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OPINIÃO<br />
O alvorecer de uma nova esperança<br />
Mas setor tem alguns desafios<br />
pela frente: equilibrar seus<br />
custos e voltar a investir onde<br />
realmente se faz o açúcar<br />
e o etanol: no campo<br />
ANTONIO CESAR SALIBE (*)<br />
O ano de <strong>2016</strong> começou diferente<br />
para o setor sucroenergético<br />
brasileiro. Depois de<br />
amargos inícios de safras, pela<br />
primeira vez em anos, vislumbra-se<br />
uma luz no fim do túnel,<br />
mesmo considerando a atual<br />
conjuntura política e econômica<br />
vivida pelo País.<br />
O setor, que por anos foi o<br />
principal partícipe na matriz<br />
energética nacional, amargou<br />
longo e tenebroso calvário,<br />
vendo suas dívidas subirem exponencialmente<br />
e tendo de<br />
conviver com o fechamento de<br />
dezenas de usinas, o que acarretou,<br />
evidentemente, em milhares<br />
de postos de trabalho<br />
fechados.<br />
Com dívida beirando os 100<br />
bilhões de dólares, agravada<br />
justamente pela alta da moeda<br />
norte-americana, em detrimento<br />
da desvalorização do Real, o<br />
setor sucroenergético precisou<br />
se reinventar e agora, com muito<br />
esforço, começa a vislumbrar<br />
um ano de bons presságios.<br />
A ideia, hoje tão presente no<br />
inconsciente da população, de<br />
que temos uma das gasolinas<br />
mais caras do mundo não parece<br />
tão verdade assim. Afinal,<br />
conforme apuração da Consultoria<br />
Datagro, o preço da gasolina,<br />
apesar da desvalorização<br />
cambial, base refinaria, está<br />
25,7% acima do valor praticado<br />
no mercado externo.<br />
Todavia, ainda segundo a Datagro,<br />
se considerarmos os<br />
custos para a internação do<br />
combustível fóssil, o preço da<br />
gasolina no mercado doméstico<br />
estaria hoje apenas 0,3%<br />
abaixo do preço da gasolina<br />
que seria importada.<br />
Levando em consideração<br />
esses dados, percebemos nitidamente<br />
que os preços internos<br />
da gasolina hoje refletem<br />
bem a política de estabilidade<br />
de preços praticada pela Petrobrás,<br />
o que faz com que não<br />
tenhamos tanta oscilação nos<br />
preços.<br />
Parto do pressuposto, então,<br />
que temos preços relativamente<br />
alinhados aos preços internacionais,<br />
o que não traz margem<br />
para possíveis desvalorizações<br />
no mercado interno.<br />
Nos atuais patamares, e levando-se<br />
ainda em consideração<br />
que o etanol tem como<br />
balizador a gasolina, podemos<br />
prever que os preços praticados<br />
com o biocombustível neste ano<br />
serão mais remuneradores que<br />
os praticados até então, servindo<br />
como grande estímulo para<br />
que, tirado o custo de produção<br />
e da dívida das usinas, possa<br />
haver uma melhor remuneração<br />
no principal produto da cadeia<br />
bioenergética.<br />
Se focarmos todas as nossas<br />
energias na crise, com certeza<br />
ela se agravará e perderemos<br />
a oportunidade de construir<br />
um novo caminho.<br />
Por sua vez, esses melhores<br />
preços do etanol também devem<br />
pressionar as cotações do<br />
açúcar, que tem o Brasil como<br />
maior produtor mundial. Some<br />
a isso o fato de que após cinco<br />
anos de superávit, enfim,<br />
há um déficit mundial na produção<br />
da commodity, o que também<br />
deve pressionar as cotações.<br />
Como se não bastassem os<br />
argumentos anteriores, ainda<br />
temos um dólar alto, sem perspectivas<br />
de baixa em decorrência<br />
dos fundamentos macroeconômicos<br />
para <strong>2016</strong>, e assim,<br />
animam-se os analistas<br />
com expectativas de boas remunerações<br />
para a commodity<br />
nesta safra.<br />
Acredito que vivamos hoje o<br />
alvorecer de uma nova esperança<br />
para o setor sucroenergético<br />
nacional, que tem, também,<br />
alguns desafios pela frente:<br />
equilibrar seus custos e voltar a<br />
investir onde realmente se faz o<br />
açúcar e o etanol: no campo.<br />
Defendo e volto a frisar que<br />
investimentos, tanto na indústria<br />
como na lavoura, não devam<br />
ser considerados como<br />
custos, como muitos insistem<br />
em afirmar.<br />
Precisamos cortar custos,<br />
mas não investimentos. É chegada<br />
a hora de plantarmos<br />
mais cana, pois as perspectivas<br />
apontam para um aumento de<br />
demanda, conforme argumentamos<br />
acima e ainda esperamos<br />
um 2017 mais seco,<br />
talvez com a influência de um<br />
La Ninã. Então, a hora de investirmos<br />
é agora.<br />
Aprender com o passado é<br />
importante em qualquer segmento.<br />
Em cana de açúcar tentamos<br />
aprender há quase cinco<br />
séculos. Mas uma certeza nos<br />
é fortemente reforçada: se focarmos<br />
todas as nossas energias<br />
na crise, com certeza, ela<br />
se agravará e perderemos a<br />
oportunidade de construir um<br />
novo caminho.<br />
Parafraseando o poeta da floresta,<br />
Thiago de Mello, “não<br />
tenho um caminho novo, o que<br />
eu tenho de novo é um jeito de<br />
caminhar”. Caminhemos com<br />
otimismo, então...<br />
(*) Antonio Cesar Salibe é<br />
presidente executivo da Udop<br />
2<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
BIOMASSA<br />
Copel cria comercializadora<br />
Objetivo é reforçar o posicionamento<br />
da companhia no mercado e permitir<br />
uma maior agilidade e flexibilidade<br />
na comercialização<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
ACompanhia Paranaense<br />
de Energia<br />
(Copel) volta a participar<br />
ativamente do<br />
mercado livre de energia elétrica.<br />
A criação da Copel Comercialização<br />
foi instituída dia<br />
28 de janeiro. A empresa foi<br />
uma das pioneiras neste mercado<br />
competitivo de compra e<br />
venda, em 1998, mas o abandonou<br />
em 2003.<br />
Segundo o presidente da<br />
Companhia, Luiz Fernando<br />
Vianna, o objetivo com a nova<br />
empresa é reforçar o posicionamento<br />
da Copel no mercado<br />
e permitir uma maior agilidade<br />
e flexibilidade na comercialização.<br />
“Hoje, o setor elétrico<br />
apresenta uma grande especialização<br />
na atividade de comercialização<br />
de energia, e<br />
nós precisávamos atender a<br />
esta necessidade, sob pena de<br />
perder uma grande fatia de<br />
mercado”, afirmou. Ele ressalta<br />
ainda o fato de a nova organização<br />
ter sido criada a<br />
partir da remodelação de uma<br />
estrutura já existente.<br />
Para o presidente da Alcopar,<br />
Miguel Tranin, este foi um<br />
grande passo dado pela Copel<br />
e as mudanças abrem espaço<br />
para a bioenergia gerada a partir<br />
do bagaço e da palha da<br />
cana. “Certamente haverá um<br />
estímulo a investimentos em<br />
energias alternativas, em especial<br />
a que utiliza a biomassa.<br />
Parabenizamos toda diretoria<br />
pela conquista, em especial a<br />
Reinhold Stephanes, que acreditou<br />
desde o início no pleito<br />
do setor de bioenergia do <strong>Paraná</strong>”,<br />
comentou.<br />
O mercado livre de energia<br />
passa atualmente por uma<br />
fase de instabilidade, tendo<br />
apresentado grandes oscilações<br />
de preço em 2015, na<br />
avaliação da Copel. O descompasso<br />
entre os preços da<br />
energia no mercado livre e no<br />
regulado acelerou a migração<br />
de empresas para o mercado<br />
livre em todo o país. “Hoje<br />
30% da energia no Brasil já é<br />
Mudanças abrem espaço para a bioenergia gerada a partir do bagaço<br />
comercializada no mercado<br />
livre, e a tendência é que chegue<br />
a 100% nos próximos<br />
quatro ou cinco anos”, explicou<br />
Reinhold Stephanes, diretor-presidente<br />
da Copel<br />
O deslocamento das funções<br />
da Copel Participações<br />
para a diretoria financeira<br />
também era uma necessidade<br />
da empresa, segundo<br />
Stephanes.<br />
Comercialização.<br />
Necessidade<br />
“A atual Copel Participações<br />
tinha como objeto principal<br />
a gestão destas empresas,<br />
embora boa parte<br />
das participações da Copel<br />
continuasse a ser gerida pelas<br />
nossas subsidiárias de<br />
geração e de energias renováveis.<br />
Com a mudança, nós<br />
passamos de um modelo de<br />
gestão para um de controladoria,<br />
aperfeiçoando e ampliando<br />
a efetividade do<br />
“A participação atual da<br />
Companhia no mercado livre é<br />
muito discreta, e com esta estruturação<br />
ela passa a competir<br />
neste mercado, num primeiro<br />
momento para evitar a perda<br />
de clientes, e em seguida, para<br />
efetivamente tomar parte no<br />
mercado de compra e venda<br />
de energia”, complementou.<br />
controle sobre as participações”,<br />
disse.<br />
A definição da nova estrutura<br />
de controle das participações<br />
se dará nos próximos<br />
meses. Durante este período,<br />
as atividades da antiga Copel<br />
Participações ficarão a cargo<br />
da nova comercializadora.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
TORNEIO<br />
Santa Terezinha vence<br />
na Festa do Trabalhador<br />
A unidade de Paranacity foi a campeã<br />
e a de Ivaté a segunda colocada da<br />
disputa de futebol suíço das usinas,<br />
organizada pelo Sindiquímicos<br />
MARLY AIRES<br />
Por 2x1 a unidade de<br />
Paranacity da Usina<br />
Santa Terezinha foi a<br />
grande campeã do<br />
torneio de futebol suíço da<br />
Festa do Trabalhador, evento<br />
que acontece todos os anos,<br />
em Colorado (PR), organizado<br />
pelo Sindiquímicos (Sindicato<br />
dos Trabalhadores nas Indústrias<br />
de Álcool, Químicos e Farmacêuticos)<br />
do município. A<br />
disputa foi no último dia 14, na<br />
sede do Sindicato. Em segundo<br />
lugar ficou a unidade de<br />
Ivaté da Usina Santa Terezinha.<br />
Ao todo foram 18 equipes,<br />
com a participação de cerca<br />
de 200 jogadores e mais de<br />
1.300 participantes entre trabalhadores<br />
das usinas de açúcar<br />
e etanol do Noroeste do<br />
<strong>Paraná</strong>, diretores, gerentes e lideranças<br />
do setor. A festa do<br />
Trabalhador este ano chegou a<br />
sua 30ª edição, registrando<br />
um marco na história do Sindiquímicos.<br />
Além do torneio suíço, o<br />
evento contou com almoço,<br />
show musical com a dupla<br />
Elder e Greziele e sorteio de<br />
vários prêmios aos presentes,<br />
entre bicicletas, televisores e<br />
outros. Foram consumidos<br />
700 kg de carne de boi, 300 kg<br />
de carne de porco, 2.400 garrafas<br />
de cerveja, 3 mil de refrigerantes<br />
e 2 mil sorvetes, entre<br />
outros.<br />
Time fez dois gols contra um e levou o troféu<br />
Durante o evento também<br />
foram apresentados uma retrospectiva<br />
em fotos dos 30<br />
anos da Festa do Trabalhador<br />
e um vídeo institucional do Sindicato.<br />
“São 30 anos de trabalho<br />
persistente e responsável<br />
junto ao setor buscando<br />
cada vez mais a integração da<br />
categoria”, afirma Vander de<br />
Oliveira Campos, presidente do<br />
Sindiquímicos.<br />
Com ampla estrutura, a sede<br />
do Sindicato conta com quadras<br />
de futebol suíço e de<br />
campo, banheiros, vestiário e<br />
toda infraestrutura de apoio.<br />
Também possui um salão de<br />
875 metros quadrados para a<br />
realização de eventos e jogos.<br />
Realizada no mesmo<br />
molde do Canito - Torneio<br />
Interdestilarias do <strong>Paraná</strong> de<br />
Futebol Suíço, evento tradicional<br />
do setor sucroenergético<br />
realizado pela Alcopar<br />
e usinas associadas -, a<br />
Almoço, show e sorteio de brindes marcaram os 30 anos, com a presença de lideranças do setor<br />
Evento visa integrar trabalhadores<br />
Festa do Trabalhador tem<br />
como objetivo a confraternização<br />
e integração dos trabalhadores<br />
do setor, segundo<br />
Vander de Oliveira Campos,<br />
presidente do Sindiquímicos.<br />
Visando contar com a participação<br />
do maior número<br />
possível de trabalhadores,<br />
os organizadores da festa<br />
buscam programar o evento<br />
antes do início da colheita.<br />
“Sabemos do ritmo acelerado<br />
da safra e das dificuldades<br />
de participação neste<br />
período”, cita o presidente.<br />
Tanto que, idealizada para<br />
marcar o 1º de maio, em<br />
comemoração ao Dia do<br />
Trabalhador, a sua data de<br />
realização veio, ano a ano,<br />
sendo antecipada, acompanhando<br />
a abertura da colheita<br />
de cana de açúcar,<br />
que ocorre mais cedo a cada<br />
safra.<br />
4<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
MECANIZAÇÃO<br />
Um novo canavial<br />
Lavouras foram transformadas e usinas tiveram que<br />
reaprender a cultivar cana. Impacto foi violento e<br />
ainda se busca soluções para vários problemas<br />
MARLY AIRES<br />
Amecanização das lavouras<br />
provocou<br />
uma mudança radical<br />
nos canaviais.<br />
Muito do que se sabia a respeito<br />
e era ensinado nas faculdades,<br />
deixou de ser verdade.<br />
As usinas e produtores<br />
tiveram que reaprender a cultivar<br />
a cana e nesse aprendizado<br />
sofreram muito com<br />
perdas de produtividade e<br />
rendimento. Principalmente<br />
porque, apesar da crise financeira<br />
desencadeada desde<br />
2008, a mecanização teve<br />
que ocorrer num ritmo acelerado,<br />
por conta da falta de<br />
mão de obra e das exigências<br />
ambientais.<br />
O avanço das máquinas sobre<br />
as lavouras de cana mudou<br />
a forma de plantar e colher,<br />
impactando todo o processo.<br />
As pragas, doenças e<br />
plantas daninhas que infestam<br />
a lavoura hoje são outras.<br />
Também mudaram espaçamento,<br />
produtos fitossanitários<br />
usados e até as características<br />
das variedades<br />
plantadas.<br />
Hoje tem se optado por variedades<br />
de cana que propiciem<br />
maior colheitabilidade,<br />
mais eretas, com despalha<br />
facilitada, não suscetível ao<br />
acamamento, grande perfilhamento<br />
e brotação, além de<br />
resistência ao pisoteio, afirma<br />
o engenheiro agrônomo Heroldo<br />
Weber, pesquisador do<br />
Programa de Melhoramento<br />
Genético de Cana de Açúcar<br />
da Universidade Federal do<br />
<strong>Paraná</strong> (UFPR), ligada a Rede<br />
Interuniversitária para o Desenvolvimento<br />
do Setor Sucroalcooleiro<br />
(Ridesa).<br />
A colheita e o plantio mecanizados,<br />
em áreas não sistematizadas<br />
nem adaptadas para<br />
isso, e o uso de variedades<br />
com um perfil longe do ideal,<br />
trouxeram uma série de problemas<br />
para os produtores:<br />
arranquio de mudas, compactação<br />
do solo, pisoteio,<br />
falha no plantio, maior número<br />
de gemas danificadas,<br />
gasto maior de cana como<br />
muda.<br />
O pior foi o resultado de tudo<br />
isso: aumento de custos,<br />
perdas de produtividade e redução<br />
da longevidade do canavial,<br />
de três a quatro cortes,<br />
segundo estatísticas. Isso<br />
gerou um impacto violento<br />
sobre todo sistema. O setor<br />
está sofrendo as consequências<br />
e busca se reorganizar<br />
para superar dificuldades.<br />
“Inovações poderão minimizar<br />
esse efeito”, acredita o diretor<br />
financeiro Paulo Meneguetti,<br />
da Usina Santa Terezinha.<br />
Hoje tem se<br />
optado por<br />
variedades que<br />
propiciem maior<br />
colheitabilidade<br />
Não há dúvida que a colheita<br />
mecanizada é não só<br />
economicamente mais interessante,<br />
como permite padronização,<br />
pré-processamento<br />
da matéria-prima e,<br />
principalmente, maior segurança<br />
para o processo produtivo,<br />
com melhor controle<br />
das atividades de corte e sua<br />
compatibilização com o ritmo<br />
da indústria. “Temos<br />
conseguido suprir as plantas<br />
industriais de maneira adequada,<br />
o que é mais importante,<br />
porque quando a indústria<br />
interrompe seu processo<br />
industrial por fluxo de<br />
entrega de cana não estável,<br />
tem sérias perdas no processo”,<br />
afirma Paulo Meneguetti,<br />
diretor da Usina Santa<br />
Terezinha.<br />
Além disso, contribui para<br />
a redução da migração de<br />
trabalhadores na época da<br />
safra, que causa problemas<br />
sociais graves nas cidades<br />
próximas aos canaviais. Assim,<br />
a mecanização é especialmente<br />
recomendável do<br />
ponto de vista de modernização<br />
e redução de custos de<br />
produção do setor, aponta lideranças.<br />
Há, entretanto, diversos<br />
Sem volta<br />
desafios a serem vencidos.<br />
Podem ser citados o elevado<br />
custo das máquinas, o grande<br />
investimento necessário<br />
na sistematização dos canaviais<br />
para a colheita de cana<br />
mecanizada e a necessidade<br />
de desenvolvimento e difusão<br />
de novas técnicas conservacionistas<br />
de solo.<br />
Faz-se necessário também<br />
uma melhor destinação econômica<br />
e energética da palha,<br />
inclusive na produção de<br />
etanol de segunda geração; o<br />
controle e fiscalização das<br />
áreas próximas a canaviais<br />
para impedir incêndios criminosos<br />
e acidentais, entre outras.<br />
Segundo Paulo Meneguetti,<br />
a mecanização veio para ficar,<br />
independente do balanço<br />
existente entre as vantagens<br />
ou desvantagens do processo.<br />
“Não há mais mão de<br />
obra disponível para se fazer<br />
a colheita ou plantio como antigamente.<br />
Os problemas provocados<br />
pela mecanização,<br />
principalmente os da compactação,<br />
deverão ser resolvidos<br />
tecnicamente, com<br />
inovações nos processos de<br />
plantio e colheita, novas máquinas<br />
e outros avanços tecnológicos”,<br />
afirma.<br />
As usinas paranaenses,<br />
em parceria com várias instituições<br />
de pesquisas e empresas<br />
fabricantes de máquinas,<br />
têm realizado experimentos<br />
e testado adaptações<br />
nas máquinas de colheita e<br />
plantio, no manejo, nas variedades,<br />
e em outros aspectos,<br />
mas muito ainda precisa<br />
ser feito. Segundo as equipes<br />
técnicas das usinas, tem se<br />
caminhado numa curva de<br />
aprendizado constante para<br />
voltar a produzir como antes,<br />
mas, ainda há resultados negativos.<br />
6<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Muita coisa mudou<br />
O grande volume de palha deixado no solo com a colheita mecânica<br />
de cana crua provocou alterações no microclima e na biodiversidade<br />
O grande volume de palha<br />
deixado no solo com a colheita<br />
mecânica de cana<br />
crua provocou mudanças no<br />
microclima e na biodiversidade<br />
nos canaviais. As plantas<br />
daninhas infestantes são<br />
outras. Da mesma forma,<br />
muitas pragas e doenças<br />
tidas como principais perderam<br />
espaço para outras, que<br />
eram secundárias.<br />
No <strong>Paraná</strong>, a preocupação,<br />
entretanto, não é só<br />
quanto a essas mudanças.<br />
Paulo Meneguetti, diretor da<br />
Usina Santa Terezinha, lembra<br />
que o excesso de palha<br />
no solo dificulta a brotação<br />
da cana-soca, em algumas<br />
variedades, atrasando todo o<br />
processo, além de aumentar<br />
a presença de fungos que<br />
podem inibir a vegetação,<br />
demandando a aplicação de<br />
fungicidas para controle,<br />
cita.<br />
Como forma de reduzir os<br />
problemas causados pelo<br />
excesso de palha, o enleiramento<br />
desta tem ganhado<br />
espaço na agenda das operações<br />
agrícolas. Também,<br />
Meneguetti diz que há a possibilidade<br />
de coleta de palha<br />
na lavoura para ser processada<br />
e queimada nas caldeiras,<br />
com possível acréscimo<br />
na geração de energia excedente,<br />
mas a viabilidade<br />
principalmente econômica<br />
da operação ainda está em<br />
estudo na Usina Santa Terezinha.<br />
Diversos espaçamentos<br />
vêm sendo testados visando<br />
aumentar a colheitabilidade<br />
da lavoura e a eficiência<br />
e produtividade das<br />
colheitadeiras, mas essa é<br />
uma tecnologia que ainda<br />
está em transição, na avaliação<br />
de Meneguetti. O objetivo<br />
é reduzir o pisoteio e<br />
aumentar o rendimento, reduzindo<br />
manobras no campo<br />
e melhor direcionando o<br />
tráfego.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7
MECANIZAÇÃO<br />
Novo perfil da mão de obra<br />
A figura do cortador de cana, que<br />
demandava força e preparo físico,<br />
vem desaparecendo. No lugar<br />
está o profissional tecnificado<br />
Conforme aumenta a presença<br />
de máquinas no campo,<br />
diminui o número de pessoas<br />
envolvidas com as operações<br />
de plantio e colheita nos canaviais<br />
e aumenta a qualificação<br />
destas. Antes de a mecanização<br />
se intensificar no Brasil,<br />
em 2006, eram empregados<br />
2,6 trabalhadores para cada<br />
mil toneladas processadas.<br />
Em 2014, esse índice foi de<br />
1,53, mas deve cair ainda para<br />
0,7 ou 0,8, segundo estimativas<br />
da União da Indústria de<br />
Cana de Açúcar (Unica).<br />
Muito mais do que uma demanda<br />
para se adequar a legislação<br />
ambiental, visando<br />
eliminar o processo de despalha<br />
da cana através do<br />
fogo, a mecanização cresceu<br />
também por causa da dificuldade<br />
de encontrar pessoas<br />
para trabalhar no corte da<br />
cana. Com o deslocamento<br />
de trabalhadores para atuar<br />
na construção civil e em outras<br />
funções, as usinas tiveram<br />
dificuldade para fechar o<br />
quadro, recrutando trabalhadores<br />
cada vez mais longe e<br />
até de outros estados, num<br />
primeiro momento, partindo,<br />
posteriormente, para a mecanização<br />
do plantio e da colheita,<br />
com demanda de<br />
grandes investimentos.<br />
Mulheres<br />
ganham espaço<br />
Estatística aponta que cada máquina substitui de 80 a 100 trabalhadores<br />
Há uma estatística que<br />
aponta que cada máquina<br />
substitui de 80 a 100 trabalhadores,<br />
gerando, no contraponto,<br />
de 20 a 25 vagas nas<br />
atividades de operadores da<br />
máquina, tratoristas, mecânico<br />
e demais serviços. Esse<br />
número, entretanto, varia<br />
muito de acordo com o rendimento<br />
agrícola da plantação e<br />
à tecnologia das máquinas<br />
usadas.<br />
“Para cada grupo de 80<br />
cortadores de cana, precisamos<br />
formar 35 operadores<br />
com maior nível técnico e<br />
com maiores salários, no mínimo<br />
30% superiores aos<br />
dos cortadores de cana”,<br />
afirma Paulo Meneguetti, da<br />
Usina Santa Terezinha. Nos<br />
últimos cinco anos foram eliminadas<br />
aproximadamente<br />
cinco mil vagas no grupo e<br />
foram criadas duas mil e<br />
quinhentas, tendo em vista<br />
também a expansão de área.<br />
O perfil da mão de obra utilizada<br />
na colheita de cana de<br />
açúcar também foi completamente<br />
transformado. A figura<br />
Avanços<br />
tecnológicos<br />
do cortador de cana, que demandava<br />
força e preparo físico,<br />
vem desaparecendo. No<br />
lugar está o profissional tecnificado,<br />
que sabe não só operar<br />
a máquina, mas como esta<br />
funciona. Que é capaz, em<br />
muitos casos, até mesmo de<br />
fazer a manutenção necessária.<br />
Em vez de força, o que importa<br />
é o conhecimento, a<br />
atenção.<br />
Neste novo quadro, a mulher ganhou<br />
espaço nas usinas sucroenergéticas.<br />
Como normalmente estas<br />
possuem maior escolaridade e, devido<br />
à própria característica, são<br />
mais detalhistas e cuidadosas, têm<br />
lugar garantido a frente do volante<br />
das grandes colheitadeiras, pás carregadeiras,<br />
plantadeiras e tratores<br />
com transbordo, dentre outras funções,<br />
como de operação de áreas de<br />
automação de processos na indústria.<br />
Segundo o diretor financeiro e de<br />
suprimentos da Usina Santa Terezinha,<br />
Paulo Meneguetti, nos últimos<br />
anos, cresceu em mais de 20% a utilização<br />
da mão de obra feminina no<br />
grupo. Dos 20,896 empregados nas<br />
11 unidades industriais da Santa Terezinha<br />
no <strong>Paraná</strong> e Mato Grosso do<br />
Sul em 2014, as mulheres representam<br />
22% dos contratados.<br />
Há alguns anos, quando chegou a<br />
primeira mulher na colheita mecânica<br />
na Unidade Ivaté da Santa Terezinha,<br />
a Dona Ruth, como é conhecida a<br />
operadora Ruth Prado Azzi, esta conquistou<br />
a confiança e o respeito de<br />
todos, abrindo as portas para as demais<br />
mulheres, que não param de<br />
chegar.<br />
Os investimentos na mecanização<br />
e automação dos processos no<br />
campo têm resultado em avanços<br />
tecnológicos. Têm ganhado espaço<br />
nos canaviais a agricultura de precisão,<br />
o mapeamento via satélite de<br />
toda a área, o uso de GPS, piloto automático<br />
e outras acopladas ao maquinário.<br />
O manejo também mudou, adotando-se<br />
o tiro longo e a canterização<br />
da lavoura, e desenvolvidas<br />
outras tecnologias para segurar a<br />
erosão e reverter a compactação do<br />
solo. Outra tendência são as mudas<br />
pré-brotadas e a semente de cana,<br />
entre outras.<br />
“Muitos desses processos de inovação<br />
ainda estão em desenvolvimento<br />
e certamente nos próximos<br />
anos teremos novidades. Mas todas<br />
as ações desenvolvidas ainda são<br />
inovações em avaliação. Às vezes<br />
achamos que descobrimos o ovo de<br />
Colombo, porém, como tudo depende<br />
de reavaliação de resultados,<br />
vai tempo para consolidar”, afirma o<br />
diretor da Santa Terezinha, Paulo Meneguetti.<br />
O que é definitivo, ressalta,<br />
é que tanto o plantio quanto a colheita<br />
mecanizados são irreversíveis.<br />
8<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Transição não é fácil<br />
Além de incentivar o retorno à<br />
sala de aula, usinas passaram a<br />
oferecer cursos de capacitação<br />
A transição entre a colheita<br />
manual e a mecânica, não está<br />
sendo fácil. Como não existia<br />
no mercado mão de obra com<br />
capacitação específica, a maior<br />
parte das usinas teve que formar<br />
seu próprio pessoal. Foram<br />
criados programas de requalificação<br />
profissional pelas<br />
entidades representativas do<br />
setor e pelo governo federal,<br />
para capacitar esse pessoal a<br />
atuar tanto no setor como em<br />
outros segmentos.<br />
Muitos trabalhadores da área<br />
agrícola voltaram à sala de aula<br />
para se adaptar a nova função<br />
e até o nível de analfabetismo<br />
diminuiu. “Como os equipamentos<br />
dispõem de tecnologia<br />
embarcada, como GPS, computadores<br />
de bordo e outros<br />
dispositivos da agricultura de<br />
precisão, há necessidade de<br />
um nível de escolaridade<br />
maior”, cita Paulo Meneguetti,<br />
diretor da Santa Terezinha.<br />
Além de incentivar o retorno à<br />
sala de aula, as usinas passaram<br />
a oferecer cursos de capacitação<br />
técnica. Em parceria<br />
com diversas instituições como<br />
Senar, UFPR, UEM, Alcopar<br />
e Senai, dão oportunidades de<br />
crescimento profissional aos<br />
cortadores de cana e aos demais,<br />
contribuindo para a ascensão<br />
profissional, econômica<br />
e social.<br />
Em 2014, só na Santa Terezinha,<br />
foram 4,1 mil eventos de<br />
capacitação, com 62,6 mil participações,<br />
números que em<br />
2015 foram semelhantes. A<br />
usina chegou mesmo a adquirir<br />
simuladores de colhedoras, para<br />
acelerar esse processo de<br />
formação de operadores.<br />
A Santa Terezinha desenvolve<br />
o programa Jovem<br />
Aprendiz, incentiva a educação<br />
concedendo bolsas de estudo<br />
técnico profissionalizante, graduação<br />
e até pós-graduação,<br />
além da residência em Engenharia<br />
Agronômica. Ainda dispõe<br />
de programas de alfabetização<br />
para adultos, participa<br />
do Programa <strong>Paraná</strong> Alfabetizado<br />
e do EJA Educação de Jovens<br />
e Adultos.<br />
O resultado de tudo isso são<br />
melhores salários, qualidade de<br />
vida e oportunidade de crescimento.<br />
A maior capacitação<br />
dos cortadores de cana para<br />
adequação à mecanização do<br />
processo ainda facilitou muito<br />
a vida dos trabalhadores.<br />
Apesar de tudo que se fazia<br />
para amenizar, o trabalho pesado<br />
no corte e carregamento<br />
da cana, debaixo do sol forte,<br />
poeira e fuligem, nem se compara<br />
ao trabalho atual. Sentado<br />
em bancos confortáveis, no ar<br />
condicionado, este só opera a<br />
máquina que funciona com<br />
joistick, sistemas de transmissão<br />
automáticos e outras facilidades.<br />
Os benefícios gerados com a<br />
mecanização e a mudança do<br />
perfil do trabalhador se estenderam<br />
ainda para a comunidade.<br />
Além da abertura de<br />
empresas para atender a mecanização,<br />
especialmente nos<br />
municípios menores, a melhor<br />
remuneração dos trabalhadores<br />
das usinas e maior capacidade<br />
de consumo impactaram<br />
fortemente o comércio.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9
MECANIZAÇÃO<br />
<strong>Paraná</strong> já superou meta<br />
Usinas teriam que reduzir<br />
em 20% o uso de fogo na<br />
despalha até 2015, mas<br />
já passaram de 30%<br />
Pelo Protocolo Agroambiental,<br />
firmado no início de<br />
2010 entre a Alcopar e o Instituto<br />
Ambiental do <strong>Paraná</strong><br />
(IAP), as usinas sucroenergéticas<br />
do Estado teriam, até<br />
2015, que reduzir em 20% as<br />
áreas com uso de fogo na<br />
despalha, substituindo os<br />
cortadores de cana pelas máquinas.<br />
"Já fomos muito além do<br />
que foi acordado. Passamos<br />
de 30% e a mecanização<br />
está em um ritmo que mostra<br />
que não teremos dificuldade<br />
em termos as máquinas<br />
fazendo o serviço em<br />
100% dos canaviais bem<br />
antes do prazo", disse Miguel<br />
Tranin, presidente da Alcopar.<br />
Os percentuais de<br />
mecanização variam muito,<br />
mas há usinas em que<br />
quase toda a colheita é feita<br />
mecanicamente, além do<br />
plantio e demais operações.<br />
Para as lavouras mecanizáveis,<br />
com extensão superior<br />
a 150 hectares e declividade<br />
inferior a 12%, o<br />
acordo determina ainda que<br />
60% dos canaviais devem<br />
ser mecanizados até 2020 e<br />
100% até 2025. Para as<br />
áreas não mecanizáveis, que<br />
são significativas no <strong>Paraná</strong>,<br />
o prazo para o fim das queimadas<br />
é 2030, desde que<br />
haja tecnologia disponível.<br />
Segundo Tranin, uma das<br />
grandes problemas é a grande<br />
extensão de áreas cultivadas<br />
com cana em que não é<br />
possível usar colheitadeiras<br />
devido à declividade do terreno.<br />
"Os técnicos têm trabalhado<br />
para criar máquinas<br />
adaptadas para o serviço<br />
também em solos inclinados,<br />
e há vários modelos em estudo.<br />
Já nos próximos anos<br />
devemos ter uma solução”. A<br />
estimativa é que sejam necessárias<br />
pelo menos 400<br />
máquinas para fazer toda a<br />
colheita que antes demandava<br />
70 a 80 mil trabalhadores.<br />
Preocupação foi substituir a mão de obra por máquinas<br />
causando o menor impacto econômico e social<br />
Outra preocupação das<br />
usinas paranaenses é quanto<br />
ao grande volume de palha<br />
que tem ficado no solo.<br />
Apesar de ser benéfico para<br />
a proteção do solo da erosão,<br />
reter mais a umidade e<br />
manter a temperatura, além<br />
de aumentar os níveis de<br />
matéria orgânica e a fertilidade,<br />
por outro lado, dificulta<br />
a brotação da cana-soca<br />
e pode gerar outros problemas<br />
ambientais.<br />
O clima mais frio e seco<br />
no inverno faz com que a decomposição<br />
da palha seja<br />
bem mais lenta que em outras<br />
regiões, o que aumenta<br />
a emissão de metano, um<br />
poluente que, em relação à<br />
camada de ozônio, pode ser<br />
mais prejudicial do que o<br />
CO2, alerta Tranin. Por isso<br />
a importância de viabilizar o<br />
recolhimento de parte da<br />
palha e o uso desta na cogeração<br />
de energia.<br />
Esforço para cumprir acordo<br />
A substituição do homem<br />
pela máquina tem sido impulsionada<br />
também pela crescente<br />
escassez de mão de<br />
obra. “Não se trata apenas de<br />
um benefício ao meio ambiente,<br />
maior economia, agilidade<br />
no serviço ou maior<br />
conforto para o traba-lhador,<br />
mas de uma necessidade. A<br />
falta de mão de obra, comum<br />
em todas as atividades, tem<br />
se tornado um sério problema<br />
para as indústrias sucroenergéticas”,<br />
afirma o<br />
presidente da Alcopar.<br />
Apesar da situação econômica<br />
pela qual passa o setor,<br />
bilhões vêm sendo investidos<br />
na mecanização da colheita<br />
e na adequação de seus processos<br />
produtivos visando a<br />
excelência na proteção ambiental<br />
e o desenvolvimento<br />
sustentável, atendendo ao<br />
protocolo assinado.<br />
Boa parte dos projetos técnicos<br />
com as mudanças demandas<br />
pelo acordo firmado<br />
pelo setor já está pronta e as<br />
adequações estão em plena<br />
execução nas usinas. “É um<br />
desafio muito grande, a considerar<br />
a dimensão do setor<br />
de bioenergia no Estado,<br />
mas temos cumprido prazos<br />
e até mesmo nos antecipado<br />
a estes”, comenta Tranin.<br />
O presidente da Alcopar<br />
ressalta que sustentabilidade<br />
social e ambiental tem sido o<br />
diferencial do setor sucroenergético<br />
brasileiro, em especial<br />
no <strong>Paraná</strong>. As indústrias<br />
bioenergéticas têm ido<br />
muito além do que as legislações<br />
trabalhista e ambiental<br />
estabelecem, buscando e<br />
conquistando avanços que<br />
têm resultado em melhor<br />
qualidade de vida às comunidades<br />
onde estão inseridas.<br />
Faz parte ainda do Protocolo<br />
Agroambiental assinado<br />
a promoção da saúde e segurança,<br />
além da capacitação<br />
e reinserção dos trabalhadores<br />
que vem perdendo<br />
espaço com a mecanização<br />
da colheita, dentre outros benefícios.<br />
Fortes investimentos<br />
têm sido feitos pelo setor<br />
que sempre se preocupou<br />
com o bem estar de seu pessoal.<br />
Trabalhadores tem sido<br />
qualificados pelas usinas do<br />
<strong>Paraná</strong> com recursos próprios<br />
ou de programas dos<br />
governos estadual e federal<br />
criados com esse fim, através<br />
de parcerias com a Fundação<br />
Pró-Cerrado, os Serviços<br />
Nacionais de Aprendizagem<br />
Rural e Industrial (Senar<br />
e Senai), e o Serviço Social<br />
da Indústria (Sesi).<br />
“Sempre nos preocupamos<br />
em fazer com que essa<br />
substituição da mão de obra<br />
por máquinas ocorresse de<br />
maneira a causar o menor<br />
impacto econômico e social,<br />
principalmente nos pequenos<br />
municípios”, enfatiza<br />
Tranin.<br />
10<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Produção sustentável da cana<br />
Eliminando a queima controlada<br />
da palha nos canaviais,<br />
feita há séculos, o setor sucroenergético<br />
brasileiro foi desafiado<br />
a mudar em prol meio<br />
ambiente. O Protocolo Agroambiental,<br />
assinado em 2007<br />
entre o governo do Estado de<br />
São Paulo, produtores e 26 associações<br />
de fornecedores,<br />
antecipou os prazos legais para<br />
a mecanização da colheita<br />
no Estado de 2021 para 2014,<br />
onde a declividade do terreno<br />
permitia, e de 2031 para 2017<br />
nas regiões com mais de 12%<br />
de inclinação, onde não há ainda<br />
tecnologia adequada para<br />
mecanização.<br />
Com adesão voluntária das<br />
usinas, a mecanização avançou<br />
nos canaviais de todo o<br />
País, representando 93,5% da<br />
produção paulista e 45,5% da<br />
nacional na safra 2014/15, segundo<br />
dados da Unica. De<br />
2006 a 2015, o número de colheitadeiras<br />
em atividade saltou<br />
de 753 para 3.716 unidades.<br />
Em todo o país, na safra 2013/<br />
14, a frota de colheitadeiras<br />
em operação era de 7.450 máquinas.<br />
Um rigoroso monitoramento<br />
via satélite demonstrou que<br />
nos últimos sete anos o fim da<br />
queima da palha da cana impactou<br />
mais de 9,3 milhões de<br />
hectares só em São Paulo.<br />
Isso evitou a emissão de 34,7<br />
milhões de toneladas de poluentes<br />
(monóxido de carbono,<br />
hidrocarbonetos e material particulado)<br />
e, especificamente,<br />
de 5,7 milhões de toneladas de<br />
Gases de Efeito Estufa (GEEs)<br />
na atmosfera, o que equivale<br />
ao que seria emitido por 100<br />
mil ônibus circulando durante<br />
um ano na capital paulista.<br />
Além disso, cresceu muito a<br />
adoção de medidas de proteção<br />
em áreas de matas ciliares<br />
e o desenvolvimento de tecnologias<br />
que conferem mais eficiência<br />
aos processos industriais.<br />
A limpeza da cana a<br />
seco e o fechamento de circuitos<br />
de água, que acarretam na<br />
reutilização de mais de 90% do<br />
recurso natural em processos<br />
industriais, têm levado a um<br />
consumo de médio a 1,12 metros<br />
cúbicos por tonelada de<br />
cana processada na maioria<br />
das empresas seguidoras do<br />
Protocolo Agroambiental.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 11
COLHEITA<br />
Safra 2015/16 vai até 31 de março<br />
No <strong>Paraná</strong>, expectativa de<br />
produção foi revista para 43<br />
milhões de toneladas de cana,<br />
se a chuva deixar as usinas<br />
em funcionamento colherem<br />
MARLY AIRES<br />
Em um ano totalmente<br />
atípico, com chuva<br />
demais e um grande<br />
número de dias parados,<br />
a safra 2015/16 do <strong>Paraná</strong><br />
continua até 31 de<br />
março e a Alcopar já reviu novamente<br />
sua expectativa de<br />
produção para 43 milhões de<br />
toneladas de cana. Isso se a<br />
chuva deixar as usinas em<br />
funcionamento colherem, segundo<br />
o presidente Miguel<br />
Tranin. Esse era o volume<br />
previsto inicialmente, mas devido<br />
às chuvas constantes, a<br />
entidade tinha revisto o valor<br />
para 40 milhões de toneladas.<br />
Agora, devido a uma solicitação<br />
do Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento<br />
(MAPA), os volumes<br />
de cana esmagados nos<br />
meses de fevereiro e março,<br />
As duas primeiras indústrias<br />
sucroenergéticas do <strong>Paraná</strong> a<br />
retomarem a colheita após a<br />
parada para manutenção no<br />
final do ano passado foram a<br />
Usina Jacarezinho, localizada<br />
no município com o mesmo<br />
nome, e a Destilaria Melhoramentos<br />
de Nova Londrina. As<br />
atividades foram encerradas<br />
no dia 21 e 19 de dezembro,<br />
respectivamente, e retomadas<br />
no dia 1 de fevereiro.<br />
Segundo o gerente industrial<br />
Condurme Aizzo, até dezembro,<br />
a Usina Jacarezinho tinha<br />
mesmo no caso das usinas<br />
que já tinham parado para<br />
manutenção e retomaram a<br />
colheita neste ano, serão<br />
computados ainda na safra<br />
2015/16. Isso demandou a<br />
nova revisão. Só passa a<br />
contar como safra <strong>2016</strong>/17 o<br />
que for esmagado a partir do<br />
dia 1 de abril.<br />
moído 2,035 milhões de toneladas<br />
de cana. A expectativa é<br />
encerrar a safra, com 2,2 milhões<br />
de toneladas de cana e<br />
produção de 45,224 milhões<br />
de litros de etanol anidro,<br />
38,089 milhões de litros de hidratado<br />
e 2,654 milhões de<br />
sacas de açúcar.<br />
Para a safra <strong>2016</strong>/17, comenta<br />
Aizzo, a meta é esmagar<br />
2,350 milhões de toneladas de<br />
cana de açúcar, produzindo<br />
36,387 milhões de litros de<br />
etanol anidro, 39,299 milhões<br />
de litros de hidratado e 3,463<br />
Mesmo em condições adversas<br />
de clima, 13 usinas<br />
paranaenses entraram moendo<br />
em janeiro deste ano,<br />
duas devem ir até o início de<br />
março e duas vão emendar<br />
as safras, a Clarion, de Ibaiti,<br />
e Renuka Vale do Ivaí, de São<br />
Pedro do Ivaí. Também no início<br />
de fevereiro, duas unidades<br />
que já tinham parado em<br />
dezembro, retomaram a colheita,<br />
a Jacarezinho e a Melhoramentos<br />
de Nova Londrina.<br />
Outras 14 unidades<br />
devem entrar em funcionamento<br />
ainda em março e as<br />
demais na sequência.<br />
Até o dia 16 de fevereiro, as<br />
indústrias sucroenergéticas<br />
paranaenses tinham esmagado<br />
40,297 milhões de toneladas<br />
de cana e produzido<br />
2,692 milhões de toneladas<br />
de açúcar e 1,525 bilhão de<br />
litros de etanol combustível,<br />
sendo 951,2 milhões de litros<br />
milhões de sacas de açúcar.<br />
“Nestes últimos cinco anos<br />
fizemos fortes investimentos,<br />
tanto na área agrícola como na<br />
indústria, que nos proporcionou<br />
escala e eficiência. Isso,<br />
associado ao grande volume<br />
de matéria prima e a preços<br />
mais remuneradores, nos propiciarão<br />
resultados muito interessantes”,<br />
avalia.<br />
Com uma idade média dentro<br />
do recomendado, as lavouras<br />
estão bem desenvolvidas e<br />
o clima favorável para obter<br />
Chuvas têm dificultado o trabalho nas indústrias<br />
de hidratado e 573,8 milhões<br />
de litros de anidro. Em média,<br />
as usinas têm obtido 134,8<br />
kg de ATR (Açúcar Total Recuperável)<br />
por tonelada de<br />
cana, 0,2% a menos que na<br />
safra 2014/15, que foi de<br />
135,13 kg de ATR por tonelada<br />
de cana.<br />
Tranin disse que os números<br />
da safra <strong>2016</strong>/17 ainda<br />
uma alta produtividade novamente,<br />
disse Aizzo. São esperadas<br />
cerca de 90 toneladas de<br />
cana por hectare.<br />
Segundo o gerente industrial<br />
da Jacarezinho, a parada para<br />
manutenção da usina foi rápida<br />
por conta da estratégia traçada<br />
e executada durante todo ano.<br />
A cada parada por chuva, eram<br />
realizadas manutenções em<br />
máquinas e equipamentos que<br />
não comprometiam a moagem.<br />
“Usamos muito também<br />
do nosso sistema de manutenção<br />
preventiva. Com isso foi<br />
estão sendo levantados e que<br />
ainda é cedo para qualquer<br />
previsão. A chuva generalizada<br />
por todo o Estado, que<br />
dificultou a colheita, aliada ao<br />
clima mais quente, sem geadas<br />
ou outros contratempos,<br />
favoreceram o desenvolvimento<br />
vegetativo da planta<br />
este ano, devendo aumentar<br />
a expectativa de produção de<br />
cana na próxima safra.<br />
Jacarezinho e Melhoramentos foram as primeiras<br />
possível executar todo o serviço<br />
dentro do prazo”, afirma.<br />
O mesmo ocorreu na Destilaria<br />
Melhoramentos de Nova<br />
Londrina. Segundo o gerente<br />
de produção, Ângelo Augusto<br />
Silva, a indústria deve fechar a<br />
safra 2015/16 com 920 mil toneladas<br />
de cana esmagadas e<br />
73,416 milhões de litros de<br />
etanol produzidos. Para a próxima<br />
safra, a expectativa é produzir<br />
1,1 milhão de toneladas<br />
de cana e 90,2 milhões de litros<br />
de etanol.<br />
12<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Brasil deve moer 669 milhões/ton<br />
Desse total, 620 milhões seriam<br />
produzidos no Centro Sul e 48,68<br />
milhões no Norte e Nordeste,<br />
segundo a Datagro<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Considerando a nova data<br />
para encerramento da safra<br />
2015/16, a produção brasileira<br />
de cana de açúcar deve<br />
ser de 668,68 milhões de toneladas,<br />
segundo Plínio Nastari,<br />
da Datagro Consultoria.<br />
Desse total, 620 milhões seriam<br />
produzidos no Centro<br />
Sul e 48,68 milhões no Norte<br />
e Nordeste, que sofreu uma<br />
redução de 19,1% por causa<br />
da seca prolongada na região.<br />
de toneladas no Brasil e 21,58<br />
milhões no Centro Sul.<br />
No caso do etanol, na região<br />
que responde por cerca de<br />
90% da produção, a safra<br />
2015/16 deve fechar com<br />
10,64 bilhões de litros de anidro,<br />
17,69 bilhões de hidratado,<br />
somando 28,32 bilhões<br />
no Centro Sul, segundo a Datagro.<br />
Em todo o País, chegaria<br />
a 30,4 bilhões. Isso dá<br />
59,6% do total da matéria<br />
prima destinados à produção<br />
de etanol e 40,4% para açúcar.<br />
cessada pelas empresas da<br />
região Centro Sul atingiu<br />
602,69 milhões de toneladas,<br />
com aumento de 5,63% no<br />
comparativo com as 570,58<br />
milhões de toneladas contabilizadas<br />
até a mesma data de<br />
2015, segundo dados compilados<br />
pela Unica. Até a data,<br />
32 unidades produtoras estavam<br />
em operação e 25 devem<br />
continuar até março.<br />
O diretor Técnico da Unica,<br />
Antonio de Padua Rodrigues<br />
ressalta que "o volume de<br />
cana bisada, os preços mais<br />
atrativos e, em alguns casos,<br />
a situação financeira complicada<br />
das empresas, estimularam<br />
o avanço da moagem em<br />
um período atípico". Entre o<br />
início de dezembro e 16 de fevereiro,<br />
as usinas da região<br />
processaram mais de 37 milhões<br />
de toneladas de cana.<br />
"As empresas em operação<br />
estão dando prioridade à produção<br />
de etanol hidratado, que<br />
possui maior liquidez. As produções<br />
de açúcar e etanol anidro<br />
são, em grande parte,<br />
para atender compromissos<br />
firmados anteriormente e os<br />
estoques obrigatórios de etanol<br />
exigidos pela ANP", acrescenta<br />
Rodrigues.<br />
No Norte e Nordeste, segundo<br />
Plinio Nastari, a moagem<br />
reflete a seca de 2015.<br />
Foram esmagadas 42,4 milhões<br />
de toneladas até 1 de fevereiro,<br />
queda de 7,3% em<br />
relação ao mesmo período na<br />
safra anterior, devendo fechar<br />
com 48,68 milhões de toneladas.<br />
Foram produzidas até a<br />
data 2,24 milhões de toneladas<br />
de açúcar e 1,8 bilhões de<br />
litros de etanol.<br />
Com isso seriam produzidos<br />
no Brasil 33,982 milhões de<br />
toneladas de açúcar, sendo<br />
31,182 milhões no Centro Sul<br />
e 2,8 milhões no Norte/Nordeste.<br />
Isso dá um excedente<br />
exportável de 23,01 milhões<br />
No acumulado desde o início<br />
da safra 2015/16 até 16 de<br />
fevereiro, a quantidade<br />
de cana de açúcar<br />
pro-<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 13
AÇÚCAR<br />
Déficit mundial vai continuar a crescer<br />
Em <strong>2016</strong>/17 este será de<br />
7,69 milhões/ton, repetindo pelo<br />
segundo ano consecutivo um<br />
resultado negativo entre a oferta<br />
e demanda, aponta Datagro<br />
MARLY AIRES<br />
As perspectivas de<br />
preços para o açúcar<br />
no mercado internacional<br />
tendem<br />
a melhorar não só na safra<br />
brasileira que se inicia em<br />
abril, mas também na próxima,<br />
segundo o presidente<br />
da Datagro Consultoria, Plínio<br />
Nastari, entrando num período<br />
mais favorável.<br />
Em sua primeira estimativa<br />
para a safra mundial <strong>2016</strong>/17,<br />
que vai de 1 de outubro próximo<br />
a 30 de setembro do ano<br />
que vem, Nastari indica que no<br />
balanço entre a oferta e demanda<br />
mundial de açúcar<br />
deve haver um déficit de 7,69<br />
milhões de toneladas da commodity,<br />
repetindo pelo segundo<br />
ano consecutivo um resultado<br />
negativo na produção.<br />
Para a safra mundial em andamento,<br />
2015/16, que encerra<br />
em setembro, o presidente<br />
da Datagro reviu o déficit de<br />
açúcar no mundo para 4,37<br />
milhões de toneladas, maior<br />
do que o previsto anteriormente,<br />
3,87 milhões. A inversão<br />
do cenário ocorre após<br />
cinco anos de superávit mundial,<br />
que no período anterior foi<br />
de 3,64 milhões de toneladas.<br />
Segundo Nastari, o consumo<br />
mundial de açúcar na safra<br />
2015/16 deve crescer 1,8%<br />
e na seguinte, <strong>2016</strong>/17, uma<br />
média de 1,7%. Maior produtor<br />
e exportador mundial de açúcar,<br />
o Brasil deve fechar a safra<br />
2015/16 com 34 milhões de<br />
toneladas, segundo a Datagro,<br />
volume que tende a subir para<br />
36,7 milhões na safra <strong>2016</strong>/17<br />
e 37,1 milhões de toneladas de<br />
açúcar em 2017/18.<br />
Produção global precisará aumentar entre 15 e 20 milhões de toneladas até 2020<br />
Na Índia, a previsão de produção<br />
cai de 25,5 milhões de<br />
toneladas de branco equivalente<br />
na safra 2015/16 para 23<br />
milhões na <strong>2016</strong>/17. Respectivamente,<br />
nas duas safras, os<br />
números da Tailândia são 10,3<br />
e 11 milhões de toneladas; na<br />
União Europeia, 13,9 e 17 milhões;<br />
na China, 9,8 e 9,2 milhões;<br />
na Rússia, 5,15 e 5,45<br />
milhões; na Austrália, 4,41 e<br />
4,45 milhões de toneladas.<br />
Isso, na avaliação de Nastari,<br />
deve fazer com que a relação<br />
estoque-consumo mundial de<br />
açúcar diminua significativamente,<br />
caindo de 48,7% em<br />
30 de setembro de 2015 para<br />
45,4% em <strong>2016</strong> e 40,4% em<br />
2017, o que significa bons preços<br />
nos próximos anos, se<br />
tudo se confirmar.<br />
A Organização Internacional<br />
do Açúcar (OIA) também elevou<br />
sua previsão de déficit no<br />
mercado global em 2015/16<br />
para 5 milhões de toneladas,<br />
ante previsão feita em novembro<br />
de déficit de 3,5 milhões.<br />
Pela estimativa, a produção<br />
global deve atingir 166,8 milhões<br />
de toneladas, ante 171,2<br />
milhões em 2014/15.<br />
Para a consultoria e negociadora<br />
de açúcar Czarnikow<br />
Group a produção global de<br />
açúcar precisará crescer entre<br />
15 milhões e 20 milhões de<br />
toneladas até 2020 para atender<br />
ao aumento da demanda.<br />
O déficit de oferta global previsto<br />
pela consultoria é de 8<br />
milhões de toneladas na safra<br />
2015/16.<br />
COMBUSTÍVEL<br />
Etanol substitui 42% da gasolina<br />
Apesar da falta de políticas<br />
públicas consistentes para o<br />
setor, o consumo cresceu fortemente<br />
nos últimos 15 anos, chegando<br />
a 17,82 bilhões/l em 2015<br />
A participação do etanol hidratado<br />
e anidro no mercado<br />
de Ciclo Otto voltou a subir<br />
substituindo 42% da gasolina<br />
consumida em 2015. Em<br />
2009 esse percentual tinha<br />
chegado a 45%, caindo para<br />
30,3% em 2012. Desde então,<br />
vem se recompondo, segundo<br />
Plínio Nastari, presidente da<br />
Datagro Consultoria. O consumo<br />
de etanol hidratado atingiu<br />
um recorde histórico em<br />
2015 de 17,82 bilhões de litros,<br />
aumento de 37,2% sobre<br />
2014. Só em dezembro foi<br />
1,55 bilhão de litros. A expectativa<br />
da Unica era de uma<br />
saída de 1,4 bilhão. “Isso reduziu<br />
os estoques de seis a<br />
sete dias de abastecimento,<br />
normal para o período, para<br />
três dias, tendo que ser recomposto”,<br />
disse o presidente<br />
da consultoria.<br />
Nastari citou que nos últimos<br />
15 anos, o consumo de<br />
etanol combustível no Brasil<br />
cresceu fortemente, apesar<br />
da ausência de políticas públicas<br />
consistentes para a<br />
área de combustíveis. No<br />
caso do hidratado, passou<br />
de uma média de 3,2 bilhões<br />
de litros em 2000, para<br />
17,82 bilhões de litros em<br />
2015. Já o consumo de etanol<br />
total saiu de 8,5 bilhões<br />
de litros, para 28,8 bilhões<br />
no mesmo intervalo de tempo.<br />
Segundo dados da ANP<br />
(Agência Nacional de Petróleo,<br />
Gás Natural e Biocombustíveis)<br />
nos últimos 10 anos, o<br />
consumo de combustível de<br />
Ciclo Otto e Diesel dobrou,<br />
saindo de 26,82 litros de gasolina<br />
equivalente, em 2005,<br />
para 53,64 litros no ano passado.<br />
E apesar da redução de<br />
4,1% do PIB brasileiro em<br />
2015, o consumo de combustível<br />
se manteve relativamente<br />
estável, com pequena queda<br />
em relação a 2014.<br />
14<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
<strong>2016</strong>/17<br />
Safra recorde, mas complexa<br />
Consultorias trabalham com<br />
margem entre 619 a 625 milhões<br />
de toneladas de cana. Clima<br />
ajudou, mas vários fatores<br />
podem afetar cenário<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Depois de um ano com<br />
clima favorável para o desenvolvimento<br />
vegetativo das lavouras<br />
de cana de açúcar,<br />
devido ao fenômeno El Niño,<br />
que trouxe chuvas abundantes<br />
ao Centro Sul, a expectativa é<br />
de números recordes de moagem<br />
para a safra <strong>2016</strong>/17,<br />
que começa, oficialmente, em<br />
1º de abril.<br />
A estimativa da Consultoria<br />
Datagro, para o Centro Sul, é<br />
de uma produção de 625 milhões<br />
de toneladas de cana de<br />
açúcar. Com a destinação de<br />
57,3% da matéria prima para<br />
a produção de etanol, isso resultaria<br />
na produção de 27,97<br />
bilhões de litros do biocombustível,<br />
sendo 10,6 bilhões<br />
de litros de anidro, 17,37 bilhões<br />
de hidratado.<br />
Com relação ao açúcar, a<br />
expectativa é de uma produção<br />
de 33,8 milhões de toneladas<br />
na região. Descontado<br />
o consumo interno, o excedente<br />
exportável de açúcar<br />
seria de 23,98 milhões de toneladas<br />
no Centro Sul, número<br />
que deve chegar a<br />
25,46 milhões no Brasil, segundo<br />
a Datagro.<br />
Já a consultoria INTL<br />
FCStone projetou uma moagem<br />
de 619 milhões de toneladas<br />
no Centro Sul, com<br />
produção de 34 milhões de<br />
toneladas de açúcar, 10,8%<br />
a mais ante a temporada<br />
anterior, 17,6 bilhões de litros<br />
de etanol hidratado,<br />
4,5% a mais, e 10,4 bilhões<br />
de litros de anidro, queda<br />
de 1,6%, somando 28 bilhões<br />
de litros, alta anual de<br />
2,1%.<br />
Situação econômica das usinas preocupa devido a redução de investimentos<br />
Ainda assim, é preciso<br />
manter a cautela, alertam lideranças.<br />
Os canaviais continuam<br />
envelhecendo e a<br />
dificuldade de acesso ao<br />
crédito tem limitado os investimentos<br />
no campo e na<br />
indústria. Mesmo com os<br />
melhores preços internacionais<br />
do açúcar e a recuperação<br />
doméstica dos valores<br />
do etanol, o mercado ainda é<br />
suscetível a influências externas<br />
– políticas e econômicas.<br />
"A realidade do setor preocupa,<br />
com muitas usinas em<br />
recuperação judicial, redução<br />
do plantio e envelhecimento<br />
do canavial", afirmou o presidente<br />
da consultoria Canaplan,<br />
Luiz Carlos Corrêa<br />
Carvalho, citando que as usinas<br />
detêm um endividamento<br />
na casa dos R$ 100 bilhões.<br />
Na avaliação dele, a nova<br />
safra será bastante complexa.<br />
As chuvas em excesso<br />
ao longo do verão<br />
podem provocar floradas<br />
nas plantações, o que reduz<br />
a produtividade. "Temos de<br />
ver o que ocorrerá em fevereiro<br />
e março e também em<br />
abril e maio, meses que<br />
marcam o início e indicam<br />
como será a próxima safra",<br />
comentou.<br />
Especificamente no caso de<br />
São Paulo, a participação do<br />
estado no consumo nacional<br />
do hidratado vem aumentando,<br />
enquanto reduz o de gasolina<br />
C. Em 2000, o percentual<br />
era de 41,7% do total de etanol<br />
consumido no Brasil, chegou<br />
a 58,3% em 2014 e caiu a<br />
participação para 52,9% por<br />
causa da expansão do consumo<br />
nos estados de Minas<br />
Gerais e Goiás, devido a políticas<br />
de incentivo, afirmou Nastari.<br />
Já no caso da gasolina,<br />
em São Paulo, o percentual de<br />
participação do consumo em<br />
relação ao País caiu de 32,8%<br />
para 22,9% no período.<br />
Para o presidente da Datagro,<br />
um fato que tem surpreendido<br />
é que embora o etanol<br />
tenha perdido competitividade<br />
em relação à gasolina, ao<br />
longo dos últimos meses, em<br />
praticamente todo o País, o<br />
con sumo se manteve. “Isso<br />
fez com que o preço do etanol<br />
oferecesse melhor remuneração<br />
do que o açúcar VHP”,<br />
comentou.<br />
Nastari citou ainda que a janela<br />
de importação está<br />
aberta no Norte/Nordeste, e<br />
perto de ser aberta no Centro<br />
Sul. Por conta disso, o Brasil<br />
deve importar entre 145 a<br />
200 milhões de litros de etanol<br />
até o início de abril. Por<br />
outro lado, o Brasil deve exportar<br />
1,8 bilhão de litros para<br />
os Estados Unidos com prêmio,<br />
que em junho estava em<br />
US$ 24 por tonelada e agora<br />
em US$ 127 a tonelada. “Isso<br />
dá de US$ 117 a US$ 140 o<br />
metro cúbico para o etanol de<br />
primeira geração e US$ 247 o<br />
m3 do etanol de segunda geração,<br />
o que equivale a um<br />
prêmio de R$1,00 por litro”,<br />
finalizou.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15
SANTA TEREZINHA<br />
PPR valoriza e<br />
incentiva colaboradores<br />
O Programa de Participação de Resultados se destaca entre os<br />
benefícios trabalhistas oferecidos pela usina<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
Com o objetivo de<br />
valorizar seus colaboradores,<br />
reconhecer<br />
o esforço<br />
conjunto e mantê-los motivados<br />
e comprometidos com<br />
os objetivos da empresa, a<br />
Usina Santa Terezinha oferece<br />
uma série de benefícios.<br />
Entre os principais está o<br />
PPR (Programa de Participação<br />
dos Resultados), uma<br />
bonificação financeira extra e<br />
variável que se baseia em diversos<br />
indicadores de produção.<br />
Em vigência há 17<br />
anos, o PPR contempla todos<br />
os colaboradores das<br />
áreas administrativa, industrial<br />
e gestores das 11 unidades<br />
produtivas, corporativo e<br />
terminais logísticos da empresa.<br />
Segundo o Gerente de RH<br />
(Recursos Humanos), Waldomiro<br />
Baddini, o programa<br />
é um grande diferencial. “É<br />
um dos principais benefícios<br />
e o sucesso se dá justamente<br />
pela forma como os<br />
nossos colaboradores o encaram:<br />
com bastante interesse<br />
e comprometimento,<br />
para o alcance das metas<br />
estabelecidas”, diz.<br />
O pagamento do benefício<br />
é feito em duas parcelas. A<br />
antecipação normalmente<br />
ocorre no mês de agosto. E<br />
no início do ano é feita a<br />
complementação, um dinheiro<br />
extra que reforça o orçamento<br />
e colabora com as<br />
despesas do período, normalmente<br />
maiores.<br />
A principal vantagem do<br />
PPR é ser um instrumento<br />
motivacional para o colaborador,<br />
que recebe uma remuneração<br />
proporcional ao seu<br />
desempenho e produtividade.<br />
Isso ajuda a alinhar as<br />
estratégias da empresa com<br />
as atitudes dos colaboradores,<br />
melhora os resultados e<br />
traz crescimento a todos.<br />
“Para que seja bem aplicado,<br />
é preciso que tenhamos<br />
indicadores e metas<br />
bem definidos e esclarecidos,<br />
além do constante<br />
acompanhamento dos resultados.<br />
Estes são compartilhados<br />
sempre com os colaboradores,<br />
para que os mesmos<br />
possam perceber a importância<br />
do seu trabalho, e<br />
se sintam mais valorizados e<br />
motivados a ter um melhor<br />
desempenho”, afirma Baddini.<br />
Melhor remuneração<br />
A preocupação da Santa Terezinha com o bem-estar e a melhoria da qualidade de<br />
vida de seus colaboradores é que também levou a usina a adotar, além da política salarial,<br />
os benefícios que possibilitam uma melhor remuneração dos colaboradores.<br />
Os colaboradores, dependendo do setor de trabalho, recebem ainda bônus decorrentes<br />
do cumprimento de metas de produção, produtividade, custos e qualidade, previamente<br />
estabelecidas, além de assistência médica ambulatorial, fisioterapêutica,<br />
fonoaudiológica, farmacêutica, nutricional, odontológica e psicológica, plano de saúde,<br />
seguro de vida em grupo, auxilio funeral, associação recreativa, alimentação, transporte,<br />
moradia e programa de incentivo à educação.<br />
16<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Qualidade e economia<br />
na manutenção<br />
Programa Operador Mantenedor, que<br />
é desenvolvido de forma contínua,<br />
reduz custos e previne quebras<br />
ASSESSORIA<br />
DE COMUNICAÇÃO<br />
Aumentar a eficiência,<br />
a segurança e o<br />
tempo de disponibilidade<br />
das máquinas e<br />
veículos, além de reduzir os<br />
custos com operações de manutenção<br />
- esses são os principais<br />
objetivos do projeto<br />
Operador Mantenedor realizado<br />
nas unidades Iguatemi,<br />
Cidade Gaúcha, Ivaté, São Tomé<br />
e Rondon da Usina Santa<br />
Terezinha.<br />
O Operador Mantenedor é<br />
uma estratégia prática, proposta<br />
em parceria com a EBA<br />
Consultoria Empresarial, que<br />
envolve os operadores nas atividades<br />
de manutenção diária,<br />
e amplia o senso de propriedade<br />
dos equipamentos.<br />
A partir de treinamentos e<br />
da criação de um procedimento<br />
operacional, o colaborador<br />
se torna responsável por<br />
verificar e registrar, diariamente,<br />
a situação do equipamento<br />
de trabalho. O resultado dessas<br />
ações é a padronização<br />
das atividades, a redução de<br />
quebras e um maior tempo de<br />
disponibilidade das máquinas.<br />
O projeto envolve e otimiza<br />
o trabalho dos operadores,<br />
motoristas, líderes e mecânicos<br />
que aumentam a capacidade<br />
técnica e operacional, e<br />
se desenvolvem como multiplicadores<br />
de conhecimento.<br />
Além da filosofia do projeto,<br />
dos procedimentos operacionais<br />
e da dinâmica de trabalho,<br />
os treinamentos para a<br />
implantação do Operador<br />
Mantenedor abordam noções<br />
de mecânica, capacitando os<br />
próprios operadores para realizarem<br />
pequenas manutenções<br />
- como apertar parafusos,<br />
trocar lâmpadas ou mangueiras<br />
- em seus equipamentos.<br />
Mais do que a implementação<br />
de ações, a metodologia<br />
Operador Mantenedor promove<br />
uma mudança de comportamento<br />
e aumento do zelo e<br />
responsabilidade dos colaboradores,<br />
que se comprometem<br />
em fazer um check list<br />
diário das condições do equipamento.<br />
Mudanças aumentam zelo e responsabilidade<br />
A partir da checagem, são<br />
programadas eventuais resoluções<br />
das falhas – que podem<br />
ser agendadas ou, em<br />
caso de ações autorizadas,<br />
feita no momento. Todo o procedimento<br />
e os detalhes sobre<br />
as condições do equipamento<br />
são registrados em uma pasta,<br />
que se torna um histórico<br />
de manutenção, consultado<br />
por todos os operadores na<br />
troca de turno.<br />
Nas unidades onde foi implantado,<br />
o projeto Operador<br />
Mantenedor apresenta resultados<br />
positivos. O tratamento<br />
preventivo da manutenção tem<br />
um papel importante para evitar<br />
que pequenos problemas<br />
se tornem falhas mais graves,<br />
aumentando o tempo de disponibilidade<br />
mecânica.<br />
Para garantir a continuidade<br />
dos bons resultados, os colaboradores<br />
envolvidos com o<br />
projeto passam por treinamentos<br />
constantes, além de<br />
participarem de Diálogos Diários<br />
de Segurança e Operação.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 17
DOIS<br />
Combustíveis<br />
As vendas de óleo diesel no Brasil em janeiro caíram<br />
16,7% ante o mesmo mês do ano passado, diante do fraco<br />
desempenho econômico do país, segundo dados da Agência<br />
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis<br />
(ANP). As vendas de gasolina e etanol hidratado tiveram<br />
queda anual de 13,9% e 3,2%, respectivamente.<br />
Importação<br />
As importações de derivados<br />
de petróleo pelo Brasil<br />
em janeiro<br />
caíram 74,5%<br />
ante o mesmo<br />
mês do ano anterior,<br />
segundo a<br />
Agência Nacional<br />
do Petróleo,<br />
Gás Natural e<br />
Biocombustíveis, enquanto<br />
o país enfrenta uma de<br />
suas piores recessões em<br />
décadas. As<br />
compras externas<br />
de derivados<br />
de petróleo<br />
somaram 121<br />
mil barris por<br />
dia, ante 474,6<br />
mil no mesmo<br />
mês do ano anterior.<br />
Agropecuária<br />
O valor bruto da produção<br />
agropecuária brasileira começa<br />
o ano estimado em<br />
R$ 501,4 bilhões para<br />
<strong>2016</strong>, segundo o Ministério<br />
da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento. Se confirmado,<br />
indicará um recuo de<br />
1,2% em relação ao de<br />
2015, de R$ 507,4 bilhões.<br />
As lavouras representam<br />
65% desse montante e registraram<br />
redução de 0,3%<br />
em comparação a 2015. A<br />
pecuária significa 35% do<br />
total, com retração de 2,8%.<br />
A região Sul predomina na<br />
formação deste valor, com<br />
R$ 148,0 bilhões, seguida<br />
do Centro-Oeste (R$ 134<br />
bilhões), Sudeste (R$ 127,2<br />
bilhões), Nordeste (R$ 49,4<br />
bilhões) e Norte (R$ 29,8<br />
bilhões).<br />
PONTOS<br />
Após anos de "vacas magras",<br />
as usinas brasileiras<br />
parecem ter virado a página<br />
com a forte recuperação<br />
dos preços<br />
do açúcar e do etanol,<br />
a partir de setembro<br />
passado.<br />
No último trimestre<br />
do ano, no Centro<br />
Sul, as quatro empresas<br />
que divulgaram balanços<br />
Maior exportador global de<br />
açúcar, o Brasil deve perder<br />
espaço no mercado mundial<br />
para países como Tailândia e<br />
Austrália. Segundo a Datagro,<br />
dos 53,6 milhões de toneladas<br />
de açúcar que devem<br />
ser exportadas em<br />
2015/16 no mundo, 44,2%<br />
devem vir das usinas brasileiras,<br />
ante 46,6% em<br />
2014/15. O encolhimento é<br />
Lucro<br />
referentes ao período apresentaram<br />
lucro - Raízen<br />
Energia, Biosev, São Martinho<br />
e Tereos Internacional.<br />
Entre 1º<br />
de setembro e 31<br />
de dezembro, o<br />
preço médio do hidratado<br />
subiu 60%<br />
na usina em São<br />
Paulo, e o do açúcar, 73%,<br />
conforme Cepea/Esalq.<br />
Eletricidade<br />
Em 2014, o Brasil já era o país com maior capacidade<br />
instalada de geração por meio da biomassa no mundo,<br />
com 15,3% do total. Mas, para atingir as metas do COP<br />
21 terá que investir na produção de energia elétrica a partir<br />
da biomassa. Em 2015, a oferta cresceu 7%, gerando<br />
mais de 22 TWh, abastecendo 11 milhões de residências<br />
no ano. A bioeletricidade tem capacidade instalada para<br />
quase 10% da matriz energética, segundo a ANEEL, atrás<br />
apenas das fontes hídrica e fóssil. O setor sucroenergético<br />
responde por 80% da capacidade de geração de<br />
energia pela biomassa e tem grande potencial de crescimento,<br />
mas precisa de políticas públicas bem estruturadas.<br />
Em 2014, das 355 usinas do país, apenas 177<br />
exportaram o excedente de energia.<br />
Vendas globais<br />
efeito de um ciclo de cinco<br />
anos de cotações baixas no<br />
mercado internacional. A<br />
Tailândia deve responder por<br />
16% do comércio global de<br />
açúcar, ante 15,8% na safra<br />
2014/15 e a Austrália, 6,3%<br />
ante 5,9%. Em termos de<br />
competitividade, o açúcar<br />
brasileiro voltou, no último<br />
ano, a superar seus principais<br />
concorrentes.<br />
Etanol<br />
A meta do Brasil apresentada<br />
na COP 21 prevê,<br />
até 2030, a participação<br />
de 18% de bioenergia na<br />
matriz energética, mesmo<br />
percentual dos últimos 10<br />
anos. Apesar disso, a produção<br />
de etanol vai crescer<br />
significativamente para<br />
acompanhar o crescimento<br />
orgânico. De acordo<br />
com cálculos da Unica,<br />
para cumprir a promessa<br />
o País terá de produzir<br />
50 bilhões de litros<br />
de etanol em 2030, praticamente<br />
o dobro do atual,<br />
28 bilhões de litros. Os investimentos<br />
seriam de<br />
quase R$ 40 bilhões.<br />
La Niña<br />
O fenômeno climático<br />
El Niño, que está em andamento,<br />
deve se dissipar<br />
no fim da primavera<br />
ou início do verão no Hemisfério<br />
Norte e possivelmente<br />
fará uma transição<br />
para o fenômeno La Niña<br />
no fim deste ano. Este se<br />
caracteriza por temperaturas<br />
anormalmente frias<br />
na parte equatorial do<br />
Oceano Pacífico e tende a<br />
ocorrer de maneira imprevisível<br />
a cada dois a<br />
sete anos. No Brasil, o La<br />
Niña tende a trazer seca<br />
no Rio Grande do Sul.<br />
18<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
A produção nacional de<br />
biodiesel em 2015 foi<br />
de 3,9 bilhões de litros,<br />
15% mais do<br />
que em 2014, segundo<br />
a ANP. A<br />
evolução se deve<br />
a mudança da<br />
lei, que determina<br />
participação<br />
de 7%<br />
Biodiesel<br />
de biodiesel no volume de<br />
diesel. Segundo a<br />
Abiove, o óleo de<br />
soja respondeu por<br />
77% do biodiesel<br />
produzido. Pelo<br />
menos 2,7 milhões<br />
de toneladas<br />
de soja<br />
foram utilizadas.<br />
Recuperação<br />
Conforme a Unica, 11 usinas entraram em recuperação<br />
judicial em 2015. Somando-se às 74 unidades até 2014,<br />
o número atualizado de usinas que pediram proteção da<br />
Justiça contra credores é de 85 (sendo 11 com falência<br />
decretada). O que chama a atenção é o perfil das novas<br />
empresas nessa situação, a maioria de médio e grande<br />
porte. Além disso, pela primeira vez, passaram a integrar<br />
a lista duas multinacionais. A fatia representa perto de<br />
23% do total de 350 unidades existentes no Brasil. O mercado<br />
não espera que mais usinas entrem para essa lista<br />
em <strong>2016</strong>. A escalada dos preços do etanol e do açúcar<br />
no país, em curso desde setembro passado, deve ajudar<br />
o caixa das empresas ainda endividadas.<br />
Energia<br />
BNDES<br />
O desembolso do<br />
BNDES para o setor sucroenergético<br />
caiu 59,5%<br />
em 2015 na comparação<br />
com 2014, de R$ 6,768<br />
bilhões para R$ 2,744<br />
bilhões. A queda foi resultado<br />
dos juros mais<br />
altos e do atraso na liberação<br />
de recursos da<br />
linha para estocagem de<br />
etanol, que só saiu em<br />
setembro. Com isso, a<br />
janela de oportunidade<br />
para tomar esses recursos<br />
foi muito curta. Em<br />
termos nominais, o valor<br />
é o menor desde o R$<br />
1,98 bilhão de 2006 e<br />
está bem longe dos R$<br />
7,6 bilhões de 2010. Por<br />
área, o BNDES liberou R$<br />
893 milhões para o setor<br />
agrícola, que engloba basicamente<br />
o Prorenova,<br />
linha de financiamento<br />
voltada à renovação de<br />
canaviais.<br />
Dívida<br />
A disparada do dólar<br />
ante o real, de 4% só<br />
neste ano, pressiona o<br />
endividamento das usinas,<br />
que têm boa parte de<br />
seu passivo em moeda<br />
estrangeira. De acordo<br />
com Plínio Nastari, presidente<br />
da consultoria Datagro,<br />
a dívida do setor<br />
sucroenergético já beira<br />
os R$ 100 bilhões.<br />
Após a cogeração ajudar a<br />
aliviar balanços do setor em<br />
2015, as usinas de cana do<br />
Brasil terão uma queda nas<br />
receitas com a energia elétrica<br />
neste ano. As projeções<br />
são de baixos preços<br />
no mercado spot de eletricidade,<br />
que desestimularão<br />
vendas. O Preço de Liquidação<br />
das Diferenças, utilizado<br />
nessas operações, deverá<br />
ficar em 30 reais por megawatt-hora<br />
em <strong>2016</strong> e até<br />
meados de 2017, segundo<br />
projeção da Câmara de Comercialização<br />
de Energia<br />
Elétrica, ante média de 288<br />
reais em 2015 e 690 reais<br />
em 2014.<br />
Comparativo<br />
A vantagem do açúcar sobre o etanol aumentou no último<br />
ano em relação ao anterior, remunerando, entre abril<br />
e dezembro, em média, 32% a mais que o anidro e 35% a<br />
mais que o hidratado. Em 2014, a vantagem média foi de<br />
20% e 27%, segundo o Cepea. As vendas brasileiras de<br />
hidratado cresceram 37,5% no comparativo de 2015 com<br />
2014, dados da ANP - 4,9 bilhões de litros a mais. Já as<br />
vendas de gasolina recuaram 7,3% no mesmo período,<br />
3,23 bilhões de litros a menos. A redução do consumo do<br />
combustível fóssil foi mais que compensada pelo aumento<br />
do etanol.<br />
Sapcana<br />
Precisão<br />
A Secretaria de Política<br />
Agrícola/Coordenação-Geral<br />
Cana de Açúcar e Agroenergia<br />
- comunicou que a<br />
safra <strong>2016</strong>/17 terá o seu<br />
início no sistema Sapcana<br />
no dia 1º de abril de <strong>2016</strong><br />
para as regiões Centro Sul<br />
e Norte. Segundo o comunicado,<br />
as unidades localizadas<br />
nessas regiões devem<br />
continuar efetuando regularmente<br />
seus lançamentos<br />
da safra 2015/16 até a<br />
segunda quinzena de março<br />
de <strong>2016</strong>, independentemente<br />
de já terem iniciado<br />
a nova safra. Somente as<br />
produções feitas a partir de<br />
01/04/<strong>2016</strong> devem ser registradas<br />
como sendo da<br />
safra <strong>2016</strong>/17.<br />
A Case IH é a primeira<br />
fabricante de máquinas<br />
agrícolas a contar com um<br />
sistema inédito de gerenciamento<br />
de produtividade<br />
voltado para o setor canavieiro<br />
no Brasil. A nova ferramenta<br />
utiliza os conceitos<br />
de agricultura de<br />
precisão para registrar e<br />
comparar a produtividade<br />
de cana entre talhões, máquinas<br />
e operadores. As<br />
informações técnicas são<br />
geradas durante a colheita,<br />
a avaliação destas pelo<br />
sistema permite um diagnóstico<br />
mais preciso da<br />
área plantada, economiza<br />
tempo na tomada de decisões<br />
e faz diferença na<br />
produtividade lá na ponta,<br />
no processamento na<br />
usina.<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 19
BALANÇO<br />
Bons resultados na Nova Produtiva<br />
Cooperativa faturou 113%<br />
a mais que em 2014<br />
DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />
No início de fevereiro, a<br />
Nova Produtiva realizou sua<br />
Assembleia Geral Ordinária de<br />
Prestação de Contas do exercício<br />
2015. A cooperativa<br />
teve um resultado líquido de<br />
R$ 11.073.823,57, valor<br />
113% maior que o do exercício<br />
anterior (2014).<br />
Com base nos resultados<br />
das operações da cooperativa,<br />
a Assembleia aprovou a<br />
distribuição das sobras líquidas<br />
do exercício 2015 a seus<br />
cooperados, de forma proporcional<br />
à movimentação financeira<br />
de cada cooperado,<br />
no valor de R$ 1.091.784,54.<br />
Na apresentação dos resultados<br />
da cooperativa, o seu<br />
presidente, Tácito Júnior, ressaltou<br />
que estes são frutos<br />
do trabalho em conjunto entre<br />
a diretoria e os cooperados e<br />
da dedicação do quadro de<br />
funcionários, que somaram<br />
os esforços para o alcance<br />
das metas estabelecidas.<br />
O vice-presidente Waldenir<br />
Romani também falou sobre<br />
as metas de produção e recebimento<br />
da produção agrícola<br />
para <strong>2016</strong>, com projeção<br />
para resultados positivos no<br />
recebimento e faturamento da<br />
cooperativa.<br />
Na safra 2015/16 de cana<br />
Assembléia prestou contas e distribuiu sobras aos cooperados<br />
de açúcar, a Nova Produtiva<br />
produziu 960 mil toneladas<br />
de cana e 74,5 milhões de<br />
litros de etanol, segundo o<br />
gerente agrícola, Ângelo<br />
Alexandre Borazzio. Para a<br />
próxima safra, a previsão é<br />
esmagar 1,070 milhão de<br />
toneladas de cana e processar<br />
82,5 milhões de litros<br />
de etanol. Os cooperados<br />
presentes na assembleia<br />
elegeram ainda, por<br />
aclamação, o novo Conselho<br />
Fiscal para o mandato<br />
de um ano: efetivos - José<br />
Luiz Bossi, Nilton Sérgio<br />
Mariusso, Osvaldo Luis Nicolino;<br />
suplentes - Alécio<br />
Reis Roque Gallete, Alonso<br />
Kenedy Tondato e Rogério<br />
Burin.<br />
Com mandato até 31/3/<br />
2019, o Conselho de Administração<br />
e a Diretoria Executiva,<br />
eleitos anteriormente,<br />
são: diretor presidente<br />
-Tácito Octaviano Barduzzi<br />
Júnior; diretor vicepresidente<br />
Waldenir Romani;<br />
e os diretores vogais Edvino<br />
Simão Faria Neto, José<br />
Aparecido De Marchi, José<br />
Florencio Moreli e Odair<br />
Scarafiz.<br />
CALDEMA<br />
Material Amigo é sucesso<br />
Tradicional evento foi realizado dia<br />
29 de janeiro com distribuição de kits<br />
escolares, apresentação teatral e<br />
sorteio de prêmios<br />
Conhecida por valorizar e<br />
estimular a educação, desde<br />
a pré-escola à pós-graduação,<br />
a Caldema Equipamentos<br />
Industriais Ltda, de Sertãozinho<br />
(SP), ao longo de<br />
sua história, tem dado forte<br />
ênfase ao de-senvolvimento<br />
de ações socioambientais<br />
que agregam qualidade de<br />
vida a seus colaboradores e<br />
dependentes.<br />
Com base nesse princípio é<br />
que realizou no último dia 29<br />
de janeiro, o tradicional<br />
evento “Material Amigo”, que<br />
tem como principal objetivo a<br />
conscientização e a entrega<br />
de kits de material escolar<br />
aos filhos dos colaboradores<br />
e a colaboradores que ainda<br />
estu- dam. Mais uma vez o<br />
projeto foi realizado com sucesso<br />
pela Caldema, na avaliação<br />
dos participantes.<br />
A empresa acredita que<br />
investir na educação é a<br />
melhor maneira de se obter<br />
resultados positivos, tanto<br />
no nível pessoal, como no<br />
desenvolvimento da empresa<br />
ou mesmo de uma<br />
nação e que os jovens são<br />
o maior bem de um país,<br />
cita.<br />
Realizado há mais de 10<br />
anos, o “Material Amigo”<br />
contou com as presenças<br />
do vice-prefeito de Sertãozinho,<br />
Valter Almussa, do<br />
presidente do CEISE Br,<br />
Paulo Gallo, e de representantes<br />
das instituições Sermed<br />
e Sesi.<br />
Além da distribuição de kits<br />
de materiais escolares, os<br />
atores Toninho Costa e Serginho,<br />
que fazem parte do<br />
grupo “Dalapagarapa Encantar<br />
Produções”, fizeram uma<br />
peça teatral onde foi abordado,<br />
de forma lúdica, o tema<br />
''Gentileza gera Respeito''.<br />
20<br />
<strong>Fevereiro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>