ANISTIA INTERNACIONAL
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de pontos de vista pró-Rússia ou próseparatistas<br />
e os críticos mais voltados às<br />
autoridades foram hostilizados. Jornalistas<br />
independentes não conseguiram trabalhar na<br />
Crimeia, onde as autoridades russas<br />
continuavam a restringir com rigor os direitos<br />
à liberdade de expressão, associação e<br />
reunião pacífica. Os Tártaros da Crimeia<br />
foram particularmente reprimidos.<br />
O respeito à liberdade de expressão se<br />
deteriorou com rapidez na Turquia, ainda<br />
mais depois da declaração do estado de<br />
emergência, após a tentativa fracassada de<br />
golpe em julho. 118 jornalistas continuaram<br />
detidos, aguardando julgamento, e 184<br />
meios de comunicação foram fechados de<br />
modo arbitrário e permanente por decretos<br />
de lei. A censura na internet aumentou e 375<br />
ONGs, como grupos de direitos das<br />
mulheres, associações de advogados e<br />
organizações humanitárias foram fechadas<br />
por decreto de lei em novembro.<br />
IMPUNIDADE E PRESTAÇÃO DE CONTAS<br />
A tortura e outros maus-tratos eram prática<br />
comum em toda a ex-União Soviética;<br />
melhorias que só apareciam na lei<br />
continuaram a ser feitas em alguns países,<br />
mas a impunidade era a regra. A perspectiva<br />
de prestação de contas pelos abusos em<br />
larga escala cometidos por policiais durante<br />
os protestos Euromaydan entre 2013 e 2014,<br />
os protestos no parque Gezi em 2013 e os<br />
confrontos étnicos no sul do Quirguistão em<br />
2010 diminuiu na Ucrânia, continuou remota<br />
na Turquia e decaiu até sumir no Quirguistão.<br />
Na UE, a perspectiva de responsabilização<br />
por cumplicidade no programa de rendição<br />
liderado pelos EUA continuou distante,<br />
apesar dos procedimentos em andamento no<br />
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Até<br />
o final do ano, nenhuma pessoa sequer tinha<br />
sido responsabilizada criminalmente pelo<br />
envolvimento na detenção ilegal e tortura e<br />
outros maus-tratos de suspeitos de<br />
terrorismo na Polônia, Lituânia ou Romênia.<br />
Depois do progresso notável na<br />
erradicação da tortura em centros de<br />
detenção na última década, houve um<br />
aumento alarmante no número de casos<br />
relatados após a tentativa fracassada de<br />
golpe na Turquia. Com milhares de pessoas<br />
em centros de detenção policial oficiais e não<br />
oficiais, relatos de espancamentos graves,<br />
agressões sexuais, ameaças de estupro e<br />
estupros foram negados pelas autoridades<br />
turcas de forma consistente e inadmissível.<br />
PENA DE MORTE<br />
Perto do final do ano, o presidente da<br />
Turquia, Recip Tayyip Erdoğan prometeu<br />
levar a reintrodução da pena de morte ao<br />
Parlamento, desafiando a condenação ampla<br />
e internacional e das obrigações da Turquia<br />
na qualidade de estado membro do Conselho<br />
da Europa. A Bielorrússia, último país da<br />
Europa a praticar execuções, executou<br />
quatro pessoas durante o ano, apesar de o<br />
governo fazer, não pela primeira vez, um<br />
certo barulho sobre a abolição iminente. No<br />
Cazaquistão, um homem foi condenado à<br />
morte por terrorismo.<br />
CONFLITO ARMADO E VIOLÊNCIA<br />
Em novembro, o Tribunal Penal<br />
Internacional, em seu exame preliminar do<br />
conflito no leste da Ucrânia, concluiu que ele<br />
tinha se elevado a um conflito armado<br />
internacional. Os confrontos esporádicos<br />
continuaram, mas a situação geral continuou<br />
um impasse político e militar. As autoridades<br />
apoiadas pela Rússia em Donbas detinham<br />
autonomia quase total. No final do ano, a<br />
Missão de Monitoramento de Direitos<br />
Humanos da ONU estimou que o número de<br />
fatalidades chegou a quase dez mil, dos<br />
quais pelo menos dois mil eram civis. As<br />
autoridades ucranianas e forças separatistas<br />
se envolveram na detenção ilegal de civis<br />
suspeitos de simpatizar com o outro lado,<br />
para serem usados em “trocas de<br />
prisioneiros”. Todos os que se sabia terem<br />
sido presos pelas forças ucranianas tinham<br />
sido libertados até o final do ano.<br />
Um confronto foi iniciado entre o<br />
Azerbaijão e a Armênia em Nagorno-<br />
Karabakh, região apoiada pela Armênia, em<br />
abril. As lutas duraram quatro dias, e<br />
resultaram numa pequena quantidade de<br />
fatalidades entre os civis, recriminação<br />
48 Anistia Internacional Informe 2016/17