ARRASA QUARTEIRÃO - Revista Filme Cultura - via: Ed. Alápis
Filme Cultura é uma realização viabilizada pela parceria entre o Centro Técnico Audiovisual – CTAv/SAV/MinC e a Associação Amigos do Centro Técnico Audiovisual – AmiCTAv. Este projeto tem o patrocínio da Petrobras e utiliza os incentivos da Lei 8.313/91 (Lei Rouanet).
Filme Cultura é uma realização viabilizada pela
parceria entre o Centro Técnico Audiovisual – CTAv/SAV/MinC
e a Associação Amigos do Centro Técnico Audiovisual – AmiCTAv.
Este projeto tem o patrocínio da Petrobras e utiliza os incentivos da Lei 8.313/91 (Lei Rouanet).
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FC: E a que você atribui isso?<br />
DF: Eu acho que fiz o dever de casa direito. Eu realmente fiquei estudando o que é fazer uma<br />
continuação, uma sequência. Para fazer a continuação, você tem que dar ao público a mesma<br />
coisa que ele assistiu no outro. Então, as coisas que funcionaram no primeiro filme tinham<br />
que ter um correlato no segundo. Tinha uma cena que o pessoal ria muito, do Tony Ramos<br />
no banheiro, então temos que fazer uma cena de banheiro. Tinha uma cena com ele nadando<br />
no primeiro, então eu botei um futebol. Fui fazendo coisas equivalentes. E tentei fazer um<br />
roteiro melhor que o outro, de fato é muito melhor. Tem a história da filha grávida. Eu fiquei<br />
seguro com o filme quando tive a ideia da filha grávida. Em um minuto e meio você já sabe<br />
que a menina está grávida e que ela tem que dizer isso ao pai, que está brigando com a<br />
mãe. E as pessoas sabem que ali vai acontecer a troca de personagens. Isso é um clássico<br />
de estrutura de filme: eu crio um problema que mantém a tensão, enquanto o espectador<br />
já está imaginando o que vai acontecer com os personagens. Essa estrutura é muito boa,<br />
enquanto o primeiro filme foi feito um pouco nas coxas. Eu ia ser produtor e quem ia dirigir<br />
era o Jorge Fernando. E ele não estava empolgado e eu achava que ia sair um filme ruim.<br />
Porque eu achava que era um roteiro fraco, mas achava que o tema era ótimo. O tema de<br />
trocar mulher com marido, essa é uma boa ideia que eu nunca tinha visto.<br />
FC: A escalação dos dois atores surpreendeu por nunca terem feito comédia.<br />
DF: Mas eu sabia que os dois eram ótimos. Na televisão, eu tenho essa convivência com todos<br />
esses atores. Têm segurança no que estão fazendo, vão fazer o que você pedir, tranquilamente.<br />
A escalação do Tony e da Glória (Pires) veio junto. Quando eu peguei o roteiro, logo<br />
pensei nisso. Foi um acerto.<br />
FC: Você deu um exemplo de sugestões que fez em montagens de filmes. E com roteiro?<br />
DF: Às vezes eu mexo muito. A primeira coisa que eu olho é quantas páginas tem.<br />
FC: E qual deve ser o volume de páginas?<br />
DF: Noventa. Para uma comédia, setenta e cinco, oitenta.<br />
FC: Uma página, um minuto, mais ou menos?<br />
DF: Na verdade o ideal é que uma página seja o equivalente a um minuto. E o recorde é batido por<br />
Jejum de amor (His girl’s friday), do Howard Hawks, que tem 120 páginas e noventa minutos.<br />
É um tempo fantástico. Mas, pra uma comédia, oitenta páginas já está bom. Claro que cada<br />
filme tem o tamanho que tem que ter, não se pode determinar tanto assim. Mas gênero tem<br />
regras. Para ir além de noventa minutos numa comédia, ela tem de ser extraordinária, a trama<br />
tem que ter muitas viradas. Você tem que contar a história no início. Se o público não se<br />
situou em dois minutos, você está com um filme frouxo. Não tem fórmula, mas tem coisas que<br />
a gente sabe que funcionam. Não depende da história do filme, mas da maneira de contar.<br />
Tem outra coisa que o Howard Hawks falava: você tem que ter pelo menos três boas cenas<br />
no filme. De alto nível. Se o espectador foi ao cinema, já está com a melhor disposição, não<br />
é como a TV, que você liga ali e pronto. Então tem de agradar. É como a moça que aceitou o<br />
seu convite para jantar, você tem que pegar essa moça, não pode vacilar.<br />
(Leia a íntegra da entrevista no site: www.filmecultura.org.br)<br />
filmecultura 52 | outubro 2010