REVISTA-BICICLETA-EDICAO-DIGITAL-03
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ntrar no Tour<br />
de France, você<br />
deve imaginar,<br />
não é nada<br />
fácil. Não basta<br />
ser um ciclista<br />
excepcional. É<br />
preciso que sua<br />
equipe esteja no<br />
topo do ranking<br />
da União Ciclística<br />
Internacional<br />
(UCI). Não há eliminatórias regionais<br />
como na Copa do Mundo. Ou você<br />
está numa equipe de altíssimo nível ou<br />
nada feito. Algumas exceções existem.<br />
Geralmente, além das dezoito equipes<br />
do topo do ranking da UCI, quatro<br />
equipes são convidadas. São times<br />
que se encaixam na política da Amaury<br />
Sports Organisation, o que significa<br />
por vezes ter um bom patrocinador ou<br />
estar numa área do planeta considerada<br />
estratégica para o esporte. Foi o que<br />
aconteceu em 2015: para turbinar<br />
as transmissões na Alemanha, e<br />
considerando um grande cheque da<br />
emissora ARD, os organizadores do Tour<br />
convidaram o time alemão Bora-Argon<br />
18. E para tentar incentivar o ciclismo<br />
na África, a equipe MTNB-Qhubeka, da<br />
África do Sul, foi outra das convidadas.<br />
É claro também que para ser<br />
selecionado dentre os nove ciclistas de<br />
cada equipe é preciso gana de vencer.<br />
E muita. Individualmente ou por equipe,<br />
o trabalho de cada ciclista é fazer o<br />
time campeão brilhar. Mas como na<br />
história do Tour de France nem tudo<br />
ocorre como previsto, há mais uma boa<br />
história para se contar, a história de<br />
um duelo pelo último lugar no Tour de<br />
France. Está atento? Posso começar?<br />
Muito bem. Vamos lá!<br />
Além da classificação por tempo,<br />
por pontos e por equipes, há uma<br />
classificação informal e extra-oficial<br />
no Tour de France, a lanterne rouge.<br />
A expressão indica a luz vermelha<br />
que no começo do século passado<br />
era pendurada no último vagão dos<br />
trens, algo como a atual lanterna<br />
traseira dos veículos. Servia para que,<br />
durante a noite ou dentro de túneis<br />
longos, um maquinista não avançasse<br />
inadvertidamente sobre outro trem,<br />
o que significaria uma tragédia sem<br />
tamanho. No ciclismo, a expressão<br />
passou a designar o último ciclista de<br />
cada etapa, o que fechava o pelotão, o<br />
retardatário, o lanterninha.<br />
Mas o que era apenas uma brincadeira<br />
do pelotão acabou tomando o gosto<br />
do público e, como bons vendedores<br />
que são, os jornalistas acabaram<br />
aproveitando o tema para liberar<br />
a imaginação e deixar fluir textos<br />
fantásticos a respeito do último<br />
colocado. Afinal de contas, era preciso<br />
informar aos espectadores quem tinha<br />
sido o pior classificado, quais as razões<br />
do baixo rendimento, e principalmente<br />
se ali estava um grande nome ou não.<br />
Muitas vezes o fato de ser o último<br />
significava uma grande vitória pessoal,<br />
quando, por exemplo, acidentes<br />
ocorriam ou as condições do tempo<br />
se mostravam desfavoráveis. O último<br />
era então aquele que, tendo tudo para<br />
desistir, manteve-se firme no pelotão.<br />
Uma glória!<br />
O fato é que o lanterninha passou <br />
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