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Revista Criticartes 4 Ed

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 3º Trimestre de 2016 / Ano I - nº. 04<br />

Fotos: Nilzete Camilo Santos (Estúdio Neuza Produções) - Ipatinga, MG<br />

Simplesmente Sys<br />

Nossa entrevistada desta<br />

edição da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> é mineira,<br />

natural de Governador<br />

Valadares. Atualmente reside na<br />

cidade de Coronel Fabriciano,<br />

Minas Gerais. Ainda não tem livro<br />

publicado, porém, é autora de<br />

centenas de poemas e, o mais impressionante,<br />

é a criadora de um<br />

estilo de poesia totalmente novo<br />

batizado, por ela, de ECOSYS.<br />

Esse foi um dos fatores que<br />

despertou interesse e a motivação<br />

na escolha por entrevistá-la.<br />

Agradecemos ao Tim Soares, escritor<br />

paulista e autor de publicações<br />

em nossas edições anteriores,<br />

por ser o mediador desta produtiva<br />

e encantadora interação. Para<br />

deleite de nossos leitores, agora internacionais,<br />

Simplesmente Sys.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Gostaríamos,<br />

primeiramente, de conhecer a autora<br />

por ela mesma. Conte-nos sobre<br />

sua trajetória e experiências<br />

com as letras desde a tenra infância.<br />

Suely Sabino: Eu com a<br />

idade de 10 anos, filha de pais analfabetos;<br />

recebi a responsabilidade<br />

de mediar cartas entre eles e os parentes.<br />

Eles ditavam o que queriam<br />

informar e o que desejavam saber.<br />

Eu floreava as cartas como dizia<br />

meu pai, elas ganhavam um toque<br />

poético nas palavras que eu escolhia.<br />

No final eu achava interessante<br />

citar um versículo bíblico.<br />

A fama das minhas cartas<br />

correu e alguns amigos e vizinhos<br />

me pediram para eu escrever cartas<br />

melosas (as de amor), para eles<br />

enviarem para namorados.<br />

Algumas para amigos e parentes<br />

distantes. Comecei a citar pensamentos<br />

e frases no final destas cartas,<br />

nada de minha autoria ainda.<br />

Lembrando que nesta época não<br />

tínhamos a tecnologia de hoje para<br />

conversarmos. As cartas eram<br />

tudo. Então, comecei escrevendo<br />

cartas.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Em que momento<br />

de sua vida você, efetivamente,<br />

percebeu que não poderia<br />

ficar mais sem escrever?<br />

Suely Sabino: No ano de<br />

1982 eu cursava o curso de técnico<br />

em contabilidade, conheci um<br />

professor de português que amava<br />

literatura. Nesta época eu já lia pelo<br />

menos uns três livros por semana.<br />

Mas foi a pedido dele que nossa<br />

turma teve como trabalho escolar<br />

valendo 30 pontos, fazer uma<br />

coletânea de poesias, de diversos<br />

poetas. Eu tive que pesquisar em<br />

bibliotecas livros com poemas e copiar<br />

alguns manualmente.<br />

Sinceramente, eu fiquei<br />

fascinada com o que eu lia, fiz mais<br />

que o dever de casa, eu lia sobre<br />

os poetas, eu queria os livros para<br />

mim. No final meu caderno foi<br />

usado como modelo de trabalho e<br />

o professor repetiu o trabalho no<br />

final do ano e novamente recebi<br />

nota máxima pelo capricho e dedicação.<br />

No final sobraram folhas<br />

neste caderno e eu coloquei poemas<br />

de minha autoria. Abriu-se<br />

um portal de sentimentos e eu<br />

usei este refúgio para desabafar escrevendo;<br />

escrevia nas últimas folhas<br />

do caderno, mesmo em outras<br />

aulas como estatística.<br />

Meu professor de estatística<br />

(um japonês) veio como quem<br />

não quer nada e pegou meu caderno,<br />

sentou ao meu lado e começou<br />

a ler, meu coração disparou de<br />

medo. Ele saiu da sala com meu caderno<br />

e eu pensei, estou perdida,<br />

o que vão fazer. Tiraram Xerox do<br />

poema e entraram em contato<br />

com meu pai. Nesta ocasião meus<br />

pais haviam se separado e poema<br />

com o título MORTIFICAÇÃO<br />

assustou a todos.<br />

Pensaram ser uma carta de<br />

despedida, pensaram que eu ia suicidar.<br />

Recebi muita atenção nesta<br />

ocasião e levei outros poemas para<br />

eles lerem; eram tristes, mas era só<br />

um dom e não significava que era<br />

real.<br />

Depois deste trabalho e<br />

deste poema polêmico eu nunca<br />

mais parei de escrever. Só tomei o<br />

cuidado de não revelar eles.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Quando você<br />

escreve, quais os signos que te inspiram<br />

no seu processo criativo?

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