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Finame

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Copyright© Associação de Funcionários da FINAME<br />

Projeto editorial e produção gráfica: Flor de Letras Editorial (www.flordeletras.com.br)<br />

Dados Internacionais de Catalogação (CIP)<br />

AF256<br />

Associação de Funcionários da FINAME - AFFINAME<br />

Memória <strong>Finame</strong> Jubileu de Ouro / Associação de<br />

Funcionários da FINAME - AFFINAME - 1a ed. -<br />

Rio de Janeiro : Flor de Letras Editorial, 2016.<br />

228p.<br />

1. Empreendimentos de negócios por indústria 2. Memórias<br />

I. Título<br />

ISBN: 978-85-92965-00-6<br />

CDD: 338.76<br />

CDU: 658:005.5<br />

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – por<br />

qualquer meio, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em<br />

sistema de banco de dados sem a expressa autorização da Associação de Funcionários da FINAME –<br />

AFFINAME – Rio de Janeiro, Brasil.<br />

2016<br />

Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.<br />

AFFINAME – Rio de Janeiro – Brasil


Sumário<br />

Apresentação......................................................................................................................4<br />

Memória FINAME...............................................................................................................6<br />

Antes do Início...................................................................................................................8<br />

FINAME: do Início e Avante............................................................................................11<br />

Depoimentos<br />

Márcia Regina Brandão...............................................................................................13<br />

Nanci Rodrigues Leite.................................................................................................16<br />

Humberto Coelho da Rosa..........................................................................................20<br />

João Flávio da Silva e Lucinda Gonzalez da Silva..........................................................22<br />

Financiamento de Máquinas e Equipamentos..............................................................24<br />

Depoimentos<br />

Hugo Emmanuel Pinheiro Sardenberg.......................................................................31<br />

Regina Ribas Costa Sardenberg.................................................................................37<br />

Ivone Hiromi Takahashi Saraiva.................................................................................40<br />

Vicinius Santiago Lamas............................................................................................44<br />

Renato José Cursinode Moura...................................................................................49<br />

Composição Estrutural da FINAME (1984)....................................................................53<br />

Unidades Organizacionais...............................................................................................55<br />

Organograma Geral da FINAME 1983...........................................................................57<br />

Atribuições Funcionais 1983..........................................................................................60<br />

Diretorias da Agência de Financiamento Industrial – FINAME, 1994 a 1997...........61<br />

Juntas de Administração da Agência de Financiamento Industrial –<br />

FINAME, 1995 a 1997......................................................................................................63<br />

Depoimentos<br />

Noeli de Lima Ravache..............................................................................................66<br />

Angela Cristina de Oliveira Leite................................................................................71<br />

Marcos da Costa Guaranho.......................................................................................76<br />

Edson Luiz Moret de Carvalho...................................................................................82<br />

Orvinda Alves Barroso................................................................................................88<br />

A FINAME na Mídia ao Longo do Tempo.......................................................................90<br />

Depoimentos<br />

Ada Maria Torres di Stasio.........................................................................................96<br />

Ana Maria Monerat Miranda...................................................................................101<br />

Eliana Martins..........................................................................................................106<br />

Galeria.............................................................................................................................108<br />

Depoimentos<br />

Luiz Antônio Araújo Dantas.....................................................................................118<br />

Ricardo Augusto Garcia Marques............................................................................123<br />

A Reestruturação do Sistema BNDES..........................................................................127<br />

Estrutura de Gestão e Organograma do Sistema BNDES.........................................128<br />

Rede de Instituições Financeiras Credenciadas no Brasil<br />

(Atualizada em Junho de 2016)............................................................................. 153<br />

Depoimentos<br />

Emilson Costa de Lima.............................................................................................157<br />

Jane Maria Coelho Duarte.......................................................................................162<br />

Alex Soares da Silva.................................................................................................166<br />

Dinorá Soares Maia.................................................................................................172<br />

Denise Soares Pires..................................................................................................175<br />

Programas Operacionais de Financiamento de Máquinas e<br />

Equipamentos Atuais (2016).........................................................................................178<br />

A FINAME e o Metrô do Rio de Janeiro.......................................................................180<br />

Depoimentos<br />

Valdir da Silva..........................................................................................................181<br />

Neide de Lima Torres................................................................................................186<br />

João Furtado de Aquino...........................................................................................190<br />

Roberto Wagner Caruso de Oliveira.........................................................................194<br />

Amaury Barreto Aguiar............................................................................................198<br />

Outros Projetos Financiados pela FINAME.................................................................205<br />

Depoimentos<br />

José Asdrubal Bezerra de Souza...............................................................................206<br />

Marcelo Oliveira de Carvalho...................................................................................210<br />

Jeanne Antunes Simas.............................................................................................215<br />

Jorge Henrique Velloso.............................................................................................218<br />

Agradecimento...............................................................................................................226


Apresentação<br />

No último ano, quando me dei conta de que, no próximo dia 2 de setembro de 2016,<br />

a Agência Especial de Financiamento Industrial – FINAME, criada pelo Decreto nº<br />

59.170/66, completará 50 anos de existência, percebi que 2016 teria um significado<br />

especial para os seus funcionários.<br />

4<br />

Imediatamente recorri aos meus pares da diretoria da Associação de Funcionários<br />

da FINAME (AFFINAME) em busca da melhor alternativa para tão importante comemoração.<br />

No entanto nos deparamos com a grande dificuldade de resgatar informações<br />

sobre a nossa empresa. A maioria dos sites de busca atrelava a palavra<br />

“FINAME” especificamente aos seus programas, alguns pendurados em agentes<br />

financeiros ou intrínsecos ao BNDES, como não poderia deixar de ser, já que a Agência<br />

é subsidiária do Banco.<br />

Mas não era só isso que buscávamos. Na verdade, queríamos ver a história da<br />

FINAME contada com o sentimento amoroso e agradecido daqueles que a construíram,<br />

que dedicaram a maior parte das suas vidas em prol do melhor desempenho<br />

da empresa. Queríamos falar do orgulho de fazer parte de uma instituição tão importante<br />

para o desenvolvimento do nosso país.<br />

Surgiu, a partir daí, a ideia da construção desta obra – sem muita pretensão, mas<br />

com muito sentimento. Então, no aniversário de 49 anos da FINAME, convocamos<br />

todos os “finamenses” a contribuírem nesta empreitada de registro da meritória<br />

representatividade desta empresa em nossas vidas e na de todos os brasileiros.<br />

E é o que se segue. Aproveitem nossa história. História de quem fez, faz e ainda fará<br />

um Brasil cada vez melhor.<br />

Jorge Henrique Velloso<br />

Presidente da Associação de Funcionários da FINAME – AFFINAME


5


Memória FINAME<br />

6<br />

1966 – O primeiro dos próximos 50 anos<br />

O ano de 1966 foi marcado por vários acontecimentos. Alguns foram importantes<br />

e marcaram época, outros nem tanto. De relevância mundial, foi constituído, pela<br />

Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Pacto Internacional<br />

sobre os Direitos Humanos. No Brasil, o então presidente, Humberto de Alencar<br />

Castelo Branco, decidiu usar o mês de setembro para proceder a duas grandes resoluções:<br />

sancionar a Lei nº 5.107/66, que estabeleceu o Fundo de Garantia por<br />

Tempo de Serviço (FGTS), e assinar o Decreto nº 59.170, que criou uma instituição<br />

que mudou e continua mudando a vida de milhares e milhares de pessoas – sejam<br />

funcionários, parceiros, beneficiados e, por extensão, suas famílias.<br />

Cada departamento, cada funcionário, cada sala, cada cantinho tem a sua história particular<br />

e, juntando-se todas, ter-se-á o maior e melhor registro que a <strong>Finame</strong> jamais teve<br />

Em 1966, em meio à vitória da Inglaterra na oitava Copa do Mundo, à ascensão de<br />

Indira Gandhi ao cargo de primeira-ministra da Índia e ao pouso da sonda soviética<br />

LUNA 9 num corpo celeste fora do nosso planeta, foi criada a Agência Especial de<br />

Financiamento Industrial (<strong>Finame</strong>), que, no presente ano de 2016, está comemorando<br />

50 anos de existência, o seu mais que dourado jubileu.<br />

Esta edição comemorativa trata não só de contar a história da <strong>Finame</strong>, mas também,<br />

e principalmente, resgatar memórias – institucionais e afetivas. Neste projeto,<br />

intitulado Memória <strong>Finame</strong>, por meio de documentos, entrevistas, imagens e muito


mais, essa cinquentenária empresa permanecerá nos registros oficiais e no coração<br />

daqueles que, de uma forma ou de outra, fizeram, fazem ou farão parte dela.<br />

Cada departamento, cada funcionário, cada sala, cada cantinho tem a sua história<br />

particular e, juntando-se todas, ter-se-á o maior e melhor registro que a <strong>Finame</strong><br />

jamais teve.<br />

A elaboração destas “memórias”, desde sua concepção até a finalização, contou<br />

com comprometimento, dedicação, disponibilidade, boa vontade, muito trabalho de<br />

pesquisa, mas também com o amor de todos os envolvidos para oferecer à posteridade<br />

toda a informação histórica e afetiva sobre uma empresa que chegou, feliz e<br />

elegante, ao seu cinquentenário.<br />

A partir de agora mergulharemos na história desta quinquagenária instituição e<br />

conheceremos o legado que será oferecido às gerações vindouras<br />

7


Antes do INÍCIO<br />

BNDE<br />

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi fundado, em 1952,<br />

com os objetivos de apoiar programas, projetos, obras e serviços que se relacionassem<br />

com o desenvolvimento econômico e social do país e estimular a iniciativa<br />

privada sem prejuízo de apoio a empreendimentos de interesse nacional a cargo<br />

do setor público.<br />

8<br />

Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos<br />

Industriais (FINAME)<br />

O Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais<br />

(FINAME), criado pelo Decreto nº 55.275, de 22 de dezembro de 1964, foi destinado<br />

a financiar as operações de compra e venda de máquinas e equipamentos<br />

de produção nacional. Os recursos do fundo eram administrados por uma junta,<br />

cabendo a sua presidência ao presidente do BNDE (atual BNDES).<br />

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) foi fundado, em 1952, com os objetivos de apoiar programas, projetos,<br />

obras e serviços que se relacionassem com o desenvolvimento econômico e social do país<br />

O Sistema BNDES<br />

Até 1990 o BNDES contava com duas subsidiárias integrais: a FINAME e a BNDESPAR.<br />

Atualmente, as três empresas compreendem o chamado Sistema BNDES.


BNDESPAR<br />

A BNDESPAR é uma sociedade por ações cujo capital social subscrito está representado<br />

por uma única ação, nominativa, sem valor nominal, de propriedade do<br />

BNDES. Tem como principais objetivos, entre outros, apoiar o desenvolvimento de<br />

novos empreendimentos em cujas atividades se incorporem novas tecnologias e<br />

contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais mediante o acréscimo<br />

de oferta de valores mobiliários e a democratização da propriedade do capital de<br />

empresas.<br />

9


FINAME<br />

A Agência Especial de Financiamento Industrial foi criada em 1966 para gerir o<br />

então existente Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos<br />

Industriais. Suas atividades são desenvolvidas sob a responsabilidade e com<br />

a colaboração do BNDES. A gestão da agência cabe à sua junta de administração.<br />

Os objetivos da <strong>Finame</strong> são:<br />

• atender às exigências financeiras da crescente comercialização de máquinas e<br />

equipamentos fabricados no país;<br />

10<br />

• concorrer para a expansão da produção nacional de máquinas e equipamentos<br />

mediante a facilidade de crédito aos respectivos produtores e usuários;<br />

• financiar a importação de máquinas e equipamentos industriais não produzidos<br />

no país;<br />

• financiar e fomentar a exportação de máquinas e equipamentos industriais de<br />

fabricação brasileira.<br />

As operações da Agência são realizadas por intermédio de agentes financeiros intermediários,<br />

públicos ou privados.


FINAME: do início e avante<br />

Dois anos depois de ser criado pelo Decreto nº 55.275/64, o Fundo de Financiamento<br />

para Aquisição de Máquinas e Equipamentos Industriais se transformou, por força<br />

do Decreto nº 59.170/66 (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/<br />

decreto-59170-2-setembro-1966-399966-normaatualizada-pe.html), em Agência<br />

Especial de Financiamento Industrial – cuja sigla permaneceu FINAME –, a qual<br />

passou a ser uma autarquia federal com autonomia administrativa e financeira. Este<br />

decreto lhe atribuiu todas as características clássicas de uma autarquia, porém retirou-lhe<br />

essa conceituação ao dispor que deveria operar sob a responsabilidade do<br />

BNDES. Com características de entidade autônoma, o Decreto-lei nº 45, de 18 de<br />

novembro de 1966, incorporando as disposições do citado nº 59.170/66, atribuiu<br />

à entidade personalidade jurídica própria, criando a autarquia federal que passou<br />

a ser FINAME, pessoa jurídica de direito público interno, até o advento da Lei nº<br />

5.662, de 21 de junho de 1971, que converteu e enquadrou a FINAME na categoria<br />

de empresa pública, com personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio<br />

próprio (art. 10), permanecendo vinculada como subsidiária do antigo Banco Nacional<br />

do Desenvolvimento Econômico (BNDE), que passou a ter o nome atual de<br />

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo Decreto-lei<br />

nº 1.940, de 25 de maio de 1982, à Secretaria de Planejamento da Presidência da<br />

República.<br />

11<br />

A transformação do status jurídico em nada alterou os fins da entidade, sua estrutura<br />

administrativa, vinculação, subordinação, capacidade para contratar ou captar<br />

recursos, uma vez que a mesma Lei nº 5.662/71 dispôs que o estatuto da empresa


pública é o conjunto de normas do Decreto nº 59.170/66 e do Decreto-lei nº 45/66,<br />

tal como constituía a lei orgânica da autarquia extinta.<br />

O capital da Agência, dividido em ações nominativas, pertence, na sua totalidade,<br />

ao BNDES.<br />

12<br />

Por força do disposto no Decreto nº 83.324, de 11 de abril de 1979, sem prejuízo<br />

de sua subordinação técnica à autoridade monetária, a FINAME ficou vinculada<br />

ao Ministério da Indústria e do Comércio. Posteriormente, em face de dispositivo<br />

contido no Decreto-lei nº 1.940, de 25 de maio 1982, a FINAME voltou a ficar<br />

vinculada administrativamente à Secretaria de Planejamento da Presidência da<br />

República.<br />

A FINAME, agora Agência Especial de Financiamento Industrial, empresa pública<br />

brasileira subsidiária do BNDES, tem como objetivos atuar no campo da comercialização<br />

de máquinas e equipamentos industriais e abrir linhas de crédito às<br />

empresas privadas nacionais, localizadas em qualquer região do país, com o fim<br />

de: ampliar a utilização de máquinas e equipamentos nacionais e “atender às<br />

exigências financeiras de crescente comercialização de máquinas e equipamentos<br />

fabricados no Brasil; concorrer para a expansão da produção nacional de máquinas<br />

e equipamentos mediante facilidade de crédito aos respectivos produtores<br />

e usuários; financiar a importação de máquinas e equipamentos industriais não<br />

produzidos no país; financiar e fomentar a exportação de máquinas e equipamentos<br />

industriais de fabricação brasileira”, invertendo a tendência do mercado de<br />

máquinas seriadas, caracterizado, na época, pela preferência por equipamentos<br />

importados.


Márcia Regina Brandão<br />

Após ter trabalhado no BNDES, Márcia Regina começou sua carreira na FINAME,<br />

quando esta se localizava na rua da Candelária. Na época, ela trabalhava como<br />

datilógrafa, no Departamento Financeiro (DEPOP), e seu trabalho consistia em datilografar<br />

as propostas de financiamento depois de analisadas. Aposentada há 18<br />

anos, Márcia trabalhou na FINAME durante 27 anos<br />

Eu trabalhava no BNDES como contratada, e, quando houve o concurso, não fui<br />

aprovada. Aí um amigo me falou sobre a FINAME e fui lá e fiz uma prova de português,<br />

matemática e datilografia. Passei e fui chamada para trabalhar.<br />

13<br />

Pouco tempo depois de começar a atuar como datilógrafa, Márcia Regina passou a<br />

trabalhar como secretária.<br />

Fiquei pouco tempo como datilógrafa. Como eu costumava substituir as secretárias<br />

quando elas entravam de férias, fui logo convidada para ser secretária também.<br />

Quando ocorreu a fusão do BNDES com a BNDESPAR e a FINAME, Márcia começou<br />

a trabalhar como secretária na área financeira.


Um fato que chamou a atenção de Márcia logo que ela entrou na FINAME foi a<br />

exigência de que as mulheres usassem saias, sendo-lhes proibido o uso de calças<br />

compridas. No entanto, isso foi modificado posteriormente, quando a FINAME passou<br />

a conceder uniformes aos seus funcionários.<br />

Só podia usar saia, e eu usava muito calça comprida. (risos)<br />

14<br />

Enquanto trabalhava na FINAME, Márcia fez faculdade de Comunicação, especificamente<br />

o curso de Propaganda e Publicidade, mas não chegou a atuar nessa área.<br />

Saía daqui e ia para Botafogo estudar. Mas não exerci a profissão. O salário aqui não<br />

era ruim e acabei ficando.<br />

Apesar do arrependimento de não ter feito outra faculdade, como Administração,<br />

por exemplo, Márcia afirmou que gostava muito de trabalhar como secretária e que<br />

se sente grata à FINAME e ao BNDES por tudo o que alcançou.<br />

Uma vez recebi um convite para trabalhar analisando propostas, mas recusei; gostava<br />

de ser secretária. Eu me arrependi de não ter feito outra faculdade, como Administração.


Saía daqui e ia para Botafogo estudar. Mas não<br />

exerci a profissão. O salário aqui não era ruim<br />

e acabei ficando.<br />

Márcia Regina disse que sente muita saudade do tempo em que trabalhava na<br />

FINAME e que a Agência foi algo muito bom que aconteceu em sua vida.<br />

Estou até meio emocionada. Eu não tenho nada a reclamar. E agora também, como<br />

associada da AFFINAME, só tenho a agradecer.<br />

Um fato que chamou a atenção de Márcia<br />

logo que ela entrou na FINAME foi a<br />

Márcia tem boas lembranças das festas realizadas pela FINAME.<br />

exigência de que as mulheres usassem<br />

saias, sendo-lhes proibido o uso de calças<br />

compridas. No entanto, isso foi modificado<br />

posteriormente, quando a FINAME passou a<br />

conceder uniformes aos seus funcionários.<br />

As festas eram boas, sempre muito animadas. Todos os funcionários iam, participavam.<br />

Atualmente aproveito os eventos da AFFINAME para rever os velhos amigos<br />

de labuta.<br />

15


Nanci Rodrigues Leite<br />

Em novembro de 1965, Nanci começou a trabalhar na FINAME, tendo sido contratada<br />

por meio da FIESP. Na época, ela exercia a função de atendente, cujas tarefas<br />

englobavam a organização de processos a partir de notas promissórias, contratos e<br />

demais documentações, que, posteriormente, seguiam para análise.<br />

16<br />

Eu montava o processo e ele ia para a análise. Passava por todos os funcionários que<br />

faziam os cálculos, depois voltava para aprovação.<br />

Nanci foi efetivamente contratada pela FINAME na década de 1970, depois de fazer<br />

uma prova, assim como os demais funcionários contratados.<br />

Em 1964 FINAME ainda não tinha personalidade jurídica para admitir, então tínhamos<br />

contrato de três meses por meio da FIESP. Como todo o cadastro de reservas do<br />

BNDES havia sido utilizado, chegou um ponto em que o Banco não podia mais ter<br />

funcionários contratados dessa forma, então a FINAME criou personalidade jurídica<br />

para admitir os funcionários que se encontravam naquela mesma situação.<br />

Inicialmente, a FINAME funcionava na rua São José, número 90, onde ocupava apenas<br />

o terceiro andar. Nanci já trabalhava na Agência nesse período. Mais tarde, a


FINAME passou a atuar na rua da Candelária, onde passou a ocupar dois andares.<br />

Em seguida, deslocou-se para a rua Sete de Setembro, onde, a princípio, ocupava o<br />

oitavo andar. Com o tempo, outros andares foram incorporados. Embora os cargos<br />

tenham mudado de nome com o tempo, o trabalho de Nanci continuou sendo o de<br />

aprovação de processos, atividade que exerceu durante 29 anos.<br />

Permaneci no mesmo setor de análise, que mudou de nome várias vezes.<br />

Nanci passou praticamente a vida toda na FINAME, pois começou a trabalhar na<br />

Agência com 22 anos e só saiu quando estava com 50 anos. Segundo ela, a fusão<br />

do BNDES com a FINAME e a BNDESPAR trouxe muitos benefícios aos funcionários,<br />

tendo sido, portanto, uma mudança muito positiva. Com relação ao tempo em que<br />

trabalhou na FINAME, Nanci contou que se sente realizada profissional e pessoalmente,<br />

jamais tendo sido prejudicada por qualquer funcionário da Agência; pelo<br />

contrário, ela se sentia acolhida e respeitada por todos.<br />

17<br />

Para mim, a FINAME representa uma realização profissional e pessoal. Nunca fui<br />

prejudicada pelos meus chefes. E olha que foram muitos! Eu nunca tive problema<br />

com colegas que entravam para que eu ensinasse o serviço e depois passavam a ser<br />

meus chefes. Eu me firmei profissionalmente porque sabia muito sobre aquele trabalho,<br />

a ponto de dizer “essa máquina é financiada”, dizer o prazo, dizer tudo. Com<br />

relação à rede bancária, que tinha uma credencialzinha, o pessoal me chamava de<br />

“memória de elefante”, porque eu sabia a credencial de todos os bancos. A posição


fiscal eu sabia de cor, de tanto que lidava todos os dias. E não tinha computador!<br />

(risos)<br />

Apesar de gostar muito de trabalhar na FINAME, Nanci decidiu se aposentar aos 50<br />

anos porque foi transferida para o setor de atendimento, que era uma área na qual<br />

não gostava de trabalhar.<br />

18<br />

Custei muito a me adaptar, porque a secretaria não era a minha área. Eu não gostava<br />

do tipo de trabalho, era muito telefone. O pessoal ligava demais, o banco,<br />

empresários, pessoas que tinham um financiamento em aprovação etc.<br />

Nanci narrou uma história engraçada que aconteceu com ela no tempo em que<br />

trabalhava como secretária.<br />

Em um dia de plantão meu, eu estava sozinha na secretaria e o chefe estava em reunião.<br />

Lá pelas seis e pouca da tarde, entrou um homem. Não entendi nada: como é<br />

que aquele homem entrou sem o segurança ver? Pensei: “Meu Deus do céu”. Aí ele,<br />

muito baixinho, falou: “Eu sou de Serra Pelada e quero pegar um financiamento”.<br />

Daí eu expliquei que ele deveria procurar o agente financeiro. Hoje essa história é<br />

engraçada, mas na hora eu fiquei com medo.


Quando se aposentou, Nanci sentiu muita falta do trabalho na FINAME, uma vez<br />

que lá possuía diversos amigos com quem tinha uma relação de grande intimidade.<br />

No entanto, ela revelou que também foi muito bom poder ter tempo para cuidar<br />

dos filhos.<br />

Era muito bom. Tínhamos uma intimidade com a rapaziada dos bancos que vinham<br />

buscar os recursos no final da tarde. Eles tinham que levar uma autorização de<br />

pagamento e a gente sentava e era uma falação na recepçãozinha do nosso andar.<br />

Minha matrícula, se não me engano, foi a de<br />

número 15. Tenho a carteirinha. (risos) Hoje em dia<br />

temos essa maravilha que é a nossa Associação.<br />

Agradeço a oportunidade de recordar momentos<br />

tão maravilhosos de minha vida profissional, em<br />

companhia de pessoas tão especiais.<br />

Nanci contou que grandes projetos siderúrgicos, navais e de hidroelétricas passaram<br />

pela FINAME, motivo pelo qual ela sente ainda mais prazer em fazer parte da<br />

agência. Além disso, ela participou da criação da Associação dos Funcionários da<br />

FINAME.<br />

Minha matrícula, se não me engano, foi a de número 15. Tenho a carteirinha. (risos)<br />

Hoje em dia temos essa maravilha que é a nossa Associação. Agradeço a oportunidade<br />

de recordar momentos tão maravilhosos de minha vida profissional, em<br />

companhia de pessoas tão especiais.<br />

19


Humberto Coelho da Rosa<br />

20<br />

Em 1966, Humberto se dirigiu à rua São José, número 90, para participar de uma<br />

seleção para o BNDE (ainda não tinha o S), a qual era composta por provas de português,<br />

matemática e datilografia. A datilografia era a mais importante e Humberto<br />

passou. Acontece que ele já trabalhava há quatro anos em outra empresa e, quando<br />

comunicou que iria trabalhar no BNDE, seu chefe falou: “Eu te mudo de cargo e<br />

dou um aumento”. Mas não teve jeito: em 1º de julho de 1966 Humberto se tornou<br />

funcionário do BNDE, de onde saiu aposentado em 20 de julho de 1995. Primeiro foi<br />

escriturário, depois passou a auxiliar técnico, assistente técnico e técnico de arquivo<br />

no setor financeiro da FINAME.<br />

Eu comecei na FINAME quando ainda era na rua São José, 90, 13º andar. Trabalhei<br />

ali por quase dois anos. Dali fomos para a rua Sete de Setembro, 48, terceiro andar.<br />

Trabalhei ali no máximo três anos. De lá fomos pra Candelária, 60, terceiro andar,<br />

onde ficamos durante um bom tempo.<br />

Um dos fundadores da AFFINAME, Humberto conta que a Associação foi criada<br />

para ajudar, essencialmente, os funcionários em questões financeiras, emprestando<br />

dinheiro a quem precisasse.<br />

Tínhamos, na época, o hábito de pegar dinheiro com agiotas, então criamos a Associação,<br />

que serviria para emprestar dinheiro a algum funcionário que precisasse, já<br />

que todo mês se dava uma quantia para a Associação. Imagina, com 50 funcionários


pagando uma mensalidade, dava para emprestar a alguém que estivesse precisando.<br />

Então nós criamos, com essa finalidade, em 5 de julho de 1972.<br />

Cartão assinado pelos<br />

colegas na ocasião de<br />

seu casamento<br />

Tendo entrado ainda muito novo na empresa, é natural que fatos marcantes da vida<br />

pessoal tenham ocorrido durante o tempo em que lá permaneceu, como, por exemplo,<br />

o seu casamento. Humberto ainda guarda o cartão que recebeu dos colegas de<br />

trabalho.<br />

E também o que recebeu em seu aniversário de 1979.<br />

No dia em que se aposentou, Humberto e outros recém-aposentados se reuniram<br />

após a homologação para comemorar a nova condição.<br />

21<br />

Tristeza? Que nada!<br />

Eu nunca me aborreci com algum colega na FINAME; sempre fui de apaziguar as<br />

coisas.<br />

E na memória...<br />

A FINAME está no meu coração, eu a considero minha segunda casa. Gosto de<br />

confraternizar com meus colegas.


João Flávio da Silva e<br />

Lucinda Gonzalez da Silva<br />

Em 1966, Lucinda foi chamada para fazer uma prova interna na FINAME, com quase<br />

todos os direitos de um concursado. Ela lembra que, no início, eram poucos funcionários,<br />

mas o grupo era unido, e o presidente, bastante acessível.<br />

22<br />

Nós fazíamos tudo com muita alegria, éramos muito unidos. O nosso presidente era<br />

uma pessoa muito boa, que tinha amizade e comunicação com os funcionários, mas<br />

que, na hora da bronca, também sabia dar.<br />

Flavio foi diretor e Lucinda, diretora financeira da Associação de Funcionários da<br />

FINAME (AFFINAME). Ambos consideravam a FINAME uma família. Sempre havia uma<br />

comemoração no aniversário dos funcionários. No Natal, os filhos de até 14 anos dos<br />

funcionários ganhavam presentes. Houve um tempo em que as festas aconteciam no<br />

próprio prédio, com a presença do presidente e do diretor. Depois, começaram a ser<br />

realizadas fora da empresa, em sítios, com a presença das famílias dos funcionários.<br />

Eles participavam do nosso almoço e nós ficávamos muito à vontade com a presença<br />

deles. Eram pessoas muito humanas, muito boas. Nós preparávamos o salão do ter-


ceiro andar com muito carinho e muito amor. Cada funcionário era responsável por<br />

uma tarefa.<br />

Também foi na FINAME, na cantina da D. Geralda, que Lucinda conheceu o marido,<br />

João Flavio, com quem é casada até hoje.<br />

Na cantina da D. Geralda tinha um santo casamenteiro, e foi lá que me amarrei e<br />

estou casada com Flavio há 43 anos. Temos duas filhas, três netas e um neto.<br />

23<br />

Para Lucinda, três situações marcaram sua passagem pela FINAME.<br />

Três acontecimentos ficaram marcados para sempre: quando Flavio e eu nos casamos,<br />

nossos colegas fizeram uma lista com a qual conseguimos comprar todos<br />

os móveis de nossa casa; compareceu ao nosso casamento o diretor executivo, o<br />

doutor Brandão; e, quando nasceu nossa primeira filha, o então diretor executivo, o<br />

doutor Dalton Estelita Lins, nos enviou, em nome da FINAME, uma linda corbelha<br />

de flores para o hospital.


FINANCIAMENTO de<br />

máquinas e equipamentos<br />

24<br />

À FINAME foram atribuídas a garantia do fluxo contínuo de recursos para produção<br />

e comercialização de máquinas e equipamentos que atendessem a índices mínimos<br />

de nacionalização, periodicamente revistos – que chegaram a ser de 85% (1983) –,<br />

e a dispensação, às pequenas e médias empresas, de um tratamento diferenciado<br />

por meio da concessão de financiamento com custos reduzidos e prazos longos para<br />

liquidação.<br />

À FINAME foram atribuídas a garantia do fluxo contínuo de recursos para produção e comercialização de máquinas e<br />

equipamentos que atendessem a índices mínimos de nacionalização<br />

O financiamento para produção e aquisição de máquinas, equipamentos e bens de<br />

informática e automação novos, de fabricação nacional e credenciados no BNDES, é<br />

realizado por intermédio de instituições financeiras credenciadas.<br />

PROGRAMAS OPERACIONAIS DE FINANCIAMENTO – DÉCADAS DE 1960 A 1990<br />

Programa Automático (década de 1960)<br />

Criado para se adequar às necessidades de cada período econômico para melhor<br />

atender aos objetivos fundamentais da Agência. Sua denominação se deve à sua<br />

forma de operar, permitindo ao agente financeiro estabelecer as condições de financiamento.


Programa Pequena e Média Empresa<br />

Financia a aquisição de máquinas e equipamentos novos de fabricação nacional<br />

destinados essencialmente à produção industrial ou à prestação de serviços básicos,<br />

com índice de nacionalização, em valor e peso, superior a 90%.<br />

Programa de Longo Prazo (Década de 1970)<br />

Destina-se a financiar equipamentos de fabricação nacional que concorram com<br />

os importados. Seu prazo de resgate, que era de 36 meses, ampliou-se para até 96<br />

meses, com, no máximo, 24 meses de carência.<br />

25<br />

Programa Especial (Década de 1970)<br />

Criado em 1972, a diferença entre este e os programas anteriores é que o Programa<br />

Especial estava condicionado à apresentação de carta-consulta pelo interessado,<br />

nela discriminados e caracterizados os equipamentos/máquinas alvos do<br />

financiamento.<br />

No ano de 1973, os programas FINAME sofreram várias alterações, entre elas a<br />

implantação de mais dois programas: Convênio FINAME-CEF e Novo Programa Especial.<br />

Segundo Irimá Silveira, 1 “a necessidade de prosseguir no ajuste das diretrizes<br />

1. SILVEIRA, I. BNDES 50 Anos – Histórias Setoriais: O Setor de Bens de Capital. BNDES, 2012. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 6 abr. 2016.


operacionais da Agência às exigências do parque industrial brasileiro determinou<br />

a conveniência de consolidar o Programa de Longo Prazo e o Programa Especial<br />

em um só, também denominado Programa Especial”. Por meio deste programa<br />

a <strong>Finame</strong> estimulou a produção e o avanço da indústria brasileira no tocante à<br />

“nacionalização de equipamentos pesados e tecnologia sofisticada, concedendo<br />

incentivos especiais à efetiva execução no país das atividades de projeto e<br />

fabrico”.<br />

26<br />

Programa BNDES-Automático (Década de 1980)<br />

Em 1989 o BNDES transferiu para a FINAME a administração das operações de<br />

financiamento de processamento automático, conduzidas exclusivamente por agentes<br />

financeiros.<br />

Programa Agrícola (Década de 1990)<br />

Voltado a dar suporte à aquisição de máquinas e equipamentos destinados à produção<br />

agropecuária e agroindustrial, em conformidade com a política governamental<br />

da época de apoio à agricultura.<br />

Programa FINAMEX (DÉCADA DE 1990)<br />

Constituído para viabilizar a colocação, no mercado externo, de equipamentos de<br />

fabricação nacional em reposta à potencial demanda devida às alterações realizadas<br />

no sistema de apoio ao comércio exterior pelo governo federal.<br />

Programas Especializados<br />

Ainda na década de 1990, complementando os demais programas, foram introduzi-


dos programas especializados, “com condições particulares de financiamento, para<br />

regiões, setores ou atividades limitadas”. 2<br />

São eles: Programa Nordeste Competitivo, Programa Amazônia Integrada, Programa<br />

de Informatização do Micro e Pequeno Empreendimento, Programa de Fomento à<br />

Produção de Embarcações e Programa Especial de Tratamento de Dejetos Suínos em<br />

Santa Catarina.<br />

LINHAS GERAIS DE FUNCIONAMENTO DA FINAME (DÉCADA DE 1980)<br />

A principal atividade da FINAME é fornecer financiamento às indústrias nacionais<br />

para a aquisição de máquinas e equipamentos, o que é realizado mediante a apresentação,<br />

pelo agente financeiro devidamente credenciado, de uma Proposta de<br />

Abertura de Crédito (PAC), a qual, depois de analisada e aprovada, determina a<br />

liberação de recursos para a empresa financiada.<br />

27<br />

As áreas responsáveis pela análise da proposta são a Área Operacional, representada<br />

pelo DEPOP por meio da DIVPO, a área responsável pela liberação de recursos e a Área<br />

de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPFI por meio da DIVPF. O processamento<br />

dos dados para controle e análise é feito pela DIVPD, também da Área de Serviços<br />

Gerenciais. Depois de efetivado o financiamento, a FINAME passa a receber os juros<br />

referentes a esta operação, o que é executado pelo DEPFI por meio da DIVPF, também<br />

contando com o apoio da DIVPD no processamento dos dados necessários ao controle.<br />

2. LAMAS, V. S. A Gestão Estratégica da Qualidade na FINAME – Uma Experiência de Conscientização. Rio de<br />

Janeiro: Grifo Enterprises, 1996.


Os contatos com os agentes financeiros e as providências necessárias ao seu credenciamento<br />

são de competência da DIVRA, a qual atua como órgão de relações<br />

públicas integrando o agente financeiro à FINAME mediante um sistema de informações.<br />

Como apoio técnico ao funcionamento deste sistema operacional configuram-se<br />

duas atuações distintas:<br />

• cadastramento de empresas fabricantes realizado pela Área Operacional, representada<br />

pelo DEPOE por meio da DIVCA;<br />

28<br />

• análise de enquadramento em operações especiais, realizada pela Área Operacional,<br />

representada pelo DEPOE por meio da DIVAE;<br />

• para possibilitar o funcionamento adequado deste sistema operacional, a FINAME<br />

conta com as atividades desenvolvidas pela ASPLA e pela ASCOA, unidades responsáveis<br />

pelo assessoramento técnico ao DIREX;<br />

• a contabilização das operações de financiamento é de competência da Área de<br />

Serviços Gerenciais, representada pelo DEPFI por meio da DIVCO;<br />

• a geração da memória das operações de financiamento é realizada por meio da<br />

microfilmagem dos documentos envolvidos pela Área de Serviços Gerenciais, representada<br />

pelo DEPAD por meio da DIVSG.<br />

• O recebimento e a expedição de documentos necessários à realização das operações<br />

de financiamento é feito pela atividade de protocolo, de competência da<br />

DIVSG.


Os recursos humanos necessários ao desenvolvimento das atividades da FINAME<br />

são providenciados pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPAD por<br />

meio da DIVPE, a qual executa as funções referentes a recrutamento, seleção, admissão,<br />

treinamento, desenvolvimento e controle.<br />

Os recursos materiais necessários ao desenvolvimento das atividades da FINAME<br />

são providenciados pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPAD por<br />

meio da DIVSG, a qual executa as funções referentes a consulta, compra, recebimento,<br />

distribuição e controle.<br />

Os recursos financeiros necessários ao desenvolvimento das atividades da FINAME<br />

são providenciados pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPFI, o<br />

qual executa as funções referentes a obtenção de recursos, liberação de financiamentos<br />

e demais recebimentos e pagamentos.<br />

29<br />

Todo o processo de contabilização da FINAME é executado pela Área de Serviços<br />

Gerenciais, representada pelo DEPFI por meio da DIVCO.<br />

O processamento eletrônico de dados é executado pela Área de Serviços Gerenciais<br />

por meio da DIVPD, que realiza todas as tarefas necessárias ao funcionamento do<br />

Sistema de Informações.<br />

A organização interna da FINAME é executada pela Área de Serviços Gerenciais,<br />

representada pelo DEPAD por meio de Organização e Métodos (O&M).<br />

Todos os assuntos jurídicos da FINAME são analisados pela COJUR mediante parecer<br />

do Consultor Jurídico.<br />

As atividades de recepção, copa, biblioteca, telex, utilização de mensageiros e motoristas<br />

são realizadas pela Área de Serviços Gerenciais, representada pelo DEPAD<br />

por meio da DIVSG.


Recursos Humanos<br />

No desempenho de suas atividades, a FINAME utiliza basicamente um tipo de mão<br />

de obra: a mão de obra administrativa, que é toda aquela voltada para a execução<br />

das atividades administrativas da FINAME.<br />

A mão de obra utilizada na FINAME pode ser classificada em um dos seguintes<br />

grupos:<br />

1. mão de obra qualificada: a que exige formação profissional (p. ex., economistas,<br />

engenheiros);<br />

30<br />

2. mão de obra especializada: a que não exige formação profissional, mas adaptação,<br />

estágio e treinamento em serviços específicos (p. ex., assistente técnico administrativo,<br />

auxiliar técnico administrativo, escriturário);<br />

3. mão de obra não qualificada: a utilizada em todos serviços de maneira geral, não<br />

exigindo formação profissional e/ou treinamento especializado (p. ex., recepcionistas,<br />

garçons etc.).<br />

Contabilidade<br />

O exercício contábil da FINAME tem início em 1º de janeiro e término em 31 de<br />

dezembro, sendo a emissão dos balancetes realizada mensalmente e a publicação<br />

de balanço, semestralmente, em 30 de junho e 31 de dezembro.


Hugo Emmanuel Pinheiro<br />

Sardenberg<br />

Na época em que Hugo, um cientista social que se tornou administrador, entrou para<br />

a FINAME, em julho de 1971, ainda não havia concurso público, sendo as vagas<br />

preenchidas por meio de indicações para processos seletivos. Hugo foi aprovado<br />

e, como já possuía experiência com folha de pagamento, foi direcionado para esta<br />

função.<br />

31<br />

Eu tinha um histórico interessante, fazia folha de pagamento, e precisavam exatamente<br />

de alguém para fazer isso. Então fui admitido na FINAME em junho de 1971<br />

para fazer folha de pagamento, que na época era datilografada. O meu trabalho<br />

basicamente era esse.<br />

Na época da informática incipiente, quando a FINAME ainda era na Candelária, o<br />

sistema de computador do BNDE que a FINAME usava era na avenida Rio Branco, 53.<br />

Eram dois quarteirões de distância, mas tínhamos um carrinho de metal, com um baú,<br />

onde os cartões perfurados eram levados e voltavam os formulários contínuos. No


cartão eram perfuradas as informações; depois, ele ia para uma leitora. Esses cartões<br />

eram perfurados na FINAME e levados de carrinho, pela rua, até o banco. O baú ia<br />

cheio de formulários contínuos e, às vezes, era necessário fazer duas viagens.<br />

32<br />

Com o tempo, Hugo evoluiu dentro da FINAME, assumindo interinamente, de agosto<br />

a novembro de 1978, a chefia da seção quando seu chefe se aposentou. Em<br />

novembro de 1978, Hugo assumiu efetivamente a chefia até dezembro de 1979.<br />

Nesse mesmo ano passou a gerente de serviços gerais.<br />

Serviço geral é aquilo que, se você tiver opção, não faz, ou seja, mensageiro, transporte,<br />

protocolo, arquivo. É tudo aquilo que interessa a todo mundo, mas que ninguém<br />

quer fazer. Fiquei nessa gerência de 1979 até 1990, quando houve a fusão<br />

das atividades-meio das empresas do Sistema BNDES. Aí eu vim trabalhar no Banco,<br />

na área administrativa. Fui para a gerência patrimonial do Banco, como assessor do<br />

subsíndico do prédio. Depois houve uma série de mudanças e passei a tomar conta<br />

do condomínio do edifício sede do BNDES até 1993. De 1993 a 1997 fui gerente da<br />

folha de pagamento do Banco.<br />

Na época em que entrei para a FINAME, era um<br />

telefone só numa sala que tinha umas seis pessoas.<br />

Ficava na mesa do chefe, então não tinha jeito de<br />

ficar batendo papo.<br />

Em maio de 1997 Hugo foi transferido, a seu pedido, para a área social e, mais tarde,<br />

para a de infraestrutura, onde se aposentou. Hugo chegou a ser presidente da Associação<br />

de Funcionários da FINAME (AFFINAME), mas, quando passou a responder


pela Seção de Controle e Pagamentos, optou por deixar o cargo por considerar que<br />

“geraria conflito ser chefe de seção e presidente da AFFINAME”.<br />

São muitas as lembranças de fatos que não se imaginam acontecendo atualmente.<br />

Na época em que entrei para a FINAME, era um telefone só numa sala que tinha<br />

umas seis pessoas. Ficava na mesa do chefe, então não tinha jeito de ficar batendo<br />

papo. Tinha também relógio de ponto, com quatro marcações por dia: para entrar,<br />

para ir para o almoço, voltar do almoço e sair. Ninguém podia chegar mais do que<br />

quinze minutos atrasado. Se chegasse atrasado no terceiro dia dentro do mês, perdia<br />

um dia de trabalho. Às vezes as pessoas largavam o almoço no meio porque<br />

tinham que marcar ponto e saíam correndo. Eram umas regras bem draconianas.<br />

Quando viemos para esse prédio, essas regras foram mantidas, mas o pessoal reclamou,<br />

reclamou e um tempo depois nos igualamos ao Banco.<br />

33<br />

Era um negócio engraçado, mas havia essa distinção. Os chefes, por exemplo,<br />

trabalhavam de paletó e gravata. Eu trabalhei muitos anos de paletó e gravata, na<br />

Candelária, saia no sol de janeiro de paletó e gravata. Mas como havia uma certa<br />

rotatividade nos cargos de gerentes que iam do Banco para a FINAME, alguns já<br />

não usavam mais paletó e gravata porque o Banco já estava relaxando com relação<br />

a isso. Daí a gente entrou na onda. Sempre entrávamos a reboque do Banco.<br />

Eu pensava: “Ah, o M., que é do Banco, é chefe igual a mim e não usa gravata.<br />

Por que é que eu vou usar?”. Então passei a não usar gravata. Um dia alguém<br />

não foi de paletó e gravata e ninguém falou nada, no dia seguinte também e aí


ninguém mais usou. Mas essas características da FINAME nós gostávamos de preservar.<br />

Podia ser a coisa mais absurda e arbitrária, mas a gente preservava porque<br />

dava uma identidade em comparação com o Banco. Depois que viemos para este<br />

prédio, começamos a conviver mais de perto com o pessoal do Banco, o pessoal<br />

do BNDESPAR, que também era bem mais liberal, e fomos entrando nos eixos,<br />

digamos assim. Abolimos o cartão. Depois o próprio banco implantou a catraca,<br />

que valia para todo mundo.<br />

34<br />

No meio de tanto trabalho, o destino uniu Hugo a Regina, à qual, anos antes, havia<br />

entrevistado para admissão na FINAME. Depois de alguns anos trabalhando juntos<br />

– Hugo era chefe de Regina –, descobriram afinidades de gosto e intelectuais,<br />

começaram a almoçar juntos e “a amizade evoluiu”, como diz Hugo.<br />

Eu brinco muito com ela, porque ela tinha o hábito de usar meias soquetes e eu digo<br />

que me interessei pelas meias! Sobre essas coisas de sentimento não se tem controle.<br />

Acontece. Estávamos muito próximos, muito juntos, e fomos nos envolvendo. Aí a<br />

coisa passou de um estágio de simples amizade para um outro... mais evoluído. Eu<br />

era casado na época e já tinha dois filhos. Mas, quando acontece uma coisa dessas,<br />

a gente sempre tem que optar. E dizem que o segundo casamento é a esperança<br />

vencendo a experiência. E foi mais ou menos isso que aconteceu e deu certo. Deu<br />

tão certo, que estamos juntos há vinte e oito anos e temos uma filha de 27 anos.<br />

Depois da área social, fui para o<br />

departamento de energia da área de<br />

infraestrutura. E foi lá que mais me diverti,<br />

porque viajava muito fiscalizando as obras<br />

financiadas pelo Banco no Brasil inteiro, da<br />

Amazônia ao Rio Grande do Sul. Nos quatro<br />

ou cinco anos que eu fiquei lá, viajei à beça<br />

fiscalizando obras financiadas pelo Banco.


O trabalho era exaustivo, mas houve uma época em que Hugo pôde unir trabalho<br />

e prazer.<br />

Depois da área social, fui para o departamento de energia da área de infraestrutura.<br />

E foi lá que mais me diverti, porque viajava muito fiscalizando as obras financiadas<br />

pelo Banco no Brasil inteiro, da Amazônia ao Rio Grande do Sul. Nos quatro ou cinco<br />

anos que eu fiquei lá, viajei à beça fiscalizando obras financiadas pelo Banco.<br />

Essa prática de fiscalização era necessária para que os analistas tivessem noção<br />

daquilo a que se destinava o financiamento solicitado ao Banco.<br />

35<br />

Para eles, eu era engenheiro. Então um amigo<br />

que fazia parte da equipe, dizia que eu era<br />

“engenhólogo”.<br />

O Banco tem interesse em que a pessoa que está analisando a operação vá ver a<br />

obra de perto, até para ela ter ideia do que é que está analisando. Ver uma usina hidrelétrica<br />

no papel é uma coisa, ver uma usina de perto é outra. É uma obra enorme,<br />

gigantesca! E aí dá para sentir o que está sendo financiado.<br />

Nessas viagens, apesar de ser sociólogo, acreditavam que Hugo era engenheiro,<br />

porque, sempre curioso e tendo trabalhado próximo ao pessoal da análise de equipamentos<br />

elétricos na FINAME, quando ia visitar as usinas, fazia perguntas técnicas<br />

com relação à construção.


Eu sempre estava curioso: “Mas o que é que é isso?”, “Como é que você faz?”, “Por<br />

que vocês escolheram essa potência e não outra?”. Aí os caras se interessavam, davam<br />

explicação, faziam painéis enormes e eu continuava perguntando. Depois eu fazia<br />

os relatórios, porque os colegas da equipe não gostavam de escrever. Quando íamos<br />

visitar essas usinas eu é que fazia as perguntas técnicas. Para eles, eu era engenheiro.<br />

Então um amigo que fazia parte da equipe, dizia que eu era “engenhólogo”.<br />

36<br />

E o que ficou na memória afetiva de Hugo com relação à FINAME?<br />

A FINAME foi uma boa casa. Tenho boas lembranças, fiz boas amizades. Creio não<br />

ter feito inimizades na <strong>Finame</strong>. Éramos companheiros de trabalho e muitos se tornaram<br />

amigos e somos amigos até hoje. Sempre nos encontramos nas reuniões de<br />

final de ano.


Regina Ribas Costa<br />

Sardenberg<br />

Em 1975, no último dia de inscrição, Regina ficou sabendo, por uma amiga, que<br />

o então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) estava oferendo,<br />

por meio de concurso público, uma vaga para estagiário de Biblioteconomia.<br />

Ela, que fazia a referida faculdade, inscreveu-se e passou.<br />

37<br />

A inscrição foi na Av. Presidente Vargas, 534, onde, na época, o Banco possuía<br />

alguns andares. Eu fui com uma amiga, mas ela desistiu quando viu a fila e me<br />

disse: “Vamos embora, é uma vaga só. Você é doida!”. Fiz o concurso, que foi<br />

em três etapas, e fui a escolhida. Depois de dois semestres de estágio, eu me<br />

formei. Havia, na época, um cargo chamado ”adestrando”, que se destinava<br />

aos recém-formados, no qual permaneci por mais dois semestres. Ao final desses<br />

dois anos, o Banco teria que decidir se contratava ou não os estagiários.<br />

Havia economistas, estatísticos, psicólogos etc., mas eu e os dois estatísticos<br />

não fomos contratados, mesmo tendo sido otimamente avaliados. Foi quando<br />

eu soube que ia abrir uma vaga no Arquivo Central da FINAME. Candidatei-me<br />

e consegui o cargo.


Regina entrou para a FINAME, em 1977, como assistente técnico-administrativo,<br />

ainda no prédio da Candelária. Bibliotecária de formação, foi trabalhar no Arquivo<br />

Central, no setor de microfilmagem, chefiando uma equipe de oito pessoas.<br />

38<br />

O Arquivo Central incluía uma biblioteca pequena para atender o pessoal da<br />

FINAME, mas a maior parte era o centro de microfilmagem, onde nós microfilmávamos<br />

e arquivávamos os projetos de financiamento da FINAME. As propostas<br />

de abertura de crédito (PACs) eram desmontadas, preparadas e carimbadas – se<br />

tivesse folha rasgada, tinha que consertar; depois disso iam para as máquinas<br />

de microfilmagem. Os microfilmes, colocados em caixas classificadas e ordenadas,<br />

eram organizados em arquivos especiais, com controle de umidade e<br />

temperatura.<br />

Os microfilmes, colocados em caixas classificadas<br />

e ordenadas, eram organizados em<br />

arquivos especiais, com controle de umidade e<br />

temperatura.<br />

Regina chefiava uma equipe essencialmente masculina e, segundo ela, era necessário<br />

ter uma certa habilidade.<br />

Mas nunca tive problema com eles, até porque a liderança anterior também era<br />

feminina.<br />

Regina também gostava de participar das atividades extras que a FINAME oferecia.


Havia um projeto teatral organizado por uma colega. Na hora do almoço ensaiávamos<br />

esquetes para apresentações nas festas de fim de ano. Participei, inclusive, da<br />

organização da primeira Exposição de Arte dos Funcionários do BNDES. Eu sempre<br />

gostei de participar de tudo!<br />

E o destino continuou a atuar fortemente na vida de Regina. Depois de ocupar, por<br />

concurso, a única vaga de estagiária de Biblioteconomia, de não ser efetivada no<br />

BNDE e de, na mesma época, conseguir se empregar numa subsidiária do Banco, foi<br />

na FINAME que ela conheceu o amor de sua vida: Hugo Sardenberg.<br />

39<br />

Nós nos conhecemos na FINAME, onde o Hugo era o gerente de serviços gerais. Era<br />

o meu chefe, pois o arquivo era subordinado a esta gerência, e foi ele que me entrevistou<br />

na admissão. Mas o sentimento só surgiu anos mais tarde, próximo à minha<br />

saída da empresa. Antes disso não houve nada entre nós. Quando nos casamos, eu<br />

já não fazia parte do quadro da FINAME.<br />

Nós nos conhecemos na FINAME, onde o Hugo era o<br />

gerente de serviços gerais. Era o meu chefe, pois o<br />

arquivo era subordinado a esta gerência, e foi ele<br />

que me entrevistou na admissão.<br />

Hugo, que já tinha dois filhos do primeiro casamento, divorciou-se e se casou com<br />

Regina, com quem teve uma filha. Depois de 10 anos na FINAME, Regina optou<br />

por deixar a empresa para exercer plenamente a Biblioteconomia. Primeiro foi<br />

para uma empresa particular e, posteriormente, para a Universidade do Estado do<br />

Rio de Janeiro (UERJ), onde se aposentou. Hugo e Regina estão casados e felizes<br />

até hoje.


Ivone Hiromi Takahashi<br />

Saraiva<br />

40<br />

A vida profissional de Ivone Saraiva na FINAME é longa, compreendendo o período<br />

entre os anos 1973 e 2000. Logo que entrou na FINAME, quando já era graduada<br />

em Economia, ela atuou como técnica no Departamento de Operações Especiais e,<br />

ao final da carreira, chegou a superintendente da Área de Infraestrutura.<br />

Eu entrei na FINAME, em 1973, como técnica no Departamento de Operações Especiais,<br />

onde permaneci de 1973 a 1974. De 1974 a 1979, exerci o cargo de chefe<br />

de Assessoria de Planejamento e Análise. Essa Assessoria era ligada diretamente ao<br />

presidente executivo da FINAME. Em 1979, fui requisitada pelo BNDES e assumi o<br />

cargo de assessora do diretor financeiro e administrativo, tendo trabalhado nessa<br />

função no período de 1979 a 1982. Posteriormente fui convidada para assumir<br />

o cargo de chefe do Departamento Financeiro, onde permaneci de 1982 a 1986.<br />

De 1986 a 1990 fui chefe do Departamento de Controle e Orçamento Financeiro,<br />

na área de Planejamento, e, de 1990 a 1993 fui superintendente da Área de Administração.<br />

Depois, fui convidada para assumir o cargo de Diretora da FINAME,<br />

responsável pelas áreas de Operações Especiais, Cadastramento de Equipamentos<br />

e Relacionamento com Agentes, onde permaneci pelo período de 1993 a 1997.


Finalmente, em 1997, voltei para o BNDES para assumir o cargo de superintendente<br />

da Área de Infraestrutura, onde permaneci até 2.000. Naquele ano, saí do BNDES, já<br />

aposentada , para trabalhar na iniciativa privada.<br />

No período em que esteve na Área de Administração, Ivone foi responsável por<br />

implementar um projeto de aprimoramento da gestão administrativa, fazendo a<br />

fusão das funções administrativas corporativas de suprimentos, informática e recursos<br />

humanos do BNDES e de suas subsidiárias FINAME e BNDESPAR, tratado<br />

como Sistema BNDES, o que possibilitou a unificação das respectivas políticas em<br />

todo o Sistema BNDES. No caso de recursos humanos, a unificação das políticas<br />

dessas três empresas resultou em um tratamento uniforme a todos os funcionários<br />

do Sistema BNDES.<br />

41<br />

Foi um passo importante para o Sistema BNDES porque, antes, cada uma das empresas<br />

tinha sua própria política de recursos humanos e seu próprio plano de cargos<br />

e salários e, como constantemente requisitavam funcionários entre si, foi sendo gerado<br />

um desalinhamento de remunerações, as quais eram diferentes em valor para<br />

funções semelhantes, além de demandar um enorme trabalho burocrático com essa<br />

requisição em decorrência da necessidade de contabilização desses movimentos<br />

em cada empresa. Assim criamos, para cada empresa, o mesmo plano de cargos e<br />

salários que conseguiu mitigar, fortemente, as questões citadas.


A importância da FINAME na vida de Ivone foi grande e ela tem grande consideração<br />

e estima pelas pessoas com quem trabalhou.<br />

42<br />

Para mim, foi muito importante essa trajetória funcional no Sistema BNDES, pois<br />

foi onde eu cresci pessoal e profissionalmente, tive responsabilidades e desafios<br />

crescentes, além da oportunidade de trabalhar com pessoas fantásticas. FINAME,<br />

BNDES e BNDESPAR forjaram todo o desenvolvimento da minha carreira.<br />

A experiência de Ivone na FINAME contribuiu muito para os trabalhos que ela<br />

realizou depois de ter se aposentado da Agência.<br />

Quando saí, em 2000, fui ser presidente, sucessivamente, de duas empresas no<br />

setor privado, o que durou quatro anos. Depois montei minha própria empresa,<br />

na qual até hoje faço captação de recursos para projetos, em especial do setor de<br />

infraestrutura, sendo que muitos com recursos do BNDES, além de estruturação de<br />

negócios – recentemente estruturamos um porto. E, como não gosto de parar, graduei-me<br />

em Mediação e Arbitragem, fiz diversos cursos aqui em São Paulo e hoje<br />

faço parte, como mediadora, da Câmara de Mediação e Arbitragem da Fundação<br />

Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, e da Câmara de Mediação e Arbitragem<br />

do Instituto de Engenharia, em São Paulo. Também fiz o curso de Mediação Judicial<br />

e pretendo brevemente atuar como mediadora judicial. Posteriormente con-<br />

Estou feliz com esses desdobramentos de<br />

minha carreira profissional: captação de<br />

recursos, mediação e coaching. Sempre faço<br />

questão de afirmar que, na minha vida, foi<br />

muito importante o apoio que recebi do<br />

Sistema BNDES, aí sintetizando as empresas<br />

e as pessoas com quem trabalhei, e da<br />

minha família, que sempre compreendeu o<br />

meu trabalho.


cluí minha capacitação em Coaching e já atuo com coach profissional e executivo,<br />

além de life coaching, sendo membro do International Coaching Federation (ICF).<br />

Estou feliz com esses desdobramentos de minha carreira profissional: captação<br />

de recursos, mediação e coaching. Sempre faço questão de afirmar que, na minha<br />

vida, foi muito importante o apoio que recebi do Sistema BNDES, aí sintetizando<br />

as empresas e as pessoas com quem trabalhei, e da minha família, que sempre<br />

compreendeu o meu trabalho.<br />

43<br />

A experiência de Ivone na FINAME contribuiu<br />

muito para os trabalhos que ela realizou depois<br />

de ter se aposentado da Agência.


44<br />

Vicinius Santiago Lamas


O engenheiro Vicinius tinha retornado da Inglaterra em 1972, depois de dois anos<br />

estudando lá, quando foi chamado por um professor da universidade para trabalhar<br />

no BNDES. Após seis meses no Banco, foi para a FINAME.<br />

Estava sendo criado um trabalho dentro da FINAME para engenheiros, que era justamente<br />

o que eu gostava de fazer. Eu entrei como assessor do diretor, mas, em<br />

alguns meses, virei chefe da Assessoria de Planejamento e Análise, que cuidava da<br />

parte de planejamento. Um ano depois virei chefe do Departamento de Operações<br />

Especiais, que já existia, mas era pequeno – tudo era pequeno na época.<br />

45<br />

Estava sendo criado um trabalho dentro da FINAME<br />

para engenheiros, que era justamente o que eu<br />

gostava de fazer. Eu entrei como assessor do diretor,<br />

mas, em alguns meses, virei chefe da Assessoria<br />

de Planejamento e Análise, que cuidava da<br />

parte de planejamento.<br />

Em 1974, houve um grande crescimento do departamento. No começo, as operações<br />

especiais eram de grande porte, feitas para incentivar a fabricação de equipamentos<br />

pesados para a indústria e, às vezes, até iniciar algo que ainda não havia sido feito.<br />

A FINAME tinha começado financiando caminhões, ônibus, máquinas agrícolas, máquinas<br />

de menor porte para indústrias já existentes – era o que faltava no Brasil,<br />

financiamento para os industriais comprarem máquinas.<br />

Vicinius contou que começaram com equipamentos de usinas hidrelétricas – “Itaipu<br />

não teria os equipamentos fabricados no Brasil se não fosse a FINAME” –, passaram<br />

para as siderúrgicas, as indústrias petroquímicas, chegando até mesmo às usinas<br />

nucleares. Explicou também como funcionava o financiamento da FINAME.


46<br />

A condição básica para a FINAME financiar era o produto ter sido fabricado no<br />

Brasil, conceito este que depois até passou a ser também utilizado nas operações<br />

diretas do BNDES. O fabricante de um equipamento vinha à FINAME e solicitava<br />

que o equipamento dele pudesse entrar na lista para ser financiado. Quando começaram<br />

a aparecer com mais, maiores e mais complexos equipamentos, criou-se<br />

uma nova atividade, também subordinada ao meu departamento, chamada ”Cadastro<br />

Industrial”. Montamos um sistema, primeiro manual, mas formalizado, com<br />

questionários e formulários padronizados, utilizados para análise e registro das informações<br />

captadas junto às empresas solicitantes. As empresas eram visitadas por<br />

nossa dedicada equipe de engenheiros, sem a qual o trabalho seria impossível. Esse<br />

cadastro existe até hoje, só que agora informatizado e integrado automaticamente<br />

ao sistema automatizado de aprovação das operações. Basicamente, o sistema do<br />

cadastro diz quem faz o quê e o que é feito por quem. A pessoa digita lá e aparece<br />

quem faz o quê. Esse foi o trabalho que iniciamos, implantamos e desenvolvemos. O<br />

trabalho iniciado em 1974 nunca parou. Em 1979 voltei para o BNDES, continuando<br />

a equipe brilhantemente com suas atividades.<br />

Vicinius ficou na FINAME até 1979, quando foi promovido, graças a seu trabalho,<br />

a superintendente da área industrial do Banco, permanecendo até 1984,<br />

quando saiu para fazer um curso. De 1974 a 1979, tempo em que ficou no<br />

Departamento de Operações Especiais da FINAME, Vicinius destacou que foi<br />

um período de grande salto de desenvolvimento da produção de equipamentos<br />

no Brasil, fundamentais na implantação dos grandes projetos financiados pelo<br />

BNDES e pela FINAME.


Nós financiávamos muitos equipamentos<br />

fabricados por empresas japonesas, com as<br />

quais era difícil de negociar.<br />

Montamos um sistema, primeiro manual, mas<br />

formalizado, com questionários e formulários<br />

padronizados, utilizados para análise e registro<br />

das informações captadas junto às empresas<br />

solicitantes.<br />

Quando se projetou Itaipu, foi definido que seriam necessárias as maiores turbinas<br />

hidrelétricas até então fabricadas no mundo. Não havia nada daquele tamanho,<br />

e elas foram fabricadas no Brasil – não foi a FINAME que as fabricou, mas nós<br />

criamos o sistema que facilitou e permitiu tudo isso. O Brasil deu um salto violento<br />

na siderurgia, praticamente construímos ao mesmo tempo Cosipa, CSN, Usiminas,<br />

Companhia Siderúrgica de Tubarão e Açominas. Ao contrário do passado, a maior<br />

parte dos complexos equipamentos requeridos foi fabricada no Brasil, adquirida<br />

com financiamento da FINAME.<br />

Vicinius lembrou ainda uma situação engraçada vivida na FINAME.<br />

47<br />

Nós financiávamos muitos equipamentos fabricados por empresas japonesas, com<br />

as quais era difícil de negociar. Quando vinham, não era em menos de dez; ocupavam<br />

a mesa toda e entre eles só falavam em japonês. Tinha um que era o intérprete<br />

e outro que aparentemente era o chefe – perguntava tudo. Depois de um tempo,<br />

percebemos que o que menos falava é que era o chefe e um que falava menos ainda<br />

sabia português e ficava só prestando atenção. (risos)<br />

Mesmo como chefe de departamento, Vicinius viajava muito para colaborar na análise<br />

das indústrias. Por todo o Brasil – dos estados mais industrializados do Sul/<br />

Sudeste aos que iniciavam sua industrialização. Ele esteve, por exemplo, em Carajás


48<br />

em uma época em que lá “era terra de garimpo, não tinha nada”; na Mineração Rio<br />

do Norte, no rio Trombetas, margem esquerda do Amazonas, até hoje pouco conhecida.<br />

Lembrou também de que foi a FINAME, por meio de seu financiamento, que<br />

facilitou a implantação dos metrôs do Rio de Janeiro e de São Paulo.<br />

Éramos extremamente ecléticos, tínhamos que entender de tudo; a equipe era muito<br />

boa, muito bem selecionada. Uma coisa bem complicada que poucos sabem foi<br />

financiar a estrutura do primeiro reator nuclear brasileiro, Angra 1.<br />

Em seu coração, a FINAME.<br />

Sempre foi um ambiente extremamente<br />

familiar, tínhamos muita intimidade e havia um<br />

entrosamento profissional muito grande. Era a<br />

extensão da casa, da vida; eu vestia a camisa<br />

mesmo.<br />

Sempre foi um ambiente extremamente familiar, tínhamos muita intimidade e havia<br />

um entrosamento profissional muito grande. Era a extensão da casa, da vida; eu<br />

vestia a camisa mesmo.


Renato José Cursino<br />

de Moura<br />

49


50<br />

Quando Renato chegou à FINAME, em 1974, a empresa passava por uma reformulação<br />

estrutural e, graças à sua experiência em acompanhamento de programas de<br />

nacionalização de máquinas e equipamentos, com a respectiva concessão de incentivos<br />

fiscais pelo Ministério da Indústria e do Comércio, ingressou como técnico no<br />

Departamento de Operações Especiais da FINAME.<br />

Na época, na FINAME, existiam dois departamentos operacionais para tratar de<br />

todos os tipos de financiamento: o Departamento de Operações, que tratava as operações<br />

mais simples e repetitivas e cujas condições de financiamento aplicadas mantinham-se<br />

constantes, e o Departamento de Operações Especiais, para as operações<br />

especiais que demandavam um tipo de avaliação diferenciada, com condições de<br />

financiamento distintas e que por vezes exigiam determinados critérios de avaliação<br />

para a concessão dos financiamentos.<br />

Podia haver discordância, às vezes, de ponto de vista,<br />

mas tudo equilibrado. Éramos um grupo realmente<br />

diferenciado; as pessoas que chegavam e se agregavam<br />

ao grupo, que já estava de certa forma formatado,<br />

sentiam-se num ambiente muito agradável e se<br />

juntavam de cabeça também.<br />

Com o tempo, o volume de trabalho aumentou,<br />

exigindo novas contratações, e Renato pôde<br />

acompanhar de perto a expansão do departamento.<br />

Na época, a equipe que cuidava das operações especiais era bastante enxuta. Havia<br />

o chefe, um técnico, dois estagiários e duas secretárias. Com o tempo, o volume de<br />

trabalho aumentou, exigindo novas contratações, e Renato pôde acompanhar de<br />

perto a expansão do departamento.<br />

Nessa ocasião, tomou-se a decisão de se estabelecer uma avaliação técnica dos<br />

fornecedores fabricantes das máquinas e equipamentos. Foram contratadas mais


pessoas para poder fazer esse trabalho de avaliação e pela necessidade de ampliar<br />

as visitas às empresas. Passados alguns anos, lá por 1976/1977, houve outra<br />

expansão e esse departamento passou a ter duas gerências, uma que cuidava dos<br />

financiamentos especiais, e outra que cuidava da parte do cadastramento.<br />

O clima de confiança entre os funcionários era bem intenso. Todos se ajudavam e<br />

vestiam a camisa da empresa.<br />

Podia haver discordância, às vezes, de ponto de vista, mas tudo equilibrado. Éramos<br />

um grupo realmente diferenciado; as pessoas que chegavam e se agregavam ao<br />

grupo, que já estava de certa maneira formatado, sentiam-se num ambiente muito<br />

agradável e se juntavam de cabeça também. Nunca tivemos problema em nível<br />

pessoal. E se houvesse convocação para estender a jornada de trabalho, todos participavam<br />

sem reclamar.<br />

51<br />

Eram frequentes as confraternizações em que todos se divertiam, mas também conversavam,<br />

de igual para igual, sobre os rumos da empresa.<br />

Isso aqui era uma coqueluche. Era um pessoal muito coeso, muito amigo. E ninguém<br />

forçou para que fosse dessa forma; aconteceu naturalmente. Lá nos primórdios,


52<br />

uma vez por semana, às quatro e meia da tarde, abríamos duas ou três garrafas de<br />

uísque e fazíamos um happy hour. E lá é que surgiram várias situações em termos<br />

do que fazer e como fazer, porque a própria direção da casa também participava<br />

desses encontros.<br />

Tendo enfrentado certa resistência dos colegas na época da introdução dos computadores,<br />

quando tudo era feito manualmente, Renato participou ativamente do<br />

processo de automação dos bancos de dados de seu departamento e da automação<br />

das operações de financiamento. Hoje aposentado, ele acredita ter deixado um legado<br />

para os que vieram depois.<br />

Uma vez, um dos últimos funcionários que<br />

trabalhou comigo falou: “você é o santo<br />

Renato... Se você não tivesse implantado e<br />

incluído aqueles sistemas, não sei como íamos<br />

processar tantas operações”.<br />

Uma vez, um dos últimos funcionários que trabalhou comigo falou: “você é o santo<br />

Renato... Se você não tivesse implantado e incluído aqueles sistemas, não sei como<br />

íamos processar tantas operações”. Recentemente, aconteceu de terem que processar<br />

cerca de 20 mil operações em um ano.


Composição estrutural da<br />

FINAME (1984)<br />

Composição Básica<br />

A composição estrutural da FINAME compreendia, na década de 1980, as categorias<br />

de unidades organizacionais que se seguem.<br />

Administração Superior<br />

53<br />

Constituída pela Junta de Administração, que é composta por:<br />

a) 1 presidente;<br />

b) 1 representante dos bancos comerciais;<br />

c) 1 representante das sociedades de crédito, financiamento e investimento;<br />

d) 1 representante dos bancos privados de investimento;<br />

e) 1 representante da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Indústrias<br />

de Base;<br />

f) 1 representante da diretoria do BNDES;<br />

g) 1 representante dos bancos regionais e estaduais de desenvolvimento;<br />

h) 1 representante do conselho do BNDES.


Direção Executiva<br />

Constituída pelas seguintes unidades organizacionais:<br />

a) Diretoria Executiva;<br />

b) Diretoria Adjunta da Área de Operações;<br />

c) Diretoria Adjunta da Área de Serviços Gerenciais.<br />

Assessoramento<br />

54<br />

Constituído pelas seguintes unidades organizacionais:<br />

a) Assessoria de Planejamento e Análise;<br />

b) Assessoria de Coordenação e Apoio;<br />

c) Consultoria Jurídica.<br />

Administração Executiva<br />

Constituída pelas seguintes unidades organizacionais:<br />

a) departamento;<br />

b) divisão;<br />

c) setor;<br />

d) serviço.


Unidades ORGANIZACIONAIS<br />

JUNAD Junta de Administração<br />

DIREX Diretoria Executiva<br />

ASPLA Assessoria de Planejamento e Análise<br />

COJUR Consultoria Jurídica<br />

55<br />

ASCOA Assessoria de Coordenação e Apoio<br />

DIROP Diretoria Adjunta de Operações<br />

DEPOE Departamento de Operações Especiais<br />

DIVAE Divisão de Análise de Operações Especiais<br />

DIVCA Divisão de Cadastramento<br />

DIVRA Divisão de Relacionamento com Agentes<br />

DEPOP Departamento de Operações


DIVPO Divisão de Processamento de Operações<br />

DIRSG Diretoria Adjunta de Serviços Gerenciais<br />

DEPFI Departamento Financeiro<br />

DIVPF Divisão de Processamento Financeiro<br />

DIVCO Divisão de Contabilidade<br />

56<br />

DIVPD Divisão de Processamento de Dados<br />

DEPAD Departamento Administrativo<br />

DIVPE Divisão de Pessoal<br />

DIVSG Divisão de Serviços Gerais


Organograma geral da<br />

FINAME<br />

Junta de<br />

administração<br />

1.0 junad<br />

diretoria<br />

executiva<br />

1.1 direx<br />

assessoria de<br />

planejamento<br />

e análise<br />

1.1.1 aspla<br />

57<br />

consultoria<br />

jurídica<br />

1.1.2 cojur<br />

assessoria de<br />

coordenação<br />

e apoio<br />

1.1.3 ascoa<br />

diretoria adjunta<br />

da área de<br />

operações<br />

1.2 dirop<br />

diretoria adjunta<br />

da área de<br />

serviços gerenciais<br />

1.3 dirsg<br />

departamento de<br />

operações especiais<br />

1.2.1 depoe<br />

departamento de<br />

operações<br />

1.2.3 depop<br />

departamento<br />

financeiro<br />

1.3.1 depfi<br />

departamento<br />

administrativo<br />

133 depad<br />

divisão de análise<br />

de<br />

operações especiais<br />

1.2.1.1 divae<br />

divisão de<br />

cadastramento<br />

1.2.1.2 divca<br />

divisão de<br />

relacionamento<br />

com agentes<br />

1.2.2.1 divra<br />

divisão de<br />

processamento<br />

de operações<br />

1.2.3.1 divpo<br />

divisão de<br />

processamento<br />

financeiro<br />

1.3.1.1 divpf<br />

divisão de<br />

contabilidade<br />

1.3.1.2 divco<br />

divisão de<br />

processamento<br />

de dados<br />

1.3.2.1 divpd<br />

divisão de<br />

pessoal<br />

1.3.3.1 divpe<br />

divisão de<br />

seviços gerais<br />

1.3.3.2 divsg


diretoria<br />

executivA<br />

1.1 direx<br />

assessoria de<br />

planejamento<br />

e análise<br />

1.1.1 aspla<br />

consultoria<br />

jurídica<br />

1.1.2 cojur<br />

58<br />

assessoria de<br />

coordenação<br />

e apoio<br />

1.1.3 ascoa<br />

diretoria adjunto<br />

da área de<br />

operações<br />

1.2 dirop<br />

diretoria adjunta<br />

da área de<br />

serviços gerenciais<br />

1.2 dirsg<br />

diretoria adjunta<br />

da área de operações<br />

1.2 dirop<br />

depARTAMENTO DE<br />

operações ESPECIAIS<br />

1.2.1 dEPOE<br />

DEPARTAMENTO DE<br />

OPERAÇÕES<br />

1.2.3 DEPOP<br />

DIVISÃO DE ANALÍSE<br />

DE operações ESPECIAIS<br />

1.2.1.1 DIVAE<br />

DIVISÃO DE<br />

CADASTRAMENTO<br />

1.2.1.2 DIVCA<br />

DIVISÃO DE<br />

RELACIONAMENTO<br />

COM AGENTES<br />

1.2.2.1 DIVRA<br />

DIVISÃO DE<br />

PROCESSAMENTO<br />

DE OPERAÇÕES<br />

1.2.3.1 DIVPO


DIRETORIA ADJUNTA DA<br />

ÁREA DE SERVIÇOS<br />

GERENCIAIS<br />

1.3 DIRSG<br />

ASSESSOR TÉCNICO<br />

ORGANIZAÇÃO E<br />

MÉTODOS<br />

1.3.0 ASTOM<br />

59<br />

DEPARTAMENTO<br />

FINANCEIRO<br />

1.3.1 DEPFI<br />

departamento<br />

administrativo<br />

1.3.3 depad<br />

DIVISão de<br />

processamento<br />

financeiro<br />

1.3.1.1 divpf<br />

DIVISão de<br />

contabilidade<br />

1.3.1.2 divco<br />

DIVISão de<br />

processamento<br />

de dados<br />

1.3.2.1 divpd<br />

DIVISão de<br />

pessoal<br />

1.3.3.1 divpe<br />

DIVISão de<br />

serviços gerais<br />

1.3.3.2 divsg


Atribuições FUNCIONAIS<br />

1- exercer a presidência da finame<br />

2- autorizar a admissão de pessoal fora do o.a.<br />

3- autorizar as despesas sob sua competência<br />

4- estabelecer as diretrizes da finame<br />

5- apreciar e decidir nos assuntos de sua competência<br />

6- delegar autoridade ã diretoria executiva<br />

presidente da junta de administração<br />

1- exercer a direção da finame<br />

2- autorizar a admissão e/ou demissão de pessoal<br />

3- autorizar as despesas de sua competência<br />

4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />

5- atribuir e distribuir as tarefas para as áreas da finame<br />

6- encaminhar assuntos à apreciação do presidente<br />

7- delegar autoridade à diretoria adjunta das áreas<br />

60<br />

1- exercer a chefia da assessoria<br />

2- solicitar admissão/demissão de pessoal<br />

3- requisitar pessoal, material e serviços<br />

4- avaliar o desempenho de subordinados<br />

5- atribuir e distribuir tarefas da assessoria<br />

6- delegar autoridade a seus subordinados<br />

chefe de assessoria<br />

diretor executivo<br />

1- atender as consultas internas<br />

2- dar parecer sobre assuntos jurídicos<br />

3- assessorar juridicamente a administração<br />

consultor jurídico<br />

1- exercer a direção da área<br />

2- autorizar as despesas de sua competência<br />

3- autorizar as requisições de pessoal, material, serviços<br />

4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />

5- atribuir e distribuir as tarefas da áreas<br />

6- encaminhar assuntos à apreciação do direx<br />

7- delegar autoridade à chefia do departamento<br />

diretor adjunto da área<br />

1- exercer a chefia do departamento<br />

2- aprovar admissão e/ou demissão de pessoal<br />

3- aprovar as requisições de pessoal, material, serviços<br />

4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />

5- atribuir e distribuir as tarefas do departamento<br />

6- delegar autoridade à gerência de divisão<br />

chefe de departamento<br />

1- exercer a gerência da divisão<br />

2- solicitar admissão e/ou demissão de pessoal<br />

3- requisitar pessoal, material e serviços<br />

4- avaliar o desempenho de seus subordinados<br />

5- atribuir e distribuir as tarefas da divisão<br />

6- delegar autoridade a seus subordinados<br />

gerente de divisão


Diretorias da Agência de<br />

Financiamento Industrial –<br />

FINAME, 1994 a 1997<br />

1994/1995<br />

NOME CARGO ATO DE NOMEAÇÃO<br />

Darlan José Dórea Santos Diretor Executivo Ato FINAME 286/93, de 27.12.93<br />

61<br />

Ivone Hiromi Takahashi Saraiva Diretora Ato FINAME 287/93, de 27.12.93<br />

José Eduardo de Carvalho Pereira Diretor Ato FINAME 276/93, de 07.01.93<br />

1996<br />

NOME CARGO ATO DE NOMEAÇÃO<br />

Darlan José Dórea Santos Diretor Executivo Ato FINAME 286/93, de 27.12.93<br />

Ivone Hiromi Takahashi Saraiva Diretora Ato FINAME 287/93, de 27.12.93<br />

Renato José Silveira Lins Sucupira Diretor Ato FINAME 307/96, de 07.11.96<br />

Pedro Luiz Carvalho da Motta Veiga Diretor Ato FINAME 300/95, de 28.12.95<br />

José Eduardo de Carvalho Pereira Diretor Ato FINAME 276/93, de 07.01.93


1997<br />

NOME CARGO ATO DE NOMEAÇÃO<br />

Darlan José Dórea Santos Diretor Executivo Ato FINAME 286/93, de 27.12.93<br />

Renato José Silveira Lins Sucupira Diretor Ato FINAME 307/96, de 07.11.96<br />

62<br />

Ricardo Figueiró Silveira Diretor Ato FINAME 312/97, de 15.07.97<br />

Ivone Hiromi Takahashi Saraiva Diretora Ato FINAME 287/93, de 27.12.93


Juntas de Administração da<br />

Agência de Financiamento<br />

Industrial – FINAME, 1995 a<br />

1997<br />

1995<br />

NOME CARGO PERÍODO DE GESTÃO ATO DE NOMEAÇÃO<br />

63<br />

Luiz Carlos Mendonça de Barros Presidente da Junta Por prazo indeterminado Decreto de 03.11.95, DOU de 06.11.95<br />

José Pio Borges de Castro Filho Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 299/95, de 27.11.95<br />

Aldo Narcisi Membro da Junta Por prazo indeterminado Carta ABDIB 056/95, de 03.04.95<br />

Antonio Rocha Magalhães Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 293/94, de 29.11.94<br />

Persio Arida Presidente da Junta 03.09.93 a 08.01.95 Decreto de 02.09.93, DOU de 03.09.93<br />

Antônio Teofilo de Andrade Orth Membro da Junta 27.11.90 a 03.04.95 Carta ABDIB 316/90, 27.11.90<br />

Edmar Lisboa Bacha Presidente da Junta 09.01.95 a 05.11.95 Decreto de 06.01.95, DOU de 09.01.95<br />

José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha Membro da Junta 31.07.91 a 27.11.95 Ato FINAME 265/91, de 31.07.91


1996<br />

NOME CARGO PERÍODO DE GESTÃO ATO DE NOMEAÇÃO<br />

Luiz Carlos Mendonça de Barros Presidente da Junta Por prazo indeterminado Decreto de 03.11.95, DOU de 06.11.95<br />

José Pio Borges de Castro Filho Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 299/95, de 27.11.95<br />

64<br />

Aldo Narcisi Membro da Junta Por prazo indeterminado Carta ABDIB 056/95, de 03.04.95<br />

Marcos Raymundo Pessôa Duarte Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />

Maurício Schulman Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />

Kazuhiro Yano Membro da Junta 18.12.98 Voto CMN nº 223/96, de19.12.96<br />

Marco Aurélio de Vasconcelos Cançado Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />

Antonio Rocha Magalhães Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 293/94, de 29.11.94


1997<br />

NOME CARGO PERÍODO DE GESTÃO ATO DE NOMEAÇÃO<br />

Luiz Carlos Mendonça de Barros Presidente da Junta Por prazo indeterminado Decreto de 03.11.95, DOU de 06.11.95<br />

José Pio Borges de Castro Filho Membro da Junta Por prazo indeterminado Ato FINAME 299/95, de 27.11.95<br />

Aldo Narcisi Membro da Junta Por prazo indeterminado Carta ABDIB 056/95, de 03.04.95<br />

65<br />

Marcos Raymundo Pessôa Duarte Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />

Maurício Schulman Membro da Junta 30.01.98 Voto CMN nº 005/96, de 31.01.96<br />

Kazuhiro Yano Membro da Junta 18.12.98 Voto CMN nº 223/96, de19.12.96


Noeli de Lima Ravache<br />

O início da carreira de Noeli, no BNDE, ocorreu em 1975.<br />

66<br />

Fui contratada pelo BNDE em setembro de 1975. Nessa data, o BNDE ainda não<br />

tinha o S (de Social) e, para a realização de suas metas, trabalhava, com três quadros<br />

de pessoal: o Quadro Permanente de Pessoal (QPP), que era integrado pelos empregados<br />

concursados e oriundos da ex-autarquia; o Quadro Fixo de Pessoal (QFP), integrado<br />

por empregados admitidos pós-concurso, e o Quadro Transitório de Pessoal<br />

(QTP), constituído por profissionais admitidos sem concurso, porém para atividades<br />

para as quais o Banco não dispunha de profissionais específicos em quantitativo<br />

suficiente para o desempenho de suas atribuições. Estes empregados integrantes<br />

do QTP, entretanto, eram avisados que só passariam a pertencer efetivamente ao<br />

quadro de pessoal após a aprovação no primeiro concurso público que o Banco<br />

viesse a promover.<br />

Incialmente, o trabalho de Noeli era realizado na Gerência de Estudos e Acompanhamento<br />

(GEA), chefiada por Romeu Fernandes da Costa. Esta unidade organizacional<br />

tinha como atividade principal promover o desenvolvimento de programas necessários<br />

ao melhor gerenciamento e desenvolvimento dos funcionários do Banco.


Minha primeira formação universitária foi Direito, depois cursei e me formei em<br />

Administração de Empresas, porque, quando entrei para o BNDE, comprometi-me<br />

com o gerente da unidade organizacional na qual fui lotada (GEA) de que assim o<br />

faria. Eu trabalhava em outra empresa, em Volta Redonda, e fui fazer um Seminário<br />

de Cargos e Salários, quando conheci o Romeu. Fizemos parte do mesmo grupo de<br />

trabalho e acho que ele gostou do meu desempenho, pois no final do seminário me<br />

perguntou se eu não gostaria de trabalhar no BNDE. Eu respondi: “Mas eu já estou<br />

tão bem empregada...” e ele elencou inúmeras vantagens e a oportunidade de crescimento<br />

profissional que o Banco me proporcionaria. Aí me empolguei. Ao aceitar a<br />

proposta do Romeu, assumi com ele o compromisso de fazer também o curso de Administração<br />

de Empresas. Ele me informou que, para ser contratada pelo BNDE, eu<br />

teria que passar por uma entrevista e depois fazer o primeiro concurso público que<br />

o Banco promovesse. Então, eu, que morava e trabalhava em Volta Redonda, num<br />

determinado dia vim ao Rio, fiz a entrevista para admissão no Banco e fui aprovada.<br />

Com isso, pedi demissão da empresa em que trabalhava e vim tentar a sorte no Rio<br />

de Janeiro. Ao chegar ao Rio, apresentei-me ao Departamento de Pessoal do Banco,<br />

fui admitida (setembro 1975) e lotada na GEA, onde já trabalhavam Ilka Daemon,<br />

Iracema Lopes, Nadja Brunner e Márcio Verde, amigos que fiz e mantenho até hoje,<br />

mesmo que não nos vejamos com a assiduidade que ocorria nos “velhos” tempos.<br />

67<br />

Noeli trabalhou na Gerência de Estudos e Acompanhamento durante o período de<br />

1975 a 1979, quando, então, participou da implementação do Plano Unificado de<br />

Cargos e Salários (PUCS), que objetivou enquadrar os empregados dos três quadros<br />

então vigentes, QPP com o QFP e o QTP em um único: o PUCS.


68<br />

Após a aprovação do novo plano, em Brasília, pela Secretaria de Empresas Estatais<br />

(SEST), o trabalho na GEA continuou, agora, para promover o enquadramento de<br />

todos os funcionários então integrantes dos três quadros vigentes – QPP, QFP e<br />

QTP – no PUCS. Os antigos quadros deixaram de existir. A FINAME, uma subsidiária<br />

do BNDES na época, precisava de um profissional para implantar o novo quadro<br />

e enquadrar os seus funcionários no PUCS. Indicada para fazer esse trabalho, fui<br />

trabalhar para a FINAME<br />

Pouco tempo após ter começado a trabalhar na Divisão de Pessoal da FINAME,<br />

Noeli foi promovida a um cargo executivo.<br />

O mais interessante para mim foi que me lembrei das palavras do Romeu quando<br />

me falou de crescimento profissional, porque, depois de pouco tempo na FINAME,<br />

passei de um cargo do Grupamento Técnico para um cargo do Grupamento Executivo.<br />

A Divisão de Pessoal (DIVPE) na qual Noeli começou a trabalhar quando ingressou<br />

na FINAME, segundo ela, exercia as mesmas atividades realizadas no BNDES pelo<br />

Departamento de Recursos Humanos (DERHU), e sua estrutura também era similar<br />

à do Banco, porém significativamente menor. O BNDES, naquela época, tinha cerca<br />

de 1.200 funcionários, enquanto na FINAME eram aproximadamente 100. Noeli encerrou<br />

sua carreira na FINAME como assessora do diretor de uma área operacional.<br />

Eu implantei o Plano de Avaliação de<br />

Desempenho porque entendia que<br />

só deveria ser promovido por mérito<br />

quem o tivesse, até porque já havia, na<br />

empresa, a promoção por antiguidade<br />

de dois em dois anos.<br />

Os antigos quadros deixaram de existir. A<br />

FINAME, uma subsidiária do BNDES na época,<br />

precisava de um profissional para implantar o<br />

novo quadro e enquadrar os seus funcionários<br />

no PUCS. Indicada para fazer esse trabalho,<br />

fui trabalhar para a FINAME.


Eu terminei minha vida profissional como assessora do diretor de uma área operacional<br />

da FINAME, Darlan Dórea Santos, após ter passado pouco tempo como<br />

chefe do DERHU do BNDES, cargo para o qual não me sentia apta e ao qual não<br />

me adaptei.<br />

Durante o tempo que passou na FINAME, Noeli, além das atividades normais de um<br />

órgão de administração de pessoal, implantou um Plano de Avaliação de Desempenho<br />

na empresa. Neste plano os funcionários da FINAME passaram a ser promovidos<br />

por mérito, e não mais por antiguidade no serviço. Os critérios para a promoção<br />

por mérito incluíam, além do desempenho profissional, assiduidade, pontualidade,<br />

entre outros.<br />

69<br />

Eu implantei o Plano de Avaliação de Desempenho porque entendia que só deveria<br />

ser promovido por mérito quem o tivesse, até porque já havia, na empresa, a promoção<br />

por antiguidade de dois em dois anos.<br />

Noeli afirmou que ter feito parte da excelente equipe de profissionais da FINAME é,<br />

para ela, motivo de muito orgulho e contentamento.<br />

Nós éramos realmente uma seleção, um time. Éramos mais do que simplesmente<br />

funcionários, tornamo-nos amigos. Amigos com “A” maiúsculo, com um bom nível


profissional, social e educacional, e, ainda, eram éticos e competentes. Ter feito parte<br />

desse time nada mais é do que uma glória.<br />

Com relação aos seus companheiros de trabalho, Noeli destacou alguns nomes, aos<br />

quais ela gostaria de prestar uma homenagem.<br />

70<br />

Gostaria de homenagear os maravilhosos chefes que tive enquanto trabalhei na<br />

FINAME: Dr. Irimá da Silveira, Dr. Atílio Geraldo Vivacqua – ambos, infelizmente,<br />

falecidos – e Dr. Darlan José Dórea Santos, de quem sou amiga até hoje.<br />

Um fato, em especial, foi lembrado por Noeli com muito carinho.<br />

A FINAME tinha uma logomarca que era um “F” em forma de uma chave de grifo, e,<br />

quando idealizei o Plano de Avaliação de Desempenho, aproveitando a logomarca<br />

em forma de “F” grandão, formei uma frase com cinco palavras: Fazer da <strong>Finame</strong><br />

uma Família de Funcionários Felizes. Esse era meu objetivo. Sinto muito orgulho de<br />

ter feito parte do que eu chamo de “Seleção de Ouro da FINAME”.<br />

Aproveitando a logomarca em forma de<br />

“F” grandão, formei uma frase com cinco<br />

palavras: Fazer da <strong>Finame</strong> uma Família de<br />

Funcionários Felizes. Esse era meu objetivo.<br />

Sinto muito orgulho de ter feito parte do<br />

que eu chamo de “Seleção de Ouro da<br />

FINAME”.


Angela Cristina de<br />

Oliveira Leite<br />

Angela Cristina entrou para a FINAME em 16 de dezembro de 1975 e tem motivo<br />

para não esquecer a data em que entrou.<br />

Foi o meu primeiro e único emprego. Impossível esquecer a data. Em maio 1975 fiz<br />

prova de português, matemática, datilografia e psicotécnico. Em 16 de dezembro eu<br />

comecei exercendo o cargo de auxiliar de escriturário, na Divisão Financeira, chefiada<br />

por Stênio Mendonça, sendo treinada pela secretária da Gerência Financeira,<br />

Yolanda, que ia se aposentar no ano seguinte, e queriam alguém para substituí-la.<br />

Devo muito aos ensinamentos da Yolanda. Entrei com 19 anos, supertímida, minha<br />

vivência era só de escola, bem diferente do mundo que eu encontrei a partir daquele<br />

dia, e após três meses passei para escriturária; essa era a política da época, você<br />

entrava como auxiliar de escriturário e depois de três meses, caso você tivesse sido<br />

aprovado, passava para escriturário. Depois que a Yolanda saiu, assumi a função de<br />

secretária da Divisão Financeira, com o chefe Delfim Nadaes onde fiquei por quatro<br />

anos. Depois passei para a secretaria do Departamento Financeiro, cujo chefe era o<br />

Fernando Perrone, pois a secretária dele, Sandra Aor, tinha sido promovida a secretária<br />

do diretor da área. Logo depois o Dr. Perrone foi para o BNDES, tendo assumido<br />

o lugar dele o Dr. Delfim Nadaes, e aí voltei ao meu chefe de origem.<br />

71


Em 1975 a FINAME funcionava na Candelária e em 1983 passou para o prédio<br />

novo, com um espaço físico maior. Angela veio ainda como secretária do Departamento<br />

Financeiro.<br />

72<br />

Na Candelária, a FINAME era mais unida. Eram três andares: o terceiro, onde eu<br />

trabalhava, o quarto, onde funcionavam o Almoxarifado e a Contabilidade, e o 12º<br />

andar, que era o Departamento Pessoal e mais alguma parte de que não me lembro.<br />

Todo mundo se conhecia e era amigo. Quando nós viemos para cá, não deixou de<br />

ter união, mas mudou muito. Isso ainda foi antes da fusão, que aconteceu em 1990,<br />

com o ex-presidente Collor.<br />

Quando houve a fusão, vários departamentos<br />

foram incorporados com os do BNDES, e foi nesse<br />

momento que nos separamos um pouco. Muita<br />

gente foi trabalhar em outras áreas do Banco. Se<br />

houve uma mudança forte, eu não senti.<br />

Angela Cristina reflete e fala sobre o momento da fusão e as mudanças ocorridas no<br />

Departamento Financeiro e na sua função.<br />

Quando houve a fusão, vários departamentos foram incorporados com os do BNDES,<br />

e foi nesse momento que nos separamos um pouco. Muita gente foi trabalhar em<br />

outras áreas do Banco. Se houve uma mudança forte, eu não senti. Ainda estava no<br />

Departamento Financeiro, extinto logo depois, que se juntou ao Departamento de<br />

Operações, tudo dentro da própria FINAME. Todos os colegas com quem eu trabalhava<br />

foram para lá. O chefe era um só, o Dr. Luiz Antonio Dantas. Durante 12 anos<br />

trabalhamos juntos, tendo sido mais um grande período de aprendizado. Depois<br />

de 12 anos no Departamento de Operações, fui convidada para ser secretária do<br />

Diretor da Área de Exportação II (EXIM), com o Dr. Marco Antonio Lima. Eu tinha 25


anos de FINAME. Depois essa diretoria foi extinta, assumindo o Dr. Marco Antonio<br />

a Superintendência de Infraestrutura do BNDES. Fui convidada, então, a ir com ele,<br />

como secretária, e permaneci na superintendência por sete anos. Depois do Marco<br />

Antonio, tive como chefes o Dr. João Carlos Cavalcanti e a Dra. Tereza Aquino, todos<br />

na Superintendência de Infraestrutura, onde em 31 de março de 2008 eu me aposentei<br />

como secretária, com 32 anos de serviços prestados à FINAME/BNDES.<br />

Depois de tantos anos trabalhando no mesmo emprego e na mesma função, Angela<br />

Cristina conta um pouco sobre a sua tarefa e a convivência com seus superiores.<br />

73<br />

Não existe nada melhor que um “bom-dia”<br />

carregado de energia positiva! Agradeço a<br />

Deus todos os dias por essa caminhada na<br />

função de secretária.<br />

A boa secretária não precisa saber tudo A boa secretária tem que saber onde e<br />

como encontrar tudo de que o chefe precisa. Aprendi isso ao longo da minha jornada<br />

profissional. Foi um belo aprendizado, mas ser secretária não é uma tarefa nada<br />

fácil. Conviver com várias pessoas diferentes todos os dias é muito difícil, tem que<br />

ter muito jogo de cintura, muito bom humor e, principalmente, amar a função. Mas<br />

tenho certeza de que consegui isso de uma forma suave e tranquila. Não existe nada<br />

melhor que um “bom-dia” carregado de energia positiva! Agradeço a Deus todos os<br />

dias por essa caminhada na função de secretária. Falar dos meus chefes não é uma<br />

coisa difícil, pois tive chefes maravilhosos, não tenho queixa, aprendi muito e, apesar<br />

de não ter contato com nenhum deles atualmente, considero todos grandes amigos<br />

que fizeram, de alguma forma, parte da minha jornada. Tive sete chefes, número<br />

cabalístico, e tenho certeza de que aprendemos muito uns com os outros. Todos<br />

foram importantes, mas o primeiro chefe, o Delfim Nadaes, não dá para esquecer!<br />

Foi com ele que aprendi a controlar o meu gênio forte. Como uma boa taurina, de


vez em quando rodava a baiana, e ele sempre aconselhava: “Calma, menina, não<br />

é dessa forma que você vai se impor, respira, pensa e age”. Grande Delfim! Faço<br />

isso até hoje. E sabe que dá certo? A presença dele na minha vida profissional foi<br />

fundamental para o meu sucesso.<br />

Aposentada há oito anos, Angela Cristina abriu uma empresa de locação de material<br />

para eventos e fala de sua facilidade em lidar com as pessoas e da saudade<br />

dos amigos.<br />

74<br />

Depois que me aposentei, abri uma empresa de locação de material para eventos.<br />

Fiz alguns cursos de decoração e cerimonial, entrei nesse mundo maravilhoso de realizar<br />

sonhos. Amo! Tenho facilidade de lidar com as pessoas, o que é essencial para<br />

o meu trabalho de locação e eventos. Acredito que isso foi mais uma consequência<br />

da minha função de secretária. São coisas que você vai aprendendo com o tempo.<br />

Foi muito bom o meu tempo FINAME/BNDES. Sinto saudades dos amigos que eu<br />

deixei, da convivência, da camaradagem. Eu saí em 31 de março de 2008 e no dia 1º<br />

de abril eu estava iniciando a minha empresa. Se tivesse que repetir toda a jornada,<br />

eu repetiria, talvez, com algumas pequenas e sutis mudanças.<br />

Angela Cristina relembra dois fatos marcantes que aconteceram nos tempos do<br />

Banco e que ficaram em sua memória.


Foram 25 anos na FINAME e outros sete no Banco.<br />

Eu adoro a FINAME. Levo tudo de bom da FINAME.<br />

Não posso dizer que foram 25 anos em que eu fui<br />

100% feliz profissionalmente, mas fui 90% feliz,<br />

então meu saldo é superpositivo.<br />

O primeiro fato foi a morte de um colega, que aconteceu em uma segunda-feira. Eu<br />

tinha alguns meses de FINAME e nunca havia tido a experiência da perda. Atendi<br />

o telefone e a moça falou: “Aqui quem está falando é a irmã do Sergio. Só para<br />

comunicar que ele morreu ontem”. Ele era um amigo muito divertido. Ela falou isso,<br />

eu larguei o telefone e comecei a chorar. Veio uma amiga, Maria Emília, perguntou o<br />

que foi e, quando pegou telefone, gritou. O susto foi grande, ele era um garoto forte;<br />

saiu sexta-feira sorridente e morreu no domingo jogando bola, caiu no campo. Foi<br />

um momento muito triste. A lembrança dele sorrindo nunca saiu da minha mente. O<br />

segundo fato, que, na verdade, não chega a ser um fato, era o que nós considerávamos<br />

a hora da descontração, das boas gargalhadas: todas as quintas-feiras, no final<br />

do expediente, nós nos reuníamos para bater papo, colocar as fofocas do Banco em<br />

dia e tomar o famoso “chá”, que na verdade era um uísque. Esses bons momentos<br />

são o que se leva de recordação para a vida.<br />

75<br />

Angela Cristina fala do seu sentimento com relação à FINAME e ao Banco nos 32<br />

anos passados como secretária.<br />

Foram 25 anos na FINAME e outros sete no Banco. Eu adoro a FINAME. Levo tudo<br />

de bom da FINAME. Não posso dizer que foram 25 anos em que eu fui 100% feliz<br />

profissionalmente, mas fui 90% feliz, então meu saldo é superpositivo. Mas os sete<br />

anos dentro do BNDES foram 100% felizes.


Marcos da Costa Guaranho<br />

O administrador Marcos iniciou sua trajetória na FINAME em 10 de dezembro de<br />

1976, época em que o Brasil estava saindo de uma crise e precisava desenvolver o<br />

setor industrial.<br />

Por meio de uma prova interna, Marcos entrou na FINAME com a seguinte proposta:<br />

iniciar como auxiliar de escriturário e, após 90 dias, ser admitido como escriturário.<br />

76<br />

E depois disso não havia mais perspectiva de ascensão na empresa. O objetivo era<br />

aprender o serviço e depois sair para trabalhar em algum agente financeiro que<br />

precisasse dos conhecimentos que você tinha daqui para viabilizar os projetos das<br />

empresas para o crescimento, já sabendo o que devia fazer. Então, entrei para ficar<br />

seis meses.<br />

Devido à própria situação do país, que já previa um boom de desenvolvimento, mudou-se<br />

a maneira de ver esse formato e passou-se a dar novas oportunidades para<br />

as pessoas que já trabalhavam na FINAME, visando não perder os profissionais que<br />

já possuíam o conhecimento. Com isso, veio o plano de carreira e Marcos passou a<br />

ter outras funções.


A partir de 1978, foram-se criando as funções. Eles precisavam de alguém que tomasse<br />

a responsabilidade, mas com remuneração. Mas era, na maioria do tempo,<br />

muito informal. O time da FINAME sempre foi muito informal.<br />

Marcos destacou a importância da FINAME na formação dos profissionais:<br />

Todo o pessoal da FINAME que foi para o Banco tem algum cargo de confiança hoje<br />

em dia – ou já teve ou se aposentou – devido ao destaque. Porque se aprendia a<br />

fazer de tudo.<br />

77<br />

E nós fomos reconhecidos rapidamente. Também tivemos a oportunidade de ver<br />

pessoas entrarem aqui com 14 anos como contínuo. E você os vê hoje como coordenadores...<br />

Para você ver como a empresa deu bastante fruto.<br />

Eu pulei, cheguei ao final do plano de carreira de nível médio e, depois, eles reconheceram<br />

e pulei para cargo de nível superior. E eu já corri todo o nível superior.<br />

Hoje, Marcos trabalha no Departamento de Acompanhamentos de Operações, que<br />

possui seis gerências, cada uma com cinco pessoas que percorrem o Brasil para<br />

verificar as operações indiretas que o Banco fez.


Por exemplo, se você comprou um trator, a gente vai lá ver se o trator está lá, se<br />

batem as informações que o agente financeiro manda pela internet como o número<br />

de série, para ver se não foi vendido, ver se o dinheiro foi corretamente usado, em<br />

caso de projeto.<br />

78<br />

Marcos contou ainda que as viagens que faz em seu trabalho são motivo de grande<br />

alegria.<br />

Eu passei 25 anos, antes de chegar nessa área, liberando os financiamentos, via<br />

nota fiscal. Eu tinha muita curiosidade de saber como eram os equipamentos.<br />

Então, para mim, não é trabalho. Tanto é que eu não me aposentei, abri mão do plano<br />

de demissão voluntária (PDV) e tudo porque para mim é prazeroso. É a realização<br />

de um sonho conseguir ver na prática tudo o que eu vi durante 25 anos só no papel.<br />

Eu não me aposentei, abri mão do plano de<br />

demissão voluntária (PDV) e tudo porque para<br />

mim é prazeroso. É a realização de um sonho<br />

conseguir ver na prática tudo o que eu vi<br />

durante 25 anos só no papel.<br />

O piloto fala “Senhores passageiros, vamos<br />

nos preparar para a aterrisagem” e você<br />

olha para o lado e só tem verde. Dali a<br />

pouco apareceu a cidade.<br />

Há 16 anos nessa função, viajando pelo Brasil, Marcos tem muitas histórias para contar.<br />

A gente foi em Oriximiná, Porto Trombetas. Quarenta minutos de avião de Belém,<br />

descendo no meio da selva. O piloto fala “Senhores passageiros, vamos nos preparar<br />

para a aterrisagem” e você olha para o lado e só tem verde. Dali a pouco apareceu<br />

a cidade. A gente foi lá ver uns equipamentos. Quando é que eu vou lá com o


meu dinheiro? Nunca. Ali é realmente no meio da selva mesmo, não tem nada. Tem<br />

aqueles equipamentos enormes, que vão avançando e reflorestando. É para tirar<br />

bauxita. Já estava 50 km para dentro. E, para aqueles caminhões, o chão tem que<br />

estar sempre bem amassadinho, bem compactado, porque, como carregam até 250<br />

toneladas, qualquer pedrinha e o pneu vai embora. Cada caminhão daquele tem seis<br />

ou oito pneus e são caríssimos.<br />

Em geral, essas viagens têm duração de cinco dias, mas já ocorreu de Marcos ficar<br />

15 dias no local. Foi na época da privatização dos serviços de comunicação.<br />

79<br />

Petrolina-PE, 2007.<br />

Eram os equipamentos do celular, que a gente chama de Estação Rádio Base (ERB).<br />

Tinha torre, baterias, rádios transmissores e a gente tinha que ir lá ver se eram<br />

nacionais, porque tem um índice mínimo de nacionalização. Ali realmente foi muito<br />

marcante, foi muito legal conhecer. Estávamos no Macapá. Nós e os engenheiros<br />

abríamos os equipamentos para conferir, como é feito hoje. Aí veio um grupo de uns<br />

caras protestando e procuraram a gente. Eu estava na frente com outro companheiro,<br />

aí veio uma senhora reclamando que na casa dela tinham parado micro-ondas,<br />

televisão, tudo, porque tinha a torre do lado. Eu falei: “Um momentinho que eu vou<br />

chamar aqui o engenheiro da operadora”. O cara veio e perguntou qual o problema.<br />

Ele falou assim: “Eu nem liguei a torre, imagina quando eu ligar”. (risos)<br />

Histórias não faltam e proporcionam um enriquecimento cultural e humano, como<br />

esta história que ocorreu no interior do Ceará.


80<br />

Eu, que andei muito no interior, tive uma lição no interior do Ceará, que é quente<br />

demais. Eu fui ver um supermercado e ele estava até migrando para o interior,<br />

em Crateús. Os carros lá andavam com bujão de gás de cozinha, autorizado pelo<br />

Detran. E estou falando dos anos 2000. Aí, a senhora me mostrou o material todo<br />

de pintura, todo pago, quer dizer, ela adquiriu e estava chegando ao vencimento.<br />

Isso foi muito marcante na minha vida. Tinha desabado o teto do supermercado na<br />

véspera de inaugurar. Aí, eu falei para ela: “A senhora deve estar triste, é difícil”. E<br />

ela disse: “Vê se eu vou me deixar abater por causa do telhado”. A gente tira umas<br />

lições. De vez em quando eu me lembro dessa senhora. Isso era a vida toda, porque<br />

ela vendeu as coisas, fez um empréstimo, no caso, no Banco da área dela para fazer<br />

esse investimento, e entrou na justiça porque era erro de engenharia, mas ainda<br />

estava satisfeita que não tinha matado ninguém nem nada.<br />

Houve também casos pitorescos, em que o “jogo de cintura” foi fundamental.<br />

Teve uma vez, no Rio Grande do Norte, que o cara recebeu a gente com duas espingardas<br />

atrás dele. Aí eu mandei: “Isso aí é 16 ou 18 mm?”. Dei um chute: “É que eu<br />

atirava muito”. Se o cara desse na minha mão. Eu não saberia nem como usar. Aí o<br />

cara disse: “Ah, estava aqui, eu nem vi”. (risos)<br />

Hoje em dia somos mais bem recebidos; aquela turma dos coronéis já caiu bastante.<br />

Às vezes eles estão por trás e não querem nos receber, aí temos que jogar mais duro,<br />

mas é raro. Contam os mais antigos, que, certa vez, o engenheiro foi levado ao alto<br />

de um morro e lá o capataz perguntou: “Você está vendo?”, e ele disse “Não”. “Ah,<br />

Não pode ter mão de ferro. Temos que nos colocar<br />

no lugar do outro. Se não, para que o “S” do<br />

BNDES? É isso que falta na nova geração: roxo<br />

é roxo, lilás é lilás... não pode ser assim. E está<br />

faltando no país as pessoas entenderem um pouco<br />

o problema das outras.


então vê ali de cima”, disse já apontando uma arma. “Você está vendo o galpão<br />

lá?”. Aí o amigo respondeu: “Ah, agora estou!”. “Então vamos almoçar!”<br />

Na visão de Marcos, o S do BNDES deve sempre ser lembrado, caso contrário não se<br />

está atingindo o objetivo primordial dos financiamentos.<br />

Não pode ter mão de ferro. Temos que nos colocar no lugar do outro. Se não, para<br />

que o “S” do BNDES? É isso que falta na nova geração: roxo é roxo, lilás é lilás...<br />

não pode ser assim. E está faltando no país as pessoas entenderem um pouco o<br />

problema das outras.<br />

81<br />

São 40 anos de trabalho, passando da máquina de escrever para a máquina com<br />

esfera da IBM até chegar ao primeiro computador IBM, no qual “a gente deixava de<br />

almoçar para jogar forca”, contou Marcos.<br />

São 40 anos de trabalho, passando da<br />

máquina de escrever para a máquina com<br />

esfera da IBM até chegar ao primeiro<br />

computador IBM, no qual “a gente deixava<br />

de almoçar para jogar forca”.<br />

Em suas palavras e histórias, o administrador Marcos demonstra sua alegria de<br />

trabalhar.<br />

Olha, eu venho alegre. É até dificil de distinguir a minha casa do trabalho. Às vezes,<br />

eu, que sou muito brincalhão, falo: “Olha, peço desculpas porque eu estou em casa,<br />

eu estou aqui, mas eu estou muito à vontade”.


Edson Luiz Moret de<br />

Carvalho<br />

Edson é economista e entrou para a FINAME em 1976, 10 anos depois da criação da<br />

empresa, contratado para trabalhar na Assessoria de Planejamento. Cursava mestrado<br />

em Economia na Fundação Getúlio Vargas e, junto com mais cinco alunos, foi<br />

convidado para fazer uma entrevista e ficou.<br />

82<br />

Eu fazia estudos variados, econométricos, previsão de longo prazo, desembolsos,<br />

financiamentos. Uma parte do pessoal cuidava do orçamento. Nossa atividade era<br />

assessorar a parte financeira, os cálculos, quando se lançava um programa, um<br />

produto novo. Nós usávamos mais microeconomia, porque macroeconomia é mais<br />

usada no Banco Central. Fazíamos estudos, previsão, planejamento do produto a ser<br />

lançado. Dávamos algum parecer para saber a efetividade daquele produto; no caso,<br />

eram mais programas para incentivar determinados segmentos da economia, como,<br />

por exemplo, um programa de incentivo à micro, pequena e média empresa. Incentivar<br />

determinado setor da economia, como a siderurgia. Cuidar da parte orçamentária<br />

e previsão de recursos. Tínhamos um programa destinado a grandes empresas,<br />

grandes projetos, como a implantação de Itaipu. Nós avaliávamos a necessidade de<br />

recursos, o desempenho da empresa, o que ela pedia, o que poderia acontecer. Naquela<br />

época, o governo militar constituía várias empresas estatais, como Usiminas,


83


CSN, Cosipa, Furnas, empresas que nos mandavam as previsões; essa era uma das<br />

atividades, o que as empresas iam efetivamente precisar. Também fazíamos estudos<br />

de financiamentos menores, nos quais havia uma previsão econométrica. A partir<br />

daí era pedido algum tipo de trabalho nesse sentido.<br />

84<br />

Edson lembra os tempos da Candelária, a mudança de prédio, a fusão FINAME-BNDES<br />

e o que mudou em sua vida profissional até hoje.<br />

Quando eu entrei, em 1976, ainda era na Candelária, no décimo segundo andar.<br />

Todo mundo que tinha nível superior – podia ser engenheiro, economista, contador,<br />

administrador – era chamado de assessor técnico. Em 1982 eu passei a ser chefe<br />

da Assessoria, ligado diretamente ao diretor executivo. Fui fazendo outras coisas,<br />

pesquisa conjuntural, mudando e criando outras atividades. Mas em síntese era<br />

tudo mais ou menos parecido. Fui transferido para o prédio novo antes da fusão.<br />

Em 1992, na época da fusão, o pessoal ficou apreensivo. A FINAME, que era constituída<br />

de departamentos e três diretorias, viraria uma área do Banco. O pessoal<br />

estava cabisbaixo e eu falei para eles: “Olha, nós não somos piores nem melhores,<br />

nós somos diferentes”. A nossa operação era completamente diferente da operação<br />

do Banco. O Banco faz operação direta, análise de projeto. Nós nunca fizemos<br />

análise de projeto, a FINAME faz financiamentos de equipamentos caso a caso.<br />

Quem criou esse sistema foi o Roberto Campos e trouxe essa ideia para o Banco,<br />

a ideia da FINAME. O Banco operava com infraestrutura, grandes projetos e essa<br />

ideia causou muita estranheza. De repente o Roberto chega e diz: “Vamos financiar,<br />

Em 1992, na época da fusão, o pessoal ficou<br />

apreensivo. A FINAME, que era constituída de<br />

departamentos e três diretorias, viraria uma<br />

área do Banco. O pessoal estava cabisbaixo e<br />

eu falei para eles: “Olha, nós não somos piores<br />

nem melhores, nós somos diferentes”.<br />

E tem também um produto novo, do<br />

qual eu fui o idealizador, o BNDES<br />

Soluções Tecnológicas, uma inovação. Ele<br />

financia usinagem em alta velocidade,<br />

nanotecnologia, tudo o que você possa<br />

imaginar de tecnologia.


isoladamente, equipamentos”. Parecia coisa menor do que financiar projetos, mas<br />

era uma grande sacada. O sistema que ele pensou usava os agentes financeiros de<br />

todo o país, todos os bancos comerciais e os bancos de desenvolvimento para fazer<br />

a operação e mandar para o BNDES. Eram os tentáculos que você tinha em todo o<br />

país. Imagina! Na ocasião não havia internet. A comunicação era por malote, telex.<br />

Era um monte de papel. Então ele teve essa sacada. O pessoal do Banco falou:<br />

“Não, não queremos isso aqui”, e o Roberto Campos retrucou: “Bom, se vocês não<br />

querem, vou levar isso para o Banco do Brasil”. Aí ficou: “Não, Banco do Brasil não!<br />

Fica aqui”. E o pessoal do Banco foi entendendo como a gente trabalhava. Hoje eu<br />

sou chefe do Departamento de Suporte e Controle Operacional (DESCO), que é bem<br />

mais variado. Tem o cartão BNDES e tem o BNDES Automático. E tem também um<br />

produto novo, do qual eu fui o idealizador, o BNDES Soluções Tecnológicas, uma<br />

inovação. Ele financia usinagem em alta velocidade, nanotecnologia, tudo o que<br />

você possa imaginar de tecnologia. Para você financiar um equipamento, precisa<br />

de um código. Esse código é levado ao agente financeiro, que, pela internet, pede<br />

o financiamento para nós, que o aprovamos ou não. É um produto completamente<br />

diferente, porque apenas tecnologia está sendo financiada. O site é www.bndes.<br />

gov.br/solucoestecnologicas. Isso foi um negócio que eu criei, mas eu tenho outras<br />

atividades, gerências diferentes. Uma delas se chama Inteligência de Negócios, na<br />

qual se estudam os impactos de um produto, de um programa em um determinado<br />

setor; faz-se estudo sobre competitividade no setor de máquinas e equipamentos,<br />

as previsões econométricas. Tem outra que cuida do curto prazo, que é toda a informação<br />

do que vai acontecer no próximo mês em termos de financiamento. Outra<br />

gerência cuida de dados estatísticos, faz pesquisa de conjuntura. Tem a Reclamações<br />

dos Clientes, que cuida mais do cliente, recebe informações, solicitações da ouvidoria<br />

Eu não sou operacional, mas agora virei.<br />

85


Edson descreve um fato que, na época da fusão, ficou marcado em sua vida profissional<br />

nesses anos de FINAME.<br />

86<br />

Na época da fusão nós perdemos muitas atividades da empresa, toda a parte financeira,<br />

a de gerir os recursos. A parte do pessoal também, que se chamava Departamento<br />

Pessoal e hoje é RH, e a parte de Serviços Gerais. Tudo isso acabou e foi<br />

passado para a administração do Banco. Ficamos só com a parte operacional. Eu me<br />

lembro de uma reunião, quando o ex-presidente Collor assumiu, em que ele mandou<br />

demitir uma parte do quadro de todas as empresas, e nós tivemos que demitir<br />

alguns colegas. Tivemos que escolher quem demitir, foi um negócio meio pesado. Eu<br />

me lembro de dois rapazes, um já faleceu e o outro se aposentou há pouco tempo.<br />

Um deles, muito preocupado, entrou na minha sala e me perguntou sobre seu caso.<br />

Eu falei: “Fica tranquilo que não vai acontecer nada contigo”. Depois entrou o outro,<br />

um rapazinho que cuidava da xerox, morava na Rocinha, perguntou a mesma coisa<br />

e eu falei: “Não está acontecendo nada contigo, fica tranquilo. Logo em seguida,<br />

em uma outra reunião, estavam discutindo sobre um funcionário meu, que eu botei<br />

para demitir. O cara não trabalhava, era filho de um diretor nosso. Falei: “É esse aí!”.<br />

A diretoria resolveu trocar o rapaz que eu estava demitindo pelo outro, humilde. Eu<br />

fiquei tão nervoso, que dei um murro na mesa. “Vocês não o vão demitir!”. E eles<br />

não demitiram o rapaz porque sabiam que eu estava com a razão. Eu fiquei pau da<br />

vida com aquele negócio. Ninguém teve coragem de falar que eu estava errado. Eu<br />

não fiquei com raiva deles não, mas achei que tinham cometido um erro naquele<br />

momento. Um erro que qualquer pessoa comete.


Edson, hoje como chefe de departamento, ainda guarda novos projetos.<br />

Eu estou com um projeto novo, que chamei de BNDES Digital, no qual o cliente entra<br />

direto na internet por meio do agente financeiro. Ele faz um leilão das operações e<br />

o agente dá as condições melhores. E espero que daqui a alguns meses consigamos<br />

tocá-lo. Tem um outro programa que eu criei, que se chama de Mais BNDES, que<br />

eu fiz para o Banco como um todo. Porque antes, quando o cliente visitava o site<br />

para saber o que o Banco tinha para financiar, não sabia onde encontrar. Aí eu criei<br />

um negócio em que se vão colocando os dados, clicando e se chega ao produto,<br />

àquele financiamento desejado, bem facilzinho. Estou trabalhando há 40 anos aqui.<br />

Estou aposentado há pouco tempo, 7 anos, e não quero parar. Só vou parar quando<br />

eu parar de pensar, e o meu cérebro se recusa a parar de pensar. Tem mais tempo<br />

ainda, uns 9 anos pelo menos. Na verdade, quando eu acabo de fazer um trabalho,<br />

eu invento um negócio, penso que acabou, mas aparece outro.<br />

87<br />

Eu estou com um projeto novo, que chamei de<br />

BNDES Digital, no qual o cliente entra direto na<br />

internet por meio do agente financeiro. Ele faz um<br />

leilão das operações e o agente dá as condições<br />

melhores. E espero que daqui a alguns meses consigamos<br />

tocá-lo.<br />

No coração de Edson, o que representa a FINAME em sua vida nesses 40 anos?<br />

A FINAME foi a minha porta de entrada. Antigamente eu nem dizia que trabalhava<br />

no BNDES, dizia que trabalhava na FINAME. O meu DNA é FINAME. É FINAME<br />

na veia.


Orvinda Alves Barroso<br />

Em novembro de 1977, para integrar o Departamento Financeiro da FINAME, Orvinda<br />

realizou um concurso interno e, depois, foi submetida a uma bateria de testes de<br />

aptidão e psicotécnico por uma empresa de recrutamento e seleção.<br />

88<br />

Apesar de enfrentar certa resistência numa área tradicionalmente masculina, Orvinda<br />

se tornou a primeira mulher a trabalhar na área de contabilidade, assumindo, ao<br />

longo do tempo diversas funções.<br />

Minha função era uma espécie de assessora do chefe, talvez que devido ao fato de<br />

ter experiência na área fiscal. Eu iniciei fazendo o imposto de renda da FINAME e<br />

assessorando meu chefe na conferência de relatórios gerenciais.<br />

Entre as atribuições de Orvinda estava a realização das Demonstrações Contábeis<br />

Aplicadas ao Setor Público e a instrução do processo de prestação de contas anual<br />

da Administração aos Órgãos de Controle. Com a aposentadoria de seu chefe, Orvinda<br />

assumiu a gerência de Contabilidade, função exercida até 1990. Com a fusão das<br />

áreas-meio pelo BNDES, a FINAME, hoje, aparece como Área de Operações Indiretas<br />

do Sistema BNDES. Na época em que houve a fusão o país passava por grandes<br />

transformações, vivia-se numa turbulência – mudança de governo, congelamento de


preços, confisco de poupança etc., e, no meio dessa turbulência, Orvinda foi cedida<br />

ao BNDES para ocupar uma das gerências do Departamento de Contabilidade. Ela<br />

se viu diante de uma situação ímpar – desmontar a estrutura física da contabilidade<br />

da FINAME e migrar seus arquivos em mídia para o Sistema Contábil e o físico para<br />

o Arquivo Central do BNDES.<br />

Foram períodos difíceis. Eu, que até então controlava a contabilidade da FINAME,<br />

passei a controlar parte da contabilidade do Sistema BNDES, tendo sob minha supervisão<br />

pessoas que sequer conhecia.<br />

89<br />

Orvinda decidiu abandonar a área financeira em 1993, quando deixou de ser gerente<br />

e se transferiu para área de administração para assumir a Coordenação de<br />

Compras e Contratos Administrativos, onde também exerceu diversas funções, entre<br />

as quais a de leiloeira de bens não operacionais, encerrando sua carreira em agosto<br />

de 2009. Hoje, aposentada da FINAME, Orvinda mostra-se orgulhosa de ter feito<br />

parte da história da empresa e conta o que ficou em sua memória afetiva.<br />

A FINAME me ensinou acreditar no futuro. É muito bom crescer com as pessoas, com<br />

as empresas e com o país. É gratificante lembrar que se contribuiu para o desenvolvimento<br />

econômico. Resumindo, a FINAME foi minha vida, porque fiz parte de seu<br />

quadro de funcionários dos 23 aos 55 anos – namorei, casei, divorciei e ainda virei<br />

avó. (risos) Fiz amigos. Amo a FINAME.


A FINAME na mídia ao<br />

longo do tempo<br />

Década de 1960<br />

90<br />

Fonte: O Globo, Matutina, Geral, 12 de agosto de 1966, p. 14.


Fonte: O Globo, Matutina, Geral, 24 de novembro de 1966, p. 14.<br />

91


92<br />

Fonte: O Globo, Economia, 15 de fevereiro de 1968, p. 4.


Fonte: O Globo, Matutina, Economia, 15 de fevereiro de 1968, p. 10.<br />

93


Década de 1970<br />

94<br />

Fonte: O Globo, Matutina, Economia, 13 de novembro de 1975, p. 21.


Década de 1980<br />

95<br />

Fonte: O Globo, Matutina, Economia, 2 de junho de 1981, p. 15.


Ada Maria Torres di Stasio<br />

Em 1978, Ada trabalhava em uma agência de empregos quando soube da vaga de<br />

telefonista na FINAME. Sendo incentivada pelo próprio chefe a participar do processo<br />

seletivo, fez sua inscrição para o processo seletivo.<br />

96<br />

No final do dia nós fazíamos a seleção de pedidos de pessoas para outras empresas.<br />

Eu levei ao meu chefe e falei: “Tem uma empresa, chamada FINAME, que está<br />

pedindo telefonista. Eu já fiz a separação do cadastro das que temos aqui e quero<br />

saber do senhor se é para mandar”. Ele falou: “Não manda ninguém não, vai você.<br />

É meio período, dá para você trabalhar lá e aqui. E lá é uma empresa muito boa,<br />

acho que você merece tentar”.<br />

Quando chegou à FINAME, Ada ficou impressionada com a beleza do prédio, naquela<br />

época ainda situado na Candelária. Concorreu com mais quatro pessoas e,<br />

por fim, foi a escolhida.<br />

Quando cheguei, me assustei, porque era um prédio lindo. Eu achava que não estava<br />

vestida a caráter, mas fui. Nas seleções, nós fizemos provas de português, matemática<br />

e experiência disso e daquilo. Eu lembro que um diretor nos chamou na<br />

sala (éramos quatro ou cinco) e falou: “Eu não quero cometer nenhuma injustiça.


97


Todo mundo passou, todo mundo fez uma boa redação e tudo mais, mas eu vou<br />

escolher quem tem realmente uma carteira assinada na função de telefonista com<br />

experiência”. Ninguém tinha, só eu. Aí, eu fui escolhida.<br />

98<br />

Em novembro de 1982, a FINAME mudou para o prédio do BNDES e a função de<br />

telefonista foi extinta. Ada, assim como as outras telefonistas, tornou-se recepcionista<br />

e, como não ficou satisfeita com a nova função, realizou uma prova interna para<br />

auxiliar administrativo<br />

Quando viemos para esse prédio, acabou a função de telefonista porque o BNDES já<br />

tinha muitas telefonistas. Não precisava de mais. Então nos colocaram como recepcionistas.<br />

Eu não gostei, pois não tinha quase nada para fazer. Antes tudo passava<br />

por nós, os telefones não davam linha para a rua. Eu comecei a estudar e, quando<br />

teve prova interna, fiz e passei para auxiliar administrativo. Fui trabalhar em um<br />

departamento de operações, com uma chefe super-rigorosa, onde analisávamos as<br />

propostas de abertura de crédito (PACs). Eu me lembro de que era tudo manual,<br />

fazíamos aqueles cálculos enormes na máquina. Tanto que hoje eu sou excelente<br />

em matemática.<br />

Eu comecei a estudar e, quando teve prova<br />

interna, fiz e passei para auxiliar administrativo.<br />

Fui trabalhar em um departamento de operações.<br />

Eu me lembro de que era tudo manual,fazíamos<br />

aqueles cálculos enormes na máquina.<br />

Sempre em busca de realização profissional, Ada continuou crescendo na empresa.


Dali eu comecei a querer fazer uma coisa diferente. Como eu sempre gostei de falar<br />

muito, gosto muito de gente, uma chefe de outro departamento me convidou para<br />

ir para o Departamento Pessoal trabalhar com ela. E foi lá que eu me realizei. Fazia<br />

várias coisas, como vale-transporte. E tudo também era na mão, mas eu lembro que<br />

lá, quase em 1990, nós passamos a ganhar um terminalzinho de computador, que<br />

era só a parte de cima, sem a torre, só o visor.<br />

Como eu sempre gostei de falar muito, gosto muito<br />

de gente, uma chefe de outro departamento me<br />

convidou para ir para o Departamento Pessoal<br />

trabalhar com ela. E foi lá que eu me realizei.<br />

Ada trabalhava no Departamento Pessoal da FINAME quando houve a fusão com<br />

o BNDES e a reestruturação das áreas e dos cargos, em 1990. Como desafio profissional,<br />

ela aceitou o convite de uma pessoa, que era da FINAME mas estava cedida<br />

para o BNDES, de ir para uma superintendência com nove departamentos.<br />

99<br />

Quando houve a fusão, eu fui para o Departamento Pessoal do Banco, mas só que<br />

eu não fiquei fazendo esse mesmo serviço. Primeiro, teve a Coordenadoria de Atendimento,<br />

onde eu dava atendimento, informava salário etc. Não tinha computador,<br />

então eu é que dava essas informações. Depois fui trabalhar em outro lugar, que era<br />

de atualização de carteira de trabalho e, mais tarde, fui para Cargos e Salários. Eu<br />

fiquei assim pulando até que essa pessoa, que era uma Diretora, me levou para a<br />

área operacional para ser secretária dela... E aí tudo mudou. Voltei a ser secretária<br />

de superintendente. Fiquei com ela até ela se aposentar em 2000. Quando ela se<br />

aposentou, choveu convite para a Diretoria. E eu fui.


Hoje, nostálgica, Ada lembra que quase desistiu de fazer a prova para entrar na<br />

FINAME.<br />

Quase que eu voltei. Quando cheguei à porta do prédio da Candelária, número 60,<br />

eu pensei: “Nem tenho roupa adequada para entrar nisso aqui”. Todo mundo arrumadinho,<br />

bonitinho. Eu feinha. Falei: “Ah, o que vale é por dentro. Estou nem aí”.<br />

Fiz as provas, entreguei e fui embora. Aí, ligaram para minha mãe pedindo que eu<br />

viesse aqui. Minha mãe falou: “Você é a escolhida”. E eu perguntei: “Como é que a<br />

senhora sabe?”. E ela: “Ninguém vai chamar uma pessoa se não for”.<br />

100<br />

Ada considera a FINAME uma família e fez grandes amizades na empresa.<br />

Eu só fiz boas amizades. Você começa junto, vê as pessoas com 18, 19 anos, convive<br />

durante muito tempo. No geral, só tenho a agradecer a Deus por esse trabalho que<br />

consegui e pelas pessoas com as quais fiz de amizade.


Ana Maria Monerat<br />

Miranda<br />

Ana Maria chegou à FINAME por meio de um anúncio de jornal, prestando teste<br />

para digitadora, depois de ter passado por empresas como Esso Brasileira de Petróleo,<br />

Banco Boa Vista e Ministério da Guerra.<br />

Isso foi em 1979. No teste eu só cometi um erro. Três dias depois recebi um telegrama<br />

dizendo que eu já estava no quadro da FINAME. Entrei como digitadora no departamento<br />

onde ficavam os computadores. Eu fazia o serviço todo da FINAME e do BNDES.<br />

E como só lidava com números, foi um pouco difícil para mim no início. Mas acho que<br />

eu me saí bem e, em 1980, fui efetivada no cargo. Naquela época era tudo interligado<br />

e, por exemplo, se faltava uma secretária na ala de Diretoria, diziam: “Ah, vai a Monnerat”.<br />

Ou então: “Aqui na área de crédito está faltando uma funcionária. Vem aqui nos<br />

ajudar”. “Ah, está faltando gente aqui. Manda a Monnerat”. Era o tapa-buraco, era<br />

a rolha. Tapava o buraco de todo o mundo. (risos) Com isso você começa a conhecer<br />

mais um pouquinho da empresa, quais são os problemas que existem etc.<br />

101<br />

Ana Maria diz que, graças à ajuda da FINAME, realizou o sonho de ter um filho, que<br />

lhe deu um neto “lindo e maravilhoso”. Hoje está aposentada, depois de 25 anos<br />

de FINAME, e diz que passou por vários departamentos.


Fui secretária de departamento, mas continuava tapando os buracos das meninas.<br />

Elas saíam de férias e perguntavam: “Aninha, você quer ganhar um dinheirinho<br />

extra?” E eu ia. Trabalhei também na área de avaliação de propostas, onde analisávamos<br />

se o CPF do cara combinava, se os juros estavam certos... mas eu gostava<br />

mais de ficar sassaricando pelo Banco. Tanto que depois da fusão eu fui convidada<br />

para trabalhar no Banco.<br />

102<br />

Durante algum tempo Ana Maria foi transferida para Belém do Pará e narra um<br />

pouco de sua permanência naquele estado.<br />

Teve uma época em que estava faltando secretária em Belém do Pará. O diretor<br />

daqui do Banco perguntou: “Você quer ir para lá, Aninha?”. Curiosa, fui e gostei.<br />

Não levei a família porque eu não sabia o que ia encontrar lá. Mas foi muito bom.<br />

Isso tudo, eu acho, nos faz crescer. Foi uma experiência. Sofri bastante no início,<br />

porque mulher sozinha... No Pará, pelo menos naquela época, mulher sozinha era<br />

prostituta ou estava querendo pegar marido de alguém. Por exemplo, eu ia aos restaurantes<br />

almoçar e saía de lá com fome, porque ninguém me atendia. Eu almoçava<br />

mais sorvete. Açaí com batata frita, açaí com peixe, aquele camarão seco, que é uma<br />

delícia também. Fui a quase 100 quilos de gordura e de gostosura para os lados.<br />

Porém trabalhar lá era bom, eu não usava tanto a digitação como quando eu entrei.<br />

O lugar ficava no centro da cidade. Na beira do rio tinha o cais do porto, que eles<br />

transformaram em restaurantes. É muito gostoso, muito delicioso. Há também as


Praias de Salinas, que você anda quase dois dias de barco. Depois de 11 meses, o<br />

serviço acabou, mas ficou a saudade dos amigos que deixei.<br />

Fui então convidada a ir para a área de crédito<br />

e secretariar o departamento. Depois, trabalhei<br />

aqui no Banco com um chefe que não me queria<br />

como secretária e eu estava doida para sair de<br />

lá mesmo. Voltei então para a área de análises<br />

e, desanimada, falei: “Vou me aposentar. Já<br />

não estou aguentando mais ficar aqui...” E me<br />

responderam: “Não vai não, Aninha, fica aí, na<br />

FINAME”. Isso era tudo o que eu queria.<br />

Quando eu entrei aqui, disseram:<br />

“Aplica o teste na moça”. Aí me deram<br />

aquelas caixas de cartões, com 1.500<br />

cartões cada. Foi nesse teste que eu<br />

tive um erro só.<br />

Na volta ao Rio de Janeiro, Ana Maria resolveu que, depois de trabalhar como digitadora<br />

para a Esso, para o Banco Boa Vista e para o Ministério da Guerra, não queria<br />

mais trabalhar na mesma função.<br />

Fui então convidada a ir para a área de crédito e secretariar o departamento. Depois,<br />

trabalhei aqui no Banco com um chefe que não me queria como secretária e eu estava<br />

doida para sair de lá mesmo. Voltei então para a área de análises e, desanimada,<br />

falei: “Vou me aposentar. Já não estou aguentando mais ficar aqui...” E me responderam:<br />

“Não vai não, Aninha, fica aí, na FINAME”. Isso era tudo o que eu queria. Eu<br />

amo a FINAME. A turma da FINAME é outra gente, é outro espírito. É muito bom, é<br />

muito gostoso. De tudo isso tirei uma lição muito grande.<br />

Ana Maria lembra, com bom humor, alguns episódios marcantes que aconteceram<br />

com ela em sua chegada à FINAME.<br />

103<br />

Quando eu entrei aqui, disseram: “Aplica o teste na moça”. Eu respondi: “Obrigada<br />

pelo moça”. Aí me deram aquelas caixas de cartões, com 1.500 cartões<br />

cada. Foi nesse teste que eu tive um erro só. E quem me aplicou o teste é que


errou, não fui eu. Era máquina 129, elétrica, da IBM, e ele ficava na 059, que<br />

era só para conferência.<br />

104<br />

Daí eu fiz um programa para mim e ele perguntou o que eu estava fazendo. Expliquei<br />

que estava fazendo o meu programa: pegando o que é letra e o que é número<br />

para poder desenvolver meu trabalho. Ele pediu para eu fazer um para ele também.<br />

Eu fiz e ele: “Olha, você é uma fera”. Conclusão: tinha um armário de duas portas<br />

cheio e eu fiz todo o armário... Aí eu falei: “Isso aqui não vale, não. Esse teste seu<br />

está muito puxado. Eu fiz o armário todo e o que eu vou fazer no dia seguinte?”<br />

Então ele respondeu: “Pode parar, quem já está cansado sou eu. Você já passou e,<br />

por mim, você já está empregada”.<br />

Havia também outro senhor, muito engraçado, que falava assim: “Aninha, eu vou<br />

te ajudar”. Ele sentava e fazia uma letra só. Eu dizia: “Eu faço um programa para<br />

você. Você quer? Isso você tira de letra, você vai rapidinho”. E ele: “Não, espera aí,<br />

me deixa ver aqui”. Ele catava milho... Ele já estava cansado também. Ele falava<br />

assim: “Você é demais, você não existe”. Eu falava: “Pois é, eu não existo, mas<br />

vocês existem e ficam em cima de mim. Agora vamos ver quem rende mais, se sou<br />

eu ou você”. Ele disse: “Então me deixe sentar aí”. Eu disse: “Aqui você não vai<br />

sentar não. Quem senta aqui sou eu, você senta na outra”. Três dias depois recebi<br />

o telegrama de admissão.<br />

Daí eu fiz um programa para mim e ele perguntou<br />

o que eu estava fazendo. Expliquei que estava fazendo<br />

o meu programa: pegando o que é letra e o<br />

que é número para poder desenvolver meu trabalho.<br />

Ele pediu para eu fazer um para ele também.<br />

Eu fiz e ele: “Olha, você é uma fera”.<br />

Ana Maria conta um pouco de sua vida e o que a FINAME significa hoje para ela<br />

afetivamente.


Para mim, a FINAME representa muita coisa. Uma mãe, um pai, os irmãos que eu<br />

não tive. Eu acho que conheço todo mundo aqui, amo todo mundo. É uma família<br />

que eu encontrei. Eu vim de Macuco, do interior, inocente de tudo, perdida no<br />

tempo e no espaço, com 21 anos de idade. Terminei a faculdade, mas não fui pegar<br />

diploma, não quis festa nem nada. Foi na época que meu irmão faleceu... Então,<br />

joguei tudo para o alto. Eu não tinha sido acostumada a ter esses compromissos...<br />

de pagar as coisas. Quando entrei aqui, pensei: “Vou aprender alguma coisa”. E<br />

aprendi muita coisa: aprendi que o amor, o carinho e a amizade são primordiais na<br />

vida. Eu amo isso aqui. Se eu pudesse voltar, eu voltaria, mas agora não dá mais, já<br />

me aposentei. (risos)<br />

105<br />

Quando entrei aqui, pensei: “Vou aprender alguma<br />

coisa”. E aprendi muita coisa: aprendi que o amor, o<br />

carinho e a amizade são primordiais na vida. Eu amo isso<br />

aqui. Se eu pudesse voltar, eu voltaria, mas agora não<br />

dá mais, já me aposentei.


Eliana Martins<br />

Eliana entrou para a FINAME, em 12 de março de 1979, como recepcionista, cargo<br />

no qual permaneceu por três anos e meio. Em seguida foi trabalhar no DEPOE, departamento<br />

que analisava propostas de grandes projetos, e lá ficou durante 17 anos.<br />

Há 15 anos é secretária na Superintendência de Operações Indiretas, que tem oito<br />

departamentos. Ser secretária é uma função que desempenha com amor.<br />

106<br />

Trabalhei em outra área do Banco por um ano e descobri que gosto mesmo é de<br />

secretariar. Aí voltei para a FINAME há mais de 15 anos.<br />

Quanto a se aposentar, Eliana diz que ainda não está na hora.<br />

Por enquanto não. Quero ficar pelo menos mais uns dois anos, gosto muito do que<br />

eu faço.<br />

“FINAME até morrer” é o sentimento da Eliana em relação à empresa onde começou<br />

a trabalhar aos 19 anos.


Desde os 19 anos isso aqui é minha vida, e foi uma vida feliz, um grande presente.<br />

Reconheço e agradeço por isso o tempo todo.<br />

Nunca senti algum tipo de discriminação, isso aqui é uma grande família. Nunca tive<br />

chefes ou colegas de trabalho que fossem rudes. O que mais me marcou foram as<br />

pessoas diferentes que conheci aqui, que me fizeram ver como é a vida. Eu era uma<br />

menina, então foi um grande aprendizado de vida e é até hoje.<br />

Quero agradecer a todos os colegas de trabalho que estiveram comigo nesses 37<br />

anos, por toda alegria e satisfação de trabalhar com eles, e que estejamos juntos<br />

sempre, até numa próxima FINAME lá do outro lado do mundo.<br />

107


Galeria<br />

108<br />

Década de 1960: Jober Cerqueira Lima, Walter Santa Rita Pereira, João Flávio da Silva<br />

Década de 1970 Seminário de Secretárias: Yolanda Fonseca,<br />

Marilina Bandeira de Melo, Maria Helena Rodrigues, Carolina, Elcio Costa Couto,<br />

Sueli Pinto Guiôt, Laurinda, Lucinda Gonzalez, Nilza Melona<br />

Setor de microfilmagem<br />

José Geraldo Abranches, Atilio Vivacqua, Hugo Sardenberg,<br />

Rinaldo Cantoni, Walter Santa Rita Pereira


Hugo Sardenberg<br />

Denise Pires, Hugo S. e Derly, novembro de 1981<br />

109<br />

João Carlos, Nunes, Denise, Derly e os mensageiros, entre eles<br />

(o último à direita) Amaury, novembro de 1981<br />

Humberto Coelho da Rosa recebendo o troféu de 25 anos das mãos do diretor do BNDES


Galeria<br />

110<br />

João Flávio, Walter Santa Rita, Humberto Coelho, Lucinda Gonzalez, Sandra Aor,<br />

Nanci Rodrigues, Luiz Osório, Joe Satow<br />

Vera Lúcia Vianna, Lucinda Gonzalez da Silva, Ana Maria Monerat<br />

Construção de Itaipu. Em pé: estagiário Clebinho e os assessores técnicos<br />

Marcos Lopo, Manoel Fernandes dos Reis e Luiz Antonio Dantas.<br />

Sentados: Ricardo Augusto Marques e Emilson Lima<br />

Churrasco comemorativo do 5º aniversário da AFFINAME


FINAME: década de 1990<br />

Jornal Vínculo, julho de 1988<br />

111<br />

Anos 1990: Assembleia de empregados contra demissões<br />

Anos 1990: Assembleia de empregados contra demissões


Galeria<br />

112<br />

Reunião de recém-aposentados após a homologação<br />

Derly Nossar, Antônio Francisco dos Santos, Maria Silvia de Arruda Borges,<br />

Ana Maria Monerat, Marcel Asfour<br />

Aniversário AFFINAME 2003: Angela Cristina de Oliveira Leite, Jane Duarte,<br />

José Asdrubal Bezerra de Souza, Margarida Rangel Silva Serafim, Amaury Barreto Aguiar, Carlos<br />

Germano Régio Amazonas, Orvinda Alves Barroso, Daniel Salek, Jorge Henrique Velloso<br />

Aniversário AFFINAME 2003


Aniversário AFFINAME 2003: Hugo Sardenberg, Jane Duarte, Antônio Carlos Guimarães,<br />

Sandra Maria de Lima Ribeiro, Vera Lúcia Alves Viana<br />

José Alexandre de Lima Barbosa, José Asdrubal Bezerra de Souza, Dinorá Soares Maia,<br />

Maria Silvia de Arruda Borges, Eliana Martins, Manoel Fernandes dos Reis<br />

113<br />

Aniversário AFFINAME 2003: Neide Torres, Jacques Barbio<br />

Aniversário AFFINAME 2003: Jane Duarte, Orvinda Alves Barroso, Amaury Barreto Aguiar


Galeria<br />

114<br />

Jantar 2003: Ruy Carvalho da Silva Junior, Jane Duarte, Ricardo Barros,<br />

Carlos Cesar da Silva Monteiro, Maria Silvia de Arruda Borges, João Carlos Paiva<br />

Jantar 2003: Eliana Martins, Carlos Germano Régio Amazonas, Luce Costa<br />

Glória Maria de Lima, Francisco Domingues Cardoso<br />

Jantar 2003: José Flávio Gioia, Renato José Cursino de Moura, Lilian Moura


Jantar 2003: Hugo Sardenberg, Jane Duarte, Joary Diniz Filho, Roberto Flávio de Oliveira,<br />

Maria Helena, Walter Santa Rita Pereira, Armênio Arthur Porto<br />

115<br />

Jantar 2003: Dinorá Soares Maia, Humberto Coelho da Rosa, Elenilda Gomes Monte da Rosa<br />

Jantar 2003: Carlos Germano Régio Amazonas, Roberto Flávio de Oliveira,<br />

Vicínius Santiago Lamas, Francisca Lamas


Galeria<br />

116<br />

Eliana Martins, Ângela Salomé, Margarida Rangel Silva Serafim<br />

Natal 2003: Vera Lúcia Alves Viana, Edson Luz Moret de Carvalho, Roberto Flávio de Oliveira<br />

1º Encontro Candelária 60, em 2010<br />

1º Encontro Candelária 60, em 2010


Jantar 2003: Maria Aparecida Souza Porto e Armênio Arthur Porto<br />

Hugo e Regina, um amor que nasceu na FINAME<br />

117<br />

Jorge Henrique e Jeanne: juntos na FINAME e na vida<br />

Dinorá e Alex: FINAME de mãe para filho


Luiz Antônio Araújo Dantas<br />

O engenheiro mecânico Luiz Antonio ingressou na FINAME em maio de 1979.<br />

118<br />

Nessa época eu tinha acabado de pedir demissão da Petrobrás. Meu coordenador<br />

na UFRJ veio falar comigo sobre essa vaga. Marquei uma entrevista com o departamento<br />

de recursos humanos, passei por uma seleção, fiz as provas, até que um<br />

belo dia me chamaram para fazer uma entrevista com o diretor executivo, Irimá da<br />

Silveira. Ele explicou que a FINAME, uma subsidiária do BNDES, fazia o financiamento<br />

de máquinas e equipamentos e que havia uma área de engenharia que fazia a<br />

avaliação desses equipamentos. Lembro que, no meu primeiro dia, quando eu entrei<br />

e vi aquele montão de papel, pensei: “Meu Deus do céu, não vou ficar um mês nesse<br />

negócio, isso não vai dar certo”. (risos)<br />

Luiz Antonio fala sobre a função para a qual foi direcionado e o que aprendeu.<br />

Entrei como assessor técnico na Divisão de Análise de Programa Especial e fiquei<br />

nessa área por quase dois anos fazendo a parte de avaliação de cadastro e análise<br />

das operações cursadas no Programa Especial. Estávamos no boom da implantação<br />

das siderúrgicas, dos programas Siderbrás e Eletrobrás. Tive a felicidade de


trabalhar com pessoas seniors de algumas empresas siderúrgicas – funcionários<br />

da Usiminas, da Cosipa, da CSN –, um pessoal com muita experiência que dava<br />

suporte aos iniciantes da FINAME, contextualizando, por exemplo, os principais<br />

equipamentos de uma siderúrgica e que tecnologias eram usadas. Aprendi muito<br />

com eles e talvez tenha sido uma das melhores fases da minha vida aqui. Depois<br />

fui trabalhar no Departamento de Operações, onde fiquei bastante tempo como<br />

gerente. Acabei acumulando outras funções, passando posteriormente a chefe<br />

de departamento e depois a superintendente. Trabalhei com os programas da<br />

FINAME pelo menos uns 20 anos, lidando com agentes financeiros e operações<br />

da rede bancária. A cultura do Banco é análise de investimentos; eles têm uma<br />

avaliação de projeto e de risco que é naturalmente muito mais longa; já a FINAME<br />

foi um instrumento criado em separado só para financiar a compra isolada de<br />

máquinas e equipamentos e desenvolver a indústria nacional de máquinas e equipamentos<br />

de uma forma mais rápida. Naquela época, a meta do departamento de<br />

operações era, em 48 horas, aprovar, liberar ou devolver a solicitação de financiamento<br />

encaminhada pelo agente financeiro. Foi uma fase de aprendizado muito<br />

boa, a FINAME tinha um número reduzido de funcionários, era como uma família,<br />

todo mundo se conhecia e trabalhávamos como loucos. Eram muitos processos<br />

para credenciamento, muitos processos de consulta prévia, programa Siderbrás,<br />

expansão da Cosipa, expansão da CSN, implantação de Tubarão, financiamento<br />

de todos os equipamentos componentes desses grandes projetos. A avaliação de<br />

todos esses processos demandava muita dedicação e trabalho. Além disso, passamos<br />

por muitas fases, muitos planos econômicos. Com a inflação elevada, tivemos<br />

vários planos econômicos. As moedas também mudavam: cruzeiro, cruzado, cru-<br />

119


120<br />

zeiro novo, cruzado novo. Nessas ocasiões havia uma parada e os processos iam<br />

se acumulando. Em 1990, com a entrada do ex-presidente Collor, o Banco, por<br />

intermédio da FINAME, passou a apoiar dois novos setores: o comércio exterior e<br />

o agrícola. Primeiramente foi criado o programa pré-embarque e depois o pós-embarque.<br />

No final dos anos 1990 houve também a necessidade da implantação da<br />

parte eletrônica. Primeiro houve um convencimento da diretoria. “Ou nos modernizávamos<br />

e tornávamos eletrônico o processamento dessas operações, para que<br />

pudéssemos acompanhar a evolução tecnológica dos bancos, ou essas operações<br />

teriam um custo administrativo tão elevado para os bancos, que chegaria um momento<br />

em que não valeria mais a pena eles operarem. Passariam a ter um custo<br />

muito elevado em função desse custo administrativo.” Na época já estavam começando<br />

as operações bancárias via internet e nós estávamos ficando para trás. A<br />

implantação desse projeto deve ter levado uns quatro anos porque, além do nosso<br />

trabalho cotidiano, que já era pesado, havia esse trabalho em paralelo, que era a<br />

implantação da parte eletrônica. Em 2002 finalmente anunciamos para os bancos<br />

a implantação da PAC on-line. Cabe lembrar que, ainda na década de 1990, foi<br />

criada a Área de Operações Indiretas (AOI), que incorporou as linhas FINAME, o<br />

BNDES Automático e o Credenciamento de Fabricantes. Em 2003, saí da FINA-<br />

ME, que já era a AOI, e ingressei na área de comércio exterior como chefe de<br />

departamento. Em 2004 passei a ocupar novamente o cargo de superintendente.<br />

Combinei com o meu chefe, na época, de ficar apenas seis meses para reestruturar<br />

a área, mas acabei ficando quase seis anos. Em 2010 deixei a superintendência,<br />

voltei a ser técnico e passei a ser uma espécie de advisor senior da turma nova<br />

da área de comércio exterior, e foi outra fase muito legal. Em dezembro 2012 me<br />

Em 2002 finalmente anunciamos para os bancos a<br />

implantação da PAC on-line. Cabe lembrar que, ainda na<br />

década de 1990, foi criada a Área de Operações Indiretas<br />

(AOI), que incorporou as linhas FINAME, o BNDES<br />

Automático e o Credenciamento de Fabricantes.


aposentei e em 2013 já estava empregado no setor privado, em uma empresa<br />

de engenharia. Na época tive alguns convites de grandes empresas. Atualmente<br />

trabalho na área internacional da empresa, com financiamento a projetos de infraestrutura<br />

no exterior. O fato é que estou nessa área graças a toda expertise que<br />

acumulei trabalhando no Banco.<br />

Naturalmente, a maior parte dos amigos<br />

que fiz no Banco é da FINAME, dado que são<br />

pessoas mais ou menos da minha faixa etária,<br />

com as quais convivi por muito tempo e que<br />

sinto como minha família.<br />

Depois de todos esses anos de trabalho, Luiz Antonio fala sobre o que leva afetivamente<br />

da <strong>Finame</strong>.<br />

A primeira coisa que vem à minha cabeça é um sentido de família. Quando trabalhei<br />

na área de comércio exterior do Banco, obviamente fiz grandes amigos que<br />

conservo com muito carinho, mas a FINAME tem uma característica adicional: tive<br />

chefes ótimos, mas eram chefes só formalmente, porque sempre fomos amigos, colaboradores<br />

uns dos outros, assim como meus pares e subordinados. Naturalmente,<br />

a maior parte dos amigos que fiz no Banco é da FINAME, dado que são pessoas<br />

mais ou menos da minha faixa etária, com as quais convivi por muito tempo e que<br />

sinto como minha família.<br />

121<br />

Luiz Antonio relembra alguns fatos interessantes e engraçados que marcaram a sua<br />

passagem pela FINAME.


122<br />

Depois da minha entrevista de admissão com o diretor executivo, a primeira recomendação<br />

dele foi que eu cortasse o cabelo e fosse trabalhar de terno. Assim que<br />

cheguei, o pessoal me fez correr todas as áreas da FINAME atrás de um tíquete que<br />

me daria direito a um lanche. Todas as pessoas a quem eu perguntava sobre o tal<br />

tíquete me repassavam a outra pessoa de outro departamento. Fui fazendo isso até<br />

chegar a um chefe de departamento, que falou: “Luiz, não tem isso de tíquete, não<br />

precisa de tíquete nenhum”. E eu ainda demorei para entender. Passei por umas 15<br />

pessoas e todo mundo rindo da minha cara. Era o trote! (risos) Nessa época, boa<br />

parte da equipe era nova, quase todos tinham entre 25 e 30 anos de idade, eram<br />

comuns essas brincadeiras e o pessoal mais senior também se divertia. Havia uma<br />

loja aqui no Centro que vendia umas brincadeiras, entre elas moedas que explodiam<br />

quando se retirava o peso de cima. Chamava-se Casa das Mágicas. Uma dessas<br />

moedas acabou no meio de alguns documentos que foram enviados à secretária<br />

da diretoria. Acho que esquecemos, não sei o que aconteceu. De repente, do nada<br />

escutamos um grito. O diretor, todo sério, saiu da sala e perguntou à secretária o<br />

que tinha acontecido e ela falou que não era nada. Mas era a moeda – ela levantou<br />

o documento, a moeda explodiu e ela levou um baita susto. (risos)<br />

Em 2010, quando passei a ser o senior da turma nova da área de comércio exterior, foi<br />

outra fase muito legal. Lembrei-me de quando entrei para a FINAME; eu me enxergava<br />

naqueles jovens. Quando me aposentei, eles escreveram as frases que eu costumava<br />

falar em vários papéis, com desenhos e caricaturas. Eles não sabem disso, mas mandei<br />

emoldurar tudo e está no meu escritório em casa. Era um ambiente de muito esforço;<br />

se precisasse virar a noite, nós virávamos sem problema. Porém, ao mesmo tempo,<br />

éramos uma família, nós nos tratávamos como irmãos, era muito bom.<br />

Em 2010, quando passei a ser o senior da<br />

turma nova da área de comércio exterior,<br />

foi outra fase muito legal. Lembrei-me<br />

de quando entrei para a FINAME; eu me<br />

enxergava naqueles jovens. Quando me<br />

aposentei, eles escreveram as frases que<br />

eu costumava falar em vários papéis, com<br />

desenhos e caricaturas.


Ricardo Augusto<br />

Garcia Marques<br />

123


Ricardo começou a trabalhar na FINAME não como funcionário, mas cedido pela<br />

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para cuidar dos assuntos da siderúrgica junto<br />

à FINAME, executando diversos trabalhos, tais como: Análise Técnica dos Pacotes<br />

apresentados, Pareceres de Enquadramento propondo as condições de financiamento,<br />

Elaboração de Certificados de Enquadramento e Análise de Propostas de<br />

Abertura de Crédito. Era o ano de 1979, época em que acontecia uma expansão da<br />

siderurgia nacional. Fazia também o Cadastramento de Fabricantes de Equipamentos<br />

e o Enquadramento de Consultas Prévias.<br />

124<br />

Trabalhou assim até dezembro de 1979, retornando à FINAME – agora como funcionário<br />

– em novembro de 1981.<br />

Em 1990, período do governo Collor, pessoas estavam sendo demitidas e Ricardo<br />

aceitou o plano de demissão, assim como outros colegas também o fizeram, acreditando<br />

que “as coisas fora estariam melhores, só que não estavam”, afirmou Ricardo.<br />

Apesar de ter sido anistiado posteriormente, demorou a retornar à FINAME.<br />

Eu fui anistiado, mas demorei quase 24 anos para<br />

voltar. Só voltei agora em julho de 2014.<br />

Eu fui anistiado, mas demorei quase 24 anos para voltar. Só voltei agora em julho<br />

de 2014.<br />

Quando foi chamado para retornar à FINAME, Ricardo já estava no Rio de Janeiro<br />

trabalhando no Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), desde 2009,


como Chefe de Gabinete do Reitor. Mas Ricardo e sua família moram em Vitória (ES),<br />

por isso ele passa a semana no Rio e vai para Vitória nos finais de semana.<br />

Engenheiro, Ricardo sempre trabalhou com credenciamento de fabricantes e análise<br />

de operações. Quando foi para a FINAME, cedido pela CSN, trabalhou com a análise<br />

de assuntos ligados à siderúrgica, fazia o cadastramento de fabricantes (hoje,<br />

chamado de credenciamento) que poderiam vender financiados pela FINAME e o<br />

enquadramento de consultas prévias, propondo as condições de financiamento.<br />

Quando voltei em 2014, vim para o mesmo lugar, no credenciamento de fabricante.<br />

125<br />

Quando voltei em 2014, vim para o mesmo lugar, no<br />

credenciamento de fabricante.<br />

Esse retorno ao mesmo cargo não foi coincidência.<br />

Os departamentos do Banco recebem o perfil das pessoas que estão retornando.<br />

Então, alguns chefes de departamento quiseram me entrevistar e um deles era do<br />

meu departamento – departamento de credenciamento de equipamentos. Lá dentro<br />

do departamento ainda trabalham três pessoas da minha época.<br />

Trabalhando com os setores de máquinas, ferramentas, equipamentos de corte térmico<br />

e soldagem, cerâmica branca/vermelha, tratamento de água/efluentes, filtros,


eficiência energética, moldes de injeção e matrizes, pintura industrial, tratamento<br />

de superfície e máquinas para madeira, Ricardo contou que é comum fazer viagens<br />

para visitar fabricantes e feiras. Essa prática já existia, mas eram poucas as<br />

empresas – diferentemente de hoje –, o que permitia dedicar mais tempo a cada<br />

uma. Sobre a participação em feiras, explicou que isso possibilita estreitar o relacionamento<br />

com os fabricantes, além de proporcionar aprendizado.<br />

126<br />

Nós vamos à feira para estreitar um pouco nosso relacionamento com os fabricantes;<br />

isso facilita para quando eles quiserem entrar em contato com o BNDES. Vamos<br />

também para aprender, ver os lançamentos, sempre tem palestras, workshops.<br />

O ambiente aqui é o melhor possível, gosto<br />

muito, tem tudo o que se precisa para desenvolver<br />

o seu trabalho.<br />

Sobre a relação de trabalho com a FINAME, o que Ricardo tem registrado em sua<br />

vida?<br />

O ambiente aqui é o melhor possível, gosto muito, tem tudo o que se precisa para<br />

desenvolver o seu trabalho.


A Reestruturação do Sistema<br />

BNDES<br />

Em 1990, ocorreu a reestruturação operacional no Sistema BNDES, na qual todas<br />

as funções corporativas (financeiras, administrativas, de planejamento estratégico<br />

e de representação externa) foram transferidas para o BNDES. A partir de então a<br />

FINAME passou a administrar diretamente apenas as suas atividades operacionais.<br />

Antes disso, cada empresa – BNDES, FINAME e BNDESPAR – possuía seus próprios<br />

departamentos, como departamento pessoal, almoxarifado etc., e diretorias, ocupando,<br />

inclusive, andares separados no prédio e tendo horários distintos de expediente.<br />

127<br />

Com a reestruturação houve uma fusão administrativa-operacional-física, ou seja,<br />

atualmente não há um espaço físico exclusivo para cada empresa; os departamentos<br />

e seus respectivos funcionários são mistos e os trabalhos, integrados.<br />

Atualmente há apenas 51 funcionários admitidos diretamente pela FINAME; o restante<br />

é contratado, por meio de concurso, pelo BNDES. Desde 1988 não há mais<br />

concursos para a FINAME e BNDESPAR, apenas para o BNDES, sendo os concursados<br />

lotados conforme a necessidade de cada programa.<br />

Em 2014, pelo Decreto nº 8.222, de 1 de abril, a sede da FINAME passou a ser em<br />

Brasília. Entre outras disposições, este decreto autorizou a FINAME a instalar ou<br />

manter agências, escritórios e representações no Brasil e no exterior.


Estrutura de gestão e<br />

organograma do Sistema<br />

BNDES*<br />

128<br />

Comissão de Valores<br />

Mobiliários (CVM) 8.1<br />

Conselho Monetário<br />

Nacional (CMN) 8.2<br />

Secretaria do Tesouro<br />

Nacional 8.3<br />

Superintendência de<br />

Seguros Privados 8.4<br />

Secretaria da Receita<br />

Federal 8.5<br />

Ministério<br />

da Fazenda 8<br />

Congresso<br />

Nacional<br />

(fiscalizador) 7 Banco Central<br />

(Bacen)<br />

(fiscalizador) 6<br />

Governo Federal<br />

(controlador e<br />

regulador) 1<br />

Ministério do<br />

Planejamento,<br />

Desenvolvimeno e<br />

Gestão 2<br />

Sistema<br />

BNDES<br />

Tribunal de<br />

Contas da União<br />

(TCU)<br />

(fiscalizador) 5<br />

Departamento de<br />

Coordenação e<br />

Governança das<br />

Empresas Estatais<br />

(DEST) 3<br />

Ministério da<br />

Transparência,<br />

Fiscalização e<br />

Controle<br />

(fiscalizador) 4<br />

Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/Governanca_Controle/Estrutura_de_Gestao/index.html#.


1. A União Federal (pessoa jurídica de direito público representante do governo<br />

federal) é controladora do BNDES, ou seja, detém a totalidade das 6.273.711.452<br />

ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, que compõem o capital social<br />

subscrito do BNDES. As atividades do BNDES são supervisionadas diretamente pelo<br />

Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior. O Governo Federal atua também<br />

como regulador das atividades do BNDES, por meio, principalmente, do Ministério<br />

da Fazenda e do Ministério do Planejamento.<br />

2. Unidade do governo federal diretamente responsável pela supervisão das atividades<br />

do BNDES.<br />

129<br />

3. Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST):<br />

acompanha o desempenho econômico e financeiro do BNDES, além de elaborar e<br />

acompanhar o Programa de Dispêndios Globais (PDG) e a proposta do Orçamento<br />

de Investimentos (OI) do BNDES.<br />

4. Fiscaliza e avalia a execução de programas de governo. Orienta tecnicamente<br />

e avalia o trabalho da Auditoria Interna do BNDES. Realiza auditorias e avalia os<br />

resultados da gestão dos administradores do BNDES.<br />

5. Recebe, analisa e julga a prestação de contas dos administradores do BNDES. Demanda<br />

informações e realiza auditorias por iniciativa própria ou por solicitação do<br />

Congresso Nacional. Avalia a legalidade da contratação e aposentadoria de todos<br />

os empregados do BNDES. Fiscaliza a aplicação dos recursos da União repassados<br />

ao BNDES.


130


6. Regula e supervisiona a atuação de todos os bancos brasileiros, inclusive do<br />

BNDES, determinando procedimentos e regras de operação.<br />

7. Solicita ao TCU a realização de auditorias e inspeções no BNDES. Recebe periodicamente<br />

e emite parecer sobre relatório detalhado de todos os financiamentos do<br />

BNDES que usam recursos provenientes do Tesouro Nacional.<br />

8. Regula e orienta as atividades do BNDES por meio das seguintes unidades:<br />

8.1. O BNDES atua no mercado de capitais, por meio de sua subsidiária BNDESPAR,<br />

de acordo com as normas estabelecidas pela CVM.<br />

131<br />

8.2. Estabelece as diretrizes da política de crédito do banco. Ele é responsável, por<br />

exemplo, por fixar a taxa de juros de longo prazo (TJLP), uma das principais referências<br />

para o custo financeiro dos financiamentos do BNDES.<br />

8.3. O Tesouro Nacional é um dos provedores de recursos do BNDES, concedidos<br />

ao banco na forma de títulos públicos do tesouro. O Tesouro cumpre, ainda, outras<br />

funções relacionadas com o BNDES, como a definição de condições de crédito do<br />

BNDES ao setor público (empresas e órgãos das três esferas de governo).<br />

8.4. A Superintendência de Seguros Privados é responsável pela regulação do<br />

mercado de seguros brasileiro, inclusive aqueles usados na constituição de garantias<br />

dos financiamentos realizados pelo BNDES.


8.5. A Secretaria da Receita Federal é responsável pela administração dos tributos<br />

de competência da União, inclusive os previdenciários, e aqueles incidentes sobre<br />

o comércio exterior. O BNDES, seus clientes, seus fornecedores e demais parceiros<br />

devem estar em dia com suas obrigações tributárias junto à Receita Federal.<br />

132<br />

BNDES: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma empresa<br />

pública federal dedicada ao financiamento com longo prazo de pagamento. É o<br />

acionista único das demais empresas do Sistema BNDES.<br />

Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/Governanca_Controle/Estrutura_de_Gestao/index.html#.


FINAME: subsidiária do BNDES dedicada ao financiamento para produção e comercialização<br />

de máquinas e equipamentos. O capital social subscrito da FINAME está<br />

representado por 589.580.236 ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, de<br />

propriedade integral do BNDES.<br />

BNDESPAR: subsidiária do BNDES, dedicada ao fomento por meio de investimentos<br />

em valores mobiliários. O capital social subscrito da BNDESPAR está representado<br />

por uma única ação, nominativa, sem valor nominal, de propriedade<br />

do BNDES.<br />

133<br />

<strong>Finame</strong><br />

Conselho de<br />

administração<br />

Conselho fiscal<br />

Diretoria executiva<br />

Fonte: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/O_BNDES/Governanca_Controle/Estrutura_de_Gestao/index.html#.


Conselho de Administração (posição em maio/2016)<br />

Composição (com respectiva instituição responsável por sua indicação)<br />

• Maurício Borges Lemos (Diretor-Superintendente da FINAME)<br />

• Luciano Galvão Coutinho (Presidente do BNDES)<br />

• Carlos Augusto Grabois Gadelha (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e<br />

Comércio Exterior)<br />

• João Alberto De Negri (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior)<br />

134<br />

• Márcio Leão Coelho (Ministério da Fazenda)<br />

• Esther Dweck (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão)<br />

• Carlos Buch Pastoriza (Vaga de representação alternada do setor industrial, dos<br />

bancos regionais e estaduais de desenvolvimento, dos bancos comerciais e dos bancos<br />

privados de investimento)<br />

Diretoria executiva (posição em maio/2016)<br />

Composição<br />

Mesmos integrantes da Diretoria do BNDES, da seguinte forma:<br />

Presidente<br />

Luciano Galvão Coutinho<br />

Vice-presidente<br />

Wagner Bittencourt de Oliveira


Diretores<br />

Roberto Zurli Machado<br />

Mauricio Borges Lemos<br />

Julio Cesar Maciel Ramundo<br />

José Henrique Paim Fernandes<br />

João Carlos Ferraz<br />

135<br />

Conselho Fiscal (posição em maio/2016)<br />

Composição<br />

• Membros efetivos<br />

– Presidente – Gustavo Saboia Fontenele e Silva (Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior)<br />

– José Eduardo Guimarães Barros (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior)<br />

– Paula Bicudo de Castro Magalhães (Tesouro Nacional, indicada pelo Ministério<br />

da Fazenda)


• Membros suplentes<br />

– Manoel Augusto Cardoso da Fonseca (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e<br />

Comércio Exterior)<br />

– Poliana da Cruz Ramos (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior)<br />

– Roberta Moreira Da Costa Bernardi Pereira (Tesouro Nacional, indicada pelo Ministério<br />

da Fazenda)<br />

136<br />

Atualmente, a FINAME se propõe principalmente a financiar, em médio e longo prazos,<br />

a aquisição de equipamentos e atuar exclusivamente por meio de uma ampla<br />

rede de agentes financeiros (mais de cem): companhias de crédito e financiamento,<br />

além de bancos de investimento, comerciais e de desenvolvimento.<br />

A atuação desta subsidiária e principal aplicadora de recursos do Sistema BNDES<br />

foi de grande valor para fazer escoar com facilidade a produção de equipamentos,<br />

beneficiando os compradores cujo acesso ao crédito bancário é mais difícil, especialmente<br />

em longo prazo. Em 1981, por exemplo, 40% do total aplicado pelo Sistema<br />

BNDES se deveram à FINAME. Desde sua criação até o início da década de 1980, o<br />

número de aprovações aumentou de 3.970 para 20.876. 3<br />

O gráfico demonstra a evolução dos desembolsos nominais da FINAME entre 1995 e<br />

2011. Na década de 2000, mais especificamente entre 2000 e 2015, os desembolsos<br />

da FINAME somaram quase R$ 500 bilhões, como mostra a Tabela.<br />

3 Dados de BNDES. 30 Anos de BNDES – Avaliação e Rumos. Rio de Janeiro: BNDES, 1982.


10.000.000.000<br />

9.000.000.000<br />

8.000.000.000<br />

7.000.000.000<br />

6.000.000.000<br />

5.000.000.000<br />

4.000.000.000<br />

3.000.000.000<br />

2.000.000.000<br />

1.000.000.000<br />

0<br />

dez/95<br />

set/96<br />

jun/97<br />

mar/98<br />

Desembolsos nominais<br />

(R$) de 1995 a 2011<br />

dez/98<br />

set/99<br />

jun/00<br />

mar/01<br />

dez/01<br />

set/02<br />

jun/03<br />

mar/04<br />

dez/04<br />

set/05<br />

jun/06<br />

mar/07<br />

dez/07<br />

set/08<br />

jun/09<br />

mar/10<br />

dez/10<br />

set/11<br />

137<br />

Tabela – Desembolsos dos programas FINAME de 2000 a 2015 – Valores nominais<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

jan/00 2000 1 188.815.087<br />

fev/00 2000 2 213.640.391<br />

mar/00 2000 3 239.239.025


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

abr/00 2000 4 241.317.602<br />

mai/00 2000 5 333.076.291<br />

jun/00 2000 6 353.103.451<br />

jul/00 2000 7 371.775.243<br />

138<br />

ago/00 2000 8 454.832.869<br />

set/00 2000 9 372.407.853<br />

out/00 2000 10 368.608.518<br />

nov/00 2000 11 264.191.868<br />

dez/00 2000 12 546.265.449<br />

jan/01 2001 1 355.292.559<br />

fev/01 2001 2 291.371.130<br />

mar/01 2001 3 426.120.558<br />

abr/01 2001 4 328.688.327


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

mai/01 2001 5 365.221.314<br />

jun/01 2001 6 395.152.654<br />

jul/01 2001 7 450.924.351<br />

ago/01 2001 8 514.045.383<br />

set/01 2001 9 505.528.587<br />

139<br />

out/01 2001 10 601.662.290<br />

nov/01 2001 11 476.392.501<br />

dez/01 2001 12 641.130.877<br />

jan/02 2002 1 484.090.548<br />

fev/02 2002 2 378.149.874<br />

mar/02 2002 3 551.867.164<br />

abr/02 2002 4 462.744.799<br />

mai/02 2002 5 562.678.986


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

jun/02 2002 6 469.361.549<br />

jul/02 2002 7 547.161.307<br />

ago/02 2002 8 685.973.073<br />

set/02 2002 9 570.052.900<br />

140<br />

out/02 2002 10 937.404.909<br />

nov/02 2002 11 385.959.107<br />

dez/02 2002 12 1.279.893.531<br />

jan/03 2003 1 348.172.202<br />

fev/03 2003 2 489.634.155<br />

mar/03 2003 3 538.025.176<br />

abr/03 2003 4 568.280.448<br />

mai/03 2003 5 717.484.524<br />

jun/03 2003 6 754.928.372


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

jul/03 2003 7 789.294.756<br />

ago/03 2003 8 714.509.107<br />

set/03 2003 9 887.434.808<br />

out/03 2003 10 1.043.444.563<br />

nov/03 2003 11 936.792.147<br />

dez/03 2003 12 799.661.547<br />

141<br />

jan/04 2004 1 870.242.964<br />

fev/04 2004 2 900.844.254<br />

mar/04 2004 3 606.149.095<br />

abr/04 2004 4 866.672.598<br />

mai/04 2004 5 767.219.506<br />

jun/04 2004 6 833.993.723<br />

jul/04 2004 7 1.007.614.125


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

ago/04 2004 8 955.907.492<br />

set/04 2004 9 1.061.868.377<br />

out/04 2004 10 1.245.577.824<br />

nov/04 2004 11 1.200.911.426<br />

142<br />

dez/04 2004 12 1.127.795.330<br />

jan/05 2005 1 1.180.576.564<br />

fev/05 2005 2 823.935.028<br />

mar/05 2005 3 1.173.779.622<br />

abr/05 2005 4 1.001.899.649<br />

mai/05 2005 5 932.970.929<br />

jun/05 2005 6 1.225.108.981<br />

jul/05 2005 7 990.326.012<br />

ago/05 2005 8 1.093.112.751


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

set/05 2005 9 818.438.412<br />

out/05 2005 10 872.725.643<br />

nov/05 2005 11 798.820.475<br />

dez/05 2005 12 1.073.521.597<br />

jan/06 2006 1 1.095.876.728<br />

fev/06 2006 2 617.096.753<br />

143<br />

mar/06 2006 3 982.409.285<br />

abr/06 2006 4 862.045.734<br />

mai/06 2006 5 1.035.313.134<br />

jun/06 2006 6 1.026.792.534<br />

jul/06 2006 7 1.080.109.152<br />

ago/06 2006 8 1.123.985.148<br />

set/06 2006 9 1.086.254.415


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

out/06 2006 10 1.183.867.874<br />

nov/06 2006 11 1.306.187.546<br />

dez/06 2006 12 1.487.161.587<br />

jan/07 2007 1 1.257.171.908<br />

144<br />

fev/07 2007 2 895.628.307<br />

mar/07 2007 3 1.634.979.637<br />

abr/07 2007 4 1.357.201.273<br />

mai/07 2007 5 1.736.662.709<br />

jun/07 2007 6 1.765.055.629<br />

jul/07 2007 7 1.984.452.105<br />

ago/07 2007 8 1.662.370.755<br />

set/07 2007 9 1.622.119.135<br />

out/07 2007 10 2.771.389.831


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

nov/07 2007 11 1.914.001.472<br />

dez/07 2007 12 1.947.136.950<br />

jan/08 2008 1 1.675.388.919<br />

fev/08 2008 2 1.632.123.370<br />

mar/08 2008 3 1.884.341.696<br />

abr/08 2008 4 1.727.576.127<br />

145<br />

mai/08 2008 5 2.454.332.283<br />

jun/08 2008 6 2.008.192.904<br />

jul/08 2008 7 1.910.192.834<br />

ago/08 2008 8 2.649.259.175<br />

set/08 2008 9 3.326.385.621<br />

out/08 2008 10 2.595.821.679<br />

nov/08 2008 11 2.259.572.603


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

dez/08 2008 12 2.383.752.147<br />

jan/09 2009 1 1.704.435.651<br />

fev/09 2009 2 1.255.924.587<br />

mar/09 2009 3 1.908.989.706<br />

146<br />

abr/09 2009 4 1.813.045.512<br />

mai/09 2009 5 1.747.695.134<br />

jun/09 2009 6 1.726.533.829<br />

jul/09 2009 7 1.521.254.286<br />

ago/09 2009 8 1.899.589.258<br />

set/09 2009 9 2.095.325.172<br />

out/09 2009 10 2.723.399.524<br />

nov/09 2009 11 2.784.237.289<br />

dez/09 2009 12 2.947.160.960


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

jan/10 2010 1 4.070.981.375<br />

fev/10 2010 2 3.195.072.232<br />

mar/10 2010 3 4.046.888.056<br />

abr/10 2010 4 4.282.346.136<br />

mai/10 2010 5 4.424.682.822<br />

147<br />

jun/10 2010 6 5.076.594.118<br />

jul/10 2010 7 4.727.060.724<br />

ago/10 2010 8 5.026.350.117<br />

set/10 2010 9 4.176.393.871<br />

out/10 2010 10 3.883.277.047<br />

nov/10 2010 11 4.630.313.674<br />

dez/10 2010 12 5.181.709.736<br />

jan/11 2011 1 4.824.319.381


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

fev/11 2011 2 3.652.790.867<br />

mar/11 2011 3 3.859.547.178<br />

abr/11 2011 4 4.141.018.053<br />

mai/11 2011 5 4.488.515.576<br />

148<br />

jun/11 2011 6 4.622.511.484<br />

jul/11 2011 7 4.697.776.046<br />

ago/11 2011 8 4.595.364.410<br />

set/11 2011 9 4.569.566.647<br />

out/11 2011 10 4.304.119.770<br />

nov/11 2011 11 4.223.638.028<br />

dez/11 2011 12 4.421.289.244<br />

jan/12 2012 1 3.571.848.548<br />

fev/12 2012 2 2.838.061.208


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

mar/12 2012 3 3.199.177.485<br />

abr/12 2012 4 3.336.331.530<br />

mai/12 2012 5 2.827.311.916<br />

jun/12 2012 6 3.166.680.831<br />

jul/12 2012 7 3.719.024.910<br />

149<br />

ago/12 2012 8 3.898.293.504<br />

set/12 2012 9 3.250.232.225<br />

out/12 2012 10 3.818.523.281<br />

nov/12 2012 11 4.846.212.816<br />

dez/12 2012 12 5.108.660.645<br />

jan/13 2013 1 5.563.973.790<br />

fev/13 2013 2 4.672.357.555<br />

mar/13 2013 3 6.133.347.048


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

abr/13 2013 4 6.604.384.208<br />

mai/13 2013 5 6.521.675.418<br />

jun/13 2013 6 5.283.238.765<br />

jul/13 2013 7 5.985.819.811<br />

150<br />

ago/13 2013 8 5.878.495.464<br />

set/13 2013 9 5.394.005.059<br />

out/13 2013 10 5.709.341.028<br />

nov/13 2013 11 6.091.354.056<br />

dez/13 2013 12 6.621.619.615<br />

jan/14 2014 1 7.748.719.990<br />

fev/14 2014 2 6.391.307.323<br />

mar/14 2014 3 5.045.523.548<br />

abr/14 2014 4 3.842.632.411


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

mai/14 2014 5 3.847.065.758<br />

jun/14 2014 6 3.918.606.021<br />

jul/14 2014 7 5.053.243.071<br />

ago/14 2014 8 4.965.855.061<br />

set/14 2014 9 5.657.496.752<br />

151<br />

out/14 2014 10 5.404.314.086<br />

nov/14 2014 11 3.978.748.950<br />

dez/14 2014 12 8.917.037.134<br />

jan/15 2015 1 4.140.279.135<br />

fev/15 2015 2 3.299.101.937<br />

mar/15 2015 3 4.705.807.420<br />

abr/15 2015 4 2.224.466.922<br />

mai/15 2015 5 2.281.600.802


Continuação<br />

Ano Mês Desembolsos (R$)<br />

jun/15 2015 6 2.395.744.733<br />

jul/15 2015 7 2.093.715.570<br />

ago/15 2015 8 1.986.888.394<br />

set/15 2015 9 2.184.463.666<br />

152<br />

out/15 2015 10 2.860.557.764<br />

nov/15 2015 11 2.288.821.754<br />

dez/15 2015 12 2.269.536.627


Rede de Instituições Financeiras Credenciadas no Brasil<br />

(atualizada em junho de 2016)<br />

O regulamento da FINAME estabeleceu um sistema que se opera por meio de uma<br />

rede de agentes financeiros, com estrutura funcional simples e desburocratizada.<br />

• ABC-Brasil (http://www.abcbrasil.com.br/)<br />

• AFParana (http://www.fomento.pr.gov.br/)<br />

• AgeRio (http://www.agerio.com.br/)<br />

• Alfa BI (http://www.alfanet.com.br/)<br />

153<br />

• Alfa CFI (http://http//www.financeiraalfa.com.br)<br />

• Badesc (http://www.badesc.gov.br/)<br />

• Badesul (http://www.badesul.com.br/)<br />

• Banco do Brasil (http://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial)<br />

• Bancoob (https://www.bancoob.com.br/)<br />

• Banestes (http://www.banestes.com.br/)<br />

• Banpara (http://www.banestes.com.br/)<br />

• Banrisul (http://www.banrisul.com.br/)<br />

• Bansicredi (https://www.sicredi.com.br/)


• Basa (http://www.basa.com.br/)<br />

• BDMG (http://www.bdmg.mg.gov.br)<br />

• BI BM (http://www.bancoindustrial.com.br/Default.aspx)<br />

• BNB (http://www.bnb.gov.br/)<br />

• Bradesco BM (http://banco.bradesco/html)<br />

• Bradesco LS (http://banco.bradesco/html)<br />

154<br />

• BRDE (http://www.brde.com.br/)<br />

• BRP BM (http://www.brp.com.br/)<br />

• BTMU BR (www.br.bk.mufg)<br />

• Caixa (http://www.caixa.gov.br/)<br />

• Caterpillar BM (https://www.catfinancial.com)<br />

• Cecred (https://www.cecred.coop.br/)<br />

• Citibank BM (https://www.citibank.com.br/)<br />

• CNH BM (https://cnhindustrialcapital.com/)<br />

• CR Suisse (https://br.credit-suisse.com/)<br />

• Cresol Baser (http://www.cresol.com.br/)<br />

• Cresol SC-RS (http://www.cresol.com.br/)


• Daycoval BM (https://www.daycoval.com.br/)<br />

• Desenbahia (http://www.desenbahia.ba.gov.br/)<br />

• Desenvolve SP (http://www.desenvolvesp.com.br/)<br />

• DLL BM (http://www.bancodll.com.br/)<br />

• Guanabara BM (http://www.bancoguanabara.com.br/)<br />

• HSBC BM (https://www.hsbc.com.br)<br />

• ING Bank (http://www.ing.com/)<br />

• Itaú Unibanco BM (https://www.itau.com.br/)<br />

155<br />

• Itaucard BM (https://www.itau.com.br/)<br />

• Itau Leasing (https://www.itau.com.br/empresas/creditos-financiamentos/longo<br />

-prazo/leasing/)<br />

• John Deere BM (https://www.deere.com.br)<br />

• J Safra BM (http://www.safra.com.br/)<br />

• KDB BM (https://www.kdb.co.kr)<br />

• Mercedes BM (http://www.bancomercedes-benz.com.br/)<br />

• Mercedes LS (http://www.bancomercedes-benz.com.br/)<br />

• Moneo BM (http://www.bancomoneo.com.br/)


• MT Fomento (http://www.mtfomento.mt.gov.br/)<br />

• Paraná BM (https://www.paranabanco.b.br/)<br />

• Rabobank (http://www.rabobank.com.br/)<br />

• Randon BM (http://www.bancorandon.com/)<br />

• Rendiment BM (http://www.rendimento.com.br/)<br />

• Rodobens BM (http://www.rodobens.com.br/)<br />

156<br />

• Safra BM (http://www.safra.com.br/)<br />

• Safra LS (http://www.safra.com.br/)<br />

• Santander BM (https://www.santander.com.br)<br />

• Scania BM (http://www.scania.com.br/)<br />

• SG Brasil (http://www.sgbras.com.br/)<br />

• Stara Financeira (http://www.starafinanceira.com.br/)<br />

• Sumitomo (http://www.sumitomocorp.com.br/)<br />

• Tribanco BM (http://www.tribanco.com.br/)<br />

• Volkswagen BM (http://www.bancovw.com.br/)<br />

• Volvo BM (http://www.volvo.com.br/)<br />

• Votorantim BM (https://www.bancovotorantim.com.br)


Emilson Costa de Lima<br />

Anteriormente à sua contratação definitiva pela FINAME, Emilson passou um ano<br />

na Agência a serviço da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), empresa em que, à<br />

época, ele trabalhava.<br />

Minha história na FINAME é interessante porque, até vir para cá, eu nem sabia<br />

de sua existência. Eu trabalhava em Volta Redonda, na CSN, e, naquela época, a<br />

FINAME mantinha muitos funcionários de outras empresas, as quais tinham um fluxo<br />

muito grande de projetos financiados pela FINAME. Além das atividades ligadas<br />

às empresas que representavam, essas pessoas exerciam outras atividades, ou seja,<br />

trabalhavam normalmente na FINAME. Em princípio, fui enviado pela CSN para ficar<br />

aqui por seis meses, porém esse tempo foi prorrogado por mais seis meses e, no final<br />

de um ano, fui convidado para ficar definitivamente na FINAME. Entretanto, como<br />

eu trabalhava em Volta Redonda, recebia uma ajuda de custo para trabalhar no Rio<br />

de Janeiro, que eu perderia se aceitasse a proposta da FINAME. Após algumas negociações,<br />

que culminaram em uma melhor proposta salarial, que levou em conta o<br />

meu tempo de formado e minha experiência anterior em fabricação de equipamentos,<br />

saí da CSN no dia 30 dezembro de 1980 e fui admitido na FINAME no dia 31.<br />

157<br />

O trabalho de Emilson na FINAME consistia, em um primeiro momento, em atividades<br />

relacionadas com o credenciamento de fabricantes. Em 1990 ele foi promovido


a gerente para exercer outra atividade, passando, então, a atuar promovendo a<br />

interface entre a FINAME e o BNDES.<br />

Era uma área diferente um pouquinho, era o antigo FINAME Especial, que não existe<br />

mais. O BNDES, antigamente, não financiava equipamentos. As operações de financiamento<br />

de equipamentos eram direcionadas para a FINAME, financiadas nas<br />

mesmas condições em que o projeto era financiado no BNDES. Então existia uma<br />

área que fazia essa interface, tinha uma equipe, e foi ali que me tornei gerente. Foi<br />

uma experiência muito legal. Treze anos bem vividos, de 1990 a 2003.<br />

158<br />

Após deixar a FINAME em 2003, Emilson atuou alguns anos em outra área do<br />

BNDES.<br />

Trabalhei na Área de Infraestrutura de 2003 até 2012. Em 2012, voltei para a Área<br />

de Operações Indiretas, sucessora da FINAME, para ficar mais um ano fazendo<br />

transmissão de conhecimento, pois estavam montando novas equipes. Também foi<br />

uma experiência boa, porque as pessoas que ali estavam tinham uma cabeça boa e<br />

puderam aproveitar minha experiência.<br />

O BNDES, antigamente, não financiava<br />

equipamentos. As operações de financiamento de<br />

equipamentos eram direcionadas para a FINAME,<br />

financiadas nas mesmas condições em que o projeto<br />

era financiado no BNDES.<br />

De acordo com Emilson, quando foi realizada a unificação dos planos de cargos e<br />

salários da FINAME, do BNDES e da BNDESPAR, houve mudanças estruturais na<br />

empresa, mas não no trabalho.


Tivemos algumas mudanças estruturais apenas. Às vezes mudava o chefe ou o<br />

superintendente, mas a equipe ia toda para lá ou para cá, não havia interferência.<br />

Houve mudança na forma de promoção, mas o trabalho não mudou nada. O que<br />

mudou mais foi quando o BNDES passou a financiar equipamentos, que foi em<br />

1997. Aí mudou porque deixamos de financiar os grandes projetos, mas ainda<br />

assim cabia à nossa equipe analisar se aqueles equipamentos eram credenciados<br />

ou não, se tinham conteúdo local adequado. E isso foi legal porque fez uma aproximação<br />

entre as equipes das áreas industriais e operacionais do BNDES e a área<br />

operacional da FINAME.<br />

159<br />

Trabalhei na Área de Infraestrutura, de 2003 até 2012.<br />

Em 2012, voltei para a Área de Operações Indiretas,<br />

sucessora da FINAME, para ficar mais um ano fazendo<br />

transmissão de conhecimento, pois estavam montando<br />

novas equipes.<br />

Emilson relatou que o relacionamento entre os funcionários da FINAME era estreito<br />

e que eles realizavam, inclusive, atividades fora da empresa.<br />

Quando cheguei na FINAME, o ambiente era muito íntimo, as equipes ainda estavam<br />

se formando, então havia muitas brincadeiras sadias, até infantis, que criavam<br />

um ambiente muito amistoso de trabalho. No final do ano tinha sempre uma confraternização,<br />

um futebol.<br />

Emilson participou de muitas viagens realizadas pela FINAME, que lhe proporcionaram<br />

grandes experiências.


160<br />

Como trabalhávamos financiando os equipamentos de grandes projetos, íamos até<br />

esses projetos para conhecê-los. Tivemos a oportunidade de conhecer alguns que<br />

estavam no início da implantação, como Carajás, e visitamos não só a mina de ferro<br />

e manganês, como também a ferrovia que liga Carajás a São Luís. Em 1980-81 visitamos<br />

Itaipu, que ainda estava em fase de implantação. Depois, numa outra fase,<br />

quando o BNDES já financiava os projetos, também visitamos a indústria automobilística<br />

e acompanhamos a sua expansão no Brasil. Além disso, visitávamos também<br />

os fabricantes para depois credenciá-los.<br />

Algumas histórias curiosas sobre as viagens nas quais Emilson esteve presente foram<br />

lembradas por ele.<br />

Tem histórias muito interessantes. Já saí corrido, por exemplo. Uma vez nós fomos<br />

visitar uma pessoa que queria se credenciar, mas, quando chegamos lá, estava tudo<br />

fechado. Um segurança veio nos atender e eu comecei a entrar para ver o que que<br />

tinha. Fui entrando, entrando... mas o cara foi me buscar lá dentro e tivemos que<br />

sair correndo porque ele nos ameaçou. (risos) De outra vez, havia uma operação<br />

de financiamento que era no mínimo estranha, pois era uma empresa de estacionamento<br />

comprando um molde industrial utilizado para injetar plástico. Achamos<br />

aquilo estranho e fomos visitar o fabricante, que virou a mesa e queria briga. Aí<br />

fomos visitar o comprador em São Paulo, mas o endereço ficava numa rua em que<br />

só havia lojas e não tinha ninguém com aquele nome. Uma confusão! Outras vezes<br />

Como trabalhávamos financiando os equipamentos<br />

de grandes projetos, íamos até esses projetos para<br />

conhecê-los. Tivemos a oportunidade de conhecer<br />

alguns que estavam no início da implantação, como<br />

Carajás, e visitamos não só a mina de ferro e manganês,<br />

como também a ferrovia que liga Carajás a<br />

São Luís.


íamos na empresa e o dono nos levava para outra. Um dia perguntei: “Aqui, onde<br />

estou pisando... Qual o CNPJ de onde estou pisando?”.<br />

Emilson guarda ótimas lembranças do tempo em que trabalhou na FINAME.<br />

Representa muito, porque eu passei mais da metade da minha vida aqui dentro.<br />

Passei minha juventude, casei, meus filhos nasceram. Então, tudo o que eu lembro<br />

da minha vida, em algum instante, mesmo nos pessoais, de alguma forma tinha um<br />

momento aqui dentro. Tudo o que eu tenho em termos financeiros, devo à FINAME,<br />

além do conhecimento que obtive. As pessoas aqui, de uma maneira geral, salvo raríssimas<br />

exceções, são de altíssimo nível – intelectual e de educação, principalmente.<br />

Então representa muito, porque tudo o que fiz foi baseado no trabalho que eu tinha.<br />

Na minha decisão de vir para cá pesaram duas razões: eu teria mais perspectivas do<br />

que onde eu estava e o ótimo ambiente de trabalho que aqui reinava.<br />

161


Jane Maria Coelho Duarte<br />

Jane foi admitida na FINAME em 1980, no cargo de assessor técnico, que era a<br />

nomenclatura utilizada para os cargos de nível superior.<br />

162<br />

Como eu era formada em Psicologia, com experiência na área de Recursos Humanos,<br />

fiquei lotada na Área de Pessoal da empresa. As atribuições do cargo eram:<br />

seleção de pessoal por meio de entrevista e aplicação das provas admissionais;<br />

treinamento, que na verdade era feito pela Área de Treinamento do BNDES – eu só<br />

fazia o encaminhamento; implantação do Sistema de Avaliação de Desempenho dos<br />

empregados, projeto que já estava em andamento, mas não implantado ainda. Então<br />

participei da finalização dos instrumentos que seriam utilizados nas avaliações<br />

e orientação/treinamento dos avaliadores e avaliados.<br />

O sistema de avaliação tinha algumas saídas importantes, como: verificação de<br />

necessidades de treinamento do funcionário e acompanhamento psicológico dos<br />

funcionários avaliados com uma baixa pontuação, o que demonstrava que sua performance<br />

não estava satisfatória para a sua chefia. Nesses casos era feita uma<br />

entrevista com o empregado para verificar se havia algum problema pessoal que pudesse<br />

estar interferindo na execução de suas tarefas, ou alguma situação conflitante<br />

com a chefia, ou mesmo com algum colega da área. Dependendo do diagnóstico,<br />

poderia haver indicação de terapia com profissional de fora da empresa, conversa<br />

com a chefia ou remanejamento de área.


163


164<br />

A última saída da Avaliação de Desempenho era a promoção do funcionário. Havia<br />

um percentual de promoções, estabelecido pela Norma de Promoções da Empresa,<br />

concedidas todos os anos. Para relacionar os funcionários “promovíveis”, era feita<br />

uma listagem por ordem decrescente com os pontos obtidos por eles na Avaliação de<br />

Desempenho. Os de maior pontuação, limitados a este percentual, eram promovidos.<br />

Após alguns anos fui eleita presidente da Associação de Funcionários da FINAME, mas<br />

continuei exercendo o cargo, paralelamente às funções da Área de Pessoal. Isso gerou<br />

alguns conflitos com a chefia e acabei sendo posta à disposição. A Diretoria então<br />

resolveu me deixar cedida à Associação, onde permaneci por 18 anos. Embora tenha<br />

tentado, a cada eleição, voltar para as atividades da empresa, por falta de nova chapa<br />

inscrita para candidatar-se às eleições da AFF, eu acabava continuando no mandato,<br />

sempre eleita por unanimidade dos votos ou maioria absoluta. A essa altura a FINAME<br />

já estava com as áreas operacionais unificadas com as do BNDES, então os cargos<br />

passaram a adotar a nomenclatura do novo plano de cargos e os funcionários de nível<br />

superior, os antigos assessores técnicos, passaram a ser nominados de acordo com sua<br />

formação, como, por exemplo, engenheiro, economista, psicólogo, e assim por diante.<br />

Jane conta que, no exercício da presidência da Associação, houve muitas situações<br />

de grande pressão, porque foi o momento da abertura política no país, quando<br />

começou a viger a legislação sobre as Negociações Coletivas de Trabalho, o que era<br />

até então impossível dentro do regime ditatorial.<br />

Éramos inexperientes no assunto, tanto nós, das associações, quanto a Diretoria da<br />

empresa. A AFF até então funcionava mais como um grêmio recreativo e, a partir da


Embora tenha tentado, a cada eleição,<br />

voltar para as atividades da empresa,<br />

por falta de nova chapa inscrita para<br />

candidatar-se às eleições da AFF, eu<br />

acabava continuando no mandato,<br />

sempre eleita por unanimidade dos votos<br />

ou maioria absoluta.<br />

abertura política, passou a dar mais ênfase às atividades de uma entidade de classe,<br />

atuando nessa área das relações trabalhistas. Fomos aprendendo juntos e construindo<br />

muitas vitórias, com grande ajuda dos companheiros das outras duas associações,<br />

principalmente da AFBNDESPAR, mas também da AFBNDES. Conseguimos implantar<br />

benefícios de que os funcionários do BNDES já usufruíam há muito tempo, mas os da<br />

FINAME ainda não, e, entre outros benefícios, passamos também a ter o mesmo plano<br />

de saúde. Vivenciamos a primeira greve geral do BNDES por ocasião da exigência de<br />

demissões do Plano Collor, que foi uma greve emocional, já que estávamos vendo<br />

nossos colegas sendo demitidos sem razão alguma, apenas para cumprir determinação<br />

de Brasília. Foi um dia histórico, com todo o corpo funcional do Sistema BNDES de<br />

mãos dadas cantando o Hino Nacional no térreo do EDSEJ. Depois dessa greve vieram<br />

outras, em geral na data base, em setembro, quando ocorrem as negociações coletivas.<br />

No coração de Jane, só coisas boas têm lugar quando se fala de FINAME.<br />

165<br />

Jane conta que, no exercício da presidência<br />

da Associação, houve muitas<br />

situações de grande pressão, porque foi<br />

o momento da abertura política no país,<br />

quando começou a viger a legislação<br />

sobre as Negociações Coletivas de Trabalho,<br />

o que era até então impossível<br />

dentro do regime ditatorial.<br />

Muitas experiências novas, muito aprendizado levado para a vida! Um dos maiores<br />

é o respeito à divergência de opiniões. Em várias ocasiões tive que defender com<br />

unhas e dentes causas que divergiam da minha própria opinião, mas que atendiam<br />

ao desejo da maioria daqueles a quem eu representava. Foi um privilégio trabalhar<br />

tantos anos nessa empresa, fazer tantos amigos – que se mantêm até hoje – e<br />

vivenciar por tantos anos o clima de união e amizade entre o corpo funcional da<br />

FINAME. Éramos uma família que trabalhava cheia de satisfação e alegria pelos<br />

excelentes resultados que a empresa obtinha e os elogios que recebia na mídia.


166<br />

Alex Soares da Silva


Alex entrou para a FINAME por meio de uma vaga que abriu para mensageiro. Na<br />

época era menor de idade e conta como se deu essa oportunidade.<br />

Devo isso à minha mãe, hoje aposentada.<br />

Foi uma oportunidade imperdível que ela viu<br />

para a minha vida toda. Fiquei 3 anos, dos 15<br />

aos 18 anos, como mensageiro e, depois de<br />

concursado, entrei como escriturário, passei a<br />

assistente técnico-administrativo trabalhando<br />

com análise de propostas.<br />

Quando abriu vaga para mensageiro, minha mãe, Dinorá, que já trabalhava na<br />

FINAME como Assistente Técnica, vislumbrou uma oportunidade e me indicou. Fiz<br />

uma prova interna e passei. Isso foi em 1988, eu estava com 14 para 15 anos. Entrei<br />

em janeiro de 1988 e, em fevereiro, fiz 15 anos. A proposta da FINAME era um contrato<br />

até que eu e os demais meninos completássemos 18 anos. Com a maioridade<br />

acabava o contrato e saíamos para servir ao Exército. Quando completei 18 anos,<br />

coincidiu de ter um concurso para assistente. Passei no concurso, sobrei no Exército<br />

e estou aqui até hoje.<br />

Alex agradece à Dinorá e fala da sua trajetória na FINAME desde a sua entrada,<br />

passando pela fusão até os dias de hoje.<br />

167<br />

Devo isso à minha mãe, hoje aposentada. Foi uma oportunidade imperdível<br />

que ela viu para a minha vida toda. Fiquei 3 anos, dos 15 aos 18 anos, como<br />

mensageiro e, depois de concursado, entrei como escriturário, passei a assistente<br />

técnico-administrativo trabalhando com análise de propostas. As propostas<br />

chegavam pelo agente financeiro, eram encaminhadas a um departamento da<br />

FINAME para ser feita a análise. Tudo era feito com máquina de escrever e de-


168<br />

pois começaram a surgir os primeiros IBMs, aquela telinha preta... E aí comecei<br />

a fazer essa inserção dos documentos no sistema. Com o tempo, passei a analisar<br />

as propostas. Começaram a surgir os computadores na mesa de cada um e,<br />

então, o pessoal analisava e inseria as propostas no sistema. Era basicamente a<br />

conferência da documentação, dos parâmetros de percentual, qual a atividade<br />

da empresa, onde ela se enquadrava na proposta do Banco, da FINAME, saber<br />

se o percentual que estava preenchido na Proposta de Abertura de Crédito estava<br />

de acordo com as normas do Banco e mais uma infinidade de conferências.<br />

Em 1992 houve a fusão. Eu estava na função de secretário de departamento.<br />

Da secretaria eu comecei a trabalhar com a parte de credenciamento de equipamentos.<br />

Eu dava suporte para o pessoal, cliente externo, que tinha dúvidas<br />

de como é que inseria, qual documento tinha que mandar para cadastrar os<br />

produtos. Fiquei com uma linha bem direta com o público externo mais a secretaria.<br />

Então, juntaram as duas coisas. Nesse meio-tempo, recebi um convite para<br />

ser encarregado de serviço no quadro do BNDES. O departamento criou então<br />

uma vaga na função de secretaria, que não existia, para que eu pudesse ficar lá.<br />

Fiquei mais um tempo até incorporar a função. Então, foi bom financeiramente.<br />

Por outro lado, continuei fazendo a função na FINAME, que eu conhecia bem.<br />

Era até legal porque eu já tinha o conhecimento do trabalho. Em várias reuniões<br />

de gerência eu era chamado para explicar aos representantes das empresas<br />

determinados procedimentos/preenchimentos do programa de CFI, que é um<br />

programa de cadastramento de fabricantes de produtos. Na época, era disquete.<br />

O pessoal dizia: “Como é que funciona?”, “Não está rodando” etc. Aí recebi um<br />

segundo convite e fui para a área do BNDES onde estou há uns oito anos. Sou<br />

Eu dava suporte para o pessoal, cliente externo, que<br />

tinha dúvidas de como é que inseria, qual documento<br />

tinha que mandar para cadastrar os produtos. Fiquei<br />

com uma linha bem direta com o público externo mais a<br />

secretaria. Então, juntaram as duas coisas.


funcionário da FINAME, mas FINAME e BNDESPAR não estão mais admitindo<br />

ninguém, então vai chegar uma hora em que todos vão se aposentar e essas<br />

empresas vão terminar. No momento estou como encarregado de serviço e,<br />

coincidentemente, continuo alimentando o sistema, principalmente a parte de<br />

contrato. Eu tenho que juntar as informações financeiras do contrato e jogar no<br />

sistema para todo o Banco ter acesso àquele contrato que entrou.<br />

Alex fala sobre o que mudou em 1992, quando houve a fusão.<br />

169<br />

Pessoalmente ou profissionalmente não houve<br />

alteração significativa para mim quando<br />

ocorreu a fusão. Nem para melhor nem para<br />

pior, foi tranquilo. Entretanto, achei interessante<br />

ter saído um pouquinho de dentro da<br />

FINAME para trabalhar no BNDES pelo fato de<br />

conhecer novos serviços.<br />

Para mim não mudou quase nada. Eu entrei quando já funcionava o prédio novo.<br />

Fisicamente eu mudei de sala. De tempos em tempos há uma reestruturação. Muda<br />

o chefe ou o superintendente. Cada um convida os seus para trabalhar e, eventualmente,<br />

há uma modificação de layout e você acaba mudando. Eu estava no 11º,<br />

agora estou no décimo primeiro, mas a área em si continua a mesma. Pessoalmente<br />

ou profissionalmente não houve alteração significativa para mim quando ocorreu a<br />

fusão. Nem para melhor nem para pior, foi tranquilo. Entretanto, achei interessante<br />

ter saído um pouquinho de dentro da FINAME para trabalhar no BNDES pelo fato<br />

de conhecer novos serviços. Andar pelo Banco e trabalhar com outras atividades é<br />

legal, porque percebemos que o que se faz lá atrás, no início, quando entra uma<br />

operação para análise, em determinado momento, passa por outros departamentos<br />

e começa a enxergar a coisa toda até ser liberado o recurso. Eu pego desde que a<br />

operação é enquadrada no Banco. Aí, ela sofre uma série de análises e, conjunta-


mente, está sendo cadastrada a empresa lá no trabalho que eu fazia anteriormente<br />

para, lá na frente, estar analisada e, se for o caso, aprovada.<br />

Alex lembra o que ficou marcado em sua vida nesses anos todos trabalhando na<br />

FINAME.<br />

170<br />

Muitas festas de final de ano. Chamávamos o grupo de” família FINAME”, porque<br />

nos considerávamos dessa forma, e não só como colegas de trabalho. Conheço a<br />

FINAME desde menino, mesmo antes de trabalhar. Minha mãe já trabalhava aqui,<br />

então eu já frequentava as festas de fim de ano. Íamos muito para sítios… Então,<br />

o que eu lembro é muito isso, integração do pessoal no final de ano. Para mim, só<br />

coisa boa, nada de negativo.<br />

Alex se emociona ao falar do que a FINAME significa para ele, o que ela representa<br />

para o seu coração.<br />

A FINAME faz parte da minha vida, confunde-se com<br />

a minha vida, porque desde criança eu já participava<br />

dela por intermédio da minha mãe. Eu acho que tudo<br />

o que tenho devo ao convite que ela me fez na época.<br />

Imagina, um garoto de 14 anos…<br />

A FINAME faz parte da minha vida, confunde-se com a minha vida, porque desde<br />

criança eu já participava dela por intermédio da minha mãe. Eu acho que tudo o que<br />

tenho devo ao convite que ela me fez na época. Imagina, um garoto de 14 anos…<br />

Minha mãe sempre ralou bastante, sempre foi muito batalhadora, com aquela men-


Eu nem pensava em trabalho e ela me ligou: “Olha, o<br />

que você acha? Tem uma oportunidade aqui para trabalhar<br />

como mensageiro na FINAME”. Eu tinha acabado<br />

de entrar de férias e falei: “Ah, mãe, quero não”.<br />

Ela disse que tudo bem e desligou. Um minuto depois<br />

ela retornou a ligação: “Amanhã você vem para cá,<br />

porque eu quero que você...”. E eu disse: “Está bom”.<br />

talidade: “Se eu posso dar para o meu filho a condição para ele estudar, eu vou fazer<br />

de tudo para ele estudar, não tem que trabalhar com 14 anos”. Mas, em determinado<br />

momento, ela enxergou que poderia ser uma oportunidade. Eu lembro que,<br />

na época, estava de férias da escola. Eu nem pensava em trabalho e ela me ligou:<br />

“Olha, o que você acha? Tem uma oportunidade aqui para trabalhar como mensageiro<br />

na FINAME”. Eu tinha acabado de entrar de férias e falei: “Ah, mãe, quero<br />

não”. Ela disse que tudo bem e desligou. Um minuto depois ela retornou a ligação:<br />

“Amanhã você vem para cá, porque eu quero que você...”. E eu disse: “Está bom”.<br />

Graças a Deus que ela fez isso. Tenho mais dois irmãos, mas eles não conseguiram.<br />

Eu sou o do meio. O mais novo tinha 12 anos, não tinha como, e o mais velho tinha<br />

16 para 17 anos – ia ficar um ano só na <strong>Finame</strong> –, então apenas eu estava na idade<br />

certa. E, graças à minha mãe, aqui estou eu até hoje.<br />

171


Dinorá Soares Maia<br />

Após o depoimento do filho Alex, Dinorá se anima em contar a sua história na<br />

FINAME e começa falando de como foi a sua entrada na empresa.<br />

172<br />

Eu trabalhei anteriormente em empresas grandes como Petrobrás, Eletrobrás, Light,<br />

Sempre como secretária contratada. Eu não podia ter emprego fixo por causa dos<br />

meus filhos, porque, se houvesse algum problema, eu podia negociar e sair. No caso<br />

da FINAME eu também fui contratava por um tempo, só que, durante esse período,<br />

abriu um processo seletivo na empresa. Era uma prova escrita e uma de datilografia,<br />

na qual tinha que dar 100 toques por minuto. Eu era muito boa nisso e passei. Entrei<br />

em 1980 e me tornei funcionária efetiva.<br />

Ser secretária sempre foi um sonho para Dinorá. Sonho realizado completamente<br />

na FINAME.<br />

Desde criança quis ser secretária porque minha madrinha era secretária na Marinha<br />

e eu tinha uma admiração enorme por ela. Só que, antes de realizar este sonho, eu<br />

trabalhei em loja, fiz tudo o que tinha que fazer, até porque casei, tive filhos, então<br />

temos que correr atrás mesmo. Eu sempre tive mais de um emprego. Quando entrei


para a FINAME, eu ainda não tinha uma situação financeira definida porque havia<br />

me separado recentemente, então também fazia trabalhos para um cartório. Eu tinha<br />

um chefe maravilhoso e, no horário de almoço, datilografava escrituras. Paralelo<br />

a isso eu também vendia sanduíche aqui na FINAME. Enquanto isso também fiz um<br />

curso de esteticista. Quando acabava o expediente eu ia para o salão de cabeleireiro<br />

trabalhar como esteticista até as 21 horas. Na época da fusão eu mudei de<br />

departamento porque mudaram todos os chefes. Quando entrei na FINAME, fui para<br />

o Departamento de Cobrança como secretária de gerente e cheguei à superintendência.<br />

Eu tinha que me aposentar com 55 anos, mas quando cheguei aos 50 anos<br />

fiquei muito doente e, como já dava para me aposentar pelo INSS, eu saí. Passei um<br />

ano me cuidando, sem fazer nada, depois entrei para o Projac, na Globo. Primeiro<br />

fui figurante e depois fiquei dez anos como motorista. Durante esse tempo, paralelamente<br />

trabalhei como esteticista e abri uma clínica, mas há 16 anos me aposentei.<br />

173<br />

Dinorá fala dos filhos, de como surgiu a ideia de colocar seu filho Alex para fazer a<br />

prova na FINAME e o que houve de gratificante nisso.<br />

Eu tenho três filhos. Aí surgiu uma oportunidade para o Alex fazer a prova porque<br />

estavam admitindo contínuos e ele já estava com idade para entrar no Banco. Na<br />

época ele morava com o pai, não queria fazer a prova, mas eu fui lá, peguei ele e<br />

falei “Você vai. Vai trabalhar lá onde eu trabalho”. Aí eu o trouxe, ele fez a prova<br />

e ficou, graças a Deus. Eu mostrei para o Alex: “Se você ficar aqui, você tem um


caminho, você pode fazer qualquer concurso, pode estudar”. E era uma época<br />

em que era fácil, que não tinha esse monte de gente para entrar. A gravidez do<br />

Alex foi a mais difícil. Eu ficava mais no hospital do que em casa, e quando ele<br />

nasceu, foi com fórceps. Passei a vida fazendo eletroencefalograma nele porque<br />

era calmo demais, uma criança quieta, na dele, e eu pensei: “Esse garoto tem<br />

problema porque nasceu com fórceps”. Mas ele foi o que me deu mais alegria,<br />

que completou os estudos.<br />

174<br />

Dinorá dedica muito carinho aos colegas e amigos que encontrou na FINAME e diz<br />

o que ficou no seu coração sobre isso.<br />

Eu tenho todo o carinho do mundo por isso aqui, que para mim é uma família. Eu<br />

convivi e continuo convivendo com eles, e eles também têm um carinho muito grande<br />

por mim. Se eu pudesse voltar atrás, eu voltaria a trabalhar aqui. Se houvesse a<br />

oportunidade de os aposentados retornarem a qualquer atividade, eu voltaria com<br />

prazer. Eu agradeço a Deus e à FINAME por tudo o que tive, tudo o que eu fiz. Eu<br />

me esforcei no meu trabalho e tudo o que eles me deram foi bom. Agradeço a Deus<br />

sempre, fui uma pessoa sofrida que recebeu essa graça.


Denise Soares Pires<br />

Denise trabalhava na Candelária, em um banco que ficava no 11º andar. A FINAME<br />

era no 12º andar do mesmo prédio e, por meio de uma amiga de faculdade, soube<br />

de uma vaga na empresa.<br />

Fiz a inscrição, a prova e logo depois eu fui chamada. Isso foi em 5 de agosto de<br />

1980. Comecei como escriturária nível 7 na Gerência de Serviços Gerais, com 21<br />

anos. Ainda estava no primeiro ano da faculdade de Administração quando entrei<br />

para a FINAME. O trabalho tinha tudo a ver, porque era contas a pagar. Eu emitia a<br />

autorização de pagamento de cheques, pagamento ao fornecedor e, ao final do mês,<br />

fazia os relatórios. Fiquei 10 anos nessa função. Depois, em 1992, fui convidada<br />

para ser secretária.<br />

175<br />

Denise reflete sobre o que mudou depois da fusão. Relembra os colegas de trabalho,<br />

seu relacionamento com seus superiores e o que foi bom.<br />

Eu trabalhava no Departamento de Serviços Gerais (Contas a Pagar), que acabou.<br />

Aí eu fui mandada para a ASPLA, a Assessoria e Planejamento, que hoje é o DESCO,


e estou lá há 27 anos. Por um tempo fui secretária de superintendente. A FINAME<br />

continua existindo como empresa, mas virou uma área do BNDES. Todos são muito<br />

antigos. Eu vou fazer 36 anos de FINAME. Todos vestem a camisa. Quando a gente<br />

vai ao jantar da FINAME é uma alegria, é muito gostoso estar junto, muito bom. Eu<br />

tenho muitas fotos antigas e recentes de almoços, cafés da manhã, festas, aniversários.<br />

Muitos colegas já se aposentaram.<br />

176<br />

Denise lembra alguns episódios marcantes que ficaram em sua memória nesses<br />

anos de trabalho na FINAME.<br />

Eu e Derly trabalhávamos com meninos que, na época, tinham 14 anos de idade,<br />

eram os mensageiros. Alguns ainda hoje estão no Banco, com cargo, já casados.<br />

Sempre olho para eles com muito carinho. Havia um colega que fazia desenhos,<br />

tipo charges. Ele tinha um painel na parede com um monte de caricaturas de todos<br />

os funcionários. Teve o caso também de um funcionário novo que não estava recebendo<br />

o sanduíche e falaram que ele tinha que fazer um memorando para pedir o<br />

lanche. Aí ele fez uma solicitação para pedir o sanduíche e falaram: “Tem que pedir<br />

a assinatura de fulano”. “Agora você tem que pegar assinatura de ciclano”. “Agora<br />

você tem que pegar de beltrano”. Quando ele se deu conta, viu que estava com<br />

um monte de assinaturas. No meu primeiro dia de trabalho, me mandaram pegar<br />

carbono pautado no almoxarifado. Era uma gozação. Eu só tenho recordações boas.<br />

Eu e Derly trabalhávamos com meninos que,<br />

na época, tinham 14 anos de idade, eram os<br />

mensageiros. Alguns ainda hoje estão no Banco.<br />

Sempre olho para eles com muito carinho.


Denise fala o que aconteceu em sua vida particular desde a sua chegada e o que a<br />

FINAME representa para o seu coração.<br />

Eu entrei aqui noiva, casei, estou com 35<br />

anos de casada, tive uma filha. Toda a minha<br />

vida eu agradeço à FINAME, ao BNDES.<br />

Eu entrei aqui noiva, casei, estou com 35 anos de casada, tive uma filha. Toda a<br />

minha vida eu agradeço à FINAME, ao BNDES. Eu consegui ter minha casa própria<br />

graças à FINAME e à FAPES. Eu morava de aluguel. Agradeço pelos amigos, porque<br />

o mais importante são as amizades que eu consegui construir nesses 36 anos. É isso<br />

que eu vou levar comigo. Eu faço o meu trabalho com muito amor, com dedicação,<br />

porque tudo que eu tenho hoje na minha vida pessoal agradeço à FINAME, ao<br />

BNDES, à FAPES. Quero agradecer a todos os chefes e a todos os colegas com os<br />

quais trabalhei porque contribuíram para o meu amadurecimento. Com todos, de<br />

certa forma, eu tive a oportunidade de aprendizado e crescimento. Então são coisas<br />

que eu vou levar comigo para o resto da vida.<br />

177


PROGRAMAS operacionais de<br />

financiamento de máquinas e<br />

equipamentos atuais (2016)<br />

178<br />

BNDES <strong>Finame</strong> — Financiamento de máquinas e equipamentos<br />

Financiamento, por intermédio de instituições financeiras credenciadas, para a produção<br />

e aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação<br />

novos, de fabricação nacional e credenciados no BNDES.<br />

As operações de financiamento são realizadas de forma indireta, apenas por meio<br />

de instituições financeiras credenciadas ao BNDES.<br />

O BNDES <strong>Finame</strong> divide-se em linhas de financiamento, com objetivos e condições<br />

financeiras específicas, para melhor atender às demandas dos clientes, de acordo<br />

com a empresa beneficiária e os itens financiáveis.<br />

• Aquisição e Comercialização de Bens de Capital (BK Aquisição): financiamento<br />

para a aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação<br />

nacionais novos, exceto ônibus, caminhões e aeronaves.<br />

• Aquisição e Comercialização de Ônibus, Caminhões e Aeronaves Executivas (BK<br />

Aquisição Ônibus e Caminhões): financiamento para a aquisição e comercialização<br />

de ônibus; chassis e carrocerias para ônibus; caminhões; caminhões-tratores; cavalos<br />

mecânicos; reboques; semirreboques; chassis e carrocerias para caminhões, aí


incluídos semirreboques tipo dolly e afins; carros-fortes e equipamentos especiais<br />

adaptáveis a chassis (como plataformas, guindastes, betoneiras, compactadores de<br />

lixo e tanques); e aeronaves executivas. Todos nacionais novos.<br />

• Produção de Bens de Capital (BK Produção): financiamento de capital de giro destinado<br />

à produção de máquinas, equipamentos e bens de informática e automação.<br />

BNDES <strong>Finame</strong> Agrícola<br />

Financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos, implementos agrícolas<br />

e bens de informática e automação novos, de fabricação nacional, credenciados no<br />

BNDES. As operações do BNDES <strong>Finame</strong> Agrícola também são realizadas por meio<br />

das instituições financeiras credenciadas.<br />

179<br />

BNDES <strong>Finame</strong> Leasing<br />

Financiamento para a aquisição de máquinas, equipamentos e bens de informática<br />

e automação novos, de fabricação nacional, credenciados no BNDES, destinados a<br />

operações de arrendamento mercantil financeiro ou operacional.


A FINAME e o metrô do Rio<br />

de Janeiro<br />

180<br />

Para a construção do metrô, o estado do Rio de Janeiro recorreu à FINAME, que<br />

cedeu financiamento para a grande obra. Os recursos eram concedidos, a partir da<br />

aprovação do empréstimo, em parcelas, conforme o “cronograma de liberação” feito<br />

previamente pelo tomador do empréstimo – no caso, o estado do Rio de Janeiro.<br />

O crédito era aprovado e os recursos eram liberados aos poucos, de acordo com a<br />

necessidade (a construção de um trecho, por exemplo). Não se tratava de uma operação<br />

única, mas de várias operações consecutivas e interdependentes.<br />

O agente financeiro responsável, que, naquela época, era o Banco do Estado do Rio<br />

de Janeiro (Banerj), pedia um determinado valor, já estimado e previsto no cronograma,<br />

e ocorria a liberação da parcela. Entretanto o estado só receberia a parcela<br />

seguinte se comprovasse a utilização da anterior com aquela finalidade específica.<br />

Só então estaria habilitado a resgatar uma nova parcela. Mas também era possível,<br />

sempre seguindo o cronograma, liberar várias parcelas juntas. Todo o previsto na<br />

contratação era fielmente seguido.<br />

Caso o valor solicitado a princípio fosse, por algum motivo, considerado insuficiente,<br />

sendo necessário um aporte de capital, ele não podia ser suplementado, ter-se-ia<br />

que realizar uma nova proposta, um novo contrato. Era possível fazer aditivos para<br />

mudar vários itens, menos o valor original, que não poderia ser modificado.


Valdir da Silva<br />

Valdir da Silva entrou para a FINAME quando ainda menor de idade. Ele conta como<br />

foi difícil trocar o sonho de ser músico pelo emprego ao atingir a maior idade.<br />

Eu entrei em 20 de fevereiro de 1984, como mensageiro. Minha mãe era costureira,<br />

meu pai era motorista de caminhão, então já se pensava em eu trabalhar para ter<br />

a minha renda. Por intermédio de um vizinho eu fui indicado para uma entrevista.<br />

Foram seis meninos para quatro vagas. Eu tinha todos os documentos: carteira de<br />

saúde, carteira de trabalho, CPF, identidade (documentos que me ajudaram muito),<br />

tudo tirado pela minha mãe. Aí fiz aqueles exames da época. Entrei para a FINAME<br />

com 14 anos, com contrato de quatro anos. Aos 18 anos, na época de servir às Forças<br />

Armadas, o país estava passando também por uma mudança na qual as estatais<br />

não poderiam mais contratar, o acesso teria que ser por concurso e, como nós já estávamos<br />

aqui, foi dada esta oportunidade de continuar na FINAME. Fiz um concurso<br />

interno, passei, dei baixa na Marinha e entrei como funcionário no setor de microfilmagem.<br />

Foi uma decisão difícil, porque eu tinha estudado a minha vida toda para<br />

ser músico da Marinha. Amigos do meu pai, que eram da Marinha, estavam nesse<br />

sonho comigo. Eu pensei: “Eu vou continuar na FINAME, se eu achar que não vai dar<br />

certo, eu posso depois entrar para a Marinha como civil”. Então fiquei, fiz faculdade<br />

e me formei em Administração. A coisa foi evoluindo de uma forma que eu acabei<br />

181


deixando de lado a música e nem como hobby ficou, embora o instrumento esteja<br />

até hoje guardado lá em casa. Eu não me arrependo. Foi ótima a minha decisão.<br />

Valdir explica como foi para a cabeça de um menino de 14 anos, que estava estudando,<br />

soltando pipa, ter que trabalhar e ter responsabilidade. Fala também da sua<br />

trajetória na FINAME durante todos esses anos.<br />

182<br />

Eu nunca tinha saído de São João de Meriti e vindo ao Centro do Rio de Janeiro.<br />

Quando o ônibus entrou na Praça Mauá e vi aqueles prédios imensos... Houve o baque<br />

de trocar o jogar bola e soltar pipa pelo trabalho, mas para mim foi muito legal.<br />

Ganhava um dinheiro imenso para um menino. Passei a ajudar na renda mensal da<br />

família, coisa que nunca me foi pedida. Foi muito legal, foi perfeito.<br />

Na época de mensageiro, em determinadas horas, ficava numerando páginas para a<br />

microfilmagem. Não deixava de ter uma responsabilidade, porque não podia pular<br />

página; para mim era um aprendizado. Quando voltei, efetivado como funcionário,<br />

preparava e numerava os documentos para posteriormente serem microfilmados e<br />

ainda havia a segunda parte, que era conferir documento por documento na leitora<br />

de microfilme para ver se estava microfilmado de forma correta. Fui aprendendo<br />

a parte de microfilmagem e fiz cursos. Fiquei nessa função durante uns dois anos.<br />

Em 1992, houve a fusão e eu vim trabalhar com a microfilmagem no Banco. Neste<br />

mesmo ano, fui para a Área de Administração e fiquei encarregado de uma equipe<br />

Eu nunca tinha saído de São João de Meriti<br />

e vindo ao Centro do Rio de Janeiro. Quando<br />

o ônibus entrou na Praça Mauá e vi aqueles<br />

prédios imensos... Houve o baque de trocar<br />

o jogar bola e soltar pipa pelo trabalho, mas<br />

para mim foi muito legal. Ganhava um dinheiro<br />

imenso para um menino.


contratada que era responsável pela movimentação dos móveis, mudança de layout,<br />

alterações de carpete, troca de divisórias, essas coisas. No final de 1993 vim para a<br />

área de Recursos Humanos com a função de assistente técnico-administrativo e, em<br />

1995, me tornei coordenador da folha de pagamento do Banco. Fiquei um período<br />

curtíssimo, de junho a outubro de 1995. Eu tinha 26 anos e fui considerado muito<br />

novo para exercer a função de coordenador. Foi a única vez que eu me aborreci no<br />

BNDES, porque era uma coisa que eu almejava e me achava bastante preparado.<br />

Eu quis sair e fui convencido do contrário. Em 2005 voltei a ser coordenador e<br />

fiquei até 2015, a meu pedido, e saí porque, para mim, era muito maçante, cansativo.<br />

É uma responsabilidade muito grande mexer com o dinheiro das pessoas.<br />

Já tive inimizades passageiras por causa de pagamentos errados. As pessoas não<br />

entendem e eu entendo que as pessoas não entendam. As pessoas dizem que eu<br />

sou uma das poucas memórias em atividade. Recorrem sempre para alguma história,<br />

alguma coisa que não lembram ou não acham em arquivo.<br />

183<br />

Já no terceiro mandato como Diretor Financeiro da Associação de Funcionários da<br />

FINAME (AFFINAME), Valdir fala dessa experiência.<br />

É muito gratificante participar da Diretoria da AFFINAME, trabalhar na Associação<br />

com pessoas que pensam da mesma forma que eu e com a mesma índole e ajudar a<br />

gerir uma Associação que nunca teve qualquer problema financeiro que a manchasse.<br />

Lidar com pessoas tem sido um novo aprendizado, uma responsabilidade nova.


Valdir relembra o que aprendeu e gostaria que ficassem registrados os fatos curiosos<br />

que marcaram a sua vida durante o seu tempo na FINAME.<br />

184<br />

Desde mensageiro, eu sempre transitei em tudo, inclusive junto aos diretores, e isso<br />

para mim foi um aprendizado muito legal na época de menino. Como mensageiro,<br />

tem-se a facilidade de se aproximar das pessoas e acabar participando, de alguma<br />

forma, da vida delas. Na época, tínhamos alguns serviços para serem feitos fora do<br />

BNDES. Às vezes, ia à casa de um diretor. Era uma coisa que um menino que veio<br />

do interior jamais pensou. Na FINAME aprendi que as coisas são mais fáceis do<br />

que pensava. A FINAME era como uma grande família. Talvez pelo tamanho, todos<br />

participavam praticamente de tudo ou quase tudo uns dos outros: quem estava começando<br />

a namorar, quem estava deixando de namorar, quem ganhou uma função,<br />

quem perdeu, quem brigou com quem. Era realmente uma grande família.<br />

Valdir lembra algumas brincadeiras que ocorreram.<br />

Desde mensageiro, eu sempre transitei em tudo,<br />

inclusive junto aos diretores, e isso para mim foi<br />

um aprendizado muito legal na época de menino.<br />

Como mensageiro, tem-se a facilidade de se<br />

aproximar das pessoas e acabar participando, de<br />

alguma forma, da vida delas.<br />

A FINAME distribuía lanche pela manhã e, por conta disso, o copeiro chegava bem<br />

cedo. Normalmente, quando chegávamos para trabalhar, os lanches já se encontravam<br />

sobre as mesas. Certo dia, o lanche não estava servido e foram procurar saber o<br />

motivo. O copeiro, que era um cara supermedroso, falou: “Eu não entro nessa copa”.<br />

“Mas por quê?”, perguntaram. No dia anterior, puseram em cima da bancada da


copa algumas fitas de máquina de escrever, daquelas vermelhas e pretas, além de<br />

vela e farofa. Quando ele abriu a porta e viu aquilo em cima da bancada, negou-se<br />

a entrar. “Eu não entro nessa copa, fizeram macumba para mim”. Foi muito riso<br />

e certo estresse, porque o chefe dele também queria saber quem foi. Nesse dia, o<br />

lanche saiu meio-dia, quase virou almoço. (risos) Também brincavam muito com os<br />

mensageiros: mandavam-nos buscar “borracha para apagar carbono” e nós, ingenuamente,<br />

íamos. Andávamos pelo prédio todo atrás dessa borracha. Por tudo isso,<br />

pelos anos que vivi nesta grande família, para o meu coração, a FINAME é 100%.<br />

Foi muito legal, aprendi e cresci muito.<br />

Por tudo isso, pelos anos que vivi nesta grande<br />

família, para o meu coração, a FINAME é 100%.<br />

Foi muito legal, aprendi e cresci muito.<br />

185


Neide de Lima Torres<br />

Neide entrou como digitadora contratada no BNDES depois foi para a FINAME como<br />

técnica de informática até ser secretária.<br />

186<br />

Eu não me lembro da data exata, acho que foi em 1985, 1986. Eu era contratada<br />

pelo BNDES e depois passei para a FINAME. A FINAME recolheu os funcionários<br />

contratados que o BNDES queria mandar embora. Uma parte foi para a BNDESPAR<br />

e outra parte para a FINAME. Como o cargo de digitadora havia sido extinto, passei<br />

a trabalhar na FINAME como técnica de informática, mas era a mesma coisa, só<br />

mudou o nome. Depois passei a ser secretária em vários departamentos até chegar<br />

à área de advogados do Banco, onde me aposentei em abril de 2008 com 33 anos<br />

de trabalho: 15 no BNDES e 18 na FINAME.<br />

Neide fala das mudanças ocorridas no BNDES com a fusão, das demissões em massa<br />

e da rivalidade entre os concursados e os contratados.<br />

Quando entrei para o Banco, ele era espalhado por núcleos. Tinha na Av. Presidente<br />

Vargas, na Av. Rio Branco etc. Eu entrei como contratada, mas os concursados não


gostavam muito dos contratados, pois achavam que nós tínhamos caído ali “por<br />

avião”. Havia muita rivalidade entre os concursados e os contratados, porque eles<br />

achavam que não havia concurso para a FINAME e a BNDESPAR. Mas nós fizemos<br />

prova, saiu até no Diário Oficial. Foi uma prova interna, mas fizemos. Houve uma<br />

época em que resolveram, no Banco, mandar as pessoas embora e começaram pelos<br />

contratados. Contrataram uma comissão para mandar as pessoas embora. Mandavam<br />

vir pessoas “de fora” para avaliar você aqui dentro. Esses absurdos. Pura<br />

politicagem. Na década de 1990, depois dessa demanda grande para a FINAME<br />

e a BNDESPAR, resolveram fazer a fusão. Falaram: “Acima de 15 anos é <strong>Finame</strong>”.<br />

Então, eu estava dentro. Não queria nem saber onde me colocariam, só não queria<br />

ir para a rua. Eu sempre gostei da <strong>Finame</strong>.<br />

187<br />

Neide conta histórias e fatos que achou engraçados e ficaram marcados na sua<br />

memória durante sua permanência na <strong>Finame</strong>.<br />

Em época de festa de final de ano, a FINAME sempre teve um carinho muito especial<br />

com os funcionários. As festas da FINAME sempre foram consideradas “de elite”. E<br />

isso é até motivo de orgulho, porque uniu o pessoal da FINAME.<br />

Certa vez houve um torneio de buraco no Banco e eu perguntei a uma colega se<br />

ela sabia jogar. Ela disse que sim e nos inscrevemos. Era um bando de homens e<br />

só nós duas de mulheres. O primeiro jogo nós ganhamos por WO, porque nosso


188<br />

adversário não compareceu. No segundo, eu falei: “Vai ter de novo, vamos ficar<br />

mais um tempo sem trabalhar”. Queríamos ter um descanso, porque digitar muito<br />

tempo dói a coluna, dói tudo, a cabeça fica a mil. Chegamos lá e me lembro que<br />

um dos adversários era japonês, jogava em cassino, e o outro era barbudo. Eu<br />

pensei: “Vou perder mesmo, então vou brincar com esses caras”. E falei: “Você vai<br />

perder porque tem o olho pequeno”, e para o outro eu disse: “Coloca sua barba<br />

de molho porque você vai perder”. Ganhamos. No final já estavam apostando em<br />

mim. Fomos eliminando, eliminando… Quando chegou a final, nossos adversários<br />

ficavam tentando descobrir qual era o nosso macete, só que não tínhamos<br />

macete! (risos) Nesse dia, parece que o torneio começou às 14 horas e eu senti<br />

que eles estavam brincando com a gente, porque tinham carta para bater e não<br />

as arriavam. Nós estávamos com um monte de canastras sujas, não podíamos<br />

bater. Só tinha uma possibilidade em uma canastra de espadas. No lugar da dama<br />

estava o duque. Se comprássemos a dama, faríamos uma canastra de mil. Eu pensei:<br />

“Vamos perder mesmo”. Quando eu comprei a dama de espadas, falei que<br />

estava com vontade de ir ao toalete e fiquei um tempão. Voltei e dei um sinal a<br />

ela de que estava tranquilo. Todo mundo disse: “Estamos apostando em vocês”.<br />

Meu chefe tinha apostado em nós duas, e dinheiro alto! Já estava escurecendo<br />

e aí nos impuseram um limite de tempo para terminar. Antes que eles batessem,<br />

tirei o curinga do local, coloquei a dama na canastra. Eu estava com um curinga<br />

na mão e ainda bati jogando outro fora. Foi uma farra. Até hoje eles acham que<br />

sabíamos de algum macete. Depois, eu falei com meu chefe que nós só descemos<br />

para jogar porque estávamos cansadas de trabalhar e queríamos um pouco de<br />

descanso. Ele não acreditava, achava que éramos profissionais. Nós eliminamos<br />

Todo mundo disse: “Estamos apostando em<br />

vocês”. Meu chefe tinha apostado em nós duas,<br />

e dinheiro alto! Já estava escurecendo e aí nos<br />

impuseram um limite de tempo para terminar.<br />

Antes que eles batessem, tirei o curinga do local,<br />

coloquei a dama na canastra. Eu estava com um<br />

curinga na mão e ainda bati jogando outro fora.<br />

Foi uma farra.


pessoas que jogavam em cassino! Sorte, tudo é sorte. Às vezes não é o saber nem<br />

a malandragem, mas é a sorte.<br />

Neide fala sobre o que significou a FINAME para ela e o que leva dela no coração.<br />

Levei muita coisa boa da FINAME. Na verdade, levei a melhor coisa da minha vida: a<br />

minha aposentadoria. Graças aos braços abertos da FINAME eu me aposentei. Toda<br />

vez que recebo meu pagamento, agradeço a Deus e ao apoio da FINAME. Sempre<br />

que peço ajuda, resolvem para mim. É tipo uma irmandade. Hoje sou de bem com<br />

a vida porque tive um ambiente de trabalho muito bom. Eles fizeram festa boa para<br />

mim quando me aposentei, sinto saudades.<br />

189


João Furtado de Aquino<br />

Antes de ingressar na FINAME, em 1975, João começou a trabalhar no BNDES<br />

como assessor do chefe do Departamento de Operações. O início de seu trabalho na<br />

FINAME se deu em 1996, quando a fusão do BNDES com a FINAME e a BNDESPAR<br />

já havia sido realizada.<br />

190<br />

Eu já trabalhava no BNDES e saí para trabalhar na FINAME, na assessoria do chefe<br />

do Departamento de Operações, que era o dr. Luiz Antônio de Araújo Dantas. Ele<br />

me convidou, eu aceitei e fui para lá. Eu tinha perdido meu cargo, ele me chamou<br />

e eu fui.<br />

Em seu trabalho na FINAME, João era encarregado de responder a correspondências<br />

e participar de feiras e eventos, que tinham o objetivo de informar sobre as linhas<br />

de financiamento da empresa.<br />

O Banco manda representantes para as feiras, em especial no caso da FINAME,<br />

que lida com equipamentos, máquinas e motores, no Brasil inteiro. Então íamos<br />

prestar esclarecimento sobre as linhas de financiamento, o que que era o produto


FINAME, como funcionava. Normalmente eram duas equipes por feira, uma abria e<br />

a outra fechava a feira – geralmente a feira vai de um domingo até o outro domingo,<br />

então uma pessoa perdia o domingo inicial e outra perdia o final de semana. Nós<br />

participávamos dessas feiras para dar informações a respeito dos produtos que a<br />

FINAME tinha e de outros produtos que o BNDES, porventura, também oferecesse.<br />

João participou de aproximadamente 12 feiras durante o período em que trabalhou<br />

na FINAME.<br />

191<br />

Eu fiz em torno de 10, 12 feiras pelo Brasil inteiro. Eu fui a duas feiras bem fortes<br />

ligadas ao agronegócio, uma em Ribeirão Preto e outra em Esteio, no Rio Grande<br />

do Sul, e feiras em Caxias, em São Paulo, várias na parte de rodoviária e ônibus e na<br />

parte de máquinas, equipamentos industriais e até hotelaria, porque há os equipamentos<br />

para hotel, como ar-condicionado, cozinhas industriais, essas coisas.<br />

O tempo em que João trabalhou na FINAME foi lembrado por ele com entusiasmo.<br />

O ambiente era muito bom, e o próprio chefe contribuía para que fosse assim,<br />

estimulando um convívio bastante saudável, com festas de aniversário etc. Além<br />

disso, tínhamos o nosso grupo, o “grupo do chá”, e foi isso que me fez me as-


192<br />

sociar à AFFINAME. No princípio, os sócios da AFFINAME eram funcionários que<br />

tinham sido admitidos pela FINAME. Eu, como não fui admitido pela FINAME,<br />

entrei para sócio da AFFINAME exatamente por participar desse”grupo do<br />

chá” – nós nos reuníamos uma vez por semana, normalmente às quintas-feiras,<br />

e vinham pessoas de todo o Banco, principalmente da FINAME, para conversar,<br />

trocar ideias, relaxar. As pessoas se divertiam bastante e ninguém deixava de trabalhar<br />

por isso. Os organizadores maiores eram do lugar que, talvez, precisasse<br />

de mais descontração, que era o setor de informática. Surgiu dali a necessidade<br />

de descontração desse grupo.<br />

João trabalhou na FINAME por aproximadamente três anos, e, após esse período,<br />

ocupou outras áreas do Sistema. Quando se aposentou, em 2011, João ocupava o<br />

cargo de chefe do Departamento Administrativo do Sistema, que englobava as três<br />

empresas que haviam se juntado.<br />

Primeiro eu fiquei muito ligado à parte operacional da FINAME, como gerente<br />

operacional, embora estivesse agregado como assessor. Como minha origem era<br />

o Banco, podiam achar que eu estava ali agregado ao gerente de operações para<br />

copiar as ideias, tomar o lugar das pessoas. Então pedi para ficar junto dos outros<br />

assessores, para evitar qualquer mal-estar. E foi muito bom, abriu mais as portas<br />

para mim dentro da FINAME. As pessoas achavam isso porque eu sempre tive<br />

um bom relacionamento com o chefe do departamento. As pessoas de baixo eu<br />

Eu fiz grandes amigos na FINAME. Eu diria que,<br />

talvez, entre todos os amigos que eu fiz no Banco,<br />

os mais próximos são da FINAME. Eu só tenho que<br />

exaltar a qualidade dos funcionários da FINAME e<br />

os amigos que eu fiz. Foi muito bom presenciar o<br />

grau de solidariedade dessas pessoas que estão<br />

sempre buscando ajudar umas às outras.<br />

Primeiro eu fiquei muito ligado à parte<br />

operacional da FINAME, como gerente<br />

operacional, embora estivesse agregado como<br />

assessor. Como minha origem era o Banco,<br />

podiam achar que eu estava ali agregado ao<br />

gerente de operações para copiar as ideias,<br />

tomar o lugar das pessoas. Então pedi para ficar<br />

junto dos outros assessores, para evitar qualquer<br />

mal-estar. E foi muito bom, abriu mais as portas<br />

para mim dentro da FINAME.


conhecia pouco, mas com os diretores eu tinha um bom relacionamento, então<br />

era normal a preocupação das pessoas. Dessa forma, tive que mostrar que eu<br />

estava ali para ser mais um, e não para tomar o lugar de alguém. Eu só queria<br />

fazer parte do time.<br />

João declarou que fez muitos amigos na FINAME e que os funcionários da empresa<br />

eram muito competentes.<br />

Eu fiz grandes amigos na FINAME. Eu diria que, talvez, entre todos os amigos<br />

que eu fiz no Banco, os mais próximos são da FINAME. Eu só tenho que exaltar<br />

a qualidade dos funcionários da FINAME e os amigos que eu fiz. Foi muito bom<br />

presenciar o grau de solidariedade dessas pessoas que estão sempre buscando<br />

ajudar umas às outras.<br />

193


194<br />

Roberto Wagner Caruso<br />

de Oliveira


Roberto entrou para a FINAME por meio de um concurso interno para uma vaga de<br />

escriturário no Departamento de Análise.<br />

Meu pai trabalhava no BNDES e me falou que tinha aberto um concurso interno com<br />

provas de datilografia, português e matemática. Passei e fui trabalhar no Departamento<br />

de Análise de Contratos de Pequenas e Médias Empresas da FINAME. Como<br />

na época ainda não éramos informatizados, usávamos calculadora, lápis, papel e<br />

caneta apenas. Fazíamos a análise da documentação e encaminhávamos para o<br />

setor de liberação. Depois de dois anos eu fui para o Departamento de Operações,<br />

que recebia as operações dos agentes financeiros.<br />

195<br />

Meu pai trabalhava no BNDES e me falou que<br />

tinha aberto um concurso interno com provas de<br />

datilografia, português e matemática. Passei e fui<br />

trabalhar no Departamento de Análise de Contratos<br />

de Pequenas e Médias Empresas da FINAME.<br />

Roberto relembra a sua trajetória na FINAME e os efeitos que o Plano Collor causou<br />

na vida dos funcionários.<br />

De 1986 a 1988, fiquei no Departamento de Análise. De 1989 a março de 1990,<br />

fiquei no DEPOP até o Collor vir com enxugamento de todas as estatais. As demissões<br />

foram antes da fusão, ocorreram entre março de 1990 e novembro de 1992.<br />

Quando o Collor sofreu o impeachment, o Itamar promulgou a Lei nº 8.878. Foi<br />

constituída uma comissão que avaliava as demissões conforme essa lei e verificava<br />

a possibilidade de anistiar ou não o ex-funcionário. Eu fui anistiado, mas só retornei<br />

em maio de 2004, porque o Fernando Henrique Cardoso, quando entrou, criou uma<br />

nova comissão que “desanistiou” muita gente. O governo dele foi todo esquemati-


zado para não haver anistia. Então, tivemos que entrar na justiça. Depois, o governo<br />

Lula reviu tudo, por meio de outra comissão, e teve um pessoal que retornou em<br />

2010. O governo da Dilma continuou a analisar os anistiados e algumas pessoas<br />

retornaram por meio da justiça.<br />

Roberto fala sobre o que fez durante o período em que seu processo ficou na Justiça<br />

até a sua volta em 2004 e o que as mudanças da fusão significaram para ele.<br />

196<br />

Quando saí, a ideia era ter um negócio próprio com um amigo de infância. Procurando<br />

franquias, batemos no Mc Donalds, mas nem chegamos a ser atendidos. No<br />

primeiro telefonema, a pessoa falou que tínhamos que ter cerca de quinhentos mil<br />

dólares na conta e sermos bem-sucedidos em um emprego executivo. O pai desse<br />

amigo era presidente da White Martins e ficou interessado. Tinha esse dinheiro e,<br />

com seus contatos, conseguiu uma entrevista. Em 1991 eles montaram um McDonalds<br />

em Vitória e me chamaram para fazer parte da sociedade, entrando com a<br />

mão de obra. Fui trainee durante oito meses. Depois passei para gerente da loja do<br />

Shopping Vitória, porque eles abriram outra. Fui supervisor de todas as lojas deles<br />

e voltei ao Rio para montar um restaurante, em 1994, em sociedade com um tio.<br />

Depois de dois anos e meio passamos o ponto e montei uma clínica de estética,<br />

onde fiquei por dois anos. Mais tarde, em Miguel Pereira, montei um jornal estilo<br />

Balcão. Um ano e meio, dois anos depois, vendi o jornal e fui para Arraial do Cabo<br />

gerenciar um hotel da Marinha durante uns dois anos e meio. Paralelamente, montei<br />

em sociedade uma empresa de eventos. Tirava por volta de seis mil reais e estava<br />

Quando saiu a anistia, minha vida estava toda<br />

estruturada, mas, mediante essa possibilidade<br />

do BNDES, que era muito bem falado na época,<br />

eu desfiz a sociedade, pedi demissão e vim.


Foi um período de ouro. Quando eu entrei, tinha<br />

21 para 22 anos. Fiz vários amigos, entre eles o<br />

Adilson – mas gostava de ser chamado de Rick –,<br />

que me apelidou de “duas semanas”, porque em<br />

duas semanas eu praticamente já sabia de todas<br />

as fofocas da empresa, já conhecia todo mundo.<br />

(risos) Foi um período muito bom.<br />

com uma possível candidatura para vereador de Arraial do Cabo. Quando saiu a<br />

anistia, minha vida estava toda estruturada, mas, mediante essa possibilidade do<br />

BNDES, que era muito bem falado na época, eu desfiz a sociedade, pedi demissão<br />

e vim. Mas vim sem saber quanto iria ganhar. Eu me lembro até hoje de quando<br />

me disseram o salário: “O seu salário vai ser 1.650 reais”. Quase eu caí para trás!<br />

Eu não sabia se chorava ou se ria. Foi terrível. Tive que procurar outra atividade que<br />

me ajudasse a manter o meu padrão de vida. Recorri a um primo que tem uma empresa<br />

de alumínio e comecei a visitar obras quase prontas oferecendo estruturas de<br />

alumínio. Até hoje acumulo os dois empregos. Quando voltei para o Banco, fui para<br />

o Departamento de Viagem. Fazia toda a prestação de contas das viagens que os<br />

funcionários faziam em treinamento, para participar de seminário etc. Fiquei lá cerca<br />

de um ano e meio. Depois, na área industrial, fui ser secretário do Departamento de<br />

Fármacos. Fazia análise e acompanhamentos voltados para a indústria farmacêutica.<br />

Com a fusão eu não voltei mais para a FINAME. Sou secretário da Superintendência<br />

há oito anos. Hoje o salário melhorou bastante, com as promoções, os biênios...<br />

197<br />

Roberto fala sobre o que ficou da FINAME no seu coração.<br />

Foi um período de ouro. Quando eu entrei, tinha 21 para 22 anos. Fiz vários amigos,<br />

entre eles o Adilson – mas gostava de ser chamado de Rick –, que me apelidou de<br />

“duas semanas”, porque em duas semanas eu praticamente já sabia de todas as<br />

fofocas da empresa, já conhecia todo mundo. (risos) Foi um período muito bom.


Amaury Barreto Aguiar<br />

A história de Amaury com a FINAME é longa, tendo se inicado quando ele ainda<br />

tinha 14 anos. Para começar a trabalhar na Agência, ele passou por entrevistas e<br />

exame admissional, em 1980, quando então passou a ocupar o cargo de mensageiro.<br />

Quando completou 18 anos, Amaury deixou a FINAME, mas teve a oportunidade<br />

de voltar a trabalhar na empresa em 1987, o que o deixou muito feliz.<br />

198<br />

Entrei em 11 de novembro de 1980, com 14 anos. O marido da minha irmã, que<br />

já trabalhava aqui e era funcionário de carreira, me apresentou para participar da<br />

seleção ao cargo de mensageiro, pois a FINAME contratava apenas meninos menores<br />

de idade. Fui selecionado e comecei a trabalhar. Eu já trabalhava antes sem<br />

carteira assinada e a oportunidade de ter um emprego melhor foi o que me trouxe<br />

para cá. Fiquei até fevereiro de 1984, pois, ao completar a maioridade, não poderia<br />

mais ocupar o cargo. Para mim, foi muito bom, ganhei experiência, manuseei muito<br />

documento. Quando saí, com 18 anos, fui servir ao Exército. Inicialmente, quando<br />

entrei para a FINAME, que, à época, localizava-se na Rua da Candelária, número 60,<br />

terceiro, parte do quarto e 12º andares. Eu trabalhava na Divisão de Serviços Gerais<br />

e o Hugo Sardenberg era o gerente. Passei um tempo fazendo só serviço interno,<br />

mas tinha o externo também, era um rodízio – ir a banco fazer os pagamentos da<br />

FINAME, fazer os pagamentos de pessoal, mas muito pouco. O volume maior mesmo<br />

era o serviço interno.


O trabalho de mensageiro, segundo Amaury, exigia muita responsabilidade, o que<br />

o fez ser muito grato à FINAME pela experiência que adquiriu durante o seu tempo<br />

de trabalho na agência.<br />

O BNDES ficava em vários locais. Tinha na Beneditino, 5; na Rio Branco, 110, mas a<br />

sede era na Rio Branco, 53. Levávamos muitos documentos nesses endereços. Nessa<br />

época, os computadores eram de grande porte havia uns cartões perfurados, com os<br />

quais a FINAME também trabalhava. Nós tínhamos que pegar e levar esses cartões<br />

para serem processados na Praça Tiradentes. Às vezes, eram caixas pesadas, porque<br />

continham formulários também, e aí tinha que chamar táxi. Outras vezes tínhamos<br />

que ir ao aeroporto Santos Dumont levar documentos também. Rodávamos o Rio<br />

todo. Tínhamos só 14 anos, mas muita responsabilidade. Por isso, para mim, foi<br />

extremamente importante essa parte de mensageiro, porque fui aprendendo a ter<br />

responsabilidade muito cedo.<br />

199<br />

Em 1986, a então presidenta da Associação de Funcionários da FINAME (AFFINAME),<br />

Jane Duarte, e o diretor financeiro, João Carlos, entraram em contato com a minha<br />

irmã perguntando se eu não tinha interesse em trabalhar na AFFINAME. Vim trabalhar<br />

na associação fazendo serviço de escritório e de contínuo. Aprendi muita<br />

coisa aqui também, como manusear documentos, entender de contas, contas da<br />

associação, conta corrente. Trabalhei apenas 11 meses, pois surgiu à oportunidade<br />

de fazer prova para escriturário da FINAME. Fiz a prova interna, passei por uma bateria<br />

de provas, exame psicotécnico e entrevistas e, para mim, foi uma glória voltar a<br />

trabalhar na FINAME. Isso aconteceu em março de 1987. Entrei como escriturário da<br />

FINAME e estou aqui até hoje. No ano em que entrei para a FINAME, entrei também<br />

para a faculdade de Ciências Contábeis..


Para ser admitido, Amaury participou de um concurso interno que contava com<br />

questões de português, redação e matemática, além da prova de datilografia, do<br />

teste psicotécnico e de entrevistas com chefes e a psicóloga da própria FINAME.<br />

Amaury entrou para a FINAME com 21 anos e, desde essa época, sempre se dedicou<br />

ao seu trabalho.<br />

200<br />

Entrei aqui com 21 anos como escriturário e, embora conhecesse todo mundo,<br />

eu estava verde para trabalhar em escritório. Tinha medo de fazer alguma coisa<br />

errada e ser demitido. Eu só sabia que não podia ser mandado embora porque<br />

era uma empresa muito boa, então tinha que ter dedicação. Por conta disso tudo<br />

e da minha dificuldade financeira e com meus pais, me agarrei àquela chance<br />

que, para mim, era a chance da minha vida. E foi realmente! À época tinha uma<br />

pessoa que trabalhava aqui e já era formada em Ciências Contábeis. Então fui<br />

admitido pela contabilidade e após houve a transferência para a divisão de Serviços<br />

Gerais, onde novamente com o Hugo Sardenberg foi meu chefe. O serviço na<br />

gerência não era complexo, mas tinha muita coisa para fazer. As contas de todos<br />

os telefones da FINAME eram controladas por nós, funcionários. Recebíamos<br />

umas 20 folhas de ligações dos ramais e tínhamos que identificar quem fez a<br />

ligação, se tinha sido particular ou a trabalho – se fosse a trabalho, a FINAME arcava;<br />

se fosse particular, tinha que cobrar do funcionário que a fez. Era um serviço<br />

bem pesado e cansativo porque não tinha computador. Eu também preparava<br />

as providências de viagens para todos os funcionários que necessitassem viajar<br />

a serviço, entre outros tantos serviços. Passei um tempo fazendo esse serviço e<br />

depois fui trabalhar no Arquivo Central, sob a supervisão da Regina Ribas, que<br />

também era da divisão de Serviços Gerais. Primeiro selecionava os documentos


Acho que dá uma satisfação muito grande<br />

quando você vê um trabalho concluído – porque,<br />

quando eu aprovo e libero um financiamento,<br />

penso em quantas pessoas estão envolvidas<br />

nele! Então a gente pensa: “Poxa, eu contribuí<br />

para isso”. E eu fico muito feliz, até hoje,<br />

quando passo por um empreendimento e vejo<br />

uma placa: “Aqui tem financiamento BNDES/<br />

apoio BNDES”. Sinto-me realizado.<br />

Entrei aqui com 21 anos como escriturário e,<br />

embora conhecesse todo mundo, eu estava<br />

verde para trabalhar em escritório. Tinha medo<br />

de fazer alguma coisa errada e ser demitido. Eu<br />

só sabia que não podia ser mandado embora<br />

porque era uma empresa muito boa, então tinha<br />

que ter dedicação.<br />

que precisavam ser microfilmados e depois os preparava para serem microfilmados.<br />

Depois disso, uma outra pessoa fazia a conferência da microfilmagem, para<br />

ver se tinha ficado nítida ou não. Trabalhei um bom tempo nesse setor. Depois<br />

fui para o Departamento Financeiro, que era na área das propostas de financiamento.<br />

Mas antes trabalhei arquivando os documentos – o agente financeiro<br />

encaminhava as propostas de financiamento (PACs) para a FINAME e, após a<br />

aprovação, elas eram arquivadas; quando encaminhavam o pedido de liberação,<br />

eu as pegava no arquivo, juntava com os pedidos de liberação e entregava tudo<br />

ao encarregado de serviço para que ele fizesse a distribuição para os analistas.<br />

Fiquei bastante tempo fazendo esse trabalho, até que houve uma oportunidade,<br />

em 1995, de sair da FINAME e trabalhar em outra área do o Banco. Trabalhei com<br />

a Solange Vieira, como secretário, sendo a melhor coisa que fiz. Eu falo para as<br />

pessoas que, para o meu aprendizado como funcionário, foi a melhor coisa, pois<br />

eu aprendi a trabalhar no Excel, no Word... Na época, foi criada a revista para<br />

falar e explicar a Cesta de Moedas, e Solange Vieira era a responsável por essa<br />

revista. Ela era a gerente do setor, portanto eu devia lhe dar suporte. Mas eu não<br />

tinha muito conhecimento, então, além de não saber falar inglês nem mexer no<br />

computador, eu tinha que acessar o terminal para fazer consulta de moedas de<br />

todo o mundo, e eu não sabia. Acontece que sempre fui muito esforçado, gosto<br />

muito de ajudar e me ofereci para auxiliá-la. Ela se sentou comigo, foi falando e<br />

eu fui escrevendo as siglas das moedas e dando meu jeito. Quando tinha dúvida,<br />

eu perguntava, e fui fazendo esse serviço. Claro que ela dava uma conferida,<br />

mas era muito mais fácil dar uma olhada rápida do que fazer tudo. Com aqueles<br />

dados ela fazia alguns gráficos comparativos, os quais passei a fazer também.<br />

Eu dava muito suporte e isso foi um grande aprendizado. Depois de dois anos,<br />

Solange foi cedida para o Ministério da Saúde – se não me engano – e eu voltei<br />

para a FINAME, para o arquivo de cadastro dos fabricantes. Passei um tempo<br />

201


202<br />

nesse setor, quando houve uma nova chance de virar secretário dentro da própria<br />

Área de Produtos Automáticos. Fiquei mais um tempo, até que houve outra oportunidade:<br />

eu estava notando que haveria algumas mudanças, que funcionários<br />

que tinham cargo de coordenador de serviço já estavam incorporando, e havia<br />

a possibilidade de novos funcionários assumirem os cargos. Aí eu conversei com<br />

meu chefe e falei que queria deixar de ser secretário para virar analista novamente,<br />

pois assim teria a possibilidade de virar coordenador e, como secretário, não.<br />

Ele concordou, eu deixei de ser secretário, perdi a comissão e virei analista. Após<br />

um ano de análise me olharam com bons olhos e virei coordenador. E fiquei como<br />

coordenador de serviço da parte de aprovação por aproximadamente cinco anos.<br />

E era também um trabalho complicado, não por ser difícil, mas pela quantidade.<br />

Eu tinha, por exemplo, que conferir o serviço de aproximadamente dez analistas.<br />

Após a minha conferência, ia para o gerente, que também fazia uma conferência.<br />

Na ocasião em que Fernando Collor se tornou presidente, a FINAME suspendeu a<br />

aprovação e a liberação de todos os financiamentos, e, com isso, o trabalho acumulou.<br />

Quando a situação foi normalizada, os funcionários realizaram um mutirão<br />

para colocar tudo em dia, e, segundo Amaury, apesar do grande volume de trabalho,<br />

a equipe não ficou contrariada por realizar esse expediente extra. Amaury afirmou<br />

ainda, que tinham orgulho de seu trabalho e da empresa da qual faziam parte.<br />

Acho que dá uma satisfação muito grande quando você vê um trabalho concluído<br />

– porque, quando eu aprovo e libero um financiamento, penso em quantas pessoas<br />

estão envolvidas nele! Então a gente pensa: “Poxa, eu contribuí para isso”. E eu fico


muito feliz, até hoje, quando passo por um empreendimento e vejo uma placa: “Aqui<br />

tem financiamento BNDES/apoio BNDES”. Sinto-me realizado.<br />

Após um ano de análise me olharam com bons<br />

olhos e virei coordenador. E fiquei como coordenador<br />

de serviço da parte de aprovação por<br />

aproximadamente cinco anos. E era também um<br />

trabalho complicado, não por ser difícil, mas pela<br />

quantidade.<br />

Na Associação, criamos alguns benefícios; outros,<br />

melhoramos. Procuramos fazer uma administração<br />

voltada para as necessidades dos associados. Se um<br />

associado chega com alguma ideia, nós a pegamos e<br />

trabalhamos para pô-la em prática. E tem dado certo!<br />

Em 2010, Amaury integrou a chapa Novos Rumos, que buscava assumir a administração<br />

da AFFINAME. A eleição foi bem-sucedida e Amaury se tornou vice-presidente<br />

da associação. O trabalho que desenvolve como vice-presidente também é motivo<br />

de orgulho para ele.<br />

Ganhamos a eleição em 2010. Fizemos algumas mudanças, como informatizar a<br />

associação. Recebemos muitos elogios até hoje. Tivemos uma reeleição em 2012,<br />

só para cumprir as exigências estatutárias, porque éramos chapa única. Em 2014<br />

fomos reeleitos, também sem outra chapa concorrente. Agora em 2016 teria nova<br />

eleição, mas no ano passado houve alteração no estatuto quanto ao período de eleição,<br />

que passou a ser de quatro em quatro anos. As pessoas têm gostado da nossa<br />

administração. Não que não gostassem das outras, afinal todos os diretores que<br />

aqui atuaram foram muito competentes. Se temos uma associação hoje sólida, embora<br />

pequena, é porque outros diretores fizeram bons trabalhos aqui. Então, quando<br />

nós chegamos, já tinha uma associação estruturada, com um bom fundo de caixa,<br />

o qual nós estamos mantendo. Criamos alguns benefícios; outros, melhoramos. Procuramos<br />

fazer uma administração voltada para as necessidades dos associados. Se<br />

um associado chega com alguma ideia, nós a pegamos e trabalhamos para pô-la em<br />

prática. E tem dado certo! Este projeto Memória FINAME, por exemplo, foi ideia do<br />

nosso presidente Jorge Henrique. Ele pontuou que, quando se coloca “FINAME” na<br />

internet, o que aparece é um produto do BNDES, mas não se vê quando a empresa<br />

203


foi criada, que foi por meio de um decreto. Então começamos a trabalhar em cima<br />

disso e hoje temos este projeto que vai eternizar a FINAME.<br />

Amaury disse ser muito grato à FINAME por todo o apoio concedido a ele e pela<br />

possibilidade de progredir na carreira.<br />

204<br />

Eu vim de uma família com bastante dificuldade financeira, comecei a trabalhar<br />

cedo para poder ajudar a minha mãe e meus irmãos, por isso tenho muita gratidão.<br />

Se eu tenho o que tenho de padrão de vida hoje, agradeço à FINAME. Mas<br />

eu gostaria de deixar registrada a minha especial gratidão a quatro pessoas. A<br />

Joe Satow, pois foi a pessoa que me apresentou para a seleção de mensageiros<br />

da FINAME; a Ivone Aguiar (minha irmã), pois sem ela não teria tido a oportunidade<br />

de conhecer o Joe Satow; a Jane Duarte, que eu chamo de “mãezona” e<br />

que foi minha chefe na Associação, pessoa responsável pela minha contratação<br />

na AFFINAME e, de forma direta, pela orientação para participar da seleção para<br />

escriturário, tendo sido realmente uma mãe para mim, que dava bronca quando<br />

era necessário, mas sempre com carinho; e a João Carlos, que era o diretor financeiro<br />

na época e que me empregou aqui na AFFINAME juntamente com a Jane<br />

Duarte. Jane e João foram essenciais para o meu retorno à FINAME por meio da<br />

minha contração pela AFFINAME.


Outros projetos financiados<br />

pela FINAME<br />

As linhas FINAME foram e são utilizadas em projetos espalhados por todo o território<br />

nacional. No estado do Rio de Janeiro, em se tratando de projeto de grande<br />

porte, além do Metrô Rio, houve Angra I e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).<br />

Vários setores, como o siderúrgico (Cosipa, CSN, CST, Usiminas), o elétrico (Furnas,<br />

Eletronorte, Itaipu, Belomonte), o de papel e celulose e o petroquímico se utilizaram<br />

das linhas FINAME, Programa Especial. Os projetos mais recentes foram financiados<br />

por meio das linhas do BNDES (Finem), observado o credenciamento de equipamentos<br />

da FINAME (CFI).<br />

205<br />

Embora o apoio aos grandes projetos seja importante, o principal mérito das linhas<br />

FINAME é o apoio às pequenas, médias e microempresas, que são as principais<br />

geradoras de emprego e renda para o país. 4<br />

4. ARAUJO DANTAS, L.A.; CARVALHO, E.L.M. Comunicação pessoal, 6 de agosto de 2016.


José Asdrubal Bezerra<br />

de Souza<br />

206<br />

Quando o engenheiro mecânico José Asdrubal chegou à empresa, em julho de<br />

1987, a FINAME era uma subsidiária do BNDES e funcionava por meio de cargo de<br />

confiança. Não havia concurso público para a FINAME, e as vagas eram preenchidas<br />

mediante indicações para processos seletivos. A experiência de José na indústria<br />

contou para que ele fosse contratado como analista de credenciamento.<br />

Inicialmente eles iam me colocar em “operações especiais” para lidar diretamente<br />

com certificação de equipamentos em projetos. Mas, quando viram meu currículo,<br />

constataram que eu já tinha experiência em indústria – primeiro trabalhei na<br />

indústria como técnico e, depois, como engenheiro – e detectaram que o melhor<br />

lugar para mim seria no credenciamento de fabricantes e seus produtos, porque lá<br />

precisavam justamente dessa experiência do analista.<br />

Para o credenciamento, era necessário que José analisasse documentos e, muitas<br />

vezes, ele e a equipe realizavam visitas em campo para uma verificação in loco,<br />

tanto das instalações industriais da empresa como da fabricação de seus produtos.


O credenciamento, na verdade, é um elo da burocracia com o campo industrial,<br />

ou seja, no credenciamento analisa-se uma documentação que é um conjunto<br />

de dados apresentados pela empresa. Se houver alguma dúvida, realiza-se uma<br />

visita in loco.<br />

O credenciamento era de suma importância para verificar se um produto era, de<br />

fato, de fabricação nacional, conforme os critérios vigentes, e a função de José era<br />

de extrema responsabilidade.<br />

207<br />

Como o produto é financiado utilizando recursos do FAT, que é o Fundo de Amparo<br />

ao Trabalhador brasileiro, existe um cuidado para saber se o produto é fabricado no<br />

Brasil com um percentual mínimo de nacionalização indicado conforme a política<br />

industrial naquele momento. Caso contrário, este dinheiro financiaria um produto<br />

importado, utilizando, assim, um dinheiro do operário brasileiro para financiar uma<br />

produção do operário estrangeiro.<br />

José conta que, na época, todos os recém-contratados eram recebidos pela presidenta<br />

da associação de funcionários da FINAME (AFFINAME), que esclarecia questões<br />

relativas à associação de funcionários, cuja filiação não era obrigatória.


A empresa é muito boa e, quando a nossa ex-presidenta Jane recepcionava os novos<br />

contratados, fazia questão de conversar com todos para esclarecer e informar acerca<br />

das vantagens de ser um associado da AFFINAME. A entrada na Associação era<br />

opcional, ninguém era obrigado a entrar.<br />

208<br />

Desde 1987 como analista da gerência de credenciamento da FINAME, José Asdrubal<br />

mostra-se satisfeito com a empresa e com os benefícios oferecidos. Ele cita<br />

a Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES (FAPES) como grande<br />

responsável pelo bem-estar dos funcionários.<br />

A FAPES é a fundação por meio da qual possuímos um plano de saúde, aposentadoria<br />

complementar, financiamentos imobiliário e particular, carro e outros benefícios.<br />

O ambulatório é aqui dentro do prédio e realiza exame periódico, consultas e atendimentos<br />

de emergência.<br />

A empresa é excelente, e isso também é de responsabilidade das associações, porque<br />

são elas que monitoram todo o bem-estar dos funcionários.<br />

O credenciamento, na verdade, é<br />

um elo da burocracia com o campo<br />

industrial, ou seja, no credenciamento<br />

analisa-se uma documentação que é<br />

um conjunto de dados apresentados<br />

pela empresa. Se houver alguma<br />

dúvida, realiza-se uma visita in loco.<br />

O engenheiro acredita que entrou tarde no mercado de trabalho, mas que a FINAME<br />

o acolheu.


A empresa é ótima, tem muitos recursos para nós, inclusive foi um dos motivos que<br />

me prenderam aqui – porque eu entrei já com 35 anos; antes eu ainda estava tentando<br />

uma boa colocação no mercado.<br />

A empresa é ótima, tem muitos recursos para<br />

nós, inclusive foi um dos motivos que me<br />

prenderam aqui – porque eu entrei já com 35<br />

anos; antes eu ainda estava tentando uma boa<br />

colocação no mercado.<br />

Apesar de ter assumido o cargo na FINAME por indicação, 30 anos atrás, José<br />

Asdrubal acredita ter tido reconhecimento profissional por parte da empresa.<br />

Não me arrependo em momento algum de ter ficado aqui, porque, como eu entrei<br />

por indicação, pode-se dizer que era um cargo político, sendo que poderia ser exonerado<br />

a qualquer hora. Com a criação do Sistema BNDES, passei a fazer parte do<br />

quadro de funcionários do Banco, o que findou determinando minha permanência<br />

no BNDES. Tenho 30 anos de Banco e com mais três anos devo me aposentar para<br />

dar oportunidade aos novatos que estão chegando ao BNDES.<br />

209


Marcelo Oliveira de<br />

Carvalho<br />

210<br />

No início da década de 1990, época em que ainda não se realizava concurso público<br />

para o preenchimento de vagas na FINAME, Marcelo foi admitido por meio de concurso<br />

interno e começou a trabalhar na agência como escriturário, função que, posteriormente,<br />

foi extinta. Como escriturário, Marcelo analisava propostas de financiamento preparadas<br />

por clientes e agentes financeiros, conhecidas internamente como PAC.<br />

É, existem vários campos no formulário da proposta que vêm previamente preenchidos<br />

pelo agente financeiro. Na época, ele preparava essa proposta e nos encaminhava.<br />

Chegando aqui, a gente via se os campos estavam corretos, se era realmente<br />

uma micro/pequena empresa, se era uma grande empresa, se era de médio porte, se<br />

tinha alguma pendência com comprador, se o fabricante estava cadastrado.<br />

Marcelo trabalhou nessa mesma área por 22 anos, e então passou a integrar a Associação<br />

de Funcionários da FINAME (AFFINAME), na qual ocupou o cargo de diretor.<br />

Após dois anos de trabalho, ele passou a fazer parte da área de TI.<br />

Eu fiquei na AFFINAME por um mandato de dois anos, depois saí.


211


Durante o tempo em que Marcelo trabalhou com análises de financiamentos, as<br />

atividades eram exercidas em um grande salão, que abrigava diversas pessoas, as<br />

quais trabalhavam juntas, eram muito unidas e formavam uma grande família.<br />

Levamos essa união até hoje!<br />

Marcelo relatou um caso curioso ocorrido há muitos anos, em Manaus, com alguns<br />

funcionários responsáveis pela análise das propostas de financiamento.<br />

212<br />

Há muitos anos houve um financiamento feito em Manaus, se não me engano, de<br />

umas balsas. O processo chegou e a parte documental foi conferida. Você analisa<br />

aqueles documentos, mas não é perito em assinatura para saber se verdadeira ou<br />

não. Se está carimbado, foi feito em cartório, o documento existe. Havia, inclusive,<br />

um documento oficial da Capitania dos Portos. Mas houve uma denúncia de que<br />

as balsas não existiam! Só queriam mesmo para pegar o financiamento, o dinheiro.<br />

Durante o tempo em que Marcelo trabalhou<br />

com análises de financiamentos, as atividades<br />

eram exercidas em um grande salão,<br />

que abrigava diversas pessoas, as quais<br />

trabalhavam juntas, eram muito unidas e<br />

formavam uma grande família.<br />

Segundo Marcelo, o trabalho que realizava na FINAME era bom, mas muito desgastante,<br />

e, por essa razão, só permaneceu no local por dois anos. Ele afirmou que<br />

gostava muito do atendimento às pessoas, mas que o contato com as instituições<br />

era muito complicado. Marcelo estava muito mais satisfeito trabalhando na área de<br />

TI, onde atuava na parte de manutenção de hardwares, sendo responsável, inclusive,<br />

pelas autorizações dos pedidos de acessos.


No momento eu trabalho com manutenção de hardware. Todos os equipamentos de<br />

hardware. Fax, impressoras, micros, notebooks, além de telefones celulares corporativos.<br />

Tudo que requer manutenção e também a presença de um técnico; no caso,<br />

é tudo comigo.<br />

A FINAME foi e é tudo para mim. É meu<br />

emprego, meu ganha-pão, é onde eu me<br />

dedico. Agradeço a todos os funcionários<br />

da FINAME.<br />

Com relação à fusão da FINAME com o BNDES e a BNDESPAR, Marcelo disse que<br />

algumas melhoras foram conquistadas, mas que não houve mudanças em seu trabalho,<br />

especificamente.<br />

213<br />

Houve umas melhoras que foram conquistadas na época, como o biênio, o plano de<br />

saúde. Mas no dia a dia, no trabalho, nada mudou.<br />

Marcelo trabalha na FINAME há 30 anos e realiza suas atividades com dedicação.<br />

Além disso, disse ser grato aos funcionários e declarou que a FINAME foi e continua<br />

a ser tudo na vida dele.<br />

A FINAME foi e é tudo para mim. É meu emprego, meu ganha-pão, é onde eu me<br />

dedico. Agradeço a todos os funcionários da FINAME. Infelizmente muitos aposentaram.<br />

Infelizmente não, bom para eles, né? (risos) Digo “infelizmente” porque a<br />

gente sente falta do convívio. Mas faz parte...


214


Jeanne Antunes Simas<br />

Jeanne estava desempregada quando um amigo lhe disse que faria inscrição na<br />

FINAME. Ela então pediu que ele também a inscrevesse e, em dezembro de 1987,<br />

Jeanne entrou para a FINAME como escriturária. Apesar de ter acumulado funções e<br />

de o trabalho ser volumoso e manual, Jeanne adorava o clima na empresa.<br />

Naquela época não tinha computador, era máquina de escrever – primeiro a elétrica<br />

215<br />

e depois a eletrônica, e, quando errava, tinha que bater tudo de novo. Era uma loucura!<br />

Mas eu amava o serviço que fazia, adorava as pessoas. Eram 157 funcionários<br />

e eu sabia o ramal de todo mundo de cor. Éramos uma família. Quando acontecia<br />

alguma coisa com um, todos se mobilizavam, todo mundo ajudava.<br />

Na época da fusão com o BNDES, Jeanne, como secretária, teve o difícil trabalho de<br />

bater as cartas de demissão dos funcionários.<br />

Quando vieram as demissões, pediram-me para bater as cartas de demissão do<br />

pessoal do BNDES, já que eu não conhecia ninguém de lá, portanto não falaria


com ninguém. Então eu já desci com esse peso de ter batido as cartas de demissão<br />

do pessoal.<br />

Mas Jeanne também encontrou na empresa o amor de sua vida, Jorge Henrique,<br />

com quem tem três filhos.<br />

216<br />

Eu e Jorge nos conhecemos fazendo os testes. Eu comecei a trabalhar na FINAME<br />

no dia 7 de dezembro de 1987 e ele, no dia 11 de janeiro de 1988 – no lugar do<br />

Armando, que trabalhava com folha de pagamento e havia feito uma prova para o<br />

Banco do Brasil e optado por trabalhar lá.<br />

Jeanne também trabalhou na Presidência como Secretária do Assessor, onde ficou<br />

por alguns anos. Mas aí começaram a chegar os filhos...<br />

Mas Jeanne também encontrou na empresa o<br />

amor de sua vida, Jorge Henrique, com quem<br />

tem três filhos. “Nós nos conhecemos fazendo<br />

os testes. Eu comecei a trabalhar na FINAME no<br />

dia 7 de dezembro de 1987 e ele, no dia 11 de<br />

janeiro de 1988”.<br />

Quando nasceu a primeira filha, fui trabalhar na Área de Planejamento como secretária;<br />

e quando veio a segunda filha, tive que deixar de ser secretária porque não<br />

conseguia mais conciliar os horários. Então preferi ser assistente técnica, pois teria<br />

mais condições de dar atenção tanto ao trabalho quanto às meninas. E aí veio o<br />

terceiro filho e fui para o “Fale conosco” do Banco, que também era ligado à presidência.<br />

Éramos cinco funcionários respondendo a todo tipo de pergunta.


Apesar de gostar do que fazia, Jeanne, depois de cinco anos respondendo às mais<br />

diversas e até estranhas perguntas, integrou a chapa vencedora da eleição da Associação<br />

de Funcionários da FINAME (AFFINAME) como diretora secretária, onde está<br />

atualmente.<br />

A primeira palavra que brota na mente de Jeanne e que melhor descreve seu sentimento<br />

pela FINAME é “família”.<br />

Um ambiente bom, de ajuda, de orgulho, porque é um trabalho ótimo, é muito<br />

família. Gosto muito, me sinto em casa, é um lugar que me faz bem. Agradeço a<br />

todas as pessoas com quem trabalhei e, principalmente, a Deus, porque acho que<br />

nada é por acaso – se parei aqui é porque havia um objetivo a cumprir neste lugar<br />

e com essas pessoas.<br />

217<br />

A primeira palavra que brota na mente de<br />

Jeanne e que melhor descreve seu sentimento<br />

pela FINAME é “família”.<br />

Um ambiente bom, de ajuda, de orgulho,<br />

porque é um trabalho ótimo, é muito família.


Jorge Henrique Velloso<br />

Jorge Henrique, vindo de experiências em empresas privadas, sentiu uma grande<br />

diferença quando entrou para a FINAME, em 1988.<br />

218<br />

Em 1988, por meio de um concurso de um ano antes, entrei para a FINAME. Já havia<br />

até me esquecido dele quando me convocaram. Era um concurso aplicado apenas<br />

para a FINAME, diferente dos moldes de hoje. Fiz uma prova aqui – na época,<br />

já era nesse prédio – e outra na FESP, uma dinâmica de grupo e uma entrevista.<br />

Estavam procurando alguém para a Divisão de Pessoal e, como possuía experiência<br />

na área de recursos humanos, fui indicado para trabalhar especificamente com<br />

a folha de pagamento. Lembro-me de que senti uma grande diferença, porque vim<br />

de empresa privada, que exigia demais, em que se fazia além do que se podia:<br />

era apenas um para fazer o trabalho de dois. Aqui, ao contrário, conseguíamos<br />

fazer um ótimo trabalho, porque tinha um número adequado de pessoas, com os<br />

recursos necessários e um excelente ambiente de trabalho, até pela tranquilidade<br />

do tipo: “Ah, aqui é uma empresa pública, você pode trabalhar tranquilo que está<br />

seguro”. Mas isso foi uma sensação passageira, porque, quando o ex-presidente<br />

Collor assumiu, fomos considerados marajás e uma das determinações dele<br />

foi de que se diminuísse em 30% o quadro de funcionários da empresa. Toda<br />

aquela segurança acabou para todos os concursados da FINAME, do BNDES e da


BNDESPAR, e isso era inédito. Até então, para ser demitido havia todo um processo,<br />

somente por razões muito graves. Na “era Collor” foi diferente, surgindo<br />

essa possibilidade de demissão. Isso aterrorizou as pessoas, todo mundo ficou<br />

apavorado, foi um grande rebuliço e um enorme clima de inquietação. O Banco<br />

conseguiu uma alternativa menos dolorosa, oferecendo o que chamamos hoje de<br />

PDV, que era um plus para quem quisesse se desligar voluntariamente. Como, na<br />

época, a situação financeira do país era muito ruim, muitos acabaram optando por<br />

sair para tentar outras coisas lá fora, como, por exemplo, abrir o próprio negócio.<br />

Isso facilitou a criação de uma lista de demissão. Foi uma época muito conturbada,<br />

consequência dessa desestabilidade, o que deixou as pessoas muito inseguras.<br />

Logo depois ocorreu a fusão das áreas administrativas do Banco, da BNDESPAR e<br />

da FINAME, foi quando meu departamento foi absorvido pelo Banco.<br />

219<br />

Jorge Henrique fala das mudanças ocorridas com a fusão e lembra as dificuldades<br />

encontradas para equalizar os procedimentos de recursos humanos.<br />

A Divisão de Pessoal da FINAME (DIVPE) foi sendo desfeita aos poucos. A ideia era<br />

juntar todas as informações de pessoal numa área só. Era como se pegássemos<br />

o nosso trabalho e tentássemos juntar com aquele que já acontecia no BNDES,<br />

e que não era igual. Os salários não eram iguais, a tabela salarial era outra, a<br />

classificação de cargos era diferente, a nomenclatura, as funções de cada cargo,<br />

as exigências dos cargos, os programas do Banco eram diferentes. Até os nossos


220<br />

horários eram desiguais. Na FINAME, o horário era bem rígido, das 9 às 17 horas,<br />

com inflexível uma hora de almoço, e, no Banco, bem mais maleável. Nós éramos<br />

completamente independentes, apesar de nos espelharmos no Banco, porque, afinal,<br />

estávamos todos aqui dentro. Essa fusão foi muito boa para a FINAME, que<br />

sempre foi muito pequena, com, no máximo, 160 funcionários no auge do funcionamento.<br />

Fundindo com o BNDES, ganhamos força, foi criado um novo plano<br />

de cargos, o PUCS, e, da melhor forma possível, todos os cargos e funções foram<br />

igualados. Foi um trabalho em conjunto e nós conseguimos enquadrar e igualar<br />

tudo o que se tinha de direitos e benefícios na área de recursos humanos, e, por<br />

serem quadros distintos, era necessária a adesão das pessoas. Então, além de<br />

oferecer uma carreira muito melhor, o Banco deu um plus, ou seja, no enquadramento,<br />

você alcançava uma posição salarial a mais para aderir ao plano, tal qual<br />

uma promoção. Era mais um incentivo. O novo plano de cargos, consequência da<br />

fusão, trouxe de volta a sensação de “nunca vou perder o emprego”, uma melhora<br />

de salário e uma promissora progressão profissional.<br />

O novo plano de cargos, consequência da fusão,<br />

trouxe de volta a sensação de “nunca vou perder<br />

o emprego”, uma melhora de salário e uma<br />

promissora progressão profissional.<br />

Ainda na área de recursos humanos, Jorge Henrique migrou para o departamento<br />

dedicado ao treinamento de pessoal.<br />

Depois de um bom tempo já no BNDES, e ainda na área de Recursos Humanos, após<br />

a passagem pelo Departamento de Recursos Humanos (DERHU) fui atuar na área de<br />

desenvolvimento profissional, chamada DEDES, com treinamento de pessoal, prepa-


Uma mudança na estrutura organizacional<br />

na área de Recursos Humanos me levou a<br />

voltar para a nova FINAME, agora reduzida<br />

a uma diretoria do Banco, com funções<br />

especificamente operacionais, reforçando<br />

uma nova gerência e, depois, tratando dos<br />

primeiros passos do atual cartão BNDES.<br />

rando todo o processo para aperfeiçoamento dos funcionários. O Banco oferecia as<br />

condições para aprimoramento na carreira, melhorar dentro do que se fazia, além de<br />

cursos de relacionamento interpessoal e de liderança. A ideia era chegar a uma universidade<br />

corporativa, de forma a melhorar a qualidade do trabalho. Tratava-se de<br />

um conjunto de ações para valorizar o funcionário, fazê-lo crescer profissionalmente<br />

e, assim, trazer melhores recursos para o Banco. Eu trabalhava, especificamente, na<br />

parte administrativa dando suporte à equipe que contratava pessoal externo para<br />

ministrar os cursos. Uma mudança na estrutura organizacional na área de Recursos<br />

Humanos me levou a voltar para a nova FINAME, agora reduzida a uma diretoria do<br />

Banco, com funções especificamente operacionais, reforçando uma nova gerência e,<br />

depois, tratando dos primeiros passos do atual cartão BNDES. Voltei para o Banco na<br />

área de infraestrutura, secretariando a superintendência por cerca de quatro anos.<br />

Após, no Departamento de Gás e Petróleo (DEGAP) e, logo em seguida, fui para a<br />

área de planejamento. Nesta época, a informática começou a ficar mais presente e<br />

acessível no Banco e as informações começaram a ser colocadas no site.<br />

Então houve a transição de governo, em 2003, e eu estava na área de planejamento.<br />

Grande parte do meu departamento foi transferida para área social para atuar no<br />

incremento dos incentivos à administração solidária, por meio de cooperativas e associações<br />

de microempresários, criação de possibilidades e recursos para agricultores<br />

e pequenos empreendedores. Reuniram-se pessoas de várias áreas para fornecer<br />

o maquinário profissional para levar isso à frente. Só que fiquei por pouco tempo. A<br />

minha experiência em secretariado na diretoria do Banco, por conta das inúmeras<br />

substituições que exerci por lá, acrescidas do know-how adquirido na área de in-<br />

221


222<br />

fraestrutura, levou-me a uma nova fase. Precisavam de uma pessoa no Gabinete da<br />

Presidência; meu nome foi indicado e fui chamado para uma entrevista. Fui então<br />

secretariar o Chefe do Gabinete, passando, depois, a Secretário do Presidente. Um<br />

período de muito trabalho, muita pressão, mas altamente compensador em função<br />

do grande aprendizado, profissional e pessoal, que detive. Após sete anos no gabinete,<br />

concluí que havia chegado o momento de alçar novas perspectivas. Continuei<br />

trabalhando no gabinete da presidência, só que em outro setor. Hoje trabalho na<br />

Secretaria Geral, tratando da designação e do acompanhamento de todo o processo<br />

dos representantes do Banco em conselhos. O Banco tem representantes em vários<br />

conselhos de administração e fiscal de empresas externas e há vários grupos de<br />

trabalho que o Banco compõe, vários comitês internos e externos, e hoje esse é<br />

meu trabalho, acompanhar toda essa tramitação. É restrito, mais interno, mas que<br />

também é gratificante.<br />

Hoje na presidência da AFFINAME, Jorge Henrique pondera sobre os objetivos alcançados<br />

na sua gestão e os contratempos com os quais se deparou.<br />

Eu sempre participei da Associação, mas era assim: “Vamos montar uma chapa,<br />

mas falta um conselheiro. Jorge, você entra?”. Desta forma, participei do conselho<br />

fiscal e como diretor suplente, sem me dedicar integralmente, e sem nunca<br />

ter tido a intenção de me tornar presidente. A saída da secretaria da presidência<br />

possibilitou o surgimento da ideia. Alguns sócios, imbuídos do desejo de fazer<br />

Alguns sócios perguntaram: “Por que você não<br />

preside a AFFINAME?”. A semente foi lançada e<br />

essa ideia foi amadurecendo e, quando notei,<br />

já estava envolvido e indicado para presidente.<br />

Na verdade, eu não imaginava conseguir uma<br />

atuação tão boa como a que está acontecendo.


A Associação já era boa, mas lhe demos uma<br />

nova cara, criamos novas formas de integração e<br />

lançamos um site interativo. Profissionalizamos<br />

a administração, regulamentando tudo dentro da<br />

Associação, dando-lhe uma feição de empresa.<br />

algo diferente, modificar, dar uma nova cara para a Associação, uma nova forma<br />

de atuar, me perguntaram: “Por que você não preside a AFFINAME?”. A semente<br />

foi lançada e essa ideia foi amadurecendo e, quando notei, já estava envolvido e<br />

indicado para presidente. Na verdade, eu não imaginava conseguir uma atuação<br />

tão boa como a que está acontecendo. A Associação já era boa, mas lhe demos<br />

uma nova cara, criamos novas formas de integração e lançamos um site interativo.<br />

Profissionalizamos a administração, regulamentando tudo dentro da Associação,<br />

dando-lhe uma feição de empresa. Hoje ela tem regulamentos e normas para definir<br />

o que se faz. “Novos rumos”, este era o nome da nossa chapa na campanha<br />

eleitoral de 2010. Infelizmente ocorreram alguns adventos desagradáveis, que<br />

foram as questões judiciais que tivemos que enfrentar implicando diretamente<br />

a Associação e a mim, como presidente, e por aí adiante. Temos um estatuto a<br />

ser seguido, mas que nem sempre agrada a todos, causando divergências. No<br />

entanto, graças a Deus conseguimos provar que estávamos certos. Recentemente<br />

atualizamos o estatuto e uma das propostas foi estender o mandato de dois para<br />

quatro anos. E, como a quantidade de pessoas na ativa está cada vez mais reduzida<br />

– atualmente, 60% dos associados são aposentados –, o número de pessoas<br />

para montar uma chapa na próxima eleição será de sete, em vez dos dezesseis<br />

do estatuto anterior, o que vai facilitar o funcionamento da Associação. Apesar de<br />

termos associados aposentados na diretoria, na prática, normalmente é o funcionário<br />

ativo que toca a Associação, pois o associado aposentado não tem a mesma<br />

disponibilidade que o ativo, não podendo vir ao Banco com muita frequência para<br />

participar dos trabalhos e reuniões<br />

223


224<br />

Com a aproximação dos 50 anos da FINAME em 2016, comecei a buscar ideias para<br />

criar algum evento que contasse a sua história, fazer um registro de como tudo aconteceu.<br />

Comecei a pesquisar na internet e percebi que tudo relacionado com a FINAME –<br />

como funcionava, sua estrutura – estava perdido em algum lugar, e não era no Google.<br />

Sem contar que as pessoas que estão hoje na Associação e que participaram da história<br />

da FINAME também estão indo embora. Então pensei: “Caramba, o que está na memória<br />

das pessoas vai se perder também e não teremos mais como resgatar isso”. Desde<br />

a criação da FINAME, a cada encontro, os “finamenses” têm histórias a contar, engraçadas<br />

ou tristes, o que foi muito bom ou ruim, mas histórias que não se encontram em<br />

outro lugar, que não estão registradas. Daí surgiu a ideia de montar esse projeto para<br />

captar o sentimento e a percepção das pessoas com relação à FINAME: o que aprenderam,<br />

como cresceram – tanto financeiramente, quanto pessoal e profissionalmente. Não<br />

se pode dizer que alguém piorou. Muito pelo contrário, todos evoluíram, melhoraram e<br />

conseguiram seguir sua vida de um modo muito legal. Além disso, sempre achei bonita<br />

a integração das pessoas na nossa empresa. Então conversei com o pessoal da diretoria<br />

e falei: “Vamos catar tudo o que temos, juntar as pessoas e criar uma memória para a<br />

FINAME”. Todos apoiaram a ideia e se prontificaram a ajudar da melhor forma possível,<br />

tentando resgatar tudo de melhor, o sentimento, a sua importância na vida dos seus<br />

funcionários e na vida do país, pois ela foi e é muito importante para todos que cresceram<br />

por conta dos subsídios e programas da FINAME.<br />

Conheci a Jeanne no concurso que fizemos<br />

para entrar na empresa. O interessante é que<br />

a maioria das pessoas não consegue desvincular<br />

o casal e sempre perguntam pelo outro<br />

quando estamos sozinhos.<br />

Desde a criação da FINAME, a cada encontro, os<br />

“finamenses” têm histórias a contar, engraçadas<br />

ou tristes, o que foi muito bom ou ruim, mas<br />

histórias que não se encontram em outro lugar,<br />

que não estão registradas. Daí surgiu a ideia de<br />

montar esse projeto para captar o sentimento e a<br />

percepção das pessoas com relação à FINAME<br />

E a emoção vem à flor da pele quando Jorge Henrique fala sobre seu casamento e<br />

o que a FINAME representa na sua vida e no seu coração.


A FINAME tem muita importância na minha vida por vários aspectos. Tive um grande<br />

crescimento profissional, consegui chegar ao máximo possível. Consegui criar um<br />

grupo de amigos aos quais valorizo e que me valorizam também. Quando cheguei,<br />

estava separado e aqui me casei de novo. Conheci a Jeanne no concurso que fizemos<br />

para entrar na empresa. Depois que acabamos a prova, conversamos, saímos<br />

dali com outras pessoas, pegamos o ônibus juntos, cada um foi para o seu lado<br />

e nunca mais nos falamos. Mais de um ano depois fomos chamados, ela entrou<br />

em dezembro e eu, em janeiro do ano seguinte, e, por coincidência, na Divisão<br />

de Pessoal. Eu fui para a folha de pagamento e ela para o Fundo de Assistência<br />

Médica e Saúde, na sala ao lado. Em algum momento da vida resolvemos juntar os<br />

trapinhos e estamos juntos há 26 anos. O interessante é que a maioria das pessoas<br />

não consegue desvincular o casal e sempre perguntam pelo outro quando estamos<br />

sozinhos, porque estamos juntos na maior parte do tempo. A FINAME proporcionou<br />

essa suposta “coincidência” de sairmos de lugares completamente diferentes, não<br />

termos conhecimento algum sobre o outro, cairmos na mesma seleção e continuarmos<br />

juntos. Nossos filhos nasceram e cresceram aqui dentro. Considero essa relação<br />

de crescimento mais do que um trabalho, porque as pessoas aqui acolhem e apoiam<br />

umas às outras, e isso é muito bom.<br />

225


Agradecimento<br />

Ao ensejo, quero eternizar nesta obra o meu mais sincero e grandioso agradecimento aos diretores<br />

e conselheiros da nossa Associação, os quais, com muita dedicação e profissionalismo, conseguem<br />

manter acesa a chama de amizade e companheirismo que sempre existiu na nossa FINAME ao<br />

longo desses 50 anos. Obrigado e muitos anos de alegrias para todos nós!<br />

Jorge Henrique Velloso<br />

Presidente<br />

226<br />

Jorge Henrique Velloso<br />

Presidente<br />

Amaury Barreto Aguiar<br />

Vice-presidente<br />

Elcio Amiune<br />

Vice-Presidente Suplente<br />

Valdir da Silva<br />

Diretor Financeiro<br />

Alex Soares da Silva<br />

Diretor Financeiro Suplente<br />

Jeanne Simas<br />

Diretora Secretária<br />

Jose Alexandre Barbosa<br />

Diretor Secretário Suplente<br />

Rejane da Costa<br />

Diretora Social<br />

Claudia Rodrigues<br />

Diretora Cultural<br />

Roberto Pessanha<br />

Diretor de Esportes<br />

Gilmar Monteiro Coimbra<br />

Conselheiro Fiscal<br />

José Asdrubal de Souza<br />

Conselheiro Fiscal<br />

Orvinda Barroso<br />

Conselheira Fiscal<br />

Angela Cristina Leite<br />

Conselheira Fiscal Suplente<br />

Jane Duarte<br />

Conselheira Fiscal Suplente


227


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