Jornal Paraná Junho 2016

NUTRIÇÃO
O açúcar não é o vilão
A nutricionista franco-brasileira Sophie Deram defende que o problema
é o seu consumo excessivo, como no caso de qualquer outro produto
DA EQUIPE DE REDAÇÃO
OBrasil está em situação
crítica com relação
à alimentação. A
previsão é ultrapassar
os Estados Unidos em
obesidade adulta e também
em diabetes. Mas o caminho
não é radicalizar nem demonizar
o açúcar ou outros alimentos.
Para esclarecer algumas
questões sobre o consumo de
açúcar e seus efeitos à saúde,
a nutricionista franco-brasileira
Sophie Deram, que é pesquisadora
de obesidade infantil e
transtornos alimentares com
doutorado em endocrinologia
na USP, deu uma entrevista à
Revista Trip, desmitificando o
assunto.
Para Sophie, o açúcar não
Moderação
é o caminho
A nutricionista Sophie Deram
defende que é muito melhor
maneirar do que proibir.
O consumo equilibrado pode,
e deve ser parte de uma vida
saudável. Segundo ela, “a
gente deveria consumir o
açúcar de maneira moderada.
Como tudo na vida. Moderação
não só com açúcar”,
afirma, lembrando que tudo
que é feito sem moderação
pode fazer mal, até mesmo o
consumo de água ou o exercício
físico, que são tidos
como extremamente saudáveis.
A nutricionista franco-brasileira
é uma conhecida defensora
da moderação e também
do prazer na alimentação. Dietas
restritivas, no longo prazo,
fazem as pessoas engordarem,
argumenta no livro “O
peso das dietas”. A solução,
diz, não é simplesmente comer
menos, mas comer melhor,
sem radicalidade.
“Eu fico assustada com a
quantidade de sucos que as
crianças têm tomado hoje
em dia. É uma bomba de
açúcar, mesmo sem ter açúcar
adicionado. Tem muita
frutose, e excesso de frutose
não é bem indicado. Pode
realmente sobrecarregar seu
metabolismo. O fígado pode
ficar entupido e esse açúcar
da frutose vai entrar no metabolismo
da gordura, o que
não é interessante”, comenta.
Ela complementa que a
criança não precisa passar
da mamadeira de leite para a
de suco. “Tem que entender
que a água é uma bebida superimportante”.
Moderação é o caminho para uma vida saudável
é o grande vilão que causa
obesidade e diabetes. “Vejo
cada vez mais pacientes assustados,
que leem coisas
sobre o açúcar ser um veneno,
uma droga. Eu preciso
falar: pera aí, o açúcar não é
um veneno, o açúcar não é
uma droga”, afirma a nutricionista,
ressaltando que
tem se exagerado a respeito
e que se parar de comer
este, “não vai ficar magro e
bonitinho”.
Sobre a proibição do açúcar
na alimentação, a nutricionista
alerta: “Eu vejo pais que não
fazem mais bolo porque tem
açúcar na receita. Isto é totalmente
errado. O bolo é uma
coisa deliciosa que faz parte
de uma vida normal”, diz citando
que estas crianças são
criadas com medo do açúcar,
mas vão provar fora de casa e
gostar, sendo levadas a comer
escondido e exagerar.
Para a pesquisadora, parte
do problema é o padrão. “O
paladar está muito doce.Tem
que cuidar de todas as substâncias
que são adicionadas.
Tem também amido modificado,
xarope, dextrinas que
estão inundando a indústria”,
afirma, citando que os iogurtes
brasileiros, por exemplo,
tem 15% a 20% mais açúcar
que os franceses.
“Tem que acordar e pedir
mais qualidade. A gente não
está dizendo para não comer
nenhum alimento industrializado.
Não dá para comer tudo
feito em casa. Precisamos da
indústria também, mas temos
que ficar atentos à qualidade
do que estamos consumindo”,
ressalta.
Entrevista completa em:
http://revistatrip.uol.com.br/
trip/entrevista-com-a-nutricionista-sophie-deramsobre-acucar
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Tácito Octaviano Barduzzi Júnior, presidente da
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