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Revista Dr Plinio 79

Outubro de 2004

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DONA LUCILIA<br />

Dir-se-ia que, nesse inefável relacionamento<br />

com Dª Lucilia, a renúncia<br />

de cada um a si próprio reverte generosamente<br />

em benefício do outro;<br />

tal como os arcos-botantes de uma<br />

catedral que por si sós não se sustentariam,<br />

mas, apoiando colossais paredes,<br />

formam com elas um todo esplendoroso.<br />

Manguinha de meu coração<br />

Minha caneta azul está quebrada.<br />

Por isto, lhe escrevo em vermelho.<br />

Gostei imenso de suas duas cartas.<br />

Tenho-as sobre meu criado mudo, para<br />

as ter sempre sob os olhos. E estou<br />

com umas saudades loucas de minha<br />

Mãezinha querida, de seus agrados, de<br />

sua presença, de sua prosinha, enfim<br />

dela, de tudo quanto é dela, e de tudo<br />

que a rodeia.<br />

Poucas coisas me poderiam alegrar<br />

tanto, quanto saber que a Sra. vai<br />

bem. Cuide-se: nada de melhor a Sra.<br />

poderia fazer por mim. Melhor do que<br />

isto, só uma coisa: rezar por mim...<br />

Não sei ainda bem o dia de minha<br />

volta, mas espero que não tarde.<br />

Escreva-me logo, meu amor do coração.<br />

Perdoe esta carta-relâmpago: estou<br />

ocupadíssimo.<br />

Com mil e mil beijos, todo o carinho<br />

do filho que a quer imensissimamente,<br />

e lhe pede com respeito as bênçãos<br />

e orações.<br />

P.<br />

Cartas laboriosamente<br />

confeccionadas<br />

Dois momentos da estada de <strong>Dr</strong>.<br />

<strong>Plinio</strong> em Roma: acima, a visita<br />

ao Capitólio; à direita, o jantar<br />

oferecido pelo Barão de Montagnac,<br />

no restaurante Ranieri (<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> é<br />

o 2º da direita para a esquerda)<br />

Dona Rosée continuava a dar notícias<br />

a seu irmão, por breves que<br />

fossem, do estado de Dª Lucilia. Em<br />

1º de novembro narrava ela de modo<br />

expressivo o quanto custava a sua<br />

mãe escrever aquelas comovedoras<br />

cartas:<br />

Você a esta altura já deve ter recebido<br />

pelos menos duas cartas das três<br />

que [mamãe] escreveu. Vou mandar<br />

agora outra que ela estava confeccionando<br />

laboriosamente ontem! (Acabo<br />

de passar em sua casa para pegar<br />

a carta e não está pronta. Segue amanhã.)<br />

No local que mais fazia recordar a<br />

Dª Lucilia a presença de seu querido<br />

filho, o escritório do apartamento,<br />

ela estabelecia muitas vezes com ele<br />

seu contato epistolar. Já com a vista<br />

enfraquecida, ocupava tardes inteiras,<br />

pacientemente debruçada sobre<br />

as folhas de papel, nas quais a pena<br />

ia traçando com lentidão e esmero<br />

cada letra, para formar palavras carregadas<br />

de afeto e doçura, que ainda<br />

hoje encantam quem as lê.<br />

Em resposta às duas cartas de <strong>Dr</strong>.<br />

<strong>Plinio</strong> acima transcritas, envia Dª<br />

Lucilia, com data de 1º de novembro,<br />

mais algumas linhas nas quais<br />

se percebe como estava preocupada<br />

com os grandes acontecimentos<br />

mundiais. Claro, sempre em primeiro<br />

lugar, por estar em causa a Igreja,<br />

sua atenção se voltava para o Concílio.<br />

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