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Revista Criticartes 5 Ed

Revista Criticartes - Ano II, nº. 5 - 2016

Revista Criticartes - Ano II, nº. 5 - 2016

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EDIÇÃO ESPECIAL DO 1º ANIVERSÁRIO<br />

ISSN 2525285-2<br />

4º Trim. (Out-Dez) 2016 Ano II nº. 5<br />

9 772525 285002<br />

Entrevista<br />

Mário<br />

CARABAJAL<br />

Fundador Global da Academia de Letras do Brasil<br />

a 1ª Academia Mundial da Ordem de Platão<br />

Pág. 5<br />

Poetas brasileiros<br />

homenageiam a<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />

pelo seu 1º aniversário<br />

Bob Dylan ganha o prêmio<br />

Nobel de Literatura 2016<br />

Leonard Cohen<br />

morre aos 82 anos<br />

Dois anos sem Manoel de Barros<br />

Pág. 16


Sumário<br />

Homenagem à <strong>Criticartes</strong> (poetas Zé Adalberto e Aurineide Alencar), 4<br />

Entrevista com Dr. Mário Carabajal (Presidente Global da ALB), 5<br />

Morte (Marise Andreatta - ADL), 15<br />

Chorinho (Varenka de Fátima Araújo), 15<br />

Um jardim para o poeta (Maria Eugênia Amaral), 16<br />

Nosso Manoel... (Bianca Marafiga), 17<br />

Manoel Venceslau Leite de Barros (Joabnascimento), 17<br />

Poesia manoelesca (Marcos Coelho - ADL), 17<br />

Poeta Manoel de Barros (Odila Lange), 18<br />

Ao poeta pantaneiro (Lindita), 19<br />

O fazedor de amanhecer (Manoel de Barros), 19<br />

Por uma política cultural pública (Dinovaldo Gilioli), 20<br />

Políticos e População: Quem leva à Corrupção? (Antônio M. S. Santos), 21<br />

Amor e esperança: dois sentimentos inseparáveis (Carlos A. N. Aragão), 22<br />

Versos de amor (Eunice Guimarães), 23<br />

Madrugada (Jani Brasil), 23<br />

Dica de Filme (Ponto de Mutação), 23<br />

A morte da vida que mata (Valeria Gurgel), 24<br />

VIDA E OBRA - Conhecendo o Poeta (Cláudio Dortas), 25<br />

A lua e o mar (Christian Fernandes), 26<br />

A busca (Elia Macedo), 26<br />

Minha alma e eu (Suely Sabino Reis), 26<br />

Na praça (Antônio Amaro Alves), 26<br />

Soneto de uma vida (Jakson Aguirre), 27<br />

A lenda (Marlete Alves), 27<br />

Amor (Leandra Vitória), 27<br />

Ecosys do Amor (Angela Matos), 28<br />

Espigas de nuestra patria (Beatriz Valerio), 28<br />

Poeta virtual (Antonio Cabral Filho), 28<br />

A cigarra que encanta e a formiga encantada (<strong>Ed</strong>vânia Ramos), 29<br />

Jogo da vida (Adail Alencar), 30<br />

Desconfiança! (Carla Cristina de Oliveira Gomes - Cristal), 30<br />

Medo (Marcelo de Oliveira Souza, IWA), 31<br />

Partícula de Palavras (Rogério Fernandes Lemes - ADL), 31<br />

O FESTACE (Campus Dourados), 32<br />

Hoje não (Lúcia Morais - Luanda), 40<br />

Estância, terra da Cultura (Sivaldo Cardoso Fontes), 40<br />

Explosão (Teresinka Pereira), 41<br />

Água (Leomária Mendes Sobrinho), 41<br />

Sollozo americano (Mary Acosta - Argentina), 41<br />

La Chispa (Mariano Errecar - Argentina), 42<br />

Te disse? (Cláudio Dortas Araujo), 42<br />

Ela é Bia... (Rosane Ozorio), 42<br />

Ter Fé (Alaíde Souza Costa), 43<br />

Amor de mãe (Ylvange Tavares), 43<br />

Solilóquio poético (Flávia Kruck), 43<br />

O palhaço (Isloany Machado), 44<br />

O milagre da vida (Marta Amaral), 45<br />

Tentando descrever Manoel (Nena Sarti), 45<br />

Reprograme-se (Lucas Oliveira), 46<br />

Rede de esgoto é um direito do cidadão (Itla Denise de Oliveira Amorim), 46<br />

Ganhos na chuva para perder na seca! (Aécio Silva Júnior), 47<br />

Desmatar: é preciso? (Luciene de Oliveira), 48<br />

Por onde andam as histórias? (José Thiago Dantas Costa), 49<br />

O livro (Aurineide Alencar - ADL), 50<br />

A dança se foi (Pérola Bensabath), 50<br />

Canção para a dor (Dinovaldo Gilioli), 50<br />

A grande estação (Davi Roballo), 51<br />

Entre fosas y día de Muertos (Reyna Valenzuela Contreras), 52<br />

Mural (Chamada Coletânea e Resultado de Concurso de Poesia), 53<br />

Confira as Normas para Publicação em:<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br<br />

4º Trimestre 2016 Ano II nº. 5<br />

Outubro-Dezembro<br />

EXPEDIENTE<br />

Publicação trimestral<br />

Idioma<br />

Português Brasil<br />

Endereço eletrônico<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br<br />

Redação<br />

(67) 99939-4746<br />

E-Mail<br />

revistacriticartes@gmail.com<br />

Design<br />

BIBLIO <strong>Ed</strong>itoração Eletrônica<br />

Foto da capa<br />

Mário Carabajal<br />

CONSELHO EDITORIAL<br />

ROGÉRIO FERNANDES LEMES<br />

<strong>Ed</strong>itor-Chefe - Jornalista<br />

MTB 1588/MS<br />

ELEANE REIS<br />

Graduada em Letras<br />

Profa. Formadora da SEMED<br />

Dourados, MS<br />

DAVI ROBALLO<br />

Escritor e Jornalista<br />

DRT 697/MS)<br />

NENA SARTI<br />

Poetisa, Contista e Cronista<br />

Membro da Academia de Letras do Brasil<br />

Seccional MS<br />

JOSÉ AMÉRICO DINIZZ JÚNIOR<br />

Professor Universitário<br />

Mestre em Ciências da Religião<br />

VALÉRIA GURGEL<br />

Escritora, Compositora e<br />

Professora de História<br />

/revistacriticartes


<strong>Ed</strong>itorial<br />

““A superioridade do sonhador consiste em que sonhar é muito mais prático<br />

que viver, e em que o sonhador extrai da vida um prazer muito mais vasto e<br />

muito mais variado do que o homem de ação. Em melhores e mais diretas<br />

palavras, o sonhador é que é o homem de ação”. (Fernando Pessoa)<br />

Às vésperas da finalização da edição especial de 1º aniversário da<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> recebeu-se, com pesar, a notícia do encerramento das<br />

atividades literárias da <strong>Revista</strong> Varal do Brasil, atuante no intercâmbio de<br />

autores e promoção da literatura brasileira pelo mundo há sete anos e<br />

sob a direção da editora-chefe Jacqueline Aisenman.<br />

Por razões ainda desconhecidas, o aviso no sítio informa aos<br />

leitores que o Varal do Brasil “encerrou suas atividades em 15 de<br />

setembro de 2016”. Seguramente a notícia é desoladora e um grande<br />

prejuízo à comunidade literária lusófona internacional. Ao prosseguir<br />

na extensa justificativa sobre o encerramento de uma literatura “sem<br />

frescura” compreendem-se os dilemas, sonhos e frustrações daqueles<br />

que respiram literatura, em um mundo cada vez mais “conectado”.<br />

Registra-se neste editorial, em nome da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> e de todos os<br />

seus leitores, o reconhecimento e admiração pelo incrível trabalho<br />

literário da poeta Jacqueline Aisenman.<br />

Nesta 5ª edição da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, edição especial de seu<br />

primeiro aniversário reverenciamos os autores e autoras, do Brasil e do<br />

mundo, que fortaleceram e fortalecem a Literatura com suas<br />

participações enviando poemas, artigo (científicos ou de opinião),<br />

crônicas, contos, pinturas e música recebidos com tanto carinho e zelo.<br />

Espera-se que os leitores agreguem conhecimento e cultura e<br />

que divulguem a <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> para que mais pessoas tenham acesso<br />

à literatura brasileira e estrangeira, de forma gratuita e com qualidade.<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> é um periódico sem fins lucrativos criado<br />

com o intuito exclusivo de reunir, em suas singelas páginas, as<br />

manifestações artísticas de novos autores e aqueles já consagrados.<br />

Por fim, e não menos importante, parabéns a escritora Cléo<br />

Bussatto, a primeira entrevistada da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, por ocasião do<br />

seu livro “A fofa do terceiro andar” ser uma das obras finalistas do 58º<br />

Prêmio Jabuti 2016.<br />

Nossa próxima entrevistada para a 6ª edição da <strong>Criticartes</strong> será a<br />

poetisa, filósofa, psicóloga e psicanalista Viviane Mosé.<br />

Rogério Fernandes Lemes<br />

<strong>Ed</strong>itor-Chefe e Idealizador da <strong>Criticartes</strong><br />

CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO NA<br />

6ª EDIÇÃO DA REVISTA CRITICARTES<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> convida autores a<br />

submeterem suas produções literárias,<br />

sejam em forma artigos, contos, crônicas,<br />

poemas, cordel, resenhas para<br />

compor a 6ª edição referente ao 1º<br />

trimestre de 2017.<br />

Entrevista confirmada com a poetisa e<br />

filósofa Viviane Mosé.<br />

Prazo: até 16 de dezembro/2016<br />

Para o e-mail:<br />

revistacriticartes@gmail.com<br />

/revistacriticartes


Especial<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Poetas homenageiam a <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> pelo 1º aniversário<br />

Zé Adalberto<br />

Itapetim, PE<br />

@: zedalberto@yahoo.com.br<br />

A <strong>Revista</strong> CriticArtes<br />

Está cada vez mais viva.<br />

Em sua 5ª <strong>Ed</strong>ição,<br />

É bem comemorativa<br />

Por ser um dos feitos grandes.<br />

Viva Rogério Fernandes<br />

Por essa iniciativa!<br />

“Basta desejar profundo”,<br />

Como interpretou Raul,<br />

Para o sucesso alcançar<br />

Essa dimensão azul<br />

Que há um ano pertence<br />

À <strong>Revista</strong> douradense<br />

Do Mato Grosso do Sul.<br />

Rogério Fernandes Lemes,<br />

Seu idealizador,<br />

Afirma enquanto poeta,<br />

Propaga como escritor<br />

Que a mais nobre das partes<br />

Da <strong>Revista</strong> CriticArtes<br />

É com certeza o leitor.<br />

Dispõe de um expediente<br />

Harmonioso e legal.<br />

Tudo passa pelo seu<br />

Conselho <strong>Ed</strong>itorial,<br />

Mostrando com sensatez<br />

Idioma Português<br />

E publicação trimestral.<br />

Em seus atos virtuais,<br />

Posta, divulga e revela<br />

Que a arte vinda das ruas<br />

Também tem espaço nela,<br />

A exemplo do spray<br />

Que ganhou poder de rei<br />

Ao coroar uma tela.<br />

Apresenta na sequência<br />

Até a capa atual<br />

Cléo Busatto, Giani Torres,<br />

Davi Roballo, que tal<br />

Destes seguir o destino.<br />

Depois Suely Sabino<br />

E Mário Carabajal.<br />

É ferramenta atrativa<br />

Inteiramente de graça<br />

Que coloca seus achados<br />

Literalmente na praça<br />

Sem classificar por tino<br />

De treinador de canino<br />

A “Vendedor de Fumaça”.<br />

Traz expressões populares<br />

Para compor sua grade.<br />

Além de espaço poético<br />

Com interatividade,<br />

Comprova em toda edição<br />

Liberdade de expressão<br />

Com responsabilidade.<br />

Publica artigos diversos,<br />

Minicontos e cordel,<br />

Crônicas, desenhos, buscando<br />

Enaltecer seu papel<br />

De mostrar novos autores,<br />

Fortalecendo valores<br />

Dignos de todo laurel.<br />

Da nossa literatura<br />

Vem hasteando a bandeira,<br />

Compartilhando ideais,<br />

Atravessando fronteira,<br />

Crescendo a cada conquista,<br />

Sendo por mérito a <strong>Revista</strong><br />

Literária brasileira.<br />

Aurineide Alencar<br />

Dourados, MS<br />

@: aurineidealencar@hotmail.com<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />

Veio para divulgar<br />

Buscando meios artísticos<br />

Capazes de transformar<br />

A simples concepção<br />

Toda e qualquer criação<br />

Pode ocupar um lugar.<br />

Hoje o hábito de leitura<br />

Está mais pra digital<br />

Ela vendo o avanço<br />

Adiantou-se e afinal<br />

Encontrou uma maneira<br />

De vencer toda barreira<br />

Vivendo o mundo atual.<br />

Modificando o trabalho<br />

Conduzindo o artista<br />

Dando oportunidade<br />

De alcançar sua conquista<br />

Cada um tem seu espaço<br />

Há quem seja bizarraço<br />

Conforme o ponto de vista.<br />

Alimento Literário<br />

Representa a história<br />

Lugar de reflexão<br />

De reviver a memória<br />

Um papel indispensável<br />

Conteúdo variável<br />

Está vencendo com glória.<br />

Constitui um objetivo<br />

Que é o de trabalhar<br />

Em periodicidade<br />

Para melhor se informar<br />

Apoiando, relatando<br />

E agora só clicando<br />

Pra no mundo espalhar.<br />

Dia 15 de outubro<br />

Começou a ser escrita<br />

Do ano 2015<br />

Porém, ninguém acredita<br />

Pelo número de acesso<br />

Tão grande foi o sucesso<br />

Que ideia mais suscita.<br />

Atenta a novas escritas<br />

E proposta inovadora<br />

É mais que um laboratório<br />

Do artista é professora<br />

Exercendo seu papel<br />

Crônica, poesia ou cordel,<br />

Ela é acolhedora.<br />

Desenhos, artigos, contos,<br />

É uma infinidade<br />

Se eu fosse listar aqui<br />

Não caberia na verdade<br />

Instrumento de difusão<br />

Com sua definição<br />

Oferece potencialidade.<br />

Com a moda do iphone<br />

O modo de ler mudou<br />

Por isso Rogério Lemes<br />

Logo a idealizou<br />

Fez design, pôs formato,<br />

Empenhando-se de fato<br />

A <strong>Criticartes</strong> criou.<br />

- 4 -<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br


ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

por Rogério Fernandes Lemes - Jornalista @: rogeriociso@gmail.com<br />

Fundador da ALB, Mário Carabajal e a esposa, Dra. Dinalva Carabajal, Diretora da ALB/Humanitária<br />

Fotos: Arquivo pessoal do autor<br />

Mário Carabajal<br />

Nesta edição especial, do 1º aniversário<br />

da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, com satisfação<br />

apresentamos aos leitores a entrevista<br />

com o Dr. Mário Carabajal,<br />

fundador da Academia de Letras do<br />

Brasil, a 1ª Academia Mundial da<br />

Ordem de Platão, em 1º de janeiro de<br />

2001. Com mais de 24 obras publicadas,<br />

é especialista em psicossomatologia<br />

e pesquisa científica; mestre em<br />

relações internacionais; doutor em<br />

ciências educacionais; pós-doutor<br />

em psiconeurofisiologia e em filosofia.<br />

Por uma questão de espaço, deste<br />

periódico, os leitores terão acesso ao<br />

conteúdo desta entrevista, na íntegra,<br />

no sítio da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />

em:<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br<br />

<strong>Criticartes</strong>: Primeiramente meus<br />

agradecimentos mais sinceros por<br />

sua aceitação em conceder esta entrevista<br />

quando a <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />

completa seu primeiro ano de existência<br />

literária. Iniciaremos por sua<br />

vasta obra. Tem algum livro publicado<br />

em outro idioma?<br />

Mário Carabajal: Somam 24 livros<br />

publicados. Uma exceção, o romance<br />

“Amor eterno” (ficção com viagens<br />

no tempo), conta com 4 reedições<br />

e 40 mil exemplares vendidos. A<br />

última se fez em 2015, pela <strong>Ed</strong>itora<br />

Alternativa de Porto Alegre, prefaciada<br />

pelo Diretor Presidente da<br />

Alternativa, <strong>Ed</strong>itor Milton<br />

Pantaleão. Outrossim, alguns foram<br />

traduzidos para outros idiomas - inglês,<br />

francês e espanhol. Na atualidade,<br />

trabalho simultaneamente em<br />

aproximados 40 outros títulos.<br />

Faltam revisões e o que de mais nobre<br />

e sagrado um escritor pode contar,<br />

‘motivação’ – razões que justifiquem<br />

suas finalizações e disponibilização<br />

ao grande público. Sou muito<br />

crítico, melhor, autocrítico. Para validar<br />

um novo lançamento, necessito<br />

antes convencer-me da importância<br />

da obra – de sua contribuição àqueles<br />

que virem a ler. Como a vida é um<br />

c o m p l e x o b i o p s i c o f í s i c o -<br />

sociopolítico, me exijo, mais e mais,<br />

dando sempre tudo de mim ‘meu melhor’<br />

na esperança que possa, de fato,<br />

me fazer útil nesta conjuntura tão<br />

complexa e difícil existencial, ‘humanocultural<br />

e civilizadora’ - onde a escrita,<br />

comprovadamente, pode significar<br />

evolução. Logo,<br />

“escrever é um ato de<br />

grande responsabilidade<br />

para com os destinos da<br />

própria Humanidade”<br />

- 5 -<br />

@: escritores.alb@gmail.com<br />

e sua História coesistencial para com<br />

tudo quanto dela dependa à manutenção<br />

da vida em harmonia com a<br />

natureza e demais espécies.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Fale-nos sobre sua declaração<br />

“vivemos uma crise de identidade”.<br />

Mário Carabajal: Tamanha é a dinâmica<br />

dos vetores que atuam sobre a vida<br />

da Nação, ao ponto de tornar ultrapassada<br />

a recente declaração supra.<br />

Nos dias atuais de 2016 o Brasil<br />

está saindo desta ‘Crise de<br />

Identidade’. Por conseguinte, também<br />

financeira, provocada pela corrupção<br />

desenfreada. Porém, com fortes<br />

promessas de reversão, por força<br />

da competente atuação, em especial,<br />

da Polícia e Justiça Federais.<br />

Quaisquer iniciativas de investimentos,<br />

como na própria cultura, não ultrapassavam<br />

os limites teóricos, sem<br />

quaisquer possibilidades reais de evoluírem.<br />

Um país tomado pelo medo,<br />

criminalidade, corrupção e insegurança.<br />

Em nossos dias, mesmo longe<br />

ainda de se contar com bons índices<br />

internacionais de investimentos, vive-se<br />

‘não mais o ápice da crise’. A<br />

conquista da plena consolidação da<br />

Identidade de um ‘Brasil Honesto’ e<br />

estável politicamente, pronto para receber<br />

investimentos internacionais e<br />

apto à reversão dos índices negativos<br />

educacionais, humanos e sociais, deve<br />

ocorrer a partir de movimentos<br />

maciços populares, em apoio aos atos<br />

de correspondência e assertivas da<br />

Polícia e Justiça Federal. Um país onde<br />

todas as engrenagens passam a funcionar<br />

em harmonia, interdependência<br />

e sincronicidade. Nas ciências<br />

encontram-se, com margens mínimas<br />

de erros, as prioridades a serem<br />

aproveitadas pelas instâncias legislativas<br />

a um fazer executivo e judiciário<br />

sob assertivas de eficiência e celeridade.<br />

Prósperas e progressistas, contemplando<br />

os segmentos municipais,<br />

estaduais, nacionais e mesmo da<br />

própria Humanidade.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Essa crise de identidade<br />

afeta diretamente a produção literária?<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br


ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Mário Carabajal: O Brasil encontrase<br />

no estágio imediatamente seguinte<br />

ao observado no ápice da ‘crise’.<br />

Evidenciam-se traços de saída e recuperação.<br />

Contudo,<br />

“a produção literária<br />

tem sofrido suas consequências,<br />

com grande<br />

impacto e profundas alterações<br />

no fazer literocultural”.<br />

Se por um lado as grandes editoras<br />

deixaram de investir no escritor brasileiro,<br />

por outro, a crise os conduziu<br />

a confrontação do que se lhes verdadeiramente<br />

importa – retirando o escritor<br />

de uma ‘fila de espera’ de contratos<br />

extraordinários com grandes<br />

editoras, para, confrontado, sustentar-se<br />

em sua autovalorização, passando<br />

a investir pessoalmente naquilo<br />

que acredita e produz – o livro.<br />

Particularmente observei reações diametralmente<br />

opostas nos escritores.<br />

Tanto aqueles que demonstravam se<br />

deixar atingir pela crise, desmotivando-se<br />

em seu fazer literário, quanto<br />

àqueles determinados, obstinados e<br />

destemidos, emergindo da ‘crise’<br />

com ânimo e maior autoconfiança,<br />

abandonando o ‘mito’ de o escritor<br />

depender de um ‘grande nome de<br />

editora’ à conquista de seus sublimes<br />

ideais. Frente ao ‘abismo’ porque<br />

‘passou’ o Brasil, ergueu-se um escritor<br />

com maior foco, consciente e independente,<br />

resultando em um aumento<br />

percentual dos índices de produção<br />

literária. Isto, se considerando<br />

o aumento de autores que ingressaram<br />

no mercado literocultural brasileiro.<br />

Estes, não apenas conscientes,<br />

mas com forte determinação em auxiliar<br />

o país à superação da crise.<br />

Ainda, em consequência da crise, passam<br />

a ocupar a lacuna deixada pelas<br />

‘grandes editoras’, novas editoras,<br />

em franca ascensão, como a<br />

Alternativa de Porto Alegre,<br />

Presidida pelo <strong>Ed</strong>itor Milton<br />

Pantaleão; Life <strong>Ed</strong>itora, do Mato<br />

Grosso do Sul, Presidida pelo <strong>Ed</strong>itor<br />

Valter Jeronymo. Mais recentemente,<br />

soma-se a este novo perfil editorial<br />

brasileiro, a Rede Mídia de<br />

Comunicação e <strong>Ed</strong>itora Sem<br />

Fronteiras, do Rio de Janeiro, sob a<br />

Direção Geral e <strong>Ed</strong>itorial da competentíssima<br />

Jornalista Dyandreia<br />

Portugal, identificando-se com este<br />

universo consciente de independentes<br />

escritores, em uma grande, plausível<br />

e progressista parceria, apostando<br />

no pensador brasileiro e sua obra.<br />

Oportunizando a todo escritor, a visibilidade<br />

e propagação do conjunto<br />

de sua obra. Todavia, além deste importante<br />

momento, deve o escritor<br />

focar nas possibilidades de distribuição<br />

e comercialização de sua obra, de<br />

onde se lhe retornará, com os merecidos<br />

lucros, seus investimentos. As<br />

múltiplas consultas às editoras garantem<br />

ao escritor independente sua satisfação<br />

e pleno atendimento de suas<br />

expectativas. Em especial, deve o autor<br />

independente discutir o ‘preço de<br />

capa’ e condições de pagamento, dentro<br />

de uma realidade ‘custo/benefício’<br />

de mercado e investimentos.<br />

Dedicando especial preocupação<br />

com o custo final da obra aos<br />

seus leitores.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Quais os impactos positivos<br />

e negativos da Semana da Arte<br />

Moderna no Brasil?<br />

Mário Carabajal: Nobre jornalista<br />

Fernandes, seu questionamento, mais<br />

uma vez, nos remete a Identidade,<br />

desta vez, cultural brasileira. O que se<br />

busca? Um Brasil voltado exclusivamente<br />

para si ou aberto ao Mundo?<br />

Há que se respeitar os argumentos daqueles<br />

que defendem pontos de vista<br />

antagônicos. Quem erra, sob as máximas<br />

de ensaios, erros e acertos de sistematização,<br />

mesmo em ensaios errôneos<br />

postulatórios, objetiva contribuir<br />

à evolução média da Nação.<br />

Incorporar-se ou não elementos culturais<br />

produzidos fora do Brasil, deve<br />

precipuamente, em nossa visão, passar<br />

antes pela análise crítica do que se<br />

define como cultura e sua antítese – a<br />

anticultura. Entendendo-se que o<br />

conceito de cultura extrapola quaisquer<br />

tentativas de limitação, há que<br />

se fazer um esforço conjunto para di-<br />

- 6 -<br />

cotomizar cultura boa e cultura má.<br />

Cultura e anticultura. A responsabilidade<br />

do Estado limita-se a uma formação<br />

obrigatória mínima de nossos<br />

jovens. Daí para frente, abandonados,<br />

é um verdadeiro ‘salve-se quem<br />

puder’. A força do capital e restrição<br />

seletiva de horizontes formativos,<br />

por outro lado, dá maior ênfase à ‘fugaz<br />

corrida de tolos’, em detrimento<br />

as reais aspirações dos seres. Logo, tolhidos<br />

de seguirem o caminho científico<br />

que os realizaria plenamente, para<br />

muitos, sem criatividade e competências<br />

pessoais, o que passa a importar<br />

é a entrada intrépida, desmedida<br />

e sem quaisquer pudores de incessantes<br />

e ilimitados ‘capitais’. Sobretudo,<br />

em um país com tantos exemplos negativos,<br />

em especial, àqueles emanados<br />

pela classe política, refletindo os<br />

‘transtornos de identidade’ sobre o<br />

ser em formação da própria personalidade.<br />

Poucos, no entanto, se atrevem<br />

apontar objetivamente para a anticultura,<br />

independentemente se gerada<br />

dentro ou fora de nossas fronteiras.<br />

Apontar ‘objetivamente’ para a<br />

‘anticultura’ significa expor-se, ao assumir<br />

uma postura. Posicionamento<br />

o qual, para àqueles que usurpam da<br />

liberdade, é associado à censura. Por<br />

ocasião da Semana da Arte<br />

Moderna, de um lado aqueles que<br />

buscavam por uma identidade cultural<br />

própria e genuína para o Brasil.<br />

De outro, aqueles que aludiam a um<br />

fazer cultural sem fronteiras, incorporando-se<br />

o que era também produzido<br />

em outros países. Sabidamente<br />

havia de se fazer algo em relação ao<br />

que ser aceito, incorporado e validado<br />

à práxis cultural brasileira.<br />

Acredito haverem sido estes os maiores<br />

objetivos da Semana da Arte<br />

Moderna em 1922: clarificar pontos<br />

de desequilíbrio da ‘balança cultural’.<br />

A priori, tais objetivos, atingidos<br />

ao serem geradas discussões que perduram<br />

ainda nos dias atuais. Em nossas<br />

análises e visões, de pretensas contribuições,<br />

ser brasileiro não se faz excludente<br />

à incorporação de culturas<br />

internacionais. Contudo, sob um<br />

olhar inteligente, crítico e comedido,<br />

capaz de otimizar experiências e cul-<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

turas, independentemente de sua origem<br />

e época, livre, contudo, de psicossugestões<br />

e induções anticulturais<br />

contrárias a natural ordem ‘humanoevolutiva’.<br />

Não obstante, aos leitores<br />

da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, dirigida por este<br />

exime sociólogo, jornalista e poeta,<br />

Rogério Fernandes Lemes, solicito,<br />

se escritores, jornalistas, professores<br />

e ou cientistas, dedicarem espaço,<br />

em suas produções, à análise de ‘letras<br />

de músicas’ com poderes psicossugestivos<br />

anticulturais, apontando<br />

‘critico-construtivamente’ tais resultados<br />

aos seus autores, na esperança<br />

que estes, confrontados pelas críticas,<br />

redimensionem e redirecionem<br />

suas inequívocas capacidades aglutinadoras<br />

e conducionais, para tornarem-se<br />

‘artistascidadãos’ do bem, auxiliando<br />

na difícil condução de uma<br />

imensa população, como a brasileira,<br />

com prazerosas e estimulantes produções<br />

musicais, em harmonia e<br />

equilíbrio com as necessidades humanas<br />

de saúde e hábitos saudáveis à<br />

construção de personalidades fortes<br />

e com perspectivas de longas e saudáveis<br />

existências.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Qual sua percepção sobre<br />

a ética e a estética na literatura<br />

brasileira atual? Teria alguma crítica<br />

à produção brasileira?<br />

Mário Carabajal: Ética e estética caminham<br />

juntas. Difícil suas desvinculações.<br />

“O bom gosto e os valores<br />

contributivos difundidos<br />

através dos livros<br />

somam-se e ganham forma,<br />

a priori, em mentes<br />

de escritores com comprovada<br />

maturidade humana,<br />

política e social”.<br />

Quando de seu distanciamento, a<br />

obra encontra naturais obstáculos<br />

em meios de maiores exigências.<br />

Contudo, não é incomum de obras<br />

sem estes valores primordiais serem<br />

contempladas como se profícuas fossem.<br />

Mas, ainda assim, cumprem relevante<br />

papel, ainda que pela formação<br />

do hábito da leitura, em leitores principiantes,<br />

menos exigentes. Não nos<br />

compete criticar a forma e formato como<br />

nossos escritores expressam-se.<br />

Em especial, por admitir que a produção<br />

literária, individualmente, passa<br />

por estágios psicomaturacionais<br />

de seus autores, desde aquelas sem<br />

quaisquer pretensões, traduzindo<br />

pulsões, latências e nuances emocionais<br />

daqueles que escrevem, as quais<br />

são reveladas como autoterapia, iniciando<br />

com uma problematização,<br />

evoluindo a uma confrontação de<br />

conceitos e ideias catexizadas – interiorizadas,<br />

pelos contundentes valores<br />

axiológicos – externos, conquistando<br />

em suas finalizações respostas<br />

de equilíbrio e momentâneo bem estar<br />

àquele que as produz. Isto, por<br />

emergirem a mente a partir de ‘inquietações’<br />

emocionais, atendendo por<br />

extensão, aqueles em estágios psicomaturacionais<br />

semelhantes, detentores<br />

e vivenciadores de momentos experienciais<br />

de equivalência ao escritor.<br />

Inequivocamente os fatores emocionais<br />

sempre estarão presentes e influenciando<br />

quaisquer produções literárias,<br />

mesmo àquelas científicas.<br />

T u d o t e m u m a o r i g e m .<br />

Absolutamente nada tem vida própria.<br />

A interdependência e atuação<br />

‘dinamicomental’ de todos os seres<br />

está para o escritor como o macro para<br />

o microcosmo. No universo ou como<br />

apontam as teorias mais atuais,<br />

universos, não se observa o fenômeno<br />

da ação. Tudo é reação. Logo, quaisquer<br />

estágios porque passe a dinâmica<br />

mental de escrita daqueles que<br />

transitam no mundo producente literário,<br />

obedece a leis e ordens intrínsecas<br />

evolucionais, inerentes a todos<br />

os seres. Logo, a ética e estética correspondem<br />

ao estágio cultural médio<br />

da Nação, demonstrado em intrínsecas<br />

amostras de produções literárias,<br />

musicais, Leis, prolatações de sentenças<br />

judiciais, teses, dissertações, monografias,<br />

Estatutos sociais... Atrás<br />

da Ética e Estética existem seres, com<br />

maiores ou menores domínios, com-<br />

- 7 -<br />

petências e saberes. Por trás dos seres,<br />

existem sistemas educacionais, acessos<br />

à leitura, organizações culturais e<br />

heranças ‘sociofamiliares’ civilizatórias.<br />

Sob tais premissas, pode-se enunciar<br />

o ensaio de serem, Ética e<br />

Estética, fruto da evolução humana,<br />

em seus respectivos estágios de correspondências.<br />

O Brasil, em nossa<br />

análise, conta com fortes elementos,<br />

nas pessoas de seus escritores, jornalistas,<br />

pesquisadores, professores e<br />

profissionais dos mais amplos segmentos,<br />

como também de organizações<br />

voltadas à cultura, à conquista<br />

de níveis de excelência Ética e<br />

Estética – veja-se exemplo concreto<br />

no jornalista Rogério Fernandes<br />

Lemes, ao apontar em seu questionário<br />

de entrevista para a Ética e<br />

Estética, passando a inferir perspectivas<br />

evolucionais no fazer literário de<br />

um país gigante como o Brasil.<br />

Potencializando a produção literária<br />

de qualidade ao inferir referenciais<br />

de observância àqueles que escrevem.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Como recebeu a informação<br />

do prêmio Nobel de<br />

Literatura 2016 ser concedido ao cantor<br />

Bob Dylan? É fato que a decisão<br />

não agradou e tem gerado muitas críticas.<br />

Mário Carabajal: Bob Dylan enquanto<br />

‘escritor/poeta’ se expressa<br />

em composições poéticas musicalizadas<br />

altamente críticas. Onde satiriza<br />

a cultura americana de exaltação ao<br />

espírito patriótico de incentivos à xenofobia,<br />

guerra e ódio contra russos,<br />

reservando um conceito de Deus aos<br />

mais altos propósitos da política americana.<br />

Em suas letras, Dylan, soma a<br />

seu tempo ao colocar questões como<br />

a segregação racial e diversidade.<br />

Aponta para a necessidade de uma<br />

justiça imparcial, independente da<br />

cor da pele. Seria um tanto pretencioso<br />

de minha parte escrever sobre a<br />

vasta obra de Bob Dylan, merecedor,<br />

sem dúvidas, desta Imortal honraria.<br />

Particularmente, se Bob Dylan,<br />

Adail Maduro Filho (roraimense),<br />

Daniel Chaves (paranaense - autor de<br />

5 mil provérbios, superando o pró-<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Letras do Brasil. Sob o axioma de<br />

uma Cultura Ativa, a ALB propõe<br />

despertar a consciência política da<br />

sociedade. E assim se fez, de forma<br />

contundente e ininterrupta, de<br />

Norte a Sul do Brasil, desde a sua<br />

fundação em janeiro de 2001, até os<br />

dias atuais de 2016. A Academia de<br />

Letras do Brasil é uma organização<br />

de Cultura atípica. Ao contrário<br />

das demais academias e entidades<br />

culturais, a ALB é uma organização<br />

Cultural 'Ativa' Politicamente.<br />

Traduzindo-se por esta razão, na<br />

Primeira Academia Mundial da<br />

Ordem de Platão.<br />

“O 'Grande Sonho' encontra-se<br />

no fomento de<br />

uma Cultura Literária<br />

mais Ativa e menos<br />

Telúrica”.<br />

Razão pela qual o escritor do<br />

Terceiro Milênio necessita acreditar,<br />

sobretudo, na menor fagulha de seus<br />

pensamentos. Pois, representam as<br />

centelhas que unidas transformarão<br />

a vida sobre a Terra. Nossos<br />

Pensadores devem, sem nenhum receio,<br />

assumirem o rótulo de 'sonhadores'.<br />

Pois, a priori, o sonho é aquilo<br />

que de mais concreto a humanidade<br />

possui. Toda realidade construída pelos<br />

seres, por mais concreta que aparente,<br />

encontra nos sonhos, suas origens.<br />

Nossa contribuição vai desde<br />

oferecer espaço para novos autores à<br />

geração de projetos que visem a erradicação<br />

da pobreza mundial, desarmamento<br />

Nuclear, fim das guerras,<br />

melhorias na educação, apoio à diversidade<br />

cultural e combate à corrupção.<br />

Resumidamente, a ALB –<br />

Academia de Letras do Brasil nasce<br />

em dezembro de 1994, quando sugerimos<br />

ao então Presidente da<br />

Academia Brasileira de Letras,<br />

Imortal Josué Montello, a abertura<br />

da ABL ou criação de uma academia<br />

brasileira mais representativa, com<br />

extensões em seccionais Estaduais e<br />

Municipais. Contudo Montello acenou<br />

positivamente à segunda proposição,<br />

de criação de uma nova organiprio<br />

Rei Salomão), Fídias Telles (pernambucano),<br />

entre outros milhares<br />

de eximes escritores, e dentre estes,<br />

poetas e compositores de todo o mundo,<br />

extremamente críticos para suas<br />

épocas, com palavras e filosofias de<br />

ordem, humildade, verdade, igualdade,<br />

liberdade e fraternidade, são todos<br />

dignos de se tornarem referenciais.<br />

A priori,<br />

“a crítica maior à<br />

Dylan deveu-se ao seu silêncio<br />

após ao anúncio<br />

oficial de haver sido eleito<br />

pela academia para<br />

o prêmio Nobel de<br />

Literatura 2016”.<br />

Contudo, os seres reagem diferentemente<br />

aos estímulos. Diante a morte<br />

de um irmão, em passado próximo,<br />

não chorei, soando como insensível.<br />

Contudo, meu sentimento de perda,<br />

ainda hoje permanece. Minha reação<br />

a semelhante anúncio, de tamanha<br />

magnitude, como o Nobel, sabedor<br />

de existirem milhares de outros escritores<br />

aos quais admiro e admito com<br />

maiores obras, ações e filosofias, também<br />

careceria de tempo a sua assimilação.<br />

Provavelmente, o sentimento<br />

que o ‘travou’ não vibrando e comemorando,<br />

tenha sido de ‘vergonha’ e<br />

mesmo em respeito aos seus ídolos literários,<br />

os quais, em sua provável<br />

opinião, seriam os verdadeiros merec<br />

e d o r e s d o N o b e l d e<br />

Literatura/2016. Salve Dylan!<br />

Parabéns a academia pela escolha!<br />

<strong>Criticartes</strong>: Nesta 5ª edição da<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> homenageamos<br />

nosso poeta conterrâneo Manoel de<br />

Barros. O Senhor teve algum contato<br />

ou mesmo influência da poética dele?<br />

Mário Carabajal: O intelectoirreverente<br />

pantaneiro, Imortal Manoel de<br />

Barros, influenciou a cultura brasileira<br />

com seu lirismo, humor e crítica,<br />

assim observo, ao rigor gramatical,<br />

enquanto literatura popular. Ao fazêlo,<br />

sem receios à crítica, Manoel de<br />

Barros lança as bases de um prémodernismo,<br />

mais despojado e comprometido<br />

com a mensagem, confrontando<br />

a ordem em razão do deleite<br />

e prazer da leitura, por assim dizer.<br />

Em sua obra ‘Livro Sobre Nada’ com<br />

leveza, requinte e sutileza sem precedentes,<br />

poesia e prosa unem-se em<br />

um ‘eu poético’, tornando-se creio, o<br />

momento de maior inspiração de<br />

Manoel de Barros, projetando-o definitivamente<br />

na História Literária<br />

Brasileira. Contudo, como em toda a<br />

sua obra, a despretensão ganha lugar<br />

irrefutável. Provavelmente por isso seja<br />

amado e respeitado em todos os<br />

segmentos e tempos da literatura.<br />

Manoel de Barros identifica-se com<br />

seus leitores ao utilizar-se de ‘realidades’<br />

comuns a todos, demonstrando<br />

que a Imortalidade encontra-se lado<br />

a lado com a simplicidade e humildade.<br />

Querido e saudoso amante da alegria<br />

e natureza, com humor e estilo<br />

inconfundíveis! Manoel de Barros -<br />

um escritor Imortal de obra literária<br />

operante e Eterna! Eis um exemplo<br />

que inspira e motiva à arte literária!<br />

<strong>Criticartes</strong>: Fale-nos um pouco sobre<br />

o ideal da fundação da ALB em âmbito<br />

global? O que é, de onde vem e o<br />

que pretende?<br />

Mário Carabajal: A Academia de<br />

Letras do Brasil - ALB, instituição<br />

de integração dos escritores e artífices<br />

da Cultura Literária Brasileira e<br />

veículo à criação do CONSALB –<br />

Conselho Superior das Academias<br />

de Letras do Brasil, encontra-se, em<br />

2016, presente no Território<br />

Nacional Brasileiro e 19 países. A<br />

ALB instala-se oficialmente no início<br />

do Terceiro Milênio, com o objetivo<br />

de integrar, estimular e valorizar<br />

o escritor, a cultura literária brasileira<br />

e internacional. Muitas academias,<br />

em todo o Brasil, mantemse<br />

alheias, sem manifestarem-se em<br />

relação ao Movimento Nacional de<br />

Integração das Academias de Letras<br />

do Brasil, traduzido pelo<br />

CONSALB. Não obstante, nossa<br />

proposta de criação do CONSALB,<br />

em 1995, resultou no amadurecimento<br />

à criação da Academia de<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

nhem ou delimitem suas trajetórias,<br />

restringindo-as as visões institucionais,<br />

como se em ‘algo’ a eles fosse a organização<br />

superior. Compete àqueles<br />

que representam a ALB, em quaisquer<br />

instâncias, colocarem-se nas trajetórias<br />

dos escritores Membros como<br />

se grandes espelhos fossem refletindo,<br />

ao máximo, as manifestas e irradiantes<br />

luzes daqueles que integram<br />

o ‘Sonho ALB’. A nenhum<br />

Presidente, Diretor, Conselheiro,<br />

Representante ou Membro, em quaisquer<br />

extensões da ALB, se lhe é permitido<br />

utilizar o nome da entidade<br />

para angariar recursos pessoais.<br />

Salvo ‘Patrocínio’ – definido e identificado<br />

como tal, de doações espontâneas,<br />

sem ‘moedas de trocas’ em forma<br />

de títulos ou medalhas, os quais<br />

apontem metas claras literoculturais<br />

do Membro ou da Organização, sem<br />

especulações e vantagens individuais,<br />

com prestações de contas públicas<br />

e abertas.<br />

“A ALB, como as demais<br />

organizações culturais<br />

que preservam a<br />

Liberdade de Expressão,<br />

sofrem distorções internas,<br />

com o não entendimento<br />

dessa máxima”.<br />

As academias surgem exatamente para<br />

oferecerem um meio de paz e tranquilidade,<br />

capaz de abrigar Livres<br />

Pensadores. A ALB, com foco na<br />

Ordem de Platão e de Sócrates por<br />

herança - os quais se dedicavam à difusão<br />

de uma cultura politicamente<br />

ativa, sob máximas da liberdade resultante<br />

da aquisição de novas culturas,<br />

refuta ao telurismo pragmático<br />

corporativista, o qual discrimina, ilude<br />

e mantém o poder e status de grupos<br />

de intelectuais, pela antevisão<br />

‘precursória’ de serem todos os demais<br />

grupos e seres inferiores. Quando<br />

em uma só voz os seres unirem-se ao<br />

que de fato interessa, respeitando-se<br />

mutuamente, sob equivalências isonômicas<br />

de contribuições laborais,<br />

em prol da saúde e prosperidade inzação<br />

literária brasileira, admitindo a<br />

impossibilidade e dificuldade a um<br />

redimensionar estatutário da tradicional<br />

Brasileira. Seis anos depois, estávamos<br />

com as bases da ALB prontas à<br />

conquista de sua Personalidade<br />

Jurídica. Isto, em 01 de janeiro de<br />

2001 - a ‘Nova Academia’ de todo escritor<br />

brasileiro, com maiores possibilidades<br />

integrativas dos pensadores<br />

das diversas Regiões de um país com<br />

dimensões continentais como o<br />

Brasil. Ultrapassando, contudo, nossas<br />

expectativas. A ALB passou a receber<br />

escritores brasileiros residentes<br />

no Brasil e no exterior.<br />

“Os ideais de fundação<br />

remetem a uma instituição<br />

literocultural com<br />

propósitos de servir ao<br />

Brasil a partir da práxis<br />

literária”,<br />

ao incorporar, institucionalmente, o<br />

pensamento da ampla maioria dos escritores<br />

brasileiros - servindo como<br />

referencial a um país em construção<br />

da própria identidade. Isto, não apenas<br />

sob as bases fundamentais dos pilares<br />

elementares do fazer literário estrito,<br />

com máximas na língua portuguesa.<br />

Mas, em particular, propondo-se<br />

unir escritores em torno de<br />

uma organização politicamente ativa,<br />

suprapartidária, como aspirava<br />

Sócrates e Platão. Por um fazer menos<br />

telúrico, aproximando o pensamento<br />

producente individual, em<br />

torno de um centro canalizador polarizante,<br />

onde os pensamentos se fundem,<br />

apurando-se e retornando à ampliação<br />

da extensão paradigmaximizativamente.<br />

As Seccionais Estaduais<br />

e Municipais devem desenvolver<br />

ações ‘literocontributivas’ à institucionalização,<br />

a partir dos Planos de<br />

Expansões Municipais, onde se encontrem,<br />

ao plantio de mudas de árvores<br />

frutíferas em canteiros públicos,<br />

praças, logradouros, estradas municipais,<br />

para que em futuro próximo,<br />

números astronômicos de frutas<br />

encontrem-se fora das práticas comerciais<br />

como objetos de mercado, livres<br />

da troca por moedas, ao alcance<br />

de um simples estender de braço daqueles<br />

acometidos pela fome. Para o<br />

emergente alcance das metas, a ALB<br />

criou uma diretoria própria,<br />

ALB/Humanitária, dirigida pela<br />

Primeira Dama da ALB, Imortal,<br />

Dra. Dinalva Carabajal – PhI e<br />

Embaixadora para o Brasil, da<br />

Divine Académie Française des Arts<br />

Lettres et Culture (Fundada e dirigida<br />

pela Imortal Diva Pavesi). A ALB,<br />

mesmo caminhando para o seu décimo<br />

sexto ano de fundação e vigésimo<br />

segundo de concepção, ainda estrutura-se,<br />

perseguindo o ideal de completar-se<br />

enquanto entidade literocultural<br />

politicamente ativa. Como o<br />

faz o nobre confrade, entrevistador,<br />

sociólogo e jornalista Fernandes<br />

Lemes, ao dar forma e formato à<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, sinalizando à cultura<br />

literária brasileira, em questionamentos<br />

personalizados daqueles a<br />

quem entrevista, não delimitando espaço,<br />

em ‘liminar mensagem’ traduzida<br />

em incentivo à produção literária<br />

brasileira. Transcendendo ao objeto<br />

inicial ‘entrevista’, para dar lugar a<br />

possibilidades expansionais ‘literodifusionais’<br />

de novas visões. Estas, por<br />

excelência, no que se absorve como<br />

objeto final da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, de<br />

expectativas paradigmaximizativas e<br />

evolucionais, de promessas plausíveis<br />

‘filosofoimplementacionais’ que sinalizem<br />

a um novo tempo à literatura.<br />

As experiências concretas em<br />

Municípios, Regiões, Estados e<br />

Países ganham dinamicidade ao enc<br />

o n t r a r e m ‘ P r e s i d e n t e s e<br />

Representantes’ preparados para a<br />

complexa tarefa de conduzirem uma<br />

‘Entidade de Livres Pensadores’ – os<br />

quais têm total liberdade de expressarem<br />

suas opiniões e resultados de suas<br />

análises, sem que o corpo dirigente<br />

da ALB lance, sobre os mesmos,<br />

quaisquer represálias ou tente limitálos<br />

ou calá-los. Ao contrário, entre as<br />

Missões da ALB encontra-se o total e<br />

irrestrito apoio - mesmo aos sonhos e<br />

ideais mais impossíveis de cada um<br />

dos Membros. Sem quaisquer hipocrisias,<br />

a ALB não oferece diretrizes<br />

ou exige que os Membros acompa-<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

que se faça presente na vida brasileira<br />

e mundial por incontáveis anos.<br />

Inúmeras antologias foram produzidas<br />

a partir de iniciativas de nossos<br />

Presidentes, Diretores e Membros,<br />

em instâncias Regionais, Estaduais,<br />

Municipais e Internacionais.<br />

Contudo, somente agora retomou-se<br />

a proposta de uma obra, em formato<br />

de Coletânea, proposta pelo Imortal<br />

Vladimir Cunha Santos, Vice-<br />

Presidente da ALB/RS. Em 2015,<br />

por ocasião de encontro com um dos<br />

Diretores da <strong>Ed</strong>itora Alternativa de<br />

Porto Alegre, ao participarmos do<br />

evento de lançamento de outra antologia<br />

pela Alternativa lançada, com<br />

preponderância de escritores da<br />

ALB/Amazonas, presidida pela escritora,<br />

Imortal, Dra. Silvia<br />

Carvalho, conseguimos delinear a<br />

obra que atenderá integralmente o<br />

questionamento levantado pela<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>. Trata-se da<br />

Coletânea Imortais, de publicação<br />

anual, a qual objetiva ampliar a visibilidade<br />

dos escritores Membros da<br />

ALB. A Coordenação de lançamento<br />

da campanha publicitária de adesões<br />

elegeu novembro/2016 para difusão<br />

do Projeto. Objetiva-se reunir, ano<br />

após ano, os aproximados 8.600<br />

Membros, considerando-se 900 jovens<br />

‘escritores potenciais’ identificados<br />

por concursos literários escolares<br />

ou por indicações de seus professores,<br />

fundamentados em trabalhos em<br />

sala de aula, no âmbito da Secretaria<br />

de <strong>Ed</strong>ucação do Estado de Roraima,<br />

tanto da capital quanto do interior,<br />

passando a integrarem, estes jovens,<br />

a ALB/Estudantil de Roraima.<br />

Projeto este, desenvolvido em conjunto<br />

pelas Direções escolares e a<br />

Presidência da ALB, dentro das próprias<br />

escolas, em atendimento ao<br />

Projeto Piloto da ALB. No primeiro<br />

volume da Coletânea Imortais, como<br />

procedimento usual em antologias,<br />

participarão, prioritariamente,<br />

Presidentes, escritores Membros e seus<br />

convidados, precipuamente aqueles<br />

que confirmarem em tempo suas<br />

adesões. O volume I contará com<br />

não mais de 150 autores, estimandose<br />

máximas 300 páginas, com uma tidiscriminadamente,<br />

encontrar-se-á, a<br />

civilização em seu estágio inicial de<br />

fraternidade à sincronicidade de exigência<br />

a um viver em comunhão, sob<br />

a premissa efetiva e assertiva de serem<br />

todos os seres iguais. Os pensamentos,<br />

sonhos, filosofias e ideais<br />

são o que demais concreto os seres<br />

possuem. Todas as conquistas e edificações<br />

humanas iniciam nos sonhos<br />

e pensamentos. São os escritores,<br />

aqueles que mais se exercitam na arte<br />

de sonhar e pensar criativamente.<br />

Logo, a ALB sonha com a produção<br />

de livros, poesias e filmes, com efetivo<br />

caráter contributivo à condução<br />

da humanidade. A partir de visões<br />

claras que possam modificar, para<br />

melhor, os sistemas e o próprio<br />

Mundo.<br />

“O grande sonho da<br />

ALB, quando de sua<br />

criação, fora reunir os<br />

escritores brasileiros em<br />

torno de uma entidade<br />

que os convida e os incentiva<br />

a exporem-se<br />

um pouco mais, dedicando<br />

parte de suas escritas<br />

e competências literárias<br />

a possibilidades<br />

resolutivas dos grandes<br />

problemas Nacionais e<br />

Mundiais.”<br />

Imprimindo à escrita, um traço útil,<br />

de maior frequência com nosso tempo,<br />

realidade e mais comprometida<br />

com o futuro da Humanidade. Uma<br />

escrita Criticoevolucionista ou<br />

Criticomaturacional, denotando<br />

compromisso e responsabilidade humana,<br />

política e social, em comunhão<br />

com os sofrimentos e necessidades<br />

humanocivilizatórias.<br />

Utilizando-se de pequenas contribuições<br />

em análises e geração de alternativas<br />

sugestivas e criativas à resolução<br />

e equação de problematizações conjuntas<br />

sociais. Isto, sem perda da escrita<br />

que forma, informa, alegra, inspira<br />

e sistematiza. Alimenta a criatividade,<br />

acalma, distrai e orienta, também<br />

indispensáveis ao equilíbrio e<br />

sustentação psicoemocional pessoal<br />

e social.<br />

<strong>Criticartes</strong>: A ALB possui um repositório<br />

literário com as obras dos membros<br />

para acesso? Existe esse repositório<br />

online?<br />

Mário Carabajal: Essa meta compõe<br />

também nossos objetivos. Iniciamos<br />

esse trabalho. Os autores Membros<br />

da ALB enviavam exemplares para o<br />

nosso Departamento de Registros<br />

Históricos Documentais em Brasília,<br />

objetivando-se reunir em uma biblioteca<br />

as obras de Membros da ALB.<br />

Contudo, após alguns anos, os livros<br />

foram doados. A maior possibilidade<br />

transformadora de um livro encontra-se<br />

em sua disponibilização aos leitores.<br />

Assim se fez com todos os livros<br />

enviados para o acervo da ALB em<br />

Brasília. Atualmente, estuda-se, com<br />

um de nossos webdesign do<br />

Departamento de Tecnologias da<br />

ALB, uma forma facilitada e automática<br />

de nossos Membros disponibilizarem<br />

suas obras através do Site<br />

Oficial da organização. Um mapa<br />

mundial deve ser colocado no Site,<br />

onde pontos com links apontarão para<br />

nossas Seccionais. Ao serem estas<br />

acessadas, conduzirão os visitantes à<br />

História da Seccional, Diretoria e<br />

Membros, seus patronos e obras, inclusive<br />

à livraria da ALB, com possibilidades<br />

de aquisição das obras.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Em linhas gerais, como<br />

está o desenvolvimento da produção<br />

literária da ALB em todo o país?<br />

Existe uma coletânea ou antologia<br />

com a produção dos membros de todo<br />

o Brasil?<br />

Mário Carabajal: Isso já aconteceu<br />

ou há previsão? Nas bases da filosofia<br />

de fundação da ALB, os sonhos ocupam<br />

lugar ímpar, preponderante e de<br />

supremacia ao demais. Assim, a produção<br />

literária da ALB encontra-se<br />

em plena e infinita construção.<br />

Sonhando-se com uma academia<br />

- 10 -<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

ragem de 10 mil exemplares.<br />

Participam, observem-se, Membros<br />

da ALB e Convidados. Logo, os<br />

Membros que convidem escritores externos<br />

à ALB, estarão paralelamente<br />

fazendo suas indicações à Cadeiras<br />

Vitalícias nas respectivas instâncias<br />

de suas residências. Espera-se uma<br />

g r a n d e a d e s ã o i n i c i a l p o r<br />

Presidentes, Diretores e Membros da<br />

ALB. Ainda, em resposta ao questionamento<br />

da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, a<br />

ALB acredita que todos os seres, independentemente<br />

de suas formações,<br />

contem com potenciais latentes,<br />

prontos a aflorarem, desde que estimulados,<br />

como o faz a escritora<br />

Imortal, doutora em Filosofia<br />

Univérsica, Pérola Bensabath, ao organizar<br />

volumes anuais, em regime<br />

de coautoria, revelando centenas de<br />

excepcionais escritores, sem perda de<br />

maior visibilidade também àqueles já<br />

consagrados que participam do<br />

Movimento Literário Brasileiro Elos<br />

Literários. Ou, como o faz a escritora<br />

brasileira, Imortal Apolônia<br />

Gastaldi, Presidente da ALB/SC –<br />

Ibirama e Microrregional do Alto<br />

Vale Itajaí – Presidente do Conselho<br />

Estadual da ALB/SC e Membro do<br />

Conselho Superior Nacional da<br />

ALB, ao lado do Professor Doutor,<br />

Miguel Simão, Presidente Fundador<br />

daquela Seccional Est adual<br />

Autônoma, ao fomentarem, orientar<br />

e acompanhar produções solo dos escritores<br />

Membros, inclusive de escritores<br />

‘crianças, jovens e adolescentes’.<br />

A ALB/SC – Ibirama, presidida<br />

pela Imortal Apolônia Gastaldi, pelo<br />

terceiro ano seguido, em 2016, promove<br />

o Terceiro Encontro de<br />

Academias, Escritores e Poetas de<br />

Santa Catarina. Ainda, como o faz<br />

anualmente o escritor Imortal, Dr.<br />

Carlos Venttura, com a obra bilíngue<br />

A era das palavras, oportunizando visibilidade<br />

internacional àqueles que<br />

participam desta belíssima e profícua<br />

Coletânea. Não obstante, também o<br />

escritor Imortal, Dr. Mauro<br />

Demarch tem oportunizado grande<br />

visibilidade a escritores novos e consagrados,<br />

através da Coletânea<br />

Encontro de Escritores, reunindo escritores<br />

nacionais e internacionais.<br />

Também a ALB/Brasília – DF, sob a<br />

presidência da Imortal, Dra. Vânia<br />

Diniz, tem produzido anuários e antologias.<br />

Agora, busca-se reunir os<br />

Membros da ALB na obra que se traduzirá<br />

no pensamento da organização,<br />

sob o sugestivo título designativo<br />

de seus Membros ‘Imortais’, estendendo-se<br />

aos escritores ‘Convidados’<br />

por nossos confrades e confreiras.<br />

<strong>Criticartes</strong>: O que é ser um poeta verdadeiramente?<br />

Qualquer pessoa que<br />

faz versos é um poeta?<br />

Mário Carabajal: Em meu ver e entender,<br />

sem a pretensão de encerrar a<br />

questão, ser poeta, não significa escrever<br />

versos bem ou mal. O verso deve<br />

expressar sentimento e sensibilidade.<br />

Também exige uma mensagem<br />

que resulte em evolução do ser, sociedade,<br />

humanidade, harmonizando-o<br />

com a natureza.<br />

“Ser poeta denota uma<br />

condição de vida, esta,<br />

no comportamento, no<br />

humor, na forma encontrada<br />

à resolução de problemas.<br />

Ser poeta, em<br />

minha ‘pretensa’ análise,<br />

ultrapassa os limites<br />

das palavras, ganhando<br />

significado mesmo em<br />

um traço, um ângulo,<br />

uma curva”.<br />

Um pensamento! Uma contemplação!<br />

Um simples sorrir ou olhar, puro,<br />

com ódio, envergonhado ou de altivez.<br />

O poeta pode não ser humano,<br />

como um movimento de galhos, folhas<br />

ou ondas do mar. Está no som,<br />

textura. Necessitando, tais instâncias<br />

surreais do ‘Ser Poeta’, serem capitadas<br />

e decodificadas em linguagem<br />

poética convencional. Ser poeta pode<br />

ultrapassar limites e delimitações,<br />

regras e convenções. Na poesia a pró-<br />

- 11 -<br />

pria matéria, astros e animais se comunicam,<br />

jamais são sacrificados e<br />

até mesmo falam através do autor.<br />

Cantos se calam para dar lugar a simples<br />

sons em poesias expressos pelo<br />

ar. Ser Poeta, humano, de livro na<br />

mão, em comunhão com a gramática<br />

e academia, sem críticas e ironia, aplausos!<br />

O poeta é todo ser que utiliza a<br />

forma poética, em versos, observadas<br />

a beleza e a estética, para transmitir<br />

suas análises da natureza e impressões<br />

emocionais, em todo seu esplendor,<br />

espanto e admiração, dúvidas e<br />

conclusões, alegrias e tristezas, amor<br />

e ódio, anseios, medos, saudades... O<br />

verdadeiro poeta vive sua poesia.<br />

Admiro e respeito muito os poetas,<br />

por se fazerem a própria expressão<br />

‘pura, sábia e artística’ da luz do pensamento<br />

emotivo humano. No entanto,<br />

atrevo-me aconselhá-los serem<br />

um pouco menos rigorosos consigo.<br />

Isto, por observar-se nos poetas, um<br />

desgaste pessoal muito profundo, como<br />

resultado de vidas e mentes que<br />

se entregam e se consomem pela própria<br />

arte poética e exercício reflexivo<br />

filosófico.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Quais foram os autores<br />

que o influenciaram em sua produção<br />

literária?<br />

Mário Carabajal: Quando criança,<br />

eu lia tudo o que encontrava. Mas foi<br />

Olavo Bilac, aos 9 anos, por incentivos<br />

da professora Margarida, na quarta<br />

série, meu primeiro autor. Minha<br />

mamãe (Manuela Cacilda), me presentou<br />

posteriormente com um dos<br />

livros de Bilac. Contudo, só adquiri<br />

o hábito de ler, de fato, salvo livros de<br />

disciplinas escolares, aos 17 anos,<br />

quando no Rio de Janeiro, na<br />

Fortaleza de São João, um grande<br />

amigo, tenente Moura, convidou-me<br />

para organizar a biblioteca dos oficiais.<br />

Livros empilhados e empoeirados,<br />

onde ‘sozinho’ sentia-me acompanhado<br />

por centenas de autores e suas<br />

filosofias. Não conseguia colocar um<br />

só livro na prateleira, em sua ordem,<br />

sem antes aventurar-me em suas páginas.<br />

Isto em 1977. O conhecimento e<br />

liberdade, propostos pelos livros, fazem<br />

com que os leitores acabem por<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

confrontar e criticar os sistemas, retornando-lhes<br />

a ‘força diametralmente<br />

oposta’. Mas é a única forma e<br />

meio de evolução. Não há evolução<br />

sem a otimização da cultura. Salvas<br />

aos nossos autores!<br />

<strong>Criticartes</strong>: Dentre seus livros publicados,<br />

quais os gêneros? Existe algum<br />

de poemas?<br />

Mário Carabajal: Imortal Rogério<br />

Fernandes Lemes, assim o trato por<br />

ser o nobre sociólogo e jornalista,<br />

também escritor, Membro Vitalício<br />

da ALB/MS - somente um entre os<br />

meus livros ‘Estado de Espírito’ ganhou<br />

traços poéticos. Não!<br />

Equivoco-me, também o quinto ‘Em<br />

Busca da Evolução’, utilizei-me da<br />

poética, para registrar, a priori, o que<br />

jamais pretendia publicar, mas por incentivos<br />

de amigos, acabei encorajando-me.<br />

Isto em 1993, se não me falha<br />

a memória! Antes de dormir eu<br />

sempre orava/rezava e, por achar muito<br />

interessante o que conversava<br />

com Deus, passei a registrar tais pensamentos,<br />

resultando no livro ‘Orações<br />

Filosóficas’. Outra excepcionalidade<br />

em minha linha de escrita ocorreu<br />

em 1995, quando a partir de um<br />

sonho, ao acordar, em um sábado,<br />

“trazia na mente um romance<br />

completo, com lugares,<br />

épocas, enredo,<br />

personagens, protagonistas”<br />

e o mais incompreensivo, interessante<br />

e impressionante, o sonho o qual<br />

transformei em livro, trazia minha esposa,<br />

Dinalva Pereira Barbosa, a qual<br />

só conheci/reconheci, identificando-a<br />

como a protagonista de meu sonho/livro<br />

alguns pouco anos depois,<br />

em 2001, confirmando matrimônio<br />

em dezembro de 2016, em igreja de<br />

Copacabana, no Rio de Janeiro. Este<br />

sonho/livro, o qual me apresentou a<br />

‘Mulher da Minha Vida’, comecei a<br />

escrevê-lo em um sábado pela manhã,<br />

ao acordar, finalizando-o no dia<br />

seguinte, domingo à noite, quando<br />

coloquei o ponto final. Fora estas<br />

três exceções de gêneros literários, os<br />

demais livros são técnicos e científicos.<br />

Escrevi muito na área de psicanálise.<br />

Atualmente trabalho sobre aproximados<br />

40 outros títulos de futuros<br />

livros.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Quais os livros que o senhor<br />

indicaria para os novos escritores<br />

e poetas brasileiros, no sentido<br />

dessas leituras contribuírem para o<br />

aprimoramento intelectual e artístico,<br />

bem para manter e alimentar a<br />

musa, tão falada pelo Ray Bradbury,<br />

por exemplo.<br />

Mário Carabajal: O mato-grossense<br />

Manoel de Barros ou o alegretense<br />

Mário Quintana e o carioca Olávo<br />

Bilac, entre uma centena de outros<br />

excepcionais escritores de fascinantes<br />

obras referenciais, podem auxiliar<br />

na formação de valores iniciais dos seres.<br />

Estes foram àqueles que mais influência<br />

cultural exerceram sobre o<br />

meu ser em minha infância. Martha<br />

Barros, filha de Manoel de Barros,<br />

ilustrou o livro do pai ‘Poeminhas<br />

em Língua de Brincar’, de onde, pela<br />

união de palavras e ilustrações, resulta<br />

em um lindo mundo, atraente e recheado<br />

de simbologias para crianças.<br />

Bons livros (lidos ou adaptados para<br />

a TV e Cinema) moldam e auxiliam<br />

na importante formação de valores<br />

originais – por serem, após aos ‘mandados<br />

parentais – emitidos pela família’,<br />

os seguintes a serem interiorizados<br />

e validados pelos seres, passando<br />

a balizar condutas e comportamentos<br />

presentes e futuros de quem os lê<br />

ou assiste.<br />

“Um mundo sem maiores<br />

distorções e criminalidades,<br />

necessariamente,<br />

passa pelos humanos<br />

e criativos escritores de<br />

literatura infantil”.<br />

Os quais, aproximam os iniciantes leitores<br />

de um fazer construtivo, consciente<br />

e responsável de suas vidas, sob<br />

assertivas integradoras e harmônicas<br />

com a natureza. Ensinam a contemplar<br />

e melhor apreciar o belo, dócil,<br />

- 12 -<br />

rústico, humilde e verdadeiro.<br />

Revelam às crianças a arte de abstrair<br />

ensinamentos de suas experiências,<br />

ainda que de difíceis, inóspitas e por<br />

vezes dramáticas realidades. Não obstante,<br />

os escritores revelam ensinamentos<br />

até mesmo pinçados da tragédia.<br />

Meio aos atuais responsáveis<br />

por esta linda e magistral arte de levar<br />

às crianças e adolescentes os verdadeiros<br />

valores que dignificam e<br />

bem justificam o crescer e expandir<br />

horizontes, sonhar e contribuir à edificação<br />

de um mundo harmônico,<br />

próspero e humano, observam-se<br />

efervescentes especialistas, mestres e<br />

‘doutos’ nessa mágica contribuição,<br />

como as escritoras Lorena Zago,<br />

Apolônia Gastaldi, Arlete e Júlio<br />

Cesar Bridon. Também, entre outras<br />

joias da ALB, a jovem Membro da<br />

A L B / S C – P r e s i d e n t e<br />

Getúlio/Mirim, <strong>Ed</strong>uarda Gabriely<br />

Bairros, autora de ‘A gatinha de julinha’.<br />

Seriam incontáveis os escritores<br />

que fazem da literatura uma linda<br />

e verdadeira arte de iluminar mentes,<br />

irradiar e resgatar vidas, como o<br />

Imortal, Dr. Gustavo Dourado, da<br />

ALB/DF – o qual defendeu sua dissertação<br />

de Mestrado, utilizando-se<br />

da forma poética, mesmo abordando<br />

o difícil tema ‘Fome no Mundo’.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Para aqueles que desejam<br />

fazer parte da ALB quais os critérios<br />

a serem atendidos?<br />

Mário Carabajal: Mestres e<br />

Doutores não necessitam comprovar<br />

serem escritores, por força de suas indispensáveis<br />

e obrigatórias produções<br />

cientificoliterárias à conquista<br />

de tais títulos.<br />

“O principal quesito de<br />

‘imortalidade’ de um escritor<br />

é a sua obra”.<br />

Ainda que um escritor conte com o título<br />

Imortal, por pertencer a uma<br />

academia, poderá outro, sem esse<br />

mesmo título, ser imortalizado na perenidade<br />

de sua filosofia e obra. Não<br />

basta ‘estar’ Imortal. No entanto,<br />

por força de uma organização acadêmica,<br />

contarão seus Membros com<br />

grande atenção sobre suas obras e no-<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

<strong>Criticartes</strong>, com apenas um ano, dirigida<br />

por seu idealizador, o editor<br />

Rogério Fernandes Lemes, consegue<br />

tocar profundamente o âmago de<br />

quem entrevista. Base essencial a um<br />

retorno aos leitores sob máximas de<br />

exposição das mentes apontadas pela<br />

<strong>Revista</strong>. Assim senti-me, comprometido<br />

em oferecer aos leitores da<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> a minha mais ampla<br />

e profunda impressão sobre os temas<br />

levantados e de questionamentos.<br />

Dessa forma, com o passar dos<br />

anos, inequivocamente a <strong>Revista</strong><br />

<strong>Criticartes</strong> contará com uma verdadeira<br />

mostra do fazer literário brasileiro,<br />

constituindo-se em uma fonte de<br />

pesquisas, séria e comprometida, ao<br />

alcance de todos. Imprimir tamanho<br />

ritmo a um veículo de comunicação<br />

em seu primeiro ano, bem identifica<br />

aquele que o dirige – seus ideais e horizontes.<br />

Parabéns pelo primeiro ano<br />

da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>! Saio desta entrevista<br />

à ‘Aniversariante <strong>Revista</strong><br />

<strong>Criticartes</strong>’, renovado, emocionado<br />

e infinitamente agradecido por tamanho<br />

privilégio que me foi concedido<br />

por seu Diretor Presidente,<br />

Fundador e <strong>Ed</strong>itor Chefe, Rogério<br />

Fernandes Lemes. Sobretudo por encontrar-me<br />

vivo e presente neste marco<br />

histórico da literatura brasileira,<br />

de comemoração do primeiro aniversário<br />

de um veículo Nacional e<br />

Internacional de Comunicação, com<br />

evidentes princípios, nobres propósitos<br />

e irrefutáveis proficuidades.<br />

“Em nome da<br />

Academia de Letras do<br />

Brasil, utilizando-me<br />

das prerrogativas estatutárias,<br />

para indicar a<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> ao<br />

Prêmio ‘Causas<br />

Imortais/ALB/2016’,<br />

pelos relevantes serviços<br />

prestados à Cultura<br />

Literária Brasileira”.<br />

Outrossim, desejo êxito contínuo, sames,<br />

pela lembrança e ações acadêmicas,<br />

ano após ano, sem jamais cessar.<br />

Isto, por assumirem o status natural<br />

de Patronos ‘de novas Cadeiras’<br />

quando de suas mortes. Logo, as academias<br />

influenciam no reconhecimento<br />

público dos escritores ‘imortalizados’<br />

em Cadeiras Vitalícias.<br />

Não obstante, em vida, unidos em<br />

torno de academias, encontram caminhos<br />

e facilidades a uma maior visibilidade<br />

de suas obras, com naturais<br />

projeções pessoais.<br />

“A academia motiva, incentiva,<br />

fomenta e auxilia<br />

significativamente à<br />

editorialização do que é<br />

produzido por seus<br />

Membros”.<br />

Tanto pelo natural meio multiliterário<br />

ensejar trocas experienciais, quanto<br />

pela formação de elos entre autores<br />

e editoras, resultando em maiores<br />

facilidades de publicação. Os escritores<br />

necessitam fazer com que suas<br />

obras sejam lidas, propiciando reflexões<br />

e profundas mudanças comportamentais,<br />

políticas e sociais. Suas teses,<br />

ensaios, pesquisas, filosofias e dissertações<br />

científicas; e ainda contos,<br />

crônicas e poesias necessitam chegar<br />

ao grande público. Isto, em nossas visões,<br />

traduz-se como o mais importante,<br />

ao realizar pessoalmente àquele<br />

que produz, além de imprimir maior<br />

significado e sentido a sua obra. A<br />

conquista de uma Cadeira Vitalícia,<br />

em uma organização acadêmica, evidencia<br />

encontrar-se o escritor ou escritora<br />

que a ocupa, em um avançado<br />

estágio em sua carreira literária, devendo,<br />

esse importante marco, ser<br />

muito comemorado, em especial,<br />

por remeter ao escritor profissional,<br />

Imortal, pelo desígnio acadêmico.<br />

Certamente, isto se constitui em motivo<br />

de grande alegria pessoal, familiar<br />

e social. A diplomação e posse de<br />

um escritor (a) em uma academia de<br />

letras, em especial, se entende como<br />

o reconhecimento e comprovação pública<br />

daquele escritor haver consolidado<br />

seu espaço no mundo formal literário.<br />

Ou, minimamente, em franco<br />

caminho estabilizador do escritor<br />

profissional. A ALB, entre outras propostas,<br />

coloca-se ao lado de todo escritor<br />

à conquista desta nova fase em<br />

sua vida. No entanto, a ALB foge aos<br />

padrões estilizados apresentados pela<br />

Academia Francesa. A História da<br />

ALB remete diretamente a Ordem<br />

de Platão. Buscando-se na fonte, com<br />

o próprio precursor, sem estilizar, os<br />

exemplos a que deve a instituição fundamentar-se<br />

em sua trajetória e ideais,<br />

com propósitos organizacionais,<br />

procedimentais, filosóficos e normativos<br />

de Identidade Própria, como a<br />

não limitação de números de<br />

Cadeiras nas Seccionais da ALB ou,<br />

a n a l i s a d a s a p e n a s ‘ q u a l i -<br />

quantitativamente’ a obra dos<br />

Membros. Isto, por não haver razões<br />

que justifique a distinção entre àqueles<br />

que se dedicam à arte de escrever.<br />

O escritor que queira aderir à ALB<br />

exige-se tão somente comprovar ser<br />

escritor. Uma vez comprovado, será o<br />

escritor orientado ao processo de diplomação<br />

e posse em solenidade oficial<br />

da ALB aberta ao público. Vale<br />

ressaltar que a ALB não exige quaisquer<br />

contribuições mensais ou anuais<br />

para a outorga de seus diplomas e<br />

medalhas. Quaisquer exigências nesse<br />

tocante, em quaisquer instâncias<br />

da organização, distorcem e extrapolam<br />

os ideais e propósitos institucionais<br />

da Academia de Letras do Brasil.<br />

<strong>Criticartes</strong>: Por gentileza faça suas<br />

considerações finais sobre nossa entrevista.<br />

Mário Carabajal: Agradeço com veemência<br />

à <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> pelo estimulante<br />

e motivacional convite.<br />

“A entrevista à <strong>Revista</strong><br />

<strong>Criticartes</strong> propiciou-me<br />

um grande momento de<br />

reflexão sobre a trajetória<br />

da Academia de<br />

Letras do Brasil, seus<br />

ideais e metas”<br />

a serem perseguidas. A <strong>Revista</strong><br />

- 13 -<br />

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ENTREVISTA<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

úde e sabedoria aos <strong>Ed</strong>itores e<br />

Colaboradores. Salvas à <strong>Revista</strong><br />

<strong>Criticartes</strong>! Nossos sinceros votos de<br />

‘Imortalidade’ a esta verdadeira e extraordinária<br />

Obra trimestral de referenciais<br />

a um fazer literário em um país<br />

‘pobre politicamente’ - ‘rico em sonhos<br />

e ideais’ – ‘riquíssimo em coragem,<br />

perseverança e iniciativas’ a<br />

exemplo do Escritor e Poeta Rogério<br />

Fernandes Lemes e <strong>Revista</strong><br />

<strong>Criticartes</strong> – o ‘Criador e a sua<br />

Obra’, juntos, completando sua ‘Primeira<br />

Volta ao Sol’, em demonstração<br />

da possibilidade real de implementação,<br />

consecução e transformação<br />

de ‘Sonhos em Realidade’. Salvas<br />

ao seu idealizador e Presidente - celebridade<br />

literocultural brasileira por<br />

excelência e força de sua obra, ao conquistar<br />

e consolidar espaço meio a<br />

um segmento de leitores ‘altamente<br />

críticos’ – de intelectos maduros,<br />

conscientes, esclarecidos e politiza-<br />

dos. Curvo-me para cumprimentar<br />

esses célebres intelectuais, cientistas,<br />

ativistas culturais, professores e escritores,<br />

leitores da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>,<br />

com votos sinceros de saúde, prosperidade<br />

e uma passagem de ano repleta<br />

de alegria, paz e vitórias em seus<br />

projetos pessoais, familiares, institucionais<br />

e profissionais. Muito obrigado!<br />

A ALB/Ceará é a mais recente Seccional Estadual<br />

A ALB/Ceará foi instalada e seus Membros diplomados no dia 2 de julho de 2016. A Solenidade ocorreu em<br />

Fortaleza, na Assembleia Legislativa do Estado. Assumiu a Presidência da ALB no Estado do Ceará, o escritor,<br />

Imortal, Dr. Luiz Aldir.<br />

Registro Histórico Documental – Membros Fundadores Vitalícios da ALB/Ceará. Foto: ALB.<br />

Comitiva da ALB presente na Solenidade de<br />

Instalação da ALB/Ceará: Manuela<br />

Cacilda, Vice-Pres. do Conselho Superior da<br />

ALB; Clara Maciel, Pres. da ALB/BA; Casal,<br />

Professora Lorena Zago, Vice-Presi. ALB/SC-<br />

Presi. Getúlio, e esposo, escritor Zago.<br />

Vice-Presidente da ALB/SC – Presidente<br />

Getúlio, Profa. Lorena Zago, é diplomada na<br />

ALB/Humanitária pela Dra. Dinalva<br />

Carabajal - Árbitra Jurídica.<br />

Presidente e Diretora da ALB Humanitária,<br />

Carabajal e Dinalva, diplomam e empossam<br />

o Presidente Fundador da ALB/Ceará,<br />

Dr. Luiz Aldir.<br />

Primeira Dama da ALB/Ceará, Dra. Sandra<br />

Marques Lima, diplomada por Dinalva<br />

Carabajal, na ALB/Humanitária.<br />

- 14 -<br />

Convite para atividade literária alusiva<br />

ao Dia Nacional do Livro organizada<br />

pela Seccional/MS/Dourados,<br />

sob a coordenação da poetisa e membro<br />

da ALB/MS Odila Lange, apoio<br />

e presença da escritora Nena Sarti,<br />

Presidente da ALB/MS. Foram distribuídos,<br />

gratuitamente, mais de<br />

mil exemplares de autores douradenses.<br />

Estiveram presentes os membro<br />

da ALB/MS Aurineide Alencar e<br />

Rogério Fernandes; os membros da<br />

Academia Douradense de Letras<br />

Leonir Menegati e Merlinton Braff.<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Morte<br />

Marise Andreatta<br />

Dourados, MS<br />

@: mariseandreatta.2013@gmail.com<br />

Morte...<br />

Quem quer saber de ti?<br />

Infame presença,<br />

Pois, de súbito, retira o desejo de ser pessoa.<br />

O sorriso dos lábios se esvai...<br />

Permanece apenas a matéria fria<br />

Testificando que o tempo fechou...<br />

E o dia na terra findou.<br />

A marcha silenciosa do sepultamento<br />

carrega as dores de quem ficou.<br />

Choro... tristeza...<br />

Poderia ter abraçado um dia mais?<br />

A morte diz que não.<br />

A família desunida, estranhamente unida no<br />

dia da visitação da morte.<br />

Os laços de intrigas, como névoa,<br />

parecem desfeitos!<br />

Pura aparência.<br />

Não há mais tempo de consertar os relacionamentos,<br />

já que o fôlego de vida cessou.<br />

A morte levou a esperança<br />

de prosseguir os sonhos!<br />

Estranha morte.<br />

O único som é o barulho da terra<br />

lançada em cima do caixão.<br />

Porém, a alma alcançou liberdade da prisão<br />

do corpo de uma eterna mesmice na terra.<br />

... Eu pergunto:<br />

Viverá a alma em outro tempo?<br />

Se sim, que seja um tempo melhor que este...<br />

http://img.theepochtimes.com<br />

Chorinho<br />

Varenka de Fátima Araújo<br />

Salvador, BA<br />

@: venkadefatima@hotmail.com<br />

Só e abandonada no meu quarto<br />

Naquele silêncio noturno<br />

Fiquei a divagar em sonhos<br />

Ouvi sons de choro<br />

Este ritmo puramente brasileiro<br />

Da janela visualizei<br />

Estavam, Osmar e os Regionais<br />

Um tocava flauta,outro no bandolim<br />

O cavaquinho executava a melodia<br />

Dois violões de cordas acompanhavam<br />

E o pandeiro marcando o ritmo<br />

Tocaram música de Pixinguinha<br />

O carinhoso me emocionou!<br />

Com o tico-taco no fubá<br />

O coração transbordou de alegria<br />

A serenata acabou....<br />

Minha alma em desejos<br />

Ficou sentindo o chorinho<br />

E no dia 23 de abril comemoro<br />

Ouvindo muito chorinho.<br />

- 15 -<br />

SINOPSE - Nau dos Amoucos<br />

Em que o amor é diferente da loucura? Este é um dos questionamentos<br />

de Inácio, homem de cinquenta anos que acaba de enterrar<br />

a mãe, consumida pela loucura. Esta morte faz com que ele seja<br />

lançado na roda do tempo. Até ali, passara a vida preso em fendas<br />

temporais, dividido entre amores presentes e passados. Ao<br />

reencontrar um amor suspenso há anos, o sentimento que estava<br />

congelado começa a derreter e toma sua vida de forma que sua<br />

velha casca já não lhe cabe mais. Os dois acontecimentos fazem<br />

com que se depare com a pergunta sobre seu desejo, e terá que se<br />

haver com isso, reescrevendo uma nova história.<br />

Autora: Isloany Machado Contato: isloanymachado@gmail.com<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br


Artigo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

http://papodehomem.com.br<br />

Um jardim para o poeta<br />

Maria Eugênia Amaral<br />

Dourados, MS<br />

@: mariaeugenia.amaral@gmail.com<br />

- 16 -<br />

Há meses que trabalho nele, planejando, organizando,<br />

encomendando mudas e plantando.<br />

Uma jabuticabeira, dezenas de chuvas-de-ouro fixadas<br />

em uma antiga mangueira, canteiros de alecrim,<br />

lavanda e amendoinzinho, além de duas árvores<br />

para colher pitangas e acerolas. Um jardim feito<br />

com e para os sentidos: para olhar, tocar, colher,<br />

cheirar, comer. Mas sempre faltava um pé de alguma<br />

coisa, cobertura para algum canteiro, uma muda<br />

pra transplantar... E hoje, ao sentir o aroma do<br />

alecrim e me alegrar com os primeiros botões da alamanda<br />

amarela, decidi que o jardim estava pronto.<br />

Foi então que encontrei um joão-de-barro caído,<br />

agonizante sobre o gramado. Um calafrio me percorreu<br />

e pensei, com tristeza profunda: “O poeta está<br />

partindo...”. Ontem mesmo eu havia conversado<br />

com amigos sobre sua hospitalização e a fragilidade<br />

de sua saúde.<br />

A tristeza não me atingiu em vão. Manoel de<br />

Barros foi embora e deixou órfãos incontáveis: borboletas,<br />

pedras, sapos, árvores, lesmas, jabutis, pássaros,<br />

rios e até o vento. Nem o cachorro Ramela escapou.<br />

Ficamos todos à deriva, buscando terra firme,<br />

sem asas, com ramos caídos, pernas e patas sem<br />

chão.<br />

Faz muito tempo que nos conhecemos, e no<br />

começo achei muito esquisitas aquelas suas palavras,<br />

à primeira vista tão sem pé nem cabeça — como<br />

se a alguma delas faltasse cabeça ou pé. E então, baixando<br />

a guarda e deixando-me contaminar por suas<br />

invencionices, fui abduzida em 1985.<br />

A nave alienígena foi um livro seu. Na época,<br />

coordenando um grupo de pesquisa na UFMS,<br />

estudávamos sobre biodiversidade de plantas aquáticas<br />

e sua fauna associada. E eu passava a vida envolvida<br />

com questões a serem respondidas sobre padrões<br />

e processos reguladores, com planilhas, análises<br />

estatísticas e uma parafernália de teorias e hipóteses<br />

sobre a diversidade biológica no Pantanal. Foi<br />

quando li em seu “Livro de pré-coisas” que “no<br />

Pantanal ninguém pode passar régua. Sobremuito quando<br />

chove. A régua é existidura de limite. E o Pantanal não<br />

tem limites” — e uma revelação me atingiu como um<br />

raio. Eu era uma besta! Tanto trabalho, tanta pesquisa,<br />

e o poeta matava a questão a pau, nua e crua.<br />

Nunca mais fui a mesma.<br />

Hoje não tem mais jeito; vou deixar a tristeza<br />

me derrubar. Mas amanhã, prometo, vou dançar<br />

de cabelos soltos no jardim, dando bom dia às lesmas<br />

e beija-flores, celebrando a alegria de ter em<br />

mãos (a ao alcance de minha compreensão) poemas<br />

como os seus.<br />

Obrigada, Manoel de Barros!<br />

Publicado no dia 13/11/2014 em: www.mariaeugeniaamaral.com<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br


Homenagem<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Nosso Manoel...<br />

Bianca Marafiga<br />

Dourados, MS<br />

@: biancamarafiga@hotmail.com<br />

Renovando o homem usando borboletas,<br />

Arquitetando silêncios...<br />

Em uma casa ou em uma rua sem nome.<br />

Ele, um homem simples.<br />

Escuta a voz dos passarinhos que recitam,<br />

E canta a canção das cigarras que arrebentam o verão.<br />

O glorioso...<br />

E não um Manoel qualquer...<br />

Aquele criado no mato,<br />

Que aprendeu a gostar das coisinhas do chão,<br />

Antes mesmo das coisas celestiais.<br />

Aprendeu mais com as abelhas do que com aeroplanos.<br />

Manoel não queria significar,<br />

Apenas queria assim como eu,<br />

Inventar caminhos com novas palavras.<br />

Hoje não mais apenas Manoel de Barros, mas Manoel dos Céus,<br />

“Fecho os olhos, descanso. Os ventos levam-me longe... Longe”<br />

E assim, por aqui ficam os poetas que Manoel inspirou.<br />

Fica também a certeza de que encontrou por lá,<br />

Coisas mansas, e a liberdade para o silêncio das formas e das<br />

cores.<br />

Manoel Venceslau Leite de Barros<br />

Joabnascimento<br />

Camocim, CE<br />

@: joaobnascimento55@gmail.com<br />

Aos dezenove dias do mês<br />

Ano de mil novecentos e dezesseis<br />

O mês era dezembro<br />

Manoel de Barros nascia<br />

Trazendo consigo a poesia<br />

A hora exata eu não lembro.<br />

Aquele pequeno menino<br />

Com alcunha de “neguinho”<br />

Precisava estudar<br />

Aos oito anos de idade<br />

Partiu pra outra cidade<br />

Para o colégio se internar.<br />

Marcos Coelho<br />

Dourados, MS<br />

@: sagitariusdin@hotmail.com<br />

Menino Manoel...<br />

Barros de Manoel...<br />

Barros – Olaria...<br />

Barros – Poesia...<br />

Manias de Manoel...<br />

Carrossel Quebrado...<br />

Garoto Levado...<br />

Quinquilharias...<br />

Desprezos e Incertezas...<br />

Durezas e Asperezas...<br />

Sentir dualizado...<br />

Impossível de ser decifrado...<br />

Apenas sentido, domado...<br />

Bugigangas...<br />

Roncos de Bugio...<br />

Pé de Cedro...<br />

Corumbás e Cuiabás...<br />

Letras, Cigarras, Lesmas...<br />

Caracóis...<br />

Águas e Chão...<br />

Um Encontro amoroso...<br />

Fecundante...<br />

O Dialeto Manoelês...<br />

O Seu Ressonante poema...<br />

Ser de Bugre e de Brejo...<br />

Águas: Início das Aves... dos Peixes...<br />

dos Homens...<br />

Manoel – de Barros –<br />

de Brejo – de Tudo...<br />

TUDO: Poesia... Matéria –<br />

Química – Essência.<br />

Original – Origem: Menino – Poesia...<br />

Após ter um monumento pichado<br />

Um livro que nunca foi publicado<br />

O livrou certa vez da prisão<br />

A dona da pensão o protegeu<br />

Aos policiais o livro ele deu<br />

“Nossa senhora de minha escuridão”.<br />

Com um ano de idade<br />

Mudou-se pra outra cidade<br />

Foi morar em corumbá<br />

Na região do pantanal<br />

Viveu no meio de curral<br />

Deixava a cidade de Cuiabá<br />

Após dez anos de internato<br />

Com os livros teve contato<br />

Do padre Antonio Vieira<br />

Partiu para o rio de janeiro<br />

Foi comunista e grafiteiro<br />

Quase foi preso ao dar bobeira.<br />

- 17 -<br />

Com o seu idealismo<br />

Aderiu ao comunismo<br />

Formou-se em advocacia<br />

Foi membro da “juventude comunista”<br />

Assim de vez ele conquista<br />

Tudo aquilo que queria.<br />

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Homenagem<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Desde os treze anos de idade<br />

Já demonstrava afinidade<br />

Admirava a poesia<br />

Só aos dezenove anos escreveu<br />

O primeiro poema seu<br />

Para o nosso prazer e alegria.<br />

O primeiro livro publicado<br />

“Poemas concebidos sem pecados”<br />

Foi feito artesanalmente<br />

Esse foi o ponto de partida<br />

De tantos outros em sua vida<br />

Que viriam naturalmente.<br />

“Não assumir reponsabilidade<br />

Com a prática da verdade<br />

No meio da literatura”<br />

Com seu rico material sensitivo<br />

Usando o seu arbítrio criativo<br />

Fez da poesia a sua arte pura.<br />

Do comunismo se desligou<br />

Quando prestes o decepcionou<br />

Após dez anos de prisão<br />

“Quando o seu discurso escutei<br />

Sentei na calçada e chorei”<br />

Foi grande a decepção.<br />

Saiu sem rumo desconsolado<br />

Largou tudo de lado<br />

E voltou para o pantanal<br />

Dali foi pra Bolívia e Peru<br />

Depois saiu da América do Sul<br />

Em Nova York fez uma pausa afinal.<br />

Passou um ano estudando<br />

Cinema e pintura cursando<br />

Reforçou seu sentido de liberdade<br />

Ao voltar par o seu país<br />

O destino deus assim quis<br />

Conheceu o motivo da sua felicidade.<br />

Stella o seu grande amor<br />

Após três meses com ela casou<br />

Viveram sempre apaixonados<br />

Pedro, Marta e João.<br />

São frutos dessa união<br />

Filhos por deus abençoados.<br />

Com muitos prêmios conquistados<br />

Sempre viveu no anonimato<br />

Por sua culpa e opção<br />

Depois que Millôr o descobriu<br />

Sua fama logo emergiu<br />

Popularidade em toda a nação.<br />

Carlos Drummond com bom motivo<br />

Recusou o epíteto de maior poeta vivo<br />

Que existia nessa nação<br />

Em prol do poeta Manoel<br />

Pra quem ele tirou o chapéu<br />

Com autoridade e razão.<br />

Foi um poeta renomado<br />

Seu nome é considerado<br />

Em qualquer parte, que for<br />

Conhecido nacionalmente<br />

Suas obras estão presentes<br />

No Brasil e no exterior.<br />

Entre muitas homenagens<br />

Enriqueceram a sua bagagem<br />

Com prêmios que colecionou<br />

São tantos para falar<br />

Os maiores eu tenho que citar<br />

Dois prêmios jabuti ele ganhou.<br />

Estabeleceu-se como fazendeiro<br />

Da propriedade que foi herdeiro<br />

Do seu velho genitor<br />

Continuou poetisando<br />

Suas obras sempre editando<br />

Encantado o seu leitor.<br />

O homem parte a obra permanece<br />

E assim ele enriquece<br />

De uma forma genial<br />

O grande poeta partiu<br />

Seu legado ao povo serviu<br />

Será sempre um imortal.<br />

No ano do seu centenário<br />

É justo, é extraordinário.<br />

Esse grande reconhecimento<br />

Com meu modo simples de falar<br />

Estou a lhe homenagear<br />

Com honraria no meu pensamento.<br />

“O tempo não<br />

morre, o tempo<br />

nasce, então não<br />

devemos ter esse<br />

sentimento<br />

melancólico pelo<br />

tempo que passa”.<br />

Manoel de Barros<br />

(1916-2014)<br />

- 18 -<br />

Poeta<br />

Manoel de Barros<br />

Odila Lange<br />

Dourados, MS<br />

@: odilalange@yahoo.com.br<br />

Manoel de Barros,<br />

Poeta? Escritor? Pensador?<br />

Pregador ou Escultor?<br />

Escultor, sim, pois<br />

Esculpe com as palavras!<br />

Pregador de sentimentos.<br />

Poeta,<br />

Em qualquer momento<br />

É um monumento!<br />

Poesia é esquecer:<br />

O frio, a fome,<br />

O salário.<br />

É não explicar nada,<br />

Nem o imaginário.<br />

Poesia não se come,<br />

Nem se veste,<br />

Mas se investe,<br />

Na mente inteligente<br />

De muita gente!<br />

Poetar é não dizer nada.<br />

É jogar com as palavras.<br />

É confeccionar ilusões.<br />

Iluminar corações.<br />

É esquecer o útil.<br />

É trabalhar com o inútil!<br />

Manoel de Barros,<br />

Fala por metáforas,<br />

Busca incorporação<br />

Em sua criação!<br />

Manoel de Barros,<br />

Exige transcendência<br />

E um certo grau<br />

De inteligência!<br />

Seus poemas<br />

Fogem do banal,<br />

São para serem lidos<br />

Mas não entendidos,<br />

Por qualquer mortal!<br />

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Homenagem<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

www.noticias.ms.gov.br<br />

Ao poeta<br />

pantaneiro<br />

Lindita<br />

Belo Horizonte, MG<br />

@: etsimoes@gmail.com<br />

O Poeta já cantou<br />

Toda a sua incompletude<br />

Sua vida renovou<br />

No caminho da virtude.<br />

Eu tenho em mim também<br />

Um atraso de nascença<br />

Nunca vou muito além<br />

Apesar da benquerença.<br />

Eu também sou aparelhada<br />

Pra gostar da natureza<br />

Ela é a minha amada<br />

Por sua imensa beleza.<br />

Borboletas sei amar<br />

Pela luta que empenharam<br />

Meu quintal é o meu lar<br />

Meus sonhos nele ficaram.<br />

Já morei em meu abismo<br />

Mas guardei no peito o amor.<br />

Com as fraquezas nunca cismo<br />

A vida me dá vigor.<br />

Eu não sei fotografar<br />

O silêncio que adoro<br />

Mas quero fotografar<br />

A existência em que moro.<br />

O fazedor de<br />

amanhecer<br />

poema de Manoel de Barros<br />

Sou leso em tratagens com máquina.<br />

Tenho desapetite para inventar<br />

coisas prestáveis.<br />

Em toda a minha vida só engenhei<br />

3 máquinas<br />

Como sejam:<br />

Uma pequena manivela<br />

para pegar no sono.<br />

Um fazedor de amanhecer<br />

para usamentos de poetas<br />

E um platinado de mandioca para o<br />

fordeco de meu irmão.<br />

Cheguei de ganhar<br />

um prêmio das indústrias<br />

automobilísticas pelo<br />

Platinado de Mandioca.<br />

Fui aclamado de idiota pela maioria<br />

das autoridades na entrega do prêmio.<br />

Pelo que fiquei um tanto soberbo.<br />

E a glória entronizou-se<br />

para sempre em<br />

minha existência.<br />

Nos pensamentos meus,<br />

A vida é sempre assim<br />

Vejo o perfume de Deus<br />

Nas flores do meu jardim.<br />

- 19 -<br />

Alguns dos livros de Manoel de Barros<br />

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Artigo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Por uma política<br />

cultural pública<br />

C<br />

Dinovaldo Gilioli<br />

Florianópolis, SC<br />

@: dinogilioli@yahoo.com.br<br />

ultura não é só literatura, música, cinema,<br />

teatro, dança, artes plásticas. É também<br />

o conjunto das chamadas “culturas populares”,<br />

o artesanato, as festas e o folclore. Além<br />

disso, é a forma de comer, de vestir, de enterrar<br />

nossos mortos, de viver. Enfim, é um processo<br />

de construção permanente no qual homens<br />

e mulheres são sujeitos criadores. Mais<br />

do que entretenimento, é o modo pelo qual<br />

uma sociedade dá sentido à sua própria existência.<br />

Compartilhando da ideia de que nenhuma<br />

cultura é superior a outra, uma política cultural<br />

de caráter público, democrático, pluralista<br />

não deve reforçar as diferenças entre o<br />

que se conhece geralmente como “cultura<br />

erudita” (música clássica, balé, literatura,<br />

ópera, etc.) e “cultura popular”. Pelo contrário,<br />

para que não haja uma sobreposição de<br />

valores, deve-se estimular a diversidade de<br />

práticas culturais e provocar o encontro das<br />

várias maneiras do fazer cultural. Sem esquecer<br />

que certas atividades são simplesmente<br />

invenções da indústria cultural que recorrem<br />

à padronização/massificação, visando<br />

apenas ao lucro. Ou ainda servem a interesses<br />

populistas e dominantes.<br />

Neste sentido, uma política cultural<br />

pública deve incentivar e provocar a autoorganização<br />

dos setores culturais, a fim de<br />

que a produção cultural não fique sujeita aos<br />

interesses do Estado e/ou iniciativa privada,<br />

contribuindo para que a pluralidade cultural<br />

que compõe o município assuma o destino<br />

de suas práticas, não abdicando de sua herança<br />

ancestral, nem do direito à invenção.<br />

Essa política deve ainda resgatar a memória<br />

cultural do povo, preservar a sua identidade<br />

e estimular o intercâmbio dentro e fora do<br />

país.<br />

É preciso romper com a lógica privatista,<br />

em que o poder público procura se desvencilhar<br />

de sua função social. Afinal de contas,<br />

por que pagamos impostos, a serviço de<br />

que, e de quem, deve estar o Estado? É fundamental<br />

e urgente cobrar dos gestores da coisa<br />

pública a responsabilidade perante as necessidades<br />

culturais da cidade, que leve em<br />

consideração os artistas, os produtores culturais<br />

e a população.<br />

Por fim, uma política cultural pública<br />

deve estimular a produção e possibilitar o<br />

acesso aos bens culturais sem privilégio de<br />

qualquer espécie e contribuir para a efetiva<br />

construção da cidadania, em que sujeitos críticos<br />

– verdadeiros fazedores da história, tomem<br />

em suas mãos o controle das práticas<br />

culturais.<br />

Em tempos neoliberais, de endeusamento<br />

do mercado, de exacerbado culto ao<br />

individualismo, de selvagem competição e<br />

egoísmo, nunca foi tão importante valorizar<br />

a cultura, como identidade genuína de um<br />

povo e da nação, pois a ação cultural pode<br />

propiciar espaços que resgatem, preservem e<br />

criem novos vínculos de solidariedade, em<br />

que o ser humano sobreponha todas as coisas.<br />

- 20 -<br />

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Artigo<br />

Políticos e População:<br />

Quem leva à<br />

Corrupção?<br />

Antônio Marcos da Silva Santos<br />

Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE<br />

M<br />

onte Alegre de Sergipe, esta pequena<br />

cidade do sertão sergipano possui cerca de<br />

quinze mil habitantes. Apesar da sua pequena<br />

extensão territorial, bem como a sua quantidade<br />

populacional, a mesma sofre constantemente<br />

do mal denominado corrupção. Vivo nesta<br />

cidade há nove anos, e ao longo desse tempo<br />

percebi várias irregularidades nos sistemas políticos<br />

vigentes. Estas, de certa forma, são notórias,<br />

entretanto, parece que a população se recusa<br />

enxergar tamanhas putrefações. Já que desregrados<br />

são eleitos continuamente.<br />

Avaliando essas falcatruas, notei primeiramente<br />

a situação social e econômica do município.<br />

Este está estagnado, não há produtividade<br />

e muito menos sinais de desenvolvimento.<br />

Obras, somente construções particulares; apoio<br />

hospitalar, encontra-se na cidade vizinha; entretenimento,<br />

apenas a feira municipal. Nessas<br />

perspectivas, anos se passam e não consigo visualizar<br />

nenhuma diferença na cidade, a não ser<br />

os bancos da praça pintados com as cores do<br />

partido em épocas de eleições municipais.<br />

De acordo com o que já foi dito, surge<br />

uma dúvida: Para onde vai o dinheiro público?<br />

Isso é notório, uma pequena parcela será aplicada<br />

para persuadir a população com distintas<br />

formas de propina, e o restante será utilizado<br />

para o bem próprio. Ações corruptas como essa,<br />

acontecem frequentemente por todo Brasil.<br />

A exemplo disso, de acordo com o site cidadeverde.com,<br />

atualmente um prefeito e mais<br />

quinze pessoas foram presas suspeitas de corrupção<br />

na cidade de Redenção do Gurgueia,<br />

município do Piauí. De acordo com a fonte,<br />

ocorreu um rombo de R$ 17 milhões nos cofres<br />

públicos nos últimos três anos. Com essa<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

- 21 -<br />

informação, é perceptível afirmar que a corrupção<br />

se alastra por todo território nacional, infectando<br />

o país incessantemente.<br />

Nesse contexto, lembro-me das ideias do<br />

célebre pensador Montesquieu, responsável pela<br />

sistematização e ampliação da divisão dos poderes,<br />

os quais consistiam na concretização de<br />

uma democracia plena. Consequentemente,<br />

percebo que aqui em Monte Alegre de Sergipe<br />

esses poderes, executivo, legislativo e até o judiciário,<br />

estão repletos de políticos corruptos. À<br />

vista disso, ideias elaboradas por filósofos iluministas<br />

e regidas por várias nações, estão comprometidas<br />

pelo mal da corrupção nos dias atuais.<br />

À medida que essa ilegalidade aumenta,<br />

o ambiente politicamente democrático decresce,<br />

causando assim o lento desenvolvimento<br />

do espaço atingido. Monte Alegre de Sergipe<br />

engloba-se nesse espaço, visto que o município<br />

sofre com um constante decréscimo socioeconômico,<br />

acarretado pela má administração dos<br />

políticos eleitos pela maioria da sua população.<br />

Esta, geralmente leiga, persuadida com bastante<br />

facilidade por políticos desregrados durante<br />

as eleições, contribui indiretamente com o retrocesso<br />

da cidade.<br />

Dessa forma, é válido ressaltar que a população<br />

a mercê da escassez de conhecimento<br />

político, é convencida pelos corruptores através<br />

de “suportes” fajutos, como o botijão de gás<br />

por exemplo, um dos principais objetos de propina<br />

utilizado pelos imorais. Situações como essa<br />

ocorrem constantemente durantes as eleições<br />

municipais. E com isso, noto que a maioria<br />

populacional se satisfaz com míseras ações<br />

fraudulentas dos políticos. Estes, quando eleitos,<br />

dissipam-se das ruas e somente ressurgem<br />

na próxima caça aos ignorantes, enquanto a<br />

massa convive com a escassez de políticas públicas<br />

dignas para o seu bem-estar.<br />

Portanto, concluo que, inescrupulosos<br />

são eleitos repetidamente. E, com isso, a cidade<br />

não floresce. Monte Alegre de Sergipe, de fato,<br />

mergulha em um oceano profundo de corrupção.<br />

Mas, e a população? Espera ansiosamente<br />

pelo próximo botijão de gás?<br />

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Crônica<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Amor e esperança:<br />

dois sentimentos inseparáveis<br />

O<br />

dia surge com o raiar do sol. Logo vem a<br />

esperança de cada ser humano, alguns agradecem<br />

por ter conseguido visualizar o brilho de mais<br />

um amanhecer, outros lamentam por ainda viver.<br />

O fato é: nunca estaremos compartilhando<br />

da mesma energia astral.<br />

Não sei o motivo de isso acontecer, mas<br />

sei que aquela mulher, residindo no mais longínquo<br />

lugar, Dona Rose, sempre traz consigo a<br />

esperança de o dia de hoje ser muito melhor que<br />

o de ontem. Onde ela busca esta energia? Por<br />

que ela nunca está do lado contrário?<br />

Acredito que deve haver algum mistério<br />

rondando a vida dessa jovem mulher, o que será?<br />

Diante dessa interrogação, comecei a observar<br />

essa criatura com mais frequência e aproximação.<br />

Assim, fui descobrindo que cada ser humano<br />

busca acreditar em uma esperança capaz<br />

de tornar-se real ou não, mas mesmo assim não<br />

desacredita no amanhã.<br />

A senhora, olhos claros, pele branca e cabelos<br />

pretos, traz consigo a marca de uma vida estigmatizada<br />

pela força da ideologia machista,<br />

personificada na pessoa do seu esposo, um homem<br />

de olhos e cabelos pretos, estatura mediana,<br />

pele parda e não possuidor de um físico saudável.<br />

Desde que se casou, aos 14 anos de idade,<br />

não sabe ou nunca presenciou uma palavra de<br />

afeto/carinho do seu companheiro. Como pode<br />

um ser sobreviver a tal situação?<br />

Esse questionamento é feito, caro leitor,<br />

para que possamos pensar, mas continuo sem saber<br />

o motivo para tão honroso respeito e cuidado<br />

que a renegada atribui ao seu homem.<br />

Quando começo a analisar, logo percebo<br />

que o comportamento da refém deve-se, uma<br />

parte, à sua criação, pois sempre foi admirada<br />

- 22 -<br />

Carlos Alexandre Nascimento Aragão<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE<br />

@: cana_aragao@yahoo.com.br<br />

por seus irmãos e pais. A criação reflete na construção<br />

do sujeito adulto. A outra parte está atrelada<br />

ao imaginário social perpetuado no seio da<br />

sociedade quando as mulheres são desacompanhadas<br />

dos seus esposos. Elas tornam-se vulneráveis<br />

ao famoso pensamento “separou-se para<br />

vadiar com outros homens”.<br />

Será mesmo que as Roses existentes neste<br />

vasto mundo compartilham desta ação? É fácil,<br />

leitor, apontarmos o indicador na direção de<br />

qualquer ser, mas é muito difícil buscarmos o real<br />

motivo de uma separação. É por isso que continuaremos<br />

ver Roses sendo machucadas, assassinadas<br />

e em muitos casos silenciadas por não terem<br />

forças para enfrentar a voz de uma sociedade<br />

hipócrita.<br />

Nesse sentido, a energia emanada do<br />

olhar, sorriso e atenção da Dona Rose advém da<br />

esperança de um dia poder ouvir do seu grande<br />

e único amor, um obrigado ou até mesmo um<br />

perdão. Ela estará pronta para perdoá-lo, porque<br />

o amor é o laço mais forte que os une. Ah,<br />

como é bom amar! Mas amar exige retorno, ser<br />

amado também.<br />

Será que diante da arrogância, do machismo<br />

não deve existir um pequeno afeto? Pode<br />

não ser visível, porque homem não ama.<br />

Homem trabalha para manter a sobrevivência<br />

do clã.<br />

É, nobre, leitor, enquanto alguns demonstram<br />

o seu amor, mesmo se submetendo às<br />

situações constrangedoras, outros preferem esconder<br />

esse sentimento. Sejamos como a Rose,<br />

exalando esse perfume de esperança por dias melhores,<br />

esperando a Rosa se abrir, enfeitando o<br />

dia de cada ser que busca viver, independente da<br />

situação, um amor viniciano.<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Versos de amor<br />

DICA DE FILME<br />

Ponto de Mutação<br />

Eunice Guimarães<br />

Aracaju, SE<br />

@: eunicegarcia07@gmail.com<br />

Sobre a terra, paira a quietude de um novo alvorecer!<br />

A esta hora vinde beijar-me a boca,<br />

Que eu sinta teu calor por um instante!<br />

Suave riso em tua face resplandece!<br />

Ó sonhos cor de sol nascente!<br />

Tua voz tão linda se fez... a cantar como<br />

Um pássaro, a mais doce melodia!<br />

O amor impera nesse momento!<br />

Nossas Almas, uno se transformam!<br />

Meu coração palpita d'amor por ti!<br />

Um sonho que em realidade se fez...<br />

A noite que se fez dia!<br />

Teus olhos de mel, em Luz se fez!<br />

A falar do amor que no peito trazia...<br />

E em versos esse amor jorrou!<br />

https://petusp54.files.wordpress.com<br />

Madrugada<br />

Jani Brasil<br />

Brasília, DF<br />

@: janibrasil7@gmail.com<br />

Na madrugada fria<br />

Ouço a voz da solidão<br />

A me abraçar...<br />

Ouço o tic tac<br />

De um coração a pulsar<br />

Ouço o pensamento voar...<br />

Em desejos ardentes a pulsar...<br />

Ouço o sonho a derramar...<br />

Ouço a lágrima a rolar...<br />

Mas acima de tudo...<br />

Ouço Deus a me acalmar!<br />

- 23 -<br />

Sinopse<br />

Adaptação cinematográfica do físico<br />

Fritjof Capra, um dos maiores pensadores<br />

da atualidade, para seu best-seller, em<br />

que reflete sobre a sociedade<br />

contemporânea a partir de um<br />

paradigma holístico de ciência e de<br />

espírito. Na belíssima cidade medieval<br />

de Saint Michel, na França, uma física<br />

afastada do trabalho devido a conflitos<br />

éticos (Liv Ullmann, de Sonata de<br />

Outono); um candidato à presidência<br />

dos EUA derrotado nas eleições (Sam<br />

Waterston, de Gritos do Silêncio) e um<br />

poeta que acabou de viver uma<br />

decepção amorosa (John Heard, de<br />

Prison Break) se encontram e conversam<br />

sobre ecologia, guerra, políticas e<br />

filosofias alternativas para o século XXI.<br />

Fonte: www.interfilmes.com<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

http://somostodosum.ig.com.br<br />

A morte da<br />

vida que mata<br />

Valeria Gurgel<br />

Itabirito, MG<br />

@: vallecrisgur@yahoo.com.br<br />

A<br />

morte sempre tem sido um tema visto pelo<br />

âmbito da ambiguidade. Como uma controvérsia<br />

que ao mesmo tempo em que aterroriza, angustia,<br />

traumatiza, apavora, também desperta certo fascínio<br />

e curiosidade, pois que a única certeza dessa vida,<br />

ainda que inadmissível por muitos, é a morte.<br />

Assim, mesmo que o medo pelo desconhecimento<br />

e vulnerabilidade do tema que engloba a vida<br />

diante da morte exista, aí mora a curiosidade indomável<br />

por essa suscetibilidade de uma complexidade<br />

heterogênica, quando o tema é estudado e<br />

pesquisado por filósofos, religiosos, céticos, povos<br />

de todos as origens e de todas as culturas, de<br />

todos os tempos.<br />

E desde a criação do mundo e dos seres viventes,<br />

surge a morte, que passa a ser enxergada<br />

como o fim de uma etapa, de uma jornada, cumprimento<br />

de uma missão, castigo, fechamento de<br />

um ciclo evolutivo, ou o extermínio do próprio<br />

corpo físico, da matéria densa, do invólucro da<br />

energia cósmica que forma a vida e até um desfragmentar<br />

do etéreo para os que interpretam a<br />

energia também como uma matéria sutilmente<br />

cósmica. São as formas curiosas e diferentes de se<br />

analisar o tema, mas sempre acolhendo o respeito<br />

pelo receio ao desconhecido ao incompreendido,<br />

ao que foge do controle humano. Talvez, seja necessário<br />

desmitificarmos o real sentido da vida para<br />

não mais precisar aterrorizar se com a morte.<br />

Mas e se enxergássemos a morte por um aspecto<br />

analítico da morte da vida que mata?<br />

A morte vista de uma forma efêmera e distinta<br />

acontecendo a cada fração de segundos como certa<br />

renovação celular, energética e cósmica?<br />

Como ensinamento, lapidação da ideia<br />

grotesca que alimenta a vida que se mata aos poucos,<br />

acreditando estar vivendo para um dia morrer?<br />

E, a partir daí, perceber o comprometimento<br />

que ambas temem entre si, ao ponto de numa<br />

dicotomia entre a vida e a morte não poder<br />

prever quando a vida mata a morte ou quando a<br />

morte mata a vida?<br />

Pois que se morre vivendo a cada dia e muitos<br />

estão se matando a todo instante sem perceber!<br />

Quando o deserto do egoísmo nutre a solidão<br />

de areia desenhando formas irreais do viver.<br />

Amores sem essência e valores sem consistência.<br />

A morte poderia ser nada mais nada menos que a<br />

morte que a vida mata!<br />

Então porque essa utopia que afirma que a<br />

morte sempre chega de forma estupidamente repentina<br />

em nossas vidas? Ou que nos pega de surpresa?<br />

Ou até que nunca estaremos preparados para<br />

encará-la de frente? Aquele que mais viveu seria<br />

então o que permaneceu longos anos sobre a<br />

Terra? Ou talvez o que menos viveu fosse aquele<br />

que temendo a morte tentou evita-la de forma infantil,<br />

e covarde, enterrando sonhos, dormindo<br />

oportunidades, conservando ideias em cérebros<br />

congelados para não deteriorar os sentimentos?<br />

Quantos nós já foram dados em laços de liberdade<br />

e quantas algemas o destino permitiu pela ânsia<br />

de ser feliz?<br />

A morte só mata a vida que não se deixa viver!<br />

Que não se permite burilar o oleiro da consciência!<br />

Pedras brutas se deslocam da inércia<br />

quando a morte sacode o deserto da ignorância!<br />

E levanta a poeira que os ventos da inconsciência<br />

exalam, contaminando consciências letárgicas de<br />

vidas em decomposição, meros cadáveres ambulantes<br />

circulam pelas academias do saber em busca<br />

de um sentido real que os façam ressurgir do<br />

abismo da incoerência de saber viver.<br />

- 24 -<br />

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Vida e Obra<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Conhecendo<br />

o Poeta<br />

Cláudio Dortas<br />

Estâncias, SE<br />

@: claudiodortas@gmail.com<br />

O Poeta com as Antologias Logos, da Fénix e O Colecionador de Poesias somamos 17 publicações desde 1982.<br />

O Poeta e Escritor, Cláudio Dortas Araújo,<br />

nasceu na Cidade de Itabuna, no Estado da Bahia,<br />

reside na Cidade de Estância, O Berço da Cultura<br />

do Estado de Sergipe, onde nasceu o Primeiro<br />

Jornal O Recopilador Sergipano, desde 03 (três)<br />

meses de Vida. Começou a escrever poemas,<br />

contos e textos de cunho com abrangência social<br />

com 14 anos de idade, e no ano de 1982, começou a<br />

escrever nos Jornais Estancianos: Nosso Jornal,<br />

Jornal Folha Trabalhista, Jornal do Conselho<br />

Tutelar, Jornal Gazeta de Estância, Jornal O<br />

Caminho, Jornal da Diocese de Palmeira dos<br />

Índios (AL), Jornal Sul de Sergipe, Jornal A<br />

Tribuna Cultural, Jornal Folha da Região, Jornal<br />

Cidade Nova Notícias, Jornal do Piauitinga, Jornal<br />

do Dia(Aracaju), Jornal Cinform (Aracaju),<br />

Correio de Sergipe (Aracaju), Jornal Super Popular<br />

(Aracaju), Jornal de Pomerode (SC).<br />

No ano de 1991, precisamente no dia 24 de<br />

fevereiro, junto com mais de duas dezenas de<br />

poetas, funda o Clube dos Poetas Estanciano,<br />

Entidade de Utilidade Públicas Municipal e<br />

Estadual, Leis: 819/1991 e 8.092/2016. No ano de<br />

1999 Lança o seu primeiro Livro “Horizontes de<br />

liberdade e fé”; no ano de 2001 lança o Livro<br />

“Estrada de infinito e de paz”; no ano de 2010 lança<br />

o seu terceiro Livro “Alumbramentos d’alma”;<br />

nesse mesmo ano participa da Antologia Nacional<br />

Poesias Encantadas Vol. I; no ano de 2012<br />

participa do Vol. IV; em 2014 participa do Vol. VII.<br />

No ano de 2015 participa da Antologia<br />

Nacional Talento Poético; no ano de 2013<br />

- 25 -<br />

participa da Antologia Internacional Asas da<br />

Liberdade “Desde o Brasil até o Chile em verso e<br />

Prosa”. No ano de 2015 participa das Antologias: I<br />

Antologia dos Escritores Aracajuanos e<br />

Convidados e I Antologia Poética de Sergipe<br />

Poetizando A Vida. Ainda no ano de 2015, torna-se<br />

Colunista do Jornal Leopoldinense, da Cidade de<br />

Leopoldina, no Estado de Minas Gerais.<br />

É Membro do Clube dos Escritores da<br />

Cidade de Piracicaba, no Estado de São Paulo. No<br />

ano de 2016 participa da Antologia I Encontro<br />

Sertanejo de Escritores e Convidados e da<br />

Antologia 3º Encontro dos Escritores<br />

Canindeenses e Convidados; da 100º Antologia<br />

Beco dos Poetas, da Antologia Enamorados, e da<br />

Antologia Virtual O Colecionador de Poesias,<br />

também do Beco dos Poetas e da Antologia Poesias<br />

Sem Fronteiras.<br />

Ainda no Ano 2016, participa da <strong>Revista</strong><br />

eisFluência e da Antologia Virtual Logos, da Fénix;<br />

da Antologia Nacional Justiça e Igualdade Social e<br />

do 5º Encontro de Escritores Sergipanos, que será<br />

lançado no dia 19 de novembro, na Capital<br />

Sergipana Aracaju. O poeta Cláudio Dortas<br />

continua colaborando com Jornais e <strong>Revista</strong>s de<br />

repercussão e credibilidades nacionais, a exemplo<br />

da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, que tem ampla divulgação<br />

no Nordeste e em todo o Brasil. Esta é a realidade e<br />

o momento “desvelado” do Poeta e Escritor,<br />

radicado e vivendo na Cidade de Estância, “o<br />

berço da cultura de Sergipe”, desde o ano de 1964<br />

até os dias atuais.<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

A lua e o<br />

mar<br />

Christian Fernandes<br />

Aracaju, SE<br />

@: locutorfernandes@yahoo.com.br<br />

Noite a noite<br />

Quando o sol<br />

Vai repousar,<br />

Nos amamos<br />

Sem enganos,<br />

A lua e o mar.<br />

Sou o mar<br />

e você é a lua<br />

E ao anoitecer<br />

Encontramo-nos<br />

E as estrelas<br />

Testemunham<br />

Todo o prazer.<br />

Noite a noite<br />

Sentimos a brisa<br />

Sobre o nosso<br />

Momento ímpar.<br />

A lua e o mar,<br />

Um eclipse total,<br />

Uma metamorfose<br />

Total do amor.<br />

Eu mar e você lua.<br />

A busca<br />

Elia Macedo<br />

Canavieiras, BA<br />

@: eliamacedo@hotmail.com<br />

Busco palavras em vão<br />

Vão e vem, depois se perdem<br />

Perdem o sentido, nem sei<br />

Sei que busco, mas, em vão.<br />

Minha<br />

alma e eu<br />

Suely Sabino Reis<br />

Coronel Fabriciano, MG<br />

@: syspoetisa@yahoo.com.br<br />

Não bastam os espinhos<br />

naturais<br />

Naturais ainda são fracos<br />

Fracos sentimentos eu tenho<br />

Tenho outras defesas,<br />

Defesas que criei<br />

Criei ou copiei<br />

Copiei uma cerca<br />

Cerca de arame,<br />

Arame não basta ainda<br />

Ainda grito<br />

Grito se me tocar<br />

Tocar aqui é morte,<br />

Morte que avisa<br />

Avisa exalando perfume<br />

Perfume de mulher<br />

Mulher eu sou,<br />

Sou uma fera também<br />

Também tenho garras<br />

Garras nascida em versos<br />

Versos muito naturais.<br />

- 26 -<br />

Na praça<br />

Antônio Amaro Alves<br />

Ipatinga, MG<br />

@: antonioamaro.ipatinga@gmail.com<br />

Passou por mim<br />

Uma louca,<br />

Que me contou<br />

Uma história.<br />

Não vi nela<br />

Nenhum herói<br />

Ou vilão;<br />

Amor ou paixão.<br />

Mas, despertou-me<br />

A atenção.<br />

Uma história,<br />

Apenas,<br />

Sem penas de<br />

Pavão, mas cheia<br />

De suspenses<br />

E emoção.<br />

Uma história que<br />

Ronda na contramão<br />

Da lucidez e despensa<br />

O Era uma vez...<br />

Sem derrotas<br />

Nem vitórias.<br />

Passou por mim,<br />

Ainda agora,<br />

Uma louca varrida<br />

Da vida<br />

E me contou<br />

Uma história,<br />

Sem dores<br />

E nem glórias;<br />

Cheia de risos e<br />

Guizos<br />

Com gente que<br />

Perdeu o juízo.<br />

Não é tão<br />

Tragicômica;<br />

Tem lá uma certa graça<br />

A história que, a louca,<br />

Me contou na praça.<br />

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Poesia<br />

Soneto de uma vida<br />

Jakson Aguirre<br />

Rondonópolis, MT<br />

@: jakson.aguirre@gmail.com<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Amor<br />

Se formado do pó, fostes da terra<br />

E do sopro de Deus idealizou<br />

E teus passos cansados, se encerra<br />

Voltarás para o autor, que te formou.<br />

Se crescestes sem ter sabedoria<br />

Aprendeu com o mundo, árdua pena<br />

Conquistou com seu sangue, a auforria<br />

Com amor aprendeu sair de cena.<br />

Laborou pelos campos, vasto e fértil<br />

Conquistou entre prantos seu espaço<br />

Aprendeu com a vida o que é vencer.<br />

Viu na vida suas forças se esvaindo<br />

A vetustez aborda de mansinho<br />

Sei que um dia pro pó retornarás.<br />

A lenda<br />

Marlete Alves<br />

Aracaju, SE<br />

@: netapoetisa@hotmail.com<br />

Sabe aquela torneira quebrada,<br />

Que fica o tempo todo pingando?<br />

É o pensamento do poeta<br />

Que fica todo tempo pensando.<br />

Sabe aquela beira de mar,<br />

Com ondas indo e vindo?<br />

É como um poeta a pensar<br />

Um mar de poemas sorrindo.<br />

Sabe aquele vendaval que passou,<br />

Que até as arvores derrubou?<br />

Foi a força do pensamento<br />

De um poeta que veio com o vento.<br />

Sabe aquelas palavras soltas,<br />

Umas, que se agarraram às outras?<br />

Era um poeta despedaçado<br />

Se colou e virou um poema rimado.<br />

Sabe as lendas que a gente conta,<br />

As que carregamos para sempre?<br />

É a criança que virou poeta<br />

E se fez lendário eternamente.<br />

- 27 -<br />

Leandra Vitória<br />

Juventude sem Caô - Dourados, MS<br />

@: barbosaleandra2000@gmail.com<br />

Quero saber mais sobre ti, amor.<br />

Quero te decodificar por inteiro.<br />

Conhecer-te no mais profundo sentimento.<br />

Quero que me conte histórias amor<br />

Tuas histórias, histórias dos outros.<br />

O que importar é saber sobre ti, amor.<br />

Diga-me tuas dores<br />

Quero sará-las<br />

Uma por uma.<br />

Beijar teus machucados<br />

Viajar nos teus pecados<br />

Permita-me tocar-te, amor?<br />

Não amor, não é toque de corpo.<br />

É alma amor, quero tocar tua alma.<br />

Conte-me sobre o amor, amor.<br />

Já amaste?<br />

Já te perdeste?<br />

Já sofreu ao amar, amor?<br />

E o que mais amas, amor?<br />

Eu amo a liberdade, amor.<br />

E tu o que amas?<br />

Amas um esporte?<br />

Uma comida?<br />

Um seriado?<br />

Algo deve amar.<br />

Ou ama alguém?<br />

Esse alguém pode não ser eu, amor.<br />

Mas eu não me importo.<br />

Por que eu te amo.<br />

Mas também amo a liberdade.<br />

E por ama lá, amor<br />

Deixo-te livre para liberdade<br />

De amar outro alguém<br />

Por que amar, amor<br />

É ser livre.<br />

Desenho do poeta Manoel de Barros<br />

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Poesia<br />

Ecosys do Amor<br />

Angela Matos<br />

Frei Inocêncio, MG<br />

@: angelfiamatos@hotmail.com<br />

Respirar está difícil<br />

Difícil os dias sem você<br />

Você que mora nos meus sonhos<br />

Sonhos que não me deixam viver.<br />

Viver de saudades tua<br />

Tua boca e seu amor<br />

Amor que sustenta o ego<br />

Ego de querer viver.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Poeta virtual<br />

Antonio Cabral Filho<br />

Rio de Janeiro, RJ<br />

@: letrastaquarenses@yahoo.com.br<br />

Vida é como definimos este espaço<br />

Entre o nosso nascimento e agora.<br />

Mas poderia ter outro nome,<br />

Ou vários, como passagem, estada...<br />

Viver um romance a dois<br />

Dois amores, dois amigos<br />

Amigos que se entrelaçam<br />

Entrelaçam feito raízes.<br />

Raízes do bem-querer<br />

Querer ficar para sempre<br />

Sempre contigo a viver<br />

Viver e aliviada respirar.<br />

Espigas de<br />

nuestra patria<br />

Beatriz Valerio<br />

Campana - Buenos Aires, Argentina<br />

@: beatrizvalerio@gmail.com<br />

Siembra tierra mojada,<br />

Campesino, la esperanza,<br />

Germina ténue la semilla,<br />

En surcos de sol y luz.<br />

Manos, sudor, paciencia<br />

Cosechan extenso cultivo.<br />

Nacen y crecen las espigas<br />

Frutos de nuestra patria.<br />

Destino de etéreo labrador<br />

Forja sueños de cosecha.<br />

Dios bendice su sembrado<br />

Abundante lluvia y amor.<br />

E muitos outros, sei lá, quem sabe...<br />

Enquanto tudo ocorre intempestivamente<br />

À nossa margem, nessa caminhada,<br />

Por um caminho indelével<br />

Que não grava nossos rastros,<br />

Mas que capta nossas emoções,<br />

Como ondas elétricas nos ares,<br />

Até pegar em nossas mãos<br />

E seguir junto em silêncio,<br />

Sem sabermos nada um do outro.<br />

Isso lembra aquela brincadeira<br />

Do Amigo Oculto ao fim do ano<br />

Em que apontamos os eleitos<br />

Com detalhes imprecisos,<br />

Lhes cobrimos de mistérios<br />

Só pra dar-lhes um presente.<br />

Eis a vida dos poetas,<br />

Seres transfigurados em anjos,<br />

A servir amor em altas doses,<br />

Felizes com a felicidade alheia.<br />

- 28 -<br />

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Conto<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

A cigarra que<br />

encanta e a<br />

formiga encantada<br />

<strong>Ed</strong>vânia Ramos<br />

Aracaju, SE<br />

@: edvania.escritora@hotmail.com<br />

Todo o dia lá ia a formiga Dudinha<br />

ladeira abaixo com uma folha na cabeça. No<br />

caminho sempre encontrava a mesma<br />

companheira. A cigarra Milena havia se tornado<br />

sua amiga no inverno do ano passado e descia,<br />

com ela, aquele enorme caminho de barro<br />

diariamente, sempre cantando e falando como a<br />

pior das tagarelas.<br />

Dudinha sorria com o gesticular<br />

exagerado de Milena, outras vezes balançava a<br />

cabeça de um lado para o outro como se a<br />

achasse meio maluquinha.<br />

Todos os dias era a mesma rotina, o que<br />

mudou é que agora, Milena, quando via que<br />

Dudinha estava cansada ajudava a amiga a<br />

carregar suas folhas, mas nunca em hipótese<br />

alguma de boca fechada, sempre cantarolando<br />

ou contando estórias da floresta.<br />

Certo dia chovia muito, muito mesmo,<br />

um temporal assustador. Em dias como este<br />

Milena gostava de ficar escondida no oco de<br />

alguma árvore escura, apenas cantarolando para<br />

disfarçar seu medo dos trovões. Ficava tremendo<br />

imaginando no que poderia lhe acontecer.<br />

Sentiu que algo estava errado. Com a<br />

forte chuva o dia pareceu terminar mais cedo e<br />

não viu sua amiga voltar. Permaneceu no seu<br />

lugar, mas, Dudinha não voltou e isso a deixou<br />

triste. Suas pernas pequenas e finas tremiam de<br />

medo em pensar que tinha que fazer algo e, o<br />

algo, era sair na noite escura a procura da sua<br />

amiga.<br />

Olhou pro céu nenhuma estrela, nem<br />

mesmo a lua, apenas os trovões e os relâmpagos,<br />

mas foi forte e desceu ladeira abaixo, gritando<br />

seu nome e cantando para esquecer o medo que<br />

tomava seu ser. “Eu não sou medrosa, sou<br />

mesmo é corajosa”. Amiga formiga se me ouve<br />

responde! Onde está a graça de brincar de<br />

esconde-esconde se o sol ainda não brilhou nem<br />

o trovão passou? Essa formiga é mais doida que<br />

eu. Exclamou a cigarra encharcada de chuva.<br />

Desceu mais um pouco já quase desistindo<br />

quando ouviu um respirar fundo, mas lento.<br />

– Dudinha é você?<br />

– Ajude-me amiga cigarra, estou presa no<br />

lamarão, não consigo me mexer.<br />

A cigarra correu apresou-se a ajudar a<br />

amiga. Retirou primeiro a folha que ela teimava<br />

em segurar na cabeça e logo depois puxou seu<br />

frágil corpo da lama que prendia suas pernas<br />

pequeninas. A formiga sorriu agradecida e<br />

perguntou emocionada com o abraço que<br />

recebeu.<br />

– Como venceu seu medo de trovões cigarra<br />

Milena?<br />

E com olhos marejados ela responde:<br />

– Tudo que vem da natureza é obra divina,<br />

devemos respeitar, mas nenhum trovão,<br />

nenhum raio, nem a chuva, nem o sol, nem o dia<br />

e nem a noite é mais forte que o amor e a<br />

amizade que podemos sentir pelo próximo.<br />

A amiga formiga abraçou sua amiga<br />

cigarra e juntas retornaram para casa na certeza<br />

de que nunca mais estariam sozinhas, seja qual<br />

for a tempestade do momento, juntas elas<br />

venceriam.<br />

– Sabe o que estive pensando amiga cigarra?<br />

– Formiga pensa? Risos. Sorrindo ela<br />

completou.<br />

– No encanto que tem sua melodia, foi o que<br />

pensei durante todo o tempo em que estive ali<br />

presa.<br />

– Não foi a minha música. Foi o desejo de<br />

continuar vivendo. A vida é a mais bela canção<br />

amiga formiga e, o coração, é o violão que<br />

decifra a letra da melodia que trazemos na alma.<br />

– Vamos cantar?<br />

– Canta cigarra, canta que na chuva eu danço.<br />

Elas seguiram, sorrindo, abraçadas,<br />

celebrando a vida e o encanto do ato viver. Seu<br />

medo tem o tamanho que você dá para ele.<br />

Procure o deixar menor que um grão de areia e<br />

logo um mar de vitórias surge para banhar teus<br />

mais belos sonhos.<br />

(Texto dedicado Leonardo Ramos e Izabela Ramos)<br />

- 29 -<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Jogo da Vida<br />

Desconfiança!<br />

www.paisfilhoseescola.com.br<br />

Adail Alencar<br />

Dourados, MS<br />

@: adailataveira70@gmail.com<br />

Se você não acreditar no futuro,<br />

Não adianta viver o presente,<br />

Se você só pensar no passado,<br />

Não vai sentir o que vem pela frente.<br />

Se você não tiver esperanças, nem sonhos,<br />

Você vai vegetar vivendo a esmo,<br />

Para não viver tristonho,<br />

Você tem que acreditar em si mesmo.<br />

Tenha coragem de lutar por uma vida melhor,<br />

Vença a sua insegurança com força de vontade,<br />

Se você não tiver coragem vai ser pior,<br />

No jogo da vida temos que jogar com a verdade.<br />

Viva intensamente cada segundo,<br />

O passado tem que ficar na lembrança,<br />

Semeie de amor o seu mundo,<br />

Que você vai colher num futuro de esperança.<br />

Reconheça com humildade seus defeitos,<br />

Aprimore com amor suas qualidades,<br />

Resplandeça com ternura o seu peito,<br />

Valorize cada momento de felicidade.<br />

Faça dos seus desencontros passados,<br />

Um motivo para se reencontrar,<br />

Reaja com otimismo quando tiver cansado,<br />

E nunca deixe de amar.<br />

Faça com que a sua sinceridade,<br />

Seja retratada no seu semblante,<br />

Nunca aja com falsidade,<br />

Acalente a sua ternura a cada instante.<br />

Procure ser sempre consciente,<br />

Valorizando a sua dignidade,<br />

Para que possa se orgulhar de ser gente,<br />

Sem perder a humildade.<br />

Na grandeza dos seus sentimentos,<br />

Na pureza das suas atitudes,<br />

Você vai sentir a cada momento,<br />

A paz na sua plenitude.<br />

E quando você envelhecer,<br />

E for analisar o que produziu,<br />

As marcas do passado vão dizer,<br />

Se você realmente existiu.<br />

Ou se passou pela vida,<br />

Sem objetivos, sem ideal,<br />

Sem razão para viver,<br />

Se o seu jogo foi uma batalha perdida,<br />

Que você não soube como vencer.<br />

- 30 -<br />

Carla Gomes (Cristal)<br />

Aracaju, SE<br />

@: ccogomes@hotmail.com<br />

Ampla de um ser ter,<br />

Sou eu,<br />

És tu,<br />

Somos assim por natureza...<br />

E onde estar a altivez?<br />

Esquecemos?<br />

Talvez!<br />

É que desafiamos as leis,<br />

Não pagamos fiança<br />

Se o peito doe, chora o olhar,<br />

Seguimos com a desconfiança...<br />

Fantasio-me de ausências alheias,<br />

Preâmbulo entre a paixão e o Amor,<br />

Destaco os vassalos da vida<br />

Do dono, da flor...<br />

Falta-me o Amor,<br />

Verdadeiro, o qual preciso descobrir,<br />

Aja sexo sem amor<br />

Apenas no desejo de ser...<br />

Então amanhã eu vá ter,<br />

Amar, sem preciso estar,<br />

E assim sairemos por aí,<br />

Sem mais, sem desconfiança...<br />

Subjetividade na Pós-modernidade<br />

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Crônica<br />

Medo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

www.biomagazine.gr<br />

Marcelo de Oliveira Souza, IWA<br />

Salvador, BA<br />

@: marceloosouzasom@hotmail.com<br />

A violência nas grandes cidades está<br />

aumentando cada vez mais, as pessoas já têm medo<br />

de sair de casa, ficar no domicílio, já nem sabem mais<br />

como proceder.<br />

O medo do outro virou uma rotina, andamos<br />

já olhando para trás, quando uma pessoa demora<br />

caminhando atrás da gente, já bate uma súbita<br />

preocupação.<br />

As crianças já estão preocupadas com tudo<br />

isso, o bicho papão virou o bandido, a bruxa, virou o<br />

maníaco; ou até o palhaço que virou símbolo de<br />

brincadeiras mortais, onde pessoas fantasiadas desse<br />

“inocente” personagem saem com facas, machados,<br />

motosserras, para assustar todos no caminho.<br />

Agora apareceu aqui em Salvador, um grupo<br />

de pessoas com seringa na mão furando outras,<br />

simplesmente por malvadeza, alguns deles se<br />

regozijam com o fato mostrando o objeto esvaziado.<br />

Esse “modus operandi”, já está ultrapassando as<br />

fronteiras da “Boa Terra” já acontecendo incidentes<br />

até em Feira de Santana.<br />

O nosso país já é caracterizado pela violência,<br />

onde o número de homicídios já supera a guerra da<br />

Síria, mas nem por isso temos leis que trabalham<br />

firmemente encima dessa grande problemática, até<br />

no futebol que é nosso grande “circo” vemos cenas<br />

deprimentes de violência, onde “marginais” vestidos<br />

de torcedores espancam policiais; matam torcedores<br />

de outros times, onde o medo se arrasta em todos os<br />

sentidos, pois os brasileiros perderam tudo, os seus<br />

direitos a cada dia são vilipendiados, na “mão”<br />

grande, até em aposentar-se o medo se instala, não<br />

mais por causa da defasagem salarial, mas pelo<br />

simples motivo que o “nosso” novo governo governa<br />

com o cajado da tirania, apoiado pelos<br />

parlamentares, tirando o direito de aposentar-se no<br />

seu tempo, dito certo.<br />

Assim o medo se alastra em todos os aspectos,<br />

não vemos alguma saída, senão por meio do voto,<br />

mas como se até para votar somos obrigados e somos<br />

sutilmente dirigidos a votar em quem vai nos meter<br />

medo no futuro?<br />

- 31 -<br />

Partícula de<br />

PALAVRAS<br />

Rogério Fernandes Lemes<br />

Dourados, MS<br />

@: rogeriociso@gmail.com<br />

Cada letra me é como um átomo.<br />

Agradável é o cheiro frenético de suas<br />

Vibrações harmônicas.<br />

Observando-as, vivo minha possibilitância<br />

Manuseando o infinito que há em mim.<br />

Diferente dos muitos medrosos<br />

O infinito me atrai.<br />

Leio nele, todos os dias,<br />

minha subjetiva finitude;<br />

Contemplo, nas paredes cronológicas,<br />

Minhas gorduras digitais;<br />

Meus rastros cadavéricos.<br />

Tudo isso vem à lume<br />

Quando manipulo verbos e adjetivos<br />

Como um bebê, atônito,<br />

e encantado com a luz.<br />

A cada desinência, um novo universo.<br />

Letras são átomos criadores de multiversos.<br />

Letras são tesouros dadoS aos poetas<br />

Para conferir-lhes o poder de criar tudo;<br />

Para trazer ao existir<br />

O que hoje é ausência,<br />

É silêncio...<br />

É anônimo.<br />

Letras são partículas de palavras;<br />

Palavras são dínamos reveladores,<br />

Destrutivos e reconfortantes.<br />

E a palavra volte às letras, como o era;<br />

E as letras voltam ao Criador<br />

Que as deu, sabiamente,<br />

Aos poetas.<br />

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Cultural<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

O FESTACE<br />

Fotos:<br />

Alison Antônio de Souza<br />

Ariana Trajano de Oliveira<br />

Emerson Brandão da Silva<br />

José Wilton Fonseca da Silva<br />

O<br />

Por<br />

Carmem Silvia Moretzsohn Rocha<br />

IFMS Campus Dourados, MS<br />

Festival de Arte e Cultura dos Estudantes<br />

(FESTACE) é promovido pelo Instituto Federal<br />

de <strong>Ed</strong>ucação (IFMS) – Campus Dourados. Seu<br />

principal objetivo é fomentar a expressão das<br />

manifestações artístico-culturais dos estudantes<br />

do município de Dourados, e tem por pretensão<br />

valorizar as atividades culturais dos estudantes;<br />

promover o intercâmbio no interior e exterior da<br />

comunidade do IFMS; incentivar os jovens a<br />

desenvolver suas aptidões artísticas por meio de<br />

atitudes competitivas saudáveis; oportunizar a<br />

visibilidade de talentos dos estudantes; contribuir<br />

para a cultura douradense e promover a diversidade<br />

cultural.<br />

As oportunidades foram abertas ao público,<br />

sem restrições, nas categorias música, crônica<br />

e desenho. O primeiro FESTACE, promovido<br />

pelo IFMS – Campus Dourados, ocorreu nos dias<br />

13/05/2016 e 25/05/2016, às 19 horas, no Teatro<br />

Municipal de Dourados. Foram diversas as<br />

apresentações culturais gratuitas: músicas, exposição<br />

de desenhos e crônicas narrativas. Agitou o<br />

cenário cultural douradense, promoveu o encontro<br />

entre as pessoas, festejou a vida e a cultura!<br />

Integraram a programação as seguintes apresentações:<br />

* Banda “Evandro e os Aloprados”,<br />

formado pelos professores do IFMS Campus<br />

Dourados: Evandro Falleiros (voz, violão e composições),<br />

Carmem Rocha (teclado), Carlos<br />

Vinícius Figueiredo (cajón) e Jair Costa (baixo).<br />

As apresentações ocorreram nos dias 13/05 e<br />

25/05.<br />

* Rapper Senkapuz: nascido em<br />

Diadema/SP, começou a cantar em 1995 e gravou<br />

o CD “<strong>Ed</strong>ucação é a Saída”. Atualmente cursa<br />

Pedagogia na UFGD e trabalha como educador<br />

social. A apresentação ocorreu no dia 13/05.<br />

* Guga Borba: começou a carreira musical<br />

em Campo Grande, aos 15 anos, como vocalista<br />

da banda Inverno Russo. Guga obteve o Prêmio<br />

Palco MP3 – Mais acessado Folk – atingindo hoje<br />

a marca de 200.000 acessos, com 92 músicas<br />

disponíveis para download gratuito, gravadas ao<br />

longo de 25 anos de carreira. A apresentação<br />

ocorreu no dia 25/05/2016.<br />

- 32 -<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Um sonho que<br />

se sonha junto<br />

Carmem Silvia Moretzsohn Rocha<br />

Criadora e Coordenadora do FESTACE<br />

@: carmem.rocha@ifms.edu.br<br />

“Quando me dei por mim, cá estava eu.<br />

Muito distante de onde nasci, trazida por<br />

outros sonhos que não este, o de estar aqui. Já<br />

circulei entre sons, música, instrumentos de<br />

outros mundos. Porém, quando menos esperava,<br />

recebi esta missão: criar um Festival. Recémchegada,<br />

entre muros e outras gentes, iniciei a<br />

tarefa.<br />

Deixei-me levar pela imaginação! Fechei<br />

os olhos e vi dançarinos, músicos, poetas,<br />

escritores, palhaços, pintores, enfim, uma<br />

plêiade de artistas perfilando em meu imaginário.<br />

Arte e cultura eram o meu norte. Professora<br />

de Sociologia do Instituto Federal de Mato<br />

Grosso do Sul, ganhei este prêmio, o de fazer<br />

nascer essa fábrica de sonhos, algo inédito, dar<br />

o primeiro passo, sempre cheio de emoção!<br />

Dessa forma, em meio aos meus delírios, veio o<br />

nome: Festival de Arte e Cultura dos<br />

Estudantes, o FESTACE. Como numa procissão,<br />

outros vieram e ele nasceu, muito maior do<br />

que no início.<br />

Bem, o som de festa já estava lá! E foi com<br />

muita alegria que pude ver pela primeira vez no<br />

Teatro Municipal de Dourados, jovens se<br />

aventurando no mundo das artes, na viagem de<br />

criar músicas, textos e desenhos em belas performances<br />

regadas de alegria!<br />

E um dia, andando despretensiosamente<br />

pelos corredores, um deles me disse: “nossa, há<br />

quanto tempo que eu sonho tocar numa banda<br />

e, de repente, lá estava eu no palco, pela primeira<br />

vez cantando com a minha banda”! E tudo<br />

isso graças ao FESTACE: um sonho que se<br />

sonha junto”.<br />

- 33 -<br />

Texto de Abertura do FESTACE<br />

Sem você<br />

Carmem Silvia Moretzsohn Rocha<br />

Sem você? Solidão.<br />

Espera e loucura.<br />

A vagar pelos sonhos,<br />

pelos medos, pela rua.<br />

Sem você, incompletude.<br />

Pela metade, sem atitude,<br />

sem vontade, é tarde!<br />

E você, quem é?<br />

Quem é você?<br />

Você é alguém, é claro!<br />

Você é o sentido<br />

D’eu estar aqui.<br />

De minha sede de vida,<br />

minha busca,<br />

meus feitos.<br />

Meus feitos são nossos!<br />

Cada pensamento,<br />

cada palavra,<br />

cada construção!<br />

Nossos feitos são elos,<br />

São belos porque nossos!<br />

E eu e você, quem somos?<br />

Somos nós, é claro!<br />

Humanos, que somos.<br />

Somos nós que construímos,<br />

que criamos, inventamos, sim,<br />

um mundo melhor!<br />

Um mundo de afetos,<br />

de esperança,<br />

de sonhos,<br />

de vida!<br />

Sim, somos capazes de construir<br />

O belo,<br />

O puro<br />

O porvir.<br />

Esperança, de quê, afinal?<br />

De verdade<br />

De luz,<br />

De vida,<br />

De futuro,<br />

De utopia,<br />

De arte e cultura.<br />

Sejam Bem-Vindos!<br />

Ao... Meu, teu, seu, nosso...<br />

O Primeiro<br />

esperado, amado, conquistado<br />

Por mim, por você, por nós...<br />

O FESTIVAL DE ARTE E<br />

CULTURA DOS ESTUDANTES...<br />

FESTACE!!!<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

FESTACE:<br />

um ato de fé<br />

DESENHOS VENCEDORES<br />

DO 1º CONCURSO FESTACE<br />

Evandro Falleiros<br />

Mestre em Ciência da Computação<br />

Professor do IFMS Campus Dourados<br />

Começo rascunhando minhas singelas<br />

impressões e memórias, imerso em um sentimento<br />

nostálgico, repleto de fracionados sentimentos de<br />

alegria, mistos à saudade. Alegria por ter vivenciado<br />

um momento ímpar, no qual pude observar pessoas<br />

se perdendo no tempo, esquecendo-se, mesmo que<br />

por um breve período, de seus mais incômodos<br />

percalços.<br />

Alegrei-me por ver crianças, adolescentes,<br />

adultos, idosos, estudantes, profissionais, um mar de<br />

gente que parou no tempo para ouvir e apreciar arte e<br />

cultura. Confesso que, quando os vi ali sentados,<br />

compondo um teatro repleto de diversidade, cultura<br />

e saberes diversos, emocionei-me, sabendo que cada<br />

um dos que ali estavam deixaram algo para trás para<br />

aquele ambiente compor.<br />

Mas, mais ainda, surpreendi-me com o<br />

engajamento de todos os envolvidos. Iniciei os<br />

trabalhos de organização, juntamente com meus<br />

companheiros, um pouco preocupado com a repercussão<br />

e com a recepção da proposta por parte do<br />

público alvo. Eu havia criado uma impressão errônea<br />

sobre o que os indivíduos pensam sobre eventos que<br />

envolvem arte e cultura.<br />

Imaginava eu que um festival de arte e cultura<br />

movimentaria apenas um pequeno grupo de pessoas<br />

interessadas, ainda mais se tratando de um evento<br />

que motivava a produção de obras inéditas.<br />

Acompanhei, descrente, todo o processo de inscrições.<br />

Muitas vezes, cheguei a pensar que o evento<br />

deveria ser adiado.<br />

Contudo, nesse processo, ensinaram-me a ter<br />

fé. Aprendi a acreditar que podemos movimentar e<br />

criar o que quisermos, pois depende apenas de nós<br />

assumirmos a missão de engajar e fomentar a cultura.<br />

Ressalto que praticar o supracitado não é tão simples,<br />

uma vez que exige mudanças no que pensamos,<br />

acreditamos e defendemos.<br />

E, por fim, refiro-me e resgato a saudade! Um<br />

sentimento misto que, nesse momento, no qual<br />

concluo minhas impressões, embriaga-me de alegria e<br />

desejo de que tudo o que outrora aconteceu se<br />

repetida para todo o sempre. Amém!<br />

- 34 -<br />

Guilherme Ayala de Paula, 1º lugar no concurso de<br />

desenhos do 1° FESTACE (Festival de Arte e Cultura dos<br />

Estudantes), aluno do 1º ano do Curso Técnico em<br />

Informática para Internet do IFMS Campus Dourados.<br />

Jarilson Freitas, 2º lugar no concurso de desenhos do 1°<br />

FESTACE (Festival de Arte e Cultura dos Estudantes), aluno<br />

do 1º ano do Curso Técnico em Informática para Internet do<br />

IFMS Campus Dourados.<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Guilherme Ayala de Paula<br />

1º lugar<br />

Jarilson Freitas<br />

2º lugar<br />

Guilherme Ayala de Paula e Jarilson Freitas (direita)1º e 2º colocados no concurso de desenhos do 1° FESTACE (Festival de Arte<br />

e Cultura dos Estudantes), alunos do 1º ano do Curso Técnico em Informática para Internet do IFMS Campus Dourados.<br />

Isto não é uma crônica<br />

Karina Kristiane Vicelli<br />

Doutoranda em Letras pela UFMS<br />

Professora de Português/Literatura no IFMS Campus Dourados<br />

@: karina.vicelli@ifms.edu.br<br />

Rubens Aquino de Oliveira, Brígido Ibanhes e<br />

Carlos Vinícius Figueiredo foram os escolhidos como<br />

os componentes da comissão julgadora de crônicas do<br />

1° FESTACE (Festival de Arte e Cultura dos<br />

Estudantes) do IFMS Campus Dourados de 2016.<br />

Nessa primeira edição, a tradição e a ruptura uniram-se<br />

para apresentar a renovação da linguagem, num festival<br />

que revelou talentos e mostrou que a arte pulsa e se<br />

vivifica nas e das palavras. Engraçado usar a palavra<br />

tradição para Rubens Aquino e Brígido Ibanhes,<br />

escritores que ao longo de sua carreira quebraram<br />

regras, romperam com estereótipos, inovaram, politizaram,<br />

polemizaram, enfim, fizeram tudo aquilo que se<br />

espera de grandes escritores: manipularam e remoçaram<br />

a linguagem.<br />

Queria fazer desse texto algo impessoal, mas o<br />

FESTACE foi carregado de emoção, repleto de alma,<br />

músicas, crônicas, desenhos e vísceras. É preciso<br />

lembrar que meu primeiro contato com Rubens<br />

Aquino foi na minha infância, por meio de seu livro<br />

“Coragem Moçada, ai vem os caçadores!”, o livro<br />

tratava de ecologia em uma época em que nem se falava<br />

disto. De Brígido Ibanhes, li “Silvino Jaques – o último<br />

dos bandoleiros” para ministrar aulas a vestibulandos, e<br />

de repente estou trocando e-mails com o autor desse<br />

livro polêmico. E por causa do FESTACE mandando<br />

textos de alunos meus para serem avaliados por esses<br />

escritores consagrados, uau! E o melhor, esses escritores<br />

elogiando os pupilos do IFMS!<br />

Carlos Vinícius Figueiredo, não vou poder falar<br />

dele, vai parecer que estou puxando saco, é nosso chefe.<br />

O que dizer de um cacique que toca numa banda<br />

chamada “Evandro e os aloprados”? Além disto, estuda<br />

Clarice Lispector, fica indignado com injustiças, ama<br />

Literatura, acredita nos nossos projetos, e não me acha<br />

maluca de corrigir caderno por caderno de 83 alunos.<br />

Estes foram os componentes da primeira<br />

comissão julgadora de crônicas do FESTACE, e não<br />

apresentamos uma biografia de cada um, mas o que de<br />

humano esses seres ofertaram em algum momento da<br />

vida, pois cultura é acima de tudo movimentação<br />

humana, é a aproximação das pessoas, é o contato dos<br />

seres, é a voz entoada que alegra a alma, é o sorriso nos<br />

rostos, é o abraço fraterno dos estudantes quando um<br />

amigo é desclassificado, é o aplauso forte aos competidores,<br />

é uma banda com nome de nota baixa (2,77), é o<br />

arrepio na espinha com um tom perfeito, é uma equipe<br />

unida fazendo o melhor por seus alunos, é a educação<br />

acontecendo em todos os seus poros, é o FESTACE, é o<br />

IFMS em ação, é o poder das palavras e da amizade em<br />

seu infinito movimento artístico.<br />

- 35 -<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

CRÔNICAS VENCEDORAS DO 1º CONCURSO FESTACE<br />

Cultura é<br />

respeito<br />

Laiza Tayná Reetz - 1º lugar<br />

Aluna do 1º ano IFMS/Ddos<br />

O que é cultura? Bom, de<br />

acordo com o dicionário cultura<br />

é ação, efeito, arte ou maneira<br />

de cultivar a terra, é aplicação<br />

do espírito a uma coisa, estudo,<br />

civilização. Cultura é bem mais<br />

que linguagem, dança, vestuário,<br />

religião, é a plena identidade<br />

de um país ou pessoa.<br />

O quão chato seria<br />

acordar de manhã, pegar um<br />

ônibus e ver todo mundo<br />

fazendo a mesma coisa? Desde<br />

vestir roupas iguais até ouvir a<br />

mesma música, seria totalmente<br />

entediante, pois a graça é ver<br />

pessoas diferentes todos os dias,<br />

cada um com seu estilo, modo<br />

de agir e falar.<br />

Quando eu era apenas<br />

uma menininha com 9 anos,<br />

ficava me perguntando porquê<br />

as mulheres usam burcas em<br />

certos países, ou por qual<br />

motivo as pessoas comem<br />

cachorros ou outros animais<br />

que para mim é estranho de se<br />

ingerir, entre outras perguntas<br />

como: qual é o sentido de<br />

acreditar em vários deuses? Por<br />

que em outros países é tão<br />

comum as gorjetas? Ou até<br />

mesmo a briga que gera quando<br />

alguém pergunta se é biscoito<br />

ou bolacha, claro que para mim<br />

é bolacha, mas não é por isso<br />

que julgo as pessoas que falam<br />

que é biscoito. Depois de certo<br />

tempo comecei a compreender<br />

e cheguei a conclusão que<br />

cultura é uma bicicleta e para<br />

saber como conduzi-la é necessária<br />

competência de saber e<br />

conhecer do que se trata, e o<br />

mais importante, percebi que a<br />

diversidade é o essencial.<br />

A cultura é inteligente,<br />

pois nos remete a respeitar<br />

aquilo que para nós nos parece<br />

estranho ou diferente, mas para<br />

outros é completamente normal.<br />

A solução é amar a todos<br />

não se importando com o<br />

modo de pensar de cada pessoa,<br />

é fazer como Albert Einstein<br />

disse: “Se um dia tiver que<br />

escolher entre o mundo e o<br />

amor... Lembre-se: se escolher o<br />

mundo ficará sem o amor, mas<br />

se escolher o amor, com ele<br />

conquistará o mundo”.<br />

A cultura<br />

presente no<br />

nosso<br />

cotidiano<br />

Adrielly Santos Silva - 2º lugar<br />

Aluna do 1º ano IFMS/Ddos<br />

Há alguns dias estava<br />

caminhando na praça principal<br />

de Dourados quando reparei<br />

um grupo de vendedores de<br />

artigos artesanais fazendo<br />

propaganda de suas mercadorias;<br />

eles vendiam pulseiras e<br />

colares feitos à mão e algumas<br />

carteiras.<br />

Os vendedores vestiam roupas<br />

simples: um deles estava com<br />

- 36 -<br />

shorts, sem camisa e o cabelo<br />

rastafári; uma mulher estava<br />

com um longo vestido marrom<br />

e cabelos trançados.<br />

Estive algum tempo<br />

olhando os objetos de venda e<br />

reparei certo sotaque daqueles<br />

comerciantes. Eles aparentavam<br />

serem seguidores da religião<br />

jamaicana e fãs de Bob<br />

Marley, já que o cabelo rastafári<br />

e o cigarro lembra muito o<br />

cantor.<br />

Ao continuar minha<br />

caminhada, vi outro grupo de<br />

vendedores, só que desta vez<br />

eram indígenas; vendiam<br />

CD’S, DVD’S, pulseiras e<br />

colares confeccionados pela<br />

tribo deles. Ao deixar o grupo<br />

fiquei pensando o quanto é<br />

importante a variedade de<br />

povos e culturas no nosso dia a<br />

dia.<br />

O Brasil foi privilegiado<br />

com a diversidade de povos que<br />

vieram para cá; pois, nós temos<br />

grande influência da cultura<br />

deles, como dos indígenas<br />

aderimos o hábito de plantar<br />

mandioca e milho; dos italianos<br />

o hábito de comer pizza,<br />

polenta e macarrão; dos portugueses,<br />

a língua portuguesa e<br />

algumas comemorações populares<br />

como festa junina, páscoa<br />

e natal e vários outros costumes.<br />

Se não tivéssemos esta<br />

diversidade de cultura, não<br />

teríamos essa mistura de povos<br />

de diferentes costumes e tradições<br />

que habitam entre nós;<br />

somos um povo rico em cultura,<br />

pois aderimos um pouco de<br />

cada uso e costumes e formamos<br />

a cultura brasileira.<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

CRÔNICAS VENCEDORAS DO 1º CONCURSO FESTACE<br />

Um<br />

Passado<br />

Interessante<br />

Afonso Barbosa de Souza<br />

3º lugar<br />

Aluno do 1º ano IFMS/Ddos<br />

Bose Yacu, matriarca da<br />

tribo dos Pacahuanas, na<br />

Amazônia peruana, morreu e<br />

levou consigo tradições, costumes,<br />

uma língua hoje já não<br />

mais falada, entre tantas outras<br />

coisas. Atualmente sua tribo já é<br />

considerada extinta e é aí então<br />

que vemos o quão frágil é a<br />

cultura e como pode simplesmente<br />

em segundos deixar de<br />

existir.<br />

Olhando para os dias<br />

atuais, se torna fácil notar a<br />

ameaça que rodeia a diversidade<br />

cultural. Temos vários exemplos<br />

como a morte de índios, porém,<br />

para melhor entendimento o<br />

melhor exemplo são nossos<br />

avós. A juventude está tão<br />

obcecada em aprender novas<br />

tecnologias e entrar ainda mais<br />

no mundo moderno que está se<br />

esquecendo de ouvir histórias<br />

de épocas passadas, de fatos que<br />

já aconteceram como a tentativa<br />

de extinção dos judeus durante<br />

a Segunda Guerra Mundial e<br />

poder ouvir da boca de um<br />

sobrevivente seus costumes, suas<br />

tradições antes de tudo aquilo<br />

acontecer.<br />

Temos uma antiga geração<br />

disposta a diante suas<br />

crenças, sua própria cultura em<br />

si e que somada com a de várias<br />

pessoas diferentes, gera uma<br />

diversidade cultural imensa.<br />

Todavia vivemos em uma geração<br />

preocupada apenas com si<br />

mesma e é por conta disso que<br />

várias culturas se perdem, assim<br />

como aconteceu com Bose Yacu<br />

e todas as pessoas que vieram<br />

depois dela. Nos dias atuais sua<br />

tribo colhe os frutos de sua<br />

ignorância com o saber do<br />

passado.<br />

Ignorância<br />

ou<br />

Intolerância?<br />

Jean Pereira Ribeiro - 4º lugar<br />

Aluno do 1º ano IFMS/Ddos<br />

Há algum tempo atrás, eu<br />

estava sentado em frente da<br />

minha casa, tomava tereré e<br />

ouvia RAP. Enquanto eu tomava<br />

tereré, uma senhora se aproximou<br />

de mim e perguntou se o<br />

ônibus já havia passado, pois ao<br />

lado da minha casa ficava o<br />

ponto de ônibus.<br />

Respondi que o ônibus<br />

havia acabado de passar. A<br />

senhora olhou para mim e então<br />

proferiu a frase, “Não escute esse<br />

tipo de música, isso é música de<br />

bandido”. Ao ouvir essa frase,<br />

fitei a senhora e respondi que o<br />

RAP fez eu ser o que eu era. Em<br />

seguida entrei para dentro da<br />

minha casa e comecei a refletir.<br />

Aquela senhora era<br />

hipócrita, não aceitava novas<br />

culturas e ainda praticava o<br />

preconceito com um estilo<br />

musical. As pessoas do nosso<br />

século são robôs, movidas pelo<br />

- 37 -<br />

papel verde que move o mundo.<br />

A senhora disse que o RAP era<br />

música de bandido, Adolf Hitler<br />

não ouvia RAP e matou milhões<br />

de pessoas. Por outro lado,<br />

Sabotage, um grande rapper<br />

brasileiro, falecido, nunca<br />

aconselhou a prática do crime.<br />

Os robôs do nosso século<br />

não aceitam novas culturas,<br />

talvez por isso o mundo anda tão<br />

mal, o homem mata em nome<br />

da religião, as crianças brincam,<br />

mas suas brincadeiras são nas<br />

redes sociais. Ainda existem<br />

hipócritas criticando sem<br />

entender. O RAP é como o sol,<br />

ilumina caminhos. A arma do<br />

rapper não é um calibre 38, uma<br />

colt, uma glock. A arma do<br />

rapper é a caneta, o papel e a<br />

poesia.<br />

Será que aquela senhora<br />

já ouviu uma poesia do poeta da<br />

periferia, Sérgio Vaz? Acho que<br />

não. A alma daquela senhora<br />

fica presa na pior de todas as<br />

prisões, fica presa no corpo da<br />

intolerância. A hipocrisia é uma<br />

doença. É como a AIDS, que<br />

mata as pessoas aos poucos. A<br />

hipocrisia é a cocaína dos ricos,<br />

destrói vidas. A intolerância é o<br />

crack, enlouquece a mente. A<br />

ignorância é a maconha, confunde<br />

a alma. O julgamento é o<br />

álcool, corrompe as pessoas. O<br />

preconceito é a heroína, traz a<br />

infelicidade. A falta de humildade<br />

é o ecstasy, traz a felicidade e<br />

parte deixando a mágoa.<br />

Quando pararmos com o<br />

preconceito e percebermos o<br />

quão é importante a diversidade<br />

cultural, conviveremos em paz, e<br />

assim entenderemos o real<br />

significado da vida.<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Parte da equipe FESTACE, em pé da esquerda para a direita: Ariana Trajano de Oliveira, Gicelma Chacarosqui,<br />

Carmem Silvia Moretzsohn Rocha, Carla Renata Capilé Silva, Thaís Costa, Roberta Ferreira de Souza, Joanne<br />

Romão de Oliveira, Carlos Marinho, Lígia Karina Meneghetti, Karina Kristiane Vicelli, Francielle Priscyla Pott,<br />

Janaína Mara Pacco Mendes, Alison Antônio de Souza, Rafael Mendonça dos Santos, Nátalli Macedo Rodrigues<br />

Falleiros. Na fileira à frente Valdomiro Lima, Isnael de Camargo Dias, Carlos Vinícius da Silva Figueiredo, Jair Brito da<br />

Costa (Jack), Evandro Luís Souza Falleiros e Bruno Torquato Silva Ferreira.<br />

Um Festival, muitas aprendizagens<br />

Lígia Karina Meneghetti<br />

Mestre em Música pela UDESC<br />

Professora de Arte no IFMS Campus Dourados<br />

@: ligia.meneghetti@ifms.edu.br<br />

Ensaios, experimentações, conversas e<br />

possivelmente algumas discussões. Este provavelmente<br />

foi o clima vivido pelas bandas que se apresentaram<br />

no FESTACE. Por que um festival de músicas<br />

autorais e não apenas interpretação? Haverá público<br />

interessado em participar e apreciar um evento dessa<br />

natureza? Estas foram dúvidas que estiveram presentes<br />

durante todo o processo de preparação e divulgação<br />

do evento.<br />

Foram dias de dedicação de todos os envolvidos,<br />

equipe organizadora, colaboradores e candidatos.<br />

Na categoria Música o júri contou com a participação<br />

de importantes nomes da área da cultura no<br />

município de Dourados: Thaís Fernandes Costa,<br />

maestrina da Orquestra da UFGD e Carlos<br />

Marinho, diretor da Secretaria de Cultura do município.<br />

O apoio deles é um demonstrativo da relevância<br />

do evento para Dourados e região.<br />

Voltando às questões que permearam a<br />

preparação e execução do evento. É provável que<br />

toda atividade que incentive a prática artística e<br />

musical possa ser considerada válida. O que um<br />

festival de músicas autorais traz de diferente? Uma<br />

gama de aprendizagens que ultrapassam o contexto<br />

musical. Além de habilidades técnicas para execução<br />

instrumental e vocal, um imenso exercício criativo<br />

em tentar combinar intenção, voz, harmonia e<br />

instrumentos. Interagir, dialogar, gerenciar conflitos,<br />

foram experiências vividas pelos estudantes com<br />

o intuito de criar algo novo e tornar pública sua<br />

produção.<br />

O FESTACE se apresenta como uma proposta<br />

de divulgação de talentos e incentivo às atividades<br />

artísticas, mas vai muito além disto. O espaço e<br />

tempo que se configuram desde a idealização até a<br />

realização do espetáculo são espaços e tempos de<br />

múltiplas aprendizagens. E sim, houve reconhecimento<br />

desse potencial tanto por parte de quem<br />

idealizou quanto de quem prestigiou o evento.<br />

Houve público interessado e vibrante com essa<br />

proposta. Houve satisfação, emoção e reconhecimento<br />

também por parte dos candidatos que viram o<br />

público vibrando com suas criações. Que as aprendizagens<br />

continuem, que venham as novas edições do<br />

FESTACE!<br />

- 38 -<br />

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O FESTACE<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Rapper Senkapuz<br />

Carmem e o rapper Jean Pereira Ribeiro<br />

Carlos Dir IFMS, Gicelma UFGD, Airton Pró-<br />

Reitor IFMS e Carmem criadora do FESTACE<br />

Banda 2 e 77<br />

Banda Four<br />

Banda Voice Power<br />

Banda FHJ<br />

Gabrielly Gentil<br />

Jean Pereira Ribeiro<br />

Banda Evandro e os Aloprados<br />

abertura do FESTACE<br />

Festacio, mascote do FESTACE.<br />

Criação de Evandro Falleiros<br />

- 39 -<br />

Bandas reunidas no momento da<br />

divulgação do resultado final<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Hoje<br />

não<br />

Lúcia Morais<br />

Luanda, Angola<br />

@: luciamorais89@hotmail.com<br />

E como dizer que acabou?<br />

Que o nosso amor terminou?<br />

Hoje não, hoje vou lembrar-te<br />

Da praia, do céu laranja e do gelado<br />

Talvez fiquemos colados aqui no passado.<br />

Hoje não, hoje vou mimar-te<br />

Para que fique em ti a certeza que foste feliz<br />

Pintar uma bela tatuagem, não essa dolorida<br />

cicatriz.<br />

Hoje não, hoje vou abraçar-te<br />

E procurar ficar assim o resto da vida<br />

Não há o que enganar eu sei que é batalha<br />

perdida.<br />

Hoje não, hoje vou beijar-te<br />

Para que fique em mim o sabor<br />

Porque não alimentaste esse amor?<br />

Hoje não, hoje vou amar-te<br />

Para que fique gravada a sensação<br />

Quem sabe nasce um perdão.<br />

Hoje não, hoje vou desculpar-me<br />

Para que actos de verdade<br />

Possam quem sabe salvar a amizade.<br />

Hoje não, hoje vou dizer-te<br />

Que ainda podemos dar certo<br />

Sim me escutarás se te dizer de coração aberto.<br />

Hoje não, não hoje.<br />

Sivaldo Cardoso Fontes<br />

Estância, SE<br />

@: sivaldoopoeta@hotmail.com<br />

Estância, terra do amor,<br />

Das amizades e das culturas,<br />

Dos imigrantes e dos teus filhos leais,<br />

Das tuas histórias tradicionais,<br />

Dos teus heróis, a coragem e bravura.<br />

És símbolo do amor,<br />

Das tradições e dos sonhos,<br />

Passados, melancólicos,<br />

Outros, porém risonhos,<br />

Dos que pisaram nesta terra abençoada.<br />

És o marco da nossa grande história<br />

Do teu passado coberto de glória,<br />

De grande valor na nossa Pátria Amada.<br />

Pátria dos guerreiros valentes!<br />

Das batalhas contra povos desumanos;<br />

Lutaste contra os poderes soberanos;<br />

Com o desejo de sermos independentes.<br />

Teu nome é honrado pelos teus filhos amados,<br />

Teu braço sempre foi mais firme e forte.<br />

És o valente leão do sul de Sergipe;<br />

Tua garra e teu punho, são elos entrelaçados.<br />

És força, és energia vital<br />

Formoso pelo heroísmo dos teus bravos guerreiros,<br />

Pela bondade dos teus filhos hospitaleiros,<br />

És infinito! És grande!<br />

Estância imortal!<br />

Estância berço da cultura!<br />

Felizes com a felicidade alheia.<br />

- 40 -<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Explosão<br />

Sollozo<br />

Teresinka Pereira<br />

Toledo, Ohio-USA<br />

@: tpereira@buckeye-express.com<br />

americano*<br />

A estrela que explodiu<br />

Luminosa e ardente<br />

Foi recolhida na Terra<br />

E cada átomo foi se instalar<br />

No ser humano.<br />

Viemos do céu<br />

E somos relâmpagos metálicos<br />

Permanecendo na Terra<br />

Que aprendemos a transformar.<br />

Algum dia explodiremos<br />

Outra vez<br />

E voltaremos para o Universo<br />

De onde viemos.<br />

Água<br />

Leomária Mendes Sobrinho<br />

Salvador, BA<br />

@: lea.sobrinho@gmail.com<br />

A água é essencial<br />

Para o banho,<br />

Para o ganho.<br />

Para energia é crucial.<br />

A água é magia sem cor<br />

Ao transformar-se em formosura.<br />

Muda o volume e a mistura.<br />

Não possui cheiro ou odor.<br />

A água não deixa marca.<br />

Sua sombra depois exala.<br />

Dos precipícios à montanha escala.<br />

Nenhum espírito abarca.<br />

- 41 -<br />

Mary Acosta<br />

Argentina<br />

@: poemasdemary@hotmail.com<br />

Cuando América llora<br />

Entristecen las lenguas milenarias<br />

Ante el curso abierto de la cruel indiferencia.<br />

Las flechas del hombre<br />

Penetran en el hombro de la sana inocencia,<br />

Intentando descartar<br />

Fortalezas desposeídas de futuro.<br />

Cuando América llora<br />

Gime el aire ante múltiples culpables,<br />

Que oxidan sus credos<br />

Goteados de remordimiento.<br />

Ante los altares de Dios<br />

Ángeles y demonios se disputan delirantes<br />

Como fieras en celo, a la pródiga tierra,<br />

La piel del tiempo en la sumisión del día,<br />

Y al hombre, como último pájaro<br />

Que busca amparo en la cima de la esperanza.<br />

Voces de América se arrodillan<br />

Sobre la selva hostil y sollozante,<br />

Y la humanidad enferma fluye<br />

A través de lenguas llagadas de injusticia.<br />

Siluetas infernales deforman las batallas,<br />

Partiendo suelos con los surcos del hombre.<br />

Detrás de vengadores se oculta la muerte<br />

Por antiguas revelaciones existenciales,<br />

Depredan rostros sin credo<br />

Exiliados hacia paralelas razones.<br />

América sangra por derrotas diluidas<br />

Sobre el cáliz de los delirios.<br />

Racimos de dolores, tatúan sus suplicas<br />

Frente al destino de pañuelos blancos.<br />

El vértice de la torturante quimera<br />

Punza olvidos entre los límites,<br />

Y brazos multiplicados rodean en cruz<br />

La figura de América,<br />

Inaugurando rosarios benditos<br />

En ofrenda por una aspirada libertad.<br />

* Primer premio “Jorge Luis Borges” (George Zanun <strong>Ed</strong>itores<br />

2007) Del Libro La Republica de los Tristes.<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

La Chispa<br />

Te disse?<br />

Mariano Errecar<br />

Garupá - Provincia de Misiones, Argentina<br />

@: marianorkr@gmail.com<br />

Chispa mágica, te espero,<br />

Como el pehuen desvelado<br />

Espera nocturno, helado,<br />

Al rayo del sol primero.<br />

Ansío, anhelo y quiero,<br />

Más cerceno el cutre ruego,<br />

Que en tangencia me hagas fuego.<br />

Fuego en centellar de versos,<br />

Como corderos perversos<br />

Nutren el piño de mi ego.<br />

Así de mi mano en llamas<br />

Se esparcen por el papel<br />

Libres voces en tropel,<br />

Cual flores por las retamas.<br />

La pluma es punta de flamas,<br />

Que con impiadoso ardor<br />

Declama amor y candor.<br />

Palabras que son tizones<br />

Tizones que abren pasiones<br />

Para el joven trovador<br />

Y muy luego, sosegada,<br />

Y en la hoguera de mi mente,<br />

Por un destello silente<br />

Cesa la chispa adecuada.<br />

Como redoma blindada<br />

El cuarto, aun arrebolado<br />

Sustenta firme, extasiado,<br />

La ceniza espiritual<br />

Que se templa en el ritual<br />

Del numen ya consumado.<br />

- 42 -<br />

Cláudio Dortas Araujo<br />

Estância, SE<br />

@: claudiodortas@gmail.com<br />

E de tudo já lhe falei...!<br />

Te disse da dor lancinante<br />

Da simplicidade dum sorriso<br />

Do gostoso que é um abraço apertado<br />

Deste meu sentir<br />

Que sempre te quis... e quer!<br />

Sim, te declamei poemas e versos,<br />

Até a poesia mais linda<br />

“Eu fiz para você”! Lembro das lágrimas<br />

De emoção incontida quando a minha voz<br />

Em cada sílaba a carinhar deliciosamente<br />

Teus tímpanos sensíveis.<br />

E vi você estremecer de emoção!<br />

Inda continuo a ditar o que vai n’alma<br />

Como prenúncio de dias felizes<br />

Melancolias transformadas em alegrias<br />

Para ver teu contentamento...<br />

Para que me ouça... como Eu te Amo!<br />

Ela é Bia...<br />

Rosane Ozorio<br />

Dourados, MS<br />

@: rosanecosta_ozorio@hotmail.com<br />

Ela é Bia...<br />

Ela é pura sabedoria...<br />

Ela tem o dom da poesia...<br />

Ela é Bia...<br />

Ela é pura magia...<br />

Ela até parece fada sem fantasia...<br />

Ela contagia a todos com sua alegria...<br />

Ela é Bia...<br />

Ela encanta com seu doce olhar da Biologia...<br />

Ela é princesa é guerreira, com maestria...<br />

Ela é Bia...<br />

Ela é doce e valente,<br />

Com muita ousadia...<br />

Ela veio no mundo pra brilhar, pois...<br />

Ela é Bia...<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Ter Fé<br />

Alaíde Souza Costa<br />

Aracaju, SE<br />

@: caalaide@hotmail.com<br />

O que é ter fé?<br />

“É um salto no escuro”<br />

Por cima do muro<br />

“Nos braços de Deus”?<br />

Verdade, irmão querido<br />

Sabemos muito bem, disso.<br />

Mas, ter fé é ir mais além!<br />

Defendo que é praticar o bem<br />

Sem sequer esperar um vintém!<br />

Simplesmente porque acredito<br />

Ser filha de um Deus justo e bonito<br />

Que nos colocou nessa bela Terra<br />

Para auxiliarmos uns aos outros.<br />

Seguir, praticando sempre o bem<br />

Sem escolher, sem olhar a quem<br />

Até chegarmos ao glorioso dia<br />

De voltarmos ao céu, ô Maria!<br />

Prestarmos conta do que fizemos<br />

E do que deixamos de fazer, então<br />

Pelo nosso próximo, o nosso irmão!<br />

Amor de mãe<br />

Ylvange Tavares<br />

Aracaju, SE<br />

@: ylvange100@gmail.com<br />

Um dia ensolarado,<br />

Eu nasci do ventre<br />

Dela.<br />

Fui cuidado<br />

Por ela.<br />

Eu cresci;<br />

Fui orientado<br />

Por ela.<br />

Um dia eu parti;<br />

Vazio ficou o coração<br />

Dela.<br />

Ela ficou doente.<br />

Voltei para cuidar<br />

Dela.<br />

Seu último suspiro,<br />

Eu estava do lado<br />

Dela.<br />

- 43 -<br />

Solilóquio<br />

poético<br />

Flávia Kruck<br />

Marilândia do Sul, PR<br />

@: flaviakkruck@hotmail.com<br />

O que são poemas?<br />

Pra mim?<br />

Conjunto de rimas, versos e estrofes<br />

Com ou sem sentido?<br />

Apenas palavras soltas.<br />

Esconderijo das ilusões.<br />

O que são poemas?<br />

Refúgio dos mal-amados,<br />

Confissão dos apaixonados.<br />

O que são poemas?<br />

Rimas de amadores,<br />

Versos de dores,<br />

Estrofes de amores,<br />

Sonetos de idealizadores.<br />

O que são poemas?<br />

Pra mim, pra ele ou pra nós?<br />

Poemas são textos,<br />

Poemas são pretextos,<br />

Poemas são discursos,<br />

Poemas são esdrúxulos,<br />

Poemas são a tradução do que é o amor,<br />

E de todo o caminho que o transforma em dor.<br />

Painel redondo (Inspiração)<br />

Diâmetro: 80 cm - Técnica: Mista<br />

Ano: 2011 - Artista: Jani Brasil<br />

Contato: janibrasil7@gmail.com<br />

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Conto<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

https://afremov.com<br />

City clown - Palette Knife Oil Painting On Canvas<br />

By Leonid Afremov - Size 24”x30”<br />

O palhaço<br />

Isloany Machado<br />

Campo Grande, MS<br />

@: isloanymachado@gmail.com<br />

Olhava o palhaço e estava<br />

convicto de que havia algo de<br />

errado ali. Seus pais sentaram-se<br />

com ele na primeira fileira do<br />

circo, de modo que pode olhar<br />

cada detalhe. Era a primeira vez<br />

que via um palhaço tão de perto,<br />

na verdade aquela figura sempre<br />

lhe causara uma espécie de medo<br />

inexplicado, daqueles que chamam<br />

fobia. Ninguém entendia<br />

como uma criança podia ter um<br />

medo assim de um palhaço, uma<br />

figura que só quer fazer rir. Sentiase<br />

idiota por ter tanto medo.<br />

Evitava qualquer contato.<br />

Quando o carro de som passava<br />

anunciando a chegada do circo,<br />

escondia-se embaixo da cama<br />

durante horas. Seus pais insistiam<br />

em levá-lo, pois acreditavam que<br />

um homem precisa enfrentar seus<br />

medos desde sempre. Encolhia-se<br />

entre as pernas da mãe e virava o<br />

rosto diante da aparição da figura<br />

tragicômica, sentia o peito pular<br />

sob a camisa xadrez preferida dele.<br />

Já um pouco maior, pode sentar-se<br />

na primeira fila e olhar mais<br />

demoradamente para ele. O que<br />

sentia era algo da ordem de um<br />

vazio, uma coisa que suas palavras<br />

não conseguiam alcançar. Há<br />

pouco deixara de ser criança e<br />

ainda carregava uma dificuldade<br />

grande de pensar seus sentimentos.<br />

Muitas pessoas carregam essa<br />

dificuldade sempre. Mas por ter-se<br />

mantido firme na primeira fileira,<br />

ganhou elogios de seus familiares,<br />

que diziam ser ele um moço já.<br />

Não era mais um medo paralisante,<br />

era algo diferente, quase dó em<br />

alguns momentos. Ah, que coisa<br />

difícil de definir, achou melhor<br />

deixar pra lá. Devia ser coisa da<br />

sua cabeça. No meio do espetáculo<br />

o palhaço aproximou-se dele e<br />

ofereceu-lhe uma flor de plástico.<br />

Ao final, viu seus amigos tirando<br />

fotografias com o palhaço.<br />

Recusou-se ao convite de um<br />

deles.<br />

Remexendo nas suas<br />

coisas de infância encontrou a<br />

flor de plástico, empoeirada, e<br />

imediatamente a imagem do<br />

palhaço ocupou sua memória.<br />

Nunca entendera, por exemplo,<br />

por que havia uma lágrima num<br />

rosto pálido cuja boca era marcadamente<br />

feliz. Como vira de<br />

muito perto, pode notar que o<br />

riso era desenhado, não era dele.<br />

Por que mentia? Havia um par de<br />

sobrancelhas muito arqueadas<br />

dando a impressão de olhos que a<br />

tudo viam o tempo todo. No meio<br />

da face um nariz vermelho tão<br />

grande que provavelmente o<br />

impediam de ver qualquer coisa<br />

que estivesse debaixo de si.<br />

Tampouco podia compreender o<br />

fato daquele sujeito usar roupas e<br />

sapatos muito maiores do que os<br />

seus pés, sendo que sempre<br />

tropeçava neles e caía.<br />

Remexendo nas memórias<br />

pode entender o medo inicial e o<br />

posterior vazio que sentia ao ver o<br />

palhaço. Agora que já era homem<br />

feito, podia contar com as palavras<br />

em vários momentos, não em<br />

todos, infelizmente. Entendeu<br />

que o palhaço era uma caricatura,<br />

um exagero do humano. A lágrima<br />

em paradoxo com o riso<br />

desenhado no rosto denotava que<br />

a felicidade é um estado inconstante,<br />

paradoxal, flutuante, mas<br />

que muitos precisam colocá-lo<br />

como permanência. É preciso<br />

olhar de perto para notar que um<br />

sorriso pode ser um belo disfarce,<br />

mas que a verdade nunca se diz<br />

toda, sempre há um resto não<br />

dito. Era pra denunciar isso a<br />

mascarada dele. Sobrancelhas<br />

arqueadas para alguém que vê<br />

longe e muito, talvez até mais do<br />

que gostaria. Um nariz grande<br />

para dizer que muitos homens,<br />

apesar da impressão de que tudo<br />

veem, às vezes não enxergam o que<br />

está embaixo do próprio nariz. Por<br />

fim, as roupas e sapatos grandes<br />

denunciavam que o homem<br />

sempre quer muito mais do que<br />

precisa, ou ainda, quer sempre o<br />

que não precisa. Mas é nisso que<br />

ele sempre tropeça e cai. Todo este<br />

conjunto causava riso nas crianças<br />

e nos adultos, mas não causava<br />

nele. Aquelas pessoas riam do<br />

palhaço, sem saber que riam de si<br />

mesmas. Ele não ria. Algumas<br />

outras pessoas provavelmente<br />

também não riam. Sentia algo<br />

diferente e agora sabia que era<br />

pena.<br />

Olhou novamente para a<br />

flor de plástico. Uma lágrima<br />

correu em seu rosto. Mirou o<br />

espelho que estava a dois metros<br />

de si e imediatamente deixou<br />

escapar um sorriso, pois agora não<br />

tinha mais medo. Compreendeu<br />

perfeitamente que uma lágrima e<br />

um sorriso podem coexistir, pois<br />

das incoerências se constitui o<br />

homem.<br />

- 44 -<br />

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Crônica<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

O milagre<br />

da vida<br />

Marta Amaral<br />

Arapiraca, AL<br />

@: martaamaral41@hotmail.com<br />

Um sonho de um casal era formar uma<br />

família, um filho queria ter, mas o tempo parece<br />

enlouquecer em meio às adversidades, a criança<br />

não podia nascer.<br />

De um sonho sem realização, que é transformando<br />

em aflição. É o choro da madrugada, a<br />

pergunta sem resposta o silêncio no meio da<br />

angústia. E nesse contratempo da vida, tudo parece<br />

ficar perdido, já não há mais esperança, onde está o<br />

sonho do nascer daquela criança?<br />

A vida não é injusta, nem tudo se dar por acabado,<br />

quando se crer pode esperar, o tempo tem um<br />

dono, que ensina a buscar, clamar e suportar a<br />

espera alcançada. É da promessa esquecida, renovada<br />

pelo Senhor é a oração feita em meio a dor. A<br />

criança chegou!<br />

Quando já não havia mas esperança o<br />

impossível virou possível, como um novo amanhecer<br />

que deu sentindo para o novo viver. É uma<br />

sementinha que começa a crescer, uma nova vida<br />

há de aparecer e nove meses a percorrer. Um sonho<br />

que vira realidade, a Fé que deu a certeza daquilo<br />

que não se ver, é uma nova história, do ontem, do<br />

hoje e do agora...<br />

A história que virou um conto, que deu<br />

esperança outras vidas, dela surgiu novas experiências,<br />

não o que diz a ciência, mas a Fé e a cresça é<br />

que leva a crer. Que nesse mundo a um Deus de<br />

grande poder.<br />

É o nada que vira tudo, a dúvida que vira a<br />

certeza, o não pode, que vira tudo pode. E bem<br />

longe disso tudo, aquele sonho quase morto,<br />

ressuscitou da fé e do amor, a criança se formou. E<br />

um nome ganhou, Giovanna. Assim se chama,<br />

nove anos ela ganhou, a sementinha que era morta<br />

uma vida ganhou, hoje em nosso convivo, vive<br />

cercada de amor.<br />

São os mistérios da vida das mãos do<br />

Criador.<br />

É o milagre da vida, de um sonho em realização, a<br />

Fé envolvida no meio da oração. Giovanna a<br />

menina do milagre... O milagre da vida! O impossível<br />

só torna possível mediante a Fé que sentimos.<br />

Deus tem sempre um milagre a operar na vida dos<br />

que crer!<br />

- 45 -<br />

Tentando<br />

descrever<br />

Manoel<br />

Nena Sarti<br />

Campo Grande, MS<br />

@: msarti60@gmail.com<br />

Falar de Manoel de Barros não é tarefa<br />

fácil. O conheci em um Congresso Literário em<br />

uma tarde nublada. Quando ele entrou na sala<br />

o sol apareceu lá fora e dentro do recinto. Não<br />

lembro o ano, também nem quero lembrar,<br />

porque a sua imagem continua nítida em<br />

minha mente.<br />

Descrevê-lo seria audacioso de minha<br />

parte. Ele nasceu com o sorriso estampado.<br />

Tudo nele é esplendor. Vou deixar os verbos no<br />

presente uma vez que poeta não morre, posto<br />

que é imortal.<br />

Literalmente tem perfume de flores.<br />

Quando consegui sentar ao seu lado senti o<br />

quão frágil e pequena sou diante dessa figura<br />

que Deus nos mandou para amar.<br />

Enquanto estava na ativa, nas escolas e<br />

afins levava para sala de aula seus livros, seus<br />

poemas ramificados de poesia, ou não, como<br />

ele mesmo diz. E ensinava, e lia, e escrevia e os<br />

alunos entendiam. Sim, entendiam, pois, eu<br />

esmiuçava palavra por palavra de seus versos, de<br />

suas frases, de seus pensamentos sobre a natureza.<br />

Eu o conheci, ficamos de mãos dadas, eu<br />

olhando para ele embevecida e ele sorrindo,<br />

rindo, divertindo-se com o meu amor à primeira<br />

vista, porque não os dois olhos dentro de seus<br />

olhos de um azul que até doía.<br />

Foi um instante em um Congresso<br />

Literário em uma tarde nublada que conheci a<br />

luz transcendente de luz.<br />

Saudades? Talvez. Quem o conheceu e o<br />

tocou continua com a sua presença impregnada<br />

nesse universo de versos e canções.<br />

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Artigo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Reprograme-se<br />

Lucas Oliveira<br />

Juventude sem Caô - Dourados, MS<br />

@: lukasdaschagas@hotmail.com<br />

Ter consciência de que está onde está, de<br />

saber que todo seu presente está apenas ali e não em<br />

sua imaginação distante de um presente não vivido.<br />

Mas, imaginado a auto-observação tem grande<br />

relevância com a transformação do seu ser e a<br />

concretização do seu Eu indecifrável.<br />

Acabamos por nos tornar complexos por<br />

deixarmos sermos construídos por mãos desconhecidas<br />

e se desfazer de se construir, se desfazer do<br />

autoconhecimento procurado e se deliciar com o<br />

autoconhecimento servido a mesa. Chegamos ao<br />

ponto de questionar o nosso ser e achar que estamos<br />

errados em fazê-lo. Isso deveria ser tão natural,<br />

se perguntar se é bom se é ruim, se você gosta<br />

realmente de um tipo de roupa ou se você o usa por<br />

ser apenas bonito ou confortável.<br />

Infelizmente nos ferimos todos os dias com<br />

algo que não é nosso, mas também não é algo que<br />

foi imposto, sempre temos escolhas e não escolher<br />

também é uma escolha.<br />

Quando nos desfazemos do livre arbítrio de<br />

decidir o que é bom ou não, nós estamos dando a<br />

alguém esse poder, esse poder de controlar, de<br />

organizar algo robótico, copiar e colar.<br />

Somos infinitamente completos por nossas duvidas,<br />

mas a superfície de certezas nos parece mais<br />

agradável, não se perguntar e apenas aceitar nos<br />

parece mais adequado e menos trabalhoso. Por que<br />

atualizar se nessa versão já está boa?<br />

Algumas coisas não foram criadas do nada,<br />

elas foram copiadas, eles apenas pegaram uma<br />

parte dos humanos e transferiram para um objeto<br />

com mais facilidade de usar. Nossa memória foi<br />

transferida para o celular, computador, nosso<br />

conhecimento está no google, nós conhecemos<br />

nossos recursos e capacidades, mas não os desenvolvemos<br />

para poder usar ao máximo.<br />

Não preciso me atualizar se um clique na<br />

tela do meu celular vai abrir possibilidades com<br />

mais facilidade do que o autoconhecimento. É<br />

como se desmembrasse os humanos, mas não<br />

apenas pegando a forma física e transformando em<br />

maquinas para substituir o trabalho braçal, mas<br />

também substituir o pensar, o trabalho do intelecto.<br />

Seja a máquina que evolui, não de melhorar<br />

apenas para si, mas para o próximo, que sejamos<br />

um dia uma competição de atualizações emocionas<br />

e intelectuais. Estamos em mudança todos os dias e<br />

todos os dias podemos nos reaprender e adicionar<br />

no nosso inconsciente ou consciente a infinidade<br />

de coisas que somos capazes de ser, as vidas que<br />

temos a oportunidade de viver.<br />

Então, atualize-se, pense, questione-se, abra<br />

a porta e veja o que tem atrás dela, o medo pode ser<br />

algo ruim. Mas também pode ser o que vai te<br />

motivar a alcançar seus objetivos, tudo depende da<br />

forma em que você escolheu enxergar o mundo.<br />

Rede de<br />

esgoto é um<br />

direito do<br />

CIDADÃO<br />

Itla Denise de Oliveira Amorim<br />

Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE<br />

Resido no cantinho de Sergipe, em uma<br />

cidade que até em seu nome traz alegria -Monte<br />

Alegre de Sergipe -, um município que agrega mais<br />

de 14 mil habitantes, tendo como características ser<br />

um povo hospitaleiro e acolhedor. Mas todo<br />

município tem seus pontos positivos e negativos.<br />

Desde que o município foi fundado, a<br />

população sofre com a falta de uma rede de esgoto.<br />

Esse fato gera uma grande polêmica: Por que,<br />

nenhum dos representantes que o povo escolhe, se<br />

mobiliza no sentido de realizar projetos que capitalizem<br />

recursos para que o problema venha ser<br />

resolvido, já que a falta de saneamento afeta diretamente<br />

toda a população?<br />

No dia 27 de junho de 2013, foi postado um<br />

vídeo nas redes sociais, pelos moradores deste<br />

munícipio, falando sobre, a preocupação e os riscos<br />

de contrair alguma doença através do contato com<br />

o esgoto a céu aberto e o lixo que acumula. Ainda<br />

de acordo com os que convivem nessa situação o<br />

odor é tão forte que atrapalha até mesmo nos<br />

momentos de refeições.<br />

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Artigo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Ademais, os moradores da Rua Secundino<br />

Soares da Costa afirmam que sofrem com a encanação,<br />

que é feita pelos mesmos, e quando chove os<br />

canos não suportam e acabam entupindo, alagando<br />

os quintais das casas. Alguns moradores fazem<br />

fossas nas calçadas para cair direto no esgoto, que<br />

como citado acima é a céu aberto, isso não só<br />

prejudica o meio ambiente como afeta a saúde da<br />

população, principalmente das crianças, pois de<br />

acordo com uma pesquisa feita pela SVE (Secretaria<br />

de Vigilância Epidemiológica), consta que no<br />

município de Monte Alegre de Sergipe em 2015<br />

foram notificados 146 casos de doença diarreica<br />

aguda.<br />

No entanto, no dia 15 de julho do corrente<br />

ano, o Portal Mais Sertão trouxe a informação de<br />

que em algumas ruas, redes de esgotamento sanitários<br />

foram implantadas trazendo um olhar de que a<br />

situação poderá mudar. E apesar dos riscos alguns<br />

ainda defendem a atual gestão, pois, é sabido que<br />

moramos em uma cidade pacata, a qual maioria dos<br />

moradores se prendem em “defender partidos” e<br />

não pensam que esse é um direito do cidadão.<br />

Poderia até concordar, mas vale ressaltar<br />

que é ano de eleição e com isso, podemos especular,<br />

que a benfeitoria não foi com a intenção ou preocupação<br />

em melhorar o estado de vida da população,<br />

mas pensando em uma possível reeleição?<br />

A lei nº 11.445 que exige atendimento dos<br />

princípios da universalidade e da integridade dos<br />

serviços de saneamento básico, afirma que a<br />

população tem direito sobre os serviços. Antes que<br />

falem que “a lei não é cumprida”, irei mostrar que<br />

tendo alguém para intermediar o problema ou uma<br />

fiscalização severa é cumprida sim!<br />

A prova é a cidade de Lucélia (SP), no qual, o<br />

Ministério Público Estadual (MPE), através da<br />

Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e do<br />

Urbanismo, ingressou com uma ação civil pública<br />

ambiental contra a Companhia de Saneamento<br />

Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a prefeitura<br />

de Lucélia por falta de saneamento básico aos<br />

moradores. Conforme o site do G1, o documento<br />

pede que seja feita a universalização de uma ligação<br />

da rede de esgoto, e em caso de descumprimento,<br />

poderá haver multa diária de R$ 1 milhão.<br />

Em síntese, a falta de uma rede de esgoto na<br />

qual envolve infraestrutura e saneamento básico,<br />

tem afetado os residentes desse município supracitado.<br />

E apesar da iniciativa de sanear algumas ruas,<br />

pelas circunstâncias da proximidade do pleito<br />

eleitoral sou contra, principalmente, porque<br />

estamos falando de um direito do cidadão e que<br />

deveria ser prioridade no início de cada gestão,<br />

aliás, esta concepção é válida também para os<br />

gestores que antecederam a atual gestão, sem<br />

contar, que é uma questão que compromete a saúde<br />

e a qualidade de vida da população Montealegrense.<br />

Ganhos na<br />

chuva para<br />

perder na<br />

SECA!<br />

Aécio Silva Júnior<br />

Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE<br />

Resido na fazenda Saco da Serra, situada no<br />

município de Porto da Folha, SE. Aqui, já há alguns<br />

anos, o rebanho caprino vem sofrendo uma drástica<br />

redução em seu número de cabeças e propriedades<br />

onde esses animais sejam a criação principal.<br />

Há quase uma década atrás, na maioria das<br />

fazendas e sítios dessa região, as cabras eram criadas<br />

em grandes quantidades e proporcionavam as<br />

famílias (principalmente os agricultores familiares)<br />

a carne, o leite e seus derivados, além de ajudar no<br />

complemento da renda, contribuindo na feira<br />

semanal de centenas de lares que vendiam os<br />

cabritos e o leite das mesmas.<br />

Também é sabido, que fora essa ajuda toda,<br />

as cabras são em sua maioria, muito bem adaptadas<br />

ao clima semiárido do Sertão Nordestino, e sobrevivem<br />

bem com que esta terra tem a lhes oferecer de<br />

alimento.<br />

Contudo, falando especificamente de<br />

minha região (o Alto Sertão Sergipano), os pequenos<br />

e médios criadores de cabras passaram a introduzir<br />

aos poucos o rebanho bovino em suas terras,<br />

desbastando, assim, as cabrinhas que eram e ainda<br />

são vendidas aos montes para ajudar na compra de<br />

vacas.<br />

Alguém pode até perguntar: mas que mal<br />

tem em deixar de criar cabras e passar a criar vacas?<br />

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Artigo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Por isso eu vos digo, com o passar dos anos, as secas<br />

que neste chão de Porto da Folha (e outras regiões<br />

do semiárido) sempre fizeram parte da rotina, estão<br />

se intensificando e durando mais a cada ano. Com<br />

isso, a produção de ração cai, o preço sobe, o pasto<br />

para o gado diminui ou até mesmo acaba e os<br />

pecuaristas têm que comprar alimentos e água para<br />

seu rebanho.<br />

Dessa forma, o custo para criar esses animais<br />

fica muito alto, chegando a acabar com o lucro, isso<br />

quando não se perde todo o investimento perante a<br />

morte de um ou vários animais da boiada. O gado<br />

bovino em sua grande parte não é adaptado ao<br />

nosso clima, porém, os agropecuaristas daqui<br />

insistem nessa criação.<br />

Diante desses fatos, resolvi entrevistar dez<br />

criadores vizinhos de minha residência (a fazenda)<br />

que criavam cabras e passaram a criar vacas. Destes,<br />

oito afirmaram ter mudado o tipo de criação pelo<br />

fato da cabra ser muito arisca e proporcionar<br />

maiores gastos e cuidados com o cercado, se comparado<br />

à vaca. Dois dos entrevistados disseram ter<br />

feito à troca, pois visavam maiores lucros que<br />

viriam num menor tempo.<br />

O que me intriga, é saber que todos têm a<br />

noção que por mais lucros que a vaca dê no período<br />

de chuvas, este será gasto na seca com ração e água<br />

para as mesmas, enquanto a cabra, exige pouca ou<br />

nenhuma ração em ambos os períodos, graças a sua<br />

adaptabilidade.<br />

Agora, diante dos fatos apresentados acima<br />

lhe pergunto, será que vale a pena ter lucros com as<br />

vacas na época das chuvas para depois gastar na<br />

seca? Com certeza não! Com essa atitude, os sertanejos<br />

enfraquecem sua economia, e tornam-se<br />

dependentes dos grandes comerciantes que fazem<br />

“gato e sapato” do pequeno criador.<br />

Desmatar:<br />

é preciso?<br />

Luciene de Oliveira<br />

Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE<br />

O desmatamento é um problema recorrente em<br />

nosso país, com danos incalculáveis. Tal prática surgiu<br />

com o “descobrimento do novo mundo, ‘pelos portugueses’”<br />

por volta do século XV. Desde então, as matas<br />

brasileiras sofrem com a derrubada de árvores para o<br />

abastecimento de grandes indústrias. Quando se fala<br />

em biomas desmatados vem à mente de todos, as<br />

exuberantes florestas amazônicas, mata atlântica,<br />

cerrado que somam 86,3% do território brasileiro. É<br />

verdade, essas áreas sofrem constantemente com os<br />

efeitos da degradação de suas matas, no entanto, temos<br />

outro bioma com valor também inestimável que está<br />

desaparecendo rapidamente, causando transtornos<br />

para os moradores da região e em longo prazo para as<br />

demais.<br />

Estou me referindo à Caatinga (10% do território<br />

nacional), apesar de ser esquecida por muitos e<br />

insignificante para outros ela é o único bioma exclusivamente<br />

brasileiro e de suma importância para a manutenção<br />

do equilíbrio ecológico. Assim, vemos que é<br />

essencial a sua preservação, mas, na realidade ela vem<br />

sofrendo severamente com a derrubada de suas árvores.<br />

Segundo o IBAMA, cerca de 260 mil caminhões<br />

com lenha advinda da caatinga são transportados<br />

para atender a demanda energética apenas do<br />

estado de Pernambuco. Estima-se que 30% da energia<br />

usada pelas indústrias da região venham de lenha da<br />

caatinga.<br />

Aqui em Monte Alegre de Sergipe, a situação<br />

não é diferente. A madeira da mata branca é posta<br />

abaixo e alimenta os fornos de padarias, caieiras, fogões<br />

à lenha (nas pequenas residências), além de abastecer as<br />

madeireiras e serrarias. Algumas das atividades citadas<br />

ocorrem de forma ilegal perante a lei, uma vez que no<br />

artigo 46 da lei n° 9.605/1998, receber ou adquirir<br />

madeira, lenha, carvão etc., sem a exibição de licença do<br />

vendedor, configura crime ambiental.<br />

Mas, aqui na região não há fiscalização, então,<br />

os moradores promovem as queimadas, tanto para<br />

limpar o terreno, pois, segundo eles é necessário para a<br />

agricultura, tendo em vista que o milho plantado na<br />

terra queimada cresce mais forte, como também para<br />

aumentar a renda (por meio da venda de carvão) que é<br />

muito baixa. E assim, o ciclo da poluição/desmatamento<br />

é repassado ao longo das gerações.<br />

Contudo, pesquisas revelam que a prática<br />

citada mais acima, causa perdas consideráveis na<br />

biodiversidade, com o desaparecimento de plantas e<br />

animais (Araújo Filho e Barbosa, 2000) e declínio de<br />

sua produtividade (Menezes et al. 2005). É necessário<br />

deixar o solo descansar, recuperando-se assim dos<br />

danos. Entretanto, as práticas do passado ainda continuam<br />

em voga. Vemos o uso intensivo da terra, o que<br />

encurta o tempo de repouso, deixando o solo pobre em<br />

nutrientes, prejudicando as próximas plantações,<br />

gerando transtornos para a caatinga (que está com suas<br />

espécies em extinção) e para a população, pois, com<br />

terras inférteis a produção de alimentos diminui, por<br />

conseguinte os preços aumentam. O que resta é um<br />

simples questionamento: é mesmo necessário?<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Por onde<br />

andam as<br />

histórias?<br />

José Thiago Dantas Costa<br />

Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE<br />

Quem nunca se sentou ao redor de uma<br />

fogueira e se pôs a ouvir ou a contar uma história?<br />

Foi esse o questionamento feito por mim a 10<br />

entrevistados, sendo cinco com idades inferiores a<br />

18 anos, e cinco outros com idade superior a 40<br />

anos.<br />

Os cincos jovens afirmaram não ter o hábito<br />

de realizar programas desse tipo, enquanto com<br />

faixa etária superior a 40, afirmaram que já tiveram<br />

tal hábito, mas que não o exercem atualmente.<br />

A história oral, não somente é importante<br />

para promover a intenção social, como também é<br />

responsável por conservar e propagar narrativas ao<br />

longo do tempo, como explica e complementa<br />

Antônio Roberto Xavier em um dos seus artigos: "A<br />

história oral é considerada como fonte identitária<br />

de um povo, capaz de retratar as realidades, as<br />

vivências e os modos de vida de uma comunidade e<br />

suas mais variadas sociabilidades".<br />

Antigamente, as pessoas daqui do sertão de<br />

Monte Alegre de Sergipe, SE, sentavam-se sempre<br />

em pequenos grupos, a fim de compartilharem<br />

feitos dos seus antepassados. Estes contos ganhavam<br />

vida respirando pela oralidade, cuja função era<br />

perpetuar as histórias. A pesquisa inicialmente<br />

comentada deixa explícito o desaparecimento das<br />

histórias no cotidiano sertanejo.<br />

Observa-se que no correr do relógio, os<br />

costumes e as histórias vanescem não tanto por<br />

serem ignoradas, mas sim pelo feito de terem sido<br />

substituídas por outros meios de entretenimento.<br />

Atualmente, ver-se uma interrupção no<br />

processo de repasse de narrativas, uma vez que não<br />

há uma preocupação por parte dos profissionais da<br />

história da região, em absorver e imprimir essas<br />

histórias. Pensava-se, também, que na medida em<br />

que o sertão se desenvolvesse, no sentido educacional,<br />

as histórias orais iriam adotar a matriz escrita.<br />

A contrariedade é que no contexto do<br />

advento da alfabetização e da cultura literária, a<br />

globalização se fez presente e impediu a existência<br />

de um grande e exótico acervo literário regional. O<br />

entretenimento gerado por filmes, novelas, reality<br />

shows entre outros, apagaram aquela velha fogueira<br />

e baniram todas aquelas histórias para o reino do<br />

esquecimento.<br />

Outro agravante dar-se pelo fato de que,<br />

aqueles repartidores de folclore estão parecendo-se,<br />

com estes, estão indo surpreendentes fatos fictícios<br />

e reais que poderiam estar fornecendo cultura<br />

literária identitária do sertão para seus conterrâneos.<br />

A mudança de hábitos, o desaparecimento de<br />

valores e tradições figuram como questões “bobas”,<br />

no entanto, é aparato de estudos em história,<br />

Antropologia, Sociologia e Filosofia.<br />

Certamente, daqui a alguns anos, todos se<br />

lembrarão da figura de Chico Bento, estarão<br />

prontos a assistirem o mesmo. O revés é que dificilmente<br />

alguém irá ver, em algum sertão desse Brasil<br />

um “Tabaréu” e menos ainda ouvirão uma outra<br />

história. Então descobriremos que a padronização<br />

ultrapassou e encobriu nossa identidade cultural.<br />

SINOPSE - Pauperremia<br />

A obra de Gerson Lourenço traz um instigante Manifesto denominado<br />

Cauilinismo e finaliza com um enigmático poema concreto<br />

que presentificam a vida e a poesia em tempo de uma democracia<br />

fragilizada. Entre a vida e a poesia, o poeta diante do caos, propõe<br />

uma operação cirúrgica à aclamada democracia em estado de<br />

choque e mantidas por MPs antidemocráticas. Frente a isso, poeta<br />

brada: há de se libertar e de se igualar a todos por meio de uma<br />

educação capaz de ser rio corrente e não asas acorrentadas.<br />

Autor: Gerson Lourenço Contato: poetasinocentes@hotmail.com<br />

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Artigo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

O livro<br />

Aurineide Alencar<br />

Dourados, MS<br />

@: aurineidealencar@hotmail.com<br />

É no livro que se aprende<br />

O saber do dia a dia!<br />

Porém é durante a vida,<br />

Que se adquire sabedoria!<br />

Pois a página do amor<br />

Está no livro da flor<br />

Que cada um cultivar!<br />

Quem planta felicidade,<br />

Isto é a pura verdade,<br />

Sua colheita brilhará!<br />

Os bons livros são tão raros<br />

Que sãos como os amigos!<br />

Quem quiser pense outra coisa,<br />

Ou então pense comigo!<br />

Veja hoje o que acontece<br />

A gente quase enlouquece,<br />

Com as tais redes socais!<br />

São mais de dois mil “contato”,<br />

Consume o tempo de fato,<br />

Com isso ninguém lê mais!<br />

Ter citações gravadas<br />

Dentro de sua memória!<br />

É fonte de inspiração,<br />

Isso já provou a história!<br />

Para que isso aconteça,<br />

Pra refrescar a cabeça<br />

Você só precisa ler.<br />

Pense só em um estilo<br />

E no livro que traz aquilo<br />

Do que você entender!<br />

Aquele que tem um livro<br />

Jamais sente solidão.<br />

Ele faz com que você<br />

Solte a imaginação.<br />

O livro é um veleiro<br />

E te leva ao mundo inteiro.<br />

Dia e noite sem parar,<br />

É a fonte inesgotável,<br />

A vontade insaciável.<br />

Que te leva a viajar.<br />

A dança<br />

se foi<br />

Pérola Bensabath<br />

Salvador, BA<br />

De repente lembrei-me d’eu dançarina.<br />

Esvoaçante na leveza do meu corpo juvenil.<br />

A mágica da minha dança não mais<br />

permanece na harmoniosa melodia e nem na<br />

contradança do presente.<br />

O coração me pergunta: onde está a<br />

menina que dançava sutil, volteante, tal boneca<br />

da caixinha de música? Aquela garotinha que<br />

bailava com a alma... ao personagem se entregava,<br />

vibrava na música e no diapasão da maestria?<br />

La petite femme com a dança correndo tal<br />

sangue nas veias em pulsante paixão de rodopios<br />

incontidos.<br />

Ela se foi.<br />

A maternidade levou a minha dança.<br />

Agora... o tempo inclemente cobra os reflexos<br />

da purpurina, da adrenalina. Não mais dança a<br />

bailarina. O saiote se mistura às sapatilhas,<br />

envoltos em véus e guardados no fundo do baú.<br />

Os acordes da música clássica ressoam docemente<br />

como ecos do passado. O meu voltear<br />

agora se resume aos palcos da vida, pois em<br />

versos e reversos, o show tem que continuar.<br />

Canção<br />

para a dor<br />

Dinovaldo Gilioli<br />

Florianópolis, SC<br />

@: dinogilioli@yahoo.com.br<br />

em notas musicais<br />

la<br />

si<br />

vão<br />

meus ais<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

A grande<br />

estação<br />

Davi Roballo<br />

Dourados, MS<br />

@: daviroballo@gmail.com<br />

Certa vez um garoto encontrava-se inconsolável<br />

por ter perdido sua avó materna, não entendia<br />

o porquê de sua avó ter partido, como toda criança<br />

ele possuía uma vaga noção sobre o morrer, noção<br />

baseada na morte de animais de estimação. O<br />

garoto não contendo sua inquietação e com toda<br />

inocência de uma criança de sete anos de idade<br />

perguntou a seu pai: o que é morrer? O que é a<br />

morte? Como estavam no carro da família esperando<br />

escoar um imenso comboio de vagões, o pai do<br />

garoto respondeu: “morrer é deixar de viver aqui<br />

para viver em outro mundo e a morte é um trem de<br />

passageiros que recolhe a alma das pessoas em uma<br />

cidade e as leva para um bom lugar, no qual descansam<br />

e curam seus males enquanto esperam os<br />

parentes que ficam, pois todos nós também morreremos,<br />

mas a morte é imprevisível e insensível, não<br />

avisa quem vai levar e muito menos se preocupa se o<br />

passageiro viveu pouco ou muito tempo.” Ao<br />

imaginar um trem cheio de almas indo para um<br />

bom lugar o garoto aceitou com tranquilidade a<br />

morte de sua avó.<br />

Sem entender muito a morte, esse fenômeno<br />

natural rodeado de tabus, evitamos pensar que<br />

temos no futuro uma data reservada aos atos<br />

fúnebres de nosso próprio corpo. Ao refletir sobre<br />

a finitude - talvez como forma de aliviar o terror que<br />

representa para nós o próprio fim -, imagino que ao<br />

nascermos entramos em uma grande estação e nela<br />

aguardamos com resignação o expresso que sinaliza<br />

que nossa hora chegou. Nessa estação como não<br />

possuímos bilhetes não nos é possível saber a hora,<br />

dia, mês e ano do embarque. Nossa partida pode<br />

ocorrer a qualquer momento, fato que torna nossa<br />

vida uma incógnita, algo totalmente imprevisível.<br />

Mesmo que nos doa e não admitamos em um<br />

primeiro momento, viver é antes de tudo uma<br />

espera silenciosa pela morte.<br />

Durante essa espera que hora estamos<br />

mergulhados vamos esbarrando em contradições<br />

como a de afirmar que estamos vivendo, quando na<br />

verdade estamos morrendo e essa morte se inicia no<br />

nascimento, pois nesse importante instante da<br />

existência a ampulheta inicia seu processo de<br />

contagem regressiva. Talvez nosso choro ao respirarmos<br />

pela primeira vez denote toda a incerteza<br />

em relação ao próprio fim, indefinição que o ser<br />

humano carrega por toda vida.<br />

Entre 365 dias de um ano, o que marca<br />

nosso nascimento é tido como especial, pois<br />

comemoramos nosso aniversário, no entanto, se<br />

refletirmos sobre isso perceberemos que comemoramos<br />

na verdade o encurtamento do tempo de<br />

espera pelo dia derradeiro, não fosse isso não<br />

assopraríamos velas para apagá-las, ou seja, a<br />

mensagem inconsciente de que apreciamos e<br />

desejamos o apagar das luzes da própria existência.<br />

Particularmente acredito que viver é antes<br />

de tudo resignar-se por ignorar a data da própria<br />

partida. Embora vivamos em uma espera inconsciente<br />

pelo próprio fim, temos medo da morte, pois<br />

geramos em nós apreensão e angústia ante a tudo<br />

aquilo que desconhecemos, isto é, paira sobre nós<br />

uma determinada insegurança quanto a nossa<br />

própria vida. Acredito que no fundo não tememos<br />

a morte, mas assusta-nos as inúmeras formas em<br />

que a vida chega ao fim, entre elas o sofrimento.<br />

Ninguém quer sofrer em seus últimos dias, todos<br />

desejamos um desenlace tranquilo e sem traumas,<br />

mas somos impotentes, pois isso não depende<br />

apenas de nosso desejo.<br />

A vida pode ser compreendida como uma<br />

grande estação, na qual prontos para partir e<br />

alheios ao ano, dia e hora de embarque, perambulamos,<br />

trabalhamos, casamos e temos filhos como<br />

forma de passar o tempo, simplesmente por ignorarmos<br />

a data de nossa partida. Para a maioria de<br />

nós, o tempo de espera se faz tão longo, que nos<br />

afeiçoamos a esta grande estação, julgando-nos<br />

donos da mesma e a ignorar que ela pode ser apenas<br />

um ponto de transição entre outras tantas.<br />

Se nos fosse dado a dádiva de saber de<br />

nossos dias e do próprio fim, talvez viveríamos mais<br />

intensamente do que vivemos atualmente, pois a<br />

data de partida seria uma certeza pontual e não<br />

uma incógnita, se isso fosse possível, com certeza<br />

seria excluída dos dicionários a palavra adiar. Se<br />

pudéssemos ter conhecimento da data de nossa<br />

finitude, talvez pudéssemos viver em paz e harmonia<br />

uns com os outros, sem ganância, sem guerras e<br />

com mais humanidade, pois perceberíamos claramente<br />

que as coisas materiais são tão fúteis, que<br />

não conseguem embarcar conosco no expresso da<br />

morte.<br />

- 51 -<br />

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Poesia<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Entre fosas y<br />

día de Muertos<br />

Reyna Valenzuela Contreras<br />

Durango, México<br />

@: dr_reyna@hotmail.com<br />

Bien sabido por el pueblo mexicano, es<br />

noviembre, mes en el que recordamos a los parientes<br />

que ya partieron a otra dimensión, afortunados<br />

aquellos que siguieron los lineamientos de la santa<br />

iglesia y se encuentren disfrutando de los placeres<br />

eternos, los menos afortunados, esos seguro estarán<br />

retorciéndose en las llamas del infierno, bueno, eso lo<br />

escuchábamos de las abuelas refiriéndose a algún<br />

difuntito mal portado, es mes de hablar de los que ya<br />

colgaron los tenis, a los que se les acabó el veinte, ó los<br />

que en definitiva, ya andaban en tiempos extra, que<br />

diciembre y enero, mes de desviejadero, y ni hablar de<br />

todos a los que han mandado con las patas por<br />

delante, ahora sí que por pura mala voluntad.<br />

La tradición nos viene desde tiempos ancestrales<br />

en donde las etnias Mexica, Maya, Purépecha y<br />

Totonaca ya celebraban rituales a los ancestros<br />

difuntos, fiestas presididas por la diosa<br />

Mictecacihuatl “Dama de la muerte” actualmente la<br />

conocemos como “La Catrina” esposa de<br />

Mictlantecuhtli, “Señor de la tierra de los muertos”<br />

originalmente estas fiestas se celebraban en el octavo<br />

mes del calendario solar mexica, cerca del inicio de<br />

agosto, pero con la llegada de los evangelizadores<br />

cristianos en tiempo de la colonia estos aceptan parte<br />

de las tradiciones de los antiguos pueblos mesoamericanos<br />

, para poder imponer el cristianismo entre los<br />

pueblos.<br />

Nuestros ancestros concebían el paso de la<br />

vida a la muerte como un momento emblemático,<br />

que causaba admiración, temor, incertidumbre, es así<br />

que en estas fechas seguimos en el intento de venerarla,<br />

espantarla o hasta burlarnos de ella. Nacen así en<br />

el siglo XIX versos en forma de epitafios burlescos<br />

donde podemo expresar ideas o sentimientos que en<br />

otras ocasiones sería mejor no decir. Son entonces las<br />

calaveras un recurso literario para expresar el descontento<br />

del pueblo con los políticos de la época, cuando<br />

el descontento no es mucho, podríamos versar textos<br />

como el que sigue:<br />

Que si le dio la rubeola<br />

Disque fue por sarampión<br />

Que por culpa de las chelas<br />

Fue a parar hasta el panteón.<br />

Que fue por andar de cuzco<br />

Que al fin ella se entero<br />

Culpa de malos amores<br />

La muerte se lo llevó.<br />

Que es joven y bien portado<br />

Que mal ninguno ha de hacer<br />

Que nomas debe cuidarse<br />

Y en tentación no caer.<br />

Que la muchacha es bonita<br />

Que el muchacho es lo que es<br />

Que los dos han de cuidarse<br />

Pa’ no salir… con ser tres.<br />

Calaveritas que entre letras nos ayuden a<br />

hacer mofa de situaciones triviales, aunque seria<br />

valido también, hacer huso de la calavera como<br />

herramienta literaria, esa que nos permite la protesta.<br />

Siendo así, bien podríamos hacer espacio para hablar<br />

de problemas actuales, podría entonces abrirse un<br />

espacio para la calavera siguiente;<br />

Que de problemas señores,<br />

Es mejor de eso ni hablar<br />

Que si fue la gasolina<br />

O impuestos mil que pagar<br />

Que en mi México señores<br />

Ya no hay con que festejar.<br />

No nos alcanzan los dedos<br />

Para el sol poder tapar<br />

Ya mi México no tiene<br />

Mas sangre pa’ derramar.<br />

Que día de muertos festejo<br />

Si los jóvenes no están<br />

Hasta ahorita no regresan<br />

Al calor de aquel su hogar.<br />

Que día me muertos festeja<br />

Un país que años atrás<br />

Podía reír de la muerte<br />

Ésa hoy no nos deja en paz.<br />

Hay fosas por todos lados<br />

No los fuimos a enterrar<br />

No hubo panteón para ellos<br />

Ni quien los fuera a llorar<br />

Que día de muertos festeja<br />

Un país que años atrás<br />

Podía reír de la muerte<br />

Hoy… solo quiere llorar.<br />

- 52 -<br />

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Mural<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />

Prezado Artista da Literatura:<br />

Obra cooperativada: quando esquecemos o “eu” e<br />

trabalhamos o “nós”.<br />

Com alegria, estamos iniciando a captação<br />

de textos para o 6º volume das COLETÂNEAS<br />

ELOS LITERÁRIOS, com a coordenação da<br />

Promotora Cultural Pérola Bensabath e edição da<br />

<strong>Ed</strong>itora Alternativa.<br />

Neste volume 6, o prefácio estará a cargo do<br />

escritor David de Oliveira Leite e estaremos homenageando<br />

o escritor Darcy Pinheiro da Silva.<br />

Tema: serão aceitos temas inéditos ou não,<br />

em prosa e verso.<br />

Remessa de textos - os textos deverão ser<br />

remetidos para o endereço eletrônico: perolabensabath@hotmail.com,<br />

contendo título do texto,<br />

nome ou pseudônimo, endereço completo, e-mails<br />

e telefones, foto, além de uma minibiografia do<br />

autor.<br />

Contato: 71 - 33413719<br />

Prazo final para remessa dos textos: 20 de<br />

novembro de 2016.<br />

Valor - preço por página: à vista: R$ 90,00 (com dois<br />

exemplares) ou 03 parcelas de R$30,00.<br />

Formas de pagamento: boleto ou depósito bancário<br />

ou até em 18 vezes no cartão de crédito, com os<br />

juros da operadora.<br />

Exemplares extras poderão ser repassados por R$<br />

15,00 a unidade, desde que previamente reservados.<br />

Lançamento da Coletânea – 06 de maio de 2017,<br />

sábado, em Salvador e posteriormente na Feira do<br />

Livro de Porto Alegre.<br />

Pretendemos que a edição do volume 6 das<br />

COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS possa<br />

apresentar, ao leitor, visões de mundo diversificadas<br />

dos autores e contar com a sua efetiva participação.<br />

Finalistas do XXV Concurso Nacional<br />

de Poesias Augusto dos Anjos<br />

Após o cumprimento do que determina o<br />

artigo 6 do <strong>Ed</strong>ital do 25º Concurso Nacional de<br />

Poesias Augusto dos Anjos, informamos os títulos<br />

das poesias classificadas para a final que será<br />

realizada no dia 11 de novembro de 2016, às 19:30<br />

horas, no Museu Espaço dos Anjos, à Rua Barão de<br />

Cotegipe nr. 386, em Leopoldina, MG.<br />

Foram escolhidas as seguintes poesias, em<br />

ordem alfabética:<br />

- A culpa é minha (Pseudônimo: Balburgo)<br />

- A Queda da Folha (Pseudônimo: Kearney)<br />

- Augusto Cadáver (Pseudônimo: Amor Tecido)<br />

- Cicatriz (Pseudônimo: João Pureza)<br />

- Clandestino (Pseudônimo: Icamiaba)<br />

- Colheita (Pseudônimo: Lustral)<br />

- Com Amor e Com Farinha (Pseudônimo: Macaíba)<br />

- Exílio (Pseudônimo: Faroleiro)<br />

- Fim da Estrada (Pseudônimo: Caminhante)<br />

- Horas mortas (Pseudônimo: Saturnino Domênico)<br />

- Mar imaginário (Pseudônimo: Daniel Ladeira)<br />

- Minhas asas (Pseudônimo: Xuxu de Xocolate)<br />

- O Assoalho do Velho Casarão (Pseudônimo: Antônio<br />

Inconformado)<br />

- O Coração (Pseudônimo: Ana Carter)<br />

- Oco Domingo (Pseudônimo: Witalo Wonka)<br />

- Opsígono (Pseudônimo: Jeremias Sanlape)<br />

- Patético, sublime poeta (Pseudônimo: Ângela)<br />

- Roda da Vida (Pseudônimo: Destino)<br />

- Sacos de Lixo (Pseudônimo: Tigre da Ásia)<br />

- Verdades Análogas (Pseudônimo: Allived)<br />

No dia 11 de novembro, após a apresentação<br />

das poesias e a decisão pelo júri do resultado final,<br />

haverá a cerimônia de premiação, quando serão<br />

conhecidos os nomes dos autores das poesias.<br />

COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS<br />

Pérola Bensabath<br />

Coordenadora<br />

EDITORA ALTERNATIVA<br />

Milton J. Pantaleão<br />

Diretor<br />

- 53 -<br />

www.revistacriticartes.blogspot.com.br


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/revistacriticartes<br />

ISSN 2525285-2<br />

9 772525 285002

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