Revista Criticartes 5 Ed
Revista Criticartes - Ano II, nº. 5 - 2016
Revista Criticartes - Ano II, nº. 5 - 2016
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EDIÇÃO ESPECIAL DO 1º ANIVERSÁRIO<br />
ISSN 2525285-2<br />
4º Trim. (Out-Dez) 2016 Ano II nº. 5<br />
9 772525 285002<br />
Entrevista<br />
Mário<br />
CARABAJAL<br />
Fundador Global da Academia de Letras do Brasil<br />
a 1ª Academia Mundial da Ordem de Platão<br />
Pág. 5<br />
Poetas brasileiros<br />
homenageiam a<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />
pelo seu 1º aniversário<br />
Bob Dylan ganha o prêmio<br />
Nobel de Literatura 2016<br />
Leonard Cohen<br />
morre aos 82 anos<br />
Dois anos sem Manoel de Barros<br />
Pág. 16
Sumário<br />
Homenagem à <strong>Criticartes</strong> (poetas Zé Adalberto e Aurineide Alencar), 4<br />
Entrevista com Dr. Mário Carabajal (Presidente Global da ALB), 5<br />
Morte (Marise Andreatta - ADL), 15<br />
Chorinho (Varenka de Fátima Araújo), 15<br />
Um jardim para o poeta (Maria Eugênia Amaral), 16<br />
Nosso Manoel... (Bianca Marafiga), 17<br />
Manoel Venceslau Leite de Barros (Joabnascimento), 17<br />
Poesia manoelesca (Marcos Coelho - ADL), 17<br />
Poeta Manoel de Barros (Odila Lange), 18<br />
Ao poeta pantaneiro (Lindita), 19<br />
O fazedor de amanhecer (Manoel de Barros), 19<br />
Por uma política cultural pública (Dinovaldo Gilioli), 20<br />
Políticos e População: Quem leva à Corrupção? (Antônio M. S. Santos), 21<br />
Amor e esperança: dois sentimentos inseparáveis (Carlos A. N. Aragão), 22<br />
Versos de amor (Eunice Guimarães), 23<br />
Madrugada (Jani Brasil), 23<br />
Dica de Filme (Ponto de Mutação), 23<br />
A morte da vida que mata (Valeria Gurgel), 24<br />
VIDA E OBRA - Conhecendo o Poeta (Cláudio Dortas), 25<br />
A lua e o mar (Christian Fernandes), 26<br />
A busca (Elia Macedo), 26<br />
Minha alma e eu (Suely Sabino Reis), 26<br />
Na praça (Antônio Amaro Alves), 26<br />
Soneto de uma vida (Jakson Aguirre), 27<br />
A lenda (Marlete Alves), 27<br />
Amor (Leandra Vitória), 27<br />
Ecosys do Amor (Angela Matos), 28<br />
Espigas de nuestra patria (Beatriz Valerio), 28<br />
Poeta virtual (Antonio Cabral Filho), 28<br />
A cigarra que encanta e a formiga encantada (<strong>Ed</strong>vânia Ramos), 29<br />
Jogo da vida (Adail Alencar), 30<br />
Desconfiança! (Carla Cristina de Oliveira Gomes - Cristal), 30<br />
Medo (Marcelo de Oliveira Souza, IWA), 31<br />
Partícula de Palavras (Rogério Fernandes Lemes - ADL), 31<br />
O FESTACE (Campus Dourados), 32<br />
Hoje não (Lúcia Morais - Luanda), 40<br />
Estância, terra da Cultura (Sivaldo Cardoso Fontes), 40<br />
Explosão (Teresinka Pereira), 41<br />
Água (Leomária Mendes Sobrinho), 41<br />
Sollozo americano (Mary Acosta - Argentina), 41<br />
La Chispa (Mariano Errecar - Argentina), 42<br />
Te disse? (Cláudio Dortas Araujo), 42<br />
Ela é Bia... (Rosane Ozorio), 42<br />
Ter Fé (Alaíde Souza Costa), 43<br />
Amor de mãe (Ylvange Tavares), 43<br />
Solilóquio poético (Flávia Kruck), 43<br />
O palhaço (Isloany Machado), 44<br />
O milagre da vida (Marta Amaral), 45<br />
Tentando descrever Manoel (Nena Sarti), 45<br />
Reprograme-se (Lucas Oliveira), 46<br />
Rede de esgoto é um direito do cidadão (Itla Denise de Oliveira Amorim), 46<br />
Ganhos na chuva para perder na seca! (Aécio Silva Júnior), 47<br />
Desmatar: é preciso? (Luciene de Oliveira), 48<br />
Por onde andam as histórias? (José Thiago Dantas Costa), 49<br />
O livro (Aurineide Alencar - ADL), 50<br />
A dança se foi (Pérola Bensabath), 50<br />
Canção para a dor (Dinovaldo Gilioli), 50<br />
A grande estação (Davi Roballo), 51<br />
Entre fosas y día de Muertos (Reyna Valenzuela Contreras), 52<br />
Mural (Chamada Coletânea e Resultado de Concurso de Poesia), 53<br />
Confira as Normas para Publicação em:<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br<br />
4º Trimestre 2016 Ano II nº. 5<br />
Outubro-Dezembro<br />
EXPEDIENTE<br />
Publicação trimestral<br />
Idioma<br />
Português Brasil<br />
Endereço eletrônico<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br<br />
Redação<br />
(67) 99939-4746<br />
E-Mail<br />
revistacriticartes@gmail.com<br />
Design<br />
BIBLIO <strong>Ed</strong>itoração Eletrônica<br />
Foto da capa<br />
Mário Carabajal<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
ROGÉRIO FERNANDES LEMES<br />
<strong>Ed</strong>itor-Chefe - Jornalista<br />
MTB 1588/MS<br />
ELEANE REIS<br />
Graduada em Letras<br />
Profa. Formadora da SEMED<br />
Dourados, MS<br />
DAVI ROBALLO<br />
Escritor e Jornalista<br />
DRT 697/MS)<br />
NENA SARTI<br />
Poetisa, Contista e Cronista<br />
Membro da Academia de Letras do Brasil<br />
Seccional MS<br />
JOSÉ AMÉRICO DINIZZ JÚNIOR<br />
Professor Universitário<br />
Mestre em Ciências da Religião<br />
VALÉRIA GURGEL<br />
Escritora, Compositora e<br />
Professora de História<br />
/revistacriticartes
<strong>Ed</strong>itorial<br />
““A superioridade do sonhador consiste em que sonhar é muito mais prático<br />
que viver, e em que o sonhador extrai da vida um prazer muito mais vasto e<br />
muito mais variado do que o homem de ação. Em melhores e mais diretas<br />
palavras, o sonhador é que é o homem de ação”. (Fernando Pessoa)<br />
Às vésperas da finalização da edição especial de 1º aniversário da<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> recebeu-se, com pesar, a notícia do encerramento das<br />
atividades literárias da <strong>Revista</strong> Varal do Brasil, atuante no intercâmbio de<br />
autores e promoção da literatura brasileira pelo mundo há sete anos e<br />
sob a direção da editora-chefe Jacqueline Aisenman.<br />
Por razões ainda desconhecidas, o aviso no sítio informa aos<br />
leitores que o Varal do Brasil “encerrou suas atividades em 15 de<br />
setembro de 2016”. Seguramente a notícia é desoladora e um grande<br />
prejuízo à comunidade literária lusófona internacional. Ao prosseguir<br />
na extensa justificativa sobre o encerramento de uma literatura “sem<br />
frescura” compreendem-se os dilemas, sonhos e frustrações daqueles<br />
que respiram literatura, em um mundo cada vez mais “conectado”.<br />
Registra-se neste editorial, em nome da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> e de todos os<br />
seus leitores, o reconhecimento e admiração pelo incrível trabalho<br />
literário da poeta Jacqueline Aisenman.<br />
Nesta 5ª edição da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, edição especial de seu<br />
primeiro aniversário reverenciamos os autores e autoras, do Brasil e do<br />
mundo, que fortaleceram e fortalecem a Literatura com suas<br />
participações enviando poemas, artigo (científicos ou de opinião),<br />
crônicas, contos, pinturas e música recebidos com tanto carinho e zelo.<br />
Espera-se que os leitores agreguem conhecimento e cultura e<br />
que divulguem a <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> para que mais pessoas tenham acesso<br />
à literatura brasileira e estrangeira, de forma gratuita e com qualidade.<br />
A <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> é um periódico sem fins lucrativos criado<br />
com o intuito exclusivo de reunir, em suas singelas páginas, as<br />
manifestações artísticas de novos autores e aqueles já consagrados.<br />
Por fim, e não menos importante, parabéns a escritora Cléo<br />
Bussatto, a primeira entrevistada da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, por ocasião do<br />
seu livro “A fofa do terceiro andar” ser uma das obras finalistas do 58º<br />
Prêmio Jabuti 2016.<br />
Nossa próxima entrevistada para a 6ª edição da <strong>Criticartes</strong> será a<br />
poetisa, filósofa, psicóloga e psicanalista Viviane Mosé.<br />
Rogério Fernandes Lemes<br />
<strong>Ed</strong>itor-Chefe e Idealizador da <strong>Criticartes</strong><br />
CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO NA<br />
6ª EDIÇÃO DA REVISTA CRITICARTES<br />
A <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> convida autores a<br />
submeterem suas produções literárias,<br />
sejam em forma artigos, contos, crônicas,<br />
poemas, cordel, resenhas para<br />
compor a 6ª edição referente ao 1º<br />
trimestre de 2017.<br />
Entrevista confirmada com a poetisa e<br />
filósofa Viviane Mosé.<br />
Prazo: até 16 de dezembro/2016<br />
Para o e-mail:<br />
revistacriticartes@gmail.com<br />
/revistacriticartes
Especial<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Poetas homenageiam a <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> pelo 1º aniversário<br />
Zé Adalberto<br />
Itapetim, PE<br />
@: zedalberto@yahoo.com.br<br />
A <strong>Revista</strong> CriticArtes<br />
Está cada vez mais viva.<br />
Em sua 5ª <strong>Ed</strong>ição,<br />
É bem comemorativa<br />
Por ser um dos feitos grandes.<br />
Viva Rogério Fernandes<br />
Por essa iniciativa!<br />
“Basta desejar profundo”,<br />
Como interpretou Raul,<br />
Para o sucesso alcançar<br />
Essa dimensão azul<br />
Que há um ano pertence<br />
À <strong>Revista</strong> douradense<br />
Do Mato Grosso do Sul.<br />
Rogério Fernandes Lemes,<br />
Seu idealizador,<br />
Afirma enquanto poeta,<br />
Propaga como escritor<br />
Que a mais nobre das partes<br />
Da <strong>Revista</strong> CriticArtes<br />
É com certeza o leitor.<br />
Dispõe de um expediente<br />
Harmonioso e legal.<br />
Tudo passa pelo seu<br />
Conselho <strong>Ed</strong>itorial,<br />
Mostrando com sensatez<br />
Idioma Português<br />
E publicação trimestral.<br />
Em seus atos virtuais,<br />
Posta, divulga e revela<br />
Que a arte vinda das ruas<br />
Também tem espaço nela,<br />
A exemplo do spray<br />
Que ganhou poder de rei<br />
Ao coroar uma tela.<br />
Apresenta na sequência<br />
Até a capa atual<br />
Cléo Busatto, Giani Torres,<br />
Davi Roballo, que tal<br />
Destes seguir o destino.<br />
Depois Suely Sabino<br />
E Mário Carabajal.<br />
É ferramenta atrativa<br />
Inteiramente de graça<br />
Que coloca seus achados<br />
Literalmente na praça<br />
Sem classificar por tino<br />
De treinador de canino<br />
A “Vendedor de Fumaça”.<br />
Traz expressões populares<br />
Para compor sua grade.<br />
Além de espaço poético<br />
Com interatividade,<br />
Comprova em toda edição<br />
Liberdade de expressão<br />
Com responsabilidade.<br />
Publica artigos diversos,<br />
Minicontos e cordel,<br />
Crônicas, desenhos, buscando<br />
Enaltecer seu papel<br />
De mostrar novos autores,<br />
Fortalecendo valores<br />
Dignos de todo laurel.<br />
Da nossa literatura<br />
Vem hasteando a bandeira,<br />
Compartilhando ideais,<br />
Atravessando fronteira,<br />
Crescendo a cada conquista,<br />
Sendo por mérito a <strong>Revista</strong><br />
Literária brasileira.<br />
Aurineide Alencar<br />
Dourados, MS<br />
@: aurineidealencar@hotmail.com<br />
A <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />
Veio para divulgar<br />
Buscando meios artísticos<br />
Capazes de transformar<br />
A simples concepção<br />
Toda e qualquer criação<br />
Pode ocupar um lugar.<br />
Hoje o hábito de leitura<br />
Está mais pra digital<br />
Ela vendo o avanço<br />
Adiantou-se e afinal<br />
Encontrou uma maneira<br />
De vencer toda barreira<br />
Vivendo o mundo atual.<br />
Modificando o trabalho<br />
Conduzindo o artista<br />
Dando oportunidade<br />
De alcançar sua conquista<br />
Cada um tem seu espaço<br />
Há quem seja bizarraço<br />
Conforme o ponto de vista.<br />
Alimento Literário<br />
Representa a história<br />
Lugar de reflexão<br />
De reviver a memória<br />
Um papel indispensável<br />
Conteúdo variável<br />
Está vencendo com glória.<br />
Constitui um objetivo<br />
Que é o de trabalhar<br />
Em periodicidade<br />
Para melhor se informar<br />
Apoiando, relatando<br />
E agora só clicando<br />
Pra no mundo espalhar.<br />
Dia 15 de outubro<br />
Começou a ser escrita<br />
Do ano 2015<br />
Porém, ninguém acredita<br />
Pelo número de acesso<br />
Tão grande foi o sucesso<br />
Que ideia mais suscita.<br />
Atenta a novas escritas<br />
E proposta inovadora<br />
É mais que um laboratório<br />
Do artista é professora<br />
Exercendo seu papel<br />
Crônica, poesia ou cordel,<br />
Ela é acolhedora.<br />
Desenhos, artigos, contos,<br />
É uma infinidade<br />
Se eu fosse listar aqui<br />
Não caberia na verdade<br />
Instrumento de difusão<br />
Com sua definição<br />
Oferece potencialidade.<br />
Com a moda do iphone<br />
O modo de ler mudou<br />
Por isso Rogério Lemes<br />
Logo a idealizou<br />
Fez design, pôs formato,<br />
Empenhando-se de fato<br />
A <strong>Criticartes</strong> criou.<br />
- 4 -<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br
ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
por Rogério Fernandes Lemes - Jornalista @: rogeriociso@gmail.com<br />
Fundador da ALB, Mário Carabajal e a esposa, Dra. Dinalva Carabajal, Diretora da ALB/Humanitária<br />
Fotos: Arquivo pessoal do autor<br />
Mário Carabajal<br />
Nesta edição especial, do 1º aniversário<br />
da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, com satisfação<br />
apresentamos aos leitores a entrevista<br />
com o Dr. Mário Carabajal,<br />
fundador da Academia de Letras do<br />
Brasil, a 1ª Academia Mundial da<br />
Ordem de Platão, em 1º de janeiro de<br />
2001. Com mais de 24 obras publicadas,<br />
é especialista em psicossomatologia<br />
e pesquisa científica; mestre em<br />
relações internacionais; doutor em<br />
ciências educacionais; pós-doutor<br />
em psiconeurofisiologia e em filosofia.<br />
Por uma questão de espaço, deste<br />
periódico, os leitores terão acesso ao<br />
conteúdo desta entrevista, na íntegra,<br />
no sítio da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />
em:<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br<br />
<strong>Criticartes</strong>: Primeiramente meus<br />
agradecimentos mais sinceros por<br />
sua aceitação em conceder esta entrevista<br />
quando a <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong><br />
completa seu primeiro ano de existência<br />
literária. Iniciaremos por sua<br />
vasta obra. Tem algum livro publicado<br />
em outro idioma?<br />
Mário Carabajal: Somam 24 livros<br />
publicados. Uma exceção, o romance<br />
“Amor eterno” (ficção com viagens<br />
no tempo), conta com 4 reedições<br />
e 40 mil exemplares vendidos. A<br />
última se fez em 2015, pela <strong>Ed</strong>itora<br />
Alternativa de Porto Alegre, prefaciada<br />
pelo Diretor Presidente da<br />
Alternativa, <strong>Ed</strong>itor Milton<br />
Pantaleão. Outrossim, alguns foram<br />
traduzidos para outros idiomas - inglês,<br />
francês e espanhol. Na atualidade,<br />
trabalho simultaneamente em<br />
aproximados 40 outros títulos.<br />
Faltam revisões e o que de mais nobre<br />
e sagrado um escritor pode contar,<br />
‘motivação’ – razões que justifiquem<br />
suas finalizações e disponibilização<br />
ao grande público. Sou muito<br />
crítico, melhor, autocrítico. Para validar<br />
um novo lançamento, necessito<br />
antes convencer-me da importância<br />
da obra – de sua contribuição àqueles<br />
que virem a ler. Como a vida é um<br />
c o m p l e x o b i o p s i c o f í s i c o -<br />
sociopolítico, me exijo, mais e mais,<br />
dando sempre tudo de mim ‘meu melhor’<br />
na esperança que possa, de fato,<br />
me fazer útil nesta conjuntura tão<br />
complexa e difícil existencial, ‘humanocultural<br />
e civilizadora’ - onde a escrita,<br />
comprovadamente, pode significar<br />
evolução. Logo,<br />
“escrever é um ato de<br />
grande responsabilidade<br />
para com os destinos da<br />
própria Humanidade”<br />
- 5 -<br />
@: escritores.alb@gmail.com<br />
e sua História coesistencial para com<br />
tudo quanto dela dependa à manutenção<br />
da vida em harmonia com a<br />
natureza e demais espécies.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Fale-nos sobre sua declaração<br />
“vivemos uma crise de identidade”.<br />
Mário Carabajal: Tamanha é a dinâmica<br />
dos vetores que atuam sobre a vida<br />
da Nação, ao ponto de tornar ultrapassada<br />
a recente declaração supra.<br />
Nos dias atuais de 2016 o Brasil<br />
está saindo desta ‘Crise de<br />
Identidade’. Por conseguinte, também<br />
financeira, provocada pela corrupção<br />
desenfreada. Porém, com fortes<br />
promessas de reversão, por força<br />
da competente atuação, em especial,<br />
da Polícia e Justiça Federais.<br />
Quaisquer iniciativas de investimentos,<br />
como na própria cultura, não ultrapassavam<br />
os limites teóricos, sem<br />
quaisquer possibilidades reais de evoluírem.<br />
Um país tomado pelo medo,<br />
criminalidade, corrupção e insegurança.<br />
Em nossos dias, mesmo longe<br />
ainda de se contar com bons índices<br />
internacionais de investimentos, vive-se<br />
‘não mais o ápice da crise’. A<br />
conquista da plena consolidação da<br />
Identidade de um ‘Brasil Honesto’ e<br />
estável politicamente, pronto para receber<br />
investimentos internacionais e<br />
apto à reversão dos índices negativos<br />
educacionais, humanos e sociais, deve<br />
ocorrer a partir de movimentos<br />
maciços populares, em apoio aos atos<br />
de correspondência e assertivas da<br />
Polícia e Justiça Federal. Um país onde<br />
todas as engrenagens passam a funcionar<br />
em harmonia, interdependência<br />
e sincronicidade. Nas ciências<br />
encontram-se, com margens mínimas<br />
de erros, as prioridades a serem<br />
aproveitadas pelas instâncias legislativas<br />
a um fazer executivo e judiciário<br />
sob assertivas de eficiência e celeridade.<br />
Prósperas e progressistas, contemplando<br />
os segmentos municipais,<br />
estaduais, nacionais e mesmo da<br />
própria Humanidade.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Essa crise de identidade<br />
afeta diretamente a produção literária?<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br
ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Mário Carabajal: O Brasil encontrase<br />
no estágio imediatamente seguinte<br />
ao observado no ápice da ‘crise’.<br />
Evidenciam-se traços de saída e recuperação.<br />
Contudo,<br />
“a produção literária<br />
tem sofrido suas consequências,<br />
com grande<br />
impacto e profundas alterações<br />
no fazer literocultural”.<br />
Se por um lado as grandes editoras<br />
deixaram de investir no escritor brasileiro,<br />
por outro, a crise os conduziu<br />
a confrontação do que se lhes verdadeiramente<br />
importa – retirando o escritor<br />
de uma ‘fila de espera’ de contratos<br />
extraordinários com grandes<br />
editoras, para, confrontado, sustentar-se<br />
em sua autovalorização, passando<br />
a investir pessoalmente naquilo<br />
que acredita e produz – o livro.<br />
Particularmente observei reações diametralmente<br />
opostas nos escritores.<br />
Tanto aqueles que demonstravam se<br />
deixar atingir pela crise, desmotivando-se<br />
em seu fazer literário, quanto<br />
àqueles determinados, obstinados e<br />
destemidos, emergindo da ‘crise’<br />
com ânimo e maior autoconfiança,<br />
abandonando o ‘mito’ de o escritor<br />
depender de um ‘grande nome de<br />
editora’ à conquista de seus sublimes<br />
ideais. Frente ao ‘abismo’ porque<br />
‘passou’ o Brasil, ergueu-se um escritor<br />
com maior foco, consciente e independente,<br />
resultando em um aumento<br />
percentual dos índices de produção<br />
literária. Isto, se considerando<br />
o aumento de autores que ingressaram<br />
no mercado literocultural brasileiro.<br />
Estes, não apenas conscientes,<br />
mas com forte determinação em auxiliar<br />
o país à superação da crise.<br />
Ainda, em consequência da crise, passam<br />
a ocupar a lacuna deixada pelas<br />
‘grandes editoras’, novas editoras,<br />
em franca ascensão, como a<br />
Alternativa de Porto Alegre,<br />
Presidida pelo <strong>Ed</strong>itor Milton<br />
Pantaleão; Life <strong>Ed</strong>itora, do Mato<br />
Grosso do Sul, Presidida pelo <strong>Ed</strong>itor<br />
Valter Jeronymo. Mais recentemente,<br />
soma-se a este novo perfil editorial<br />
brasileiro, a Rede Mídia de<br />
Comunicação e <strong>Ed</strong>itora Sem<br />
Fronteiras, do Rio de Janeiro, sob a<br />
Direção Geral e <strong>Ed</strong>itorial da competentíssima<br />
Jornalista Dyandreia<br />
Portugal, identificando-se com este<br />
universo consciente de independentes<br />
escritores, em uma grande, plausível<br />
e progressista parceria, apostando<br />
no pensador brasileiro e sua obra.<br />
Oportunizando a todo escritor, a visibilidade<br />
e propagação do conjunto<br />
de sua obra. Todavia, além deste importante<br />
momento, deve o escritor<br />
focar nas possibilidades de distribuição<br />
e comercialização de sua obra, de<br />
onde se lhe retornará, com os merecidos<br />
lucros, seus investimentos. As<br />
múltiplas consultas às editoras garantem<br />
ao escritor independente sua satisfação<br />
e pleno atendimento de suas<br />
expectativas. Em especial, deve o autor<br />
independente discutir o ‘preço de<br />
capa’ e condições de pagamento, dentro<br />
de uma realidade ‘custo/benefício’<br />
de mercado e investimentos.<br />
Dedicando especial preocupação<br />
com o custo final da obra aos<br />
seus leitores.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Quais os impactos positivos<br />
e negativos da Semana da Arte<br />
Moderna no Brasil?<br />
Mário Carabajal: Nobre jornalista<br />
Fernandes, seu questionamento, mais<br />
uma vez, nos remete a Identidade,<br />
desta vez, cultural brasileira. O que se<br />
busca? Um Brasil voltado exclusivamente<br />
para si ou aberto ao Mundo?<br />
Há que se respeitar os argumentos daqueles<br />
que defendem pontos de vista<br />
antagônicos. Quem erra, sob as máximas<br />
de ensaios, erros e acertos de sistematização,<br />
mesmo em ensaios errôneos<br />
postulatórios, objetiva contribuir<br />
à evolução média da Nação.<br />
Incorporar-se ou não elementos culturais<br />
produzidos fora do Brasil, deve<br />
precipuamente, em nossa visão, passar<br />
antes pela análise crítica do que se<br />
define como cultura e sua antítese – a<br />
anticultura. Entendendo-se que o<br />
conceito de cultura extrapola quaisquer<br />
tentativas de limitação, há que<br />
se fazer um esforço conjunto para di-<br />
- 6 -<br />
cotomizar cultura boa e cultura má.<br />
Cultura e anticultura. A responsabilidade<br />
do Estado limita-se a uma formação<br />
obrigatória mínima de nossos<br />
jovens. Daí para frente, abandonados,<br />
é um verdadeiro ‘salve-se quem<br />
puder’. A força do capital e restrição<br />
seletiva de horizontes formativos,<br />
por outro lado, dá maior ênfase à ‘fugaz<br />
corrida de tolos’, em detrimento<br />
as reais aspirações dos seres. Logo, tolhidos<br />
de seguirem o caminho científico<br />
que os realizaria plenamente, para<br />
muitos, sem criatividade e competências<br />
pessoais, o que passa a importar<br />
é a entrada intrépida, desmedida<br />
e sem quaisquer pudores de incessantes<br />
e ilimitados ‘capitais’. Sobretudo,<br />
em um país com tantos exemplos negativos,<br />
em especial, àqueles emanados<br />
pela classe política, refletindo os<br />
‘transtornos de identidade’ sobre o<br />
ser em formação da própria personalidade.<br />
Poucos, no entanto, se atrevem<br />
apontar objetivamente para a anticultura,<br />
independentemente se gerada<br />
dentro ou fora de nossas fronteiras.<br />
Apontar ‘objetivamente’ para a<br />
‘anticultura’ significa expor-se, ao assumir<br />
uma postura. Posicionamento<br />
o qual, para àqueles que usurpam da<br />
liberdade, é associado à censura. Por<br />
ocasião da Semana da Arte<br />
Moderna, de um lado aqueles que<br />
buscavam por uma identidade cultural<br />
própria e genuína para o Brasil.<br />
De outro, aqueles que aludiam a um<br />
fazer cultural sem fronteiras, incorporando-se<br />
o que era também produzido<br />
em outros países. Sabidamente<br />
havia de se fazer algo em relação ao<br />
que ser aceito, incorporado e validado<br />
à práxis cultural brasileira.<br />
Acredito haverem sido estes os maiores<br />
objetivos da Semana da Arte<br />
Moderna em 1922: clarificar pontos<br />
de desequilíbrio da ‘balança cultural’.<br />
A priori, tais objetivos, atingidos<br />
ao serem geradas discussões que perduram<br />
ainda nos dias atuais. Em nossas<br />
análises e visões, de pretensas contribuições,<br />
ser brasileiro não se faz excludente<br />
à incorporação de culturas<br />
internacionais. Contudo, sob um<br />
olhar inteligente, crítico e comedido,<br />
capaz de otimizar experiências e cul-<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
turas, independentemente de sua origem<br />
e época, livre, contudo, de psicossugestões<br />
e induções anticulturais<br />
contrárias a natural ordem ‘humanoevolutiva’.<br />
Não obstante, aos leitores<br />
da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, dirigida por este<br />
exime sociólogo, jornalista e poeta,<br />
Rogério Fernandes Lemes, solicito,<br />
se escritores, jornalistas, professores<br />
e ou cientistas, dedicarem espaço,<br />
em suas produções, à análise de ‘letras<br />
de músicas’ com poderes psicossugestivos<br />
anticulturais, apontando<br />
‘critico-construtivamente’ tais resultados<br />
aos seus autores, na esperança<br />
que estes, confrontados pelas críticas,<br />
redimensionem e redirecionem<br />
suas inequívocas capacidades aglutinadoras<br />
e conducionais, para tornarem-se<br />
‘artistascidadãos’ do bem, auxiliando<br />
na difícil condução de uma<br />
imensa população, como a brasileira,<br />
com prazerosas e estimulantes produções<br />
musicais, em harmonia e<br />
equilíbrio com as necessidades humanas<br />
de saúde e hábitos saudáveis à<br />
construção de personalidades fortes<br />
e com perspectivas de longas e saudáveis<br />
existências.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Qual sua percepção sobre<br />
a ética e a estética na literatura<br />
brasileira atual? Teria alguma crítica<br />
à produção brasileira?<br />
Mário Carabajal: Ética e estética caminham<br />
juntas. Difícil suas desvinculações.<br />
“O bom gosto e os valores<br />
contributivos difundidos<br />
através dos livros<br />
somam-se e ganham forma,<br />
a priori, em mentes<br />
de escritores com comprovada<br />
maturidade humana,<br />
política e social”.<br />
Quando de seu distanciamento, a<br />
obra encontra naturais obstáculos<br />
em meios de maiores exigências.<br />
Contudo, não é incomum de obras<br />
sem estes valores primordiais serem<br />
contempladas como se profícuas fossem.<br />
Mas, ainda assim, cumprem relevante<br />
papel, ainda que pela formação<br />
do hábito da leitura, em leitores principiantes,<br />
menos exigentes. Não nos<br />
compete criticar a forma e formato como<br />
nossos escritores expressam-se.<br />
Em especial, por admitir que a produção<br />
literária, individualmente, passa<br />
por estágios psicomaturacionais<br />
de seus autores, desde aquelas sem<br />
quaisquer pretensões, traduzindo<br />
pulsões, latências e nuances emocionais<br />
daqueles que escrevem, as quais<br />
são reveladas como autoterapia, iniciando<br />
com uma problematização,<br />
evoluindo a uma confrontação de<br />
conceitos e ideias catexizadas – interiorizadas,<br />
pelos contundentes valores<br />
axiológicos – externos, conquistando<br />
em suas finalizações respostas<br />
de equilíbrio e momentâneo bem estar<br />
àquele que as produz. Isto, por<br />
emergirem a mente a partir de ‘inquietações’<br />
emocionais, atendendo por<br />
extensão, aqueles em estágios psicomaturacionais<br />
semelhantes, detentores<br />
e vivenciadores de momentos experienciais<br />
de equivalência ao escritor.<br />
Inequivocamente os fatores emocionais<br />
sempre estarão presentes e influenciando<br />
quaisquer produções literárias,<br />
mesmo àquelas científicas.<br />
T u d o t e m u m a o r i g e m .<br />
Absolutamente nada tem vida própria.<br />
A interdependência e atuação<br />
‘dinamicomental’ de todos os seres<br />
está para o escritor como o macro para<br />
o microcosmo. No universo ou como<br />
apontam as teorias mais atuais,<br />
universos, não se observa o fenômeno<br />
da ação. Tudo é reação. Logo, quaisquer<br />
estágios porque passe a dinâmica<br />
mental de escrita daqueles que<br />
transitam no mundo producente literário,<br />
obedece a leis e ordens intrínsecas<br />
evolucionais, inerentes a todos<br />
os seres. Logo, a ética e estética correspondem<br />
ao estágio cultural médio<br />
da Nação, demonstrado em intrínsecas<br />
amostras de produções literárias,<br />
musicais, Leis, prolatações de sentenças<br />
judiciais, teses, dissertações, monografias,<br />
Estatutos sociais... Atrás<br />
da Ética e Estética existem seres, com<br />
maiores ou menores domínios, com-<br />
- 7 -<br />
petências e saberes. Por trás dos seres,<br />
existem sistemas educacionais, acessos<br />
à leitura, organizações culturais e<br />
heranças ‘sociofamiliares’ civilizatórias.<br />
Sob tais premissas, pode-se enunciar<br />
o ensaio de serem, Ética e<br />
Estética, fruto da evolução humana,<br />
em seus respectivos estágios de correspondências.<br />
O Brasil, em nossa<br />
análise, conta com fortes elementos,<br />
nas pessoas de seus escritores, jornalistas,<br />
pesquisadores, professores e<br />
profissionais dos mais amplos segmentos,<br />
como também de organizações<br />
voltadas à cultura, à conquista<br />
de níveis de excelência Ética e<br />
Estética – veja-se exemplo concreto<br />
no jornalista Rogério Fernandes<br />
Lemes, ao apontar em seu questionário<br />
de entrevista para a Ética e<br />
Estética, passando a inferir perspectivas<br />
evolucionais no fazer literário de<br />
um país gigante como o Brasil.<br />
Potencializando a produção literária<br />
de qualidade ao inferir referenciais<br />
de observância àqueles que escrevem.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Como recebeu a informação<br />
do prêmio Nobel de<br />
Literatura 2016 ser concedido ao cantor<br />
Bob Dylan? É fato que a decisão<br />
não agradou e tem gerado muitas críticas.<br />
Mário Carabajal: Bob Dylan enquanto<br />
‘escritor/poeta’ se expressa<br />
em composições poéticas musicalizadas<br />
altamente críticas. Onde satiriza<br />
a cultura americana de exaltação ao<br />
espírito patriótico de incentivos à xenofobia,<br />
guerra e ódio contra russos,<br />
reservando um conceito de Deus aos<br />
mais altos propósitos da política americana.<br />
Em suas letras, Dylan, soma a<br />
seu tempo ao colocar questões como<br />
a segregação racial e diversidade.<br />
Aponta para a necessidade de uma<br />
justiça imparcial, independente da<br />
cor da pele. Seria um tanto pretencioso<br />
de minha parte escrever sobre a<br />
vasta obra de Bob Dylan, merecedor,<br />
sem dúvidas, desta Imortal honraria.<br />
Particularmente, se Bob Dylan,<br />
Adail Maduro Filho (roraimense),<br />
Daniel Chaves (paranaense - autor de<br />
5 mil provérbios, superando o pró-<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Letras do Brasil. Sob o axioma de<br />
uma Cultura Ativa, a ALB propõe<br />
despertar a consciência política da<br />
sociedade. E assim se fez, de forma<br />
contundente e ininterrupta, de<br />
Norte a Sul do Brasil, desde a sua<br />
fundação em janeiro de 2001, até os<br />
dias atuais de 2016. A Academia de<br />
Letras do Brasil é uma organização<br />
de Cultura atípica. Ao contrário<br />
das demais academias e entidades<br />
culturais, a ALB é uma organização<br />
Cultural 'Ativa' Politicamente.<br />
Traduzindo-se por esta razão, na<br />
Primeira Academia Mundial da<br />
Ordem de Platão.<br />
“O 'Grande Sonho' encontra-se<br />
no fomento de<br />
uma Cultura Literária<br />
mais Ativa e menos<br />
Telúrica”.<br />
Razão pela qual o escritor do<br />
Terceiro Milênio necessita acreditar,<br />
sobretudo, na menor fagulha de seus<br />
pensamentos. Pois, representam as<br />
centelhas que unidas transformarão<br />
a vida sobre a Terra. Nossos<br />
Pensadores devem, sem nenhum receio,<br />
assumirem o rótulo de 'sonhadores'.<br />
Pois, a priori, o sonho é aquilo<br />
que de mais concreto a humanidade<br />
possui. Toda realidade construída pelos<br />
seres, por mais concreta que aparente,<br />
encontra nos sonhos, suas origens.<br />
Nossa contribuição vai desde<br />
oferecer espaço para novos autores à<br />
geração de projetos que visem a erradicação<br />
da pobreza mundial, desarmamento<br />
Nuclear, fim das guerras,<br />
melhorias na educação, apoio à diversidade<br />
cultural e combate à corrupção.<br />
Resumidamente, a ALB –<br />
Academia de Letras do Brasil nasce<br />
em dezembro de 1994, quando sugerimos<br />
ao então Presidente da<br />
Academia Brasileira de Letras,<br />
Imortal Josué Montello, a abertura<br />
da ABL ou criação de uma academia<br />
brasileira mais representativa, com<br />
extensões em seccionais Estaduais e<br />
Municipais. Contudo Montello acenou<br />
positivamente à segunda proposição,<br />
de criação de uma nova organiprio<br />
Rei Salomão), Fídias Telles (pernambucano),<br />
entre outros milhares<br />
de eximes escritores, e dentre estes,<br />
poetas e compositores de todo o mundo,<br />
extremamente críticos para suas<br />
épocas, com palavras e filosofias de<br />
ordem, humildade, verdade, igualdade,<br />
liberdade e fraternidade, são todos<br />
dignos de se tornarem referenciais.<br />
A priori,<br />
“a crítica maior à<br />
Dylan deveu-se ao seu silêncio<br />
após ao anúncio<br />
oficial de haver sido eleito<br />
pela academia para<br />
o prêmio Nobel de<br />
Literatura 2016”.<br />
Contudo, os seres reagem diferentemente<br />
aos estímulos. Diante a morte<br />
de um irmão, em passado próximo,<br />
não chorei, soando como insensível.<br />
Contudo, meu sentimento de perda,<br />
ainda hoje permanece. Minha reação<br />
a semelhante anúncio, de tamanha<br />
magnitude, como o Nobel, sabedor<br />
de existirem milhares de outros escritores<br />
aos quais admiro e admito com<br />
maiores obras, ações e filosofias, também<br />
careceria de tempo a sua assimilação.<br />
Provavelmente, o sentimento<br />
que o ‘travou’ não vibrando e comemorando,<br />
tenha sido de ‘vergonha’ e<br />
mesmo em respeito aos seus ídolos literários,<br />
os quais, em sua provável<br />
opinião, seriam os verdadeiros merec<br />
e d o r e s d o N o b e l d e<br />
Literatura/2016. Salve Dylan!<br />
Parabéns a academia pela escolha!<br />
<strong>Criticartes</strong>: Nesta 5ª edição da<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> homenageamos<br />
nosso poeta conterrâneo Manoel de<br />
Barros. O Senhor teve algum contato<br />
ou mesmo influência da poética dele?<br />
Mário Carabajal: O intelectoirreverente<br />
pantaneiro, Imortal Manoel de<br />
Barros, influenciou a cultura brasileira<br />
com seu lirismo, humor e crítica,<br />
assim observo, ao rigor gramatical,<br />
enquanto literatura popular. Ao fazêlo,<br />
sem receios à crítica, Manoel de<br />
Barros lança as bases de um prémodernismo,<br />
mais despojado e comprometido<br />
com a mensagem, confrontando<br />
a ordem em razão do deleite<br />
e prazer da leitura, por assim dizer.<br />
Em sua obra ‘Livro Sobre Nada’ com<br />
leveza, requinte e sutileza sem precedentes,<br />
poesia e prosa unem-se em<br />
um ‘eu poético’, tornando-se creio, o<br />
momento de maior inspiração de<br />
Manoel de Barros, projetando-o definitivamente<br />
na História Literária<br />
Brasileira. Contudo, como em toda a<br />
sua obra, a despretensão ganha lugar<br />
irrefutável. Provavelmente por isso seja<br />
amado e respeitado em todos os<br />
segmentos e tempos da literatura.<br />
Manoel de Barros identifica-se com<br />
seus leitores ao utilizar-se de ‘realidades’<br />
comuns a todos, demonstrando<br />
que a Imortalidade encontra-se lado<br />
a lado com a simplicidade e humildade.<br />
Querido e saudoso amante da alegria<br />
e natureza, com humor e estilo<br />
inconfundíveis! Manoel de Barros -<br />
um escritor Imortal de obra literária<br />
operante e Eterna! Eis um exemplo<br />
que inspira e motiva à arte literária!<br />
<strong>Criticartes</strong>: Fale-nos um pouco sobre<br />
o ideal da fundação da ALB em âmbito<br />
global? O que é, de onde vem e o<br />
que pretende?<br />
Mário Carabajal: A Academia de<br />
Letras do Brasil - ALB, instituição<br />
de integração dos escritores e artífices<br />
da Cultura Literária Brasileira e<br />
veículo à criação do CONSALB –<br />
Conselho Superior das Academias<br />
de Letras do Brasil, encontra-se, em<br />
2016, presente no Território<br />
Nacional Brasileiro e 19 países. A<br />
ALB instala-se oficialmente no início<br />
do Terceiro Milênio, com o objetivo<br />
de integrar, estimular e valorizar<br />
o escritor, a cultura literária brasileira<br />
e internacional. Muitas academias,<br />
em todo o Brasil, mantemse<br />
alheias, sem manifestarem-se em<br />
relação ao Movimento Nacional de<br />
Integração das Academias de Letras<br />
do Brasil, traduzido pelo<br />
CONSALB. Não obstante, nossa<br />
proposta de criação do CONSALB,<br />
em 1995, resultou no amadurecimento<br />
à criação da Academia de<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
nhem ou delimitem suas trajetórias,<br />
restringindo-as as visões institucionais,<br />
como se em ‘algo’ a eles fosse a organização<br />
superior. Compete àqueles<br />
que representam a ALB, em quaisquer<br />
instâncias, colocarem-se nas trajetórias<br />
dos escritores Membros como<br />
se grandes espelhos fossem refletindo,<br />
ao máximo, as manifestas e irradiantes<br />
luzes daqueles que integram<br />
o ‘Sonho ALB’. A nenhum<br />
Presidente, Diretor, Conselheiro,<br />
Representante ou Membro, em quaisquer<br />
extensões da ALB, se lhe é permitido<br />
utilizar o nome da entidade<br />
para angariar recursos pessoais.<br />
Salvo ‘Patrocínio’ – definido e identificado<br />
como tal, de doações espontâneas,<br />
sem ‘moedas de trocas’ em forma<br />
de títulos ou medalhas, os quais<br />
apontem metas claras literoculturais<br />
do Membro ou da Organização, sem<br />
especulações e vantagens individuais,<br />
com prestações de contas públicas<br />
e abertas.<br />
“A ALB, como as demais<br />
organizações culturais<br />
que preservam a<br />
Liberdade de Expressão,<br />
sofrem distorções internas,<br />
com o não entendimento<br />
dessa máxima”.<br />
As academias surgem exatamente para<br />
oferecerem um meio de paz e tranquilidade,<br />
capaz de abrigar Livres<br />
Pensadores. A ALB, com foco na<br />
Ordem de Platão e de Sócrates por<br />
herança - os quais se dedicavam à difusão<br />
de uma cultura politicamente<br />
ativa, sob máximas da liberdade resultante<br />
da aquisição de novas culturas,<br />
refuta ao telurismo pragmático<br />
corporativista, o qual discrimina, ilude<br />
e mantém o poder e status de grupos<br />
de intelectuais, pela antevisão<br />
‘precursória’ de serem todos os demais<br />
grupos e seres inferiores. Quando<br />
em uma só voz os seres unirem-se ao<br />
que de fato interessa, respeitando-se<br />
mutuamente, sob equivalências isonômicas<br />
de contribuições laborais,<br />
em prol da saúde e prosperidade inzação<br />
literária brasileira, admitindo a<br />
impossibilidade e dificuldade a um<br />
redimensionar estatutário da tradicional<br />
Brasileira. Seis anos depois, estávamos<br />
com as bases da ALB prontas à<br />
conquista de sua Personalidade<br />
Jurídica. Isto, em 01 de janeiro de<br />
2001 - a ‘Nova Academia’ de todo escritor<br />
brasileiro, com maiores possibilidades<br />
integrativas dos pensadores<br />
das diversas Regiões de um país com<br />
dimensões continentais como o<br />
Brasil. Ultrapassando, contudo, nossas<br />
expectativas. A ALB passou a receber<br />
escritores brasileiros residentes<br />
no Brasil e no exterior.<br />
“Os ideais de fundação<br />
remetem a uma instituição<br />
literocultural com<br />
propósitos de servir ao<br />
Brasil a partir da práxis<br />
literária”,<br />
ao incorporar, institucionalmente, o<br />
pensamento da ampla maioria dos escritores<br />
brasileiros - servindo como<br />
referencial a um país em construção<br />
da própria identidade. Isto, não apenas<br />
sob as bases fundamentais dos pilares<br />
elementares do fazer literário estrito,<br />
com máximas na língua portuguesa.<br />
Mas, em particular, propondo-se<br />
unir escritores em torno de<br />
uma organização politicamente ativa,<br />
suprapartidária, como aspirava<br />
Sócrates e Platão. Por um fazer menos<br />
telúrico, aproximando o pensamento<br />
producente individual, em<br />
torno de um centro canalizador polarizante,<br />
onde os pensamentos se fundem,<br />
apurando-se e retornando à ampliação<br />
da extensão paradigmaximizativamente.<br />
As Seccionais Estaduais<br />
e Municipais devem desenvolver<br />
ações ‘literocontributivas’ à institucionalização,<br />
a partir dos Planos de<br />
Expansões Municipais, onde se encontrem,<br />
ao plantio de mudas de árvores<br />
frutíferas em canteiros públicos,<br />
praças, logradouros, estradas municipais,<br />
para que em futuro próximo,<br />
números astronômicos de frutas<br />
encontrem-se fora das práticas comerciais<br />
como objetos de mercado, livres<br />
da troca por moedas, ao alcance<br />
de um simples estender de braço daqueles<br />
acometidos pela fome. Para o<br />
emergente alcance das metas, a ALB<br />
criou uma diretoria própria,<br />
ALB/Humanitária, dirigida pela<br />
Primeira Dama da ALB, Imortal,<br />
Dra. Dinalva Carabajal – PhI e<br />
Embaixadora para o Brasil, da<br />
Divine Académie Française des Arts<br />
Lettres et Culture (Fundada e dirigida<br />
pela Imortal Diva Pavesi). A ALB,<br />
mesmo caminhando para o seu décimo<br />
sexto ano de fundação e vigésimo<br />
segundo de concepção, ainda estrutura-se,<br />
perseguindo o ideal de completar-se<br />
enquanto entidade literocultural<br />
politicamente ativa. Como o<br />
faz o nobre confrade, entrevistador,<br />
sociólogo e jornalista Fernandes<br />
Lemes, ao dar forma e formato à<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, sinalizando à cultura<br />
literária brasileira, em questionamentos<br />
personalizados daqueles a<br />
quem entrevista, não delimitando espaço,<br />
em ‘liminar mensagem’ traduzida<br />
em incentivo à produção literária<br />
brasileira. Transcendendo ao objeto<br />
inicial ‘entrevista’, para dar lugar a<br />
possibilidades expansionais ‘literodifusionais’<br />
de novas visões. Estas, por<br />
excelência, no que se absorve como<br />
objeto final da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, de<br />
expectativas paradigmaximizativas e<br />
evolucionais, de promessas plausíveis<br />
‘filosofoimplementacionais’ que sinalizem<br />
a um novo tempo à literatura.<br />
As experiências concretas em<br />
Municípios, Regiões, Estados e<br />
Países ganham dinamicidade ao enc<br />
o n t r a r e m ‘ P r e s i d e n t e s e<br />
Representantes’ preparados para a<br />
complexa tarefa de conduzirem uma<br />
‘Entidade de Livres Pensadores’ – os<br />
quais têm total liberdade de expressarem<br />
suas opiniões e resultados de suas<br />
análises, sem que o corpo dirigente<br />
da ALB lance, sobre os mesmos,<br />
quaisquer represálias ou tente limitálos<br />
ou calá-los. Ao contrário, entre as<br />
Missões da ALB encontra-se o total e<br />
irrestrito apoio - mesmo aos sonhos e<br />
ideais mais impossíveis de cada um<br />
dos Membros. Sem quaisquer hipocrisias,<br />
a ALB não oferece diretrizes<br />
ou exige que os Membros acompa-<br />
- 9 -<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
que se faça presente na vida brasileira<br />
e mundial por incontáveis anos.<br />
Inúmeras antologias foram produzidas<br />
a partir de iniciativas de nossos<br />
Presidentes, Diretores e Membros,<br />
em instâncias Regionais, Estaduais,<br />
Municipais e Internacionais.<br />
Contudo, somente agora retomou-se<br />
a proposta de uma obra, em formato<br />
de Coletânea, proposta pelo Imortal<br />
Vladimir Cunha Santos, Vice-<br />
Presidente da ALB/RS. Em 2015,<br />
por ocasião de encontro com um dos<br />
Diretores da <strong>Ed</strong>itora Alternativa de<br />
Porto Alegre, ao participarmos do<br />
evento de lançamento de outra antologia<br />
pela Alternativa lançada, com<br />
preponderância de escritores da<br />
ALB/Amazonas, presidida pela escritora,<br />
Imortal, Dra. Silvia<br />
Carvalho, conseguimos delinear a<br />
obra que atenderá integralmente o<br />
questionamento levantado pela<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>. Trata-se da<br />
Coletânea Imortais, de publicação<br />
anual, a qual objetiva ampliar a visibilidade<br />
dos escritores Membros da<br />
ALB. A Coordenação de lançamento<br />
da campanha publicitária de adesões<br />
elegeu novembro/2016 para difusão<br />
do Projeto. Objetiva-se reunir, ano<br />
após ano, os aproximados 8.600<br />
Membros, considerando-se 900 jovens<br />
‘escritores potenciais’ identificados<br />
por concursos literários escolares<br />
ou por indicações de seus professores,<br />
fundamentados em trabalhos em<br />
sala de aula, no âmbito da Secretaria<br />
de <strong>Ed</strong>ucação do Estado de Roraima,<br />
tanto da capital quanto do interior,<br />
passando a integrarem, estes jovens,<br />
a ALB/Estudantil de Roraima.<br />
Projeto este, desenvolvido em conjunto<br />
pelas Direções escolares e a<br />
Presidência da ALB, dentro das próprias<br />
escolas, em atendimento ao<br />
Projeto Piloto da ALB. No primeiro<br />
volume da Coletânea Imortais, como<br />
procedimento usual em antologias,<br />
participarão, prioritariamente,<br />
Presidentes, escritores Membros e seus<br />
convidados, precipuamente aqueles<br />
que confirmarem em tempo suas<br />
adesões. O volume I contará com<br />
não mais de 150 autores, estimandose<br />
máximas 300 páginas, com uma tidiscriminadamente,<br />
encontrar-se-á, a<br />
civilização em seu estágio inicial de<br />
fraternidade à sincronicidade de exigência<br />
a um viver em comunhão, sob<br />
a premissa efetiva e assertiva de serem<br />
todos os seres iguais. Os pensamentos,<br />
sonhos, filosofias e ideais<br />
são o que demais concreto os seres<br />
possuem. Todas as conquistas e edificações<br />
humanas iniciam nos sonhos<br />
e pensamentos. São os escritores,<br />
aqueles que mais se exercitam na arte<br />
de sonhar e pensar criativamente.<br />
Logo, a ALB sonha com a produção<br />
de livros, poesias e filmes, com efetivo<br />
caráter contributivo à condução<br />
da humanidade. A partir de visões<br />
claras que possam modificar, para<br />
melhor, os sistemas e o próprio<br />
Mundo.<br />
“O grande sonho da<br />
ALB, quando de sua<br />
criação, fora reunir os<br />
escritores brasileiros em<br />
torno de uma entidade<br />
que os convida e os incentiva<br />
a exporem-se<br />
um pouco mais, dedicando<br />
parte de suas escritas<br />
e competências literárias<br />
a possibilidades<br />
resolutivas dos grandes<br />
problemas Nacionais e<br />
Mundiais.”<br />
Imprimindo à escrita, um traço útil,<br />
de maior frequência com nosso tempo,<br />
realidade e mais comprometida<br />
com o futuro da Humanidade. Uma<br />
escrita Criticoevolucionista ou<br />
Criticomaturacional, denotando<br />
compromisso e responsabilidade humana,<br />
política e social, em comunhão<br />
com os sofrimentos e necessidades<br />
humanocivilizatórias.<br />
Utilizando-se de pequenas contribuições<br />
em análises e geração de alternativas<br />
sugestivas e criativas à resolução<br />
e equação de problematizações conjuntas<br />
sociais. Isto, sem perda da escrita<br />
que forma, informa, alegra, inspira<br />
e sistematiza. Alimenta a criatividade,<br />
acalma, distrai e orienta, também<br />
indispensáveis ao equilíbrio e<br />
sustentação psicoemocional pessoal<br />
e social.<br />
<strong>Criticartes</strong>: A ALB possui um repositório<br />
literário com as obras dos membros<br />
para acesso? Existe esse repositório<br />
online?<br />
Mário Carabajal: Essa meta compõe<br />
também nossos objetivos. Iniciamos<br />
esse trabalho. Os autores Membros<br />
da ALB enviavam exemplares para o<br />
nosso Departamento de Registros<br />
Históricos Documentais em Brasília,<br />
objetivando-se reunir em uma biblioteca<br />
as obras de Membros da ALB.<br />
Contudo, após alguns anos, os livros<br />
foram doados. A maior possibilidade<br />
transformadora de um livro encontra-se<br />
em sua disponibilização aos leitores.<br />
Assim se fez com todos os livros<br />
enviados para o acervo da ALB em<br />
Brasília. Atualmente, estuda-se, com<br />
um de nossos webdesign do<br />
Departamento de Tecnologias da<br />
ALB, uma forma facilitada e automática<br />
de nossos Membros disponibilizarem<br />
suas obras através do Site<br />
Oficial da organização. Um mapa<br />
mundial deve ser colocado no Site,<br />
onde pontos com links apontarão para<br />
nossas Seccionais. Ao serem estas<br />
acessadas, conduzirão os visitantes à<br />
História da Seccional, Diretoria e<br />
Membros, seus patronos e obras, inclusive<br />
à livraria da ALB, com possibilidades<br />
de aquisição das obras.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Em linhas gerais, como<br />
está o desenvolvimento da produção<br />
literária da ALB em todo o país?<br />
Existe uma coletânea ou antologia<br />
com a produção dos membros de todo<br />
o Brasil?<br />
Mário Carabajal: Isso já aconteceu<br />
ou há previsão? Nas bases da filosofia<br />
de fundação da ALB, os sonhos ocupam<br />
lugar ímpar, preponderante e de<br />
supremacia ao demais. Assim, a produção<br />
literária da ALB encontra-se<br />
em plena e infinita construção.<br />
Sonhando-se com uma academia<br />
- 10 -<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
ragem de 10 mil exemplares.<br />
Participam, observem-se, Membros<br />
da ALB e Convidados. Logo, os<br />
Membros que convidem escritores externos<br />
à ALB, estarão paralelamente<br />
fazendo suas indicações à Cadeiras<br />
Vitalícias nas respectivas instâncias<br />
de suas residências. Espera-se uma<br />
g r a n d e a d e s ã o i n i c i a l p o r<br />
Presidentes, Diretores e Membros da<br />
ALB. Ainda, em resposta ao questionamento<br />
da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, a<br />
ALB acredita que todos os seres, independentemente<br />
de suas formações,<br />
contem com potenciais latentes,<br />
prontos a aflorarem, desde que estimulados,<br />
como o faz a escritora<br />
Imortal, doutora em Filosofia<br />
Univérsica, Pérola Bensabath, ao organizar<br />
volumes anuais, em regime<br />
de coautoria, revelando centenas de<br />
excepcionais escritores, sem perda de<br />
maior visibilidade também àqueles já<br />
consagrados que participam do<br />
Movimento Literário Brasileiro Elos<br />
Literários. Ou, como o faz a escritora<br />
brasileira, Imortal Apolônia<br />
Gastaldi, Presidente da ALB/SC –<br />
Ibirama e Microrregional do Alto<br />
Vale Itajaí – Presidente do Conselho<br />
Estadual da ALB/SC e Membro do<br />
Conselho Superior Nacional da<br />
ALB, ao lado do Professor Doutor,<br />
Miguel Simão, Presidente Fundador<br />
daquela Seccional Est adual<br />
Autônoma, ao fomentarem, orientar<br />
e acompanhar produções solo dos escritores<br />
Membros, inclusive de escritores<br />
‘crianças, jovens e adolescentes’.<br />
A ALB/SC – Ibirama, presidida<br />
pela Imortal Apolônia Gastaldi, pelo<br />
terceiro ano seguido, em 2016, promove<br />
o Terceiro Encontro de<br />
Academias, Escritores e Poetas de<br />
Santa Catarina. Ainda, como o faz<br />
anualmente o escritor Imortal, Dr.<br />
Carlos Venttura, com a obra bilíngue<br />
A era das palavras, oportunizando visibilidade<br />
internacional àqueles que<br />
participam desta belíssima e profícua<br />
Coletânea. Não obstante, também o<br />
escritor Imortal, Dr. Mauro<br />
Demarch tem oportunizado grande<br />
visibilidade a escritores novos e consagrados,<br />
através da Coletânea<br />
Encontro de Escritores, reunindo escritores<br />
nacionais e internacionais.<br />
Também a ALB/Brasília – DF, sob a<br />
presidência da Imortal, Dra. Vânia<br />
Diniz, tem produzido anuários e antologias.<br />
Agora, busca-se reunir os<br />
Membros da ALB na obra que se traduzirá<br />
no pensamento da organização,<br />
sob o sugestivo título designativo<br />
de seus Membros ‘Imortais’, estendendo-se<br />
aos escritores ‘Convidados’<br />
por nossos confrades e confreiras.<br />
<strong>Criticartes</strong>: O que é ser um poeta verdadeiramente?<br />
Qualquer pessoa que<br />
faz versos é um poeta?<br />
Mário Carabajal: Em meu ver e entender,<br />
sem a pretensão de encerrar a<br />
questão, ser poeta, não significa escrever<br />
versos bem ou mal. O verso deve<br />
expressar sentimento e sensibilidade.<br />
Também exige uma mensagem<br />
que resulte em evolução do ser, sociedade,<br />
humanidade, harmonizando-o<br />
com a natureza.<br />
“Ser poeta denota uma<br />
condição de vida, esta,<br />
no comportamento, no<br />
humor, na forma encontrada<br />
à resolução de problemas.<br />
Ser poeta, em<br />
minha ‘pretensa’ análise,<br />
ultrapassa os limites<br />
das palavras, ganhando<br />
significado mesmo em<br />
um traço, um ângulo,<br />
uma curva”.<br />
Um pensamento! Uma contemplação!<br />
Um simples sorrir ou olhar, puro,<br />
com ódio, envergonhado ou de altivez.<br />
O poeta pode não ser humano,<br />
como um movimento de galhos, folhas<br />
ou ondas do mar. Está no som,<br />
textura. Necessitando, tais instâncias<br />
surreais do ‘Ser Poeta’, serem capitadas<br />
e decodificadas em linguagem<br />
poética convencional. Ser poeta pode<br />
ultrapassar limites e delimitações,<br />
regras e convenções. Na poesia a pró-<br />
- 11 -<br />
pria matéria, astros e animais se comunicam,<br />
jamais são sacrificados e<br />
até mesmo falam através do autor.<br />
Cantos se calam para dar lugar a simples<br />
sons em poesias expressos pelo<br />
ar. Ser Poeta, humano, de livro na<br />
mão, em comunhão com a gramática<br />
e academia, sem críticas e ironia, aplausos!<br />
O poeta é todo ser que utiliza a<br />
forma poética, em versos, observadas<br />
a beleza e a estética, para transmitir<br />
suas análises da natureza e impressões<br />
emocionais, em todo seu esplendor,<br />
espanto e admiração, dúvidas e<br />
conclusões, alegrias e tristezas, amor<br />
e ódio, anseios, medos, saudades... O<br />
verdadeiro poeta vive sua poesia.<br />
Admiro e respeito muito os poetas,<br />
por se fazerem a própria expressão<br />
‘pura, sábia e artística’ da luz do pensamento<br />
emotivo humano. No entanto,<br />
atrevo-me aconselhá-los serem<br />
um pouco menos rigorosos consigo.<br />
Isto, por observar-se nos poetas, um<br />
desgaste pessoal muito profundo, como<br />
resultado de vidas e mentes que<br />
se entregam e se consomem pela própria<br />
arte poética e exercício reflexivo<br />
filosófico.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Quais foram os autores<br />
que o influenciaram em sua produção<br />
literária?<br />
Mário Carabajal: Quando criança,<br />
eu lia tudo o que encontrava. Mas foi<br />
Olavo Bilac, aos 9 anos, por incentivos<br />
da professora Margarida, na quarta<br />
série, meu primeiro autor. Minha<br />
mamãe (Manuela Cacilda), me presentou<br />
posteriormente com um dos<br />
livros de Bilac. Contudo, só adquiri<br />
o hábito de ler, de fato, salvo livros de<br />
disciplinas escolares, aos 17 anos,<br />
quando no Rio de Janeiro, na<br />
Fortaleza de São João, um grande<br />
amigo, tenente Moura, convidou-me<br />
para organizar a biblioteca dos oficiais.<br />
Livros empilhados e empoeirados,<br />
onde ‘sozinho’ sentia-me acompanhado<br />
por centenas de autores e suas<br />
filosofias. Não conseguia colocar um<br />
só livro na prateleira, em sua ordem,<br />
sem antes aventurar-me em suas páginas.<br />
Isto em 1977. O conhecimento e<br />
liberdade, propostos pelos livros, fazem<br />
com que os leitores acabem por<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
confrontar e criticar os sistemas, retornando-lhes<br />
a ‘força diametralmente<br />
oposta’. Mas é a única forma e<br />
meio de evolução. Não há evolução<br />
sem a otimização da cultura. Salvas<br />
aos nossos autores!<br />
<strong>Criticartes</strong>: Dentre seus livros publicados,<br />
quais os gêneros? Existe algum<br />
de poemas?<br />
Mário Carabajal: Imortal Rogério<br />
Fernandes Lemes, assim o trato por<br />
ser o nobre sociólogo e jornalista,<br />
também escritor, Membro Vitalício<br />
da ALB/MS - somente um entre os<br />
meus livros ‘Estado de Espírito’ ganhou<br />
traços poéticos. Não!<br />
Equivoco-me, também o quinto ‘Em<br />
Busca da Evolução’, utilizei-me da<br />
poética, para registrar, a priori, o que<br />
jamais pretendia publicar, mas por incentivos<br />
de amigos, acabei encorajando-me.<br />
Isto em 1993, se não me falha<br />
a memória! Antes de dormir eu<br />
sempre orava/rezava e, por achar muito<br />
interessante o que conversava<br />
com Deus, passei a registrar tais pensamentos,<br />
resultando no livro ‘Orações<br />
Filosóficas’. Outra excepcionalidade<br />
em minha linha de escrita ocorreu<br />
em 1995, quando a partir de um<br />
sonho, ao acordar, em um sábado,<br />
“trazia na mente um romance<br />
completo, com lugares,<br />
épocas, enredo,<br />
personagens, protagonistas”<br />
e o mais incompreensivo, interessante<br />
e impressionante, o sonho o qual<br />
transformei em livro, trazia minha esposa,<br />
Dinalva Pereira Barbosa, a qual<br />
só conheci/reconheci, identificando-a<br />
como a protagonista de meu sonho/livro<br />
alguns pouco anos depois,<br />
em 2001, confirmando matrimônio<br />
em dezembro de 2016, em igreja de<br />
Copacabana, no Rio de Janeiro. Este<br />
sonho/livro, o qual me apresentou a<br />
‘Mulher da Minha Vida’, comecei a<br />
escrevê-lo em um sábado pela manhã,<br />
ao acordar, finalizando-o no dia<br />
seguinte, domingo à noite, quando<br />
coloquei o ponto final. Fora estas<br />
três exceções de gêneros literários, os<br />
demais livros são técnicos e científicos.<br />
Escrevi muito na área de psicanálise.<br />
Atualmente trabalho sobre aproximados<br />
40 outros títulos de futuros<br />
livros.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Quais os livros que o senhor<br />
indicaria para os novos escritores<br />
e poetas brasileiros, no sentido<br />
dessas leituras contribuírem para o<br />
aprimoramento intelectual e artístico,<br />
bem para manter e alimentar a<br />
musa, tão falada pelo Ray Bradbury,<br />
por exemplo.<br />
Mário Carabajal: O mato-grossense<br />
Manoel de Barros ou o alegretense<br />
Mário Quintana e o carioca Olávo<br />
Bilac, entre uma centena de outros<br />
excepcionais escritores de fascinantes<br />
obras referenciais, podem auxiliar<br />
na formação de valores iniciais dos seres.<br />
Estes foram àqueles que mais influência<br />
cultural exerceram sobre o<br />
meu ser em minha infância. Martha<br />
Barros, filha de Manoel de Barros,<br />
ilustrou o livro do pai ‘Poeminhas<br />
em Língua de Brincar’, de onde, pela<br />
união de palavras e ilustrações, resulta<br />
em um lindo mundo, atraente e recheado<br />
de simbologias para crianças.<br />
Bons livros (lidos ou adaptados para<br />
a TV e Cinema) moldam e auxiliam<br />
na importante formação de valores<br />
originais – por serem, após aos ‘mandados<br />
parentais – emitidos pela família’,<br />
os seguintes a serem interiorizados<br />
e validados pelos seres, passando<br />
a balizar condutas e comportamentos<br />
presentes e futuros de quem os lê<br />
ou assiste.<br />
“Um mundo sem maiores<br />
distorções e criminalidades,<br />
necessariamente,<br />
passa pelos humanos<br />
e criativos escritores de<br />
literatura infantil”.<br />
Os quais, aproximam os iniciantes leitores<br />
de um fazer construtivo, consciente<br />
e responsável de suas vidas, sob<br />
assertivas integradoras e harmônicas<br />
com a natureza. Ensinam a contemplar<br />
e melhor apreciar o belo, dócil,<br />
- 12 -<br />
rústico, humilde e verdadeiro.<br />
Revelam às crianças a arte de abstrair<br />
ensinamentos de suas experiências,<br />
ainda que de difíceis, inóspitas e por<br />
vezes dramáticas realidades. Não obstante,<br />
os escritores revelam ensinamentos<br />
até mesmo pinçados da tragédia.<br />
Meio aos atuais responsáveis<br />
por esta linda e magistral arte de levar<br />
às crianças e adolescentes os verdadeiros<br />
valores que dignificam e<br />
bem justificam o crescer e expandir<br />
horizontes, sonhar e contribuir à edificação<br />
de um mundo harmônico,<br />
próspero e humano, observam-se<br />
efervescentes especialistas, mestres e<br />
‘doutos’ nessa mágica contribuição,<br />
como as escritoras Lorena Zago,<br />
Apolônia Gastaldi, Arlete e Júlio<br />
Cesar Bridon. Também, entre outras<br />
joias da ALB, a jovem Membro da<br />
A L B / S C – P r e s i d e n t e<br />
Getúlio/Mirim, <strong>Ed</strong>uarda Gabriely<br />
Bairros, autora de ‘A gatinha de julinha’.<br />
Seriam incontáveis os escritores<br />
que fazem da literatura uma linda<br />
e verdadeira arte de iluminar mentes,<br />
irradiar e resgatar vidas, como o<br />
Imortal, Dr. Gustavo Dourado, da<br />
ALB/DF – o qual defendeu sua dissertação<br />
de Mestrado, utilizando-se<br />
da forma poética, mesmo abordando<br />
o difícil tema ‘Fome no Mundo’.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Para aqueles que desejam<br />
fazer parte da ALB quais os critérios<br />
a serem atendidos?<br />
Mário Carabajal: Mestres e<br />
Doutores não necessitam comprovar<br />
serem escritores, por força de suas indispensáveis<br />
e obrigatórias produções<br />
cientificoliterárias à conquista<br />
de tais títulos.<br />
“O principal quesito de<br />
‘imortalidade’ de um escritor<br />
é a sua obra”.<br />
Ainda que um escritor conte com o título<br />
Imortal, por pertencer a uma<br />
academia, poderá outro, sem esse<br />
mesmo título, ser imortalizado na perenidade<br />
de sua filosofia e obra. Não<br />
basta ‘estar’ Imortal. No entanto,<br />
por força de uma organização acadêmica,<br />
contarão seus Membros com<br />
grande atenção sobre suas obras e no-<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
<strong>Criticartes</strong>, com apenas um ano, dirigida<br />
por seu idealizador, o editor<br />
Rogério Fernandes Lemes, consegue<br />
tocar profundamente o âmago de<br />
quem entrevista. Base essencial a um<br />
retorno aos leitores sob máximas de<br />
exposição das mentes apontadas pela<br />
<strong>Revista</strong>. Assim senti-me, comprometido<br />
em oferecer aos leitores da<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> a minha mais ampla<br />
e profunda impressão sobre os temas<br />
levantados e de questionamentos.<br />
Dessa forma, com o passar dos<br />
anos, inequivocamente a <strong>Revista</strong><br />
<strong>Criticartes</strong> contará com uma verdadeira<br />
mostra do fazer literário brasileiro,<br />
constituindo-se em uma fonte de<br />
pesquisas, séria e comprometida, ao<br />
alcance de todos. Imprimir tamanho<br />
ritmo a um veículo de comunicação<br />
em seu primeiro ano, bem identifica<br />
aquele que o dirige – seus ideais e horizontes.<br />
Parabéns pelo primeiro ano<br />
da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>! Saio desta entrevista<br />
à ‘Aniversariante <strong>Revista</strong><br />
<strong>Criticartes</strong>’, renovado, emocionado<br />
e infinitamente agradecido por tamanho<br />
privilégio que me foi concedido<br />
por seu Diretor Presidente,<br />
Fundador e <strong>Ed</strong>itor Chefe, Rogério<br />
Fernandes Lemes. Sobretudo por encontrar-me<br />
vivo e presente neste marco<br />
histórico da literatura brasileira,<br />
de comemoração do primeiro aniversário<br />
de um veículo Nacional e<br />
Internacional de Comunicação, com<br />
evidentes princípios, nobres propósitos<br />
e irrefutáveis proficuidades.<br />
“Em nome da<br />
Academia de Letras do<br />
Brasil, utilizando-me<br />
das prerrogativas estatutárias,<br />
para indicar a<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> ao<br />
Prêmio ‘Causas<br />
Imortais/ALB/2016’,<br />
pelos relevantes serviços<br />
prestados à Cultura<br />
Literária Brasileira”.<br />
Outrossim, desejo êxito contínuo, sames,<br />
pela lembrança e ações acadêmicas,<br />
ano após ano, sem jamais cessar.<br />
Isto, por assumirem o status natural<br />
de Patronos ‘de novas Cadeiras’<br />
quando de suas mortes. Logo, as academias<br />
influenciam no reconhecimento<br />
público dos escritores ‘imortalizados’<br />
em Cadeiras Vitalícias.<br />
Não obstante, em vida, unidos em<br />
torno de academias, encontram caminhos<br />
e facilidades a uma maior visibilidade<br />
de suas obras, com naturais<br />
projeções pessoais.<br />
“A academia motiva, incentiva,<br />
fomenta e auxilia<br />
significativamente à<br />
editorialização do que é<br />
produzido por seus<br />
Membros”.<br />
Tanto pelo natural meio multiliterário<br />
ensejar trocas experienciais, quanto<br />
pela formação de elos entre autores<br />
e editoras, resultando em maiores<br />
facilidades de publicação. Os escritores<br />
necessitam fazer com que suas<br />
obras sejam lidas, propiciando reflexões<br />
e profundas mudanças comportamentais,<br />
políticas e sociais. Suas teses,<br />
ensaios, pesquisas, filosofias e dissertações<br />
científicas; e ainda contos,<br />
crônicas e poesias necessitam chegar<br />
ao grande público. Isto, em nossas visões,<br />
traduz-se como o mais importante,<br />
ao realizar pessoalmente àquele<br />
que produz, além de imprimir maior<br />
significado e sentido a sua obra. A<br />
conquista de uma Cadeira Vitalícia,<br />
em uma organização acadêmica, evidencia<br />
encontrar-se o escritor ou escritora<br />
que a ocupa, em um avançado<br />
estágio em sua carreira literária, devendo,<br />
esse importante marco, ser<br />
muito comemorado, em especial,<br />
por remeter ao escritor profissional,<br />
Imortal, pelo desígnio acadêmico.<br />
Certamente, isto se constitui em motivo<br />
de grande alegria pessoal, familiar<br />
e social. A diplomação e posse de<br />
um escritor (a) em uma academia de<br />
letras, em especial, se entende como<br />
o reconhecimento e comprovação pública<br />
daquele escritor haver consolidado<br />
seu espaço no mundo formal literário.<br />
Ou, minimamente, em franco<br />
caminho estabilizador do escritor<br />
profissional. A ALB, entre outras propostas,<br />
coloca-se ao lado de todo escritor<br />
à conquista desta nova fase em<br />
sua vida. No entanto, a ALB foge aos<br />
padrões estilizados apresentados pela<br />
Academia Francesa. A História da<br />
ALB remete diretamente a Ordem<br />
de Platão. Buscando-se na fonte, com<br />
o próprio precursor, sem estilizar, os<br />
exemplos a que deve a instituição fundamentar-se<br />
em sua trajetória e ideais,<br />
com propósitos organizacionais,<br />
procedimentais, filosóficos e normativos<br />
de Identidade Própria, como a<br />
não limitação de números de<br />
Cadeiras nas Seccionais da ALB ou,<br />
a n a l i s a d a s a p e n a s ‘ q u a l i -<br />
quantitativamente’ a obra dos<br />
Membros. Isto, por não haver razões<br />
que justifique a distinção entre àqueles<br />
que se dedicam à arte de escrever.<br />
O escritor que queira aderir à ALB<br />
exige-se tão somente comprovar ser<br />
escritor. Uma vez comprovado, será o<br />
escritor orientado ao processo de diplomação<br />
e posse em solenidade oficial<br />
da ALB aberta ao público. Vale<br />
ressaltar que a ALB não exige quaisquer<br />
contribuições mensais ou anuais<br />
para a outorga de seus diplomas e<br />
medalhas. Quaisquer exigências nesse<br />
tocante, em quaisquer instâncias<br />
da organização, distorcem e extrapolam<br />
os ideais e propósitos institucionais<br />
da Academia de Letras do Brasil.<br />
<strong>Criticartes</strong>: Por gentileza faça suas<br />
considerações finais sobre nossa entrevista.<br />
Mário Carabajal: Agradeço com veemência<br />
à <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> pelo estimulante<br />
e motivacional convite.<br />
“A entrevista à <strong>Revista</strong><br />
<strong>Criticartes</strong> propiciou-me<br />
um grande momento de<br />
reflexão sobre a trajetória<br />
da Academia de<br />
Letras do Brasil, seus<br />
ideais e metas”<br />
a serem perseguidas. A <strong>Revista</strong><br />
- 13 -<br />
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ENTREVISTA<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
úde e sabedoria aos <strong>Ed</strong>itores e<br />
Colaboradores. Salvas à <strong>Revista</strong><br />
<strong>Criticartes</strong>! Nossos sinceros votos de<br />
‘Imortalidade’ a esta verdadeira e extraordinária<br />
Obra trimestral de referenciais<br />
a um fazer literário em um país<br />
‘pobre politicamente’ - ‘rico em sonhos<br />
e ideais’ – ‘riquíssimo em coragem,<br />
perseverança e iniciativas’ a<br />
exemplo do Escritor e Poeta Rogério<br />
Fernandes Lemes e <strong>Revista</strong><br />
<strong>Criticartes</strong> – o ‘Criador e a sua<br />
Obra’, juntos, completando sua ‘Primeira<br />
Volta ao Sol’, em demonstração<br />
da possibilidade real de implementação,<br />
consecução e transformação<br />
de ‘Sonhos em Realidade’. Salvas<br />
ao seu idealizador e Presidente - celebridade<br />
literocultural brasileira por<br />
excelência e força de sua obra, ao conquistar<br />
e consolidar espaço meio a<br />
um segmento de leitores ‘altamente<br />
críticos’ – de intelectos maduros,<br />
conscientes, esclarecidos e politiza-<br />
dos. Curvo-me para cumprimentar<br />
esses célebres intelectuais, cientistas,<br />
ativistas culturais, professores e escritores,<br />
leitores da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>,<br />
com votos sinceros de saúde, prosperidade<br />
e uma passagem de ano repleta<br />
de alegria, paz e vitórias em seus<br />
projetos pessoais, familiares, institucionais<br />
e profissionais. Muito obrigado!<br />
A ALB/Ceará é a mais recente Seccional Estadual<br />
A ALB/Ceará foi instalada e seus Membros diplomados no dia 2 de julho de 2016. A Solenidade ocorreu em<br />
Fortaleza, na Assembleia Legislativa do Estado. Assumiu a Presidência da ALB no Estado do Ceará, o escritor,<br />
Imortal, Dr. Luiz Aldir.<br />
Registro Histórico Documental – Membros Fundadores Vitalícios da ALB/Ceará. Foto: ALB.<br />
Comitiva da ALB presente na Solenidade de<br />
Instalação da ALB/Ceará: Manuela<br />
Cacilda, Vice-Pres. do Conselho Superior da<br />
ALB; Clara Maciel, Pres. da ALB/BA; Casal,<br />
Professora Lorena Zago, Vice-Presi. ALB/SC-<br />
Presi. Getúlio, e esposo, escritor Zago.<br />
Vice-Presidente da ALB/SC – Presidente<br />
Getúlio, Profa. Lorena Zago, é diplomada na<br />
ALB/Humanitária pela Dra. Dinalva<br />
Carabajal - Árbitra Jurídica.<br />
Presidente e Diretora da ALB Humanitária,<br />
Carabajal e Dinalva, diplomam e empossam<br />
o Presidente Fundador da ALB/Ceará,<br />
Dr. Luiz Aldir.<br />
Primeira Dama da ALB/Ceará, Dra. Sandra<br />
Marques Lima, diplomada por Dinalva<br />
Carabajal, na ALB/Humanitária.<br />
- 14 -<br />
Convite para atividade literária alusiva<br />
ao Dia Nacional do Livro organizada<br />
pela Seccional/MS/Dourados,<br />
sob a coordenação da poetisa e membro<br />
da ALB/MS Odila Lange, apoio<br />
e presença da escritora Nena Sarti,<br />
Presidente da ALB/MS. Foram distribuídos,<br />
gratuitamente, mais de<br />
mil exemplares de autores douradenses.<br />
Estiveram presentes os membro<br />
da ALB/MS Aurineide Alencar e<br />
Rogério Fernandes; os membros da<br />
Academia Douradense de Letras<br />
Leonir Menegati e Merlinton Braff.<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Morte<br />
Marise Andreatta<br />
Dourados, MS<br />
@: mariseandreatta.2013@gmail.com<br />
Morte...<br />
Quem quer saber de ti?<br />
Infame presença,<br />
Pois, de súbito, retira o desejo de ser pessoa.<br />
O sorriso dos lábios se esvai...<br />
Permanece apenas a matéria fria<br />
Testificando que o tempo fechou...<br />
E o dia na terra findou.<br />
A marcha silenciosa do sepultamento<br />
carrega as dores de quem ficou.<br />
Choro... tristeza...<br />
Poderia ter abraçado um dia mais?<br />
A morte diz que não.<br />
A família desunida, estranhamente unida no<br />
dia da visitação da morte.<br />
Os laços de intrigas, como névoa,<br />
parecem desfeitos!<br />
Pura aparência.<br />
Não há mais tempo de consertar os relacionamentos,<br />
já que o fôlego de vida cessou.<br />
A morte levou a esperança<br />
de prosseguir os sonhos!<br />
Estranha morte.<br />
O único som é o barulho da terra<br />
lançada em cima do caixão.<br />
Porém, a alma alcançou liberdade da prisão<br />
do corpo de uma eterna mesmice na terra.<br />
... Eu pergunto:<br />
Viverá a alma em outro tempo?<br />
Se sim, que seja um tempo melhor que este...<br />
http://img.theepochtimes.com<br />
Chorinho<br />
Varenka de Fátima Araújo<br />
Salvador, BA<br />
@: venkadefatima@hotmail.com<br />
Só e abandonada no meu quarto<br />
Naquele silêncio noturno<br />
Fiquei a divagar em sonhos<br />
Ouvi sons de choro<br />
Este ritmo puramente brasileiro<br />
Da janela visualizei<br />
Estavam, Osmar e os Regionais<br />
Um tocava flauta,outro no bandolim<br />
O cavaquinho executava a melodia<br />
Dois violões de cordas acompanhavam<br />
E o pandeiro marcando o ritmo<br />
Tocaram música de Pixinguinha<br />
O carinhoso me emocionou!<br />
Com o tico-taco no fubá<br />
O coração transbordou de alegria<br />
A serenata acabou....<br />
Minha alma em desejos<br />
Ficou sentindo o chorinho<br />
E no dia 23 de abril comemoro<br />
Ouvindo muito chorinho.<br />
- 15 -<br />
SINOPSE - Nau dos Amoucos<br />
Em que o amor é diferente da loucura? Este é um dos questionamentos<br />
de Inácio, homem de cinquenta anos que acaba de enterrar<br />
a mãe, consumida pela loucura. Esta morte faz com que ele seja<br />
lançado na roda do tempo. Até ali, passara a vida preso em fendas<br />
temporais, dividido entre amores presentes e passados. Ao<br />
reencontrar um amor suspenso há anos, o sentimento que estava<br />
congelado começa a derreter e toma sua vida de forma que sua<br />
velha casca já não lhe cabe mais. Os dois acontecimentos fazem<br />
com que se depare com a pergunta sobre seu desejo, e terá que se<br />
haver com isso, reescrevendo uma nova história.<br />
Autora: Isloany Machado Contato: isloanymachado@gmail.com<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br
Artigo<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
http://papodehomem.com.br<br />
Um jardim para o poeta<br />
Maria Eugênia Amaral<br />
Dourados, MS<br />
@: mariaeugenia.amaral@gmail.com<br />
- 16 -<br />
Há meses que trabalho nele, planejando, organizando,<br />
encomendando mudas e plantando.<br />
Uma jabuticabeira, dezenas de chuvas-de-ouro fixadas<br />
em uma antiga mangueira, canteiros de alecrim,<br />
lavanda e amendoinzinho, além de duas árvores<br />
para colher pitangas e acerolas. Um jardim feito<br />
com e para os sentidos: para olhar, tocar, colher,<br />
cheirar, comer. Mas sempre faltava um pé de alguma<br />
coisa, cobertura para algum canteiro, uma muda<br />
pra transplantar... E hoje, ao sentir o aroma do<br />
alecrim e me alegrar com os primeiros botões da alamanda<br />
amarela, decidi que o jardim estava pronto.<br />
Foi então que encontrei um joão-de-barro caído,<br />
agonizante sobre o gramado. Um calafrio me percorreu<br />
e pensei, com tristeza profunda: “O poeta está<br />
partindo...”. Ontem mesmo eu havia conversado<br />
com amigos sobre sua hospitalização e a fragilidade<br />
de sua saúde.<br />
A tristeza não me atingiu em vão. Manoel de<br />
Barros foi embora e deixou órfãos incontáveis: borboletas,<br />
pedras, sapos, árvores, lesmas, jabutis, pássaros,<br />
rios e até o vento. Nem o cachorro Ramela escapou.<br />
Ficamos todos à deriva, buscando terra firme,<br />
sem asas, com ramos caídos, pernas e patas sem<br />
chão.<br />
Faz muito tempo que nos conhecemos, e no<br />
começo achei muito esquisitas aquelas suas palavras,<br />
à primeira vista tão sem pé nem cabeça — como<br />
se a alguma delas faltasse cabeça ou pé. E então, baixando<br />
a guarda e deixando-me contaminar por suas<br />
invencionices, fui abduzida em 1985.<br />
A nave alienígena foi um livro seu. Na época,<br />
coordenando um grupo de pesquisa na UFMS,<br />
estudávamos sobre biodiversidade de plantas aquáticas<br />
e sua fauna associada. E eu passava a vida envolvida<br />
com questões a serem respondidas sobre padrões<br />
e processos reguladores, com planilhas, análises<br />
estatísticas e uma parafernália de teorias e hipóteses<br />
sobre a diversidade biológica no Pantanal. Foi<br />
quando li em seu “Livro de pré-coisas” que “no<br />
Pantanal ninguém pode passar régua. Sobremuito quando<br />
chove. A régua é existidura de limite. E o Pantanal não<br />
tem limites” — e uma revelação me atingiu como um<br />
raio. Eu era uma besta! Tanto trabalho, tanta pesquisa,<br />
e o poeta matava a questão a pau, nua e crua.<br />
Nunca mais fui a mesma.<br />
Hoje não tem mais jeito; vou deixar a tristeza<br />
me derrubar. Mas amanhã, prometo, vou dançar<br />
de cabelos soltos no jardim, dando bom dia às lesmas<br />
e beija-flores, celebrando a alegria de ter em<br />
mãos (a ao alcance de minha compreensão) poemas<br />
como os seus.<br />
Obrigada, Manoel de Barros!<br />
Publicado no dia 13/11/2014 em: www.mariaeugeniaamaral.com<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br
Homenagem<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Nosso Manoel...<br />
Bianca Marafiga<br />
Dourados, MS<br />
@: biancamarafiga@hotmail.com<br />
Renovando o homem usando borboletas,<br />
Arquitetando silêncios...<br />
Em uma casa ou em uma rua sem nome.<br />
Ele, um homem simples.<br />
Escuta a voz dos passarinhos que recitam,<br />
E canta a canção das cigarras que arrebentam o verão.<br />
O glorioso...<br />
E não um Manoel qualquer...<br />
Aquele criado no mato,<br />
Que aprendeu a gostar das coisinhas do chão,<br />
Antes mesmo das coisas celestiais.<br />
Aprendeu mais com as abelhas do que com aeroplanos.<br />
Manoel não queria significar,<br />
Apenas queria assim como eu,<br />
Inventar caminhos com novas palavras.<br />
Hoje não mais apenas Manoel de Barros, mas Manoel dos Céus,<br />
“Fecho os olhos, descanso. Os ventos levam-me longe... Longe”<br />
E assim, por aqui ficam os poetas que Manoel inspirou.<br />
Fica também a certeza de que encontrou por lá,<br />
Coisas mansas, e a liberdade para o silêncio das formas e das<br />
cores.<br />
Manoel Venceslau Leite de Barros<br />
Joabnascimento<br />
Camocim, CE<br />
@: joaobnascimento55@gmail.com<br />
Aos dezenove dias do mês<br />
Ano de mil novecentos e dezesseis<br />
O mês era dezembro<br />
Manoel de Barros nascia<br />
Trazendo consigo a poesia<br />
A hora exata eu não lembro.<br />
Aquele pequeno menino<br />
Com alcunha de “neguinho”<br />
Precisava estudar<br />
Aos oito anos de idade<br />
Partiu pra outra cidade<br />
Para o colégio se internar.<br />
Marcos Coelho<br />
Dourados, MS<br />
@: sagitariusdin@hotmail.com<br />
Menino Manoel...<br />
Barros de Manoel...<br />
Barros – Olaria...<br />
Barros – Poesia...<br />
Manias de Manoel...<br />
Carrossel Quebrado...<br />
Garoto Levado...<br />
Quinquilharias...<br />
Desprezos e Incertezas...<br />
Durezas e Asperezas...<br />
Sentir dualizado...<br />
Impossível de ser decifrado...<br />
Apenas sentido, domado...<br />
Bugigangas...<br />
Roncos de Bugio...<br />
Pé de Cedro...<br />
Corumbás e Cuiabás...<br />
Letras, Cigarras, Lesmas...<br />
Caracóis...<br />
Águas e Chão...<br />
Um Encontro amoroso...<br />
Fecundante...<br />
O Dialeto Manoelês...<br />
O Seu Ressonante poema...<br />
Ser de Bugre e de Brejo...<br />
Águas: Início das Aves... dos Peixes...<br />
dos Homens...<br />
Manoel – de Barros –<br />
de Brejo – de Tudo...<br />
TUDO: Poesia... Matéria –<br />
Química – Essência.<br />
Original – Origem: Menino – Poesia...<br />
Após ter um monumento pichado<br />
Um livro que nunca foi publicado<br />
O livrou certa vez da prisão<br />
A dona da pensão o protegeu<br />
Aos policiais o livro ele deu<br />
“Nossa senhora de minha escuridão”.<br />
Com um ano de idade<br />
Mudou-se pra outra cidade<br />
Foi morar em corumbá<br />
Na região do pantanal<br />
Viveu no meio de curral<br />
Deixava a cidade de Cuiabá<br />
Após dez anos de internato<br />
Com os livros teve contato<br />
Do padre Antonio Vieira<br />
Partiu para o rio de janeiro<br />
Foi comunista e grafiteiro<br />
Quase foi preso ao dar bobeira.<br />
- 17 -<br />
Com o seu idealismo<br />
Aderiu ao comunismo<br />
Formou-se em advocacia<br />
Foi membro da “juventude comunista”<br />
Assim de vez ele conquista<br />
Tudo aquilo que queria.<br />
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Homenagem<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Desde os treze anos de idade<br />
Já demonstrava afinidade<br />
Admirava a poesia<br />
Só aos dezenove anos escreveu<br />
O primeiro poema seu<br />
Para o nosso prazer e alegria.<br />
O primeiro livro publicado<br />
“Poemas concebidos sem pecados”<br />
Foi feito artesanalmente<br />
Esse foi o ponto de partida<br />
De tantos outros em sua vida<br />
Que viriam naturalmente.<br />
“Não assumir reponsabilidade<br />
Com a prática da verdade<br />
No meio da literatura”<br />
Com seu rico material sensitivo<br />
Usando o seu arbítrio criativo<br />
Fez da poesia a sua arte pura.<br />
Do comunismo se desligou<br />
Quando prestes o decepcionou<br />
Após dez anos de prisão<br />
“Quando o seu discurso escutei<br />
Sentei na calçada e chorei”<br />
Foi grande a decepção.<br />
Saiu sem rumo desconsolado<br />
Largou tudo de lado<br />
E voltou para o pantanal<br />
Dali foi pra Bolívia e Peru<br />
Depois saiu da América do Sul<br />
Em Nova York fez uma pausa afinal.<br />
Passou um ano estudando<br />
Cinema e pintura cursando<br />
Reforçou seu sentido de liberdade<br />
Ao voltar par o seu país<br />
O destino deus assim quis<br />
Conheceu o motivo da sua felicidade.<br />
Stella o seu grande amor<br />
Após três meses com ela casou<br />
Viveram sempre apaixonados<br />
Pedro, Marta e João.<br />
São frutos dessa união<br />
Filhos por deus abençoados.<br />
Com muitos prêmios conquistados<br />
Sempre viveu no anonimato<br />
Por sua culpa e opção<br />
Depois que Millôr o descobriu<br />
Sua fama logo emergiu<br />
Popularidade em toda a nação.<br />
Carlos Drummond com bom motivo<br />
Recusou o epíteto de maior poeta vivo<br />
Que existia nessa nação<br />
Em prol do poeta Manoel<br />
Pra quem ele tirou o chapéu<br />
Com autoridade e razão.<br />
Foi um poeta renomado<br />
Seu nome é considerado<br />
Em qualquer parte, que for<br />
Conhecido nacionalmente<br />
Suas obras estão presentes<br />
No Brasil e no exterior.<br />
Entre muitas homenagens<br />
Enriqueceram a sua bagagem<br />
Com prêmios que colecionou<br />
São tantos para falar<br />
Os maiores eu tenho que citar<br />
Dois prêmios jabuti ele ganhou.<br />
Estabeleceu-se como fazendeiro<br />
Da propriedade que foi herdeiro<br />
Do seu velho genitor<br />
Continuou poetisando<br />
Suas obras sempre editando<br />
Encantado o seu leitor.<br />
O homem parte a obra permanece<br />
E assim ele enriquece<br />
De uma forma genial<br />
O grande poeta partiu<br />
Seu legado ao povo serviu<br />
Será sempre um imortal.<br />
No ano do seu centenário<br />
É justo, é extraordinário.<br />
Esse grande reconhecimento<br />
Com meu modo simples de falar<br />
Estou a lhe homenagear<br />
Com honraria no meu pensamento.<br />
“O tempo não<br />
morre, o tempo<br />
nasce, então não<br />
devemos ter esse<br />
sentimento<br />
melancólico pelo<br />
tempo que passa”.<br />
Manoel de Barros<br />
(1916-2014)<br />
- 18 -<br />
Poeta<br />
Manoel de Barros<br />
Odila Lange<br />
Dourados, MS<br />
@: odilalange@yahoo.com.br<br />
Manoel de Barros,<br />
Poeta? Escritor? Pensador?<br />
Pregador ou Escultor?<br />
Escultor, sim, pois<br />
Esculpe com as palavras!<br />
Pregador de sentimentos.<br />
Poeta,<br />
Em qualquer momento<br />
É um monumento!<br />
Poesia é esquecer:<br />
O frio, a fome,<br />
O salário.<br />
É não explicar nada,<br />
Nem o imaginário.<br />
Poesia não se come,<br />
Nem se veste,<br />
Mas se investe,<br />
Na mente inteligente<br />
De muita gente!<br />
Poetar é não dizer nada.<br />
É jogar com as palavras.<br />
É confeccionar ilusões.<br />
Iluminar corações.<br />
É esquecer o útil.<br />
É trabalhar com o inútil!<br />
Manoel de Barros,<br />
Fala por metáforas,<br />
Busca incorporação<br />
Em sua criação!<br />
Manoel de Barros,<br />
Exige transcendência<br />
E um certo grau<br />
De inteligência!<br />
Seus poemas<br />
Fogem do banal,<br />
São para serem lidos<br />
Mas não entendidos,<br />
Por qualquer mortal!<br />
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Homenagem<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
www.noticias.ms.gov.br<br />
Ao poeta<br />
pantaneiro<br />
Lindita<br />
Belo Horizonte, MG<br />
@: etsimoes@gmail.com<br />
O Poeta já cantou<br />
Toda a sua incompletude<br />
Sua vida renovou<br />
No caminho da virtude.<br />
Eu tenho em mim também<br />
Um atraso de nascença<br />
Nunca vou muito além<br />
Apesar da benquerença.<br />
Eu também sou aparelhada<br />
Pra gostar da natureza<br />
Ela é a minha amada<br />
Por sua imensa beleza.<br />
Borboletas sei amar<br />
Pela luta que empenharam<br />
Meu quintal é o meu lar<br />
Meus sonhos nele ficaram.<br />
Já morei em meu abismo<br />
Mas guardei no peito o amor.<br />
Com as fraquezas nunca cismo<br />
A vida me dá vigor.<br />
Eu não sei fotografar<br />
O silêncio que adoro<br />
Mas quero fotografar<br />
A existência em que moro.<br />
O fazedor de<br />
amanhecer<br />
poema de Manoel de Barros<br />
Sou leso em tratagens com máquina.<br />
Tenho desapetite para inventar<br />
coisas prestáveis.<br />
Em toda a minha vida só engenhei<br />
3 máquinas<br />
Como sejam:<br />
Uma pequena manivela<br />
para pegar no sono.<br />
Um fazedor de amanhecer<br />
para usamentos de poetas<br />
E um platinado de mandioca para o<br />
fordeco de meu irmão.<br />
Cheguei de ganhar<br />
um prêmio das indústrias<br />
automobilísticas pelo<br />
Platinado de Mandioca.<br />
Fui aclamado de idiota pela maioria<br />
das autoridades na entrega do prêmio.<br />
Pelo que fiquei um tanto soberbo.<br />
E a glória entronizou-se<br />
para sempre em<br />
minha existência.<br />
Nos pensamentos meus,<br />
A vida é sempre assim<br />
Vejo o perfume de Deus<br />
Nas flores do meu jardim.<br />
- 19 -<br />
Alguns dos livros de Manoel de Barros<br />
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Artigo<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Por uma política<br />
cultural pública<br />
C<br />
Dinovaldo Gilioli<br />
Florianópolis, SC<br />
@: dinogilioli@yahoo.com.br<br />
ultura não é só literatura, música, cinema,<br />
teatro, dança, artes plásticas. É também<br />
o conjunto das chamadas “culturas populares”,<br />
o artesanato, as festas e o folclore. Além<br />
disso, é a forma de comer, de vestir, de enterrar<br />
nossos mortos, de viver. Enfim, é um processo<br />
de construção permanente no qual homens<br />
e mulheres são sujeitos criadores. Mais<br />
do que entretenimento, é o modo pelo qual<br />
uma sociedade dá sentido à sua própria existência.<br />
Compartilhando da ideia de que nenhuma<br />
cultura é superior a outra, uma política cultural<br />
de caráter público, democrático, pluralista<br />
não deve reforçar as diferenças entre o<br />
que se conhece geralmente como “cultura<br />
erudita” (música clássica, balé, literatura,<br />
ópera, etc.) e “cultura popular”. Pelo contrário,<br />
para que não haja uma sobreposição de<br />
valores, deve-se estimular a diversidade de<br />
práticas culturais e provocar o encontro das<br />
várias maneiras do fazer cultural. Sem esquecer<br />
que certas atividades são simplesmente<br />
invenções da indústria cultural que recorrem<br />
à padronização/massificação, visando<br />
apenas ao lucro. Ou ainda servem a interesses<br />
populistas e dominantes.<br />
Neste sentido, uma política cultural<br />
pública deve incentivar e provocar a autoorganização<br />
dos setores culturais, a fim de<br />
que a produção cultural não fique sujeita aos<br />
interesses do Estado e/ou iniciativa privada,<br />
contribuindo para que a pluralidade cultural<br />
que compõe o município assuma o destino<br />
de suas práticas, não abdicando de sua herança<br />
ancestral, nem do direito à invenção.<br />
Essa política deve ainda resgatar a memória<br />
cultural do povo, preservar a sua identidade<br />
e estimular o intercâmbio dentro e fora do<br />
país.<br />
É preciso romper com a lógica privatista,<br />
em que o poder público procura se desvencilhar<br />
de sua função social. Afinal de contas,<br />
por que pagamos impostos, a serviço de<br />
que, e de quem, deve estar o Estado? É fundamental<br />
e urgente cobrar dos gestores da coisa<br />
pública a responsabilidade perante as necessidades<br />
culturais da cidade, que leve em<br />
consideração os artistas, os produtores culturais<br />
e a população.<br />
Por fim, uma política cultural pública<br />
deve estimular a produção e possibilitar o<br />
acesso aos bens culturais sem privilégio de<br />
qualquer espécie e contribuir para a efetiva<br />
construção da cidadania, em que sujeitos críticos<br />
– verdadeiros fazedores da história, tomem<br />
em suas mãos o controle das práticas<br />
culturais.<br />
Em tempos neoliberais, de endeusamento<br />
do mercado, de exacerbado culto ao<br />
individualismo, de selvagem competição e<br />
egoísmo, nunca foi tão importante valorizar<br />
a cultura, como identidade genuína de um<br />
povo e da nação, pois a ação cultural pode<br />
propiciar espaços que resgatem, preservem e<br />
criem novos vínculos de solidariedade, em<br />
que o ser humano sobreponha todas as coisas.<br />
- 20 -<br />
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Artigo<br />
Políticos e População:<br />
Quem leva à<br />
Corrupção?<br />
Antônio Marcos da Silva Santos<br />
Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE<br />
M<br />
onte Alegre de Sergipe, esta pequena<br />
cidade do sertão sergipano possui cerca de<br />
quinze mil habitantes. Apesar da sua pequena<br />
extensão territorial, bem como a sua quantidade<br />
populacional, a mesma sofre constantemente<br />
do mal denominado corrupção. Vivo nesta<br />
cidade há nove anos, e ao longo desse tempo<br />
percebi várias irregularidades nos sistemas políticos<br />
vigentes. Estas, de certa forma, são notórias,<br />
entretanto, parece que a população se recusa<br />
enxergar tamanhas putrefações. Já que desregrados<br />
são eleitos continuamente.<br />
Avaliando essas falcatruas, notei primeiramente<br />
a situação social e econômica do município.<br />
Este está estagnado, não há produtividade<br />
e muito menos sinais de desenvolvimento.<br />
Obras, somente construções particulares; apoio<br />
hospitalar, encontra-se na cidade vizinha; entretenimento,<br />
apenas a feira municipal. Nessas<br />
perspectivas, anos se passam e não consigo visualizar<br />
nenhuma diferença na cidade, a não ser<br />
os bancos da praça pintados com as cores do<br />
partido em épocas de eleições municipais.<br />
De acordo com o que já foi dito, surge<br />
uma dúvida: Para onde vai o dinheiro público?<br />
Isso é notório, uma pequena parcela será aplicada<br />
para persuadir a população com distintas<br />
formas de propina, e o restante será utilizado<br />
para o bem próprio. Ações corruptas como essa,<br />
acontecem frequentemente por todo Brasil.<br />
A exemplo disso, de acordo com o site cidadeverde.com,<br />
atualmente um prefeito e mais<br />
quinze pessoas foram presas suspeitas de corrupção<br />
na cidade de Redenção do Gurgueia,<br />
município do Piauí. De acordo com a fonte,<br />
ocorreu um rombo de R$ 17 milhões nos cofres<br />
públicos nos últimos três anos. Com essa<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
- 21 -<br />
informação, é perceptível afirmar que a corrupção<br />
se alastra por todo território nacional, infectando<br />
o país incessantemente.<br />
Nesse contexto, lembro-me das ideias do<br />
célebre pensador Montesquieu, responsável pela<br />
sistematização e ampliação da divisão dos poderes,<br />
os quais consistiam na concretização de<br />
uma democracia plena. Consequentemente,<br />
percebo que aqui em Monte Alegre de Sergipe<br />
esses poderes, executivo, legislativo e até o judiciário,<br />
estão repletos de políticos corruptos. À<br />
vista disso, ideias elaboradas por filósofos iluministas<br />
e regidas por várias nações, estão comprometidas<br />
pelo mal da corrupção nos dias atuais.<br />
À medida que essa ilegalidade aumenta,<br />
o ambiente politicamente democrático decresce,<br />
causando assim o lento desenvolvimento<br />
do espaço atingido. Monte Alegre de Sergipe<br />
engloba-se nesse espaço, visto que o município<br />
sofre com um constante decréscimo socioeconômico,<br />
acarretado pela má administração dos<br />
políticos eleitos pela maioria da sua população.<br />
Esta, geralmente leiga, persuadida com bastante<br />
facilidade por políticos desregrados durante<br />
as eleições, contribui indiretamente com o retrocesso<br />
da cidade.<br />
Dessa forma, é válido ressaltar que a população<br />
a mercê da escassez de conhecimento<br />
político, é convencida pelos corruptores através<br />
de “suportes” fajutos, como o botijão de gás<br />
por exemplo, um dos principais objetos de propina<br />
utilizado pelos imorais. Situações como essa<br />
ocorrem constantemente durantes as eleições<br />
municipais. E com isso, noto que a maioria<br />
populacional se satisfaz com míseras ações<br />
fraudulentas dos políticos. Estes, quando eleitos,<br />
dissipam-se das ruas e somente ressurgem<br />
na próxima caça aos ignorantes, enquanto a<br />
massa convive com a escassez de políticas públicas<br />
dignas para o seu bem-estar.<br />
Portanto, concluo que, inescrupulosos<br />
são eleitos repetidamente. E, com isso, a cidade<br />
não floresce. Monte Alegre de Sergipe, de fato,<br />
mergulha em um oceano profundo de corrupção.<br />
Mas, e a população? Espera ansiosamente<br />
pelo próximo botijão de gás?<br />
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Crônica<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Amor e esperança:<br />
dois sentimentos inseparáveis<br />
O<br />
dia surge com o raiar do sol. Logo vem a<br />
esperança de cada ser humano, alguns agradecem<br />
por ter conseguido visualizar o brilho de mais<br />
um amanhecer, outros lamentam por ainda viver.<br />
O fato é: nunca estaremos compartilhando<br />
da mesma energia astral.<br />
Não sei o motivo de isso acontecer, mas<br />
sei que aquela mulher, residindo no mais longínquo<br />
lugar, Dona Rose, sempre traz consigo a<br />
esperança de o dia de hoje ser muito melhor que<br />
o de ontem. Onde ela busca esta energia? Por<br />
que ela nunca está do lado contrário?<br />
Acredito que deve haver algum mistério<br />
rondando a vida dessa jovem mulher, o que será?<br />
Diante dessa interrogação, comecei a observar<br />
essa criatura com mais frequência e aproximação.<br />
Assim, fui descobrindo que cada ser humano<br />
busca acreditar em uma esperança capaz<br />
de tornar-se real ou não, mas mesmo assim não<br />
desacredita no amanhã.<br />
A senhora, olhos claros, pele branca e cabelos<br />
pretos, traz consigo a marca de uma vida estigmatizada<br />
pela força da ideologia machista,<br />
personificada na pessoa do seu esposo, um homem<br />
de olhos e cabelos pretos, estatura mediana,<br />
pele parda e não possuidor de um físico saudável.<br />
Desde que se casou, aos 14 anos de idade,<br />
não sabe ou nunca presenciou uma palavra de<br />
afeto/carinho do seu companheiro. Como pode<br />
um ser sobreviver a tal situação?<br />
Esse questionamento é feito, caro leitor,<br />
para que possamos pensar, mas continuo sem saber<br />
o motivo para tão honroso respeito e cuidado<br />
que a renegada atribui ao seu homem.<br />
Quando começo a analisar, logo percebo<br />
que o comportamento da refém deve-se, uma<br />
parte, à sua criação, pois sempre foi admirada<br />
- 22 -<br />
Carlos Alexandre Nascimento Aragão<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE<br />
@: cana_aragao@yahoo.com.br<br />
por seus irmãos e pais. A criação reflete na construção<br />
do sujeito adulto. A outra parte está atrelada<br />
ao imaginário social perpetuado no seio da<br />
sociedade quando as mulheres são desacompanhadas<br />
dos seus esposos. Elas tornam-se vulneráveis<br />
ao famoso pensamento “separou-se para<br />
vadiar com outros homens”.<br />
Será mesmo que as Roses existentes neste<br />
vasto mundo compartilham desta ação? É fácil,<br />
leitor, apontarmos o indicador na direção de<br />
qualquer ser, mas é muito difícil buscarmos o real<br />
motivo de uma separação. É por isso que continuaremos<br />
ver Roses sendo machucadas, assassinadas<br />
e em muitos casos silenciadas por não terem<br />
forças para enfrentar a voz de uma sociedade<br />
hipócrita.<br />
Nesse sentido, a energia emanada do<br />
olhar, sorriso e atenção da Dona Rose advém da<br />
esperança de um dia poder ouvir do seu grande<br />
e único amor, um obrigado ou até mesmo um<br />
perdão. Ela estará pronta para perdoá-lo, porque<br />
o amor é o laço mais forte que os une. Ah,<br />
como é bom amar! Mas amar exige retorno, ser<br />
amado também.<br />
Será que diante da arrogância, do machismo<br />
não deve existir um pequeno afeto? Pode<br />
não ser visível, porque homem não ama.<br />
Homem trabalha para manter a sobrevivência<br />
do clã.<br />
É, nobre, leitor, enquanto alguns demonstram<br />
o seu amor, mesmo se submetendo às<br />
situações constrangedoras, outros preferem esconder<br />
esse sentimento. Sejamos como a Rose,<br />
exalando esse perfume de esperança por dias melhores,<br />
esperando a Rosa se abrir, enfeitando o<br />
dia de cada ser que busca viver, independente da<br />
situação, um amor viniciano.<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Versos de amor<br />
DICA DE FILME<br />
Ponto de Mutação<br />
Eunice Guimarães<br />
Aracaju, SE<br />
@: eunicegarcia07@gmail.com<br />
Sobre a terra, paira a quietude de um novo alvorecer!<br />
A esta hora vinde beijar-me a boca,<br />
Que eu sinta teu calor por um instante!<br />
Suave riso em tua face resplandece!<br />
Ó sonhos cor de sol nascente!<br />
Tua voz tão linda se fez... a cantar como<br />
Um pássaro, a mais doce melodia!<br />
O amor impera nesse momento!<br />
Nossas Almas, uno se transformam!<br />
Meu coração palpita d'amor por ti!<br />
Um sonho que em realidade se fez...<br />
A noite que se fez dia!<br />
Teus olhos de mel, em Luz se fez!<br />
A falar do amor que no peito trazia...<br />
E em versos esse amor jorrou!<br />
https://petusp54.files.wordpress.com<br />
Madrugada<br />
Jani Brasil<br />
Brasília, DF<br />
@: janibrasil7@gmail.com<br />
Na madrugada fria<br />
Ouço a voz da solidão<br />
A me abraçar...<br />
Ouço o tic tac<br />
De um coração a pulsar<br />
Ouço o pensamento voar...<br />
Em desejos ardentes a pulsar...<br />
Ouço o sonho a derramar...<br />
Ouço a lágrima a rolar...<br />
Mas acima de tudo...<br />
Ouço Deus a me acalmar!<br />
- 23 -<br />
Sinopse<br />
Adaptação cinematográfica do físico<br />
Fritjof Capra, um dos maiores pensadores<br />
da atualidade, para seu best-seller, em<br />
que reflete sobre a sociedade<br />
contemporânea a partir de um<br />
paradigma holístico de ciência e de<br />
espírito. Na belíssima cidade medieval<br />
de Saint Michel, na França, uma física<br />
afastada do trabalho devido a conflitos<br />
éticos (Liv Ullmann, de Sonata de<br />
Outono); um candidato à presidência<br />
dos EUA derrotado nas eleições (Sam<br />
Waterston, de Gritos do Silêncio) e um<br />
poeta que acabou de viver uma<br />
decepção amorosa (John Heard, de<br />
Prison Break) se encontram e conversam<br />
sobre ecologia, guerra, políticas e<br />
filosofias alternativas para o século XXI.<br />
Fonte: www.interfilmes.com<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
http://somostodosum.ig.com.br<br />
A morte da<br />
vida que mata<br />
Valeria Gurgel<br />
Itabirito, MG<br />
@: vallecrisgur@yahoo.com.br<br />
A<br />
morte sempre tem sido um tema visto pelo<br />
âmbito da ambiguidade. Como uma controvérsia<br />
que ao mesmo tempo em que aterroriza, angustia,<br />
traumatiza, apavora, também desperta certo fascínio<br />
e curiosidade, pois que a única certeza dessa vida,<br />
ainda que inadmissível por muitos, é a morte.<br />
Assim, mesmo que o medo pelo desconhecimento<br />
e vulnerabilidade do tema que engloba a vida<br />
diante da morte exista, aí mora a curiosidade indomável<br />
por essa suscetibilidade de uma complexidade<br />
heterogênica, quando o tema é estudado e<br />
pesquisado por filósofos, religiosos, céticos, povos<br />
de todos as origens e de todas as culturas, de<br />
todos os tempos.<br />
E desde a criação do mundo e dos seres viventes,<br />
surge a morte, que passa a ser enxergada<br />
como o fim de uma etapa, de uma jornada, cumprimento<br />
de uma missão, castigo, fechamento de<br />
um ciclo evolutivo, ou o extermínio do próprio<br />
corpo físico, da matéria densa, do invólucro da<br />
energia cósmica que forma a vida e até um desfragmentar<br />
do etéreo para os que interpretam a<br />
energia também como uma matéria sutilmente<br />
cósmica. São as formas curiosas e diferentes de se<br />
analisar o tema, mas sempre acolhendo o respeito<br />
pelo receio ao desconhecido ao incompreendido,<br />
ao que foge do controle humano. Talvez, seja necessário<br />
desmitificarmos o real sentido da vida para<br />
não mais precisar aterrorizar se com a morte.<br />
Mas e se enxergássemos a morte por um aspecto<br />
analítico da morte da vida que mata?<br />
A morte vista de uma forma efêmera e distinta<br />
acontecendo a cada fração de segundos como certa<br />
renovação celular, energética e cósmica?<br />
Como ensinamento, lapidação da ideia<br />
grotesca que alimenta a vida que se mata aos poucos,<br />
acreditando estar vivendo para um dia morrer?<br />
E, a partir daí, perceber o comprometimento<br />
que ambas temem entre si, ao ponto de numa<br />
dicotomia entre a vida e a morte não poder<br />
prever quando a vida mata a morte ou quando a<br />
morte mata a vida?<br />
Pois que se morre vivendo a cada dia e muitos<br />
estão se matando a todo instante sem perceber!<br />
Quando o deserto do egoísmo nutre a solidão<br />
de areia desenhando formas irreais do viver.<br />
Amores sem essência e valores sem consistência.<br />
A morte poderia ser nada mais nada menos que a<br />
morte que a vida mata!<br />
Então porque essa utopia que afirma que a<br />
morte sempre chega de forma estupidamente repentina<br />
em nossas vidas? Ou que nos pega de surpresa?<br />
Ou até que nunca estaremos preparados para<br />
encará-la de frente? Aquele que mais viveu seria<br />
então o que permaneceu longos anos sobre a<br />
Terra? Ou talvez o que menos viveu fosse aquele<br />
que temendo a morte tentou evita-la de forma infantil,<br />
e covarde, enterrando sonhos, dormindo<br />
oportunidades, conservando ideias em cérebros<br />
congelados para não deteriorar os sentimentos?<br />
Quantos nós já foram dados em laços de liberdade<br />
e quantas algemas o destino permitiu pela ânsia<br />
de ser feliz?<br />
A morte só mata a vida que não se deixa viver!<br />
Que não se permite burilar o oleiro da consciência!<br />
Pedras brutas se deslocam da inércia<br />
quando a morte sacode o deserto da ignorância!<br />
E levanta a poeira que os ventos da inconsciência<br />
exalam, contaminando consciências letárgicas de<br />
vidas em decomposição, meros cadáveres ambulantes<br />
circulam pelas academias do saber em busca<br />
de um sentido real que os façam ressurgir do<br />
abismo da incoerência de saber viver.<br />
- 24 -<br />
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Vida e Obra<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Conhecendo<br />
o Poeta<br />
Cláudio Dortas<br />
Estâncias, SE<br />
@: claudiodortas@gmail.com<br />
O Poeta com as Antologias Logos, da Fénix e O Colecionador de Poesias somamos 17 publicações desde 1982.<br />
O Poeta e Escritor, Cláudio Dortas Araújo,<br />
nasceu na Cidade de Itabuna, no Estado da Bahia,<br />
reside na Cidade de Estância, O Berço da Cultura<br />
do Estado de Sergipe, onde nasceu o Primeiro<br />
Jornal O Recopilador Sergipano, desde 03 (três)<br />
meses de Vida. Começou a escrever poemas,<br />
contos e textos de cunho com abrangência social<br />
com 14 anos de idade, e no ano de 1982, começou a<br />
escrever nos Jornais Estancianos: Nosso Jornal,<br />
Jornal Folha Trabalhista, Jornal do Conselho<br />
Tutelar, Jornal Gazeta de Estância, Jornal O<br />
Caminho, Jornal da Diocese de Palmeira dos<br />
Índios (AL), Jornal Sul de Sergipe, Jornal A<br />
Tribuna Cultural, Jornal Folha da Região, Jornal<br />
Cidade Nova Notícias, Jornal do Piauitinga, Jornal<br />
do Dia(Aracaju), Jornal Cinform (Aracaju),<br />
Correio de Sergipe (Aracaju), Jornal Super Popular<br />
(Aracaju), Jornal de Pomerode (SC).<br />
No ano de 1991, precisamente no dia 24 de<br />
fevereiro, junto com mais de duas dezenas de<br />
poetas, funda o Clube dos Poetas Estanciano,<br />
Entidade de Utilidade Públicas Municipal e<br />
Estadual, Leis: 819/1991 e 8.092/2016. No ano de<br />
1999 Lança o seu primeiro Livro “Horizontes de<br />
liberdade e fé”; no ano de 2001 lança o Livro<br />
“Estrada de infinito e de paz”; no ano de 2010 lança<br />
o seu terceiro Livro “Alumbramentos d’alma”;<br />
nesse mesmo ano participa da Antologia Nacional<br />
Poesias Encantadas Vol. I; no ano de 2012<br />
participa do Vol. IV; em 2014 participa do Vol. VII.<br />
No ano de 2015 participa da Antologia<br />
Nacional Talento Poético; no ano de 2013<br />
- 25 -<br />
participa da Antologia Internacional Asas da<br />
Liberdade “Desde o Brasil até o Chile em verso e<br />
Prosa”. No ano de 2015 participa das Antologias: I<br />
Antologia dos Escritores Aracajuanos e<br />
Convidados e I Antologia Poética de Sergipe<br />
Poetizando A Vida. Ainda no ano de 2015, torna-se<br />
Colunista do Jornal Leopoldinense, da Cidade de<br />
Leopoldina, no Estado de Minas Gerais.<br />
É Membro do Clube dos Escritores da<br />
Cidade de Piracicaba, no Estado de São Paulo. No<br />
ano de 2016 participa da Antologia I Encontro<br />
Sertanejo de Escritores e Convidados e da<br />
Antologia 3º Encontro dos Escritores<br />
Canindeenses e Convidados; da 100º Antologia<br />
Beco dos Poetas, da Antologia Enamorados, e da<br />
Antologia Virtual O Colecionador de Poesias,<br />
também do Beco dos Poetas e da Antologia Poesias<br />
Sem Fronteiras.<br />
Ainda no Ano 2016, participa da <strong>Revista</strong><br />
eisFluência e da Antologia Virtual Logos, da Fénix;<br />
da Antologia Nacional Justiça e Igualdade Social e<br />
do 5º Encontro de Escritores Sergipanos, que será<br />
lançado no dia 19 de novembro, na Capital<br />
Sergipana Aracaju. O poeta Cláudio Dortas<br />
continua colaborando com Jornais e <strong>Revista</strong>s de<br />
repercussão e credibilidades nacionais, a exemplo<br />
da <strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong>, que tem ampla divulgação<br />
no Nordeste e em todo o Brasil. Esta é a realidade e<br />
o momento “desvelado” do Poeta e Escritor,<br />
radicado e vivendo na Cidade de Estância, “o<br />
berço da cultura de Sergipe”, desde o ano de 1964<br />
até os dias atuais.<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
A lua e o<br />
mar<br />
Christian Fernandes<br />
Aracaju, SE<br />
@: locutorfernandes@yahoo.com.br<br />
Noite a noite<br />
Quando o sol<br />
Vai repousar,<br />
Nos amamos<br />
Sem enganos,<br />
A lua e o mar.<br />
Sou o mar<br />
e você é a lua<br />
E ao anoitecer<br />
Encontramo-nos<br />
E as estrelas<br />
Testemunham<br />
Todo o prazer.<br />
Noite a noite<br />
Sentimos a brisa<br />
Sobre o nosso<br />
Momento ímpar.<br />
A lua e o mar,<br />
Um eclipse total,<br />
Uma metamorfose<br />
Total do amor.<br />
Eu mar e você lua.<br />
A busca<br />
Elia Macedo<br />
Canavieiras, BA<br />
@: eliamacedo@hotmail.com<br />
Busco palavras em vão<br />
Vão e vem, depois se perdem<br />
Perdem o sentido, nem sei<br />
Sei que busco, mas, em vão.<br />
Minha<br />
alma e eu<br />
Suely Sabino Reis<br />
Coronel Fabriciano, MG<br />
@: syspoetisa@yahoo.com.br<br />
Não bastam os espinhos<br />
naturais<br />
Naturais ainda são fracos<br />
Fracos sentimentos eu tenho<br />
Tenho outras defesas,<br />
Defesas que criei<br />
Criei ou copiei<br />
Copiei uma cerca<br />
Cerca de arame,<br />
Arame não basta ainda<br />
Ainda grito<br />
Grito se me tocar<br />
Tocar aqui é morte,<br />
Morte que avisa<br />
Avisa exalando perfume<br />
Perfume de mulher<br />
Mulher eu sou,<br />
Sou uma fera também<br />
Também tenho garras<br />
Garras nascida em versos<br />
Versos muito naturais.<br />
- 26 -<br />
Na praça<br />
Antônio Amaro Alves<br />
Ipatinga, MG<br />
@: antonioamaro.ipatinga@gmail.com<br />
Passou por mim<br />
Uma louca,<br />
Que me contou<br />
Uma história.<br />
Não vi nela<br />
Nenhum herói<br />
Ou vilão;<br />
Amor ou paixão.<br />
Mas, despertou-me<br />
A atenção.<br />
Uma história,<br />
Apenas,<br />
Sem penas de<br />
Pavão, mas cheia<br />
De suspenses<br />
E emoção.<br />
Uma história que<br />
Ronda na contramão<br />
Da lucidez e despensa<br />
O Era uma vez...<br />
Sem derrotas<br />
Nem vitórias.<br />
Passou por mim,<br />
Ainda agora,<br />
Uma louca varrida<br />
Da vida<br />
E me contou<br />
Uma história,<br />
Sem dores<br />
E nem glórias;<br />
Cheia de risos e<br />
Guizos<br />
Com gente que<br />
Perdeu o juízo.<br />
Não é tão<br />
Tragicômica;<br />
Tem lá uma certa graça<br />
A história que, a louca,<br />
Me contou na praça.<br />
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Poesia<br />
Soneto de uma vida<br />
Jakson Aguirre<br />
Rondonópolis, MT<br />
@: jakson.aguirre@gmail.com<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Amor<br />
Se formado do pó, fostes da terra<br />
E do sopro de Deus idealizou<br />
E teus passos cansados, se encerra<br />
Voltarás para o autor, que te formou.<br />
Se crescestes sem ter sabedoria<br />
Aprendeu com o mundo, árdua pena<br />
Conquistou com seu sangue, a auforria<br />
Com amor aprendeu sair de cena.<br />
Laborou pelos campos, vasto e fértil<br />
Conquistou entre prantos seu espaço<br />
Aprendeu com a vida o que é vencer.<br />
Viu na vida suas forças se esvaindo<br />
A vetustez aborda de mansinho<br />
Sei que um dia pro pó retornarás.<br />
A lenda<br />
Marlete Alves<br />
Aracaju, SE<br />
@: netapoetisa@hotmail.com<br />
Sabe aquela torneira quebrada,<br />
Que fica o tempo todo pingando?<br />
É o pensamento do poeta<br />
Que fica todo tempo pensando.<br />
Sabe aquela beira de mar,<br />
Com ondas indo e vindo?<br />
É como um poeta a pensar<br />
Um mar de poemas sorrindo.<br />
Sabe aquele vendaval que passou,<br />
Que até as arvores derrubou?<br />
Foi a força do pensamento<br />
De um poeta que veio com o vento.<br />
Sabe aquelas palavras soltas,<br />
Umas, que se agarraram às outras?<br />
Era um poeta despedaçado<br />
Se colou e virou um poema rimado.<br />
Sabe as lendas que a gente conta,<br />
As que carregamos para sempre?<br />
É a criança que virou poeta<br />
E se fez lendário eternamente.<br />
- 27 -<br />
Leandra Vitória<br />
Juventude sem Caô - Dourados, MS<br />
@: barbosaleandra2000@gmail.com<br />
Quero saber mais sobre ti, amor.<br />
Quero te decodificar por inteiro.<br />
Conhecer-te no mais profundo sentimento.<br />
Quero que me conte histórias amor<br />
Tuas histórias, histórias dos outros.<br />
O que importar é saber sobre ti, amor.<br />
Diga-me tuas dores<br />
Quero sará-las<br />
Uma por uma.<br />
Beijar teus machucados<br />
Viajar nos teus pecados<br />
Permita-me tocar-te, amor?<br />
Não amor, não é toque de corpo.<br />
É alma amor, quero tocar tua alma.<br />
Conte-me sobre o amor, amor.<br />
Já amaste?<br />
Já te perdeste?<br />
Já sofreu ao amar, amor?<br />
E o que mais amas, amor?<br />
Eu amo a liberdade, amor.<br />
E tu o que amas?<br />
Amas um esporte?<br />
Uma comida?<br />
Um seriado?<br />
Algo deve amar.<br />
Ou ama alguém?<br />
Esse alguém pode não ser eu, amor.<br />
Mas eu não me importo.<br />
Por que eu te amo.<br />
Mas também amo a liberdade.<br />
E por ama lá, amor<br />
Deixo-te livre para liberdade<br />
De amar outro alguém<br />
Por que amar, amor<br />
É ser livre.<br />
Desenho do poeta Manoel de Barros<br />
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Poesia<br />
Ecosys do Amor<br />
Angela Matos<br />
Frei Inocêncio, MG<br />
@: angelfiamatos@hotmail.com<br />
Respirar está difícil<br />
Difícil os dias sem você<br />
Você que mora nos meus sonhos<br />
Sonhos que não me deixam viver.<br />
Viver de saudades tua<br />
Tua boca e seu amor<br />
Amor que sustenta o ego<br />
Ego de querer viver.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Poeta virtual<br />
Antonio Cabral Filho<br />
Rio de Janeiro, RJ<br />
@: letrastaquarenses@yahoo.com.br<br />
Vida é como definimos este espaço<br />
Entre o nosso nascimento e agora.<br />
Mas poderia ter outro nome,<br />
Ou vários, como passagem, estada...<br />
Viver um romance a dois<br />
Dois amores, dois amigos<br />
Amigos que se entrelaçam<br />
Entrelaçam feito raízes.<br />
Raízes do bem-querer<br />
Querer ficar para sempre<br />
Sempre contigo a viver<br />
Viver e aliviada respirar.<br />
Espigas de<br />
nuestra patria<br />
Beatriz Valerio<br />
Campana - Buenos Aires, Argentina<br />
@: beatrizvalerio@gmail.com<br />
Siembra tierra mojada,<br />
Campesino, la esperanza,<br />
Germina ténue la semilla,<br />
En surcos de sol y luz.<br />
Manos, sudor, paciencia<br />
Cosechan extenso cultivo.<br />
Nacen y crecen las espigas<br />
Frutos de nuestra patria.<br />
Destino de etéreo labrador<br />
Forja sueños de cosecha.<br />
Dios bendice su sembrado<br />
Abundante lluvia y amor.<br />
E muitos outros, sei lá, quem sabe...<br />
Enquanto tudo ocorre intempestivamente<br />
À nossa margem, nessa caminhada,<br />
Por um caminho indelével<br />
Que não grava nossos rastros,<br />
Mas que capta nossas emoções,<br />
Como ondas elétricas nos ares,<br />
Até pegar em nossas mãos<br />
E seguir junto em silêncio,<br />
Sem sabermos nada um do outro.<br />
Isso lembra aquela brincadeira<br />
Do Amigo Oculto ao fim do ano<br />
Em que apontamos os eleitos<br />
Com detalhes imprecisos,<br />
Lhes cobrimos de mistérios<br />
Só pra dar-lhes um presente.<br />
Eis a vida dos poetas,<br />
Seres transfigurados em anjos,<br />
A servir amor em altas doses,<br />
Felizes com a felicidade alheia.<br />
- 28 -<br />
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Conto<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
A cigarra que<br />
encanta e a<br />
formiga encantada<br />
<strong>Ed</strong>vânia Ramos<br />
Aracaju, SE<br />
@: edvania.escritora@hotmail.com<br />
Todo o dia lá ia a formiga Dudinha<br />
ladeira abaixo com uma folha na cabeça. No<br />
caminho sempre encontrava a mesma<br />
companheira. A cigarra Milena havia se tornado<br />
sua amiga no inverno do ano passado e descia,<br />
com ela, aquele enorme caminho de barro<br />
diariamente, sempre cantando e falando como a<br />
pior das tagarelas.<br />
Dudinha sorria com o gesticular<br />
exagerado de Milena, outras vezes balançava a<br />
cabeça de um lado para o outro como se a<br />
achasse meio maluquinha.<br />
Todos os dias era a mesma rotina, o que<br />
mudou é que agora, Milena, quando via que<br />
Dudinha estava cansada ajudava a amiga a<br />
carregar suas folhas, mas nunca em hipótese<br />
alguma de boca fechada, sempre cantarolando<br />
ou contando estórias da floresta.<br />
Certo dia chovia muito, muito mesmo,<br />
um temporal assustador. Em dias como este<br />
Milena gostava de ficar escondida no oco de<br />
alguma árvore escura, apenas cantarolando para<br />
disfarçar seu medo dos trovões. Ficava tremendo<br />
imaginando no que poderia lhe acontecer.<br />
Sentiu que algo estava errado. Com a<br />
forte chuva o dia pareceu terminar mais cedo e<br />
não viu sua amiga voltar. Permaneceu no seu<br />
lugar, mas, Dudinha não voltou e isso a deixou<br />
triste. Suas pernas pequenas e finas tremiam de<br />
medo em pensar que tinha que fazer algo e, o<br />
algo, era sair na noite escura a procura da sua<br />
amiga.<br />
Olhou pro céu nenhuma estrela, nem<br />
mesmo a lua, apenas os trovões e os relâmpagos,<br />
mas foi forte e desceu ladeira abaixo, gritando<br />
seu nome e cantando para esquecer o medo que<br />
tomava seu ser. “Eu não sou medrosa, sou<br />
mesmo é corajosa”. Amiga formiga se me ouve<br />
responde! Onde está a graça de brincar de<br />
esconde-esconde se o sol ainda não brilhou nem<br />
o trovão passou? Essa formiga é mais doida que<br />
eu. Exclamou a cigarra encharcada de chuva.<br />
Desceu mais um pouco já quase desistindo<br />
quando ouviu um respirar fundo, mas lento.<br />
– Dudinha é você?<br />
– Ajude-me amiga cigarra, estou presa no<br />
lamarão, não consigo me mexer.<br />
A cigarra correu apresou-se a ajudar a<br />
amiga. Retirou primeiro a folha que ela teimava<br />
em segurar na cabeça e logo depois puxou seu<br />
frágil corpo da lama que prendia suas pernas<br />
pequeninas. A formiga sorriu agradecida e<br />
perguntou emocionada com o abraço que<br />
recebeu.<br />
– Como venceu seu medo de trovões cigarra<br />
Milena?<br />
E com olhos marejados ela responde:<br />
– Tudo que vem da natureza é obra divina,<br />
devemos respeitar, mas nenhum trovão,<br />
nenhum raio, nem a chuva, nem o sol, nem o dia<br />
e nem a noite é mais forte que o amor e a<br />
amizade que podemos sentir pelo próximo.<br />
A amiga formiga abraçou sua amiga<br />
cigarra e juntas retornaram para casa na certeza<br />
de que nunca mais estariam sozinhas, seja qual<br />
for a tempestade do momento, juntas elas<br />
venceriam.<br />
– Sabe o que estive pensando amiga cigarra?<br />
– Formiga pensa? Risos. Sorrindo ela<br />
completou.<br />
– No encanto que tem sua melodia, foi o que<br />
pensei durante todo o tempo em que estive ali<br />
presa.<br />
– Não foi a minha música. Foi o desejo de<br />
continuar vivendo. A vida é a mais bela canção<br />
amiga formiga e, o coração, é o violão que<br />
decifra a letra da melodia que trazemos na alma.<br />
– Vamos cantar?<br />
– Canta cigarra, canta que na chuva eu danço.<br />
Elas seguiram, sorrindo, abraçadas,<br />
celebrando a vida e o encanto do ato viver. Seu<br />
medo tem o tamanho que você dá para ele.<br />
Procure o deixar menor que um grão de areia e<br />
logo um mar de vitórias surge para banhar teus<br />
mais belos sonhos.<br />
(Texto dedicado Leonardo Ramos e Izabela Ramos)<br />
- 29 -<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Jogo da Vida<br />
Desconfiança!<br />
www.paisfilhoseescola.com.br<br />
Adail Alencar<br />
Dourados, MS<br />
@: adailataveira70@gmail.com<br />
Se você não acreditar no futuro,<br />
Não adianta viver o presente,<br />
Se você só pensar no passado,<br />
Não vai sentir o que vem pela frente.<br />
Se você não tiver esperanças, nem sonhos,<br />
Você vai vegetar vivendo a esmo,<br />
Para não viver tristonho,<br />
Você tem que acreditar em si mesmo.<br />
Tenha coragem de lutar por uma vida melhor,<br />
Vença a sua insegurança com força de vontade,<br />
Se você não tiver coragem vai ser pior,<br />
No jogo da vida temos que jogar com a verdade.<br />
Viva intensamente cada segundo,<br />
O passado tem que ficar na lembrança,<br />
Semeie de amor o seu mundo,<br />
Que você vai colher num futuro de esperança.<br />
Reconheça com humildade seus defeitos,<br />
Aprimore com amor suas qualidades,<br />
Resplandeça com ternura o seu peito,<br />
Valorize cada momento de felicidade.<br />
Faça dos seus desencontros passados,<br />
Um motivo para se reencontrar,<br />
Reaja com otimismo quando tiver cansado,<br />
E nunca deixe de amar.<br />
Faça com que a sua sinceridade,<br />
Seja retratada no seu semblante,<br />
Nunca aja com falsidade,<br />
Acalente a sua ternura a cada instante.<br />
Procure ser sempre consciente,<br />
Valorizando a sua dignidade,<br />
Para que possa se orgulhar de ser gente,<br />
Sem perder a humildade.<br />
Na grandeza dos seus sentimentos,<br />
Na pureza das suas atitudes,<br />
Você vai sentir a cada momento,<br />
A paz na sua plenitude.<br />
E quando você envelhecer,<br />
E for analisar o que produziu,<br />
As marcas do passado vão dizer,<br />
Se você realmente existiu.<br />
Ou se passou pela vida,<br />
Sem objetivos, sem ideal,<br />
Sem razão para viver,<br />
Se o seu jogo foi uma batalha perdida,<br />
Que você não soube como vencer.<br />
- 30 -<br />
Carla Gomes (Cristal)<br />
Aracaju, SE<br />
@: ccogomes@hotmail.com<br />
Ampla de um ser ter,<br />
Sou eu,<br />
És tu,<br />
Somos assim por natureza...<br />
E onde estar a altivez?<br />
Esquecemos?<br />
Talvez!<br />
É que desafiamos as leis,<br />
Não pagamos fiança<br />
Se o peito doe, chora o olhar,<br />
Seguimos com a desconfiança...<br />
Fantasio-me de ausências alheias,<br />
Preâmbulo entre a paixão e o Amor,<br />
Destaco os vassalos da vida<br />
Do dono, da flor...<br />
Falta-me o Amor,<br />
Verdadeiro, o qual preciso descobrir,<br />
Aja sexo sem amor<br />
Apenas no desejo de ser...<br />
Então amanhã eu vá ter,<br />
Amar, sem preciso estar,<br />
E assim sairemos por aí,<br />
Sem mais, sem desconfiança...<br />
Subjetividade na Pós-modernidade<br />
Livro recordes de vendas<br />
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através do e-mail: revistacriticartes@gmail.com<br />
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Crônica<br />
Medo<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
www.biomagazine.gr<br />
Marcelo de Oliveira Souza, IWA<br />
Salvador, BA<br />
@: marceloosouzasom@hotmail.com<br />
A violência nas grandes cidades está<br />
aumentando cada vez mais, as pessoas já têm medo<br />
de sair de casa, ficar no domicílio, já nem sabem mais<br />
como proceder.<br />
O medo do outro virou uma rotina, andamos<br />
já olhando para trás, quando uma pessoa demora<br />
caminhando atrás da gente, já bate uma súbita<br />
preocupação.<br />
As crianças já estão preocupadas com tudo<br />
isso, o bicho papão virou o bandido, a bruxa, virou o<br />
maníaco; ou até o palhaço que virou símbolo de<br />
brincadeiras mortais, onde pessoas fantasiadas desse<br />
“inocente” personagem saem com facas, machados,<br />
motosserras, para assustar todos no caminho.<br />
Agora apareceu aqui em Salvador, um grupo<br />
de pessoas com seringa na mão furando outras,<br />
simplesmente por malvadeza, alguns deles se<br />
regozijam com o fato mostrando o objeto esvaziado.<br />
Esse “modus operandi”, já está ultrapassando as<br />
fronteiras da “Boa Terra” já acontecendo incidentes<br />
até em Feira de Santana.<br />
O nosso país já é caracterizado pela violência,<br />
onde o número de homicídios já supera a guerra da<br />
Síria, mas nem por isso temos leis que trabalham<br />
firmemente encima dessa grande problemática, até<br />
no futebol que é nosso grande “circo” vemos cenas<br />
deprimentes de violência, onde “marginais” vestidos<br />
de torcedores espancam policiais; matam torcedores<br />
de outros times, onde o medo se arrasta em todos os<br />
sentidos, pois os brasileiros perderam tudo, os seus<br />
direitos a cada dia são vilipendiados, na “mão”<br />
grande, até em aposentar-se o medo se instala, não<br />
mais por causa da defasagem salarial, mas pelo<br />
simples motivo que o “nosso” novo governo governa<br />
com o cajado da tirania, apoiado pelos<br />
parlamentares, tirando o direito de aposentar-se no<br />
seu tempo, dito certo.<br />
Assim o medo se alastra em todos os aspectos,<br />
não vemos alguma saída, senão por meio do voto,<br />
mas como se até para votar somos obrigados e somos<br />
sutilmente dirigidos a votar em quem vai nos meter<br />
medo no futuro?<br />
- 31 -<br />
Partícula de<br />
PALAVRAS<br />
Rogério Fernandes Lemes<br />
Dourados, MS<br />
@: rogeriociso@gmail.com<br />
Cada letra me é como um átomo.<br />
Agradável é o cheiro frenético de suas<br />
Vibrações harmônicas.<br />
Observando-as, vivo minha possibilitância<br />
Manuseando o infinito que há em mim.<br />
Diferente dos muitos medrosos<br />
O infinito me atrai.<br />
Leio nele, todos os dias,<br />
minha subjetiva finitude;<br />
Contemplo, nas paredes cronológicas,<br />
Minhas gorduras digitais;<br />
Meus rastros cadavéricos.<br />
Tudo isso vem à lume<br />
Quando manipulo verbos e adjetivos<br />
Como um bebê, atônito,<br />
e encantado com a luz.<br />
A cada desinência, um novo universo.<br />
Letras são átomos criadores de multiversos.<br />
Letras são tesouros dadoS aos poetas<br />
Para conferir-lhes o poder de criar tudo;<br />
Para trazer ao existir<br />
O que hoje é ausência,<br />
É silêncio...<br />
É anônimo.<br />
Letras são partículas de palavras;<br />
Palavras são dínamos reveladores,<br />
Destrutivos e reconfortantes.<br />
E a palavra volte às letras, como o era;<br />
E as letras voltam ao Criador<br />
Que as deu, sabiamente,<br />
Aos poetas.<br />
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Cultural<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
O FESTACE<br />
Fotos:<br />
Alison Antônio de Souza<br />
Ariana Trajano de Oliveira<br />
Emerson Brandão da Silva<br />
José Wilton Fonseca da Silva<br />
O<br />
Por<br />
Carmem Silvia Moretzsohn Rocha<br />
IFMS Campus Dourados, MS<br />
Festival de Arte e Cultura dos Estudantes<br />
(FESTACE) é promovido pelo Instituto Federal<br />
de <strong>Ed</strong>ucação (IFMS) – Campus Dourados. Seu<br />
principal objetivo é fomentar a expressão das<br />
manifestações artístico-culturais dos estudantes<br />
do município de Dourados, e tem por pretensão<br />
valorizar as atividades culturais dos estudantes;<br />
promover o intercâmbio no interior e exterior da<br />
comunidade do IFMS; incentivar os jovens a<br />
desenvolver suas aptidões artísticas por meio de<br />
atitudes competitivas saudáveis; oportunizar a<br />
visibilidade de talentos dos estudantes; contribuir<br />
para a cultura douradense e promover a diversidade<br />
cultural.<br />
As oportunidades foram abertas ao público,<br />
sem restrições, nas categorias música, crônica<br />
e desenho. O primeiro FESTACE, promovido<br />
pelo IFMS – Campus Dourados, ocorreu nos dias<br />
13/05/2016 e 25/05/2016, às 19 horas, no Teatro<br />
Municipal de Dourados. Foram diversas as<br />
apresentações culturais gratuitas: músicas, exposição<br />
de desenhos e crônicas narrativas. Agitou o<br />
cenário cultural douradense, promoveu o encontro<br />
entre as pessoas, festejou a vida e a cultura!<br />
Integraram a programação as seguintes apresentações:<br />
* Banda “Evandro e os Aloprados”,<br />
formado pelos professores do IFMS Campus<br />
Dourados: Evandro Falleiros (voz, violão e composições),<br />
Carmem Rocha (teclado), Carlos<br />
Vinícius Figueiredo (cajón) e Jair Costa (baixo).<br />
As apresentações ocorreram nos dias 13/05 e<br />
25/05.<br />
* Rapper Senkapuz: nascido em<br />
Diadema/SP, começou a cantar em 1995 e gravou<br />
o CD “<strong>Ed</strong>ucação é a Saída”. Atualmente cursa<br />
Pedagogia na UFGD e trabalha como educador<br />
social. A apresentação ocorreu no dia 13/05.<br />
* Guga Borba: começou a carreira musical<br />
em Campo Grande, aos 15 anos, como vocalista<br />
da banda Inverno Russo. Guga obteve o Prêmio<br />
Palco MP3 – Mais acessado Folk – atingindo hoje<br />
a marca de 200.000 acessos, com 92 músicas<br />
disponíveis para download gratuito, gravadas ao<br />
longo de 25 anos de carreira. A apresentação<br />
ocorreu no dia 25/05/2016.<br />
- 32 -<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Um sonho que<br />
se sonha junto<br />
Carmem Silvia Moretzsohn Rocha<br />
Criadora e Coordenadora do FESTACE<br />
@: carmem.rocha@ifms.edu.br<br />
“Quando me dei por mim, cá estava eu.<br />
Muito distante de onde nasci, trazida por<br />
outros sonhos que não este, o de estar aqui. Já<br />
circulei entre sons, música, instrumentos de<br />
outros mundos. Porém, quando menos esperava,<br />
recebi esta missão: criar um Festival. Recémchegada,<br />
entre muros e outras gentes, iniciei a<br />
tarefa.<br />
Deixei-me levar pela imaginação! Fechei<br />
os olhos e vi dançarinos, músicos, poetas,<br />
escritores, palhaços, pintores, enfim, uma<br />
plêiade de artistas perfilando em meu imaginário.<br />
Arte e cultura eram o meu norte. Professora<br />
de Sociologia do Instituto Federal de Mato<br />
Grosso do Sul, ganhei este prêmio, o de fazer<br />
nascer essa fábrica de sonhos, algo inédito, dar<br />
o primeiro passo, sempre cheio de emoção!<br />
Dessa forma, em meio aos meus delírios, veio o<br />
nome: Festival de Arte e Cultura dos<br />
Estudantes, o FESTACE. Como numa procissão,<br />
outros vieram e ele nasceu, muito maior do<br />
que no início.<br />
Bem, o som de festa já estava lá! E foi com<br />
muita alegria que pude ver pela primeira vez no<br />
Teatro Municipal de Dourados, jovens se<br />
aventurando no mundo das artes, na viagem de<br />
criar músicas, textos e desenhos em belas performances<br />
regadas de alegria!<br />
E um dia, andando despretensiosamente<br />
pelos corredores, um deles me disse: “nossa, há<br />
quanto tempo que eu sonho tocar numa banda<br />
e, de repente, lá estava eu no palco, pela primeira<br />
vez cantando com a minha banda”! E tudo<br />
isso graças ao FESTACE: um sonho que se<br />
sonha junto”.<br />
- 33 -<br />
Texto de Abertura do FESTACE<br />
Sem você<br />
Carmem Silvia Moretzsohn Rocha<br />
Sem você? Solidão.<br />
Espera e loucura.<br />
A vagar pelos sonhos,<br />
pelos medos, pela rua.<br />
Sem você, incompletude.<br />
Pela metade, sem atitude,<br />
sem vontade, é tarde!<br />
E você, quem é?<br />
Quem é você?<br />
Você é alguém, é claro!<br />
Você é o sentido<br />
D’eu estar aqui.<br />
De minha sede de vida,<br />
minha busca,<br />
meus feitos.<br />
Meus feitos são nossos!<br />
Cada pensamento,<br />
cada palavra,<br />
cada construção!<br />
Nossos feitos são elos,<br />
São belos porque nossos!<br />
E eu e você, quem somos?<br />
Somos nós, é claro!<br />
Humanos, que somos.<br />
Somos nós que construímos,<br />
que criamos, inventamos, sim,<br />
um mundo melhor!<br />
Um mundo de afetos,<br />
de esperança,<br />
de sonhos,<br />
de vida!<br />
Sim, somos capazes de construir<br />
O belo,<br />
O puro<br />
O porvir.<br />
Esperança, de quê, afinal?<br />
De verdade<br />
De luz,<br />
De vida,<br />
De futuro,<br />
De utopia,<br />
De arte e cultura.<br />
Sejam Bem-Vindos!<br />
Ao... Meu, teu, seu, nosso...<br />
O Primeiro<br />
esperado, amado, conquistado<br />
Por mim, por você, por nós...<br />
O FESTIVAL DE ARTE E<br />
CULTURA DOS ESTUDANTES...<br />
FESTACE!!!<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
FESTACE:<br />
um ato de fé<br />
DESENHOS VENCEDORES<br />
DO 1º CONCURSO FESTACE<br />
Evandro Falleiros<br />
Mestre em Ciência da Computação<br />
Professor do IFMS Campus Dourados<br />
Começo rascunhando minhas singelas<br />
impressões e memórias, imerso em um sentimento<br />
nostálgico, repleto de fracionados sentimentos de<br />
alegria, mistos à saudade. Alegria por ter vivenciado<br />
um momento ímpar, no qual pude observar pessoas<br />
se perdendo no tempo, esquecendo-se, mesmo que<br />
por um breve período, de seus mais incômodos<br />
percalços.<br />
Alegrei-me por ver crianças, adolescentes,<br />
adultos, idosos, estudantes, profissionais, um mar de<br />
gente que parou no tempo para ouvir e apreciar arte e<br />
cultura. Confesso que, quando os vi ali sentados,<br />
compondo um teatro repleto de diversidade, cultura<br />
e saberes diversos, emocionei-me, sabendo que cada<br />
um dos que ali estavam deixaram algo para trás para<br />
aquele ambiente compor.<br />
Mas, mais ainda, surpreendi-me com o<br />
engajamento de todos os envolvidos. Iniciei os<br />
trabalhos de organização, juntamente com meus<br />
companheiros, um pouco preocupado com a repercussão<br />
e com a recepção da proposta por parte do<br />
público alvo. Eu havia criado uma impressão errônea<br />
sobre o que os indivíduos pensam sobre eventos que<br />
envolvem arte e cultura.<br />
Imaginava eu que um festival de arte e cultura<br />
movimentaria apenas um pequeno grupo de pessoas<br />
interessadas, ainda mais se tratando de um evento<br />
que motivava a produção de obras inéditas.<br />
Acompanhei, descrente, todo o processo de inscrições.<br />
Muitas vezes, cheguei a pensar que o evento<br />
deveria ser adiado.<br />
Contudo, nesse processo, ensinaram-me a ter<br />
fé. Aprendi a acreditar que podemos movimentar e<br />
criar o que quisermos, pois depende apenas de nós<br />
assumirmos a missão de engajar e fomentar a cultura.<br />
Ressalto que praticar o supracitado não é tão simples,<br />
uma vez que exige mudanças no que pensamos,<br />
acreditamos e defendemos.<br />
E, por fim, refiro-me e resgato a saudade! Um<br />
sentimento misto que, nesse momento, no qual<br />
concluo minhas impressões, embriaga-me de alegria e<br />
desejo de que tudo o que outrora aconteceu se<br />
repetida para todo o sempre. Amém!<br />
- 34 -<br />
Guilherme Ayala de Paula, 1º lugar no concurso de<br />
desenhos do 1° FESTACE (Festival de Arte e Cultura dos<br />
Estudantes), aluno do 1º ano do Curso Técnico em<br />
Informática para Internet do IFMS Campus Dourados.<br />
Jarilson Freitas, 2º lugar no concurso de desenhos do 1°<br />
FESTACE (Festival de Arte e Cultura dos Estudantes), aluno<br />
do 1º ano do Curso Técnico em Informática para Internet do<br />
IFMS Campus Dourados.<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Guilherme Ayala de Paula<br />
1º lugar<br />
Jarilson Freitas<br />
2º lugar<br />
Guilherme Ayala de Paula e Jarilson Freitas (direita)1º e 2º colocados no concurso de desenhos do 1° FESTACE (Festival de Arte<br />
e Cultura dos Estudantes), alunos do 1º ano do Curso Técnico em Informática para Internet do IFMS Campus Dourados.<br />
Isto não é uma crônica<br />
Karina Kristiane Vicelli<br />
Doutoranda em Letras pela UFMS<br />
Professora de Português/Literatura no IFMS Campus Dourados<br />
@: karina.vicelli@ifms.edu.br<br />
Rubens Aquino de Oliveira, Brígido Ibanhes e<br />
Carlos Vinícius Figueiredo foram os escolhidos como<br />
os componentes da comissão julgadora de crônicas do<br />
1° FESTACE (Festival de Arte e Cultura dos<br />
Estudantes) do IFMS Campus Dourados de 2016.<br />
Nessa primeira edição, a tradição e a ruptura uniram-se<br />
para apresentar a renovação da linguagem, num festival<br />
que revelou talentos e mostrou que a arte pulsa e se<br />
vivifica nas e das palavras. Engraçado usar a palavra<br />
tradição para Rubens Aquino e Brígido Ibanhes,<br />
escritores que ao longo de sua carreira quebraram<br />
regras, romperam com estereótipos, inovaram, politizaram,<br />
polemizaram, enfim, fizeram tudo aquilo que se<br />
espera de grandes escritores: manipularam e remoçaram<br />
a linguagem.<br />
Queria fazer desse texto algo impessoal, mas o<br />
FESTACE foi carregado de emoção, repleto de alma,<br />
músicas, crônicas, desenhos e vísceras. É preciso<br />
lembrar que meu primeiro contato com Rubens<br />
Aquino foi na minha infância, por meio de seu livro<br />
“Coragem Moçada, ai vem os caçadores!”, o livro<br />
tratava de ecologia em uma época em que nem se falava<br />
disto. De Brígido Ibanhes, li “Silvino Jaques – o último<br />
dos bandoleiros” para ministrar aulas a vestibulandos, e<br />
de repente estou trocando e-mails com o autor desse<br />
livro polêmico. E por causa do FESTACE mandando<br />
textos de alunos meus para serem avaliados por esses<br />
escritores consagrados, uau! E o melhor, esses escritores<br />
elogiando os pupilos do IFMS!<br />
Carlos Vinícius Figueiredo, não vou poder falar<br />
dele, vai parecer que estou puxando saco, é nosso chefe.<br />
O que dizer de um cacique que toca numa banda<br />
chamada “Evandro e os aloprados”? Além disto, estuda<br />
Clarice Lispector, fica indignado com injustiças, ama<br />
Literatura, acredita nos nossos projetos, e não me acha<br />
maluca de corrigir caderno por caderno de 83 alunos.<br />
Estes foram os componentes da primeira<br />
comissão julgadora de crônicas do FESTACE, e não<br />
apresentamos uma biografia de cada um, mas o que de<br />
humano esses seres ofertaram em algum momento da<br />
vida, pois cultura é acima de tudo movimentação<br />
humana, é a aproximação das pessoas, é o contato dos<br />
seres, é a voz entoada que alegra a alma, é o sorriso nos<br />
rostos, é o abraço fraterno dos estudantes quando um<br />
amigo é desclassificado, é o aplauso forte aos competidores,<br />
é uma banda com nome de nota baixa (2,77), é o<br />
arrepio na espinha com um tom perfeito, é uma equipe<br />
unida fazendo o melhor por seus alunos, é a educação<br />
acontecendo em todos os seus poros, é o FESTACE, é o<br />
IFMS em ação, é o poder das palavras e da amizade em<br />
seu infinito movimento artístico.<br />
- 35 -<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
CRÔNICAS VENCEDORAS DO 1º CONCURSO FESTACE<br />
Cultura é<br />
respeito<br />
Laiza Tayná Reetz - 1º lugar<br />
Aluna do 1º ano IFMS/Ddos<br />
O que é cultura? Bom, de<br />
acordo com o dicionário cultura<br />
é ação, efeito, arte ou maneira<br />
de cultivar a terra, é aplicação<br />
do espírito a uma coisa, estudo,<br />
civilização. Cultura é bem mais<br />
que linguagem, dança, vestuário,<br />
religião, é a plena identidade<br />
de um país ou pessoa.<br />
O quão chato seria<br />
acordar de manhã, pegar um<br />
ônibus e ver todo mundo<br />
fazendo a mesma coisa? Desde<br />
vestir roupas iguais até ouvir a<br />
mesma música, seria totalmente<br />
entediante, pois a graça é ver<br />
pessoas diferentes todos os dias,<br />
cada um com seu estilo, modo<br />
de agir e falar.<br />
Quando eu era apenas<br />
uma menininha com 9 anos,<br />
ficava me perguntando porquê<br />
as mulheres usam burcas em<br />
certos países, ou por qual<br />
motivo as pessoas comem<br />
cachorros ou outros animais<br />
que para mim é estranho de se<br />
ingerir, entre outras perguntas<br />
como: qual é o sentido de<br />
acreditar em vários deuses? Por<br />
que em outros países é tão<br />
comum as gorjetas? Ou até<br />
mesmo a briga que gera quando<br />
alguém pergunta se é biscoito<br />
ou bolacha, claro que para mim<br />
é bolacha, mas não é por isso<br />
que julgo as pessoas que falam<br />
que é biscoito. Depois de certo<br />
tempo comecei a compreender<br />
e cheguei a conclusão que<br />
cultura é uma bicicleta e para<br />
saber como conduzi-la é necessária<br />
competência de saber e<br />
conhecer do que se trata, e o<br />
mais importante, percebi que a<br />
diversidade é o essencial.<br />
A cultura é inteligente,<br />
pois nos remete a respeitar<br />
aquilo que para nós nos parece<br />
estranho ou diferente, mas para<br />
outros é completamente normal.<br />
A solução é amar a todos<br />
não se importando com o<br />
modo de pensar de cada pessoa,<br />
é fazer como Albert Einstein<br />
disse: “Se um dia tiver que<br />
escolher entre o mundo e o<br />
amor... Lembre-se: se escolher o<br />
mundo ficará sem o amor, mas<br />
se escolher o amor, com ele<br />
conquistará o mundo”.<br />
A cultura<br />
presente no<br />
nosso<br />
cotidiano<br />
Adrielly Santos Silva - 2º lugar<br />
Aluna do 1º ano IFMS/Ddos<br />
Há alguns dias estava<br />
caminhando na praça principal<br />
de Dourados quando reparei<br />
um grupo de vendedores de<br />
artigos artesanais fazendo<br />
propaganda de suas mercadorias;<br />
eles vendiam pulseiras e<br />
colares feitos à mão e algumas<br />
carteiras.<br />
Os vendedores vestiam roupas<br />
simples: um deles estava com<br />
- 36 -<br />
shorts, sem camisa e o cabelo<br />
rastafári; uma mulher estava<br />
com um longo vestido marrom<br />
e cabelos trançados.<br />
Estive algum tempo<br />
olhando os objetos de venda e<br />
reparei certo sotaque daqueles<br />
comerciantes. Eles aparentavam<br />
serem seguidores da religião<br />
jamaicana e fãs de Bob<br />
Marley, já que o cabelo rastafári<br />
e o cigarro lembra muito o<br />
cantor.<br />
Ao continuar minha<br />
caminhada, vi outro grupo de<br />
vendedores, só que desta vez<br />
eram indígenas; vendiam<br />
CD’S, DVD’S, pulseiras e<br />
colares confeccionados pela<br />
tribo deles. Ao deixar o grupo<br />
fiquei pensando o quanto é<br />
importante a variedade de<br />
povos e culturas no nosso dia a<br />
dia.<br />
O Brasil foi privilegiado<br />
com a diversidade de povos que<br />
vieram para cá; pois, nós temos<br />
grande influência da cultura<br />
deles, como dos indígenas<br />
aderimos o hábito de plantar<br />
mandioca e milho; dos italianos<br />
o hábito de comer pizza,<br />
polenta e macarrão; dos portugueses,<br />
a língua portuguesa e<br />
algumas comemorações populares<br />
como festa junina, páscoa<br />
e natal e vários outros costumes.<br />
Se não tivéssemos esta<br />
diversidade de cultura, não<br />
teríamos essa mistura de povos<br />
de diferentes costumes e tradições<br />
que habitam entre nós;<br />
somos um povo rico em cultura,<br />
pois aderimos um pouco de<br />
cada uso e costumes e formamos<br />
a cultura brasileira.<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
CRÔNICAS VENCEDORAS DO 1º CONCURSO FESTACE<br />
Um<br />
Passado<br />
Interessante<br />
Afonso Barbosa de Souza<br />
3º lugar<br />
Aluno do 1º ano IFMS/Ddos<br />
Bose Yacu, matriarca da<br />
tribo dos Pacahuanas, na<br />
Amazônia peruana, morreu e<br />
levou consigo tradições, costumes,<br />
uma língua hoje já não<br />
mais falada, entre tantas outras<br />
coisas. Atualmente sua tribo já é<br />
considerada extinta e é aí então<br />
que vemos o quão frágil é a<br />
cultura e como pode simplesmente<br />
em segundos deixar de<br />
existir.<br />
Olhando para os dias<br />
atuais, se torna fácil notar a<br />
ameaça que rodeia a diversidade<br />
cultural. Temos vários exemplos<br />
como a morte de índios, porém,<br />
para melhor entendimento o<br />
melhor exemplo são nossos<br />
avós. A juventude está tão<br />
obcecada em aprender novas<br />
tecnologias e entrar ainda mais<br />
no mundo moderno que está se<br />
esquecendo de ouvir histórias<br />
de épocas passadas, de fatos que<br />
já aconteceram como a tentativa<br />
de extinção dos judeus durante<br />
a Segunda Guerra Mundial e<br />
poder ouvir da boca de um<br />
sobrevivente seus costumes, suas<br />
tradições antes de tudo aquilo<br />
acontecer.<br />
Temos uma antiga geração<br />
disposta a diante suas<br />
crenças, sua própria cultura em<br />
si e que somada com a de várias<br />
pessoas diferentes, gera uma<br />
diversidade cultural imensa.<br />
Todavia vivemos em uma geração<br />
preocupada apenas com si<br />
mesma e é por conta disso que<br />
várias culturas se perdem, assim<br />
como aconteceu com Bose Yacu<br />
e todas as pessoas que vieram<br />
depois dela. Nos dias atuais sua<br />
tribo colhe os frutos de sua<br />
ignorância com o saber do<br />
passado.<br />
Ignorância<br />
ou<br />
Intolerância?<br />
Jean Pereira Ribeiro - 4º lugar<br />
Aluno do 1º ano IFMS/Ddos<br />
Há algum tempo atrás, eu<br />
estava sentado em frente da<br />
minha casa, tomava tereré e<br />
ouvia RAP. Enquanto eu tomava<br />
tereré, uma senhora se aproximou<br />
de mim e perguntou se o<br />
ônibus já havia passado, pois ao<br />
lado da minha casa ficava o<br />
ponto de ônibus.<br />
Respondi que o ônibus<br />
havia acabado de passar. A<br />
senhora olhou para mim e então<br />
proferiu a frase, “Não escute esse<br />
tipo de música, isso é música de<br />
bandido”. Ao ouvir essa frase,<br />
fitei a senhora e respondi que o<br />
RAP fez eu ser o que eu era. Em<br />
seguida entrei para dentro da<br />
minha casa e comecei a refletir.<br />
Aquela senhora era<br />
hipócrita, não aceitava novas<br />
culturas e ainda praticava o<br />
preconceito com um estilo<br />
musical. As pessoas do nosso<br />
século são robôs, movidas pelo<br />
- 37 -<br />
papel verde que move o mundo.<br />
A senhora disse que o RAP era<br />
música de bandido, Adolf Hitler<br />
não ouvia RAP e matou milhões<br />
de pessoas. Por outro lado,<br />
Sabotage, um grande rapper<br />
brasileiro, falecido, nunca<br />
aconselhou a prática do crime.<br />
Os robôs do nosso século<br />
não aceitam novas culturas,<br />
talvez por isso o mundo anda tão<br />
mal, o homem mata em nome<br />
da religião, as crianças brincam,<br />
mas suas brincadeiras são nas<br />
redes sociais. Ainda existem<br />
hipócritas criticando sem<br />
entender. O RAP é como o sol,<br />
ilumina caminhos. A arma do<br />
rapper não é um calibre 38, uma<br />
colt, uma glock. A arma do<br />
rapper é a caneta, o papel e a<br />
poesia.<br />
Será que aquela senhora<br />
já ouviu uma poesia do poeta da<br />
periferia, Sérgio Vaz? Acho que<br />
não. A alma daquela senhora<br />
fica presa na pior de todas as<br />
prisões, fica presa no corpo da<br />
intolerância. A hipocrisia é uma<br />
doença. É como a AIDS, que<br />
mata as pessoas aos poucos. A<br />
hipocrisia é a cocaína dos ricos,<br />
destrói vidas. A intolerância é o<br />
crack, enlouquece a mente. A<br />
ignorância é a maconha, confunde<br />
a alma. O julgamento é o<br />
álcool, corrompe as pessoas. O<br />
preconceito é a heroína, traz a<br />
infelicidade. A falta de humildade<br />
é o ecstasy, traz a felicidade e<br />
parte deixando a mágoa.<br />
Quando pararmos com o<br />
preconceito e percebermos o<br />
quão é importante a diversidade<br />
cultural, conviveremos em paz, e<br />
assim entenderemos o real<br />
significado da vida.<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Parte da equipe FESTACE, em pé da esquerda para a direita: Ariana Trajano de Oliveira, Gicelma Chacarosqui,<br />
Carmem Silvia Moretzsohn Rocha, Carla Renata Capilé Silva, Thaís Costa, Roberta Ferreira de Souza, Joanne<br />
Romão de Oliveira, Carlos Marinho, Lígia Karina Meneghetti, Karina Kristiane Vicelli, Francielle Priscyla Pott,<br />
Janaína Mara Pacco Mendes, Alison Antônio de Souza, Rafael Mendonça dos Santos, Nátalli Macedo Rodrigues<br />
Falleiros. Na fileira à frente Valdomiro Lima, Isnael de Camargo Dias, Carlos Vinícius da Silva Figueiredo, Jair Brito da<br />
Costa (Jack), Evandro Luís Souza Falleiros e Bruno Torquato Silva Ferreira.<br />
Um Festival, muitas aprendizagens<br />
Lígia Karina Meneghetti<br />
Mestre em Música pela UDESC<br />
Professora de Arte no IFMS Campus Dourados<br />
@: ligia.meneghetti@ifms.edu.br<br />
Ensaios, experimentações, conversas e<br />
possivelmente algumas discussões. Este provavelmente<br />
foi o clima vivido pelas bandas que se apresentaram<br />
no FESTACE. Por que um festival de músicas<br />
autorais e não apenas interpretação? Haverá público<br />
interessado em participar e apreciar um evento dessa<br />
natureza? Estas foram dúvidas que estiveram presentes<br />
durante todo o processo de preparação e divulgação<br />
do evento.<br />
Foram dias de dedicação de todos os envolvidos,<br />
equipe organizadora, colaboradores e candidatos.<br />
Na categoria Música o júri contou com a participação<br />
de importantes nomes da área da cultura no<br />
município de Dourados: Thaís Fernandes Costa,<br />
maestrina da Orquestra da UFGD e Carlos<br />
Marinho, diretor da Secretaria de Cultura do município.<br />
O apoio deles é um demonstrativo da relevância<br />
do evento para Dourados e região.<br />
Voltando às questões que permearam a<br />
preparação e execução do evento. É provável que<br />
toda atividade que incentive a prática artística e<br />
musical possa ser considerada válida. O que um<br />
festival de músicas autorais traz de diferente? Uma<br />
gama de aprendizagens que ultrapassam o contexto<br />
musical. Além de habilidades técnicas para execução<br />
instrumental e vocal, um imenso exercício criativo<br />
em tentar combinar intenção, voz, harmonia e<br />
instrumentos. Interagir, dialogar, gerenciar conflitos,<br />
foram experiências vividas pelos estudantes com<br />
o intuito de criar algo novo e tornar pública sua<br />
produção.<br />
O FESTACE se apresenta como uma proposta<br />
de divulgação de talentos e incentivo às atividades<br />
artísticas, mas vai muito além disto. O espaço e<br />
tempo que se configuram desde a idealização até a<br />
realização do espetáculo são espaços e tempos de<br />
múltiplas aprendizagens. E sim, houve reconhecimento<br />
desse potencial tanto por parte de quem<br />
idealizou quanto de quem prestigiou o evento.<br />
Houve público interessado e vibrante com essa<br />
proposta. Houve satisfação, emoção e reconhecimento<br />
também por parte dos candidatos que viram o<br />
público vibrando com suas criações. Que as aprendizagens<br />
continuem, que venham as novas edições do<br />
FESTACE!<br />
- 38 -<br />
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O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Rapper Senkapuz<br />
Carmem e o rapper Jean Pereira Ribeiro<br />
Carlos Dir IFMS, Gicelma UFGD, Airton Pró-<br />
Reitor IFMS e Carmem criadora do FESTACE<br />
Banda 2 e 77<br />
Banda Four<br />
Banda Voice Power<br />
Banda FHJ<br />
Gabrielly Gentil<br />
Jean Pereira Ribeiro<br />
Banda Evandro e os Aloprados<br />
abertura do FESTACE<br />
Festacio, mascote do FESTACE.<br />
Criação de Evandro Falleiros<br />
- 39 -<br />
Bandas reunidas no momento da<br />
divulgação do resultado final<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Hoje<br />
não<br />
Lúcia Morais<br />
Luanda, Angola<br />
@: luciamorais89@hotmail.com<br />
E como dizer que acabou?<br />
Que o nosso amor terminou?<br />
Hoje não, hoje vou lembrar-te<br />
Da praia, do céu laranja e do gelado<br />
Talvez fiquemos colados aqui no passado.<br />
Hoje não, hoje vou mimar-te<br />
Para que fique em ti a certeza que foste feliz<br />
Pintar uma bela tatuagem, não essa dolorida<br />
cicatriz.<br />
Hoje não, hoje vou abraçar-te<br />
E procurar ficar assim o resto da vida<br />
Não há o que enganar eu sei que é batalha<br />
perdida.<br />
Hoje não, hoje vou beijar-te<br />
Para que fique em mim o sabor<br />
Porque não alimentaste esse amor?<br />
Hoje não, hoje vou amar-te<br />
Para que fique gravada a sensação<br />
Quem sabe nasce um perdão.<br />
Hoje não, hoje vou desculpar-me<br />
Para que actos de verdade<br />
Possam quem sabe salvar a amizade.<br />
Hoje não, hoje vou dizer-te<br />
Que ainda podemos dar certo<br />
Sim me escutarás se te dizer de coração aberto.<br />
Hoje não, não hoje.<br />
Sivaldo Cardoso Fontes<br />
Estância, SE<br />
@: sivaldoopoeta@hotmail.com<br />
Estância, terra do amor,<br />
Das amizades e das culturas,<br />
Dos imigrantes e dos teus filhos leais,<br />
Das tuas histórias tradicionais,<br />
Dos teus heróis, a coragem e bravura.<br />
És símbolo do amor,<br />
Das tradições e dos sonhos,<br />
Passados, melancólicos,<br />
Outros, porém risonhos,<br />
Dos que pisaram nesta terra abençoada.<br />
És o marco da nossa grande história<br />
Do teu passado coberto de glória,<br />
De grande valor na nossa Pátria Amada.<br />
Pátria dos guerreiros valentes!<br />
Das batalhas contra povos desumanos;<br />
Lutaste contra os poderes soberanos;<br />
Com o desejo de sermos independentes.<br />
Teu nome é honrado pelos teus filhos amados,<br />
Teu braço sempre foi mais firme e forte.<br />
És o valente leão do sul de Sergipe;<br />
Tua garra e teu punho, são elos entrelaçados.<br />
És força, és energia vital<br />
Formoso pelo heroísmo dos teus bravos guerreiros,<br />
Pela bondade dos teus filhos hospitaleiros,<br />
És infinito! És grande!<br />
Estância imortal!<br />
Estância berço da cultura!<br />
Felizes com a felicidade alheia.<br />
- 40 -<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Explosão<br />
Sollozo<br />
Teresinka Pereira<br />
Toledo, Ohio-USA<br />
@: tpereira@buckeye-express.com<br />
americano*<br />
A estrela que explodiu<br />
Luminosa e ardente<br />
Foi recolhida na Terra<br />
E cada átomo foi se instalar<br />
No ser humano.<br />
Viemos do céu<br />
E somos relâmpagos metálicos<br />
Permanecendo na Terra<br />
Que aprendemos a transformar.<br />
Algum dia explodiremos<br />
Outra vez<br />
E voltaremos para o Universo<br />
De onde viemos.<br />
Água<br />
Leomária Mendes Sobrinho<br />
Salvador, BA<br />
@: lea.sobrinho@gmail.com<br />
A água é essencial<br />
Para o banho,<br />
Para o ganho.<br />
Para energia é crucial.<br />
A água é magia sem cor<br />
Ao transformar-se em formosura.<br />
Muda o volume e a mistura.<br />
Não possui cheiro ou odor.<br />
A água não deixa marca.<br />
Sua sombra depois exala.<br />
Dos precipícios à montanha escala.<br />
Nenhum espírito abarca.<br />
- 41 -<br />
Mary Acosta<br />
Argentina<br />
@: poemasdemary@hotmail.com<br />
Cuando América llora<br />
Entristecen las lenguas milenarias<br />
Ante el curso abierto de la cruel indiferencia.<br />
Las flechas del hombre<br />
Penetran en el hombro de la sana inocencia,<br />
Intentando descartar<br />
Fortalezas desposeídas de futuro.<br />
Cuando América llora<br />
Gime el aire ante múltiples culpables,<br />
Que oxidan sus credos<br />
Goteados de remordimiento.<br />
Ante los altares de Dios<br />
Ángeles y demonios se disputan delirantes<br />
Como fieras en celo, a la pródiga tierra,<br />
La piel del tiempo en la sumisión del día,<br />
Y al hombre, como último pájaro<br />
Que busca amparo en la cima de la esperanza.<br />
Voces de América se arrodillan<br />
Sobre la selva hostil y sollozante,<br />
Y la humanidad enferma fluye<br />
A través de lenguas llagadas de injusticia.<br />
Siluetas infernales deforman las batallas,<br />
Partiendo suelos con los surcos del hombre.<br />
Detrás de vengadores se oculta la muerte<br />
Por antiguas revelaciones existenciales,<br />
Depredan rostros sin credo<br />
Exiliados hacia paralelas razones.<br />
América sangra por derrotas diluidas<br />
Sobre el cáliz de los delirios.<br />
Racimos de dolores, tatúan sus suplicas<br />
Frente al destino de pañuelos blancos.<br />
El vértice de la torturante quimera<br />
Punza olvidos entre los límites,<br />
Y brazos multiplicados rodean en cruz<br />
La figura de América,<br />
Inaugurando rosarios benditos<br />
En ofrenda por una aspirada libertad.<br />
* Primer premio “Jorge Luis Borges” (George Zanun <strong>Ed</strong>itores<br />
2007) Del Libro La Republica de los Tristes.<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
La Chispa<br />
Te disse?<br />
Mariano Errecar<br />
Garupá - Provincia de Misiones, Argentina<br />
@: marianorkr@gmail.com<br />
Chispa mágica, te espero,<br />
Como el pehuen desvelado<br />
Espera nocturno, helado,<br />
Al rayo del sol primero.<br />
Ansío, anhelo y quiero,<br />
Más cerceno el cutre ruego,<br />
Que en tangencia me hagas fuego.<br />
Fuego en centellar de versos,<br />
Como corderos perversos<br />
Nutren el piño de mi ego.<br />
Así de mi mano en llamas<br />
Se esparcen por el papel<br />
Libres voces en tropel,<br />
Cual flores por las retamas.<br />
La pluma es punta de flamas,<br />
Que con impiadoso ardor<br />
Declama amor y candor.<br />
Palabras que son tizones<br />
Tizones que abren pasiones<br />
Para el joven trovador<br />
Y muy luego, sosegada,<br />
Y en la hoguera de mi mente,<br />
Por un destello silente<br />
Cesa la chispa adecuada.<br />
Como redoma blindada<br />
El cuarto, aun arrebolado<br />
Sustenta firme, extasiado,<br />
La ceniza espiritual<br />
Que se templa en el ritual<br />
Del numen ya consumado.<br />
- 42 -<br />
Cláudio Dortas Araujo<br />
Estância, SE<br />
@: claudiodortas@gmail.com<br />
E de tudo já lhe falei...!<br />
Te disse da dor lancinante<br />
Da simplicidade dum sorriso<br />
Do gostoso que é um abraço apertado<br />
Deste meu sentir<br />
Que sempre te quis... e quer!<br />
Sim, te declamei poemas e versos,<br />
Até a poesia mais linda<br />
“Eu fiz para você”! Lembro das lágrimas<br />
De emoção incontida quando a minha voz<br />
Em cada sílaba a carinhar deliciosamente<br />
Teus tímpanos sensíveis.<br />
E vi você estremecer de emoção!<br />
Inda continuo a ditar o que vai n’alma<br />
Como prenúncio de dias felizes<br />
Melancolias transformadas em alegrias<br />
Para ver teu contentamento...<br />
Para que me ouça... como Eu te Amo!<br />
Ela é Bia...<br />
Rosane Ozorio<br />
Dourados, MS<br />
@: rosanecosta_ozorio@hotmail.com<br />
Ela é Bia...<br />
Ela é pura sabedoria...<br />
Ela tem o dom da poesia...<br />
Ela é Bia...<br />
Ela é pura magia...<br />
Ela até parece fada sem fantasia...<br />
Ela contagia a todos com sua alegria...<br />
Ela é Bia...<br />
Ela encanta com seu doce olhar da Biologia...<br />
Ela é princesa é guerreira, com maestria...<br />
Ela é Bia...<br />
Ela é doce e valente,<br />
Com muita ousadia...<br />
Ela veio no mundo pra brilhar, pois...<br />
Ela é Bia...<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Ter Fé<br />
Alaíde Souza Costa<br />
Aracaju, SE<br />
@: caalaide@hotmail.com<br />
O que é ter fé?<br />
“É um salto no escuro”<br />
Por cima do muro<br />
“Nos braços de Deus”?<br />
Verdade, irmão querido<br />
Sabemos muito bem, disso.<br />
Mas, ter fé é ir mais além!<br />
Defendo que é praticar o bem<br />
Sem sequer esperar um vintém!<br />
Simplesmente porque acredito<br />
Ser filha de um Deus justo e bonito<br />
Que nos colocou nessa bela Terra<br />
Para auxiliarmos uns aos outros.<br />
Seguir, praticando sempre o bem<br />
Sem escolher, sem olhar a quem<br />
Até chegarmos ao glorioso dia<br />
De voltarmos ao céu, ô Maria!<br />
Prestarmos conta do que fizemos<br />
E do que deixamos de fazer, então<br />
Pelo nosso próximo, o nosso irmão!<br />
Amor de mãe<br />
Ylvange Tavares<br />
Aracaju, SE<br />
@: ylvange100@gmail.com<br />
Um dia ensolarado,<br />
Eu nasci do ventre<br />
Dela.<br />
Fui cuidado<br />
Por ela.<br />
Eu cresci;<br />
Fui orientado<br />
Por ela.<br />
Um dia eu parti;<br />
Vazio ficou o coração<br />
Dela.<br />
Ela ficou doente.<br />
Voltei para cuidar<br />
Dela.<br />
Seu último suspiro,<br />
Eu estava do lado<br />
Dela.<br />
- 43 -<br />
Solilóquio<br />
poético<br />
Flávia Kruck<br />
Marilândia do Sul, PR<br />
@: flaviakkruck@hotmail.com<br />
O que são poemas?<br />
Pra mim?<br />
Conjunto de rimas, versos e estrofes<br />
Com ou sem sentido?<br />
Apenas palavras soltas.<br />
Esconderijo das ilusões.<br />
O que são poemas?<br />
Refúgio dos mal-amados,<br />
Confissão dos apaixonados.<br />
O que são poemas?<br />
Rimas de amadores,<br />
Versos de dores,<br />
Estrofes de amores,<br />
Sonetos de idealizadores.<br />
O que são poemas?<br />
Pra mim, pra ele ou pra nós?<br />
Poemas são textos,<br />
Poemas são pretextos,<br />
Poemas são discursos,<br />
Poemas são esdrúxulos,<br />
Poemas são a tradução do que é o amor,<br />
E de todo o caminho que o transforma em dor.<br />
Painel redondo (Inspiração)<br />
Diâmetro: 80 cm - Técnica: Mista<br />
Ano: 2011 - Artista: Jani Brasil<br />
Contato: janibrasil7@gmail.com<br />
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Conto<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
https://afremov.com<br />
City clown - Palette Knife Oil Painting On Canvas<br />
By Leonid Afremov - Size 24”x30”<br />
O palhaço<br />
Isloany Machado<br />
Campo Grande, MS<br />
@: isloanymachado@gmail.com<br />
Olhava o palhaço e estava<br />
convicto de que havia algo de<br />
errado ali. Seus pais sentaram-se<br />
com ele na primeira fileira do<br />
circo, de modo que pode olhar<br />
cada detalhe. Era a primeira vez<br />
que via um palhaço tão de perto,<br />
na verdade aquela figura sempre<br />
lhe causara uma espécie de medo<br />
inexplicado, daqueles que chamam<br />
fobia. Ninguém entendia<br />
como uma criança podia ter um<br />
medo assim de um palhaço, uma<br />
figura que só quer fazer rir. Sentiase<br />
idiota por ter tanto medo.<br />
Evitava qualquer contato.<br />
Quando o carro de som passava<br />
anunciando a chegada do circo,<br />
escondia-se embaixo da cama<br />
durante horas. Seus pais insistiam<br />
em levá-lo, pois acreditavam que<br />
um homem precisa enfrentar seus<br />
medos desde sempre. Encolhia-se<br />
entre as pernas da mãe e virava o<br />
rosto diante da aparição da figura<br />
tragicômica, sentia o peito pular<br />
sob a camisa xadrez preferida dele.<br />
Já um pouco maior, pode sentar-se<br />
na primeira fila e olhar mais<br />
demoradamente para ele. O que<br />
sentia era algo da ordem de um<br />
vazio, uma coisa que suas palavras<br />
não conseguiam alcançar. Há<br />
pouco deixara de ser criança e<br />
ainda carregava uma dificuldade<br />
grande de pensar seus sentimentos.<br />
Muitas pessoas carregam essa<br />
dificuldade sempre. Mas por ter-se<br />
mantido firme na primeira fileira,<br />
ganhou elogios de seus familiares,<br />
que diziam ser ele um moço já.<br />
Não era mais um medo paralisante,<br />
era algo diferente, quase dó em<br />
alguns momentos. Ah, que coisa<br />
difícil de definir, achou melhor<br />
deixar pra lá. Devia ser coisa da<br />
sua cabeça. No meio do espetáculo<br />
o palhaço aproximou-se dele e<br />
ofereceu-lhe uma flor de plástico.<br />
Ao final, viu seus amigos tirando<br />
fotografias com o palhaço.<br />
Recusou-se ao convite de um<br />
deles.<br />
Remexendo nas suas<br />
coisas de infância encontrou a<br />
flor de plástico, empoeirada, e<br />
imediatamente a imagem do<br />
palhaço ocupou sua memória.<br />
Nunca entendera, por exemplo,<br />
por que havia uma lágrima num<br />
rosto pálido cuja boca era marcadamente<br />
feliz. Como vira de<br />
muito perto, pode notar que o<br />
riso era desenhado, não era dele.<br />
Por que mentia? Havia um par de<br />
sobrancelhas muito arqueadas<br />
dando a impressão de olhos que a<br />
tudo viam o tempo todo. No meio<br />
da face um nariz vermelho tão<br />
grande que provavelmente o<br />
impediam de ver qualquer coisa<br />
que estivesse debaixo de si.<br />
Tampouco podia compreender o<br />
fato daquele sujeito usar roupas e<br />
sapatos muito maiores do que os<br />
seus pés, sendo que sempre<br />
tropeçava neles e caía.<br />
Remexendo nas memórias<br />
pode entender o medo inicial e o<br />
posterior vazio que sentia ao ver o<br />
palhaço. Agora que já era homem<br />
feito, podia contar com as palavras<br />
em vários momentos, não em<br />
todos, infelizmente. Entendeu<br />
que o palhaço era uma caricatura,<br />
um exagero do humano. A lágrima<br />
em paradoxo com o riso<br />
desenhado no rosto denotava que<br />
a felicidade é um estado inconstante,<br />
paradoxal, flutuante, mas<br />
que muitos precisam colocá-lo<br />
como permanência. É preciso<br />
olhar de perto para notar que um<br />
sorriso pode ser um belo disfarce,<br />
mas que a verdade nunca se diz<br />
toda, sempre há um resto não<br />
dito. Era pra denunciar isso a<br />
mascarada dele. Sobrancelhas<br />
arqueadas para alguém que vê<br />
longe e muito, talvez até mais do<br />
que gostaria. Um nariz grande<br />
para dizer que muitos homens,<br />
apesar da impressão de que tudo<br />
veem, às vezes não enxergam o que<br />
está embaixo do próprio nariz. Por<br />
fim, as roupas e sapatos grandes<br />
denunciavam que o homem<br />
sempre quer muito mais do que<br />
precisa, ou ainda, quer sempre o<br />
que não precisa. Mas é nisso que<br />
ele sempre tropeça e cai. Todo este<br />
conjunto causava riso nas crianças<br />
e nos adultos, mas não causava<br />
nele. Aquelas pessoas riam do<br />
palhaço, sem saber que riam de si<br />
mesmas. Ele não ria. Algumas<br />
outras pessoas provavelmente<br />
também não riam. Sentia algo<br />
diferente e agora sabia que era<br />
pena.<br />
Olhou novamente para a<br />
flor de plástico. Uma lágrima<br />
correu em seu rosto. Mirou o<br />
espelho que estava a dois metros<br />
de si e imediatamente deixou<br />
escapar um sorriso, pois agora não<br />
tinha mais medo. Compreendeu<br />
perfeitamente que uma lágrima e<br />
um sorriso podem coexistir, pois<br />
das incoerências se constitui o<br />
homem.<br />
- 44 -<br />
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Crônica<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
O milagre<br />
da vida<br />
Marta Amaral<br />
Arapiraca, AL<br />
@: martaamaral41@hotmail.com<br />
Um sonho de um casal era formar uma<br />
família, um filho queria ter, mas o tempo parece<br />
enlouquecer em meio às adversidades, a criança<br />
não podia nascer.<br />
De um sonho sem realização, que é transformando<br />
em aflição. É o choro da madrugada, a<br />
pergunta sem resposta o silêncio no meio da<br />
angústia. E nesse contratempo da vida, tudo parece<br />
ficar perdido, já não há mais esperança, onde está o<br />
sonho do nascer daquela criança?<br />
A vida não é injusta, nem tudo se dar por acabado,<br />
quando se crer pode esperar, o tempo tem um<br />
dono, que ensina a buscar, clamar e suportar a<br />
espera alcançada. É da promessa esquecida, renovada<br />
pelo Senhor é a oração feita em meio a dor. A<br />
criança chegou!<br />
Quando já não havia mas esperança o<br />
impossível virou possível, como um novo amanhecer<br />
que deu sentindo para o novo viver. É uma<br />
sementinha que começa a crescer, uma nova vida<br />
há de aparecer e nove meses a percorrer. Um sonho<br />
que vira realidade, a Fé que deu a certeza daquilo<br />
que não se ver, é uma nova história, do ontem, do<br />
hoje e do agora...<br />
A história que virou um conto, que deu<br />
esperança outras vidas, dela surgiu novas experiências,<br />
não o que diz a ciência, mas a Fé e a cresça é<br />
que leva a crer. Que nesse mundo a um Deus de<br />
grande poder.<br />
É o nada que vira tudo, a dúvida que vira a<br />
certeza, o não pode, que vira tudo pode. E bem<br />
longe disso tudo, aquele sonho quase morto,<br />
ressuscitou da fé e do amor, a criança se formou. E<br />
um nome ganhou, Giovanna. Assim se chama,<br />
nove anos ela ganhou, a sementinha que era morta<br />
uma vida ganhou, hoje em nosso convivo, vive<br />
cercada de amor.<br />
São os mistérios da vida das mãos do<br />
Criador.<br />
É o milagre da vida, de um sonho em realização, a<br />
Fé envolvida no meio da oração. Giovanna a<br />
menina do milagre... O milagre da vida! O impossível<br />
só torna possível mediante a Fé que sentimos.<br />
Deus tem sempre um milagre a operar na vida dos<br />
que crer!<br />
- 45 -<br />
Tentando<br />
descrever<br />
Manoel<br />
Nena Sarti<br />
Campo Grande, MS<br />
@: msarti60@gmail.com<br />
Falar de Manoel de Barros não é tarefa<br />
fácil. O conheci em um Congresso Literário em<br />
uma tarde nublada. Quando ele entrou na sala<br />
o sol apareceu lá fora e dentro do recinto. Não<br />
lembro o ano, também nem quero lembrar,<br />
porque a sua imagem continua nítida em<br />
minha mente.<br />
Descrevê-lo seria audacioso de minha<br />
parte. Ele nasceu com o sorriso estampado.<br />
Tudo nele é esplendor. Vou deixar os verbos no<br />
presente uma vez que poeta não morre, posto<br />
que é imortal.<br />
Literalmente tem perfume de flores.<br />
Quando consegui sentar ao seu lado senti o<br />
quão frágil e pequena sou diante dessa figura<br />
que Deus nos mandou para amar.<br />
Enquanto estava na ativa, nas escolas e<br />
afins levava para sala de aula seus livros, seus<br />
poemas ramificados de poesia, ou não, como<br />
ele mesmo diz. E ensinava, e lia, e escrevia e os<br />
alunos entendiam. Sim, entendiam, pois, eu<br />
esmiuçava palavra por palavra de seus versos, de<br />
suas frases, de seus pensamentos sobre a natureza.<br />
Eu o conheci, ficamos de mãos dadas, eu<br />
olhando para ele embevecida e ele sorrindo,<br />
rindo, divertindo-se com o meu amor à primeira<br />
vista, porque não os dois olhos dentro de seus<br />
olhos de um azul que até doía.<br />
Foi um instante em um Congresso<br />
Literário em uma tarde nublada que conheci a<br />
luz transcendente de luz.<br />
Saudades? Talvez. Quem o conheceu e o<br />
tocou continua com a sua presença impregnada<br />
nesse universo de versos e canções.<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Reprograme-se<br />
Lucas Oliveira<br />
Juventude sem Caô - Dourados, MS<br />
@: lukasdaschagas@hotmail.com<br />
Ter consciência de que está onde está, de<br />
saber que todo seu presente está apenas ali e não em<br />
sua imaginação distante de um presente não vivido.<br />
Mas, imaginado a auto-observação tem grande<br />
relevância com a transformação do seu ser e a<br />
concretização do seu Eu indecifrável.<br />
Acabamos por nos tornar complexos por<br />
deixarmos sermos construídos por mãos desconhecidas<br />
e se desfazer de se construir, se desfazer do<br />
autoconhecimento procurado e se deliciar com o<br />
autoconhecimento servido a mesa. Chegamos ao<br />
ponto de questionar o nosso ser e achar que estamos<br />
errados em fazê-lo. Isso deveria ser tão natural,<br />
se perguntar se é bom se é ruim, se você gosta<br />
realmente de um tipo de roupa ou se você o usa por<br />
ser apenas bonito ou confortável.<br />
Infelizmente nos ferimos todos os dias com<br />
algo que não é nosso, mas também não é algo que<br />
foi imposto, sempre temos escolhas e não escolher<br />
também é uma escolha.<br />
Quando nos desfazemos do livre arbítrio de<br />
decidir o que é bom ou não, nós estamos dando a<br />
alguém esse poder, esse poder de controlar, de<br />
organizar algo robótico, copiar e colar.<br />
Somos infinitamente completos por nossas duvidas,<br />
mas a superfície de certezas nos parece mais<br />
agradável, não se perguntar e apenas aceitar nos<br />
parece mais adequado e menos trabalhoso. Por que<br />
atualizar se nessa versão já está boa?<br />
Algumas coisas não foram criadas do nada,<br />
elas foram copiadas, eles apenas pegaram uma<br />
parte dos humanos e transferiram para um objeto<br />
com mais facilidade de usar. Nossa memória foi<br />
transferida para o celular, computador, nosso<br />
conhecimento está no google, nós conhecemos<br />
nossos recursos e capacidades, mas não os desenvolvemos<br />
para poder usar ao máximo.<br />
Não preciso me atualizar se um clique na<br />
tela do meu celular vai abrir possibilidades com<br />
mais facilidade do que o autoconhecimento. É<br />
como se desmembrasse os humanos, mas não<br />
apenas pegando a forma física e transformando em<br />
maquinas para substituir o trabalho braçal, mas<br />
também substituir o pensar, o trabalho do intelecto.<br />
Seja a máquina que evolui, não de melhorar<br />
apenas para si, mas para o próximo, que sejamos<br />
um dia uma competição de atualizações emocionas<br />
e intelectuais. Estamos em mudança todos os dias e<br />
todos os dias podemos nos reaprender e adicionar<br />
no nosso inconsciente ou consciente a infinidade<br />
de coisas que somos capazes de ser, as vidas que<br />
temos a oportunidade de viver.<br />
Então, atualize-se, pense, questione-se, abra<br />
a porta e veja o que tem atrás dela, o medo pode ser<br />
algo ruim. Mas também pode ser o que vai te<br />
motivar a alcançar seus objetivos, tudo depende da<br />
forma em que você escolheu enxergar o mundo.<br />
Rede de<br />
esgoto é um<br />
direito do<br />
CIDADÃO<br />
Itla Denise de Oliveira Amorim<br />
Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE<br />
Resido no cantinho de Sergipe, em uma<br />
cidade que até em seu nome traz alegria -Monte<br />
Alegre de Sergipe -, um município que agrega mais<br />
de 14 mil habitantes, tendo como características ser<br />
um povo hospitaleiro e acolhedor. Mas todo<br />
município tem seus pontos positivos e negativos.<br />
Desde que o município foi fundado, a<br />
população sofre com a falta de uma rede de esgoto.<br />
Esse fato gera uma grande polêmica: Por que,<br />
nenhum dos representantes que o povo escolhe, se<br />
mobiliza no sentido de realizar projetos que capitalizem<br />
recursos para que o problema venha ser<br />
resolvido, já que a falta de saneamento afeta diretamente<br />
toda a população?<br />
No dia 27 de junho de 2013, foi postado um<br />
vídeo nas redes sociais, pelos moradores deste<br />
munícipio, falando sobre, a preocupação e os riscos<br />
de contrair alguma doença através do contato com<br />
o esgoto a céu aberto e o lixo que acumula. Ainda<br />
de acordo com os que convivem nessa situação o<br />
odor é tão forte que atrapalha até mesmo nos<br />
momentos de refeições.<br />
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Ademais, os moradores da Rua Secundino<br />
Soares da Costa afirmam que sofrem com a encanação,<br />
que é feita pelos mesmos, e quando chove os<br />
canos não suportam e acabam entupindo, alagando<br />
os quintais das casas. Alguns moradores fazem<br />
fossas nas calçadas para cair direto no esgoto, que<br />
como citado acima é a céu aberto, isso não só<br />
prejudica o meio ambiente como afeta a saúde da<br />
população, principalmente das crianças, pois de<br />
acordo com uma pesquisa feita pela SVE (Secretaria<br />
de Vigilância Epidemiológica), consta que no<br />
município de Monte Alegre de Sergipe em 2015<br />
foram notificados 146 casos de doença diarreica<br />
aguda.<br />
No entanto, no dia 15 de julho do corrente<br />
ano, o Portal Mais Sertão trouxe a informação de<br />
que em algumas ruas, redes de esgotamento sanitários<br />
foram implantadas trazendo um olhar de que a<br />
situação poderá mudar. E apesar dos riscos alguns<br />
ainda defendem a atual gestão, pois, é sabido que<br />
moramos em uma cidade pacata, a qual maioria dos<br />
moradores se prendem em “defender partidos” e<br />
não pensam que esse é um direito do cidadão.<br />
Poderia até concordar, mas vale ressaltar<br />
que é ano de eleição e com isso, podemos especular,<br />
que a benfeitoria não foi com a intenção ou preocupação<br />
em melhorar o estado de vida da população,<br />
mas pensando em uma possível reeleição?<br />
A lei nº 11.445 que exige atendimento dos<br />
princípios da universalidade e da integridade dos<br />
serviços de saneamento básico, afirma que a<br />
população tem direito sobre os serviços. Antes que<br />
falem que “a lei não é cumprida”, irei mostrar que<br />
tendo alguém para intermediar o problema ou uma<br />
fiscalização severa é cumprida sim!<br />
A prova é a cidade de Lucélia (SP), no qual, o<br />
Ministério Público Estadual (MPE), através da<br />
Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e do<br />
Urbanismo, ingressou com uma ação civil pública<br />
ambiental contra a Companhia de Saneamento<br />
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a prefeitura<br />
de Lucélia por falta de saneamento básico aos<br />
moradores. Conforme o site do G1, o documento<br />
pede que seja feita a universalização de uma ligação<br />
da rede de esgoto, e em caso de descumprimento,<br />
poderá haver multa diária de R$ 1 milhão.<br />
Em síntese, a falta de uma rede de esgoto na<br />
qual envolve infraestrutura e saneamento básico,<br />
tem afetado os residentes desse município supracitado.<br />
E apesar da iniciativa de sanear algumas ruas,<br />
pelas circunstâncias da proximidade do pleito<br />
eleitoral sou contra, principalmente, porque<br />
estamos falando de um direito do cidadão e que<br />
deveria ser prioridade no início de cada gestão,<br />
aliás, esta concepção é válida também para os<br />
gestores que antecederam a atual gestão, sem<br />
contar, que é uma questão que compromete a saúde<br />
e a qualidade de vida da população Montealegrense.<br />
Ganhos na<br />
chuva para<br />
perder na<br />
SECA!<br />
Aécio Silva Júnior<br />
Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE<br />
Resido na fazenda Saco da Serra, situada no<br />
município de Porto da Folha, SE. Aqui, já há alguns<br />
anos, o rebanho caprino vem sofrendo uma drástica<br />
redução em seu número de cabeças e propriedades<br />
onde esses animais sejam a criação principal.<br />
Há quase uma década atrás, na maioria das<br />
fazendas e sítios dessa região, as cabras eram criadas<br />
em grandes quantidades e proporcionavam as<br />
famílias (principalmente os agricultores familiares)<br />
a carne, o leite e seus derivados, além de ajudar no<br />
complemento da renda, contribuindo na feira<br />
semanal de centenas de lares que vendiam os<br />
cabritos e o leite das mesmas.<br />
Também é sabido, que fora essa ajuda toda,<br />
as cabras são em sua maioria, muito bem adaptadas<br />
ao clima semiárido do Sertão Nordestino, e sobrevivem<br />
bem com que esta terra tem a lhes oferecer de<br />
alimento.<br />
Contudo, falando especificamente de<br />
minha região (o Alto Sertão Sergipano), os pequenos<br />
e médios criadores de cabras passaram a introduzir<br />
aos poucos o rebanho bovino em suas terras,<br />
desbastando, assim, as cabrinhas que eram e ainda<br />
são vendidas aos montes para ajudar na compra de<br />
vacas.<br />
Alguém pode até perguntar: mas que mal<br />
tem em deixar de criar cabras e passar a criar vacas?<br />
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Por isso eu vos digo, com o passar dos anos, as secas<br />
que neste chão de Porto da Folha (e outras regiões<br />
do semiárido) sempre fizeram parte da rotina, estão<br />
se intensificando e durando mais a cada ano. Com<br />
isso, a produção de ração cai, o preço sobe, o pasto<br />
para o gado diminui ou até mesmo acaba e os<br />
pecuaristas têm que comprar alimentos e água para<br />
seu rebanho.<br />
Dessa forma, o custo para criar esses animais<br />
fica muito alto, chegando a acabar com o lucro, isso<br />
quando não se perde todo o investimento perante a<br />
morte de um ou vários animais da boiada. O gado<br />
bovino em sua grande parte não é adaptado ao<br />
nosso clima, porém, os agropecuaristas daqui<br />
insistem nessa criação.<br />
Diante desses fatos, resolvi entrevistar dez<br />
criadores vizinhos de minha residência (a fazenda)<br />
que criavam cabras e passaram a criar vacas. Destes,<br />
oito afirmaram ter mudado o tipo de criação pelo<br />
fato da cabra ser muito arisca e proporcionar<br />
maiores gastos e cuidados com o cercado, se comparado<br />
à vaca. Dois dos entrevistados disseram ter<br />
feito à troca, pois visavam maiores lucros que<br />
viriam num menor tempo.<br />
O que me intriga, é saber que todos têm a<br />
noção que por mais lucros que a vaca dê no período<br />
de chuvas, este será gasto na seca com ração e água<br />
para as mesmas, enquanto a cabra, exige pouca ou<br />
nenhuma ração em ambos os períodos, graças a sua<br />
adaptabilidade.<br />
Agora, diante dos fatos apresentados acima<br />
lhe pergunto, será que vale a pena ter lucros com as<br />
vacas na época das chuvas para depois gastar na<br />
seca? Com certeza não! Com essa atitude, os sertanejos<br />
enfraquecem sua economia, e tornam-se<br />
dependentes dos grandes comerciantes que fazem<br />
“gato e sapato” do pequeno criador.<br />
Desmatar:<br />
é preciso?<br />
Luciene de Oliveira<br />
Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE<br />
O desmatamento é um problema recorrente em<br />
nosso país, com danos incalculáveis. Tal prática surgiu<br />
com o “descobrimento do novo mundo, ‘pelos portugueses’”<br />
por volta do século XV. Desde então, as matas<br />
brasileiras sofrem com a derrubada de árvores para o<br />
abastecimento de grandes indústrias. Quando se fala<br />
em biomas desmatados vem à mente de todos, as<br />
exuberantes florestas amazônicas, mata atlântica,<br />
cerrado que somam 86,3% do território brasileiro. É<br />
verdade, essas áreas sofrem constantemente com os<br />
efeitos da degradação de suas matas, no entanto, temos<br />
outro bioma com valor também inestimável que está<br />
desaparecendo rapidamente, causando transtornos<br />
para os moradores da região e em longo prazo para as<br />
demais.<br />
Estou me referindo à Caatinga (10% do território<br />
nacional), apesar de ser esquecida por muitos e<br />
insignificante para outros ela é o único bioma exclusivamente<br />
brasileiro e de suma importância para a manutenção<br />
do equilíbrio ecológico. Assim, vemos que é<br />
essencial a sua preservação, mas, na realidade ela vem<br />
sofrendo severamente com a derrubada de suas árvores.<br />
Segundo o IBAMA, cerca de 260 mil caminhões<br />
com lenha advinda da caatinga são transportados<br />
para atender a demanda energética apenas do<br />
estado de Pernambuco. Estima-se que 30% da energia<br />
usada pelas indústrias da região venham de lenha da<br />
caatinga.<br />
Aqui em Monte Alegre de Sergipe, a situação<br />
não é diferente. A madeira da mata branca é posta<br />
abaixo e alimenta os fornos de padarias, caieiras, fogões<br />
à lenha (nas pequenas residências), além de abastecer as<br />
madeireiras e serrarias. Algumas das atividades citadas<br />
ocorrem de forma ilegal perante a lei, uma vez que no<br />
artigo 46 da lei n° 9.605/1998, receber ou adquirir<br />
madeira, lenha, carvão etc., sem a exibição de licença do<br />
vendedor, configura crime ambiental.<br />
Mas, aqui na região não há fiscalização, então,<br />
os moradores promovem as queimadas, tanto para<br />
limpar o terreno, pois, segundo eles é necessário para a<br />
agricultura, tendo em vista que o milho plantado na<br />
terra queimada cresce mais forte, como também para<br />
aumentar a renda (por meio da venda de carvão) que é<br />
muito baixa. E assim, o ciclo da poluição/desmatamento<br />
é repassado ao longo das gerações.<br />
Contudo, pesquisas revelam que a prática<br />
citada mais acima, causa perdas consideráveis na<br />
biodiversidade, com o desaparecimento de plantas e<br />
animais (Araújo Filho e Barbosa, 2000) e declínio de<br />
sua produtividade (Menezes et al. 2005). É necessário<br />
deixar o solo descansar, recuperando-se assim dos<br />
danos. Entretanto, as práticas do passado ainda continuam<br />
em voga. Vemos o uso intensivo da terra, o que<br />
encurta o tempo de repouso, deixando o solo pobre em<br />
nutrientes, prejudicando as próximas plantações,<br />
gerando transtornos para a caatinga (que está com suas<br />
espécies em extinção) e para a população, pois, com<br />
terras inférteis a produção de alimentos diminui, por<br />
conseguinte os preços aumentam. O que resta é um<br />
simples questionamento: é mesmo necessário?<br />
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Por onde<br />
andam as<br />
histórias?<br />
José Thiago Dantas Costa<br />
Estudante da 3ª série do Ensino Médio<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE<br />
Quem nunca se sentou ao redor de uma<br />
fogueira e se pôs a ouvir ou a contar uma história?<br />
Foi esse o questionamento feito por mim a 10<br />
entrevistados, sendo cinco com idades inferiores a<br />
18 anos, e cinco outros com idade superior a 40<br />
anos.<br />
Os cincos jovens afirmaram não ter o hábito<br />
de realizar programas desse tipo, enquanto com<br />
faixa etária superior a 40, afirmaram que já tiveram<br />
tal hábito, mas que não o exercem atualmente.<br />
A história oral, não somente é importante<br />
para promover a intenção social, como também é<br />
responsável por conservar e propagar narrativas ao<br />
longo do tempo, como explica e complementa<br />
Antônio Roberto Xavier em um dos seus artigos: "A<br />
história oral é considerada como fonte identitária<br />
de um povo, capaz de retratar as realidades, as<br />
vivências e os modos de vida de uma comunidade e<br />
suas mais variadas sociabilidades".<br />
Antigamente, as pessoas daqui do sertão de<br />
Monte Alegre de Sergipe, SE, sentavam-se sempre<br />
em pequenos grupos, a fim de compartilharem<br />
feitos dos seus antepassados. Estes contos ganhavam<br />
vida respirando pela oralidade, cuja função era<br />
perpetuar as histórias. A pesquisa inicialmente<br />
comentada deixa explícito o desaparecimento das<br />
histórias no cotidiano sertanejo.<br />
Observa-se que no correr do relógio, os<br />
costumes e as histórias vanescem não tanto por<br />
serem ignoradas, mas sim pelo feito de terem sido<br />
substituídas por outros meios de entretenimento.<br />
Atualmente, ver-se uma interrupção no<br />
processo de repasse de narrativas, uma vez que não<br />
há uma preocupação por parte dos profissionais da<br />
história da região, em absorver e imprimir essas<br />
histórias. Pensava-se, também, que na medida em<br />
que o sertão se desenvolvesse, no sentido educacional,<br />
as histórias orais iriam adotar a matriz escrita.<br />
A contrariedade é que no contexto do<br />
advento da alfabetização e da cultura literária, a<br />
globalização se fez presente e impediu a existência<br />
de um grande e exótico acervo literário regional. O<br />
entretenimento gerado por filmes, novelas, reality<br />
shows entre outros, apagaram aquela velha fogueira<br />
e baniram todas aquelas histórias para o reino do<br />
esquecimento.<br />
Outro agravante dar-se pelo fato de que,<br />
aqueles repartidores de folclore estão parecendo-se,<br />
com estes, estão indo surpreendentes fatos fictícios<br />
e reais que poderiam estar fornecendo cultura<br />
literária identitária do sertão para seus conterrâneos.<br />
A mudança de hábitos, o desaparecimento de<br />
valores e tradições figuram como questões “bobas”,<br />
no entanto, é aparato de estudos em história,<br />
Antropologia, Sociologia e Filosofia.<br />
Certamente, daqui a alguns anos, todos se<br />
lembrarão da figura de Chico Bento, estarão<br />
prontos a assistirem o mesmo. O revés é que dificilmente<br />
alguém irá ver, em algum sertão desse Brasil<br />
um “Tabaréu” e menos ainda ouvirão uma outra<br />
história. Então descobriremos que a padronização<br />
ultrapassou e encobriu nossa identidade cultural.<br />
SINOPSE - Pauperremia<br />
A obra de Gerson Lourenço traz um instigante Manifesto denominado<br />
Cauilinismo e finaliza com um enigmático poema concreto<br />
que presentificam a vida e a poesia em tempo de uma democracia<br />
fragilizada. Entre a vida e a poesia, o poeta diante do caos, propõe<br />
uma operação cirúrgica à aclamada democracia em estado de<br />
choque e mantidas por MPs antidemocráticas. Frente a isso, poeta<br />
brada: há de se libertar e de se igualar a todos por meio de uma<br />
educação capaz de ser rio corrente e não asas acorrentadas.<br />
Autor: Gerson Lourenço Contato: poetasinocentes@hotmail.com<br />
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O livro<br />
Aurineide Alencar<br />
Dourados, MS<br />
@: aurineidealencar@hotmail.com<br />
É no livro que se aprende<br />
O saber do dia a dia!<br />
Porém é durante a vida,<br />
Que se adquire sabedoria!<br />
Pois a página do amor<br />
Está no livro da flor<br />
Que cada um cultivar!<br />
Quem planta felicidade,<br />
Isto é a pura verdade,<br />
Sua colheita brilhará!<br />
Os bons livros são tão raros<br />
Que sãos como os amigos!<br />
Quem quiser pense outra coisa,<br />
Ou então pense comigo!<br />
Veja hoje o que acontece<br />
A gente quase enlouquece,<br />
Com as tais redes socais!<br />
São mais de dois mil “contato”,<br />
Consume o tempo de fato,<br />
Com isso ninguém lê mais!<br />
Ter citações gravadas<br />
Dentro de sua memória!<br />
É fonte de inspiração,<br />
Isso já provou a história!<br />
Para que isso aconteça,<br />
Pra refrescar a cabeça<br />
Você só precisa ler.<br />
Pense só em um estilo<br />
E no livro que traz aquilo<br />
Do que você entender!<br />
Aquele que tem um livro<br />
Jamais sente solidão.<br />
Ele faz com que você<br />
Solte a imaginação.<br />
O livro é um veleiro<br />
E te leva ao mundo inteiro.<br />
Dia e noite sem parar,<br />
É a fonte inesgotável,<br />
A vontade insaciável.<br />
Que te leva a viajar.<br />
A dança<br />
se foi<br />
Pérola Bensabath<br />
Salvador, BA<br />
De repente lembrei-me d’eu dançarina.<br />
Esvoaçante na leveza do meu corpo juvenil.<br />
A mágica da minha dança não mais<br />
permanece na harmoniosa melodia e nem na<br />
contradança do presente.<br />
O coração me pergunta: onde está a<br />
menina que dançava sutil, volteante, tal boneca<br />
da caixinha de música? Aquela garotinha que<br />
bailava com a alma... ao personagem se entregava,<br />
vibrava na música e no diapasão da maestria?<br />
La petite femme com a dança correndo tal<br />
sangue nas veias em pulsante paixão de rodopios<br />
incontidos.<br />
Ela se foi.<br />
A maternidade levou a minha dança.<br />
Agora... o tempo inclemente cobra os reflexos<br />
da purpurina, da adrenalina. Não mais dança a<br />
bailarina. O saiote se mistura às sapatilhas,<br />
envoltos em véus e guardados no fundo do baú.<br />
Os acordes da música clássica ressoam docemente<br />
como ecos do passado. O meu voltear<br />
agora se resume aos palcos da vida, pois em<br />
versos e reversos, o show tem que continuar.<br />
Canção<br />
para a dor<br />
Dinovaldo Gilioli<br />
Florianópolis, SC<br />
@: dinogilioli@yahoo.com.br<br />
em notas musicais<br />
la<br />
si<br />
vão<br />
meus ais<br />
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A grande<br />
estação<br />
Davi Roballo<br />
Dourados, MS<br />
@: daviroballo@gmail.com<br />
Certa vez um garoto encontrava-se inconsolável<br />
por ter perdido sua avó materna, não entendia<br />
o porquê de sua avó ter partido, como toda criança<br />
ele possuía uma vaga noção sobre o morrer, noção<br />
baseada na morte de animais de estimação. O<br />
garoto não contendo sua inquietação e com toda<br />
inocência de uma criança de sete anos de idade<br />
perguntou a seu pai: o que é morrer? O que é a<br />
morte? Como estavam no carro da família esperando<br />
escoar um imenso comboio de vagões, o pai do<br />
garoto respondeu: “morrer é deixar de viver aqui<br />
para viver em outro mundo e a morte é um trem de<br />
passageiros que recolhe a alma das pessoas em uma<br />
cidade e as leva para um bom lugar, no qual descansam<br />
e curam seus males enquanto esperam os<br />
parentes que ficam, pois todos nós também morreremos,<br />
mas a morte é imprevisível e insensível, não<br />
avisa quem vai levar e muito menos se preocupa se o<br />
passageiro viveu pouco ou muito tempo.” Ao<br />
imaginar um trem cheio de almas indo para um<br />
bom lugar o garoto aceitou com tranquilidade a<br />
morte de sua avó.<br />
Sem entender muito a morte, esse fenômeno<br />
natural rodeado de tabus, evitamos pensar que<br />
temos no futuro uma data reservada aos atos<br />
fúnebres de nosso próprio corpo. Ao refletir sobre<br />
a finitude - talvez como forma de aliviar o terror que<br />
representa para nós o próprio fim -, imagino que ao<br />
nascermos entramos em uma grande estação e nela<br />
aguardamos com resignação o expresso que sinaliza<br />
que nossa hora chegou. Nessa estação como não<br />
possuímos bilhetes não nos é possível saber a hora,<br />
dia, mês e ano do embarque. Nossa partida pode<br />
ocorrer a qualquer momento, fato que torna nossa<br />
vida uma incógnita, algo totalmente imprevisível.<br />
Mesmo que nos doa e não admitamos em um<br />
primeiro momento, viver é antes de tudo uma<br />
espera silenciosa pela morte.<br />
Durante essa espera que hora estamos<br />
mergulhados vamos esbarrando em contradições<br />
como a de afirmar que estamos vivendo, quando na<br />
verdade estamos morrendo e essa morte se inicia no<br />
nascimento, pois nesse importante instante da<br />
existência a ampulheta inicia seu processo de<br />
contagem regressiva. Talvez nosso choro ao respirarmos<br />
pela primeira vez denote toda a incerteza<br />
em relação ao próprio fim, indefinição que o ser<br />
humano carrega por toda vida.<br />
Entre 365 dias de um ano, o que marca<br />
nosso nascimento é tido como especial, pois<br />
comemoramos nosso aniversário, no entanto, se<br />
refletirmos sobre isso perceberemos que comemoramos<br />
na verdade o encurtamento do tempo de<br />
espera pelo dia derradeiro, não fosse isso não<br />
assopraríamos velas para apagá-las, ou seja, a<br />
mensagem inconsciente de que apreciamos e<br />
desejamos o apagar das luzes da própria existência.<br />
Particularmente acredito que viver é antes<br />
de tudo resignar-se por ignorar a data da própria<br />
partida. Embora vivamos em uma espera inconsciente<br />
pelo próprio fim, temos medo da morte, pois<br />
geramos em nós apreensão e angústia ante a tudo<br />
aquilo que desconhecemos, isto é, paira sobre nós<br />
uma determinada insegurança quanto a nossa<br />
própria vida. Acredito que no fundo não tememos<br />
a morte, mas assusta-nos as inúmeras formas em<br />
que a vida chega ao fim, entre elas o sofrimento.<br />
Ninguém quer sofrer em seus últimos dias, todos<br />
desejamos um desenlace tranquilo e sem traumas,<br />
mas somos impotentes, pois isso não depende<br />
apenas de nosso desejo.<br />
A vida pode ser compreendida como uma<br />
grande estação, na qual prontos para partir e<br />
alheios ao ano, dia e hora de embarque, perambulamos,<br />
trabalhamos, casamos e temos filhos como<br />
forma de passar o tempo, simplesmente por ignorarmos<br />
a data de nossa partida. Para a maioria de<br />
nós, o tempo de espera se faz tão longo, que nos<br />
afeiçoamos a esta grande estação, julgando-nos<br />
donos da mesma e a ignorar que ela pode ser apenas<br />
um ponto de transição entre outras tantas.<br />
Se nos fosse dado a dádiva de saber de<br />
nossos dias e do próprio fim, talvez viveríamos mais<br />
intensamente do que vivemos atualmente, pois a<br />
data de partida seria uma certeza pontual e não<br />
uma incógnita, se isso fosse possível, com certeza<br />
seria excluída dos dicionários a palavra adiar. Se<br />
pudéssemos ter conhecimento da data de nossa<br />
finitude, talvez pudéssemos viver em paz e harmonia<br />
uns com os outros, sem ganância, sem guerras e<br />
com mais humanidade, pois perceberíamos claramente<br />
que as coisas materiais são tão fúteis, que<br />
não conseguem embarcar conosco no expresso da<br />
morte.<br />
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Poesia<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Entre fosas y<br />
día de Muertos<br />
Reyna Valenzuela Contreras<br />
Durango, México<br />
@: dr_reyna@hotmail.com<br />
Bien sabido por el pueblo mexicano, es<br />
noviembre, mes en el que recordamos a los parientes<br />
que ya partieron a otra dimensión, afortunados<br />
aquellos que siguieron los lineamientos de la santa<br />
iglesia y se encuentren disfrutando de los placeres<br />
eternos, los menos afortunados, esos seguro estarán<br />
retorciéndose en las llamas del infierno, bueno, eso lo<br />
escuchábamos de las abuelas refiriéndose a algún<br />
difuntito mal portado, es mes de hablar de los que ya<br />
colgaron los tenis, a los que se les acabó el veinte, ó los<br />
que en definitiva, ya andaban en tiempos extra, que<br />
diciembre y enero, mes de desviejadero, y ni hablar de<br />
todos a los que han mandado con las patas por<br />
delante, ahora sí que por pura mala voluntad.<br />
La tradición nos viene desde tiempos ancestrales<br />
en donde las etnias Mexica, Maya, Purépecha y<br />
Totonaca ya celebraban rituales a los ancestros<br />
difuntos, fiestas presididas por la diosa<br />
Mictecacihuatl “Dama de la muerte” actualmente la<br />
conocemos como “La Catrina” esposa de<br />
Mictlantecuhtli, “Señor de la tierra de los muertos”<br />
originalmente estas fiestas se celebraban en el octavo<br />
mes del calendario solar mexica, cerca del inicio de<br />
agosto, pero con la llegada de los evangelizadores<br />
cristianos en tiempo de la colonia estos aceptan parte<br />
de las tradiciones de los antiguos pueblos mesoamericanos<br />
, para poder imponer el cristianismo entre los<br />
pueblos.<br />
Nuestros ancestros concebían el paso de la<br />
vida a la muerte como un momento emblemático,<br />
que causaba admiración, temor, incertidumbre, es así<br />
que en estas fechas seguimos en el intento de venerarla,<br />
espantarla o hasta burlarnos de ella. Nacen así en<br />
el siglo XIX versos en forma de epitafios burlescos<br />
donde podemo expresar ideas o sentimientos que en<br />
otras ocasiones sería mejor no decir. Son entonces las<br />
calaveras un recurso literario para expresar el descontento<br />
del pueblo con los políticos de la época, cuando<br />
el descontento no es mucho, podríamos versar textos<br />
como el que sigue:<br />
Que si le dio la rubeola<br />
Disque fue por sarampión<br />
Que por culpa de las chelas<br />
Fue a parar hasta el panteón.<br />
Que fue por andar de cuzco<br />
Que al fin ella se entero<br />
Culpa de malos amores<br />
La muerte se lo llevó.<br />
Que es joven y bien portado<br />
Que mal ninguno ha de hacer<br />
Que nomas debe cuidarse<br />
Y en tentación no caer.<br />
Que la muchacha es bonita<br />
Que el muchacho es lo que es<br />
Que los dos han de cuidarse<br />
Pa’ no salir… con ser tres.<br />
Calaveritas que entre letras nos ayuden a<br />
hacer mofa de situaciones triviales, aunque seria<br />
valido también, hacer huso de la calavera como<br />
herramienta literaria, esa que nos permite la protesta.<br />
Siendo así, bien podríamos hacer espacio para hablar<br />
de problemas actuales, podría entonces abrirse un<br />
espacio para la calavera siguiente;<br />
Que de problemas señores,<br />
Es mejor de eso ni hablar<br />
Que si fue la gasolina<br />
O impuestos mil que pagar<br />
Que en mi México señores<br />
Ya no hay con que festejar.<br />
No nos alcanzan los dedos<br />
Para el sol poder tapar<br />
Ya mi México no tiene<br />
Mas sangre pa’ derramar.<br />
Que día de muertos festejo<br />
Si los jóvenes no están<br />
Hasta ahorita no regresan<br />
Al calor de aquel su hogar.<br />
Que día me muertos festeja<br />
Un país que años atrás<br />
Podía reír de la muerte<br />
Ésa hoy no nos deja en paz.<br />
Hay fosas por todos lados<br />
No los fuimos a enterrar<br />
No hubo panteón para ellos<br />
Ni quien los fuera a llorar<br />
Que día de muertos festeja<br />
Un país que años atrás<br />
Podía reír de la muerte<br />
Hoy… solo quiere llorar.<br />
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Mural<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
Prezado Artista da Literatura:<br />
Obra cooperativada: quando esquecemos o “eu” e<br />
trabalhamos o “nós”.<br />
Com alegria, estamos iniciando a captação<br />
de textos para o 6º volume das COLETÂNEAS<br />
ELOS LITERÁRIOS, com a coordenação da<br />
Promotora Cultural Pérola Bensabath e edição da<br />
<strong>Ed</strong>itora Alternativa.<br />
Neste volume 6, o prefácio estará a cargo do<br />
escritor David de Oliveira Leite e estaremos homenageando<br />
o escritor Darcy Pinheiro da Silva.<br />
Tema: serão aceitos temas inéditos ou não,<br />
em prosa e verso.<br />
Remessa de textos - os textos deverão ser<br />
remetidos para o endereço eletrônico: perolabensabath@hotmail.com,<br />
contendo título do texto,<br />
nome ou pseudônimo, endereço completo, e-mails<br />
e telefones, foto, além de uma minibiografia do<br />
autor.<br />
Contato: 71 - 33413719<br />
Prazo final para remessa dos textos: 20 de<br />
novembro de 2016.<br />
Valor - preço por página: à vista: R$ 90,00 (com dois<br />
exemplares) ou 03 parcelas de R$30,00.<br />
Formas de pagamento: boleto ou depósito bancário<br />
ou até em 18 vezes no cartão de crédito, com os<br />
juros da operadora.<br />
Exemplares extras poderão ser repassados por R$<br />
15,00 a unidade, desde que previamente reservados.<br />
Lançamento da Coletânea – 06 de maio de 2017,<br />
sábado, em Salvador e posteriormente na Feira do<br />
Livro de Porto Alegre.<br />
Pretendemos que a edição do volume 6 das<br />
COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS possa<br />
apresentar, ao leitor, visões de mundo diversificadas<br />
dos autores e contar com a sua efetiva participação.<br />
Finalistas do XXV Concurso Nacional<br />
de Poesias Augusto dos Anjos<br />
Após o cumprimento do que determina o<br />
artigo 6 do <strong>Ed</strong>ital do 25º Concurso Nacional de<br />
Poesias Augusto dos Anjos, informamos os títulos<br />
das poesias classificadas para a final que será<br />
realizada no dia 11 de novembro de 2016, às 19:30<br />
horas, no Museu Espaço dos Anjos, à Rua Barão de<br />
Cotegipe nr. 386, em Leopoldina, MG.<br />
Foram escolhidas as seguintes poesias, em<br />
ordem alfabética:<br />
- A culpa é minha (Pseudônimo: Balburgo)<br />
- A Queda da Folha (Pseudônimo: Kearney)<br />
- Augusto Cadáver (Pseudônimo: Amor Tecido)<br />
- Cicatriz (Pseudônimo: João Pureza)<br />
- Clandestino (Pseudônimo: Icamiaba)<br />
- Colheita (Pseudônimo: Lustral)<br />
- Com Amor e Com Farinha (Pseudônimo: Macaíba)<br />
- Exílio (Pseudônimo: Faroleiro)<br />
- Fim da Estrada (Pseudônimo: Caminhante)<br />
- Horas mortas (Pseudônimo: Saturnino Domênico)<br />
- Mar imaginário (Pseudônimo: Daniel Ladeira)<br />
- Minhas asas (Pseudônimo: Xuxu de Xocolate)<br />
- O Assoalho do Velho Casarão (Pseudônimo: Antônio<br />
Inconformado)<br />
- O Coração (Pseudônimo: Ana Carter)<br />
- Oco Domingo (Pseudônimo: Witalo Wonka)<br />
- Opsígono (Pseudônimo: Jeremias Sanlape)<br />
- Patético, sublime poeta (Pseudônimo: Ângela)<br />
- Roda da Vida (Pseudônimo: Destino)<br />
- Sacos de Lixo (Pseudônimo: Tigre da Ásia)<br />
- Verdades Análogas (Pseudônimo: Allived)<br />
No dia 11 de novembro, após a apresentação<br />
das poesias e a decisão pelo júri do resultado final,<br />
haverá a cerimônia de premiação, quando serão<br />
conhecidos os nomes dos autores das poesias.<br />
COLETÂNEAS ELOS LITERÁRIOS<br />
Pérola Bensabath<br />
Coordenadora<br />
EDITORA ALTERNATIVA<br />
Milton J. Pantaleão<br />
Diretor<br />
- 53 -<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br
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/revistacriticartes<br />
ISSN 2525285-2<br />
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