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Revista Dr Plinio 67

Outubro de 2003

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lhe auscultar as pulsações de coração.<br />

Compreende-se assim que, mantendo<br />

embora a sua alteridade perante<br />

a vida política do País, elementos do<br />

clero tenham sido freqüentemente, ao<br />

longo da História, para o poder público,<br />

conselheiros ouvidos e respeitados,<br />

partícipes valiosos na elaboração<br />

de certas matérias legislativas e na<br />

fixação de certos rumos do governo.<br />

Mas o quadro das relações do clero<br />

com o poder público não se limita<br />

a isto.<br />

O clero não é um conjunto de anjos<br />

vivendo no Céu, mas um conjunto<br />

de homens que, como ministros de<br />

Deus, existem e atuam in concreto nesta<br />

Terra. Isto posto, o clero faz parte<br />

da população do País; perante este,<br />

A nobreza tinha um<br />

caráter militar e<br />

guerreiro: defendia<br />

o país contra as<br />

agressões externas,<br />

e zelava pela ordem<br />

política e social<br />

os seus membros têm direitos e deveres<br />

específicos. A proteção desses<br />

direitos, o reto cumprimento desses<br />

deveres é da maior importância para<br />

ambas as sociedades perfeitas, isto é,<br />

para a Igreja e para o Estado. Di-lo<br />

com eloquência Leão XIII na Encíclica<br />

Immortale Dei:<br />

“Tempo houve em que a filosofia do<br />

Evangelho governava os Estados. Nessa<br />

época, a influência da sabedoria cristã<br />

e a sua virtude divina penetravam<br />

as leis, as instituições, os costumes dos<br />

povos, todas as categorias e todas as relações<br />

da sociedade civil. Então a Religião<br />

instituída por Jesus Cristo, solidamente<br />

estabelecida no grau de dignidade<br />

que lhe é devido, em toda a parte<br />

era florescente, graças ao favor dos príncipes<br />

e à proteção legítima dos magistrados.<br />

Então o Sacerdócio e o Império<br />

estavam ligados entre si por uma<br />

feliz concórdia e pela permuta amistosa<br />

de bons ofícios.<br />

Organizada assim, a sociedade civil<br />

deu frutos superiores a qualquer expectativa,<br />

cuja memória subsiste e subsistirá,<br />

consignada como está em<br />

inúmeros documentos que artifício<br />

algum dos adversários poderá<br />

corromper ou obscurecer.” 3<br />

Tudo isto faz ver, que o clero<br />

se distingue dos restantes<br />

membros da Nação como uma<br />

classe social perfeitamente<br />

definida, a qual é parte viva<br />

do conjunto do País e,<br />

enquanto tal, tem direito<br />

a voz e vez na vida pública<br />

deste.<br />

A nobreza e sua<br />

missão ordenada<br />

ao bem comum<br />

Ao clero seguia-se, como<br />

segunda classe, a nobreza.<br />

Esta tinha essencialmente<br />

um caráter militar e guerreiro.<br />

Tocava-lhe a defesa<br />

do País contra as<br />

agressões externas e<br />

também a defesa da<br />

ordem política e social.<br />

Além disso, nas<br />

suas respectivas terras,<br />

os senhores feudais<br />

exerciam cumulativamente,<br />

sem<br />

despesas para a Coroa,<br />

funções algum<br />

tanto análogas às<br />

dos presidentes das<br />

Câmaras, juízes e comissários<br />

de polícia<br />

hodiernos.<br />

Como se vê, estas duas<br />

classes eram basicamente<br />

ordenadas para o bem comum<br />

e, em compensação dos seus<br />

graves e específicos encargos, faziam<br />

jus a honras e vantagens correspondentes.<br />

Entre estas a isenção de impostos.<br />

Figuras de nobres na<br />

fachada da Catedral de<br />

Notre-Dame de Paris, França

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