINAME nós gostávamos de preservar.<br />
Podia ser a coisa mais absurda e arbitrária, mas a gente preservava porque<br />
dava uma identidade em comparação com o Banco. Depois que viemos para este<br />
prédio, começamos a conviver mais de perto com o pessoal do Banco, o pessoal<br />
do BNDESPAR, que também era bem mais liberal, e fomos entrando nos eixos,<br />
digamos assim. Abolimos o cartão. Depois o próprio banco implantou a catraca,<br />
que valia para todo mundo.<br />
34<br />
No meio de tanto trabalho, o destino uniu Hugo a Regina, à qual, anos antes, havia<br />
entrevistado para admissão na FINAME. Depois de alguns anos trabalhando juntos<br />
– Hugo era chefe de Regina –, descobriram afinidades de gosto e intelectuais,<br />
começaram a almoçar juntos e “a amizade evoluiu”, como diz Hugo.<br />
Eu brinco muito com ela, porque ela tinha o hábito de usar meias soquetes e eu digo<br />
que me interessei pelas meias! Sobre essas coisas de sentimento não se tem controle.<br />
Acontece. Estávamos muito próximos, muito juntos, e fomos nos envolvendo. Aí a<br />
coisa passou de um estágio de simples amizade para um outro... mais evoluído. Eu<br />
era casado na época e já tinha dois filhos. Mas, quando acontece uma coisa dessas,<br />
a gente sempre tem que optar. E dizem que o segundo casamento é a esperança<br />
vencendo a experiência. E foi mais ou menos isso que aconteceu e deu certo. Deu<br />
tão certo, que estamos juntos há vinte e oito anos e temos uma filha de 27 anos.<br />
Depois da área social, fui para o<br />
departamento de energia da área de<br />
infraestrutura. E foi lá que mais me diverti,<br />
porque viajava muito fiscalizando as obras<br />
financiadas pelo Banco no Brasil inteiro, da<br />
Amazônia ao Rio Grande do Sul. Nos quatro<br />
ou cinco anos que eu fiquei lá, viajei à beça<br />
fiscalizando obras financiadas pelo Banco.
O trabalho era exaustivo, mas houve uma época em que Hugo pôde unir trabalho<br />
e prazer.<br />
Depois da área social, fui para o departamento de energia da área de infraestrutura.<br />
E foi lá que mais me diverti, porque viajava muito fiscalizando as obras financiadas<br />
pelo Banco no Brasil inteiro, da Amazônia ao Rio Grande do Sul. Nos quatro ou cinco<br />
anos que eu fiquei lá, viajei à beça fiscalizando obras financiadas pelo Banco.<br />
Essa prática de fiscalização era necessária para que os analistas tivessem noção<br />
daquilo a que se destinava o financiamento solicitado ao Banco.<br />
35<br />
Para eles, eu era engenheiro. Então um amigo<br />
que fazia parte da equipe, dizia que eu era<br />
“engenhólogo”.<br />
O Banco tem interesse em que a pessoa que está analisando a operação vá ver a<br />
obra de perto, até para ela ter ideia do que é que está analisando. Ver uma usina hidrelétrica<br />
no papel é uma coisa, ver uma usina de perto é outra. É uma obra enorme,<br />
gigantesca! E aí dá para sentir o que está sendo financiado.<br />
Nessas viagens, apesar de ser sociólogo, acreditavam que Hugo era engenheiro,<br />
porque, sempre curioso e tendo trabalhado próximo ao pessoal da análise de equipamentos<br />
elétricos na FINAME, quando ia visitar as usinas, fazia perguntas técnicas<br />
com relação à construção.
Eu sempre estava curioso: “Mas o que é que é isso?”, “Como é que você faz?”, “Por<br />
que vocês escolheram essa potência e não outra?”. Aí os caras se interessavam, davam<br />
explicação, faziam painéis enormes e eu continuava perguntando. Depois eu fazia<br />
os relatórios, porque os colegas da equipe não gostavam de escrever. Quando íamos<br />
visitar essas usinas eu é que fazia as perguntas técnicas. Para eles, eu era engenheiro.<br />
Então um amigo que fazia parte da equipe, dizia que eu era “engenhólogo”.<br />
36<br />
E o que ficou na memória afetiva de Hugo com relação à FINAME?<br />
A FINAME foi uma boa casa. Tenho boas lembranças, fiz boas amizades. Creio não<br />
ter feito inimizades na <strong>Finame</strong>. Éramos companheiros de trabalho e muitos se tornaram<br />
amigos e somos amigos até hoje. Sempre nos encontramos nas reuniões de<br />
final de ano.
Regina Ribas Costa<br />
Sardenberg<br />
Em 1975, no último dia de inscrição, Regina ficou sabendo, por uma amiga, que<br />
o então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) estava oferendo,<br />
por meio de concurso público, uma vaga para estagiário de Biblioteconomia.<br />
Ela, que fazia a referida faculdade, inscreveu-se e passou.<br />
37<br />
A inscrição foi na Av. Presidente Vargas, 534, onde, na época, o Banco possuía<br />
alguns andares. Eu fui com uma amiga, mas ela desistiu quando viu a fila e me<br />
disse: “Vamos embora, é uma vaga só. Você é doida!”. Fiz o concurso, que foi<br />
em três etapas, e fui a escolhida. Depois de dois semestres de estágio, eu me<br />
formei. Havia, na época, um cargo chamado ”adestrando”, que se destinava<br />
aos recém-formados, no qual permaneci por mais dois semestres. Ao final desses<br />
dois anos, o Banco teria que decidir se contratava ou não os estagiários.<br />
Havia economistas, estatísticos, psicólogos etc., mas eu e os dois estatísticos<br />
não fomos contratados, mesmo tendo sido otimamente avaliados. Foi quando<br />
eu soube que ia abrir uma vaga no Arquivo Central da FINAME. Candidatei-me<br />
e consegui o cargo.
Regina entrou para a FINAME, em 1977, como assistente técnico-administrativo,<br />
ainda no prédio da Candelária. Bibliotecária de formação, foi trabalhar no Arquivo<br />
Central, no setor de microfilmagem, chefiando uma equipe de oito pessoas.<br />
38<br />
O Arquivo Central incluía uma biblioteca pequena para atender o pessoal da<br />
FINAME, mas a maior parte era o centro de microfilmagem, onde nós microfilmávamos<br />
e arquivávamos os projetos de financiamento da FINAME. As propostas<br />
de abertura de crédito (PACs) eram desmontadas, preparadas e carimbadas – se<br />
tivesse folha rasgada, tinha que consertar; depois disso iam para as máquinas<br />
de microfilmagem. Os microfilmes, colocados em caixas classificadas e ordenadas,<br />
eram organizados em arquivos especiais, com controle de umidade e<br />
temperatura.<br />
Os microfilmes, colocados em caixas classificadas<br />
e ordenadas, eram organizados em<br />
arquivos especiais, com controle de umidade e<br />
temperatura.<br />
Regina chefiava uma equipe essencialmente masculina e, segundo ela, era necessário<br />
ter uma certa habilidade.<br />
Mas nunca tive problema com eles, até porque a liderança anterior também era<br />
feminina.<br />
Regina também gostava de participar das atividades extras que a FINAME oferecia.
Havia um projeto teatral organizado por uma colega. Na hora do almoço ensaiávamos<br />
esquetes para apresentações nas festas de fim de ano. Participei, inclusive, da<br />
organização da primeira Exposição de Arte dos Funcionários do BNDES. Eu sempre<br />
gostei de participar de tudo!<br />
E o destino continuou a atuar fortemente na vida de Regina. Depois de ocupar, por<br />
concurso, a única vaga de estagiária de Biblioteconomia, de não ser efetivada no<br />
BNDE e de, na mesma época, conseguir se empregar numa subsidiária do Banco, foi<br />
na FINAME que ela conheceu o amor de sua vida: Hugo Sardenberg.<br />
39<br />
Nós nos conhecemos na FINAME, onde o Hugo era o gerente de serviços gerais. Era<br />
o meu chefe, pois o arquivo era subordinado a esta gerência, e foi ele que me entrevistou<br />
na admissão. Mas o sentimento só surgiu anos mais tarde, próximo à minha<br />
saída da empresa. Antes disso não houve nada entre nós. Quando nos casamos, eu<br />
já não fazia parte do quadro da FINAME.<br />
Nós nos conhecemos na FINAME, onde o Hugo era o<br />
gerente de serviços gerais. Era o meu chefe, pois o<br />
arquivo era subordinado a esta gerência, e foi ele<br />
que me entrevistou na admissão.<br />
Hugo, que já tinha dois filhos do primeiro casamento, divorciou-se e se casou com<br />
Regina, com quem teve uma filha. Depois de 10 anos na FINAME, Regina optou<br />
por deixar a empresa para exercer plenamente a Biblioteconomia. Primeiro foi<br />
para uma empresa particular e, posteriormente, para a Universidade do Estado do<br />
Rio de Janeiro (UERJ), onde se aposentou. Hugo e Regina estão casados e felizes<br />
até hoje.
Ivone Hiromi Takahashi<br />
Saraiva<br />
40<br />
A vida profissional de Ivone Saraiva na FINAME é longa, compreendendo o período<br />
entre os anos 1973 e 2000. Logo que entrou na FINAME, quando já era graduada<br />
em Economia, ela atuou como técnica no Departamento de Operações Especiais e,<br />
ao final da carreira, chegou a superintendente da Área de Infraestrutura.<br />
Eu entrei na FINAME, em 1973, como técnica no Departamento de Operações Especiais,<br />
onde permaneci de 1973 a 1974. De 1974 a 1979, exerci o cargo de chefe<br />
de Assessoria de Planejamento e Análise. Essa Assessoria era ligada diretamente ao<br />
presidente executivo da FINAME. Em 1979, fui requisitada pelo BNDES e assumi o<br />
cargo de assessora do diretor financeiro e administrativo, tendo trabalhado nessa<br />
função no período de 1979 a 1982. Posteriormente fui convidada para assumir<br />
o cargo de chefe do Departamento Financeiro, onde permaneci de 1982 a 1986.<br />
De 1986 a 1990 fui chefe do Departamento de Controle e Orçamento Financeiro,<br />
na área de Planejamento, e, de 1990 a 1993 fui superintendente da Área de Administração.<br />
Depois, fui convidada para assumir o cargo de Diretora da FINAME,<br />
responsável pelas áreas de Operações Especiais, Cadastramento de Equipamentos<br />
e Relacionamento com Agentes, onde permaneci pelo período de 1993 a 1997.
Finalmente, em 1997, voltei para o BNDES para assumir o cargo de superintendente<br />
da Área de Infraestrutura, onde permaneci até 2.000. Naquele ano, saí do BNDES, já<br />
aposentada , para trabalhar na iniciativa privada.<br />
No período em que esteve na Área de Administração, Ivone foi responsável por<br />
implementar um projeto de aprimoramento da gestão administrativa, fazendo a<br />
fusão das funções administrativas corporativas de suprimentos, informática e recursos<br />
humanos do BNDES e de suas subsidiárias FINAME e BNDESPAR, tratado<br />
como Sistema BNDES, o que possibilitou a unificação das respectivas políticas em<br />
todo o Sistema BNDES. No caso de recursos humanos, a unificação das políticas<br />
dessas três empresas resultou em um tratamento uniforme a todos os funcionários<br />
do Sistema BNDES.<br />
41<br />
Foi um passo importante para o Sistema BNDES porque, antes, cada uma das empresas<br />
tinha sua própria política de recursos humanos e seu próprio plano de cargos<br />
e salários e, como constantemente requisitavam funcionários entre si, foi sendo gerado<br />
um desalinhamento de remunerações, as quais eram diferentes em valor para<br />
funções semelhantes, além de demandar um enorme trabalho burocrático com essa<br />
requisição em decorrência da necessidade de contabilização desses movimentos<br />
em cada empresa. Assim criamos, para cada empresa, o mesmo plano de cargos e<br />
salários que conseguiu mitigar, fortemente, as questões citadas.
A importância da FINAME na vida de Ivone foi grande e ela tem grande consideração<br />
e estima pelas pessoas com quem trabalhou.<br />
42<br />
Para mim, foi muito importante essa trajetória funcional no Sistema BNDES, pois<br />
foi onde eu cresci pessoal e profissionalmente, tive responsabilidades e desafios<br />
crescentes, além da oportunidade de trabalhar com pessoas fantásticas. FINAME,<br />
BNDES e BNDESPAR forjaram todo o desenvolvimento da minha carreira.<br />
A experiência de Ivone na FINAME contribuiu muito para os trabalhos que ela<br />
realizou depois de ter se aposentado da Agência.<br />
Quando saí, em 2000, fui ser presidente, sucessivamente, de duas empresas no<br />
setor privado, o que durou quatro anos. Depois montei minha própria empresa,<br />
na qual até hoje faço captação de recursos para projetos, em especial do setor de<br />
infraestrutura, sendo que muitos com recursos do BNDES, além de estruturação de<br />
negócios – recentemente estruturamos um porto. E, como não gosto de parar, graduei-me<br />
em Mediação e Arbitragem, fiz diversos cursos aqui em São Paulo e hoje<br />
faço parte, como mediadora, da Câmara de Mediação e Arbitragem da Fundação<br />
Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, e da Câmara de Mediação e Arbitragem<br />
do Instituto de Engenharia, em São Paulo. Também fiz o curso de Mediação Judicial<br />
e pretendo brevemente atuar como mediadora judicial. Posteriormente con-<br />
Estou feliz com esses desdobramentos de<br />
minha carreira profissional: captação de<br />
recursos, mediação e coaching. Sempre faço<br />
questão de afirmar que, na minha vida, foi<br />
muito importante o apoio que recebi do<br />
Sistema BNDES, aí sintetizando as empresas<br />
e as pessoas com quem trabalhei, e da<br />
minha família, que sempre compreendeu o<br />
meu trabalho.
cluí minha capacitação em Coaching e já atuo com coach profissional e executivo,<br />
além de life coaching, sendo membro do International Coaching Federation (ICF).<br />
Estou feliz com esses desdobramentos de minha carreira profissional: captação<br />
de recursos, mediação e coaching. Sempre faço questão de afirmar que, na minha<br />
vida, foi muito importante o apoio que recebi do Sistema BNDES, aí sintetizando<br />
as empresas e as pessoas com quem trabalhei, e da minha família, que sempre<br />
compreendeu o meu trabalho.<br />
43<br />
A experiência de Ivone na FINAME contribuiu<br />
muito para os trabalhos que ela realizou depois<br />
de ter se aposentado da Agência.
44<br />
Vicinius Santiago Lamas
O engenheiro Vicinius tinha retornado da Inglaterra em 1972, depois de dois anos<br />
estudando lá, quando foi chamado por um professor da universidade para trabalhar<br />
no BNDES. Após seis meses no Banco, foi para a FINAME.<br />
Estava sendo criado um trabalho dentro da FINAME para engenheiros, que era justamente<br />
o que eu gostava de fazer. Eu entrei como assessor do diretor, mas, em<br />
alguns meses, virei chefe da Assessoria de Planejamento e Análise, que cuidava da<br />
parte de planejamento. Um ano depois virei chefe do Departamento de Operações<br />
Especiais, que já existia, mas era pequeno – tudo era pequeno na época.<br />
45<br />
Estava sendo criado um trabalho dentro da FINAME<br />
para engenheiros, que era justamente o que eu<br />
gostava de fazer. Eu entrei como assessor do diretor,<br />
mas, em alguns meses, virei chefe da Assessoria<br />
de Planejamento e Análise, que cuidava da<br />
parte de planejamento.<br />
Em 1974, houve um grande crescimento do departamento. No começo, as operações<br />
especiais eram de grande porte, feitas para incentivar a fabricação de equipamentos<br />
pesados para a indústria e, às vezes, até iniciar algo que ainda não havia sido feito.<br />
A FINAME tinha começado financiando caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, máquinas<br />
de menor porte para indústrias já existentes – era o que faltava no Brasil,<br />
financiamento para os industriais comprarem máquinas.<br />
Vicinius contou que começaram com equipamentos de usinas hidrelétricas – “Itaipu<br />
não teria os equipamentos fabricados no Brasil se não fosse a FINAME” –, passaram<br />
para as siderúrgicas, as indústrias petroquímicas, chegando até mesmo às usinas<br />
nucleares. Explicou também como funcionava o financiamento da FINAME.
46<br />
A condição básica para a FINAME financiar era o produto ter sido fabricado no<br />
Brasil, conceito este que depois até passou a ser também utilizado nas operações<br />
diretas do BNDES. O fabricante de um equipamento vinha à FINAME e solicitava<br />
que o equipamento dele pudesse entrar na lista para ser financiado. Quando começaram<br />
a aparecer com mais, maiores e mais complexos equipamentos, criou-se<br />
uma nova atividade, também subordinada ao meu departamento, chamada ”Cadastro<br />
Industrial”. Montamos um sistema, primeiro manual, mas formalizado, com<br />
questionários e formulários padronizados, utilizados para análise e registro das informações<br />
captadas junto às empresas solicitantes. As empresas eram visitadas por<br />
nossa dedicada equipe de engenheiros, sem a qual o trabalho seria impossível. Esse<br />
cadastro existe até hoje, só que agora informatizado e integrado automaticamente<br />
ao sistema automatizado de aprovação das operações. Basicamente, o sistema do<br />
cadastro diz quem faz o quê e o que é feito por quem. A pessoa digita lá e aparece<br />
quem faz o quê. Esse foi o trabalho que iniciamos, implantamos e desenvolvemos. O<br />
trabalho iniciado em 1974 nunca parou. Em 1979 voltei para o BNDES, continuando<br />
a equipe brilhantemente com suas atividades.<br />
Vicinius ficou na FINAME até 1979, quando foi promovido, graças a seu trabalho,<br />
a superintendente da área industrial do Banco, permanecendo até 1984,<br />
quando saiu para fazer um curso. De 1974 a 1979, tempo em que ficou no<br />
Departamento de Operações Especiais da FINAME, Vicinius destacou que foi<br />
um período de grande salto de desenvolvimento da produção de equipamentos<br />
no Brasil, fundamentais na implantação dos grandes projetos financiados pelo<br />
BNDES e pela FINAME.
Nós financiávamos muitos equipamentos<br />
fabricados por empresas japonesas, com as<br />
quais era difícil de negociar.<br />
Montamos um sistema, primeiro manual, mas<br />
formalizado, com questionários e formulários<br />
padronizados, utilizados para análise e registro<br />
das informações captadas junto às empresas<br />
solicitantes.<br />
Quando se projetou Itaipu, foi definido que seriam necessárias as maiores turbinas<br />
hidrelétricas até então fabricadas no mundo. Não havia nada daquele tamanho,<br />
e elas foram fabricadas no Brasil – não foi a FINAME que as fabricou, mas nós<br />
criamos o sistema que facilitou e permitiu tudo isso. O Brasil deu um salto violento<br />
na siderurgia, praticamente construímos ao mesmo tempo Cosipa, CSN, Usiminas,<br />
Companhia Siderúrgica de Tubarão e Açominas. Ao contrário do passado, a maior<br />
parte dos complexos equipamentos requeridos foi fabricada no Brasil, adquirida<br />
com financiamento da FINAME.<br />
Vicinius lembrou ainda uma situação engraçada vivida na FINAME.<br />
47<br />
Nós financiávamos muitos equipamentos fabricados por empresas japonesas, com<br />
as quais era difícil de negociar. Quando vinham, não era em menos de dez; ocupavam<br />
a mesa toda e entre eles só falavam em japonês. Tinha um que era o intérprete<br />
e outro que aparentemente era o chefe – perguntava tudo. Depois de um tempo,<br />
percebemos que o que menos falava é que era o chefe e um que falava menos ainda<br />
sabia português e ficava só prestando atenção. (risos)<br />
Mesmo como chefe de departamento, Vicinius viajava muito para colaborar na análise<br />
das indústrias. Por todo o Brasil – dos estados mais industrializados do Sul/<br />
Sudeste aos que iniciavam sua industrialização. Ele esteve, por exemplo, em Carajás
48<br />
em uma época em que lá “era terra de garimpo, não tinha nada”; na Mineração Rio<br />
do Norte, no rio Trombetas, margem esquerda do Amazonas, até hoje pouco conhecida.<br />
Lembrou também de que foi a FINAME, por meio de seu financiamento, que<br />
facilitou a implantação dos metrôs do Rio de Janeiro e de São Paulo.<br />
Éramos extremamente ecléticos, tínhamos que entender de tudo; a equipe era muito<br />
boa, muito bem selecionada. Uma coisa bem complicada que poucos sabem foi<br />
financiar a estrutura do primeiro reator nuclear brasileiro, Angra 1.<br />
Em seu coração, a FINAME.<br />
Sempre foi um ambiente extremamente<br />
familiar, tínhamos muita intimidade e havia um<br />
entrosamento profissional muito grande. Era a<br />
extensão da casa, da vida; eu vestia a camisa<br />
mesmo.<br />
Sempre foi um ambiente extremamente familiar, tínhamos muita intimidade e havia<br />
um entrosamento profissional muito grande. Era a extensão da casa, da vida; eu<br />
vestia a camisa mesmo.
Renato José Cursino<br />
de Moura<br />
49
50<br />
Quando Renato chegou à FINAME, em 1974, a empresa passava por uma reformulação<br />
estrutural e, graças à sua experiência em acompanhamento de programas de<br />
nacionalização de máquinas e equipamentos, com a respectiva concessão de incentivos<br />
fiscais pelo Ministério da Indústria e do Comércio, ingressou como técnico no<br />
Departamento de Operações Especiais da FINAME.<br />
Na época, na FINAME, existiam dois departamentos operacionais para tratar de<br />
todos os tipos de financiamento: o Departamento de Operações, que tratava as operações<br />
mais simples e repetitivas e cujas condições de financiamento aplicadas mantinham-se<br />
constantes, e o Departamento de Operações Especiais, para as operações<br />
especiais que demandavam um tipo de avaliação diferenciada, com condições de<br />
financiamento distintas e que por vezes exigiam determinados critérios de avaliação<br />
para a concessão dos financiamentos.<br />
Podia haver discordância, às vezes, de ponto de vista,<br />
mas tudo equilibrado. Éramos um grupo realmente<br />
diferenciado; as pessoas que chegavam e se agregavam<br />
ao grupo, que já estava de certa forma formatado,<br />
sentiam-se num ambiente muito agradável e se<br />
juntavam de cabeça também.<br />
Com o tempo, o volume de trabalho aumentou,<br />
exigindo novas contratações, e Renato pôde<br />
acompanhar de perto a expansão do departamento.<br />
Na época, a equipe que cuidava das operações especiais era bastante enxuta. Havia<br />
o chefe, um técnico, dois estagiários e duas secretárias. Com o tempo, o volume de<br />
trabalho aumentou, exigindo novas contratações, e Renato pôde acompanhar de<br />
perto a expansão do departamento.<br />
Nessa ocasião, tomou-se a decisão de se estabelecer uma avaliação técnica dos<br />
fornecedores fabricantes das máquinas e equipamentos. Foram contratadas mais
pessoas para poder fazer esse trabalho de avaliação e pela necessidade de ampliar<br />
as visitas às empresas. Passados alguns anos, lá por 1976/1977, houve outra<br />
expansão e esse departamento passou a ter duas gerências, uma que cuidava dos<br />
financiamentos especiais, e outra que cuidava da parte do cadastramento.<br />
O clima de confiança entre os funcionários era bem intenso. Todos se ajudavam e<br />
vestiam a camisa da empresa.<br />
Podia haver discordância, às vezes, de ponto de vista, mas tudo equilibrado. Éramos<br />
um grupo realmente diferenciado; as pessoas que chegavam e se agregavam ao<br />
grupo, que já estava de certa maneira formatado, sentiam-se num ambiente muito<br />
agradável e se juntavam de cabeça também. Nunca tivemos problema em nível<br />
pessoal. E se houvesse convocação para estender a jornada de trabalho, todos participavam<br />
sem reclamar.<br />
51<br />
Eram frequentes as confraternizações em que todos se divertiam, mas também conversavam,<br />
de igual para igual, sobre os rumos da empresa.<br />
Isso aqui era uma coqueluche. Era um pessoal muito coeso, muito amigo. E ninguém<br />
forçou para que fosse dessa forma; aconteceu naturalmente. Lá nos primórdios,
52<br />
uma vez por semana, às quatro e meia da tarde, abríamos duas ou três garrafas de<br />
uísque e fazíamos um happy hour. E lá é que surgiram várias situações em termos<br />
do que fazer e como fazer, porque a própria direção da casa também participava<br />
desses encontros.<br />
Tendo enfrentado certa resistência dos colegas na época da introdução dos computadores,<br />
quando tudo era feito manualmente, Renato participou ativamente do<br />
processo de automação dos bancos de dados de seu departamento e da automação<br />
das operações de financiamento. Hoje aposentado, ele acredita ter deixado um legado<br />
para os que vieram depois.<br />
Uma vez, um dos últimos funcionários que<br />
trabalhou comigo falou: “você é o santo<br />
Renato... Se você não tivesse implantado e<br />
incluído aqueles sistemas, não sei como íamos<br />
processar tantas operações”.<br />
Uma vez, um dos últimos funcionários que trabalhou comigo falou: “você é o santo<br />
Renato... Se você não tivesse implantado e incluído aqueles sistemas, não sei como<br />
íamos processar tantas operações”. Recentemente, aconteceu de terem que processar<br />
cerca de 20 mil operações em um ano.
Composição estrutural da<br />
FINAME (1984)<br />
Composição Básica<br />
A composição estrutural da FINAME compreendia, na década de 1980, as categorias<br />
de unidades organizacionais que se seguem.<br />
Administração Superior<br />
53<br />
Constituída pela Junta de Administração, que é composta por:<br />
a) 1 presidente;<br />
b) 1 representante dos bancos comerciais;<br />
c) 1 representante das sociedades de crédito, financiamento e investimento;<br />
d) 1 representante dos bancos privados de investimento;<br />
e) 1 representante da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Indústrias<br />
de Base;<br />
f) 1 representante da diretoria do BNDES;<br />
g) 1 representante dos bancos regionais e estaduais de desenvolvimento;<br />
h) 1 representante do conselho do BNDES.
Direção Executiva<br />
Constituída pelas seguintes unidades organizacionais:<br />
a) Diretoria Executiva;<br />
b) Diretoria Adjunta da Área de Operações;<br />
c) Diretoria Adjunta da Área de Serviços Gerenciais.<br />
Assessoramento<br />
54<br />
Constituído pelas seguintes unidades organizacionais:<br />
a) Assessoria de Planejamento e Análise;<br />
b) Assessoria de Coordenação e Apoio;<br />
c) Consultoria Jurídica.<br />
Administração Executiva<br />
Constituída pelas seguintes unidades organizacionais:<br />
a) departamento;<br />
b) divisão;<br />
c) setor;<br />
d) serviço.
Unidades ORGANIZACIONAIS<br />
JUNAD Junta de Administração<br />
DIREX Diretoria Executiva<br />
ASPLA Assessoria de Planejamento e Análise<br />
COJUR Consultoria Jurídica<br />
55<br />
ASCOA Assessoria de Coordenação e Apoio<br />
DIROP Diretoria Adjunta de Operações<br />
DEPOE Departamento de Operações Especiais<br />
DIVAE Divisão de Análise de Operações Especiais<br />
DIVCA Divisão de Cadastramento<br />
DIVRA Divisão de Relacionamento com Agentes<br />
DEPOP Departamento de Operações
DIVPO Divisão de Processamento de Operações<br />
DIRSG Diretoria Adjunta de Serviços Gerenciais<br />
DEPFI Departamento Financeiro<br />
DIVPF Divisão de Processamento Financeiro<br />
DIVCO Divisão de Contabilidade<br />
56<br />
DIVPD Divisão de Processamento de Dados<br />
DEPAD Departamento Administrativo<br />
DIVPE Divisão de Pessoal<br />
DIVSG Divisão de Serviços Gerais
Organograma geral da<br />
FINAME<br />
Junta de<br />
administração<br />
1.0 junad<br />
diretoria<br />
executiva<br />
1.1 direx<br />
assessoria de<br />
planejamento<br />
e análise<br />
1.1.1 aspla<br />
57<br />
consultoria<br />
jurídica<br />
1.1.2 cojur<br />
assessoria de<br />
coordenação<br />
e apoio<br />
1.1.3 ascoa<br />
diretoria adjunta<br />
da área de<br />
operações<br />
1.2 dirop<br />
diretoria adjunta<br />
da área de<br />
serviços gerenciais<br />
1.3 dirsg<br />
departamento de<br />
operações especiais<br />
1.2.1 depoe<br />
departamento de<br />
operações<br />
1.2.3 depop<br />
departamento<br />
financeiro<br />
1.3.1 depfi<br />
departamento<br />
administrativo<br />
133 depad<br />
divisão de análise<br />
de<br />
operações especiais<br />
1.2.1.1 divae<br />
divisão de<br />
cadastramento<br />
1.2.1.2 divca<br />
divisão de<br />
relacionamento<br />
com agentes<br />
1.2.2.1 divra<br />
divisão de<br />
processamento<br />
de operações<br />
1.2.3.1 divpo<br />
divisão de<br />
processamento<br />
financeiro<br />
1.3.1.1 divpf<br />
divisão de<br />
contabilidade<br />
1.3.1.2 divco<br />
divisão de<br />
processamento<br />
de dados<br />
1.3.2.1 divpd<br />
divisão de<br />
pessoal<br />
1.3.3.1 divpe<br />
divisão de<br />
seviços gerais<br />
1.3.3.2 divsg
diretoria<br />
executivA<br />
1.1 direx<br />
assessoria de<br />
planejamento<br />
e análise<br />
1.1.1 aspla<br />
consultoria<br />
jurídica<br />
1.1.2 cojur<br />
58<br />
assessoria de<br />
coordenação<br />
e apoio<br />
1.1.3 ascoa<br />
diretoria adjunto<br />
da área de<br />
operações<br />
1.2 dirop<br />
diretoria adjunta<br />
da área de<br />
serviços gerenciais<br />
1.2 dirsg<br />
diretoria adjunta<br />
da área de operações<br />
1.2 dirop<br />
depARTAMENTO DE<br />
operações ESPECIAIS<br />
1.2.1 dEPOE<br />
DEPARTAMENTO DE<br />
OPERAÇÕES<br />
1.2.3 DEPOP<br />
DIVISÃO DE ANALÍSE<br />
DE operações ESPECIAIS<br />
1.2.1.1 DIVAE<br />
DIVISÃO DE<br />
CADASTRAMENTO<br />
1.2.1.2 DIVCA<br />
DIVISÃO DE<br />
RELACIONAMENTO<br />
COM AGENTES<br />
1.2.2.1 DIVRA<br />
DIVISÃO DE<br />
PROCESSAMENTO<br />
DE OPERAÇÕES<br />
1.2.3.1 DIVPO
DIRETORIA ADJUNTA DA<br />
ÁREA DE SERVIÇOS<br />
GERENCIAIS<br />
1.3 DIRSG<br />
ASSESSOR TÉCNICO<br />
ORGANIZAÇÃO E<br />
MÉTODOS<br />
1.3.0 ASTOM<br />
59<br />
DEPARTAMENTO<br />
FINANCEIRO<br />
1.3.1 DEPFI<br />
departamento<br />
administrativo<br />
1.3.3 depad<br />
DIVISão de<br />
processamento<br />
financeiro<br />
1.3.1.1 divpf<br />
DIVISão de<br />
contabilidade<br />
1.3.1.2 divco<br />
DIVISão de<br />
processamento<br />
de dados<br />
1.3.2.1 divpd<br />
DIVISão de<br />
pessoal<br />
1.3.3.1 divpe<br />
DIVISão de<br />
serviços gerais<br />
1.3.3.2 divsg
Atribuições FUNCIONAIS<br />
1- exercer a presidência da finame<br />
2- autorizar a admissão de pessoal fora do o.a.<br />
3- autorizar as despesas sob sua competência<br />
4- estabelecer as diretrizes da finame<br />
5- apreciar e decidir nos assuntos de sua competência<br />
6- delegar autoridade ã diretoria executiva<br />
presidente da junta de administração<br />
1- exercer a direção da finame<br />
2- autorizar a admissão e/ou demissão de pessoal<br />
3- autorizar as despesas de sua competência<br />
4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />
5- atribuir e distribuir as tarefas para as áreas da finame<br />
6- encaminhar assuntos à apreciação do presidente<br />
7- delegar autoridade à diretoria adjunta das áreas<br />
60<br />
1- exercer a chefia da assessoria<br />
2- solicitar admissão/demissão de pessoal<br />
3- requisitar pessoal, material e serviços<br />
4- avaliar o desempenho de subordinados<br />
5- atribuir e distribuir tarefas da assessoria<br />
6- delegar autoridade a seus subordinados<br />
chefe de assessoria<br />
diretor executivo<br />
1- atender as consultas internas<br />
2- dar parecer sobre assuntos jurídicos<br />
3- assessorar juridicamente a administração<br />
consultor jurídico<br />
1- exercer a direção da área<br />
2- autorizar as despesas de sua competência<br />
3- autorizar as requisições de pessoal, material, serviços<br />
4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />
5- atribuir e distribuir as tarefas da áreas<br />
6- encaminhar assuntos à apreciação do direx<br />
7- delegar autoridade à chefia do departamento<br />
diretor adjunto da área<br />
1- exercer a chefia do departamento<br />
2- aprovar admissão e/ou demissão de pessoal<br />
3- aprovar as requisições de pessoal, material, serviços<br />
4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />
5- atribuir e distribuir as tarefas do departamento<br />
6- delegar autoridade à gerência de divisão<br />
chefe de departamento<br />
1- exercer a gerência da divisão<br />
2- solicitar admissão e/ou demissão de pessoal<br />
3- requisitar pessoal, material e serviços<br />
4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />
5- atribuir e distribuir as tarefas da divisão<br />
6- delegar autoridade a seus subordinados<br />
gerente de divisão
Diretorias da Agência de<br />
Financiamento Industrial –<br />
FINAME, 1994 a 1997<br />
1994/1995<br />
NOME CARGO ATO DE NOMEAÇÃO<br />
Darlan José Dórea Santos Diretor Executivo Ato FINAME 286/93, de 27.12.93<br />
61<br />
Ivone Hiromi Takahashi Saraiva Diretora Ato FINAME 287/93, de 27.12.93<br />
José Eduardo de Carvalho Pereira Diretor Ato FINAME 276/93, de 07.01.93<br />
1996<br />
NOME CARGO ATO DE NOMEAÇÃO<br />
Darlan José Dórea Santos Diretor Executivo Ato FINAME 286/93, de 27.12.93<br />
Ivone Hiromi Takahashi Saraiva Diretora Ato FINAME 287/93, de 27.12.93<br />
Renato José Silveira Lins Sucupira Diretor Ato FINAME 307/96, de 07.11.96<br />
Pedro Luiz Carvalho da Motta Veiga Diretor Ato FINAME 300/95, de 28.12.95<br />
José Eduardo de Carvalho Pereira Diretor Ato FINAME 276/93, de 07.01.93
1997<br />
NOME CARGO ATO DE NOMEAÇÃO<br />
Darlan José Dórea Santos Diretor Executivo Ato FINAME 286/93, de 27.12.93<br />
Renato José Silveira Lins Sucupira Diretor Ato FINAME 307/96, de 07.11.96<br />
62<br />
Ricardo Figueiró Silveira Diretor Ato FINAME 312/97, de 15.07.97<br />
Ivone Hiromi Takahashi Saraiva Diretora Ato FINAME 287/93, de 27.12.93
Juntas de Administração da<br />
Agência de Financiamento<br />
Industrial – FINAME, 1995 a<br />
1997<br />
1995<br />
NOME CARGO PERÍODO DE GESTÃO ATO DE NOMEAÇÃO<br />
63<br />
Luiz Carlos Mendonça de Barros Presidente da Junta Por prazo indeterminado Decreto de 03.11.95, DOU de 06.11.95<br />
José Pio Borges de Castro Filho Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 299/95, de 27.11.95<br />
Aldo Narcisi Membro da Junta Por prazo indeterminado Carta ABDIB 056/95, de 03.04.95<br />
Antonio Rocha Magalhães Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 293/94, de 29.11.94<br />
Persio Arida Presidente da Junta 03.09.93 a 08.01.95 Decreto de 02.09.93, DOU de 03.09.93<br />
Antônio Teofilo de Andrade Orth Membro da Junta 27.11.90 a 03.04.95 Carta ABDIB 316/90, 27.11.90<br />
Edmar Lisboa Bacha Presidente da Junta 09.01.95 a 05.11.95 Decreto de 06.01.95, DOU de 09.01.95<br />
José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha Membro da Junta 31.07.91 a 27.11.95 Ato FINAME 265/91, de 31.07.91
1996<br />
NOME CARGO PERÍODO DE GESTÃO ATO DE NOMEAÇÃO<br />
Luiz Carlos Mendonça de Barros Presidente da Junta Por prazo indeterminado Decreto de 03.11.95, DOU de 06.11.95<br />
José Pio Borges de Castro Filho Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 299/95, de 27.11.95<br />
64<br />
Aldo Narcisi Membro da Junta Por prazo indeterminado Carta ABDIB 056/95, de 03.04.95<br />
Marcos Raymundo Pessôa Duarte Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />
Maurício Schulman Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />
Kazuhiro Yano Membro da Junta 18.12.98 Voto CMN nº 223/96, de19.12.96<br />
Marco Aurélio de Vasconcelos Cançado Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />
Antonio Rocha Magalhães Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 293/94, de 29.11.94
1997<br />
NOME CARGO PERÍODO DE GESTÃO ATO DE NOMEAÇÃO<br />
Luiz Carlos Mendonça de Barros Presidente da Junta Por prazo indeterminado Decreto de 03.11.95, DOU de 06.11.95<br />
José Pio Borges de Castro Filho Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 299/95, de 27.11.95<br />
Aldo Narcisi Membro da Junta Por prazo indeterminado Carta ABDIB 056/95, de 03.04.95<br />
65<br />
Marcos Raymundo Pessôa Duarte Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />
Maurício Schulman Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />
Kazuhiro Yano Membro da Junta 18.12.98 Voto CMN nº 223/96, de19.12.96
Noeli de Lima Ravache<br />
O início da carreira de Noeli, no BNDE, ocorreu em 1975.<br />
66<br />
Fui contratada pelo BNDE em setembro de 1975. Nessa data, o BNDE ainda não<br />
tinha o S (de Social) e, para a realização de suas metas, trabalhava, com três quadros<br />
de pessoal: o Quadro Permanente de Pessoal (QPP), que era integrado pelos empregados<br />
concursados e oriundos da ex-autarquia; o Quadro Fixo de Pessoal (QFP), integrado<br />
por empregados admitidos pós-concurso, e o Quadro Transitório de Pessoal<br />
(QTP), constituído por profissionais admitidos sem concurso, porém para atividades<br />
para as quais o Banco não dispunha de profissionais específicos em quantitativo<br />
suficiente para o desempenho de suas atribuições. Estes empregados integrantes<br />
do QTP, entretanto, eram avisados que só passariam a pertencer efetivamente ao<br />
quadro de pessoal após a aprovação no primeiro concurso público que o Banco<br />
viesse a promover.<br />
Incialmente, o trabalho de Noeli era realizado na Gerência de Estudos e Acompanhamento<br />
(GEA), chefiada por Romeu Fernandes da Costa. Esta unidade organizacional<br />
tinha como atividade principal promover o desenvolvimento de programas necessários<br />
ao melhor gerenciamento e desenvolvimento dos funcionários do Banco.
Minha primeira formação universitária foi Direito, depois cursei e me formei em<br />
Administração de Empresas, porque, quando entrei para o BNDE, comprometi-me<br />
com o gerente da unidade organizacional na qual fui lotada (GEA) de que assim o<br />
faria. Eu trabalhava em outra empresa, em Volta Redonda, e fui fazer um Seminário<br />
de Cargos e Salários, quando conheci o Romeu. Fizemos parte do mesmo grupo de<br />
trabalho e acho que ele gostou do meu desempenho, pois no final do seminário me<br />
perguntou se eu não gostaria de trabalhar no BNDE. Eu respondi: “Mas eu já estou<br />
tão bem empregada...” e ele elencou inúmeras vantagens e a oportunidade de crescimento<br />
profissional que o Banco me proporcionaria. Aí me empolguei. Ao aceitar a<br />
proposta do Romeu, assumi com ele o compromisso de fazer também o curso de Administração<br />
de Empresas. Ele me informou que, para ser contratada pelo BNDE, eu<br />
teria que passar por uma entrevista e depois fazer o primeiro concurso público que<br />
o Banco promovesse. Então, eu, que morava e trabalhava em Volta Redonda, num<br />
determinado dia vim ao Rio, fiz a entrevista para admissão no Banco e fui aprovada.<br />
Com isso, pedi demissão da empresa em que trabalhava e vim tentar a sorte no Rio<br />
de Janeiro. Ao chegar ao Rio, apresentei-me ao Departamento de Pessoal do Banco,<br />
fui admitida (setembro 1975) e lotada na GEA, onde já trabalhavam Ilka Daemon,<br />
Iracema Lopes, Nadja Brunner e Márcio Verde, amigos que fiz e mantenho até hoje,<br />
mesmo que não nos vejamos com a assiduidade que ocorria nos “velhos” tempos.<br />
67<br />
Noeli trabalhou na Gerência de Estudos e Acompanhamento durante o período de<br />
1975 a 1979, quando, então, participou da implementação do Plano Unificado de<br />
Cargos e Salários (PUCS), que objetivou enquadrar os empregados dos três quadros<br />
então vigentes, QPP com o QFP e o QTP em um único: o PUCS.
68<br />
Após a aprovação do novo plano, em Brasília, pela Secretaria de Empresas Estatais<br />
(SEST), o trabalho na GEA continuou, agora, para promover o enquadramento de<br />
todos os funcionários então integrantes dos três quadros vigentes – QPP, QFP e<br />
QTP – no PUCS. Os antigos quadros deixaram de existir. A FINAME, uma subsidiária<br />
do BNDES na época, precisava de um profissional para implantar o novo quadro<br />
e enquadrar os seus funcionários no PUCS. Indicada para fazer esse trabalho, fui<br />
trabalhar para a FINAME<br />
Pouco tempo após ter começado a trabalhar na Divisão de Pessoal da FINAME,<br />
Noeli foi promovida a um cargo executivo.<br />
O mais interessante para mim foi que me lembrei das palavras do Romeu quando<br />
me falou de crescimento profissional, porque, depois de pouco tempo na FINAME,<br />
passei de um cargo do Grupamento Técnico para um cargo do Grupamento Executivo.<br />
A Divisão de Pessoal (DIVPE) na qual Noeli começou a trabalhar quando ingressou<br />
na FINAME, segundo ela, exercia as mesmas atividades realizadas no BNDES pelo<br />
Departamento de Recursos Humanos (DERHU), e sua estrutura também era similar<br />
à do Banco, porém significativamente menor. O BNDES, naquela época, tinha cerca<br />
de 1.200 funcionários, enquanto na FINAME eram aproximadamente 100. Noeli encerrou<br />
sua carreira na FINAME como assessora do diretor de uma área operacional.<br />
Eu implantei o Plano de Avaliação de<br />
Desempenho porque entendia que<br />
só deveria ser promovido por mérito<br />
quem o tivesse, até porque já havia, na<br />
empresa, a promoção por antiguidade<br />
de dois em dois anos.<br />
Os antigos quadros deixaram de existir. A<br />
FINAME, uma subsidiária do BNDES na época,<br />
precisava de um profissional para implantar o<br />
novo quadro e enquadrar os seus funcionários<br />
no PUCS. Indicada para fazer esse trabalho,<br />
fui trabalhar para a FINAME.
Eu terminei minha vida profissional como assessora do diretor de uma área operacional<br />
da FINAME, Darlan Dórea Santos, após ter passado pouco tempo como<br />
chefe do DERHU do BNDES, cargo para o qual não me sentia apta e ao qual não<br />
me adaptei.<br />
Durante o tempo que passou na FINAME, Noeli, além das atividades normais de um<br />
órgão de administração de pessoal, implantou um Plano de Avaliação de Desempenho<br />
na empresa. Neste plano os funcionários da FINAME passaram a ser promovidos<br />
por mérito, e não mais por antiguidade no serviço. Os critérios para a promoção<br />
por mérito incluíam, além do desempenho profissional, assiduidade, pontualidade,<br />
entre outros.<br />
69<br />
Eu implantei o Plano de Avaliação de Desempenho porque entendia que só deveria<br />
ser promovido por mérito quem o tivesse, até porque já havia, na empresa, a promoção<br />
por antiguidade de dois em dois anos.<br />
Noeli afirmou que ter feito parte da excelente equipe de profissionais da FINAME é,<br />
para ela, motivo de muito orgulho e contentamento.<br />
Nós éramos realmente uma seleção, um time. Éramos mais do que simplesmente<br />
funcionários, tornamo-nos amigos. Amigos com “A” maiúsculo, com um bom nível
profissional, social e educacional, e, ainda, eram éticos e competentes. Ter feito parte<br />
desse time nada mais é do que uma glória.<br />
Com relação aos seus companheiros de trabalho, Noeli destacou alguns nomes, aos<br />
quais ela gostaria de prestar uma homenagem.<br />
70<br />
Gostaria de homenagear os maravilhosos chefes que tive enquanto trabalhei na<br />
FINAME: Dr. Irimá da Silveira, Dr. Atílio Geraldo Vivacqua – ambos, infelizmente,<br />
falecidos – e Dr. Darlan José Dórea Santos, de quem sou amiga até hoje.<br />
Um fato, em especial, foi lembrado por Noeli com muito carinho.<br />
A FINAME tinha uma logomarca que era um “F” em forma de uma chave de grifo, e,<br />
quando idealizei o Plano de Avaliação de Desempenho, aproveitando a logomarca<br />
em forma de “F” grandão, formei uma frase com cinco palavras: Fazer da <strong>Finame</strong><br />
uma Família de Funcionários Felizes. Esse era meu objetivo. Sinto muito orgulho de<br />
ter feito parte do que eu chamo de “Seleção de Ouro da FINAME”.<br />
Aproveitando a logomarca em forma de<br />
“F” grandão, formei uma frase com cinco<br />
palavras: Fazer da <strong>Finame</strong> uma Família de<br />
Funcionários Felizes. Esse era meu objetivo.<br />
Sinto muito orgulho de ter feito parte do<br />
que eu chamo de “Seleção de Ouro da<br />
FINAME”.
Angela Cristina de<br />
Oliveira Leite<br />
Angela Cristina entrou para a FINAME em 16 de dezembro de 1975 e tem motivo<br />
para não esquecer a data em que entrou.<br />
Foi o meu primeiro e único emprego. Impossível esquecer a data. Em maio 1975 fiz<br />
prova de português, matemática, datilografia e psicotécnico. Em 16 de dezembro eu<br />
comecei exercendo o cargo de auxiliar de escriturário, na Divisão Financeira, chefiada<br />
por Stênio Mendonça, sendo treinada pela secretária da Gerência Financeira,<br />
Yolanda, que ia se aposentar no ano seguinte, e queriam alguém para substituí-la.<br />
Devo muito aos ensinamentos da Yolanda. Entrei com 19 anos, supertímida, minha<br />
vivência era só de escola, bem diferente do mundo que eu encontrei a partir daquele<br />
dia, e após três meses passei para escriturária; essa era a política da época, você<br />
entrava como auxiliar de escriturário e depois de três meses, caso você tivesse sido<br />
aprovado, passava para escriturário. Depois que a Yolanda saiu, assumi a função de<br />
secretária da Divisão Financeira, com o chefe Delfim Nadaes onde fiquei por quatro<br />
anos. Depois passei para a secretaria do Departamento Financeiro, cujo chefe era o<br />
Fernando Perrone, pois a secretária dele, Sandra Aor, tinha sido promovida a secretária<br />
do diretor da área. Logo depois o Dr. Perrone foi para o BNDES, tendo assumido<br />
o lugar dele o Dr. Delfim Nadaes, e aí voltei ao meu chefe de origem.<br />
71
Em 1975 a FINAME funcionava na Candelária e em 1983 passou para o prédio<br />
novo, com um espaço físico maior. Angela veio ainda como secretária do Departamento<br />
Financeiro.<br />
72<br />
Na Candelária, a FINAME era mais unida. Eram três andares: o terceiro, onde eu<br />
trabalhava, o quarto, onde funcionavam o Almoxarifado e a Contabilidade, e o 12º<br />
andar, que era o Departamento Pessoal e mais alguma parte de que não me lembro.<br />
Todo mundo se conhecia e era amigo. Quando nós viemos para cá, não deixou de<br />
ter união, mas mudou muito. Isso ainda foi antes da fusão, que aconteceu em 1990,<br />
com o ex-presidente Collor.<br />
Quando houve a fusão, vários departamentos<br />
foram incorporados com os do BNDES, e foi nesse<br />
momento que nos separamos um pouco. Muita<br />
gente foi trabalhar em outras áreas do Banco. Se<br />
houve uma mudança forte, eu não senti.<br />
Angela Cristina reflete e fala sobre o momento da fusão e as mudanças ocorridas no<br />
Departamento Financeiro e na sua função.<br />
Quando houve a fusão, vários departamentos foram incorporados com os do BNDES,<br />
e foi nesse momento que nos separamos um pouco. Muita gente foi trabalhar em<br />
outras áreas do Banco. Se houve uma mudança forte, eu não senti. Ainda estava no<br />
Departamento Financeiro, extinto logo depois, que se juntou ao Departamento de<br />
Operações, tudo dentro da própria FINAME. Todos os colegas com quem eu trabalhava<br />
foram para lá. O chefe era um só, o Dr. Luiz Antonio Dantas. Durante 12 anos<br />
trabalhamos juntos, tendo sido mais um grande período de aprendizado. Depois<br />
de 12 anos no Departamento de Operações, fui convidada para ser secretária do<br />
Diretor da Área de Exportação II (EXIM), com o Dr. Marco Antonio Lima. Eu tinha 25
anos de FINAME. Depois essa diretoria foi extinta, assumindo o Dr. Marco Antonio<br />
a Superintendência de Infraestrutura do BNDES. Fui convidada, então, a ir com ele,<br />
como secretária, e permaneci na superintendência por sete anos. Depois do Marco<br />
Antonio, tive como chefes o Dr. João Carlos Cavalcanti e a Dra. Tereza Aquino, todos<br />
na Superintendência de Infraestrutura, onde em 31 de março de 2008 eu me aposentei<br />
como secretária, com 32 anos de serviços prestados à FINAME/BNDES.<br />
Depois de tantos anos trabalhando no mesmo emprego e na mesma função, Angela<br />
Cristina conta um pouco sobre a sua tarefa e a convivência com seus superiores.<br />
73<br />
Não existe nada melhor que um “bom-dia”<br />
carregado de energia positiva! Agradeço a<br />
Deus todos os dias por essa caminhada na<br />
função de secretária.<br />
A boa secretária não precisa saber tudo A boa secretária tem que saber onde e<br />
como encontrar tudo de que o chefe precisa. Aprendi isso ao longo da minha jornada<br />
profissional. Foi um belo aprendizado, mas ser secretária não é uma tarefa nada<br />
fácil. Conviver com várias pessoas diferentes todos os dias é muito difícil, tem que<br />
ter muito jogo de cintura, muito bom humor e, principalmente, amar a função. Mas<br />
tenho certeza de que consegui isso de uma forma suave e tranquila. Não existe nada<br />
melhor que um “bom-dia” carregado de energia positiva! Agradeço a Deus todos os<br />
dias por essa caminhada na função de secretária. Falar dos meus chefes não é uma<br />
coisa difícil, pois tive chefes maravilhosos, não tenho queixa, aprendi muito e, apesar<br />
de não ter contato com nenhum deles atualmente, considero todos grandes amigos<br />
que fizeram, de alguma forma, parte da minha jornada. Tive sete chefes, número<br />
cabalístico, e tenho certeza de que aprendemos muito uns com os outros. Todos<br />
foram importantes, mas o primeiro chefe, o Delfim Nadaes, não dá para esquecer!<br />
Foi com ele que aprendi a controlar o meu gênio forte. Como uma boa taurina, de
vez em quando rodava a baiana, e ele sempre aconselhava: “Calma, menina, não<br />
é dessa forma que você vai se impor, respira, pensa e age”. Grande Delfim! Faço<br />
isso até hoje. E sabe que dá certo? A presença dele na minha vida profissional foi<br />
fundamental para o meu sucesso.<br />
Aposentada há oito anos, Angela Cristina abriu uma empresa de locação de material<br />
para eventos e fala de sua facilidade em lidar com as pessoas e da saudade<br />
dos amigos.<br />
74<br />
Depois que me aposentei, abri uma empresa de locação de material para eventos.<br />
Fiz alguns cursos de decoração e cerimonial, entrei nesse mundo maravilhoso de realizar<br />
sonhos. Amo! Tenho facilidade de lidar com as pessoas, o que é essencial para<br />
o meu trabalho de locação e eventos. Acredito que isso foi mais uma consequência<br />
da minha função de secretária. São coisas que você vai aprendendo com o tempo.<br />
Foi muito bom o meu tempo FINAME/BNDES. Sinto saudades dos amigos que eu<br />
deixei, da convivência, da camaradagem. Eu saí em 31 de março de 2008 e no dia 1º<br />
de abril eu estava iniciando a minha empresa. Se tivesse que repetir toda a jornada,<br />
eu repetiria, talvez, com algumas pequenas e sutis mudanças.<br />
Angela Cristina relembra dois fatos marcantes que aconteceram nos tempos do<br />
Banco e que ficaram em sua memória.
Foram 25 anos na FINAME e outros sete no Banco.<br />
Eu adoro a FINAME. Levo tudo de bom da FINAME.<br />
Não posso dizer que foram 25 anos em que eu fui<br />
100% feliz profissionalmente, mas fui 90% feliz,<br />
então meu saldo é superpositivo.<br />
O primeiro fato foi a morte de um colega, que aconteceu em uma segunda-feira. Eu<br />
tinha alguns meses de FINAME e nunca havia tido a experiência da perda. Atendi<br />
o telefone e a moça falou: “Aqui quem está falando é a irmã do Sergio. Só para<br />
comunicar que ele morreu ontem”. Ele era um amigo muito divertido. Ela falou isso,<br />
eu larguei o telefone e comecei a chorar. Veio uma amiga, Maria Emília, perguntou o<br />
que foi e, quando pegou telefone, gritou. O susto foi grande, ele era um garoto forte;<br />
saiu sexta-feira sorridente e morreu no domingo jogando bola, caiu no campo. Foi<br />
um momento muito triste. A lembrança dele sorrindo nunca saiu da minha mente. O<br />
segundo fato, que, na verdade, não chega a ser um fato, era o que nós considerávamos<br />
a hora da descontração, das boas gargalhadas: todas as quintas-feiras, no final<br />
do expediente, nós nos reuníamos para bater papo, colocar as fofocas do Banco em<br />
dia e tomar o famoso “chá”, que na verdade era um uísque. Esses bons momentos<br />
são o que se leva de recordação para a vida.<br />
75<br />
Angela Cristina fala do seu sentimento com relação à FINAME e ao Banco nos 32<br />
anos passados como secretária.<br />
Foram 25 anos na FINAME e outros sete no Banco. Eu adoro a FINAME. Levo tudo<br />
de bom da FINAME. Não posso dizer que foram 25 anos em que eu fui 100% feliz<br />
profissionalmente, mas fui 90% feliz, então meu saldo é superpositivo. Mas os sete<br />
anos dentro do BNDES foram 100% felizes.
Marcos da Costa Guaranho<br />
O administrador Marcos iniciou sua trajetória na FINAME em 10 de dezembro de<br />
1976, época em que o Brasil estava saindo de uma crise e precisava desenvolver o<br />
setor industrial.<br />
Por meio de uma prova interna, Marcos entrou na FINAME com a seguinte proposta:<br />
iniciar como auxiliar de escriturário e, após 90 dias, ser admitido como escriturário.<br />
76<br />
E depois disso não havia mais perspectiva de ascensão na empresa. O objetivo era<br />
aprender o serviço e depois sair para trabalhar em algum agente financeiro que<br />
precisasse dos conhecimentos que você tinha daqui para viabilizar os projetos das<br />
empresas para o crescimento, já sabendo o que devia fazer. Então, entrei para ficar<br />
seis meses.<br />
Devido à própria situação do país, que já previa um boom de desenvolvimento, mudou-se<br />
a maneira de ver esse formato e passou-se a dar novas oportunidades para<br />
as pessoas que já trabalhavam na FINAME, visando não perder os profissionais que<br />
já possuíam o conhecimento. Com isso, veio o plano de carreira e Marcos passou a<br />
ter outras funções.
A partir de 1978, foram-se criando as funções. Eles precisavam de alguém que tomasse<br />
a responsabilidade, mas com remuneração. Mas era, na maioria do tempo,<br />
muito informal. O time da FINAME sempre foi muito informal.<br />
Marcos destacou a importância da FINAME na formação dos profissionais:<br />
Todo o pessoal da FINAME que foi para o Banco tem algum cargo de confiança hoje<br />
em dia – ou já teve ou se aposentou – devido ao destaque. Porque se aprendia a<br />
fazer de tudo.<br />
77<br />
E nós fomos reconhecidos rapidamente. Também tivemos a oportunidade de ver<br />
pessoas entrarem aqui com 14 anos como contínuo. E você os vê hoje como coordenadores...<br />
Para você ver como a empresa deu bastante fruto.<br />
Eu pulei, cheguei ao final do plano de carreira de nível médio e, depois, eles reconheceram<br />
e pulei para cargo de nível superior. E eu já corri todo o nível superior.<br />
Hoje, Marcos trabalha no Departamento de Acompanhamentos de Operações, que<br />
possui seis gerências, cada uma com cinco pessoas que percorrem o Brasil para<br />
verificar as operações indiretas que o Banco fez.
Por exemplo, se você comprou um trator, a gente vai lá ver se o trator está lá, se<br />
batem as informações que o agente financeiro manda pela internet como o número<br />
de série, para ver se não foi vendido, ver se o dinheiro foi corretamente usado, em<br />
caso de projeto.<br />
78<br />
Marcos contou ainda que as viagens que faz em seu trabalho são motivo de grande<br />
alegria.<br />
Eu passei 25 anos, antes de chegar nessa área, liberando os financiamentos, via<br />
nota fiscal. Eu tinha muita curiosidade de saber como eram os equipamentos.<br />
Então, para mim, não é trabalho. Tanto é que eu não me aposentei, abri mão do plano<br />
de demissão voluntária (PDV) e tudo porque para mim é prazeroso. É a realização<br />
de um sonho conseguir ver na prática tudo o que eu vi durante 25 anos só no papel.<br />
Eu não me aposentei, abri mão do plano de<br />
demissão voluntária (PDV) e tudo porque para<br />
mim é prazeroso. É a realização de um sonho<br />
conseguir ver na prática tudo o que eu vi<br />
durante 25 anos só no papel.<br />
O piloto fala “Senhores passageiros, vamos<br />
nos preparar para a aterrisagem” e você<br />
olha para o lado e só tem verde. Dali a<br />
pouco apareceu a cidade.<br />
Há 16 anos nessa função, viajando pelo Brasil, Marcos tem muitas histórias para contar.<br />
A gente foi em Oriximiná, Porto Trombetas. Quarenta minutos de avião de Belém,<br />
descendo no meio da selva. O piloto fala “Senhores passageiros, vamos nos preparar<br />
para a aterrisagem” e você olha para o lado e só tem verde. Dali a pouco apareceu<br />
a cidade. A gente foi lá ver uns equipamentos. Quando é que eu vou lá com o
meu dinheiro? Nunca. Ali é realmente no meio da selva mesmo, não tem nada. Tem<br />
aqueles equipamentos enormes, que vão avançando e reflorestando. É para tirar<br />
bauxita. Já estava 50 km para dentro. E, para aqueles caminhões, o chão tem que<br />
estar sempre bem amassadinho, bem compactado, porque, como carregam até 250<br />
toneladas, qualquer pedrinha e o pneu vai embora. Cada caminhão daquele tem seis<br />
ou oito pneus e são caríssimos.<br />
Em geral, essas viagens têm duração de cinco dias, mas já ocorreu de Marcos ficar<br />
15 dias no local. Foi na época da privatização dos serviços de comunicação.<br />
79<br />
Petrolina-PE, 2007.<br />
Eram os equipamentos do celular, que a gente chama de Estação Rádio Base (ERB).<br />
Tinha torre, baterias, rádios transmissores e a gente tinha que ir lá ver se eram<br />
nacionais, porque tem um índice mínimo de nacionalização. Ali realmente foi muito<br />
marcante, foi muito legal conhecer. Estávamos no Macapá. Nós e os engenheiros<br />
abríamos os equipamentos para conferir, como é feito hoje. Aí veio um grupo de uns<br />
caras protestando e procuraram a gente. Eu estava na frente com outro companheiro,<br />
aí veio uma senhora reclamando que na casa dela tinham parado micro-ondas,<br />
televisão, tudo, porque tinha a torre do lado. Eu falei: “Um momentinho que eu vou<br />
chamar aqui o engenheiro da operadora”. O cara veio e perguntou qual o problema.<br />
Ele falou assim: “Eu nem liguei a torre, imagina quando eu ligar”. (risos)<br />
Histórias não faltam e proporcionam um enriquecimento cultural e humano, como<br />
esta história que ocorreu no interior do Ceará.
80<br />
Eu, que andei muito no interior, tive uma lição no interior do Ceará, que é quente<br />
demais. Eu fui ver um supermercado e ele estava até migrando para o interior,<br />
em Crateús. Os carros lá andavam com bujão de gás de cozinha, autorizado pelo<br />
Detran. E estou falando dos anos 2000. Aí, a senhora me mostrou o material todo<br />
de pintura, todo pago, quer dizer, ela adquiriu e estava chegando ao vencimento.<br />
Isso foi muito marcante na minha vida. Tinha desabado o teto do supermercado na<br />
véspera de inaugurar. Aí, eu falei para ela: “A senhora deve estar triste, é difícil”. E<br />
ela disse: “Vê se eu vou me deixar abater por causa do telhado”. A gente tira umas<br />
lições. De vez em quando eu me lembro dessa senhora. Isso era a vida toda, porque<br />
ela vendeu as coisas, fez um empréstimo, no caso, no Banco da área dela para fazer<br />
esse investimento, e entrou na justiça porque era erro de engenharia, mas ainda<br />
estava satisfeita que não tinha matado ninguém nem nada.<br />
Houve também casos pitorescos, em que o “jogo de cintura” foi fundamental.<br />
Teve uma vez, no Rio Grande do Norte, que o cara recebeu a gente com duas espingardas<br />
atrás dele. Aí eu mandei: “Isso aí é 16 ou 18 mm?”. Dei um chute: “É que eu<br />
atirava muito”. Se o cara desse na minha mão. Eu não saberia nem como usar. Aí o<br />
cara disse: “Ah, estava aqui, eu nem vi”. (risos)<br />
Hoje em dia somos mais bem recebidos; aquela turma dos coronéis já caiu bastante.<br />
Às vezes eles estão por trás e não querem nos receber, aí temos que jogar mais duro,<br />
mas é raro. Contam os mais antigos, que, certa vez, o engenheiro foi levado ao alto<br />
de um morro e lá o capataz perguntou: “Você está vendo?”, e ele disse “Não”. “Ah,<br />
Não pode ter mão de ferro. Temos que nos colocar<br />
no lugar do outro. Se não, para que o “S” do<br />
BNDES? É isso que falta na nova geração: roxo<br />
é roxo, lilás é lilás... não pode ser assim. E está<br />
faltando no país as pessoas entenderem um pouco<br />
o problema das outras.
então vê ali de cima”, disse já apontando uma arma. “Você está vendo o galpão<br />
lá?”. Aí o amigo respondeu: “Ah, agora estou!”. “Então vamos almoçar!”<br />
Na visão de Marcos, o S do BNDES deve sempre ser lembrado, caso contrário não se<br />
está atingindo o objetivo primordial dos financiamentos.<br />
Não pode ter mão de ferro. Temos que nos colocar no lugar do outro. Se não, para<br />
que o “S” do BNDES? É isso que falta na nova geração: roxo é roxo, lilás é lilás...<br />
não pode ser assim. E está faltando no país as pessoas entenderem um pouco o<br />
problema das outras.<br />
81<br />
São 40 anos de trabalho, passando da máquina de escrever para a máquina com<br />
esfera da IBM até chegar ao primeiro computador IBM, no qual “a gente deixava de<br />
almoçar para jogar forca”, contou Marcos.<br />
São 40 anos de trabalho, passando da<br />
máquina de escrever para a máquina com<br />
esfera da IBM até chegar ao primeiro<br />
computador IBM, no qual “a gente deixava<br />
de almoçar para jogar forca”.<br />
Em suas palavras e histórias, o administrador Marcos demonstra sua alegria de<br />
trabalhar.<br />
Olha, eu venho alegre. É até dificil de distinguir a minha casa do trabalho. Às vezes,<br />
eu, que sou muito brincalhão, falo: “Olha, peço desculpas porque eu estou em casa,<br />
eu estou aqui, mas eu estou muito à vontade”.
Edson Luiz Moret de<br />
Carvalho<br />
Edson é economista e entrou para a FINAME em 1976, 10 anos depois da criação da<br />
empresa, contratado para trabalhar na Assessoria de Planejamento. Cursava mestrado<br />
em Economia na Fundação Getúlio Vargas e, junto com mais cinco alunos, foi<br />
convidado para fazer uma entrevista e ficou.<br />
82<br />
Eu fazia estudos variados, econométricos, previsão de longo prazo, desembolsos,<br />
financiamentos. Uma parte do pessoal cuidava do orçamento. Nossa atividade era<br />
assessorar a parte financeira, os cálculos, quando se lançava um programa, um<br />
produto novo. Nós usávamos mais microeconomia, porque macroeconomia é mais<br />
usada no Banco Central. Fazíamos estudos, previsão, planejamento do produto a ser<br />
lançado. Dávamos algum parecer para saber a efetividade daquele produto; no caso,<br />
eram mais programas para incentivar determinados segmentos da economia, como,<br />
por exemplo, um programa de incentivo à micro, pequena e média empresa. Incentivar<br />
determinado setor da economia, como a siderurgia. Cuidar da parte orçamentária<br />
e previsão de recursos. Tínhamos um programa destinado a grandes empresas,<br />
grandes projetos, como a implantação de Itaipu. Nós avaliávamos a necessidade de<br />
recursos, o desempenho da empresa, o que ela pedia, o que poderia acontecer. Naquela<br />
época, o governo militar constituía várias empresas estatais, como Usiminas,
83
CSN, Cosipa, Furnas, empresas que nos mandavam as previsões; essa era uma das<br />
atividades, o que as empresas iam efetivamente precisar. Também fazíamos estudos<br />
de financiamentos menores, nos quais havia uma previsão econométrica. A partir<br />
daí era pedido algum tipo de trabalho nesse sentido.<br />
84<br />
Edson lembra os tempos da Candelária, a mudança de prédio, a fusão FINAME-BNDES<br />
e o que mudou em sua vida profissional até hoje.<br />
Quando eu entrei, em 1976, ainda era na Candelária, no décimo segundo andar.<br />
Todo mundo que tinha nível superior – podia ser engenheiro, economista, contador,<br />
administrador – era chamado de assessor técnico. Em 1982 eu passei a ser chefe<br />
da Assessoria, ligado diretamente ao diretor executivo. Fui fazendo outras coisas,<br />
pesquisa conjuntural, mudando e criando outras atividades. Mas em síntese era<br />
tudo mais ou menos parecido. Fui transferido para o prédio novo antes da fusão.<br />
Em 1992, na época da fusão, o pessoal ficou apreensivo. A FINAME, que era constituída<br />
de departamentos e três diretorias, viraria uma área do Banco. O pessoal<br />
estava cabisbaixo e eu falei para eles: “Olha, nós não somos piores nem melhores,<br />
nós somos diferentes”. A nossa operação era completamente diferente da operação<br />
do Banco. O Banco faz operação direta, análise de projeto. Nós nunca fizemos<br />
análise de projeto, a FINAME faz financiamentos de equipamentos caso a caso.<br />
Quem criou esse sistema foi o Roberto Campos e trouxe essa ideia para o Banco,<br />
a ideia da FINAME. O Banco operava com infraestrutura, grandes projetos e essa<br />
ideia causou muita estranheza. De repente o Roberto chega e diz: “Vamos financiar,<br />
Em 1992, na época da fusão, o pessoal ficou<br />
apreensivo. A FINAME, que era constituída de<br />
departamentos e três diretorias, viraria uma<br />
área do Banco. O pessoal estava cabisbaixo e<br />
eu falei para eles: “Olha, nós não somos piores<br />
nem melhores, nós somos diferentes”.<br />
E tem também um produto novo, do<br />
qual eu fui o idealizador, o BNDES<br />
Soluções Tecnológicas, uma inovação. Ele<br />
financia usinagem em alta velocidade,<br />
nanotecnologia, tudo o que você possa<br />
imaginar de tecnologia.
isoladamente, equipamentos”. Parecia coisa menor do que financiar projetos, mas<br />
era uma grande sacada. O sistema que ele pensou usava os agentes financeiros de<br />
todo o país, todos os bancos comerciais e os bancos de desenvolvimento para fazer<br />
a operação e mandar para o BNDES. Eram os tentáculos que você tinha em todo o<br />
país. Imagina! Na ocasião não havia internet. A comunicação era por malote, telex.<br />
Era um monte de papel. Então ele teve essa sacada. O pessoal do Banco falou:<br />
“Não, não queremos isso aqui”, e o Roberto Campos retrucou: “Bom, se vocês não<br />
querem, vou levar isso para o Banco do Brasil”. Aí ficou: “Não, Banco do Brasil não!<br />
Fica aqui”. E o pessoal do Banco foi entendendo como a gente trabalhava. Hoje eu<br />
sou chefe do Departamento de Suporte e Controle Operacional (DESCO), que é bem<br />
mais variado. Tem o cartão BNDES e tem o BNDES Automático. E tem também um<br />
produto novo, do qual eu fui o idealizador, o BNDES Soluções Tecnológicas, uma<br />
inovação. Ele financia usinagem em alta velocidade, nanotecnologia, tudo o que<br />
você possa imaginar de tecnologia. Para você financiar um equipamento, precisa<br />
de um código. Esse código é levado ao agente financeiro, que, pela internet, pede<br />
o financiamento para nós, que o aprovamos ou não. É um produto completamente<br />
diferente, porque apenas tecnologia está sendo financiada. O site é www.bndes.<br />
gov.br/solucoestecnologicas. Isso foi um negócio que eu criei, mas eu tenho outras<br />
atividades, gerências diferentes. Uma delas se chama Inteligência de Negócios, na<br />
qual se estudam os impactos de um produto, de um programa em um determinado<br />
setor; faz-se estudo sobre competitividade no setor de máquinas e equipamentos,<br />
as previsões econométricas. Tem outra que cuida do curto prazo, que é toda a informação<br />
do que vai acontecer no próximo mês em termos de financiamento. Outra<br />
gerência cuida de dados estatísticos, faz pesquisa de conjuntura. Tem a Reclamações<br />
dos Clientes, que cuida mais do cliente, recebe informações, solicitações da ouvidoria<br />
Eu não sou operacional, mas agora virei.<br />
85
Edson descreve um fato que, na época da fusão, ficou marcado em sua vida profissional<br />
nesses anos de FINAME.<br />
86<br />
Na época da fusão nós perdemos muitas atividades da empresa, toda a parte financeira,<br />
a de gerir os recursos. A parte do pessoal também, que se chamava Departamento<br />
Pessoal e hoje é RH, e a parte de Serviços Gerais. Tudo isso acabou e foi<br />
passado para a administração do Banco. Ficamos só com a parte operacional. Eu me<br />
lembro de uma reunião, quando o ex-presidente Collor assumiu, em que ele mandou<br />
demitir uma parte do quadro de todas as empresas, e nós tivemos que demitir<br />
alguns colegas. Tivemos que escolher quem demitir, foi um negócio meio pesado. Eu<br />
me lembro de dois rapazes, um já faleceu e o outro se aposentou há pouco tempo.<br />
Um deles, muito preocupado, entrou na minha sala e me perguntou sobre seu caso.<br />
Eu falei: “Fica tranquilo que não vai acontecer nada contigo”. Depois entrou o outro,<br />
um rapazinho que cuidava da xerox, morava na Rocinha, perguntou a mesma coisa<br />
e eu falei: “Não está acontecendo nada contigo, fica tranquilo. Logo em seguida,<br />
em uma outra reunião, estavam discutindo sobre um funcionário meu, que eu botei<br />
para demitir. O cara não trabalhava, era filho de um diretor nosso. Falei: “É esse aí!”.<br />
A diretoria resolveu trocar o rapaz que eu estava demitindo pelo outro, humilde. Eu<br />
fiquei tão nervoso, que dei um murro na mesa. “Vocês não o vão demitir!”. E eles<br />
não demitiram o rapaz porque sabiam que eu estava com a razão. Eu fiquei pau da<br />
vida com aquele negócio. Ninguém teve coragem de falar que eu estava errado. Eu<br />
não fiquei com raiva deles não, mas achei que tinham cometido um erro naquele<br />
momento. Um erro que qualquer pessoa comete.
Edson, hoje como chefe de departamento, ainda guarda novos projetos.<br />
Eu estou com um projeto novo, que chamei de BNDES Digital, no qual o cliente entra<br />
direto na internet por meio do agente financeiro. Ele faz um leilão das operações e<br />
o agente dá as condições melhores. E espero que daqui a alguns meses consigamos<br />
tocá-lo. Tem um outro programa que eu criei, que se chama de Mais BNDES, que<br />
eu fiz para o Banco como um todo. Porque antes, quando o cliente visitava o site<br />
para saber o que o Banco tinha para financiar, não sabia onde encontrar. Aí eu criei<br />
um negócio em que se vão colocando os dados, clicando e se chega ao produto,<br />
àquele financiamento desejado, bem facilzinho. Estou trabalhando há 40 anos aqui.<br />
Estou aposentado há pouco tempo, 7 anos, e não quero parar. Só vou parar quando<br />
eu parar de pensar, e o meu cérebro se recusa a parar de pensar. Tem mais tempo<br />
ainda, uns 9 anos pelo menos. Na verdade, quando eu acabo de fazer um trabalho,<br />
eu invento um negócio, penso que acabou, mas aparece outro.<br />
87<br />
Eu estou com um projeto novo, que chamei de<br />
BNDES Digital, no qual o cliente entra direto na<br />
internet por meio do agente financeiro. Ele faz um<br />
leilão das operações e o agente dá as condições<br />
melhores. E espero que daqui a alguns meses consigamos<br />
tocá-lo.<br />
No coração de Edson, o que representa a FINAME em sua vida nesses 40 anos?<br />
A FINAME foi a minha porta de entrada. Antigamente eu nem dizia que trabalhava<br />
no BNDES, dizia que trabalhava na FINAME. O meu DNA é FINAME. É FINAME<br />
na veia.
Orvinda Alves Barroso<br />
Em novembro de 1977, para integrar o Departamento Financeiro da FINAME, Orvinda<br />
realizou um concurso interno e, depois, foi submetida a uma bateria de testes de<br />
aptidão e psicotécnico por uma empresa de recrutamento e seleção.<br />
88<br />
Apesar de enfrentar certa resistência numa área tradicionalmente masculina, Orvinda<br />
se tornou a primeira mulher a trabalhar na área de contabilidade, assumindo, ao<br />
longo do tempo diversas funções.<br />
Minha função era uma espécie de assessora do chefe, talvez que devido ao fato de<br />
ter experiência na área fiscal. Eu iniciei fazendo o imposto de renda da FINAME e<br />
assessorando meu chefe na conferência de relatórios gerenciais.<br />
Entre as atribuições de Orvinda estava a realização das Demonstrações Contábeis<br />
Aplicadas ao Setor Público e a instrução do processo de prestação de contas anual<br />
da Administração aos Órgãos de Controle. Com a aposentadoria de seu chefe, Orvinda<br />
assumiu a gerência de Contabilidade, função exercida até 1990. Com a fusão das<br />
áreas-meio pelo BNDES, a FINAME, hoje, aparece como Área de Operações Indiretas<br />
do Sistema BNDES. Na época em que houve a fusão o país passava por grandes<br />
transformações, vivia-se numa turbulência – mudança de governo, congelamento de
preços, confisco de poupança etc., e, no meio dessa turbulência, Orvinda foi cedida<br />
ao BNDES para ocupar uma das gerências do Departamento de Contabilidade. Ela<br />
se viu diante de uma situação ímpar – desmontar a estrutura física da contabilidade<br />
da FINAME e migrar seus arquivos em mídia para o Sistema Contábil e o físico para<br />
o Arquivo Central do BNDES.<br />
Foram períodos difíceis. Eu, que até então controlava a contabilidade da FINAME,<br />
passei a controlar parte da contabilidade do Sistema BNDES, tendo sob minha supervisão<br />
pessoas que sequer conhecia.<br />
89<br />
Orvinda decidiu abandonar a área financeira em 1993, quando deixou de ser gerente<br />
e se transferiu para área de administração para assumir a Coordenação de<br />
Compras e Contratos Administrativos, onde também exerceu diversas funções, entre<br />
as quais a de leiloeira de bens não operacionais, encerrando sua carreira em agosto<br />
de 2009. Hoje, aposentada da FINAME, Orvinda mostra-se orgulhosa de ter feito<br />
parte da história da empresa e conta o que ficou em sua memória afetiva.<br />
A FINAME me ensinou acreditar no futuro. É muito bom crescer com as pessoas, com<br />
as empresas e com o país. É gratificante lembrar que se contribuiu para o desenvolvimento<br />
econômico. Resumindo, a FINAME foi minha vida, porque fiz parte de seu<br />
quadro de funcionários dos 23 aos 55 anos – namorei, casei, divorciei e ainda virei<br />
avó. (risos) Fiz amigos. Amo a FINAME.
A FINAME na mídia ao<br />
longo do tempo<br />
Década de 1960<br />
90<br />
Fonte: O Globo, Matutina, Geral, 12 de agosto de 1966, p. 14.
Fonte: O Globo, Matutina, Geral, 24 de novembro de 1966, p. 14.<br />
91
92<br />
Fonte: O Globo, Economia, 15 de fevereiro de 1968, p. 4.
Fonte: O Globo, Matutina, Economia, 15 de fevereiro de 1968, p. 10.<br />
93
Década de 1970<br />
94<br />
Fonte: O Globo, Matutina, Economia, 13 de novembro de 1975, p. 21.
Década de 1980<br />
95<br />
Fonte: O Globo, Matutina, Economia, 2 de junho de 1981, p. 15.
Ada Maria Torres di Stasio<br />
Em 1978, Ada trabalhava em uma agência de empregos quando soube da vaga de<br />
telefonista na FINAME. Sendo incentivada pelo próprio chefe a participar do processo<br />
seletivo, fez sua inscrição para o processo seletivo.<br />
96<br />
No final do dia nós fazíamos a seleção de pedidos de pessoas para outras empresas.<br />
Eu levei ao meu chefe e falei: “Tem uma empresa, chamada FINAME, que está<br />
pedindo telefonista. Eu já fiz a separação do cadastro das que temos aqui e quero<br />
saber do senhor se é para mandar”. Ele falou: “Não manda ninguém não, vai você.<br />
É meio período, dá para você trabalhar lá e aqui. E lá é uma empresa muito boa,<br />
acho que você merece tentar”.<br />
Quando chegou à FINAME, Ada ficou impressionada com a beleza do prédio, naquela<br />
época ainda situado na Candelária. Concorreu com mais quatro pessoas e,<br />
por fim, foi a escolhida.<br />
Quando cheguei, me assustei, porque era um prédio lindo. Eu achava que não estava<br />
vestida a caráter, mas fui. Nas seleções, nós fizemos provas de português, matemática<br />
e experiência disso e daquilo. Eu lembro que um diretor nos chamou na<br />
sala (éramos quatro ou cinco) e falou: “Eu não quero cometer nenhuma injustiça.
97
Todo mundo passou, todo mundo fez uma boa redação e tudo mais, mas eu vou<br />
escolher quem tem realmente uma carteira assinada na função de telefonista com<br />
experiência”. Ninguém tinha, só eu. Aí, eu fui escolhida.<br />
98<br />
Em novembro de 1982, a FINAME mudou para o prédio do BNDES e a função de<br />
telefonista foi extinta. Ada, assim como as outras telefonistas, tornou-se recepcionista<br />
e, como não ficou satisfeita com a nova função, realizou uma prova interna para<br />
auxiliar administrativo<br />
Quando viemos para esse prédio, acabou a função de telefonista porque o BNDES já<br />
tinha muitas telefonistas. Não precisava de mais. Então nos colocaram como recepcionistas.<br />
Eu não gostei, pois não tinha quase nada para fazer. Antes tudo passava<br />
por nós, os telefones não davam linha para a rua. Eu comecei a estudar e, quando<br />
teve prova interna, fiz e passei para auxiliar administrativo. Fui trabalhar em um<br />
departamento de operações, com uma chefe super-rigorosa, onde analisávamos as<br />
propostas de abertura de crédito (PACs). Eu me lembro de que era tudo manual,<br />
fazíamos aqueles cálculos enormes na máquina. Tanto que hoje eu sou excelente<br />
em matemática.<br />
Eu comecei a estudar e, quando teve prova<br />
interna, fiz e passei para auxiliar administrativo.<br />
Fui trabalhar em um departamento de operações.<br />
Eu me lembro de que era tudo manual,fazíamos<br />
aqueles cálculos enormes na máquina.<br />
Sempre em busca de realização profissional, Ada continuou crescendo na empresa.
Dali eu comecei a querer fazer uma coisa diferente. Como eu sempre gostei de falar<br />
muito, gosto muito de gente, uma chefe de outro departamento me convidou para<br />
ir para o Departamento Pessoal trabalhar com ela. E foi lá que eu me realizei. Fazia<br />
várias coisas, como vale-transporte. E tudo também era na mão, mas eu lembro que<br />
lá, quase em 1990, nós passamos a ganhar um terminalzinho de computador, que<br />
era só a parte de cima, sem a torre, só o visor.<br />
Como eu sempre gostei de falar muito, gosto muito<br />
de gente, uma chefe de outro departamento me<br />
convidou para ir para o Departamento Pessoal<br />
trabalhar com ela. E foi lá que eu me realizei.<br />
Ada trabalhava no Departamento Pessoal da FINAME quando houve a fusão com<br />
o BNDES e a reestruturação das áreas e dos cargos, em 1990. Como desafio profissional,<br />
ela aceitou o convite de uma pessoa, que era da FINAME mas estava cedida<br />
para o BNDES, de ir para uma superintendência com nove departamentos.<br />
99<br />
Quando houve a fusão, eu fui para o Departamento Pessoal do Banco, mas só que<br />
eu não fiquei fazendo esse mesmo serviço. Primeiro, teve a Coordenadoria de Atendimento,<br />
onde eu dava atendimento, informava salário etc. Não tinha computador,<br />
então eu é que dava essas informações. Depois fui trabalhar em outro lugar, que era<br />
de atualização de carteira de trabalho e, mais tarde, fui para Cargos e Salários. Eu<br />
fiquei assim pulando até que essa pessoa, que era uma Diretora, me levou para a<br />
área operacional para ser secretária dela... E aí tudo mudou. Voltei a ser secretária<br />
de superintendente. Fiquei com ela até ela se aposentar em 2000. Quando ela se<br />
aposentou, choveu convite para a Diretoria. E eu fui.
Hoje, nostálgica, Ada lembra que quase desistiu de fazer a prova para entrar na<br />
FINAME.<br />
Quase que eu voltei. Quando cheguei à porta do prédio da Candelária, número 60,<br />
eu pensei: “Nem tenho roupa adequada para entrar nisso aqui”. Todo mundo arrumadinho,<br />
bonitinho. Eu feinha. Falei: “Ah, o que vale é por dentro. Estou nem aí”.<br />
Fiz as provas, entreguei e fui embora. Aí, ligaram para minha mãe pedindo que eu<br />
viesse aqui. Minha mãe falou: “Você é a escolhida”. E eu perguntei: “Como é que a<br />
senhora sabe?”. E ela: “Ninguém vai chamar uma pessoa se não for”.<br />
100<br />
Ada considera a FINAME uma família e fez grandes amizades na empresa.<br />
Eu só fiz boas amizades. Você começa junto, vê as pessoas com 18, 19 anos, convive<br />
durante muito tempo. No geral, só tenho a agradecer a Deus por esse trabalho que<br />
consegui e pelas pessoas com as quais fiz de amizade.
Ana Maria Monerat<br />
Miranda<br />
Ana Maria chegou à FINAME por meio de um anúncio de jornal, prestando teste<br />
para digitadora, depois de ter passado por empresas como Esso Brasileira de Petróleo,<br />
Banco Boa Vista e Ministério da Guerra.<br />
Isso foi em 1979. No teste eu só cometi um erro. Três dias depois recebi um telegrama<br />
dizendo que eu já estava no quadro da FINAME. Entrei como digitadora no departamento<br />
onde ficavam os computadores. Eu fazia o serviço todo da FINAME e do BNDES.<br />
E como só lidava com números, foi um pouco difícil para mim no início. Mas acho que<br />
eu me saí bem e, em 1980, fui efetivada no cargo. Naquela época era tudo interligado<br />
e, por exemplo, se faltava uma secretária na ala de Diretoria, diziam: “Ah, vai a Monnerat”.<br />
Ou então: “Aqui na área de crédito está faltando uma funcionária. Vem aqui nos<br />
ajudar”. “Ah, está faltando gente aqui. Manda a Monnerat”. Era o tapa-buraco, era<br />
a rolha. Tapava o buraco de todo o mundo. (risos) Com isso você começa a conhecer<br />
mais um pouquinho da empresa, quais são os problemas que existem etc.<br />
101<br />
Ana Maria diz que, graças à ajuda da FINAME, realizou o sonho de ter um filho, que<br />
lhe deu um neto “lindo e maravilhoso”. Hoje está aposentada, depois de 25 anos<br />
de FINAME, e diz que passou por vários departamentos.
Fui secretária de departamento, mas continuava tapando os buracos das meninas.<br />
Elas saíam de férias e perguntavam: “Aninha, você quer ganhar um dinheirinho<br />
extra?” E eu ia. Trabalhei também na área de avaliação de propostas, onde analisávamos<br />
se o CPF do cara combinava, se os juros estavam certos... mas eu gostava<br />
mais de ficar sassaricando pelo Banco. Tanto que depois da fusão eu fui convidada<br />
para trabalhar no Banco.<br />
102<br />
Durante algum tempo Ana Maria foi transferida para Belém do Pará e narra um<br />
pouco de sua permanência naquele estado.<br />
Teve uma época em que estava faltando secretária em Belém do Pará. O diretor<br />
daqui do Banco perguntou: “Você quer ir para lá, Aninha?”. Curiosa, fui e gostei.<br />
Não levei a família porque eu não sabia o que ia encontrar lá. Mas foi muito bom.<br />
Isso tudo, eu acho, nos faz crescer. Foi uma experiência. Sofri bastante no início,<br />
porque mulher sozinha... No Pará, pelo menos naquela época, mulher sozinha era<br />
prostituta ou estava querendo pegar marido de alguém. Por exemplo, eu ia aos restaurantes<br />
almoçar e saía de lá com fome, porque ninguém me atendia. Eu almoçava<br />
mais sorvete. Açaí com batata frita, açaí com peixe, aquele camarão seco, que é uma<br />
delícia também. Fui a quase 100 quilos de gordura e de gostosura para os lados.<br />
Porém trabalhar lá era bom, eu não usava tanto a digitação como quando eu entrei.<br />
O lugar ficava no centro da cidade. Na beira do rio tinha o cais do porto, que eles<br />
transformaram em restaurantes. É muito gostoso, muito delicioso. Há também as
Praias de Salinas, que você anda quase dois dias de barco. Depois de 11 meses, o<br />
serviço acabou, mas ficou a saudade dos amigos que deixei.<br />
Fui então convidada a ir para a área de crédito<br />
e secretariar o departamento. Depois, trabalhei<br />
aqui no Banco com um chefe que não me queria<br />
como secretária e eu estava doida para sair de<br />
lá mesmo. Voltei então para a área de análises<br />
e, desanimada, falei: “Vou me aposentar. Já<br />
não estou aguentando mais ficar aqui...” E me<br />
responderam: “Não vai não, Aninha, fica aí, na<br />
FINAME”. Isso era tudo o que eu queria.<br />
Quando eu entrei aqui, disseram:<br />
“Aplica o teste na moça”. Aí me deram<br />
aquelas caixas de cartões, com 1.500<br />
cartões cada. Foi nesse teste que eu<br />
tive um erro só.<br />
Na volta ao Rio de Janeiro, Ana Maria resolveu que, depois de trabalhar como digitadora<br />
para a Esso, para o Banco Boa Vista e para o Ministério da Guerra, não queria<br />
mais trabalhar na mesma função.<br />
Fui então convidada a ir para a área de crédito e secretariar o departamento. Depois,<br />
trabalhei aqui no Banco com um chefe que não me queria como secretária e eu estava<br />
doida para sair de lá mesmo. Voltei então para a área de análises e, desanimada,<br />
falei: “Vou me aposentar. Já não estou aguentando mais ficar aqui...” E me responderam:<br />
“Não vai não, Aninha, fica aí, na FINAME”. Isso era tudo o que eu queria. Eu<br />
amo a FINAME. A turma da FINAME é outra gente, é outro espírito. É muito bom, é<br />
muito gostoso. De tudo isso tirei uma lição muito grande.<br />
Ana Maria lembra, com bom humor, alguns episódios marcantes que aconteceram<br />
com ela em sua chegada à FINAME.<br />
103<br />
Quando eu entrei aqui, disseram: “Aplica o teste na moça”. Eu respondi: “Obrigada<br />
pelo moça”. Aí me deram aquelas caixas de cartões, com 1.500 cartões<br />
cada. Foi nesse teste que eu tive um erro só. E quem me aplicou o teste é que
errou, não fui eu. Era máquina 129, elétrica, da IBM, e ele ficava na 059, que<br />
era só para conferência.<br />
104<br />
Daí eu fiz um programa para mim e ele perguntou o que eu estava fazendo. Expliquei<br />
que estava fazendo o meu programa: pegando o que é letra e o que é número<br />
para poder desenvolver meu trabalho. Ele pediu para eu fazer um para ele também.<br />
Eu fiz e ele: “Olha, você é uma fera”. Conclusão: tinha um armário de duas portas<br />
cheio e eu fiz todo o armário... Aí eu falei: “Isso aqui não vale, não. Esse teste seu<br />
está muito puxado. Eu fiz o armário todo e o que eu vou fazer no dia seguinte?”<br />
Então ele respondeu: “Pode parar, quem já está cansado sou eu. Você já passou e,<br />
por mim, você já está empregada”.<br />
Havia também outro senhor, muito engraçado, que falava assim: “Aninha, eu vou<br />
te ajudar”. Ele sentava e fazia uma letra só. Eu dizia: “Eu faço um programa para<br />
você. Você quer? Isso você tira de letra, você vai rapidinho”. E ele: “Não, espera aí,<br />
me deixa ver aqui”. Ele catava milho... Ele já estava cansado também. Ele falava<br />
assim: “Você é demais, você não existe”. Eu falava: “Pois é, eu não existo, mas<br />
vocês existem e ficam em cima de mim. Agora vamos ver quem rende mais, se sou<br />
eu ou você”. Ele disse: “Então me deixe sentar aí”. Eu disse: “Aqui você não vai<br />
sentar não. Quem senta aqui sou eu, você senta na outra”. Três dias depois recebi<br />
o telegrama de admissão.<br />
Daí eu fiz um programa para mim e ele perguntou<br />
o que eu estava fazendo. Expliquei que estava fazendo<br />
o meu programa: pegando o que é letra e o<br />
que é número para poder desenvolver meu trabalho.<br />
Ele pediu para eu fazer um para ele também.<br />
Eu fiz e ele: “Olha, você é uma fera”.<br />
Ana Maria conta um pouco de sua vida e o que a FINAME significa hoje para ela<br />
afetivamente.
Para mim, a FINAME representa muita coisa. Uma mãe, um pai, os irmãos que eu<br />
não tive. Eu acho que conheço todo mundo aqui, amo todo mundo. É uma família<br />
que eu encontrei. Eu vim de Macuco, do interior, inocente de tudo, perdida no<br />
tempo e no espaço, com 21 anos de idade. Terminei a faculdade, mas não fui pegar<br />
diploma, não quis festa nem nada. Foi na época que meu irmão faleceu... Então,<br />
joguei tudo para o alto. Eu não tinha sido acostumada a ter esses compromissos...<br />
de pagar as coisas. Quando entrei aqui, pensei: “Vou aprender alguma coisa”. E<br />
aprendi muita coisa: aprendi que o amor, o carinho e a amizade são primordiais na<br />
vida. Eu amo isso aqui. Se eu pudesse voltar, eu voltaria, mas agora não dá mais, já<br />
me aposentei. (risos)<br />
105<br />
Quando entrei aqui, pensei: “Vou aprender alguma<br />
coisa”. E aprendi muita coisa: aprendi que o amor, o<br />
carinho e a amizade são primordiais na vida. Eu amo isso<br />
aqui. Se eu pudesse voltar, eu voltaria, mas agora não<br />
dá mais, já me aposentei.
Eliana Martins<br />
Eliana entrou para a FINAME, em 12 de março de 1979, como recepcionista, cargo<br />
no qual permaneceu por três anos e meio. Em seguida foi trabalhar no DEPOE, departamento<br />
que analisava propostas de grandes projetos, e lá ficou durante 17 anos.<br />
Há 15 anos é secretária na Superintendência de Operações Indiretas, que tem oito<br />
departamentos. Ser secretária é uma função que desempenha com amor.<br />
106<br />
Trabalhei em outra área do Banco por um ano e descobri que gosto mesmo é de<br />
secretariar. Aí voltei para a FINAME há mais de 15 anos.<br />
Quanto a se aposentar, Eliana diz que ainda não está na hora.<br />
Por enquanto não. Quero ficar pelo menos mais uns dois anos, gosto muito do que<br />
eu faço.<br />
“FINAME até morrer” é o sentimento da Eliana em relação à empresa onde começou<br />
a trabalhar aos 19 anos.
Desde os 19 anos isso aqui é minha vida, e foi uma vida feliz, um grande presente.<br />
Reconheço e agradeço por isso o tempo todo.<br />
Nunca senti algum tipo de discriminação, isso aqui é uma grande família. Nunca tive<br />
chefes ou colegas de trabalho que fossem rudes. O que mais me marcou foram as<br />
pessoas diferentes que conheci aqui, que me fizeram ver como é a vida. Eu era uma<br />
menina, então foi um grande aprendizado de vida e é até hoje.<br />
Quero agradecer a todos os colegas de trabalho que estiveram comigo nesses 37<br />
anos, por toda alegria e satisfação de trabalhar com eles, e que estejamos juntos<br />
sempre, até numa próxima FINAME lá do outro lado do mundo.<br />
107
Galeria<br />
108<br />
Década de 1960: Jober Cerqueira Lima, Walter Santa Rita Pereira, João Flávio da Silva<br />
Década de 1970 Seminário de Secretárias: Yolanda Fonseca,<br />
Marilina Bandeira de Melo, Maria Helena Rodrigues, Carolina, Elcio Costa Couto,<br />
Sueli Pinto Guiôt, Laurinda, Lucinda Gonzalez, Nilza Melona<br />
Setor de microfilmagem<br />
José Geraldo Abranches, Atilio Vivacqua, Hugo Sardenberg,<br />
Rinaldo Cantoni, Walter Santa Rita Pereira
Hugo Sardenberg<br />
Denise Pires, Hugo S. e Derly, novembro de 1981<br />
109<br />
João Carlos, Nunes, Denise, Derly e os mensageiros, entre eles<br />
(o último à direita) Amaury, novembro de 1981<br />
Humberto Coelho da Rosa recebendo o troféu de 25 anos das mãos do diretor do BNDES
Galeria<br />
110<br />
João Flávio, Walter Santa Rita, Humberto Coelho, Lucinda Gonzalez, Sandra Aor,<br />
Nanci Rodrigues, Luiz Osório, Joe Satow<br />
Vera Lúcia Vianna, Lucinda Gonzalez da Silva, Ana Maria Monerat<br />
Construção de Itaipu. Em pé: estagiário Clebinho e os assessores técnicos<br />
Marcos Lopo, Manoel Fernandes dos Reis e Luiz Antonio Dantas.<br />
Sentados: Ricardo Augusto Marques e Emilson Lima<br />
Churrasco comemorativo do 5º aniversário da AFFINAME
FINAME: década de 1990<br />
Jornal Vínculo, julho de 1988<br />
111<br />
Anos 1990: Assembleia de empregados contra demissões<br />
Anos 1990: Assembleia de empregados contra demissões
Galeria<br />
112<br />
Reunião de recém-aposentados após a homologação<br />
Derly Nossar, Antônio Francisco dos Santos, Maria Silvia de Arruda Borges,<br />
Ana Maria Monerat, Marcel Asfour<br />
Aniversário AFFINAME 2003: Angela Cristina de Oliveira Leite, Jane Duarte,<br />
José Asdrubal Bezerra de Souza, Margarida Rangel Silva Serafim, Amaury Barreto Aguiar, Carlos<br />
Germano Régio Amazonas, Orvinda Alves Barroso, Daniel Salek, Jorge Henrique Velloso<br />
Aniversário AFFINAME 2003
Aniversário AFFINAME 2003: Hugo Sardenberg, Jane Duarte, Antônio Carlos Guimarães,<br />
Sandra Maria de Lima Ribeiro, Vera Lúcia Alves Viana<br />
José Alexandre de Lima Barbosa, José Asdrubal Bezerra de Souza, Dinorá Soares Maia,<br />
Maria Silvia de Arruda Borges, Eliana Martins, Manoel Fernandes dos Reis<br />
113<br />
Aniversário AFFINAME 2003: Neide Torres, Jacques Barbio<br />
Aniversário AFFINAME 2003: Jane Duarte, Orvinda Alves Barroso, Amaury Barreto Aguiar
Galeria<br />
114<br />
Jantar 2003: Ruy Carvalho da Silva Junior, Jane Duarte, Ricardo Barros,<br />
Carlos Cesar da Silva Monteiro, Maria Silvia de Arruda Borges, João Carlos Paiva<br />
Jantar 2003: Eliana Martins, Carlos Germano Régio Amazonas, Luce Costa<br />
Glória Maria de Lima, Francisco Domingues Cardoso<br />
Jantar 2003: José Flávio Gioia, Renato José Cursino de Moura, Lilian Moura
Jantar 2003: Hugo Sardenberg, Jane Duarte, Joary Diniz Filho, Roberto Flávio de Oliveira,<br />
Maria Helena, Walter Santa Rita Pereira, Armênio Arthur Porto<br />
115<br />
Jantar 2003: Dinorá Soares Maia, Humberto Coelho da Rosa, Elenilda Gomes Monte da Rosa<br />
Jantar 2003: Carlos Germano Régio Amazonas, Roberto Flávio de Oliveira,<br />
Vicínius Santiago Lamas, Francisca Lamas
Galeria<br />
116<br />
Eliana Martins, Ângela Salomé, Margarida Rangel Silva Serafim<br />
Natal 2003: Vera Lúcia Alves Viana, Edson Luz Moret de Carvalho, Roberto Flávio de Oliveira<br />
1º Encontro Candelária 60, em 2010<br />
1º Encontro Candelária 60, em 2010
Jantar 2003: Maria Aparecida Souza Porto e Armênio Arthur Porto<br />
Hugo e Regina, um amor que nasceu na FINAME<br />
117<br />
Jorge Henrique e Jeanne: juntos na FINAME e na vida<br />
Dinorá e Alex: FINAME de mãe para filho
Luiz Antônio Araújo Dantas<br />
O engenheiro mecânico Luiz Antonio ingressou na FINAME em maio de 1979.<br />
118<br />
Nessa época eu tinha acabado de pedir demissão da Petrobrás. Meu coordenador<br />
na UFRJ veio falar comigo sobre essa vaga. Marquei uma entrevista com o departamento<br />
de recursos humanos, passei por uma seleção, fiz as provas, até que um<br />
belo dia me chamaram para fazer uma entrevista com o diretor executivo, Irimá da<br />
Silveira. Ele explicou que a FINAME, uma subsidiária do BNDES, fazia o financiamento<br />
de máquinas e equipamentos e que havia uma área de engenharia que fazia a<br />
avaliação desses equipamentos. Lembro que, no meu primeiro dia, quando eu entrei<br />
e vi aquele montão de papel, pensei: “Meu Deus do céu, não vou ficar um mês nesse<br />
negócio, isso não vai dar certo”. (risos)<br />
Luiz Antonio fala sobre a função para a qual foi direcionado e o que aprendeu.<br />
Entrei como assessor técnico na Divisão de Análise de Programa Especial e fiquei<br />
nessa área por quase dois anos fazendo a parte de avaliação de cadastro e análise<br />
das operações cursadas no Programa Especial. Estávamos no boom da implantação<br />
das siderúrgicas, dos programas Siderbrás e Eletrobrás. Tive a felicidade de
trabalhar com pessoas seniors de algumas empresas siderúrgicas – funcionários<br />
da Usiminas, da Cosipa, da CSN –, um pessoal com muita experiência que dava<br />
suporte aos iniciantes da FINAME, contextualizando, por exemplo, os principais<br />
equipamentos de uma siderúrgica e que tecnologias eram usadas. Aprendi muito<br />
com eles e talvez tenha sido uma das melhores fases da minha vida aqui. Depois<br />
fui trabalhar no Departamento de Operações, onde fiquei bastante tempo como<br />
gerente. Acabei acumulando outras funções, passando posteriormente a chefe<br />
de departamento e depois a superintendente. Trabalhei com os programas da<br />
FINAME pelo menos uns 20 anos, lidando com agentes financeiros e operações<br />
da rede bancária. A cultura do Banco é análise de investimentos; eles têm uma<br />
avaliação de projeto e de risco que é naturalmente muito mais longa; já a FINAME<br />
foi um instrumento criado em separado só para financiar a compra isolada de<br />
máquinas e equipamentos e desenvolver a indústria nacional de máquinas e equipamentos<br />
de uma forma mais rápida. Naquela época, a meta do departamento de<br />
operações era, em 48 horas, aprovar, liberar ou devolver a solicitação de financiamento<br />
encaminhada pelo agente financeiro. Foi uma fase de aprendizado muito<br />
boa, a FINAME tinha um número reduzido de funcionários, era como uma família,<br />
todo mundo se conhecia e trabalhávamos como loucos. Eram muitos processos<br />
para credenciamento, muitos processos de consulta prévia, programa Siderbrás,<br />
expansão da Cosipa, expansão da CSN, implantação de Tubarão, financiamento<br />
de todos os equipamentos componentes desses grandes projetos. A avaliação de<br />
todos esses processos demandava muita dedicação e trabalho. Além disso, passamos<br />
por muitas fases, muitos planos econômicos. Com a inflação elevada, tivemos<br />
vários planos econômicos. As moedas também mudavam: cruzeiro, cruzado, cru-<br />
119
120<br />
zeiro novo, cruzado novo. Nessas ocasiões havia uma parada e os processos iam<br />
se acumulando. Em 1990, com a entrada do ex-presidente Collor, o Banco, por<br />
intermédio da FINAME, passou a apoiar dois novos setores: o comércio exterior e<br />
o agrícola. Primeiramente foi criado o programa pré-embarque e depois o pós-embarque.<br />
No final dos anos 1990 houve também a necessidade da implantação da<br />
parte eletrônica. Primeiro houve um convencimento da diretoria. “Ou nos modernizávamos<br />
e tornávamos eletrônico o processamento dessas operações, para que<br />
pudéssemos acompanhar a evolução tecnológica dos bancos, ou essas operações<br />
teriam um custo administrativo tão elevado para os bancos, que chegaria um momento<br />
em que não valeria mais a pena eles operarem. Passariam a ter um custo<br />
muito elevado em função desse custo administrativo.” Na época já estavam começando<br />
as operações bancárias via internet e nós estávamos ficando para trás. A<br />
implantação desse projeto deve ter levado uns quatro anos porque, além do nosso<br />
trabalho cotidiano, que já era pesado, havia esse trabalho em paralelo, que era a<br />
implantação da parte eletrônica. Em 2002 finalmente anunciamos para os bancos<br />
a implantação da PAC on-line. Cabe lembrar que, ainda na década de 1990, foi<br />
criada a Área de Operações Indiretas (AOI), que incorporou as linhas FINAME, o<br />
BNDES Automático e o Credenciamento de Fabricantes. Em 2003, saí da FINA-<br />
ME, que já era a AOI, e ingressei na área de comércio exterior como chefe de<br />
departamento. Em 2004 passei a ocupar novamente o cargo de superintendente.<br />
Combinei com o meu chefe, na época, de ficar apenas seis meses para reestruturar<br />
a área, mas acabei ficando quase seis anos. Em 2010 deixei a superintendência,<br />
voltei a ser técnico e passei a ser uma espécie de advisor senior da turma nova<br />
da área de comércio exterior, e foi outra fase muito legal. Em dezembro 2012 me<br />
Em 2002 finalmente anunciamos para os bancos a<br />
implantação da PAC on-line. Cabe lembrar que, ainda na<br />
década de 1990, foi criada a Área de Operações Indiretas<br />
(AOI), que incorporou as linhas FINAME, o BNDES<br />
Automático e o Credenciamento de Fabricantes.
aposentei e em 2013 já estava empregado no setor privado, em uma empresa<br />
de engenharia. Na época tive alguns convites de grandes empresas. Atualmente<br />
trabalho na área internacional da empresa, com financiamento a projetos de infraestrutura<br />
no exterior. O fato é que estou nessa área graças a toda expertise que<br />
acumulei trabalhando no Banco.<br />
Naturalmente, a maior parte dos amigos<br />
que fiz no Banco é da FINAME, dado que são<br />
pessoas mais ou menos da minha faixa etária,<br />
com as quais convivi por muito tempo e que<br />
sinto como minha família.<br />
Depois de todos esses anos de trabalho, Luiz Antonio fala sobre o que leva afetivamente<br />
da <strong>Finame</strong>.<br />
A primeira coisa que vem à minha cabeça é um sentido de família. Quando trabalhei<br />
na área de comércio exterior do Banco, obviamente fiz grandes amigos que<br />
conservo com muito carinho, mas a FINAME tem uma característica adicional: tive<br />
chefes ótimos, mas eram chefes só formalmente, porque sempre fomos amigos, colaboradores<br />
uns dos outros, assim como meus pares e subordinados. Naturalmente,<br />
a maior parte dos amigos que fiz no Banco é da FINAME, dado que são pessoas<br />
mais ou menos da minha faixa etária, com as quais convivi por muito tempo e que<br />
sinto como minha família.<br />
121<br />
Luiz Antonio relembra alguns fatos interessantes e engraçados que marcaram a sua<br />
passagem pela FINAME.
122<br />
Depois da minha entrevista de admissão com o diretor executivo, a primeira recomendação<br />
dele foi que eu cortasse o cabelo e fosse trabalhar de terno. Assim que<br />
cheguei, o pessoal me fez correr todas as áreas da FINAME atrás de um tíquete que<br />
me daria direito a um lanche. Todas as pessoas a quem eu perguntava sobre o tal<br />
tíquete me repassavam a outra pessoa de outro departamento. Fui fazendo isso até<br />
chegar a um chefe de departamento, que falou: “Luiz, não tem isso de tíquete, não<br />
precisa de tíquete nenhum”. E eu ainda demorei para entender. Passei por umas 15<br />
pessoas e todo mundo rindo da minha cara. Era o trote! (risos) Nessa época, boa<br />
parte da equipe era nova, quase todos tinham entre 25 e 30 anos de idade, eram<br />
comuns essas brincadeiras e o pessoal mais senior também se divertia. Havia uma<br />
loja aqui no Centro que vendia umas brincadeiras, entre elas moedas que explodiam<br />
quando se retirava o peso de cima. Chamava-se Casa das Mágicas. Uma dessas<br />
moedas acabou no meio de alguns documentos que foram enviados à secretária<br />
da diretoria. Acho que esquecemos, não sei o que aconteceu. De repente, do nada<br />
escutamos um grito. O diretor, todo sério, saiu da sala e perguntou à secretária o<br />
que tinha acontecido e ela falou que não era nada. Mas era a moeda – ela levantou<br />
o documento, a moeda explodiu e ela levou um baita susto. (risos)<br />
Em 2010, quando passei a ser o senior da turma nova da área de comércio exterior, foi<br />
outra fase muito legal. Lembrei-me de quando entrei para a FINAME; eu me enxergava<br />
naqueles jovens. Quando me aposentei, eles escreveram as frases que eu costumava<br />
falar em vários papéis, com desenhos e caricaturas. Eles não sabem disso, mas mandei<br />
emoldurar tudo e está no meu escritório em casa. Era um ambiente de muito esforço;<br />
se precisasse virar a noite, nós virávamos sem problema. Porém, ao mesmo tempo,<br />
éramos uma família, nós nos tratávamos como irmãos, era muito bom.<br />
Em 2010, quando passei a ser o senior da<br />
turma nova da área de comércio exterior,<br />
foi outra fase muito legal. Lembrei-me<br />
de quando entrei para a FINAME; eu me<br />
enxergava naqueles jovens. Quando me<br />
aposentei, eles escreveram as frases que<br />
eu costumava falar em vários papéis, com<br />
desenhos e caricaturas.
Ricardo Augusto<br />
Garcia Marques<br />
123
Ricardo começou a trabalhar na FINAME não como funcionário, mas cedido pela<br />
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para cuidar dos assuntos da siderúrgica junto<br />
à FINAME, executando diversos trabalhos, tais como: Análise Técnica dos Pacotes<br />
apresentados, Pareceres de Enquadramento propondo as condições de financiamento,<br />
Elaboração de Certificados de Enquadramento e Análise de Propostas de<br />
Abertura de Crédito. Era o ano de 1979, época em que acontecia uma expansão da<br />
siderurgia nacional. Fazia também o Cadastramento de Fabricantes de Equipamentos<br />
e o Enquadramento de Consultas Prévias.<br />
124<br />
Trabalhou assim até dezembro de 1979, retornando à FINAME – agora como funcionário<br />
– em novembro de 1981.<br />
Em 1990, período do governo Collor, pessoas estavam sendo demitidas e Ricardo<br />
aceitou o plano de demissão, assim como outros colegas também o fizeram, acreditando<br />
que “as coisas fora estariam melhores, só que não estavam”, afirmou Ricardo.<br />
Apesar de ter sido anistiado posteriormente, demorou a retornar à FINAME.<br />
Eu fui anistiado, mas demorei quase 24 anos para<br />
voltar. Só voltei agora em julho de 2014.<br />
Eu fui anistiado, mas demorei quase 24 anos para voltar. Só voltei agora em julho<br />
de 2014.<br />
Quando foi chamado para retornar à FINAME, Ricardo já estava no Rio de Janeiro<br />
trabalhando no Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), desde 2009,
como Chefe de Gabinete do Reitor. Mas Ricardo e sua família moram em Vitória (ES),<br />
por isso ele passa a semana no Rio e vai para Vitória nos finais de semana.<br />
Engenheiro, Ricardo sempre trabalhou com credenciamento de fabricantes e análise<br />
de operações. Quando foi para a FINAME, cedido pela CSN, trabalhou com a análise<br />
de assuntos ligados à siderúrgica, fazia o cadastramento de fabricantes (hoje,<br />
chamado de credenciamento) que poderiam vender financiados pela FINAME e o<br />
enquadramento de consultas prévias, propondo as condições de financiamento.<br />
Quando voltei em 2014, vim para o mesmo lugar, no credenciamento de fabricante.<br />
125<br />
Quando voltei em 2014, vim para o mesmo lugar, no<br />
credenciamento de fabricante.<br />
Esse retorno ao mesmo cargo não foi coincidência.<br />
Os departamentos do Banco recebem o perfil das pessoas que estão retornando.<br />
Então, alguns chefes de departamento quiseram me entrevistar e um deles era do<br />
meu departamento – departamento de credenciamento de equipamentos. Lá dentro<br />
do departamento ainda trabalham três pessoas da minha época.<br />
Trabalhando com os setores de máquinas, ferramentas, equipamentos de corte térmico<br />
e soldagem, cerâmica branca/vermelha, tratamento de água/efluentes, filtros,
eficiência energética, moldes de injeção e matrizes, pintura industrial, tratamento<br />
de superfície e máquinas para madeira, Ricardo contou que é comum fazer viagens<br />
para visitar fabricantes e feiras. Essa prática já existia, mas eram poucas as<br />
empresas – diferentemente de hoje –, o que permitia dedicar mais tempo a cada<br />
uma. Sobre a participação em feiras, explicou que isso possibilita estreitar o relacionamento<br />
com os fabricantes, além de proporcionar aprendizado.<br />
126<br />
Nós vamos à feira para estreitar um pouco nosso relacionamento com os fabricantes;<br />
isso facilita para quando eles quiserem entrar em contato com o BNDES. Vamos<br />
também para aprender, ver os lançamentos, sempre tem palestras, workshops.<br />
O ambiente aqui é o melhor possível, gosto<br />
muito, tem tudo o que se precisa para desenvolver<br />
o seu trabalho.<br />
Sobre a relação de trabalho com a FINAME, o que Ricardo tem registrado em sua<br />
vida?<br />
O ambiente aqui é o melhor possível, gosto muito, tem tudo o que se precisa para<br />
desenvolver o seu trabalho.
A Reestruturação do Sistema<br />
BNDES<br />
Em 1990, ocorreu a reestruturação operacional no Sistema BNDES, na qual todas<br />
as funções corporativas (financeiras, administrativas, de planejamento estratégico<br />
e de representação externa) foram transferidas para o BNDES. A partir de então a<br />
FINAME passou a administrar diretamente apenas as suas atividades operacionais.<br />
Antes disso, cada empresa – BNDES, FINAME e BNDESPAR – possuía seus próprios<br />
departamentos, como departamento pessoal, almoxarifado etc., e diretorias, ocupando,<br />
inclusive, andares separados no prédio e tendo horários distintos de expediente.<br />
127<br />
Com a reestruturação houve uma fusão administrativa-operacional-física, ou seja,<br />
atualmente não há um espaço físico exclusivo para cada empresa; os departamentos<br />
e seus respectivos funcionários são mistos e os trabalhos, integrados.<br />
Atualmente há apenas 51 funcionários admitidos diretamente pela FINAME; o restante<br />
é contratado, por meio de concurso, pelo BNDES. Desde 1988 não há mais<br />
concursos para a FINAME e BNDESPAR, apenas para o BNDES, sendo os concursados<br />
lotados conforme a necessidade de cada programa.<br />
Em 2014, pelo Decreto nº 8.222, de 1 de abril, a sede da FINAME passou a ser em<br />
Brasília. Entre outras disposições, este decreto autorizou a FINAME a instalar ou<br />
manter agências, escritórios e representações no Brasil e no exterior.
Estrutura de gestão e<br />
organograma do Sistema<br />
BNDES*<br />
128<br />
Comissão de Valores<br />
Mobiliários (CVM) 8.1<br />
Conselho Monetário<br />
Nacional (CMN) 8.2<br />
Secretaria do Tesouro<br />
Nacional 8.3<br />
Superintendência de<br />
Seguros Privados 8.4<br />
Secretaria da Receita<br />
Federal 8.5<br />
Ministério<br />
da Fazenda 8<br />
Congresso<br />
Nacional<br />
(fiscalizador) 7 Banco Central<br />
(Bacen)<br />
(fiscalizador) 6<br />
Governo Federal<br />
(controlador e<br />
regulador) 1<br />
Ministério do<br />
Planejamento,<br />
Desenvolvimeno e<br />
Gestão 2<br />
Sistema<br />
BNDES<br />
Tribunal de<br />
Contas da União<br />
(TCU)<br />
(fiscalizador) 5<br />
Departamento de<br />
Coordenação e<br />
Governança das<br />
Empresas Estatais<br />
(DEST) 3<br />
Ministério da<br />
Transparência,<br />
Fiscalização e<br />
Controle<br />
(fiscalizador) 4<br />
Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/Governanca_Controle/Estrutura_de_Gestao/index.html#.
1. A União Federal (pessoa jurídica de direito público representante do governo<br />
federal) é controladora do BNDES, ou seja, detém a totalidade das 6.273.711.452<br />
ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, que compõem o capital social<br />
subscrito do BNDES. As atividades do BNDES são supervisionadas diretamente pelo<br />
Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior. O Governo Federal atua também<br />
como regulador das atividades do BNDES, por meio, principalmente, do Ministério<br />
da Fazenda e do Ministério do Planejamento.<br />
2. Unidade do governo federal diretamente responsável pela supervisão das atividades<br />
do BNDES.<br />
129<br />
3. Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST):<br />
acompanha o desempenho econômico e financeiro do BNDES, além de elaborar e<br />
acompanhar o Programa de Dispêndios Globais (PDG) e a proposta do Orçamento<br />
de Investimentos (OI) do BNDES.<br />
4. Fiscaliza e avalia a execução de programas de governo. Orienta tecnicamente<br />
e avalia o trabalho da Auditoria Interna do BNDES. Realiza auditorias e avalia os<br />
resultados da gestão dos administradores do BNDES.<br />
5. Recebe, analisa e julga a prestação de contas dos administradores do BNDES. Demanda<br />
informações e realiza auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do<br />
Congresso Nacional. Avalia a legalidade da contratação e aposentadoria de todos<br />
os empregados do BNDES. Fiscaliza a aplicação dos recursos da União repassados<br />
ao BNDES.
130
6. Regula e supervisiona a atuação de todos os bancos brasileiros, inclusive do<br />
BNDES, determinando procedimentos e regras de operação.<br />
7. Solicita ao TCU a realização de auditorias e inspeções no BNDES. Recebe periodicamente<br />
e emite parecer sobre relatório detalhado de todos os financiamentos do<br />
BNDES que usam recursos provenientes do Tesouro Nacional.<br />
8. Regula e orienta as atividades do BNDES por meio das seguintes unidades:<br />
8.1. O BNDES atua no mercado de capitais, por meio de sua subsidiária BNDESPAR,<br />
de acordo com as normas estabelecidas pela CVM.<br />
131<br />
8.2. Estabelece as diretrizes da política de crédito do banco. Ele é responsável, por<br />
exemplo, por fixar a taxa de juros de longo prazo (TJLP), uma das principais referências<br />
para o custo financeiro dos financiamentos do BNDES.<br />
8.3. O Tesouro Nacional é um dos provedores de recursos do BNDES, concedidos<br />
ao banco na forma de títulos públicos do tesouro. O Tesouro cumpre, ainda, outras<br />
funções relacionadas com o BNDES, como a definição de condições de crédito do<br />
BNDES ao setor público (empresas e órgãos das três esferas de governo).<br />
8.4. A Superintendência de Seguros Privados é responsável pela regulação do<br />
mercado de seguros brasileiro, inclusive aqueles usados na constituição de garantias<br />
dos financiamentos realizados pelo BNDES.
8.5. A Secretaria da Receita Federal é responsável pela administração dos tributos<br />
de competência da União, inclusive os previdenciários, e aqueles incidentes sobre<br />
o comércio exterior. O BNDES, seus clientes, seus fornecedores e demais parceiros<br />
devem estar em dia com suas obrigações tributárias junto à Receita Federal.<br />
132<br />
BNDES: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma empresa<br />
pública federal dedicada ao financiamento com longo prazo de pagamento. É o<br />
acionista único das demais empresas do Sistema BNDES.<br />
Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/Governanca_Controle/Estrutura_de_Gestao/index.html#.
FINAME: subsidiária do BNDES dedicada ao financiamento para produção e comercialização<br />
de máquinas e equipamentos. O capital social subscrito da FINAME está<br />
representado por 589.580.236 ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, de<br />
propriedade integral do BNDES.<br />
BNDESPAR: subsidiária do BNDES, dedicada ao fomento por meio de investimentos<br />
em valores mobiliários. O capital social subscrito da BNDESPAR está representado<br />
por uma única ação, nominativa, sem valor nominal, de propriedade<br />
do BNDES.<br />
133<br />
<strong>Finame</strong><br />
Conselho de<br />
administração<br />
Conselho fiscal<br />
Diretoria executiva<br />
Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/Governanca_Controle/Estrutura_de_Gestao/index.html#.
Conselho de Administração (posição em maio/2016)<br />
Composição (com respectiva instituição responsável por sua indicação)<br />
• Maurício Borges Lemos (Diretor-Superintendente da FINAME)<br />
• Luciano Galvão Coutinho (Presidente do BNDES)<br />
• Carlos Augusto Grabois Gadelha (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e<br />
Comércio Exterior)<br />
• João Alberto De Negri (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />
Exterior)<br />
134<br />
• Márcio Leão Coelho (Ministério da Fazenda)<br />
• Esther Dweck (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)<br />
• Carlos Buch Pastoriza (Vaga de representação alternada do setor industrial, dos<br />
bancos regionais e estaduais de desenvolvimento, dos bancos comerciais e dos bancos<br />
privados de investimento)<br />
Diretoria executiva (posição em maio/2016)<br />
Composição<br />
Mesmos integrantes da Diretoria do BNDES, da seguinte forma:<br />
Presidente<br />
Luciano Galvão Coutinho<br />
Vice-presidente<br />
Wagner Bittencourt de Oliveira
Diretores<br />
Roberto Zurli Machado<br />
Mauricio Borges Lemos<br />
Julio Cesar Maciel Ramundo<br />
José Henrique Paim Fernandes<br />
João Carlos Ferraz<br />
135<br />
Conselho Fiscal (posição em maio/2016)<br />
Composição<br />
• Membros efetivos<br />
– Presidente – Gustavo Saboia Fontenele e Silva (Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior)<br />
– José Eduardo Guimarães Barros (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />
Exterior)<br />
– Paula Bicudo de Castro Magalhães (Tesouro Nacional, indicada pelo Ministério<br />
da Fazenda)
• Membros suplentes<br />
– Manoel Augusto Cardoso da Fonseca (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e<br />
Comércio Exterior)<br />
– Poliana da Cruz Ramos (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />
Exterior)<br />
– Roberta Moreira Da Costa Bernardi Pereira (Tesouro Nacional, indicada pelo Ministério<br />
da Fazenda)<br />
136<br />
Atualmente, a FINAME se propõe principalmente a financiar, em médio e longo prazos,<br />
a aquisição de equipamentos e atuar exclusivamente por meio de uma ampla<br />
rede de agentes financeiros (mais de cem): companhias de crédito e financiamento,<br />
além de bancos de investimento, comerciais e de desenvolvimento.<br />
A atuação desta subsidiária e principal aplicadora de recursos do Sistema BNDES<br />
foi de grande valor para fazer escoar com facilidade a produção de equipamentos,<br />
beneficiando os compradores cujo acesso ao crédito bancário é mais difícil, especialmente<br />
em longo prazo. Em 1981, por exemplo, 40% do total aplicado pelo Sistema<br />
BNDES se deveram à FINAME. Desde sua criação até o início da década de 1980, o<br />
número de aprovações aumentou de 3.970 para 20.876. 3<br />
O gráfico demonstra a evolução dos desembolsos nominais da FINAME entre 1995 e<br />
2011. Na década de 2000, mais especificamente entre 2000 e 2015, os desembolsos<br />
da FINAME somaram quase R$ 500 bilhões, como mostra a Tabela.<br />
3 Dados de BNDES. 30 Anos de BNDES – Avaliação e Rumos. Rio de Janeiro: BNDES, 1982.
10.000.000.000<br />
9.000.000.000<br />
8.000.000.000<br />
7.000.000.000<br />
6.000.000.000<br />
5.000.000.000<br />
4.000.000.000<br />
3.000.000.000<br />
2.000.000.000<br />
1.000.000.000<br />
0<br />
dez/95<br />
set/96<br />
jun/97<br />
mar/98<br />
Desembolsos nominais<br />
(R$) de 1995 a 2011<br />
dez/98<br />
set/99<br />
jun/00<br />
mar/01<br />
dez/01<br />
set/02<br />
jun/03<br />
mar/04<br />
dez/04<br />
set/05<br />
jun/06<br />
mar/07<br />
dez/07<br />
set/08<br />
jun/09<br />
mar/10<br />
dez/10<br />
set/11<br />
137<br />
Tabela – Desembolsos dos programas FINAME de 2000 a 2015 – Valores nominais<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
jan/00 2000 1 188.815.087<br />
fev/00 2000 2 213.640.391<br />
mar/00 2000 3 239.239.025
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
abr/00 2000 4 241.317.602<br />
mai/00 2000 5 333.076.291<br />
jun/00 2000 6 353.103.451<br />
jul/00 2000 7 371.775.243<br />
138<br />
ago/00 2000 8 454.832.869<br />
set/00 2000 9 372.407.853<br />
out/00 2000 10 368.608.518<br />
nov/00 2000 11 264.191.868<br />
dez/00 2000 12 546.265.449<br />
jan/01 2001 1 355.292.559<br />
fev/01 2001 2 291.371.130<br />
mar/01 2001 3 426.120.558<br />
abr/01 2001 4 328.688.327
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
mai/01 2001 5 365.221.314<br />
jun/01 2001 6 395.152.654<br />
jul/01 2001 7 450.924.351<br />
ago/01 2001 8 514.045.383<br />
set/01 2001 9 505.528.587<br />
139<br />
out/01 2001 10 601.662.290<br />
nov/01 2001 11 476.392.501<br />
dez/01 2001 12 641.130.877<br />
jan/02 2002 1 484.090.548<br />
fev/02 2002 2 378.149.874<br />
mar/02 2002 3 551.867.164<br />
abr/02 2002 4 462.744.799<br />
mai/02 2002 5 562.678.986
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
jun/02 2002 6 469.361.549<br />
jul/02 2002 7 547.161.307<br />
ago/02 2002 8 685.973.073<br />
set/02 2002 9 570.052.900<br />
140<br />
out/02 2002 10 937.404.909<br />
nov/02 2002 11 385.959.107<br />
dez/02 2002 12 1.279.893.531<br />
jan/03 2003 1 348.172.202<br />
fev/03 2003 2 489.634.155<br />
mar/03 2003 3 538.025.176<br />
abr/03 2003 4 568.280.448<br />
mai/03 2003 5 717.484.524<br />
jun/03 2003 6 754.928.372
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
jul/03 2003 7 789.294.756<br />
ago/03 2003 8 714.509.107<br />
set/03 2003 9 887.434.808<br />
out/03 2003 10 1.043.444.563<br />
nov/03 2003 11 936.792.147<br />
dez/03 2003 12 799.661.547<br />
141<br />
jan/04 2004 1 870.242.964<br />
fev/04 2004 2 900.844.254<br />
mar/04 2004 3 606.149.095<br />
abr/04 2004 4 866.672.598<br />
mai/04 2004 5 767.219.506<br />
jun/04 2004 6 833.993.723<br />
jul/04 2004 7 1.007.614.125
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
ago/04 2004 8 955.907.492<br />
set/04 2004 9 1.061.868.377<br />
out/04 2004 10 1.245.577.824<br />
nov/04 2004 11 1.200.911.426<br />
142<br />
dez/04 2004 12 1.127.795.330<br />
jan/05 2005 1 1.180.576.564<br />
fev/05 2005 2 823.935.028<br />
mar/05 2005 3 1.173.779.622<br />
abr/05 2005 4 1.001.899.649<br />
mai/05 2005 5 932.970.929<br />
jun/05 2005 6 1.225.108.981<br />
jul/05 2005 7 990.326.012<br />
ago/05 2005 8 1.093.112.751
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
set/05 2005 9 818.438.412<br />
out/05 2005 10 872.725.643<br />
nov/05 2005 11 798.820.475<br />
dez/05 2005 12 1.073.521.597<br />
jan/06 2006 1 1.095.876.728<br />
fev/06 2006 2 617.096.753<br />
143<br />
mar/06 2006 3 982.409.285<br />
abr/06 2006 4 862.045.734<br />
mai/06 2006 5 1.035.313.134<br />
jun/06 2006 6 1.026.792.534<br />
jul/06 2006 7 1.080.109.152<br />
ago/06 2006 8 1.123.985.148<br />
set/06 2006 9 1.086.254.415
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
out/06 2006 10 1.183.867.874<br />
nov/06 2006 11 1.306.187.546<br />
dez/06 2006 12 1.487.161.587<br />
jan/07 2007 1 1.257.171.908<br />
144<br />
fev/07 2007 2 895.628.307<br />
mar/07 2007 3 1.634.979.637<br />
abr/07 2007 4 1.357.201.273<br />
mai/07 2007 5 1.736.662.709<br />
jun/07 2007 6 1.765.055.629<br />
jul/07 2007 7 1.984.452.105<br />
ago/07 2007 8 1.662.370.755<br />
set/07 2007 9 1.622.119.135<br />
out/07 2007 10 2.771.389.831
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
nov/07 2007 11 1.914.001.472<br />
dez/07 2007 12 1.947.136.950<br />
jan/08 2008 1 1.675.388.919<br />
fev/08 2008 2 1.632.123.370<br />
mar/08 2008 3 1.884.341.696<br />
abr/08 2008 4 1.727.576.127<br />
145<br />
mai/08 2008 5 2.454.332.283<br />
jun/08 2008 6 2.008.192.904<br />
jul/08 2008 7 1.910.192.834<br />
ago/08 2008 8 2.649.259.175<br />
set/08 2008 9 3.326.385.621<br />
out/08 2008 10 2.595.821.679<br />
nov/08 2008 11 2.259.572.603
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
dez/08 2008 12 2.383.752.147<br />
jan/09 2009 1 1.704.435.651<br />
fev/09 2009 2 1.255.924.587<br />
mar/09 2009 3 1.908.989.706<br />
146<br />
abr/09 2009 4 1.813.045.512<br />
mai/09 2009 5 1.747.695.134<br />
jun/09 2009 6 1.726.533.829<br />
jul/09 2009 7 1.521.254.286<br />
ago/09 2009 8 1.899.589.258<br />
set/09 2009 9 2.095.325.172<br />
out/09 2009 10 2.723.399.524<br />
nov/09 2009 11 2.784.237.289<br />
dez/09 2009 12 2.947.160.960
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
jan/10 2010 1 4.070.981.375<br />
fev/10 2010 2 3.195.072.232<br />
mar/10 2010 3 4.046.888.056<br />
abr/10 2010 4 4.282.346.136<br />
mai/10 2010 5 4.424.682.822<br />
147<br />
jun/10 2010 6 5.076.594.118<br />
jul/10 2010 7 4.727.060.724<br />
ago/10 2010 8 5.026.350.117<br />
set/10 2010 9 4.176.393.871<br />
out/10 2010 10 3.883.277.047<br />
nov/10 2010 11 4.630.313.674<br />
dez/10 2010 12 5.181.709.736<br />
jan/11 2011 1 4.824.319.381
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
fev/11 2011 2 3.652.790.867<br />
mar/11 2011 3 3.859.547.178<br />
abr/11 2011 4 4.141.018.053<br />
mai/11 2011 5 4.488.515.576<br />
148<br />
jun/11 2011 6 4.622.511.484<br />
jul/11 2011 7 4.697.776.046<br />
ago/11 2011 8 4.595.364.410<br />
set/11 2011 9 4.569.566.647<br />
out/11 2011 10 4.304.119.770<br />
nov/11 2011 11 4.223.638.028<br />
dez/11 2011 12 4.421.289.244<br />
jan/12 2012 1 3.571.848.548<br />
fev/12 2012 2 2.838.061.208
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
mar/12 2012 3 3.199.177.485<br />
abr/12 2012 4 3.336.331.530<br />
mai/12 2012 5 2.827.311.916<br />
jun/12 2012 6 3.166.680.831<br />
jul/12 2012 7 3.719.024.910<br />
149<br />
ago/12 2012 8 3.898.293.504<br />
set/12 2012 9 3.250.232.225<br />
out/12 2012 10 3.818.523.281<br />
nov/12 2012 11 4.846.212.816<br />
dez/12 2012 12 5.108.660.645<br />
jan/13 2013 1 5.563.973.790<br />
fev/13 2013 2 4.672.357.555<br />
mar/13 2013 3 6.133.347.048
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
abr/13 2013 4 6.604.384.208<br />
mai/13 2013 5 6.521.675.418<br />
jun/13 2013 6 5.283.238.765<br />
jul/13 2013 7 5.985.819.811<br />
150<br />
ago/13 2013 8 5.878.495.464<br />
set/13 2013 9 5.394.005.059<br />
out/13 2013 10 5.709.341.028<br />
nov/13 2013 11 6.091.354.056<br />
dez/13 2013 12 6.621.619.615<br />
jan/14 2014 1 7.748.719.990<br />
fev/14 2014 2 6.391.307.323<br />
mar/14 2014 3 5.045.523.548<br />
abr/14 2014 4 3.842.632.411
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
mai/14 2014 5 3.847.065.758<br />
jun/14 2014 6 3.918.606.021<br />
jul/14 2014 7 5.053.243.071<br />
ago/14 2014 8 4.965.855.061<br />
set/14 2014 9 5.657.496.752<br />
151<br />
out/14 2014 10 5.404.314.086<br />
nov/14 2014 11 3.978.748.950<br />
dez/14 2014 12 8.917.037.134<br />
jan/15 2015 1 4.140.279.135<br />
fev/15 2015 2 3.299.101.937<br />
mar/15 2015 3 4.705.807.420<br />
abr/15 2015 4 2.224.466.922<br />
mai/15 2015 5 2.281.600.802
Continuação<br />
Ano Mês Desembolsos (R$)<br />
jun/15 2015 6 2.395.744.733<br />
jul/15 2015 7 2.093.715.570<br />
ago/15 2015 8 1.986.888.394<br />
set/15 2015 9 2.184.463.666<br />
152<br />
out/15 2015 10 2.860.557.764<br />
nov/15 2015 11 2.288.821.754<br />
dez/15 2015 12 2.269.536.627
Rede de Instituições Financeiras Credenciadas no Brasil<br />
(atualizada em junho de 2016)<br />
O regulamento da FINAME estabeleceu um sistema que se opera por meio de uma<br />
rede de agentes financeiros, com estrutura funcional simples e desburocratizada.<br />
• ABC-Brasil (http://www.abcbrasil.com.br/)<br />
• AFParana (http://www.fomento.pr.gov.br/)<br />
• AgeRio (http://www.agerio.com.br/)<br />
• Alfa BI (http://www.alfanet.com.br/)<br />
153<br />
• Alfa CFI (http://http//www.financeiraalfa.com.br)<br />
• Badesc (http://www.badesc.gov.br/)<br />
• Badesul (http://www.badesul.com.br/)<br />
• Banco do Brasil (http://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial)<br />
• Bancoob (https://www.bancoob.com.br/)<br />
• Banestes (http://www.banestes.com.br/)<br />
• Banpara (http://www.banestes.com.br/)<br />
• Banrisul (http://www.banrisul.com.br/)<br />
• Bansicredi (https://www.sicredi.com.br/)
• Basa (http://www.basa.com.br/)<br />
• BDMG (http://www.bdmg.mg.gov.br)<br />
• BI BM (http://www.bancoindustrial.com.br/Default.aspx)<br />
• BNB (http://www.bnb.gov.br/)<br />
• Bradesco BM (http://banco.bradesco/html)<br />
• Bradesco LS (http://banco.bradesco/html)<br />
154<br />
• BRDE (http://www.brde.com.br/)<br />
• BRP BM (http://www.brp.com.br/)<br />
• BTMU BR (www.br.bk.mufg)<br />
• Caixa (http://www.caixa.gov.br/)<br />
• Caterpillar BM (https://www.catfinancial.com)<br />
• Cecred (https://www.cecred.coop.br/)<br />
• Citibank BM (https://www.citibank.com.br/)<br />
• CNH BM (https://cnhindustrialcapital.com/)<br />
• CR Suisse (https://br.credit-suisse.com/)<br />
• Cresol Baser (http://www.cresol.com.br/)<br />
• Cresol SC-RS (http://www.cresol.com.br/)
• Daycoval BM (https://www.daycoval.com.br/)<br />
• Desenbahia (http://www.desenbahia.ba.gov.br/)<br />
• Desenvolve SP (http://www.desenvolvesp.com.br/)<br />
• DLL BM (http://www.bancodll.com.br/)<br />
• Guanabara BM (http://www.bancoguanabara.com.br/)<br />
• HSBC BM (https://www.hsbc.com.br)<br />
• ING Bank (http://www.ing.com/)<br />
• Itaú Unibanco BM (https://www.itau.com.br/)<br />
155<br />
• Itaucard BM (https://www.itau.com.br/)<br />
• Itau Leasing (https://www.itau.com.br/empresas/creditos-financiamentos/longo<br />
-prazo/leasing/)<br />
• John Deere BM (https://www.deere.com.br)<br />
• J Safra BM (http://www.safra.com.br/)<br />
• KDB BM (https://www.kdb.co.kr)<br />
• Mercedes BM (http://www.bancomercedes-benz.com.br/)<br />
• Mercedes LS (http://www.bancomercedes-benz.com.br/)<br />
• Moneo BM (http://www.bancomoneo.com.br/)
• MT Fomento (http://www.mtfomento.mt.gov.br/)<br />
• Paraná BM (https://www.paranabanco.b.br/)<br />
• Rabobank (http://www.rabobank.com.br/)<br />
• Randon BM (http://www.bancorandon.com/)<br />
• Rendiment BM (http://www.rendimento.com.br/)<br />
• Rodobens BM (http://www.rodobens.com.br/)<br />
156<br />
• Safra BM (http://www.safra.com.br/)<br />
• Safra LS (http://www.safra.com.br/)<br />
• Santander BM (https://www.santander.com.br)<br />
• Scania BM (http://www.scania.com.br/)<br />
• SG Brasil (http://www.sgbras.com.br/)<br />
• Stara Financeira (http://www.starafinanceira.com.br/)<br />
• Sumitomo (http://www.sumitomocorp.com.br/)<br />
• Tribanco BM (http://www.tribanco.com.br/)<br />
• Volkswagen BM (http://www.bancovw.com.br/)<br />
• Volvo BM (http://www.volvo.com.br/)<br />
• Votorantim BM (https://www.bancovotorantim.com.br)
Emilson Costa de Lima<br />
Anteriormente à sua contratação definitiva pela FINAME, Emilson passou um ano<br />
na Agência a serviço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), empresa em que, à<br />
época, ele trabalhava.<br />
Minha história na FINAME é interessante porque, até vir para cá, eu nem sabia<br />
de sua existência. Eu trabalhava em Volta Redonda, na CSN, e, naquela época, a<br />
FINAME mantinha muitos funcionários de outras empresas, as quais tinham um fluxo<br />
muito grande de projetos financiados pela FINAME. Além das atividades ligadas<br />
às empresas que representavam, essas pessoas exerciam outras atividades, ou seja,<br />
trabalhavam normalmente na FINAME. Em princípio, fui enviado pela CSN para ficar<br />
aqui por seis meses, porém esse tempo foi prorrogado por mais seis meses e, no final<br />
de um ano, fui convidado para ficar definitivamente na FINAME. Entretanto, como<br />
eu trabalhava em Volta Redonda, recebia uma ajuda de custo para trabalhar no Rio<br />
de Janeiro, que eu perderia se aceitasse a proposta da FINAME. Após algumas negociações,<br />
que culminaram em uma melhor proposta salarial, que levou em conta o<br />
meu tempo de formado e minha experiência anterior em fabricação de equipamentos,<br />
saí da CSN no dia 30 dezembro de 1980 e fui admitido na FINAME no dia 31.<br />
157<br />
O trabalho de Emilson na FINAME consistia, em um primeiro momento, em atividades<br />
relacionadas com o credenciamento de fabricantes. Em 1990 ele foi promovido
a gerente para exercer outra atividade, passando, então, a atuar promovendo a<br />
interface entre a FINAME e o BNDES.<br />
Era uma área diferente um pouquinho, era o antigo FINAME Especial, que não existe<br />
mais. O BNDES, antigamente, não financiava equipamentos. As operações de financiamento<br />
de equipamentos eram direcionadas para a FINAME, financiadas nas<br />
mesmas condições em que o projeto era financiado no BNDES. Então existia uma<br />
área que fazia essa interface, tinha uma equipe, e foi ali que me tornei gerente. Foi<br />
uma experiência muito legal. Treze anos bem vividos, de 1990 a 2003.<br />
158<br />
Após deixar a FINAME em 2003, Emilson atuou alguns anos em outra área do<br />
BNDES.<br />
Trabalhei na Área de Infraestrutura de 2003 até 2012. Em 2012, voltei para a Área<br />
de Operações Indiretas, sucessora da FINAME, para ficar mais um ano fazendo<br />
transmissão de conhecimento, pois estavam montando novas equipes. Também foi<br />
uma experiência boa, porque as pessoas que ali estavam tinham uma cabeça boa e<br />
puderam aproveitar minha experiência.<br />
O BNDES, antigamente, não financiava<br />
equipamentos. As operações de financiamento de<br />
equipamentos eram direcionadas para a FINAME,<br />
financiadas nas mesmas condições em que o projeto<br />
era financiado no BNDES.<br />
De acordo com Emilson, quando foi realizada a unificação dos planos de cargos e<br />
salários da FINAME, do BNDES e da BNDESPAR, houve mudanças estruturais na<br />
empresa, mas não no trabalho.
Tivemos algumas mudanças estruturais apenas. Às vezes mudava o chefe ou o<br />
superintendente, mas a equipe ia toda para lá ou para cá, não havia interferência.<br />
Houve mudança na forma de promoção, mas o trabalho não mudou nada. O que<br />
mudou mais foi quando o BNDES passou a financiar equipamentos, que foi em<br />
1997. Aí mudou porque deixamos de financiar os grandes projetos, mas ainda<br />
assim cabia à nossa equipe analisar se aqueles equipamentos eram credenciados<br />
ou não, se tinham conteúdo local adequado. E isso foi legal porque fez uma aproximação<br />
entre as equipes das áreas industriais e operacionais do BNDES e a área<br />
operacional da FINAME.<br />
159<br />
Trabalhei na Área de Infraestrutura, de 2003 até 2012.<br />
Em 2012, voltei para a Área de Operações Indiretas,<br />
sucessora da FINAME, para ficar mais um ano fazendo<br />
transmissão de conhecimento, pois estavam montando<br />
novas equipes.<br />
Emilson relatou que o relacionamento entre os funcionários da FINAME era estreito<br />
e que eles realizavam, inclusive, atividades fora da empresa.<br />
Quando cheguei na FINAME, o ambiente era muito íntimo, as equipes ainda estavam<br />
se formando, então havia muitas brincadeiras sadias, até infantis, que criavam<br />
um ambiente muito amistoso de trabalho. No final do ano tinha sempre uma confraternização,<br />
um futebol.<br />
Emilson participou de muitas viagens realizadas pela FINAME, que lhe proporcionaram<br />
grandes experiências.
160<br />
Como trabalhávamos financiando os equipamentos de grandes projetos, íamos até<br />
esses projetos para conhecê-los. Tivemos a oportunidade de conhecer alguns que<br />
estavam no início da implantação, como Carajás, e visitamos não só a mina de ferro<br />
e manganês, como também a ferrovia que liga Carajás a São Luís. Em 1980-81 visitamos<br />
Itaipu, que ainda estava em fase de implantação. Depois, numa outra fase,<br />
quando o BNDES já financiava os projetos, também visitamos a indústria automobilística<br />
e acompanhamos a sua expansão no Brasil. Além disso, visitávamos também<br />
os fabricantes para depois credenciá-los.<br />
Algumas histórias curiosas sobre as viagens nas quais Emilson esteve presente foram<br />
lembradas por ele.<br />
Tem histórias muito interessantes. Já saí corrido, por exemplo. Uma vez nós fomos<br />
visitar uma pessoa que queria se credenciar, mas, quando chegamos lá, estava tudo<br />
fechado. Um segurança veio nos atender e eu comecei a entrar para ver o que que<br />
tinha. Fui entrando, entrando... mas o cara foi me buscar lá dentro e tivemos que<br />
sair correndo porque ele nos ameaçou. (risos) De outra vez, havia uma operação<br />
de financiamento que era no mínimo estranha, pois era uma empresa de estacionamento<br />
comprando um molde industrial utilizado para injetar plástico. Achamos<br />
aquilo estranho e fomos visitar o fabricante, que virou a mesa e queria briga. Aí<br />
fomos visitar o comprador em São Paulo, mas o endereço ficava numa rua em que<br />
só havia lojas e não tinha ninguém com aquele nome. Uma confusão! Outras vezes<br />
Como trabalhávamos financiando os equipamentos<br />
de grandes projetos, íamos até esses projetos para<br />
conhecê-los. Tivemos a oportunidade de conhecer<br />
alguns que estavam no início da implantação, como<br />
Carajás, e visitamos não só a mina de ferro e manganês,<br />
como também a ferrovia que liga Carajás a<br />
São Luís.
íamos na empresa e o dono nos levava para outra. Um dia perguntei: “Aqui, onde<br />
estou pisando... Qual o CNPJ de onde estou pisando?”.<br />
Emilson guarda ótimas lembranças do tempo em que trabalhou na FINAME.<br />
Representa muito, porque eu passei mais da metade da minha vida aqui dentro.<br />
Passei minha juventude, casei, meus filhos nasceram. Então, tudo o que eu lembro<br />
da minha vida, em algum instante, mesmo nos pessoais, de alguma forma tinha um<br />
momento aqui dentro. Tudo o que eu tenho em termos financeiros, devo à FINAME,<br />
além do conhecimento que obtive. As pessoas aqui, de uma maneira geral, salvo raríssimas<br />
exceções, são de altíssimo nível – intelectual e de educação, principalmente.<br />
Então representa muito, porque tudo o que fiz foi baseado no trabalho que eu tinha.<br />
Na minha decisão de vir para cá pesaram duas razões: eu teria mais perspectivas do<br />
que onde eu estava e o ótimo ambiente de trabalho que aqui reinava.<br />
161
Jane Maria Coelho Duarte<br />
Jane foi admitida na FINAME em 1980, no cargo de assessor técnico, que era a<br />
nomenclatura utilizada para os cargos de nível superior.<br />
162<br />
Como eu era formada em Psicologia, com experiência na área de Recursos Humanos,<br />
fiquei lotada na Área de Pessoal da empresa. As atribuições do cargo eram:<br />
seleção de pessoal por meio de entrevista e aplicação das provas admissionais;<br />
treinamento, que na verdade era feito pela Área de Treinamento do BNDES – eu só<br />
fazia o encaminhamento; implantação do Sistema de Avaliação de Desempenho dos<br />
empregados, projeto que já estava em andamento, mas não implantado ainda. Então<br />
participei da finalização dos instrumentos que seriam utilizados nas avaliações<br />
e orientação/treinamento dos avaliadores e avaliados.<br />
O sistema de avaliação tinha algumas saídas importantes, como: verificação de<br />
necessidades de treinamento do funcionário e acompanhamento psicológico dos<br />
funcionários avaliados com uma baixa pontuação, o que demonstrava que sua performance<br />
não estava satisfatória para a sua chefia. Nesses casos era feita uma<br />
entrevista com o empregado para verificar se havia algum problema pessoal que pudesse<br />
estar interferindo na execução de suas tarefas, ou alguma situação conflitante<br />
com a chefia, ou mesmo com algum colega da área. Dependendo do diagnóstico,<br />
poderia haver indicação de terapia com profissional de fora da empresa, conversa<br />
com a chefia ou remanejamento de área.
163
164<br />
A última saída da Avaliação de Desempenho era a promoção do funcionário. Havia<br />
um percentual de promoções, estabelecido pela Norma de Promoções da Empresa,<br />
concedidas todos os anos. Para relacionar os funcionários “promovíveis”, era feita<br />
uma listagem por ordem decrescente com os pontos obtidos por eles na Avaliação de<br />
Desempenho. Os de maior pontuação, limitados a este percentual, eram promovidos.<br />
Após alguns anos fui eleita presidente da Associação de Funcionários da FINAME, mas<br />
continuei exercendo o cargo, paralelamente às funções da Área de Pessoal. Isso gerou<br />
alguns conflitos com a chefia e acabei sendo posta à disposição. A Diretoria então<br />
resolveu me deixar cedida à Associação, onde permaneci por 18 anos. Embora tenha<br />
tentado, a cada eleição, voltar para as atividades da empresa, por falta de nova chapa<br />
inscrita para candidatar-se às eleições da AFF, eu acabava continuando no mandato,<br />
sempre eleita por unanimidade dos votos ou maioria absoluta. A essa altura a FINAME<br />
já estava com as áreas operacionais unificadas com as do BNDES, então os cargos<br />
passaram a adotar a nomenclatura do novo plano de cargos e os funcionários de nível<br />
superior, os antigos assessores técnicos, passaram a ser nominados de acordo com sua<br />
formação, como, por exemplo, engenheiro, economista, psicólogo, e assim por diante.<br />
Jane conta que, no exercício da presidência da Associação, houve muitas situações<br />
de grande pressão, porque foi o momento da abertura política no país, quando<br />
começou a viger a legislação sobre as Negociações Coletivas de Trabalho, o que era<br />
até então impossível dentro do regime ditatorial.<br />
Éramos inexperientes no assunto, tanto nós, das associações, quanto a Diretoria da<br />
empresa. A AFF até então funcionava mais como um grêmio recreativo e, a partir da
Embora tenha tentado, a cada eleição,<br />
voltar para as atividades da empresa,<br />
por falta de nova chapa inscrita para<br />
candidatar-se às eleições da AFF, eu<br />
acabava continuando no mandato,<br />
sempre eleita por unanimidade dos votos<br />
ou maioria absoluta.<br />
abertura política, passou a dar mais ênfase às atividades de uma entidade de classe,<br />
atuando nessa área das relações trabalhistas. Fomos aprendendo juntos e construindo<br />
muitas vitórias, com grande ajuda dos companheiros das outras duas associações,<br />
principalmente da AFBNDESPAR, mas também da AFBNDES. Conseguimos implantar<br />
benefícios de que os funcionários do BNDES já usufruíam há muito tempo, mas os da<br />
FINAME ainda não, e, entre outros benefícios, passamos também a ter o mesmo plano<br />
de saúde. Vivenciamos a primeira greve geral do BNDES por ocasião da exigência de<br />
demissões do Plano Collor, que foi uma greve emocional, já que estávamos vendo<br />
nossos colegas sendo demitidos sem razão alguma, apenas para cumprir determinação<br />
de Brasília. Foi um dia histórico, com todo o corpo funcional do Sistema BNDES de<br />
mãos dadas cantando o Hino Nacional no térreo do EDSEJ. Depois dessa greve vieram<br />
outras, em geral na data base, em setembro, quando ocorrem as negociações coletivas.<br />
No coração de Jane, só coisas boas têm lugar quando se fala de FINAME.<br />
165<br />
Jane conta que, no exercício da presidência<br />
da Associação, houve muitas<br />
situações de grande pressão, porque foi<br />
o momento da abertura política no país,<br />
quando começou a viger a legislação<br />
sobre as Negociações Coletivas de Trabalho,<br />
o que era até então impossível<br />
dentro do regime ditatorial.<br />
Muitas experiências novas, muito aprendizado levado para a vida! Um dos maiores<br />
é o respeito à divergência de opiniões. Em várias ocasiões tive que defender com<br />
unhas e dentes causas que divergiam da minha própria opinião, mas que atendiam<br />
ao desejo da maioria daqueles a quem eu representava. Foi um privilégio trabalhar<br />
tantos anos nessa empresa, fazer tantos amigos – que se mantêm até hoje – e<br />
vivenciar por tantos anos o clima de união e amizade entre o corpo funcional da<br />
FINAME. Éramos uma família que trabalhava cheia de satisfação e alegria pelos<br />
excelentes resultados que a empresa obtinha e os elogios que recebia na mídia.
166<br />
Alex Soares da Silva
Alex entrou para a FINAME por meio de uma vaga que abriu para mensageiro. Na<br />
época era menor de idade e conta como se deu essa oportunidade.<br />
Devo isso à minha mãe, hoje aposentada.<br />
Foi uma oportunidade imperdível que ela viu<br />
para a minha vida toda. Fiquei 3 anos, dos 15<br />
aos 18 anos, como mensageiro e, depois de<br />
concursado, entrei como escriturário, passei a<br />
assistente técnico-administrativo trabalhando<br />
com análise de propostas.<br />
Quando abriu vaga para mensageiro, minha mãe, Dinorá, que já trabalhava na<br />
FINAME como Assistente Técnica, vislumbrou uma oportunidade e me indicou. Fiz<br />
uma prova interna e passei. Isso foi em 1988, eu estava com 14 para 15 anos. Entrei<br />
em janeiro de 1988 e, em fevereiro, fiz 15 anos. A proposta da FINAME era um contrato<br />
até que eu e os demais meninos completássemos 18 anos. Com a maioridade<br />
acabava o contrato e saíamos para servir ao Exército. Quando completei 18 anos,<br />
coincidiu de ter um concurso para assistente. Passei no concurso, sobrei no Exército<br />
e estou aqui até hoje.<br />
Alex agradece à Dinorá e fala da sua trajetória na FINAME desde a sua entrada,<br />
passando pela fusão até os dias de hoje.<br />
167<br />
Devo isso à minha mãe, hoje aposentada. Foi uma oportunidade imperdível<br />
que ela viu para a minha vida toda. Fiquei 3 anos, dos 15 aos 18 anos, como<br />
mensageiro e, depois de concursado, entrei como escriturário, passei a assistente<br />
técnico-administrativo trabalhando com análise de propostas. As propostas<br />
chegavam pelo agente financeiro, eram encaminhadas a um departamento da<br />
FINAME para ser feita a análise. Tudo era feito com máquina de escrever e de-
168<br />
pois começaram a surgir os primeiros IBMs, aquela telinha preta... E aí comecei<br />
a fazer essa inserção dos documentos no sistema. Com o tempo, passei a analisar<br />
as propostas. Começaram a surgir os computadores na mesa de cada um e,<br />
então, o pessoal analisava e inseria as propostas no sistema. Era basicamente a<br />
conferência da documentação, dos parâmetros de percentual, qual a atividade<br />
da empresa, onde ela se enquadrava na proposta do Banco, da FINAME, saber<br />
se o percentual que estava preenchido na Proposta de Abertura de Crédito estava<br />
de acordo com as normas do Banco e mais uma infinidade de conferências.<br />
Em 1992 houve a fusão. Eu estava na função de secretário de departamento.<br />
Da secretaria eu comecei a trabalhar com a parte de credenciamento de equipamentos.<br />
Eu dava suporte para o pessoal, cliente externo, que tinha dúvidas<br />
de como é que inseria, qual documento tinha que mandar para cadastrar os<br />
produtos. Fiquei com uma linha bem direta com o público externo mais a secretaria.<br />
Então, juntaram as duas coisas. Nesse meio-tempo, recebi um convite para<br />
ser encarregado de serviço no quadro do BNDES. O departamento criou então<br />
uma vaga na função de secretaria, que não existia, para que eu pudesse ficar lá.<br />
Fiquei mais um tempo até incorporar a função. Então, foi bom financeiramente.<br />
Por outro lado, continuei fazendo a função na FINAME, que eu conhecia bem.<br />
Era até legal porque eu já tinha o conhecimento do trabalho. Em várias reuniões<br />
de gerência eu era chamado para explicar aos representantes das empresas<br />
determinados procedimentos/preenchimentos do programa de CFI, que é um<br />
programa de cadastramento de fabricantes de produtos. Na época, era disquete.<br />
O pessoal dizia: “Como é que funciona?”, “Não está rodando” etc. Aí recebi um<br />
segundo convite e fui para a área do BNDES onde estou há uns oito anos. Sou<br />
Eu dava suporte para o pessoal, cliente externo, que<br />
tinha dúvidas de como é que inseria, qual documento<br />
tinha que mandar para cadastrar os produtos. Fiquei<br />
com uma linha bem direta com o público externo mais a<br />
secretaria. Então, juntaram as duas coisas.
funcionário da FINAME, mas FINAME e BNDESPAR não estão mais admitindo<br />
ninguém, então vai chegar uma hora em que todos vão se aposentar e essas<br />
empresas vão terminar. No momento estou como encarregado de serviço e,<br />
coincidentemente, continuo alimentando o sistema, principalmente a parte de<br />
contrato. Eu tenho que juntar as informações financeiras do contrato e jogar no<br />
sistema para todo o Banco ter acesso àquele contrato que entrou.<br />
Alex fala sobre o que mudou em 1992, quando houve a fusão.<br />
169<br />
Pessoalmente ou profissionalmente não houve<br />
alteração significativa para mim quando<br />
ocorreu a fusão. Nem para melhor nem para<br />
pior, foi tranquilo. Entretanto, achei interessante<br />
ter saído um pouquinho de dentro da<br />
FINAME para trabalhar no BNDES pelo fato de<br />
conhecer novos serviços.<br />
Para mim não mudou quase nada. Eu entrei quando já funcionava o prédio novo.<br />
Fisicamente eu mudei de sala. De tempos em tempos há uma reestruturação. Muda<br />
o chefe ou o superintendente. Cada um convida os seus para trabalhar e, eventualmente,<br />
há uma modificação de layout e você acaba mudando. Eu estava no 11º,<br />
agora estou no décimo primeiro, mas a área em si continua a mesma. Pessoalmente<br />
ou profissionalmente não houve alteração significativa para mim quando ocorreu a<br />
fusão. Nem para melhor nem para pior, foi tranquilo. Entretanto, achei interessante<br />
ter saído um pouquinho de dentro da FINAME para trabalhar no BNDES pelo fato<br />
de conhecer novos serviços. Andar pelo Banco e trabalhar com outras atividades é<br />
legal, porque percebemos que o que se faz lá atrás, no início, quando entra uma<br />
operação para análise, em determinado momento, passa por outros departamentos<br />
e começa a enxergar a coisa toda até ser liberado o recurso. Eu pego desde que a<br />
operação é enquadrada no Banco. Aí, ela sofre uma série de análises e, conjunta-
mente, está sendo cadastrada a empresa lá no trabalho que eu fazia anteriormente<br />
para, lá na frente, estar analisada e, se for o caso, aprovada.<br />
Alex lembra o que ficou marcado em sua vida nesses anos todos trabalhando na<br />
FINAME.<br />
170<br />
Muitas festas de final de ano. Chamávamos o grupo de” família FINAME”, porque<br />
nos considerávamos dessa forma, e não só como colegas de trabalho. Conheço a<br />
FINAME desde menino, mesmo antes de trabalhar. Minha mãe já trabalhava aqui,<br />
então eu já frequentava as festas de fim de ano. Íamos muito para sítios… Então,<br />
o que eu lembro é muito isso, integração do pessoal no final de ano. Para mim, só<br />
coisa boa, nada de negativo.<br />
Alex se emociona ao falar do que a FINAME significa para ele, o que ela representa<br />
para o seu coração.<br />
A FINAME faz parte da minha vida, confunde-se com<br />
a minha vida, porque desde criança eu já participava<br />
dela por intermédio da minha mãe. Eu acho que tudo<br />
o que tenho devo ao convite que ela me fez na época.<br />
Imagina, um garoto de 14 anos…<br />
A FINAME faz parte da minha vida, confunde-se com a minha vida, porque desde<br />
criança eu já participava dela por intermédio da minha mãe. Eu acho que tudo o que<br />
tenho devo ao convite que ela me fez na época. Imagina, um garoto de 14 anos…<br />
Minha mãe sempre ralou bastante, sempre foi muito batalhadora, com aquela men-
Eu nem pensava em trabalho e ela me ligou: “Olha, o<br />
que você acha? Tem uma oportunidade aqui para trabalhar<br />
como mensageiro na FINAME”. Eu tinha acabado<br />
de entrar de férias e falei: “Ah, mãe, quero não”.<br />
Ela disse que tudo bem e desligou. Um minuto depois<br />
ela retornou a ligação: “Amanhã você vem para cá,<br />
porque eu quero que você...”. E eu disse: “Está bom”.<br />
talidade: “Se eu posso dar para o meu filho a condição para ele estudar, eu vou fazer<br />
de tudo para ele estudar, não tem que trabalhar com 14 anos”. Mas, em determinado<br />
momento, ela enxergou que poderia ser uma oportunidade. Eu lembro que,<br />
na época, estava de férias da escola. Eu nem pensava em trabalho e ela me ligou:<br />
“Olha, o que você acha? Tem uma oportunidade aqui para trabalhar como mensageiro<br />
na FINAME”. Eu tinha acabado de entrar de férias e falei: “Ah, mãe, quero<br />
não”. Ela disse que tudo bem e desligou. Um minuto depois ela retornou a ligação:<br />
“Amanhã você vem para cá, porque eu quero que você...”. E eu disse: “Está bom”.<br />
Graças a Deus que ela fez isso. Tenho mais dois irmãos, mas eles não conseguiram.<br />
Eu sou o do meio. O mais novo tinha 12 anos, não tinha como, e o mais velho tinha<br />
16 para 17 anos – ia ficar um ano só na <strong>Finame</strong> –, então apenas eu estava na idade<br />
certa. E, graças à minha mãe, aqui estou eu até hoje.<br />
171
Dinorá Soares Maia<br />
Após o depoimento do filho Alex, Dinorá se anima em contar a sua história na<br />
FINAME e começa falando de como foi a sua entrada na empresa.<br />
172<br />
Eu trabalhei anteriormente em empresas grandes como Petrobrás, Eletrobrás, Light,<br />
Sempre como secretária contratada. Eu não podia ter emprego fixo por causa dos<br />
meus filhos, porque, se houvesse algum problema, eu podia negociar e sair. No caso<br />
da FINAME eu também fui contratava por um tempo, só que, durante esse período,<br />
abriu um processo seletivo na empresa. Era uma prova escrita e uma de datilografia,<br />
na qual tinha que dar 100 toques por minuto. Eu era muito boa nisso e passei. Entrei<br />
em 1980 e me tornei funcionária efetiva.<br />
Ser secretária sempre foi um sonho para Dinorá. Sonho realizado completamente<br />
na FINAME.<br />
Desde criança quis ser secretária porque minha madrinha era secretária na Marinha<br />
e eu tinha uma admiração enorme por ela. Só que, antes de realizar este sonho, eu<br />
trabalhei em loja, fiz tudo o que tinha que fazer, até porque casei, tive filhos, então<br />
temos que correr atrás mesmo. Eu sempre tive mais de um emprego. Quando entrei
para a FINAME, eu ainda não tinha uma situação financeira definida porque havia<br />
me separado recentemente, então também fazia trabalhos para um cartório. Eu tinha<br />
um chefe maravilhoso e, no horário de almoço, datilografava escrituras. Paralelo<br />
a isso eu também vendia sanduíche aqui na FINAME. Enquanto isso também fiz um<br />
curso de esteticista. Quando acabava o expediente eu ia para o salão de cabeleireiro<br />
trabalhar como esteticista até as 21 horas. Na época da fusão eu mudei de<br />
departamento porque mudaram todos os chefes. Quando entrei na FINAME, fui para<br />
o Departamento de Cobrança como secretária de gerente e cheguei à superintendência.<br />
Eu tinha que me aposentar com 55 anos, mas quando cheguei aos 50 anos<br />
fiquei muito doente e, como já dava para me aposentar pelo INSS, eu saí. Passei um<br />
ano me cuidando, sem fazer nada, depois entrei para o Projac, na Globo. Primeiro<br />
fui figurante e depois fiquei dez anos como motorista. Durante esse tempo, paralelamente<br />
trabalhei como esteticista e abri uma clínica, mas há 16 anos me aposentei.<br />
173<br />
Dinorá fala dos filhos, de como surgiu a ideia de colocar seu filho Alex para fazer a<br />
prova na FINAME e o que houve de gratificante nisso.<br />
Eu tenho três filhos. Aí surgiu uma oportunidade para o Alex fazer a prova porque<br />
estavam admitindo contínuos e ele já estava com idade para entrar no Banco. Na<br />
época ele morava com o pai, não queria fazer a prova, mas eu fui lá, peguei ele e<br />
falei “Você vai. Vai trabalhar lá onde eu trabalho”. Aí eu o trouxe, ele fez a prova<br />
e ficou, graças a Deus. Eu mostrei para o Alex: “Se você ficar aqui, você tem um
caminho, você pode fazer qualquer concurso, pode estudar”. E era uma época<br />
em que era fácil, que não tinha esse monte de gente para entrar. A gravidez do<br />
Alex foi a mais difícil. Eu ficava mais no hospital do que em casa, e quando ele<br />
nasceu, foi com fórceps. Passei a vida fazendo eletroencefalograma nele porque<br />
era calmo demais, uma criança quieta, na dele, e eu pensei: “Esse garoto tem<br />
problema porque nasceu com fórceps”. Mas ele foi o que me deu mais alegria,<br />
que completou os estudos.<br />
174<br />
Dinorá dedica muito carinho aos colegas e amigos que encontrou na FINAME e diz<br />
o que ficou no seu coração sobre isso.<br />
Eu tenho todo o carinho do mundo por isso aqui, que para mim é uma família. Eu<br />
convivi e continuo convivendo com eles, e eles também têm um carinho muito grande<br />
por mim. Se eu pudesse voltar atrás, eu voltaria a trabalhar aqui. Se houvesse a<br />
oportunidade de os aposentados retornarem a qualquer atividade, eu voltaria com<br />
prazer. Eu agradeço a Deus e à FINAME por tudo o que tive, tudo o que eu fiz. Eu<br />
me esforcei no meu trabalho e tudo o que eles me deram foi bom. Agradeço a Deus<br />
sempre, fui uma pessoa sofrida que recebeu essa graça.
Denise Soares Pires<br />
Denise trabalhava na Candelária, em um banco que ficava no 11º andar. A FINAME<br />
era no 12º andar do mesmo prédio e, por meio de uma amiga de faculdade, soube<br />
de uma vaga na empresa.<br />
Fiz a inscrição, a prova e logo depois eu fui chamada. Isso foi em 5 de agosto de<br />
1980. Comecei como escriturária nível 7 na Gerência de Serviços Gerais, com 21<br />
anos. Ainda estava no primeiro ano da faculdade de Administração quando entrei<br />
para a FINAME. O trabalho tinha tudo a ver, porque era contas a pagar. Eu emitia a<br />
autorização de pagamento de cheques, pagamento ao fornecedor e, ao final do mês,<br />
fazia os relatórios. Fiquei 10 anos nessa função. Depois, em 1992, fui convidada<br />
para ser secretária.<br />
175<br />
Denise reflete sobre o que mudou depois da fusão. Relembra os colegas de trabalho,<br />
seu relacionamento com seus superiores e o que foi bom.<br />
Eu trabalhava no Departamento de Serviços Gerais (Contas a Pagar), que acabou.<br />
Aí eu fui mandada para a ASPLA, a Assessoria e Planejamento, que hoje é o DESCO,
e estou lá há 27 anos. Por um tempo fui secretária de superintendente. A FINAME<br />
continua existindo como empresa, mas virou uma área do BNDES. Todos são muito<br />
antigos. Eu vou fazer 36 anos de FINAME. Todos vestem a camisa. Quando a gente<br />
vai ao jantar da FINAME é uma alegria, é muito gostoso estar junto, muito bom. Eu<br />
tenho muitas fotos antigas e recentes de almoços, cafés da manhã, festas, aniversários.<br />
Muitos colegas já se aposentaram.<br />
176<br />
Denise lembra alguns episódios marcantes que ficaram em sua memória nesses<br />
anos de trabalho na FINAME.<br />
Eu e Derly trabalhávamos com meninos que, na época, tinham 14 anos de idade,<br />
eram os mensageiros. Alguns ainda hoje estão no Banco, com cargo, já casados.<br />
Sempre olho para eles com muito carinho. Havia um colega que fazia desenhos,<br />
tipo charges. Ele tinha um painel na parede com um monte de caricaturas de todos<br />
os funcionários. Teve o caso também de um funcionário novo que não estava recebendo<br />
o sanduíche e falaram que ele tinha que fazer um memorando para pedir o<br />
lanche. Aí ele fez uma solicitação para pedir o sanduíche e falaram: “Tem que pedir<br />
a assinatura de fulano”. “Agora você tem que pegar assinatura de ciclano”. “Agora<br />
você tem que pegar de beltrano”. Quando ele se deu conta, viu que estava com<br />
um monte de assinaturas. No meu primeiro dia de trabalho, me mandaram pegar<br />
carbono pautado no almoxarifado. Era uma gozação. Eu só tenho recordações boas.<br />
Eu e Derly trabalhávamos com meninos que,<br />
na época, tinham 14 anos de idade, eram os<br />
mensageiros. Alguns ainda hoje estão no Banco.<br />
Sempre olho para eles com muito carinho.
Denise fala o que aconteceu em sua vida particular desde a sua chegada e o que a<br />
FINAME representa para o seu coração.<br />
Eu entrei aqui noiva, casei, estou com 35<br />
anos de casada, tive uma filha. Toda a minha<br />
vida eu agradeço à FINAME, ao BNDES.<br />
Eu entrei aqui noiva, casei, estou com 35 anos de casada, tive uma filha. Toda a<br />
minha vida eu agradeço à FINAME, ao BNDES. Eu consegui ter minha casa própria<br />
graças à FINAME e à FAPES. Eu morava de aluguel. Agradeço pelos amigos, porque<br />
o mais importante são as amizades que eu consegui construir nesses 36 anos. É isso<br />
que eu vou levar comigo. Eu faço o meu trabalho com muito amor, com dedicação,<br />
porque tudo que eu tenho hoje na minha vida pessoal agradeço à FINAME, ao<br />
BNDES, à FAPES. Quero agradecer a todos os chefes e a todos os colegas com os<br />
quais trabalhei porque contribuíram para o meu amadurecimento. Com todos, de<br />
certa forma, eu tive a oportunidade de aprendizado e crescimento. Então são coisas<br />
que eu vou levar comigo para o resto da vida.<br />
177
PROGRAMAS operacionais de<br />
financiamento de máquinas e<br />
equipamentos atuais (2016)<br />
178<br />
BNDES <strong>Finame</strong> — Financiamento de máquinas e equipamentos<br />
Financiamento, por intermédio de instituições financeiras credenciadas, para a produção<br />
e aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação<br />
novos, de fabricação nacional e credenciados no BNDES.<br />
As operações de financiamento são realizadas de forma indireta, apenas por meio<br />
de instituições financeiras credenciadas ao BNDES.<br />
O BNDES <strong>Finame</strong> divide-se em linhas de financiamento, com objetivos e condições<br />
financeiras específicas, para melhor atender às demandas dos clientes, de acordo<br />
com a empresa beneficiária e os itens financiáveis.<br />
• Aquisição e Comercialização de Bens de Capital (BK Aquisição): financiamento<br />
para a aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação<br />
nacionais novos, exceto ônibus, caminhões e aeronaves.<br />
• Aquisição e Comercialização de Ônibus, Caminhões e Aeronaves Executivas (BK<br />
Aquisição Ônibus e Caminhões): financiamento para a aquisição e comercialização<br />
de ônibus; chassis e carrocerias para ônibus; caminhões; caminhões-tratores; cavalos<br />
mecânicos; reboques; semirreboques; chassis e carrocerias para caminhões, aí
incluídos semirreboques tipo dolly e afins; carros-fortes e equipamentos especiais<br />
adaptáveis a chassis (como plataformas, guindastes, betoneiras, compactadores de<br />
lixo e tanques); e aeronaves executivas. Todos nacionais novos.<br />
• Produção de Bens de Capital (BK Produção): financiamento de capital de giro destinado<br />
à produção de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação.<br />
BNDES <strong>Finame</strong> Agrícola<br />
Financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos, implementos agrícolas<br />
e bens de informática e automação novos, de fabricação nacional, credenciados no<br />
BNDES. As operações do BNDES <strong>Finame</strong> Agrícola também são realizadas por meio<br />
das instituições financeiras credenciadas.<br />
179<br />
BNDES <strong>Finame</strong> Leasing<br />
Financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática<br />
e automação novos, de fabricação nacional, credenciados no BNDES, destinados a<br />
operações de arrendamento mercantil financeiro ou operacional.
A FINAME e o metrô do Rio<br />
de Janeiro<br />
180<br />
Para a construção do metrô, o estado do Rio de Janeiro recorreu à FINAME, que<br />
cedeu financiamento para a grande obra. Os recursos eram concedidos, a partir da<br />
aprovação do empréstimo, em parcelas, conforme o “cronograma de liberação” feito<br />
previamente pelo tomador do empréstimo – no caso, o estado do Rio de Janeiro.<br />
O crédito era aprovado e os recursos eram liberados aos poucos, de acordo com a<br />
necessidade (a construção de um trecho, por exemplo). Não se tratava de uma operação<br />
única, mas de várias operações consecutivas e interdependentes.<br />
O agente financeiro responsável, que, naquela época, era o Banco do Estado do Rio<br />
de Janeiro (Banerj), pedia um determinado valor, já estimado e previsto no cronograma,<br />
e ocorria a liberação da parcela. Entretanto o estado só receberia a parcela<br />
seguinte se comprovasse a utilização da anterior com aquela finalidade específica.<br />
Só então estaria habilitado a resgatar uma nova parcela. Mas também era possível,<br />
sempre seguindo o cronograma, liberar várias parcelas juntas. Todo o previsto na<br />
contratação era fielmente seguido.<br />
Caso o valor solicitado a princípio fosse, por algum motivo, considerado insuficiente,<br />
sendo necessário um aporte de capital, ele não podia ser suplementado, ter-se-ia<br />
que realizar uma nova proposta, um novo contrato. Era possível fazer aditivos para<br />
mudar vários itens, menos o valor original, que não poderia ser modificado.
Valdir da Silva<br />
Valdir da Silva entrou para a FINAME quando ainda menor de idade. Ele conta como<br />
foi difícil trocar o sonho de ser músico pelo emprego ao atingir a maior idade.<br />
Eu entrei em 20 de fevereiro de 1984, como mensageiro. Minha mãe era costureira,<br />
meu pai era motorista de caminhão, então já se pensava em eu trabalhar para ter<br />
a minha renda. Por intermédio de um vizinho eu fui indicado para uma entrevista.<br />
Foram seis meninos para quatro vagas. Eu tinha todos os documentos: carteira de<br />
saúde, carteira de trabalho, CPF, identidade (documentos que me ajudaram muito),<br />
tudo tirado pela minha mãe. Aí fiz aqueles exames da época. Entrei para a FINAME<br />
com 14 anos, com contrato de quatro anos. Aos 18 anos, na época de servir às Forças<br />
Armadas, o país estava passando também por uma mudança na qual as estatais<br />
não poderiam mais contratar, o acesso teria que ser por concurso e, como nós já estávamos<br />
aqui, foi dada esta oportunidade de continuar na FINAME. Fiz um concurso<br />
interno, passei, dei baixa na Marinha e entrei como funcionário no setor de microfilmagem.<br />
Foi uma decisão difícil, porque eu tinha estudado a minha vida toda para<br />
ser músico da Marinha. Amigos do meu pai, que eram da Marinha, estavam nesse<br />
sonho comigo. Eu pensei: “Eu vou continuar na FINAME, se eu achar que não vai dar<br />
certo, eu posso depois entrar para a Marinha como civil”. Então fiquei, fiz faculdade<br />
e me formei em Administração. A coisa foi evoluindo de uma forma que eu acabei<br />
181
deixando de lado a música e nem como hobby ficou, embora o instrumento esteja<br />
até hoje guardado lá em casa. Eu não me arrependo. Foi ótima a minha decisão.<br />
Valdir explica como foi para a cabeça de um menino de 14 anos, que estava estudando,<br />
soltando pipa, ter que trabalhar e ter responsabilidade. Fala também da sua<br />
trajetória na FINAME durante todos esses anos.<br />
182<br />
Eu nunca tinha saído de São João de Meriti e vindo ao Centro do Rio de Janeiro.<br />
Quando o ônibus entrou na Praça Mauá e vi aqueles prédios imensos... Houve o baque<br />
de trocar o jogar bola e soltar pipa pelo trabalho, mas para mim foi muito legal.<br />
Ganhava um dinheiro imenso para um menino. Passei a ajudar na renda mensal da<br />
família, coisa que nunca me foi pedida. Foi muito legal, foi perfeito.<br />
Na época de mensageiro, em determinadas horas, ficava numerando páginas para a<br />
microfilmagem. Não deixava de ter uma responsabilidade, porque não podia pular<br />
página; para mim era um aprendizado. Quando voltei, efetivado como funcionário,<br />
preparava e numerava os documentos para posteriormente serem microfilmados e<br />
ainda havia a segunda parte, que era conferir documento por documento na leitora<br />
de microfilme para ver se estava microfilmado de forma correta. Fui aprendendo<br />
a parte de microfilmagem e fiz cursos. Fiquei nessa função durante uns dois anos.<br />
Em 1992, houve a fusão e eu vim trabalhar com a microfilmagem no Banco. Neste<br />
mesmo ano, fui para a Área de Administração e fiquei encarregado de uma equipe<br />
Eu nunca tinha saído de São João de Meriti<br />
e vindo ao Centro do Rio de Janeiro. Quando<br />
o ônibus entrou na Praça Mauá e vi aqueles<br />
prédios imensos... Houve o baque de trocar<br />
o jogar bola e soltar pipa pelo trabalho, mas<br />
para mim foi muito legal. Ganhava um dinheiro<br />
imenso para um menino.
contratada que era responsável pela movimentação dos móveis, mudança de layout,<br />
alterações de carpete, troca de divisórias, essas coisas. No final de 1993 vim para a<br />
área de Recursos Humanos com a função de assistente técnico-administrativo e, em<br />
1995, me tornei coordenador da folha de pagamento do Banco. Fiquei um período<br />
curtíssimo, de junho a outubro de 1995. Eu tinha 26 anos e fui considerado muito<br />
novo para exercer a função de coordenador. Foi a única vez que eu me aborreci no<br />
BNDES, porque era uma coisa que eu almejava e me achava bastante preparado.<br />
Eu quis sair e fui convencido do contrário. Em 2005 voltei a ser coordenador e<br />
fiquei até 2015, a meu pedido, e saí porque, para mim, era muito maçante, cansativo.<br />
É uma responsabilidade muito grande mexer com o dinheiro das pessoas.<br />
Já tive inimizades passageiras por causa de pagamentos errados. As pessoas não<br />
entendem e eu entendo que as pessoas não entendam. As pessoas dizem que eu<br />
sou uma das poucas memórias em atividade. Recorrem sempre para alguma história,<br />
alguma coisa que não lembram ou não acham em arquivo.<br />
183<br />
Já no terceiro mandato como Diretor Financeiro da Associação de Funcionários da<br />
FINAME (AFFINAME), Valdir fala dessa experiência.<br />
É muito gratificante participar da Diretoria da AFFINAME, trabalhar na Associação<br />
com pessoas que pensam da mesma forma que eu e com a mesma índole e ajudar a<br />
gerir uma Associação que nunca teve qualquer problema financeiro que a manchasse.<br />
Lidar com pessoas tem sido um novo aprendizado, uma responsabilidade nova.
Valdir relembra o que aprendeu e gostaria que ficassem registrados os fatos curiosos<br />
que marcaram a sua vida durante o seu tempo na FINAME.<br />
184<br />
Desde mensageiro, eu sempre transitei em tudo, inclusive junto aos diretores, e isso<br />
para mim foi um aprendizado muito legal na época de menino. Como mensageiro,<br />
tem-se a facilidade de se aproximar das pessoas e acabar participando, de alguma<br />
forma, da vida delas. Na época, tínhamos alguns serviços para serem feitos fora do<br />
BNDES. Às vezes, ia à casa de um diretor. Era uma coisa que um menino que veio<br />
do interior jamais pensou. Na FINAME aprendi que as coisas são mais fáceis do<br />
que pensava. A FINAME era como uma grande família. Talvez pelo tamanho, todos<br />
participavam praticamente de tudo ou quase tudo uns dos outros: quem estava começando<br />
a namorar, quem estava deixando de namorar, quem ganhou uma função,<br />
quem perdeu, quem brigou com quem. Era realmente uma grande família.<br />
Valdir lembra algumas brincadeiras que ocorreram.<br />
Desde mensageiro, eu sempre transitei em tudo,<br />
inclusive junto aos diretores, e isso para mim foi<br />
um aprendizado muito legal na época de menino.<br />
Como mensageiro, tem-se a facilidade de se<br />
aproximar das pessoas e acabar participando, de<br />
alguma forma, da vida delas.<br />
A FINAME distribuía lanche pela manhã e, por conta disso, o copeiro chegava bem<br />
cedo. Normalmente, quando chegávamos para trabalhar, os lanches já se encontravam<br />
sobre as mesas. Certo dia, o lanche não estava servido e foram procurar saber o<br />
motivo. O copeiro, que era um cara supermedroso, falou: “Eu não entro nessa copa”.<br />
“Mas por quê?”, perguntaram. No dia anterior, puseram em cima da bancada da
copa algumas fitas de máquina de escrever, daquelas vermelhas e pretas, além de<br />
vela e farofa. Quando ele abriu a porta e viu aquilo em cima da bancada, negou-se<br />
a entrar. “Eu não entro nessa copa, fizeram macumba para mim”. Foi muito riso<br />
e certo estresse, porque o chefe dele também queria saber quem foi. Nesse dia, o<br />
lanche saiu meio-dia, quase virou almoço. (risos) Também brincavam muito com os<br />
mensageiros: mandavam-nos buscar “borracha para apagar carbono” e nós, ingenuamente,<br />
íamos. Andávamos pelo prédio todo atrás dessa borracha. Por tudo isso,<br />
pelos anos que vivi nesta grande família, para o meu coração, a FINAME é 100%.<br />
Foi muito legal, aprendi e cresci muito.<br />
Por tudo isso, pelos anos que vivi nesta grande<br />
família, para o meu coração, a FINAME é 100%.<br />
Foi muito legal, aprendi e cresci muito.<br />
185
Neide de Lima Torres<br />
Neide entrou como digitadora contratada no BNDES depois foi para a FINAME como<br />
técnica de informática até ser secretária.<br />
186<br />
Eu não me lembro da data exata, acho que foi em 1985, 1986. Eu era contratada<br />
pelo BNDES e depois passei para a FINAME. A FINAME recolheu os funcionários<br />
contratados que o BNDES queria mandar embora. Uma parte foi para a BNDESPAR<br />
e outra parte para a FINAME. Como o cargo de digitadora havia sido extinto, passei<br />
a trabalhar na FINAME como técnica de informática, mas era a mesma coisa, só<br />
mudou o nome. Depois passei a ser secretária em vários departamentos até chegar<br />
à área de advogados do Banco, onde me aposentei em abril de 2008 com 33 anos<br />
de trabalho: 15 no BNDES e 18 na FINAME.<br />
Neide fala das mudanças ocorridas no BNDES com a fusão, das demissões em massa<br />
e da rivalidade entre os concursados e os contratados.<br />
Quando entrei para o Banco, ele era espalhado por núcleos. Tinha na Av. Presidente<br />
Vargas, na Av. Rio Branco etc. Eu entrei como contratada, mas os concursados não
gostavam muito dos contratados, pois achavam que nós tínhamos caído ali “por<br />
avião”. Havia muita rivalidade entre os concursados e os contratados, porque eles<br />
achavam que não havia concurso para a FINAME e a BNDESPAR. Mas nós fizemos<br />
prova, saiu até no Diário Oficial. Foi uma prova interna, mas fizemos. Houve uma<br />
época em que resolveram, no Banco, mandar as pessoas embora e começaram pelos<br />
contratados. Contrataram uma comissão para mandar as pessoas embora. Mandavam<br />
vir pessoas “de fora” para avaliar você aqui dentro. Esses absurdos. Pura<br />
politicagem. Na década de 1990, depois dessa demanda grande para a FINAME<br />
e a BNDESPAR, resolveram fazer a fusão. Falaram: “Acima de 15 anos é <strong>Finame</strong>”.<br />
Então, eu estava dentro. Não queria nem saber onde me colocariam, só não queria<br />
ir para a rua. Eu sempre gostei da <strong>Finame</strong>.<br />
187<br />
Neide conta histórias e fatos que achou engraçados e ficaram marcados na sua<br />
memória durante sua permanência na <strong>Finame</strong>.<br />
Em época de festa de final de ano, a FINAME sempre teve um carinho muito especial<br />
com os funcionários. As festas da FINAME sempre foram consideradas “de elite”. E<br />
isso é até motivo de orgulho, porque uniu o pessoal da FINAME.<br />
Certa vez houve um torneio de buraco no Banco e eu perguntei a uma colega se<br />
ela sabia jogar. Ela disse que sim e nos inscrevemos. Era um bando de homens e<br />
só nós duas de mulheres. O primeiro jogo nós ganhamos por WO, porque nosso
188<br />
adversário não compareceu. No segundo, eu falei: “Vai ter de novo, vamos ficar<br />
mais um tempo sem trabalhar”. Queríamos ter um descanso, porque digitar muito<br />
tempo dói a coluna, dói tudo, a cabeça fica a mil. Chegamos lá e me lembro que<br />
um dos adversários era japonês, jogava em cassino, e o outro era barbudo. Eu<br />
pensei: “Vou perder mesmo, então vou brincar com esses caras”. E falei: “Você vai<br />
perder porque tem o olho pequeno”, e para o outro eu disse: “Coloca sua barba<br />
de molho porque você vai perder”. Ganhamos. No final já estavam apostando em<br />
mim. Fomos eliminando, eliminando… Quando chegou a final, nossos adversários<br />
ficavam tentando descobrir qual era o nosso macete, só que não tínhamos<br />
macete! (risos) Nesse dia, parece que o torneio começou às 14 horas e eu senti<br />
que eles estavam brincando com a gente, porque tinham carta para bater e não<br />
as arriavam. Nós estávamos com um monte de canastras sujas, não podíamos<br />
bater. Só tinha uma possibilidade em uma canastra de espadas. No lugar da dama<br />
estava o duque. Se comprássemos a dama, faríamos uma canastra de mil. Eu pensei:<br />
“Vamos perder mesmo”. Quando eu comprei a dama de espadas, falei que<br />
estava com vontade de ir ao toalete e fiquei um tempão. Voltei e dei um sinal a<br />
ela de que estava tranquilo. Todo mundo disse: “Estamos apostando em vocês”.<br />
Meu chefe tinha apostado em nós duas, e dinheiro alto! Já estava escurecendo<br />
e aí nos impuseram um limite de tempo para terminar. Antes que eles batessem,<br />
tirei o curinga do local, coloquei a dama na canastra. Eu estava com um curinga<br />
na mão e ainda bati jogando outro fora. Foi uma farra. Até hoje eles acham que<br />
sabíamos de algum macete. Depois, eu falei com meu chefe que nós só descemos<br />
para jogar porque estávamos cansadas de trabalhar e queríamos um pouco de<br />
descanso. Ele não acreditava, achava que éramos profissionais. Nós eliminamos<br />
Todo mundo disse: “Estamos apostando em<br />
vocês”. Meu chefe tinha apostado em nós duas,<br />
e dinheiro alto! Já estava escurecendo e aí nos<br />
impuseram um limite de tempo para terminar.<br />
Antes que eles batessem, tirei o curinga do local,<br />
coloquei a dama na canastra. Eu estava com um<br />
curinga na mão e ainda bati jogando outro fora.<br />
Foi uma farra.
pessoas que jogavam em cassino! Sorte, tudo é sorte. Às vezes não é o saber nem<br />
a malandragem, mas é a sorte.<br />
Neide fala sobre o que significou a FINAME para ela e o que leva dela no coração.<br />
Levei muita coisa boa da FINAME. Na verdade, levei a melhor coisa da minha vida: a<br />
minha aposentadoria. Graças aos braços abertos da FINAME eu me aposentei. Toda<br />
vez que recebo meu pagamento, agradeço a Deus e ao apoio da FINAME. Sempre<br />
que peço ajuda, resolvem para mim. É tipo uma irmandade. Hoje sou de bem com<br />
a vida porque tive um ambiente de trabalho muito bom. Eles fizeram festa boa para<br />
mim quando me aposentei, sinto saudades.<br />
189
João Furtado de Aquino<br />
Antes de ingressar na FINAME, em 1975, João começou a trabalhar no BNDES<br />
como assessor do chefe do Departamento de Operações. O início de seu trabalho na<br />
FINAME se deu em 1996, quando a fusão do BNDES com a FINAME e a BNDESPAR<br />
já havia sido realizada.<br />
190<br />
Eu já trabalhava no BNDES e saí para trabalhar na FINAME, na assessoria do chefe<br />
do Departamento de Operações, que era o dr. Luiz Antônio de Araújo Dantas. Ele<br />
me convidou, eu aceitei e fui para lá. Eu tinha perdido meu cargo, ele me chamou<br />
e eu fui.<br />
Em seu trabalho na FINAME, João era encarregado de responder a correspondências<br />
e participar de feiras e eventos, que tinham o objetivo de informar sobre as linhas<br />
de financiamento da empresa.<br />
O Banco manda representantes para as feiras, em especial no caso da FINAME,<br />
que lida com equipamentos, máquinas e motores, no Brasil inteiro. Então íamos<br />
prestar esclarecimento sobre as linhas de financiamento, o que que era o produto
FINAME, como funcionava. Normalmente eram duas equipes por feira, uma abria e<br />
a outra fechava a feira – geralmente a feira vai de um domingo até o outro domingo,<br />
então uma pessoa perdia o domingo inicial e outra perdia o final de semana. Nós<br />
participávamos dessas feiras para dar informações a respeito dos produtos que a<br />
FINAME tinha e de outros produtos que o BNDES, porventura, também oferecesse.<br />
João participou de aproximadamente 12 feiras durante o período em que trabalhou<br />
na FINAME.<br />
191<br />
Eu fiz em torno de 10, 12 feiras pelo Brasil inteiro. Eu fui a duas feiras bem fortes<br />
ligadas ao agronegócio, uma em Ribeirão Preto e outra em Esteio, no Rio Grande<br />
do Sul, e feiras em Caxias, em São Paulo, várias na parte de rodoviária e ônibus e na<br />
parte de máquinas, equipamentos industriais e até hotelaria, porque há os equipamentos<br />
para hotel, como ar-condicionado, cozinhas industriais, essas coisas.<br />
O tempo em que João trabalhou na FINAME foi lembrado por ele com entusiasmo.<br />
O ambiente era muito bom, e o próprio chefe contribuía para que fosse assim,<br />
estimulando um convívio bastante saudável, com festas de aniversário etc. Além<br />
disso, tínhamos o nosso grupo, o “grupo do chá”, e foi isso que me fez me as-
192<br />
sociar à AFFINAME. No princípio, os sócios da AFFINAME eram funcionários que<br />
tinham sido admitidos pela FINAME. Eu, como não fui admitido pela FINAME,<br />
entrei para sócio da AFFINAME exatamente por participar desse”grupo do<br />
chá” – nós nos reuníamos uma vez por semana, normalmente às quintas-feiras,<br />
e vinham pessoas de todo o Banco, principalmente da FINAME, para conversar,<br />
trocar ideias, relaxar. As pessoas se divertiam bastante e ninguém deixava de trabalhar<br />
por isso. Os organizadores maiores eram do lugar que, talvez, precisasse<br />
de mais descontração, que era o setor de informática. Surgiu dali a necessidade<br />
de descontração desse grupo.<br />
João trabalhou na FINAME por aproximadamente três anos, e, após esse período,<br />
ocupou outras áreas do Sistema. Quando se aposentou, em 2011, João ocupava o<br />
cargo de chefe do Departamento Administrativo do Sistema, que englobava as três<br />
empresas que haviam se juntado.<br />
Primeiro eu fiquei muito ligado à parte operacional da FINAME, como gerente<br />
operacional, embora estivesse agregado como assessor. Como minha origem era<br />
o Banco, podiam achar que eu estava ali agregado ao gerente de operações para<br />
copiar as ideias, tomar o lugar das pessoas. Então pedi para ficar junto dos outros<br />
assessores, para evitar qualquer mal-estar. E foi muito bom, abriu mais as portas<br />
para mim dentro da FINAME. As pessoas achavam isso porque eu sempre tive<br />
um bom relacionamento com o chefe do departamento. As pessoas de baixo eu<br />
Eu fiz grandes amigos na FINAME. Eu diria que,<br />
talvez, entre todos os amigos que eu fiz no Banco,<br />
os mais próximos são da FINAME. Eu só tenho que<br />
exaltar a qualidade dos funcionários da FINAME e<br />
os amigos que eu fiz. Foi muito bom presenciar o<br />
grau de solidariedade dessas pessoas que estão<br />
sempre buscando ajudar umas às outras.<br />
Primeiro eu fiquei muito ligado à parte<br />
operacional da FINAME, como gerente<br />
operacional, embora estivesse agregado como<br />
assessor. Como minha origem era o Banco,<br />
podiam achar que eu estava ali agregado ao<br />
gerente de operações para copiar as ideias,<br />
tomar o lugar das pessoas. Então pedi para ficar<br />
junto dos outros assessores, para evitar qualquer<br />
mal-estar. E foi muito bom, abriu mais as portas<br />
para mim dentro da FINAME.
conhecia pouco, mas com os diretores eu tinha um bom relacionamento, então<br />
era normal a preocupação das pessoas. Dessa forma, tive que mostrar que eu<br />
estava ali para ser mais um, e não para tomar o lugar de alguém. Eu só queria<br />
fazer parte do time.<br />
João declarou que fez muitos amigos na FINAME e que os funcionários da empresa<br />
eram muito competentes.<br />
Eu fiz grandes amigos na FINAME. Eu diria que, talvez, entre todos os amigos<br />
que eu fiz no Banco, os mais próximos são da FINAME. Eu só tenho que exaltar<br />
a qualidade dos funcionários da FINAME e os amigos que eu fiz. Foi muito bom<br />
presenciar o grau de solidariedade dessas pessoas que estão sempre buscando<br />
ajudar umas às outras.<br />
193
194<br />
Roberto Wagner Caruso<br />
de Oliveira
Roberto entrou para a FINAME por meio de um concurso interno para uma vaga de<br />
escriturário no Departamento de Análise.<br />
Meu pai trabalhava no BNDES e me falou que tinha aberto um concurso interno com<br />
provas de datilografia, português e matemática. Passei e fui trabalhar no Departamento<br />
de Análise de Contratos de Pequenas e Médias Empresas da FINAME. Como<br />
na época ainda não éramos informatizados, usávamos calculadora, lápis, papel e<br />
caneta apenas. Fazíamos a análise da documentação e encaminhávamos para o<br />
setor de liberação. Depois de dois anos eu fui para o Departamento de Operações,<br />
que recebia as operações dos agentes financeiros.<br />
195<br />
Meu pai trabalhava no BNDES e me falou que<br />
tinha aberto um concurso interno com provas de<br />
datilografia, português e matemática. Passei e fui<br />
trabalhar no Departamento de Análise de Contratos<br />
de Pequenas e Médias Empresas da FINAME.<br />
Roberto relembra a sua trajetória na FINAME e os efeitos que o Plano Collor causou<br />
na vida dos funcionários.<br />
De 1986 a 1988, fiquei no Departamento de Análise. De 1989 a março de 1990,<br />
fiquei no DEPOP até o Collor vir com enxugamento de todas as estatais. As demissões<br />
foram antes da fusão, ocorreram entre março de 1990 e novembro de 1992.<br />
Quando o Collor sofreu o impeachment, o Itamar promulgou a Lei nº 8.878. Foi<br />
constituída uma comissão que avaliava as demissões conforme essa lei e verificava<br />
a possibilidade de anistiar ou não o ex-funcionário. Eu fui anistiado, mas só retornei<br />
em maio de 2004, porque o Fernando Henrique Cardoso, quando entrou, criou uma<br />
nova comissão que “desanistiou” muita gente. O governo dele foi todo esquemati-
zado para não haver anistia. Então, tivemos que entrar na justiça. Depois, o governo<br />
Lula reviu tudo, por meio de outra comissão, e teve um pessoal que retornou em<br />
2010. O governo da Dilma continuou a analisar os anistiados e algumas pessoas<br />
retornaram por meio da justiça.<br />
Roberto fala sobre o que fez durante o período em que seu processo ficou na Justiça<br />
até a sua volta em 2004 e o que as mudanças da fusão significaram para ele.<br />
196<br />
Quando saí, a ideia era ter um negócio próprio com um amigo de infância. Procurando<br />
franquias, batemos no Mc Donalds, mas nem chegamos a ser atendidos. No<br />
primeiro telefonema, a pessoa falou que tínhamos que ter cerca de quinhentos mil<br />
dólares na conta e sermos bem-sucedidos em um emprego executivo. O pai desse<br />
amigo era presidente da White Martins e ficou interessado. Tinha esse dinheiro e,<br />
com seus contatos, conseguiu uma entrevista. Em 1991 eles montaram um McDonalds<br />
em Vitória e me chamaram para fazer parte da sociedade, entrando com a<br />
mão de obra. Fui trainee durante oito meses. Depois passei para gerente da loja do<br />
Shopping Vitória, porque eles abriram outra. Fui supervisor de todas as lojas deles<br />
e voltei ao Rio para montar um restaurante, em 1994, em sociedade com um tio.<br />
Depois de dois anos e meio passamos o ponto e montei uma clínica de estética,<br />
onde fiquei por dois anos. Mais tarde, em Miguel Pereira, montei um jornal estilo<br />
Balcão. Um ano e meio, dois anos depois, vendi o jornal e fui para Arraial do Cabo<br />
gerenciar um hotel da Marinha durante uns dois anos e meio. Paralelamente, montei<br />
em sociedade uma empresa de eventos. Tirava por volta de seis mil reais e estava<br />
Quando saiu a anistia, minha vida estava toda<br />
estruturada, mas, mediante essa possibilidade<br />
do BNDES, que era muito bem falado na época,<br />
eu desfiz a sociedade, pedi demissão e vim.
Foi um período de ouro. Quando eu entrei, tinha<br />
21 para 22 anos. Fiz vários amigos, entre eles o<br />
Adilson – mas gostava de ser chamado de Rick –,<br />
que me apelidou de “duas semanas”, porque em<br />
duas semanas eu praticamente já sabia de todas<br />
as fofocas da empresa, já conhecia todo mundo.<br />
(risos) Foi um período muito bom.<br />
com uma possível candidatura para vereador de Arraial do Cabo. Quando saiu a<br />
anistia, minha vida estava toda estruturada, mas, mediante essa possibilidade do<br />
BNDES, que era muito bem falado na época, eu desfiz a sociedade, pedi demissão<br />
e vim. Mas vim sem saber quanto iria ganhar. Eu me lembro até hoje de quando<br />
me disseram o salário: “O seu salário vai ser 1.650 reais”. Quase eu caí para trás!<br />
Eu não sabia se chorava ou se ria. Foi terrível. Tive que procurar outra atividade que<br />
me ajudasse a manter o meu padrão de vida. Recorri a um primo que tem uma empresa<br />
de alumínio e comecei a visitar obras quase prontas oferecendo estruturas de<br />
alumínio. Até hoje acumulo os dois empregos. Quando voltei para o Banco, fui para<br />
o Departamento de Viagem. Fazia toda a prestação de contas das viagens que os<br />
funcionários faziam em treinamento, para participar de seminário etc. Fiquei lá cerca<br />
de um ano e meio. Depois, na área industrial, fui ser secretário do Departamento de<br />
Fármacos. Fazia análise e acompanhamentos voltados para a indústria farmacêutica.<br />
Com a fusão eu não voltei mais para a FINAME. Sou secretário da Superintendência<br />
há oito anos. Hoje o salário melhorou bastante, com as promoções, os biênios...<br />
197<br />
Roberto fala sobre o que ficou da FINAME no seu coração.<br />
Foi um período de ouro. Quando eu entrei, tinha 21 para 22 anos. Fiz vários amigos,<br />
entre eles o Adilson – mas gostava de ser chamado de Rick –, que me apelidou de<br />
“duas semanas”, porque em duas semanas eu praticamente já sabia de todas as<br />
fofocas da empresa, já conhecia todo mundo. (risos) Foi um período muito bom.
Amaury Barreto Aguiar<br />
A história de Amaury com a FINAME é longa, tendo se inicado quando ele ainda<br />
tinha 14 anos. Para começar a trabalhar na Agência, ele passou por entrevistas e<br />
exame admissional, em 1980, quando então passou a ocupar o cargo de mensageiro.<br />
Quando completou 18 anos, Amaury deixou a FINAME, mas teve a oportunidade<br />
de voltar a trabalhar na empresa em 1987, o que o deixou muito feliz.<br />
198<br />
Entrei em 11 de novembro de 1980, com 14 anos. O marido da minha irmã, que<br />
já trabalhava aqui e era funcionário de carreira, me apresentou para participar da<br />
seleção ao cargo de mensageiro, pois a FINAME contratava apenas meninos menores<br />
de idade. Fui selecionado e comecei a trabalhar. Eu já trabalhava antes sem<br />
carteira assinada e a oportunidade de ter um emprego melhor foi o que me trouxe<br />
para cá. Fiquei até fevereiro de 1984, pois, ao completar a maioridade, não poderia<br />
mais ocupar o cargo. Para mim, foi muito bom, ganhei experiência, manuseei muito<br />
documento. Quando saí, com 18 anos, fui servir ao Exército. Inicialmente, quando<br />
entrei para a FINAME, que, à época, localizava-se na Rua da Candelária, número 60,<br />
terceiro, parte do quarto e 12º andares. Eu trabalhava na Divisão de Serviços Gerais<br />
e o Hugo Sardenberg era o gerente. Passei um tempo fazendo só serviço interno,<br />
mas tinha o externo também, era um rodízio – ir a banco fazer os pagamentos da<br />
FINAME, fazer os pagamentos de pessoal, mas muito pouco. O volume maior mesmo<br />
era o serviço interno.
O trabalho de mensageiro, segundo Amaury, exigia muita responsabilidade, o que<br />
o fez ser muito grato à FINAME pela experiência que adquiriu durante o seu tempo<br />
de trabalho na agência.<br />
O BNDES ficava em vários locais. Tinha na Beneditino, 5; na Rio Branco, 110, mas a<br />
sede era na Rio Branco, 53. Levávamos muitos documentos nesses endereços. Nessa<br />
época, os computadores eram de grande porte havia uns cartões perfurados, com os<br />
quais a FINAME também trabalhava. Nós tínhamos que pegar e levar esses cartões<br />
para serem processados na Praça Tiradentes. Às vezes, eram caixas pesadas, porque<br />
continham formulários também, e aí tinha que chamar táxi. Outras vezes tínhamos<br />
que ir ao aeroporto Santos Dumont levar documentos também. Rodávamos o Rio<br />
todo. Tínhamos só 14 anos, mas muita responsabilidade. Por isso, para mim, foi<br />
extremamente importante essa parte de mensageiro, porque fui aprendendo a ter<br />
responsabilidade muito cedo.<br />
199<br />
Em 1986, a então presidenta da Associação de Funcionários da FINAME (AFFINAME),<br />
Jane Duarte, e o diretor financeiro, João Carlos, entraram em contato com a minha<br />
irmã perguntando se eu não tinha interesse em trabalhar na AFFINAME. Vim trabalhar<br />
na associação fazendo serviço de escritório e de contínuo. Aprendi muita<br />
coisa aqui também, como manusear documentos, entender de contas, contas da<br />
associação, conta corrente. Trabalhei apenas 11 meses, pois surgiu à oportunidade<br />
de fazer prova para escriturário da FINAME. Fiz a prova interna, passei por uma bateria<br />
de provas, exame psicotécnico e entrevistas e, para mim, foi uma glória voltar a<br />
trabalhar na FINAME. Isso aconteceu em março de 1987. Entrei como escriturário da<br />
FINAME e estou aqui até hoje. No ano em que entrei para a FINAME, entrei também<br />
para a faculdade de Ciências Contábeis..
Para ser admitido, Amaury participou de um concurso interno que contava com<br />
questões de português, redação e matemática, além da prova de datilografia, do<br />
teste psicotécnico e de entrevistas com chefes e a psicóloga da própria FINAME.<br />
Amaury entrou para a FINAME com 21 anos e, desde essa época, sempre se dedicou<br />
ao seu trabalho.<br />
200<br />
Entrei aqui com 21 anos como escriturário e, embora conhecesse todo mundo,<br />
eu estava verde para trabalhar em escritório. Tinha medo de fazer alguma coisa<br />
errada e ser demitido. Eu só sabia que não podia ser mandado embora porque<br />
era uma empresa muito boa, então tinha que ter dedicação. Por conta disso tudo<br />
e da minha dificuldade financeira e com meus pais, me agarrei àquela chance<br />
que, para mim, era a chance da minha vida. E foi realmente! À época tinha uma<br />
pessoa que trabalhava aqui e já era formada em Ciências Contábeis. Então fui<br />
admitido pela contabilidade e após houve a transferência para a divisão de Serviços<br />
Gerais, onde novamente com o Hugo Sardenberg foi meu chefe. O serviço na<br />
gerência não era complexo, mas tinha muita coisa para fazer. As contas de todos<br />
os telefones da FINAME eram controladas por nós, funcionários. Recebíamos<br />
umas 20 folhas de ligações dos ramais e tínhamos que identificar quem fez a<br />
ligação, se tinha sido particular ou a trabalho – se fosse a trabalho, a FINAME arcava;<br />
se fosse particular, tinha que cobrar do funcionário que a fez. Era um serviço<br />
bem pesado e cansativo porque não tinha computador. Eu também preparava<br />
as providências de viagens para todos os funcionários que necessitassem viajar<br />
a serviço, entre outros tantos serviços. Passei um tempo fazendo esse serviço e<br />
depois fui trabalhar no Arquivo Central, sob a supervisão da Regina Ribas, que<br />
também era da divisão de Serviços Gerais. Primeiro selecionava os documentos
Acho que dá uma satisfação muito grande<br />
quando você vê um trabalho concluído – porque,<br />
quando eu aprovo e libero um financiamento,<br />
penso em quantas pessoas estão envolvidas<br />
nele! Então a gente pensa: “Poxa, eu contribuí<br />
para isso”. E eu fico muito feliz, até hoje,<br />
quando passo por um empreendimento e vejo<br />
uma placa: “Aqui tem financiamento BNDES/<br />
apoio BNDES”. Sinto-me realizado.<br />
Entrei aqui com 21 anos como escriturário e,<br />
embora conhecesse todo mundo, eu estava<br />
verde para trabalhar em escritório. Tinha medo<br />
de fazer alguma coisa errada e ser demitido. Eu<br />
só sabia que não podia ser mandado embora<br />
porque era uma empresa muito boa, então tinha<br />
que ter dedicação.<br />
que precisavam ser microfilmados e depois os preparava para serem microfilmados.<br />
Depois disso, uma outra pessoa fazia a conferência da microfilmagem, para<br />
ver se tinha ficado nítida ou não. Trabalhei um bom tempo nesse setor. Depois<br />
fui para o Departamento Financeiro, que era na área das propostas de financiamento.<br />
Mas antes trabalhei arquivando os documentos – o agente financeiro<br />
encaminhava as propostas de financiamento (PACs) para a FINAME e, após a<br />
aprovação, elas eram arquivadas; quando encaminhavam o pedido de liberação,<br />
eu as pegava no arquivo, juntava com os pedidos de liberação e entregava tudo<br />
ao encarregado de serviço para que ele fizesse a distribuição para os analistas.<br />
Fiquei bastante tempo fazendo esse trabalho, até que houve uma oportunidade,<br />
em 1995, de sair da FINAME e trabalhar em outra área do o Banco. Trabalhei com<br />
a Solange Vieira, como secretário, sendo a melhor coisa que fiz. Eu falo para as<br />
pessoas que, para o meu aprendizado como funcionário, foi a melhor coisa, pois<br />
eu aprendi a trabalhar no Excel, no Word... Na época, foi criada a revista para<br />
falar e explicar a Cesta de Moedas, e Solange Vieira era a responsável por essa<br />
revista. Ela era a gerente do setor, portanto eu devia lhe dar suporte. Mas eu não<br />
tinha muito conhecimento, então, além de não saber falar inglês nem mexer no<br />
computador, eu tinha que acessar o terminal para fazer consulta de moedas de<br />
todo o mundo, e eu não sabia. Acontece que sempre fui muito esforçado, gosto<br />
muito de ajudar e me ofereci para auxiliá-la. Ela se sentou comigo, foi falando e<br />
eu fui escrevendo as siglas das moedas e dando meu jeito. Quando tinha dúvida,<br />
eu perguntava, e fui fazendo esse serviço. Claro que ela dava uma conferida,<br />
mas era muito mais fácil dar uma olhada rápida do que fazer tudo. Com aqueles<br />
dados ela fazia alguns gráficos comparativos, os quais passei a fazer também.<br />
Eu dava muito suporte e isso foi um grande aprendizado. Depois de dois anos,<br />
Solange foi cedida para o Ministério da Saúde – se não me engano – e eu voltei<br />
para a FINAME, para o arquivo de cadastro dos fabricantes. Passei um tempo<br />
201
202<br />
nesse setor, quando houve uma nova chance de virar secretário dentro da própria<br />
Área de Produtos Automáticos. Fiquei mais um tempo, até que houve outra oportunidade:<br />
eu estava notando que haveria algumas mudanças, que funcionários<br />
que tinham cargo de coordenador de serviço já estavam incorporando, e havia<br />
a possibilidade de novos funcionários assumirem os cargos. Aí eu conversei com<br />
meu chefe e falei que queria deixar de ser secretário para virar analista novamente,<br />
pois assim teria a possibilidade de virar coordenador e, como secretário, não.<br />
Ele concordou, eu deixei de ser secretário, perdi a comissão e virei analista. Após<br />
um ano de análise me olharam com bons olhos e virei coordenador. E fiquei como<br />
coordenador de serviço da parte de aprovação por aproximadamente cinco anos.<br />
E era também um trabalho complicado, não por ser difícil, mas pela quantidade.<br />
Eu tinha, por exemplo, que conferir o serviço de aproximadamente dez analistas.<br />
Após a minha conferência, ia para o gerente, que também fazia uma conferência.<br />
Na ocasião em que Fernando Collor se tornou presidente, a FINAME suspendeu a<br />
aprovação e a liberação de todos os financiamentos, e, com isso, o trabalho acumulou.<br />
Quando a situação foi normalizada, os funcionários realizaram um mutirão<br />
para colocar tudo em dia, e, segundo Amaury, apesar do grande volume de trabalho,<br />
a equipe não ficou contrariada por realizar esse expediente extra. Amaury afirmou<br />
ainda, que tinham orgulho de seu trabalho e da empresa da qual faziam parte.<br />
Acho que dá uma satisfação muito grande quando você vê um trabalho concluído<br />
– porque, quando eu aprovo e libero um financiamento, penso em quantas pessoas<br />
estão envolvidas nele! Então a gente pensa: “Poxa, eu contribuí para isso”. E eu fico
muito feliz, até hoje, quando passo por um empreendimento e vejo uma placa: “Aqui<br />
tem financiamento BNDES/apoio BNDES”. Sinto-me realizado.<br />
Após um ano de análise me olharam com bons<br />
olhos e virei coordenador. E fiquei como coordenador<br />
de serviço da parte de aprovação por<br />
aproximadamente cinco anos. E era também um<br />
trabalho complicado, não por ser difícil, mas pela<br />
quantidade.<br />
Na Associação, criamos alguns benefícios; outros,<br />
melhoramos. Procuramos fazer uma administração<br />
voltada para as necessidades dos associados. Se um<br />
associado chega com alguma ideia, nós a pegamos e<br />
trabalhamos para pô-la em prática. E tem dado certo!<br />
Em 2010, Amaury integrou a chapa Novos Rumos, que buscava assumir a administração<br />
da AFFINAME. A eleição foi bem-sucedida e Amaury se tornou vice-presidente<br />
da associação. O trabalho que desenvolve como vice-presidente também é motivo<br />
de orgulho para ele.<br />
Ganhamos a eleição em 2010. Fizemos algumas mudanças, como informatizar a<br />
associação. Recebemos muitos elogios até hoje. Tivemos uma reeleição em 2012,<br />
só para cumprir as exigências estatutárias, porque éramos chapa única. Em 2014<br />
fomos reeleitos, também sem outra chapa concorrente. Agora em 2016 teria nova<br />
eleição, mas no ano passado houve alteração no estatuto quanto ao período de eleição,<br />
que passou a ser de quatro em quatro anos. As pessoas têm gostado da nossa<br />
administração. Não que não gostassem das outras, afinal todos os diretores que<br />
aqui atuaram foram muito competentes. Se temos uma associação hoje sólida, embora<br />
pequena, é porque outros diretores fizeram bons trabalhos aqui. Então, quando<br />
nós chegamos, já tinha uma associação estruturada, com um bom fundo de caixa,<br />
o qual nós estamos mantendo. Criamos alguns benefícios; outros, melhoramos. Procuramos<br />
fazer uma administração voltada para as necessidades dos associados. Se<br />
um associado chega com alguma ideia, nós a pegamos e trabalhamos para pô-la em<br />
prática. E tem dado certo! Este projeto Memória FINAME, por exemplo, foi ideia do<br />
nosso presidente Jorge Henrique. Ele pontuou que, quando se coloca “FINAME” na<br />
internet, o que aparece é um produto do BNDES, mas não se vê quando a empresa<br />
203
foi criada, que foi por meio de um decreto. Então começamos a trabalhar em cima<br />
disso e hoje temos este projeto que vai eternizar a FINAME.<br />
Amaury disse ser muito grato à FINAME por todo o apoio concedido a ele e pela<br />
possibilidade de progredir na carreira.<br />
204<br />
Eu vim de uma família com bastante dificuldade financeira, comecei a trabalhar<br />
cedo para poder ajudar a minha mãe e meus irmãos, por isso tenho muita gratidão.<br />
Se eu tenho o que tenho de padrão de vida hoje, agradeço à FINAME. Mas<br />
eu gostaria de deixar registrada a minha especial gratidão a quatro pessoas. A<br />
Joe Satow, pois foi a pessoa que me apresentou para a seleção de mensageiros<br />
da FINAME; a Ivone Aguiar (minha irmã), pois sem ela não teria tido a oportunidade<br />
de conhecer o Joe Satow; a Jane Duarte, que eu chamo de “mãezona” e<br />
que foi minha chefe na Associação, pessoa responsável pela minha contratação<br />
na AFFINAME e, de forma direta, pela orientação para participar da seleção para<br />
escriturário, tendo sido realmente uma mãe para mim, que dava bronca quando<br />
era necessário, mas sempre com carinho; e a João Carlos, que era o diretor financeiro<br />
na época e que me empregou aqui na AFFINAME juntamente com a Jane<br />
Duarte. Jane e João foram essenciais para o meu retorno à FINAME por meio da<br />
minha contração pela AFFINAME.
Outros projetos financiados<br />
pela FINAME<br />
As linhas FINAME foram e são utilizadas em projetos espalhados por todo o território<br />
nacional. No estado do Rio de Janeiro, em se tratando de projeto de grande<br />
porte, além do Metrô Rio, houve Angra I e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).<br />
Vários setores, como o siderúrgico (Cosipa, CSN, CST, Usiminas), o elétrico (Furnas,<br />
Eletronorte, Itaipu, Belomonte), o de papel e celulose e o petroquímico se utilizaram<br />
das linhas FINAME, Programa Especial. Os projetos mais recentes foram financiados<br />
por meio das linhas do BNDES (Finem), observado o credenciamento de equipamentos<br />
da FINAME (CFI).<br />
205<br />
Embora o apoio aos grandes projetos seja importante, o principal mérito das linhas<br />
FINAME é o apoio às pequenas, médias e microempresas, que são as principais<br />
geradoras de emprego e renda para o país. 4<br />
4. ARAUJO DANTAS, L.A.; CARVALHO, E.L.M. Comunicação pessoal, 6 de agosto de 2016.
José Asdrubal Bezerra<br />
de Souza<br />
206<br />
Quando o engenheiro mecânico José Asdrubal chegou à empresa, em julho de<br />
1987, a FINAME era uma subsidiária do BNDES e funcionava por meio de cargo de<br />
confiança. Não havia concurso público para a FINAME, e as vagas eram preenchidas<br />
mediante indicações para processos seletivos. A experiência de José na indústria<br />
contou para que ele fosse contratado como analista de credenciamento.<br />
Inicialmente eles iam me colocar em “operações especiais” para lidar diretamente<br />
com certificação de equipamentos em projetos. Mas, quando viram meu currículo,<br />
constataram que eu já tinha experiência em indústria – primeiro trabalhei na<br />
indústria como técnico e, depois, como engenheiro – e detectaram que o melhor<br />
lugar para mim seria no credenciamento de fabricantes e seus produtos, porque lá<br />
precisavam justamente dessa experiência do analista.<br />
Para o credenciamento, era necessário que José analisasse documentos e, muitas<br />
vezes, ele e a equipe realizavam visitas em campo para uma verificação in loco,<br />
tanto das instalações industriais da empresa como da fabricação de seus produtos.
O credenciamento, na verdade, é um elo da burocracia com o campo industrial,<br />
ou seja, no credenciamento analisa-se uma documentação que é um conjunto<br />
de dados apresentados pela empresa. Se houver alguma dúvida, realiza-se uma<br />
visita in loco.<br />
O credenciamento era de suma importância para verificar se um produto era, de<br />
fato, de fabricação nacional, conforme os critérios vigentes, e a função de José era<br />
de extrema responsabilidade.<br />
207<br />
Como o produto é financiado utilizando recursos do FAT, que é o Fundo de Amparo<br />
ao Trabalhador brasileiro, existe um cuidado para saber se o produto é fabricado no<br />
Brasil com um percentual mínimo de nacionalização indicado conforme a política<br />
industrial naquele momento. Caso contrário, este dinheiro financiaria um produto<br />
importado, utilizando, assim, um dinheiro do operário brasileiro para financiar uma<br />
produção do operário estrangeiro.<br />
José conta que, na época, todos os recém-contratados eram recebidos pela presidenta<br />
da associação de funcionários da FINAME (AFFINAME), que esclarecia questões<br />
relativas à associação de funcionários, cuja filiação não era obrigatória.
A empresa é muito boa e, quando a nossa ex-presidenta Jane recepcionava os novos<br />
contratados, fazia questão de conversar com todos para esclarecer e informar acerca<br />
das vantagens de ser um associado da AFFINAME. A entrada na Associação era<br />
opcional, ninguém era obrigado a entrar.<br />
208<br />
Desde 1987 como analista da gerência de credenciamento da FINAME, José Asdrubal<br />
mostra-se satisfeito com a empresa e com os benefícios oferecidos. Ele cita<br />
a Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES (FAPES) como grande<br />
responsável pelo bem-estar dos funcionários.<br />
A FAPES é a fundação por meio da qual possuímos um plano de saúde, aposentadoria<br />
complementar, financiamentos imobiliário e particular, carro e outros benefícios.<br />
O ambulatório é aqui dentro do prédio e realiza exame periódico, consultas e atendimentos<br />
de emergência.<br />
A empresa é excelente, e isso também é de responsabilidade das associações, porque<br />
são elas que monitoram todo o bem-estar dos funcionários.<br />
O credenciamento, na verdade, é<br />
um elo da burocracia com o campo<br />
industrial, ou seja, no credenciamento<br />
analisa-se uma documentação que é<br />
um conjunto de dados apresentados<br />
pela empresa. Se houver alguma<br />
dúvida, realiza-se uma visita in loco.<br />
O engenheiro acredita que entrou tarde no mercado de trabalho, mas que a FINAME<br />
o acolheu.
A empresa é ótima, tem muitos recursos para nós, inclusive foi um dos motivos que<br />
me prenderam aqui – porque eu entrei já com 35 anos; antes eu ainda estava tentando<br />
uma boa colocação no mercado.<br />
A empresa é ótima, tem muitos recursos para<br />
nós, inclusive foi um dos motivos que me<br />
prenderam aqui – porque eu entrei já com 35<br />
anos; antes eu ainda estava tentando uma boa<br />
colocação no mercado.<br />
Apesar de ter assumido o cargo na FINAME por indicação, 30 anos atrás, José<br />
Asdrubal acredita ter tido reconhecimento profissional por parte da empresa.<br />
Não me arrependo em momento algum de ter ficado aqui, porque, como eu entrei<br />
por indicação, pode-se dizer que era um cargo político, sendo que poderia ser exonerado<br />
a qualquer hora. Com a criação do Sistema BNDES, passei a fazer parte do<br />
quadro de funcionários do Banco, o que findou determinando minha permanência<br />
no BNDES. Tenho 30 anos de Banco e com mais três anos devo me aposentar para<br />
dar oportunidade aos novatos que estão chegando ao BNDES.<br />
209
Marcelo Oliveira de<br />
Carvalho<br />
210<br />
No início da década de 1990, época em que ainda não se realizava concurso público<br />
para o preenchimento de vagas na FINAME, Marcelo foi admitido por meio de concurso<br />
interno e começou a trabalhar na agência como escriturário, função que, posteriormente,<br />
foi extinta. Como escriturário, Marcelo analisava propostas de financiamento preparadas<br />
por clientes e agentes financeiros, conhecidas internamente como PAC.<br />
É, existem vários campos no formulário da proposta que vêm previamente preenchidos<br />
pelo agente financeiro. Na época, ele preparava essa proposta e nos encaminhava.<br />
Chegando aqui, a gente via se os campos estavam corretos, se era realmente<br />
uma micro/pequena empresa, se era uma grande empresa, se era de médio porte, se<br />
tinha alguma pendência com comprador, se o fabricante estava cadastrado.<br />
Marcelo trabalhou nessa mesma área por 22 anos, e então passou a integrar a Associação<br />
de Funcionários da FINAME (AFFINAME), na qual ocupou o cargo de diretor.<br />
Após dois anos de trabalho, ele passou a fazer parte da área de TI.<br />
Eu fiquei na AFFINAME por um mandato de dois anos, depois saí.
211
Durante o tempo em que Marcelo trabalhou com análises de financiamentos, as<br />
atividades eram exercidas em um grande salão, que abrigava diversas pessoas, as<br />
quais trabalhavam juntas, eram muito unidas e formavam uma grande família.<br />
Levamos essa união até hoje!<br />
Marcelo relatou um caso curioso ocorrido há muitos anos, em Manaus, com alguns<br />
funcionários responsáveis pela análise das propostas de financiamento.<br />
212<br />
Há muitos anos houve um financiamento feito em Manaus, se não me engano, de<br />
umas balsas. O processo chegou e a parte documental foi conferida. Você analisa<br />
aqueles documentos, mas não é perito em assinatura para saber se verdadeira ou<br />
não. Se está carimbado, foi feito em cartório, o documento existe. Havia, inclusive,<br />
um documento oficial da Capitania dos Portos. Mas houve uma denúncia de que<br />
as balsas não existiam! Só queriam mesmo para pegar o financiamento, o dinheiro.<br />
Durante o tempo em que Marcelo trabalhou<br />
com análises de financiamentos, as atividades<br />
eram exercidas em um grande salão,<br />
que abrigava diversas pessoas, as quais<br />
trabalhavam juntas, eram muito unidas e<br />
formavam uma grande família.<br />
Segundo Marcelo, o trabalho que realizava na FINAME era bom, mas muito desgastante,<br />
e, por essa razão, só permaneceu no local por dois anos. Ele afirmou que<br />
gostava muito do atendimento às pessoas, mas que o contato com as instituições<br />
era muito complicado. Marcelo estava muito mais satisfeito trabalhando na área de<br />
TI, onde atuava na parte de manutenção de hardwares, sendo responsável, inclusive,<br />
pelas autorizações dos pedidos de acessos.
No momento eu trabalho com manutenção de hardware. Todos os equipamentos de<br />
hardware. Fax, impressoras, micros, notebooks, além de telefones celulares corporativos.<br />
Tudo que requer manutenção e também a presença de um técnico; no caso,<br />
é tudo comigo.<br />
A FINAME foi e é tudo para mim. É meu<br />
emprego, meu ganha-pão, é onde eu me<br />
dedico. Agradeço a todos os funcionários<br />
da FINAME.<br />
Com relação à fusão da FINAME com o BNDES e a BNDESPAR, Marcelo disse que<br />
algumas melhoras foram conquistadas, mas que não houve mudanças em seu trabalho,<br />
especificamente.<br />
213<br />
Houve umas melhoras que foram conquistadas na época, como o biênio, o plano de<br />
saúde. Mas no dia a dia, no trabalho, nada mudou.<br />
Marcelo trabalha na FINAME há 30 anos e realiza suas atividades com dedicação.<br />
Além disso, disse ser grato aos funcionários e declarou que a FINAME foi e continua<br />
a ser tudo na vida dele.<br />
A FINAME foi e é tudo para mim. É meu emprego, meu ganha-pão, é onde eu me<br />
dedico. Agradeço a todos os funcionários da FINAME. Infelizmente muitos aposentaram.<br />
Infelizmente não, bom para eles, né? (risos) Digo “infelizmente” porque a<br />
gente sente falta do convívio. Mas faz parte...
214
Jeanne Antunes Simas<br />
Jeanne estava desempregada quando um amigo lhe disse que faria inscrição na<br />
FINAME. Ela então pediu que ele também a inscrevesse e, em dezembro de 1987,<br />
Jeanne entrou para a FINAME como escriturária. Apesar de ter acumulado funções e<br />
de o trabalho ser volumoso e manual, Jeanne adorava o clima na empresa.<br />
Naquela época não tinha computador, era máquina de escrever – primeiro a elétrica<br />
215<br />
e depois a eletrônica, e, quando errava, tinha que bater tudo de novo. Era uma loucura!<br />
Mas eu amava o serviço que fazia, adorava as pessoas. Eram 157 funcionários<br />
e eu sabia o ramal de todo mundo de cor. Éramos uma família. Quando acontecia<br />
alguma coisa com um, todos se mobilizavam, todo mundo ajudava.<br />
Na época da fusão com o BNDES, Jeanne, como secretária, teve o difícil trabalho de<br />
bater as cartas de demissão dos funcionários.<br />
Quando vieram as demissões, pediram-me para bater as cartas de demissão do<br />
pessoal do BNDES, já que eu não conhecia ninguém de lá, portanto não falaria
com ninguém. Então eu já desci com esse peso de ter batido as cartas de demissão<br />
do pessoal.<br />
Mas Jeanne também encontrou na empresa o amor de sua vida, Jorge Henrique,<br />
com quem tem três filhos.<br />
216<br />
Eu e Jorge nos conhecemos fazendo os testes. Eu comecei a trabalhar na FINAME<br />
no dia 7 de dezembro de 1987 e ele, no dia 11 de janeiro de 1988 – no lugar do<br />
Armando, que trabalhava com folha de pagamento e havia feito uma prova para o<br />
Banco do Brasil e optado por trabalhar lá.<br />
Jeanne também trabalhou na Presidência como Secretária do Assessor, onde ficou<br />
por alguns anos. Mas aí começaram a chegar os filhos...<br />
Mas Jeanne também encontrou na empresa o<br />
amor de sua vida, Jorge Henrique, com quem<br />
tem três filhos. “Nós nos conhecemos fazendo<br />
os testes. Eu comecei a trabalhar na FINAME no<br />
dia 7 de dezembro de 1987 e ele, no dia 11 de<br />
janeiro de 1988”.<br />
Quando nasceu a primeira filha, fui trabalhar na Área de Planejamento como secretária;<br />
e quando veio a segunda filha, tive que deixar de ser secretária porque não<br />
conseguia mais conciliar os horários. Então preferi ser assistente técnica, pois teria<br />
mais condições de dar atenção tanto ao trabalho quanto às meninas. E aí veio o<br />
terceiro filho e fui para o “Fale conosco” do Banco, que também era ligado à presidência.<br />
Éramos cinco funcionários respondendo a todo tipo de pergunta.
Apesar de gostar do que fazia, Jeanne, depois de cinco anos respondendo às mais<br />
diversas e até estranhas perguntas, integrou a chapa vencedora da eleição da Associação<br />
de Funcionários da FINAME (AFFINAME) como diretora secretária, onde está<br />
atualmente.<br />
A primeira palavra que brota na mente de Jeanne e que melhor descreve seu sentimento<br />
pela FINAME é “família”.<br />
Um ambiente bom, de ajuda, de orgulho, porque é um trabalho ótimo, é muito<br />
família. Gosto muito, me sinto em casa, é um lugar que me faz bem. Agradeço a<br />
todas as pessoas com quem trabalhei e, principalmente, a Deus, porque acho que<br />
nada é por acaso – se parei aqui é porque havia um objetivo a cumprir neste lugar<br />
e com essas pessoas.<br />
217<br />
A primeira palavra que brota na mente de<br />
Jeanne e que melhor descreve seu sentimento<br />
pela FINAME é “família”.<br />
Um ambiente bom, de ajuda, de orgulho,<br />
porque é um trabalho ótimo, é muito família.
Jorge Henrique Velloso<br />
Jorge Henrique, vindo de experiências em empresas privadas, sentiu uma grande<br />
diferença quando entrou para a FINAME, em 1988.<br />
218<br />
Em 1988, por meio de um concurso de um ano antes, entrei para a FINAME. Já havia<br />
até me esquecido dele quando me convocaram. Era um concurso aplicado apenas<br />
para a FINAME, diferente dos moldes de hoje. Fiz uma prova aqui – na época,<br />
já era nesse prédio – e outra na FESP, uma dinâmica de grupo e uma entrevista.<br />
Estavam procurando alguém para a Divisão de Pessoal e, como possuía experiência<br />
na área de recursos humanos, fui indicado para trabalhar especificamente com<br />
a folha de pagamento. Lembro-me de que senti uma grande diferença, porque vim<br />
de empresa privada, que exigia demais, em que se fazia além do que se podia:<br />
era apenas um para fazer o trabalho de dois. Aqui, ao contrário, conseguíamos<br />
fazer um ótimo trabalho, porque tinha um número adequado de pessoas, com os<br />
recursos necessários e um excelente ambiente de trabalho, até pela tranquilidade<br />
do tipo: “Ah, aqui é uma empresa pública, você pode trabalhar tranquilo que está<br />
seguro”. Mas isso foi uma sensação passageira, porque, quando o ex-presidente<br />
Collor assumiu, fomos considerados marajás e uma das determinações dele<br />
foi de que se diminuísse em 30% o quadro de funcionários da empresa. Toda<br />
aquela segurança acabou para todos os concursados da FINAME, do BNDES e da
BNDESPAR, e isso era inédito. Até então, para ser demitido havia todo um processo,<br />
somente por razões muito graves. Na “era Collor” foi diferente, surgindo<br />
essa possibilidade de demissão. Isso aterrorizou as pessoas, todo mundo ficou<br />
apavorado, foi um grande rebuliço e um enorme clima de inquietação. O Banco<br />
conseguiu uma alternativa menos dolorosa, oferecendo o que chamamos hoje de<br />
PDV, que era um plus para quem quisesse se desligar voluntariamente. Como, na<br />
época, a situação financeira do país era muito ruim, muitos acabaram optando por<br />
sair para tentar outras coisas lá fora, como, por exemplo, abrir o próprio negócio.<br />
Isso facilitou a criação de uma lista de demissão. Foi uma época muito conturbada,<br />
consequência dessa desestabilidade, o que deixou as pessoas muito inseguras.<br />
Logo depois ocorreu a fusão das áreas administrativas do Banco, da BNDESPAR e<br />
da FINAME, foi quando meu departamento foi absorvido pelo Banco.<br />
219<br />
Jorge Henrique fala das mudanças ocorridas com a fusão e lembra as dificuldades<br />
encontradas para equalizar os procedimentos de recursos humanos.<br />
A Divisão de Pessoal da FINAME (DIVPE) foi sendo desfeita aos poucos. A ideia era<br />
juntar todas as informações de pessoal numa área só. Era como se pegássemos<br />
o nosso trabalho e tentássemos juntar com aquele que já acontecia no BNDES,<br />
e que não era igual. Os salários não eram iguais, a tabela salarial era outra, a<br />
classificação de cargos era diferente, a nomenclatura, as funções de cada cargo,<br />
as exigências dos cargos, os programas do Banco eram diferentes. Até os nossos
220<br />
horários eram desiguais. Na FINAME, o horário era bem rígido, das 9 às 17 horas,<br />
com inflexível uma hora de almoço, e, no Banco, bem mais maleável. Nós éramos<br />
completamente independentes, apesar de nos espelharmos no Banco, porque, afinal,<br />
estávamos todos aqui dentro. Essa fusão foi muito boa para a FINAME, que<br />
sempre foi muito pequena, com, no máximo, 160 funcionários no auge do funcionamento.<br />
Fundindo com o BNDES, ganhamos força, foi criado um novo plano<br />
de cargos, o PUCS, e, da melhor forma possível, todos os cargos e funções foram<br />
igualados. Foi um trabalho em conjunto e nós conseguimos enquadrar e igualar<br />
tudo o que se tinha de direitos e benefícios na área de recursos humanos, e, por<br />
serem quadros distintos, era necessária a adesão das pessoas. Então, além de<br />
oferecer uma carreira muito melhor, o Banco deu um plus, ou seja, no enquadramento,<br />
você alcançava uma posição salarial a mais para aderir ao plano, tal qual<br />
uma promoção. Era mais um incentivo. O novo plano de cargos, consequência da<br />
fusão, trouxe de volta a sensação de “nunca vou perder o emprego”, uma melhora<br />
de salário e uma promissora progressão profissional.<br />
O novo plano de cargos, consequência da fusão,<br />
trouxe de volta a sensação de “nunca vou perder<br />
o emprego”, uma melhora de salário e uma<br />
promissora progressão profissional.<br />
Ainda na área de recursos humanos, Jorge Henrique migrou para o departamento<br />
dedicado ao treinamento de pessoal.<br />
Depois de um bom tempo já no BNDES, e ainda na área de Recursos Humanos, após<br />
a passagem pelo Departamento de Recursos Humanos (DERHU) fui atuar na área de<br />
desenvolvimento profissional, chamada DEDES, com treinamento de pessoal, prepa-
Uma mudança na estrutura organizacional<br />
na área de Recursos Humanos me levou a<br />
voltar para a nova FINAME, agora reduzida<br />
a uma diretoria do Banco, com funções<br />
especificamente operacionais, reforçando<br />
uma nova gerência e, depois, tratando dos<br />
primeiros passos do atual cartão BNDES.<br />
rando todo o processo para aperfeiçoamento dos funcionários. O Banco oferecia as<br />
condições para aprimoramento na carreira, melhorar dentro do que se fazia, além de<br />
cursos de relacionamento interpessoal e de liderança. A ideia era chegar a uma universidade<br />
corporativa, de forma a melhorar a qualidade do trabalho. Tratava-se de<br />
um conjunto de ações para valorizar o funcionário, fazê-lo crescer profissionalmente<br />
e, assim, trazer melhores recursos para o Banco. Eu trabalhava, especificamente, na<br />
parte administrativa dando suporte à equipe que contratava pessoal externo para<br />
ministrar os cursos. Uma mudança na estrutura organizacional na área de Recursos<br />
Humanos me levou a voltar para a nova FINAME, agora reduzida a uma diretoria do<br />
Banco, com funções especificamente operacionais, reforçando uma nova gerência e,<br />
depois, tratando dos primeiros passos do atual cartão BNDES. Voltei para o Banco na<br />
área de infraestrutura, secretariando a superintendência por cerca de quatro anos.<br />
Após, no Departamento de Gás e Petróleo (DEGAP) e, logo em seguida, fui para a<br />
área de planejamento. Nesta época, a informática começou a ficar mais presente e<br />
acessível no Banco e as informações começaram a ser colocadas no site.<br />
Então houve a transição de governo, em 2003, e eu estava na área de planejamento.<br />
Grande parte do meu departamento foi transferida para área social para atuar no<br />
incremento dos incentivos à administração solidária, por meio de cooperativas e associações<br />
de microempresários, criação de possibilidades e recursos para agricultores<br />
e pequenos empreendedores. Reuniram-se pessoas de várias áreas para fornecer<br />
o maquinário profissional para levar isso à frente. Só que fiquei por pouco tempo. A<br />
minha experiência em secretariado na diretoria do Banco, por conta das inúmeras<br />
substituições que exerci por lá, acrescidas do know-how adquirido na área de in-<br />
221
222<br />
fraestrutura, levou-me a uma nova fase. Precisavam de uma pessoa no Gabinete da<br />
Presidência; meu nome foi indicado e fui chamado para uma entrevista. Fui então<br />
secretariar o Chefe do Gabinete, passando, depois, a Secretário do Presidente. Um<br />
período de muito trabalho, muita pressão, mas altamente compensador em função<br />
do grande aprendizado, profissional e pessoal, que detive. Após sete anos no gabinete,<br />
concluí que havia chegado o momento de alçar novas perspectivas. Continuei<br />
trabalhando no gabinete da presidência, só que em outro setor. Hoje trabalho na<br />
Secretaria Geral, tratando da designação e do acompanhamento de todo o processo<br />
dos representantes do Banco em conselhos. O Banco tem representantes em vários<br />
conselhos de administração e fiscal de empresas externas e há vários grupos de<br />
trabalho que o Banco compõe, vários comitês internos e externos, e hoje esse é<br />
meu trabalho, acompanhar toda essa tramitação. É restrito, mais interno, mas que<br />
também é gratificante.<br />
Hoje na presidência da AFFINAME, Jorge Henrique pondera sobre os objetivos alcançados<br />
na sua gestão e os contratempos com os quais se deparou.<br />
Eu sempre participei da Associação, mas era assim: “Vamos montar uma chapa,<br />
mas falta um conselheiro. Jorge, você entra?”. Desta forma, participei do conselho<br />
fiscal e como diretor suplente, sem me dedicar integralmente, e sem nunca<br />
ter tido a intenção de me tornar presidente. A saída da secretaria da presidência<br />
possibilitou o surgimento da ideia. Alguns sócios, imbuídos do desejo de fazer<br />
Alguns sócios perguntaram: “Por que você não<br />
preside a AFFINAME?”. A semente foi lançada e<br />
essa ideia foi amadurecendo e, quando notei,<br />
já estava envolvido e indicado para presidente.<br />
Na verdade, eu não imaginava conseguir uma<br />
atuação tão boa como a que está acontecendo.
A Associação já era boa, mas lhe demos uma<br />
nova cara, criamos novas formas de integração e<br />
lançamos um site interativo. Profissionalizamos<br />
a administração, regulamentando tudo dentro da<br />
Associação, dando-lhe uma feição de empresa.<br />
algo diferente, modificar, dar uma nova cara para a Associação, uma nova forma<br />
de atuar, me perguntaram: “Por que você não preside a AFFINAME?”. A semente<br />
foi lançada e essa ideia foi amadurecendo e, quando notei, já estava envolvido e<br />
indicado para presidente. Na verdade, eu não imaginava conseguir uma atuação<br />
tão boa como a que está acontecendo. A Associação já era boa, mas lhe demos<br />
uma nova cara, criamos novas formas de integração e lançamos um site interativo.<br />
Profissionalizamos a administração, regulamentando tudo dentro da Associação,<br />
dando-lhe uma feição de empresa. Hoje ela tem regulamentos e normas para definir<br />
o que se faz. “Novos rumos”, este era o nome da nossa chapa na campanha<br />
eleitoral de 2010. Infelizmente ocorreram alguns adventos desagradáveis, que<br />
foram as questões judiciais que tivemos que enfrentar implicando diretamente<br />
a Associação e a mim, como presidente, e por aí adiante. Temos um estatuto a<br />
ser seguido, mas que nem sempre agrada a todos, causando divergências. No<br />
entanto, graças a Deus conseguimos provar que estávamos certos. Recentemente<br />
atualizamos o estatuto e uma das propostas foi estender o mandato de dois para<br />
quatro anos. E, como a quantidade de pessoas na ativa está cada vez mais reduzida<br />
– atualmente, 60% dos associados são aposentados –, o número de pessoas<br />
para montar uma chapa na próxima eleição será de sete, em vez dos dezesseis<br />
do estatuto anterior, o que vai facilitar o funcionamento da Associação. Apesar de<br />
termos associados aposentados na diretoria, na prática, normalmente é o funcionário<br />
ativo que toca a Associação, pois o associado aposentado não tem a mesma<br />
disponibilidade que o ativo, não podendo vir ao Banco com muita frequência para<br />
participar dos trabalhos e reuniões<br />
223
224<br />
Com a aproximação dos 50 anos da FINAME em 2016, comecei a buscar ideias para<br />
criar algum evento que contasse a sua história, fazer um registro de como tudo aconteceu.<br />
Comecei a pesquisar na internet e percebi que tudo relacionado com a FINAME –<br />
como funcionava, sua estrutura – estava perdido em algum lugar, e não era no Google.<br />
Sem contar que as pessoas que estão hoje na Associação e que participaram da história<br />
da FINAME também estão indo embora. Então pensei: “Caramba, o que está na memória<br />
das pessoas vai se perder também e não teremos mais como resgatar isso”. Desde<br />
a criação da FINAME, a cada encontro, os “finamenses” têm histórias a contar, engraçadas<br />
ou tristes, o que foi muito bom ou ruim, mas histórias que não se encontram em<br />
outro lugar, que não estão registradas. Daí surgiu a ideia de montar esse projeto para<br />
captar o sentimento e a percepção das pessoas com relação à FINAME: o que aprenderam,<br />
como cresceram – tanto financeiramente, quanto pessoal e profissionalmente. Não<br />
se pode dizer que alguém piorou. Muito pelo contrário, todos evoluíram, melhoraram e<br />
conseguiram seguir sua vida de um modo muito legal. Além disso, sempre achei bonita<br />
a integração das pessoas na nossa empresa. Então conversei com o pessoal da diretoria<br />
e falei: “Vamos catar tudo o que temos, juntar as pessoas e criar uma memória para a<br />
FINAME”. Todos apoiaram a ideia e se prontificaram a ajudar da melhor forma possível,<br />
tentando resgatar tudo de melhor, o sentimento, a sua importância na vida dos seus<br />
funcionários e na vida do país, pois ela foi e é muito importante para todos que cresceram<br />
por conta dos subsídios e programas da FINAME.<br />
Conheci a Jeanne no concurso que fizemos<br />
para entrar na empresa. O interessante é que<br />
a maioria das pessoas não consegue desvincular<br />
o casal e sempre perguntam pelo outro<br />
quando estamos sozinhos.<br />
Desde a criação da FINAME, a cada encontro, os<br />
“finamenses” têm histórias a contar, engraçadas<br />
ou tristes, o que foi muito bom ou ruim, mas<br />
histórias que não se encontram em outro lugar,<br />
que não estão registradas. Daí surgiu a ideia de<br />
montar esse projeto para captar o sentimento e a<br />
percepção das pessoas com relação à FINAME<br />
E a emoção vem à flor da pele quando Jorge Henrique fala sobre seu casamento e<br />
o que a FINAME representa na sua vida e no seu coração.
A FINAME tem muita importância na minha vida por vários aspectos. Tive um grande<br />
crescimento profissional, consegui chegar ao máximo possível. Consegui criar um<br />
grupo de amigos aos quais valorizo e que me valorizam também. Quando cheguei,<br />
estava separado e aqui me casei de novo. Conheci a Jeanne no concurso que fizemos<br />
para entrar na empresa. Depois que acabamos a prova, conversamos, saímos<br />
dali com outras pessoas, pegamos o ônibus juntos, cada um foi para o seu lado<br />
e nunca mais nos falamos. Mais de um ano depois fomos chamados, ela entrou<br />
em dezembro e eu, em janeiro do ano seguinte, e, por coincidência, na Divisão<br />
de Pessoal. Eu fui para a folha de pagamento e ela para o Fundo de Assistência<br />
Médica e Saúde, na sala ao lado. Em algum momento da vida resolvemos juntar os<br />
trapinhos e estamos juntos há 26 anos. O interessante é que a maioria das pessoas<br />
não consegue desvincular o casal e sempre perguntam pelo outro quando estamos<br />
sozinhos, porque estamos juntos na maior parte do tempo. A FINAME proporcionou<br />
essa suposta “coincidência” de sairmos de lugares completamente diferentes, não<br />
termos conhecimento algum sobre o outro, cairmos na mesma seleção e continuarmos<br />
juntos. Nossos filhos nasceram e cresceram aqui dentro. Considero essa relação<br />
de crescimento mais do que um trabalho, porque as pessoas aqui acolhem e apoiam<br />
umas às outras, e isso é muito bom.<br />
225
Agradecimento<br />
Ao ensejo, quero eternizar nesta obra o meu mais sincero e grandioso agradecimento aos diretores<br />
e conselheiros da nossa Associação, os quais, com muita dedicação e profissionalismo, conseguem<br />
manter acesa a chama de amizade e companheirismo que sempre existiu na nossa FINAME ao<br />
longo desses 50 anos. Obrigado e muitos anos de alegrias para todos nós!<br />
Jorge Henrique Velloso<br />
Presidente<br />
226<br />
Jorge Henrique Velloso<br />
Presidente<br />
Amaury Barreto Aguiar<br />
Vice-presidente<br />
Elcio Amiune<br />
Vice-Presidente Suplente<br />
Valdir da Silva<br />
Diretor Financeiro<br />
Alex Soares da Silva<br />
Diretor Financeiro Suplente<br />
Jeanne Simas<br />
Diretora Secretária<br />
Jose Alexandre Barbosa<br />
Diretor Secretário Suplente<br />
Rejane da Costa<br />
Diretora Social<br />
Claudia Rodrigues<br />
Diretora Cultural<br />
Roberto Pessanha<br />
Diretor de Esportes<br />
Gilmar Monteiro Coimbra<br />
Conselheiro Fiscal<br />
José Asdrubal de Souza<br />
Conselheiro Fiscal<br />
Orvinda Barroso<br />
Conselheira Fiscal<br />
Angela Cristina Leite<br />
Conselheira Fiscal Suplente<br />
Jane Duarte<br />
Conselheira Fiscal Suplente
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