UMA ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO INTRAEMPREENDEDOR COMO FATOR DE SOBREVIVÊNCIA NO MERCADO ATUAL
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<strong>UMA</strong> <strong>ANÁLISE</strong> <strong>DAS</strong> <strong>CARACTERÍSTICAS</strong> <strong>DO</strong><br />
INTRAEMPREEN<strong>DE</strong><strong>DO</strong>R <strong>COMO</strong> <strong>FATOR</strong> <strong>DE</strong> <strong>SOBREVIVÊNCIA</strong><br />
<strong>NO</strong> MERCA<strong>DO</strong> <strong>ATUAL</strong><br />
Allysson Moreira de Paiva (paiva.allysson@gmail.com)<br />
Matheus Mota da Silva (Matheus-mota-silva@hotmail.com)<br />
Orientador: Prof. Luiz Carlos Carrasco<br />
Resumo: Este artigo apresenta o conceito de intraempreendedorismo como ferramenta para<br />
promover o crescimento e aumentar a competitividade no mercado. O objetivo desse trabalho<br />
é apresentar como intraempreendedorismo e suas características contribuem para ampliar os<br />
recursos para gerar inovação e proporcionar crescimento e vantagens competitivas para as<br />
organizações, mostrando sua importância como ferramenta para a sustentabilidade<br />
organizacional. Para isso, foram utilizados conceitos de autores específicos do assunto,<br />
buscando apresentar inicialmente o conceito de empreendedorismo, passando para o<br />
conceito de intraempreendedorismo e finalmente apresentar as características do<br />
intraempreendedor. Os resultados obtidos através desse levantamento bibliográfico<br />
demonstram que o intraempreendedorismo é um grande diferencial competitivo, pois é capaz<br />
de gerar vantagens competitivas permanentes através da geração constante de inovação.<br />
Palavras-chave: intraempreendedor, empreendedorismo, capacidade de inovar e<br />
desenvolvimento.<br />
Área do Conhecimento: Engenharias.<br />
Abstract: This article presents the concept of intrapreneurship how to promote tool growth<br />
and Increase Competitiveness any market. The aim of this work and present how<br />
intrapreneurship and ITS features contribute to enlarge OS Resources paragraph Generating<br />
Innovation and Growth and provide competitive advantages as Para Organizations, Showing<br />
its importance as a tool for organizational sustainability. For IT, Were used Concepts<br />
Specific Authors do SUBJECT, seeking initially introduce entrepreneurship concept, Passing<br />
FOR intrapreneurship concept and finally present as the intrapreneur Features. The results<br />
obtained through this literature survey shows That intrapreneurship and Competitive A big<br />
difference, since E Able to Generate permanent Competitive Advantage through Innovation<br />
constant generation.<br />
Keywords: intrapreneur, entrepreneurship CAPACITY to innovate and development.<br />
Knowledge Area: Engineering.<br />
1
1. Introdução<br />
Para Pinchot (2004), intraempreendedorismo é a prática de desenvolver um novo<br />
projeto dentro de uma organização existente para explorar novas oportunidades e criar valor<br />
econômico e de inovação. Segundo Antoncic e Hisrich (2001), o intraempreendedorismo é<br />
definido como o empreendedorismo dentro de uma organização existente.<br />
Neste sentido o objetivo geral desse artigo é analisar quais as características marcantes do<br />
intraempreendedor como base de diferencial competitivo no mercado. Dentro deste contexto,<br />
decidiu-se especificar um pouco mais o tema e partir para a análise do intraempreendedor, por<br />
dois motivos. O primeiro deles por ser uma área específica do empreendedorismo e, por<br />
conseguinte, ter uma abrangência menor, facilitando o estudo e o entendimento; o segundo<br />
por existir pouco material bibliográfico, bem menos que sobre empreendedorismo<br />
propriamente dito. Por estes motivos, decidiu-se buscar na literatura existente algumas<br />
definições e teorias, tanto sobre empreendedorismo quanto as características do<br />
intraempreendedorismo, que vem a ser o tema principal da pesquisa.<br />
O intraempreendedor e suas características podem ser de extrema utilidade para empresas que,<br />
por exemplo, desejam contratar pessoas cujas características estejam de acordo com o perfil<br />
de um intraempreendedor em potencial, ou seja, pessoas inovadoras, dinâmicas e criativas.<br />
2. Metodologia<br />
O artigo foi fundamentado em pesquisas bibliográficas, tendo por base publicações de<br />
autores específicos no assunto sobre o intraempreendedorismo ou empreendedorismo<br />
corporativo, os autores ampliam o conceito de intraempreendedorismo, definindo-o como um<br />
processo decorrente dentro de uma empresa existente, independentemente do seu tamanho,<br />
que inclui não só novos investimentos de negócios, como também outras atividades e<br />
orientações inovadoras, (PAULA, 2010), como por exemplo:<br />
Fatores influenciadores do intraempreendedorismo no profissional;<br />
Desenvolvimento de novos produtos, serviços, tecnologias, técnicas administrativas;<br />
Estratégias e posturas competitivas.<br />
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3. Empreendedorismo<br />
A cada dia que passa, mais e mais pessoas se convencem de que o capital humano é<br />
um dos principais fatores do desenvolvimento, e que um dos principais elementos do capital<br />
humano é a capacidade das pessoas fazerem coisas novas, exercitando a sua imaginação<br />
criadora – o seu desejo, sonho e visão – e se mobilizando para adquirir os conhecimentos<br />
necessários, capazes de permitir a materialização do desejo, a realização do sonho e a<br />
viabilização da visão. Isso tem um nome: chama-se "empreendedorismo". Empreendedorismo<br />
está sempre ligado à inovação e depende da liberdade das pessoas para criar e da sua ousadia<br />
de inventar (FRANCO, 2002).<br />
A palavra empreender é derivada de “imprehendere”, do latim, e foi incorporada à<br />
língua portuguesa no século XV. A expressão “empreendedor”, segundo o Dicionário<br />
Etimológico Nova Fronteira, de 1986, teria surgido na língua portuguesa no século seguinte.<br />
Todavia a expressão empreendedorismo parece ter sido originada da tradução da expressão<br />
“entrepreneurship”, da língua inglesa, que, por sua vez, é composta da palavra francesa<br />
“entrepreneur” e do sufixo inglês “ship”, que indica posição, grau, relação, estado, qualidade,<br />
perícia ou habilidade (BARRETTO, 1998). O novo milênio está chegando. A “Era do<br />
Conhecimento”, como muitos chamam, proporciona acesso a um número de informações<br />
muito maior do que podemos absorver, e, ao mesmo tempo, nunca se teve tanta incerteza<br />
sobre o futuro profissional. Os jovens perguntam-se se devem seguir as carreiras tradicionais<br />
ou entrar na corrida da indústria da informação, abrindo seu próprio negócio. Muitos<br />
questionam se vale a pena continuar estudando. Funcionários não sabem se terão suas vagas<br />
no dia seguinte. Se perderem, sabem que será praticamente impossível conseguir uma outra<br />
vaga no mercado de trabalho, principalmente se estão além da meia-idade. A maioria das<br />
pessoas empregadas está insatisfeita com seu trabalho, salário e rumo de suas carreiras. O que<br />
fazer? Quais as alternativas? Uma sugestão que contribui para que você reinvente sua carreira<br />
é: seja empreendedor. Seja “presidente” de sua própria vida (SOUZA, 2000).<br />
O emprego-padrão de hoje, com vínculo salarial, patrão e horário rígido, já é artefato<br />
do século passado. Realmente teremos poucos empregos nesta virada de século. As vagas de<br />
emprego nas empresas estão cada vez mais enxutas, devido às crises financeiras e à crescente<br />
apropriação das vagas dos trabalhadores por máquinas. Com tão poucas oportunidades, o<br />
3
emprego assalariado está em extinção no Brasil. É a era do emprego por conta própria<br />
(LEITE, 1999).<br />
Fugir do convencional; sonhar alto e transformar sonhos em realidade; identificar com<br />
clareza seus desejos, habilidades, temperamentos e atividades; criar um produto; desenvolver<br />
um “business plan” – o plano de negócios de sua carreira; fazer o que gosta; investir no<br />
desenvolvimento contínuo; conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar; cuidar<br />
de sua saúde física, mental e emocional; seguir as vozes internas são passos para sobreviver<br />
no mundo moderno (LEITE, 1999).<br />
O que falta é uma melhor condução da carreira, como um negócio. Pode-se redesenhar<br />
a carreira em curso na empresa onde trabalha, mudar de carreira, mudar de empresa ou até<br />
mesmo abrir um negócio próprio, tornando-se um empreendedor. Mesmo que se decida por<br />
continuar na folha de pagamento de uma empresa como assalariado, deve-se parar de pensar<br />
como assalariado e agir como empreendedor, ou intraempreendedor – no caso específico deste<br />
trabalho (SOUZA, 2000).<br />
3.1. Fundamentos do Empreendedorismo<br />
3.2.1. Empreendedorismo – História, Conceitos e Definições<br />
O interesse pelo empreendedorismo ocorre em um período de transição global no qual<br />
encontramos mudanças estruturais nos setores cultural, educacional, tecnológico, econômico e<br />
político. No Brasil, o movimento empreendedor teve início nos anos 90, apesar de ser<br />
considerado como o “motor do desenvolvimento” e de ser estudado há várias décadas em<br />
outros países (ELIZABETH HEY, 2004).<br />
3.2.1.1. Empreendedorismo na Visão Econômica<br />
Segundo Filion (1999), foi na época de Richard Cantillon (escritor e economista do<br />
século XVII) que o termo ganhou seu significado atual: “entrepreneur” era usado para<br />
descrever uma pessoa que comprava matéria-prima, processava e vendia para outra pessoa. O<br />
empreendedor era, então, alguém que, tendo identificado uma oportunidade de negócio,<br />
assumia o risco, decidindo processar e revender matéria-prima; conhecia os custos, mas não o<br />
4
lucro. Cantillon já diferenciava o empreendedor do capitalista e reconhecia a atividade<br />
comercial como uma função especulativa na sociedade. Lamounier (2005) definiu o<br />
empreendedor como um proprietário capitalista, um fornecedor de capital e, ao mesmo tempo,<br />
um administrador que se interpõe entre o trabalhador e o consumidor. Outro nome histórico<br />
de destaque é o do economista Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), que abordou o<br />
empreendedor e o seu impacto sobre a economia, estabelecendo os conceitos de destruição<br />
criadora e de empresário empreendedor, desta forma, diferenciando os conceitos de<br />
empresário e empreendedor: “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica<br />
existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de<br />
organização ou pela exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1942,<br />
1949). Foi Schumpeter quem associou definitivamente o termo empreendedor à inovação,<br />
colocando o empresário empreendedor como o agente básico do processo de destruição<br />
criadora: “é ele que desafia o mercado, aciona e mantém em marcha o motor capitalista”<br />
(SCHUMPETER, 1942).<br />
3.3. Empreendedorismos na Visão Comportamentalista<br />
Para que se pudesse compreender quem e como é o empreendedor, estudos foram<br />
realizados no campo da Psicologia, primeiramente por McClelland e Attkinson<br />
(MCCLELLAND, 1987; ATTKINSON e FEATHER, 1996), determinando quais os<br />
comportamentos e características apresentados pelos empreendedores de sucesso.<br />
McClelland (1962, 1971) identificou nos empresários de sucesso um elemento psicológico<br />
crítico denominado por ele de “motivação da realização”, além das necessidades de poder e<br />
afiliação. A necessidade de realização faz com que o empreendedor execute da melhor forma<br />
possível aquilo a que se propõe e atinja os seus objetivos. A afiliação tem a ver com a<br />
necessidade de convivência, de manterem-se bons relacionamentos interpessoais. E a<br />
necessidade de poder é aquela que o empreendedor tem de influenciar outras pessoas, de obter<br />
sucesso nas suas atividades e de estar sempre em evidência. O impulso para a ação que<br />
possibilita aos empreendedores a busca do desenvolvimento, conhecimento e inovação,<br />
constitui as necessidades humanas individuais, que podem ser chamadas de desejos,<br />
aspirações, objetivos individuais ou motivos.<br />
5
3.3.1. Ciclo do Empreendedor<br />
Figura 1: Ciclo do Empreendedor<br />
Fonte: Leite, 1999<br />
O empreendedor está sempre criando, inovando, antecipando ações e consequências,<br />
tomando decisões, agindo e empreendendo, tudo de uma forma cíclica e ininterrupta, mesmo<br />
não ocorrendo necessariamente nessa ordem. O empreendedor é, sobretudo, aquele indivíduo<br />
que é capaz e tem necessidade de desenvolver novos projetos, além de assumir a<br />
responsabilidade de conduzir um negócio próprio, de forma que o empreendimento alcance<br />
sucesso (AZEVE<strong>DO</strong>, 1994).<br />
O empreendedor vive no futuro, nunca no passado e raramente no presente, procura o<br />
controle total, prospera nas mudanças, invariavelmente enxerga as oportunidades nos fatos. É<br />
inovador, grande estrategista, criador de novos métodos para penetrar e/ou criar novos<br />
mercados, tem personalidade criativa, lida melhor com o desconhecido, transforma<br />
possibilidades em probabilidades. Devido a sua necessidade de mudanças, o empreendedor<br />
cria muita confusão à sua volta, perturbadoras para as pessoas que o ajudam em seus projetos.<br />
Para o empreendedor, o “homem comum” é sempre um problema que tende a obstruir o seu<br />
sonho (URIARTE, 2000).<br />
3.3.2 Caracteriscas Do Empreendedor<br />
O que pode caracterizar um empreendedor de sucesso é uma série de elementos que os<br />
tornam capazes de montar um negócio de sucesso. Porém ha aqueles que nascem com o dom<br />
de empreender, chamado de empreendedor nato, e existe também o empreendedor que<br />
influenciado pelo meio em que vive, pode tornar-se empreendedor através da formação, por<br />
influência familiar, estudo e até mesmo através da própria prática.<br />
Para Dolabella (1999), para se aprender a empreender, faz-se necessário um comportamento<br />
pró-ativo do indivíduo, o qual deve desejar “aprender a pensar e agir por conta própria, com<br />
6
criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado,<br />
transformando esse ato também em prazer e emoção”.<br />
Nas áreas científicas e acadêmicas, surgem duas características que incidem diretamente, a<br />
primeira é a natureza da ação, caracterizada por buscar fazer algo inovador ou diferente do<br />
que já é feito. E a segunda é a falta ou inexistência de controle sobre as formas de execução e<br />
recursos necessários para se desenvolver a ação desejada, liberdade de ação.<br />
Apesar de estes fatores serem essenciais na ação empreendedora, isto não significa que todas<br />
as medidas de mudanças são efetivamente empreendedoras. Da mesma forma, nem todas as<br />
ações desenvolvidas, com risco, sem controle dos processos são ações empreendedoras, pois<br />
nem sempre são ações inovadoras.<br />
Filion (1999) estabelece um modelo com quatro fatores fundamentais para que uma ação seja<br />
empreendedora (visão, energia, liderança e relações), visando à formação do profissional<br />
empreendedor. A principal característica as relações, a qual, segundo o autor, se obtém os<br />
conhecimentos fundamentais e necessários dentro de uma estrutura de mercado: as<br />
informações necessárias para a tomada de decisões e o conhecimento da realidade do<br />
mercado.<br />
No momento, as empresas possuem uma grande necessidade de buscar e desenvolver<br />
profissionais com perfil empreendedor, devido a eles serem os responsáveis pelas<br />
modificações, criações e visões inovadoras, pois agindo desta maneira é possível ter um<br />
destaque maior e uma diferenciação positiva frente à concorrência. O empreendedor<br />
desenvolve um papel otimista dentro da organização, capaz de enfrentar obstáculos internos e<br />
externos, sabendo olhar além das dificuldades, com foco no melhor resultado.<br />
Segundo o SEBRAE (2016), as principais características do perfil empreendedor são:<br />
Autoconfiança: confiança em si mesmo, ter segurança no que está fazendo;<br />
Auto-motivação: capacidade de motivar a si mesmo, sem a necessidade de ser<br />
influenciado por outra pessoa;<br />
Elevado poder de comunicação: comunicar-se bem é essencial para todo profissional,<br />
saber transmitir bem sua idéia;<br />
Criatividade: Capacidade de inovar, criar novas idéias e melhorias;<br />
Flexibilidade: Saber escutar novas idéias e utiliza-las, aprender mais com outras<br />
pessoas;<br />
7
Energia: ter “pique” para trabalhar, agilidade;<br />
Iniciativa: Tomar a frente em certas ocasiôes e tomar decisôes por conta própria, ser o<br />
primeiro a tomar uma ação;<br />
Integridade: Ser honesto no que faz, ter caráter, presenvar o próprio nome, ser fiel a<br />
sim mesmo e a empresa;<br />
Liderança: Uma arte de comandar pessoas, atraindo seguidores, influenciando de<br />
forma positiva comportamentos, colocando em ordem um grupo;<br />
Perseverança: Ser persistente em seu propósito, manter-se firme naquilo que deseja;<br />
Persuasão: Ser convincente ao apresentar sua idéia;<br />
Capacidade de Planejamento: Saber analisar recursos e condições, criando uma<br />
estrutura para melhorias a curto e longo prazo;<br />
Relacionamento interpessoal: Saber conviver bem no ambiente onde vive, ter um bom<br />
relacionamento ao seu redor;<br />
Resistência à frustração: Poder suportar situações que não o satisfazem, saber aceitar<br />
uma derrota e não desistir;<br />
Sensibilidade administrativa: Saber se organizar, planejar e executar suas atividades.<br />
4. Conceito de Intraempreendedorismo<br />
4.1. O que é um Intraempreendedor?<br />
Após ter passado em revista algumas interpretações dadas à noção de<br />
intraempreendedorismo, vamos tentar agora clarificar o conceito de intraempreendedor<br />
comparando-o com dois conceitos aparentados: o empresário e o gerente. Certamente, a<br />
caracterização do intraempreendedor descansa sobre uma dupla diferenciação: distingue-se ao<br />
mesmo tempo do empresário e do gerente tradicional, embora compartilhe vários traços<br />
comuns com estes (BASSO, 2004).<br />
De acorco com Grande (2012) um dos ingredientes para fazer uma empresa crescer e se<br />
destacar no mercado, em meio à acirrada concorrência é cultivar novas ideias<br />
e hábitos inovadores em sua cultura. Uma das formas de fazer com que isso aconteça é<br />
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incentivar colaboradores que possam oferecer um grande diferencial para a empresa, ou seja,<br />
funcionários que se sintam parte do negócio e que trabalham com a seriedade e dedicação de<br />
um sócio.<br />
A busca por esse tipo de colaborador tem um nome: intraempreendedorismo. O<br />
colaborador intraempreendedor é aquele que pratica o empreendedorismo dentro dos limites<br />
na organização, ou seja, aquela pessoa que tem a visão de analisar cenários, usar<br />
a criatividade, selecionar melhor as ideias e inovar, sempre pensando em fazer a<br />
empresa vender mais, ganhar mais e reduzir custos. “É uma pessoa que pensa<br />
na organização na qual trabalha como se fosse seu próprio negócio e demonstra resiliência<br />
quando situações adversas acontecem”, afirma Bortotto (2011), psicóloga e especialista em<br />
recursos humanos.<br />
Normalmente, essa é uma característica que vem de dentro para fora, ou seja, o<br />
colaborador já possui em si a vontade de fazer a diferença dentro da empresa. Porém, de<br />
acordo com a especialista, um bom gestor pode sim incentivar seus colaboradores a praticar<br />
o intraempreendedorismo. “O gestor deve incentivar o senso de propriedade, o sentimento de<br />
que ele pode fazer a diferença, a autonomia na tomada de decisão, a possibilidade de testar e<br />
errar sem ser punido por isso”, afirma.<br />
Quando se trata de negócios, é muito importante estimular o colaborador a pensar<br />
“fora do ambiente habitual” para que se traga inovações e possibilidades de negócios ainda não<br />
experimentadas ou abordadas e sempre mostrando que a preocupação com o faturamento, a<br />
rentabilidade e o custo devem fazer parte de sua rotina enquanto o colaborador permanecer<br />
na empresa.<br />
De acordo com Pinchot (1989), a maior parte das peculiaridades da personalidade do<br />
intraempreendedor podem ser entendidas considerando-se as pressões de se combinar, em<br />
uma pessoa, um forte visionário e um executor insaciável, que não pode descansar até que sua<br />
visão esteja manifestada na terra assim como está em sua mente. Através do Quadro 1 ele<br />
compara e contrasta as características do intraempreendedor com empreendedores e gerentes<br />
tradicionais das organizações.<br />
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Gerentes Tradicionais<br />
Quadro 1: Quem é o Intraempreendedor?<br />
Empreendedores<br />
Tradicionais<br />
Intraempreendedores<br />
Motivos Principais<br />
Ação Delegada<br />
Quer promoções e outras<br />
recompensas corporativas<br />
tradicionais. Motivado<br />
pelo poder.<br />
Supervisão e relatórios<br />
consomem a maior<br />
parte da energia.<br />
Põe a “mão na massa”.<br />
Quer liberdade.<br />
Orientado para metas,<br />
autoconfiante e auto<br />
motivado.<br />
Pode aborrecer os<br />
empregados fazendo de<br />
repente o trabalho deles.<br />
Quer liberdade e acesso<br />
aos recursos da<br />
corporação. Orientado<br />
para metas e auto<br />
motivado, mas também<br />
reage às recompensas e<br />
ao reconhecimento da<br />
corporação.<br />
Põe a “mão na massa”.<br />
Pode saber como delegar,<br />
mas quando necessário<br />
faz o que deve ser feito.<br />
Coragem e<br />
Destino<br />
Risco<br />
Status<br />
Decisões. Concordam<br />
com aqueles no poder.<br />
Vê outros como<br />
responsáveis por seu<br />
destino. Pode ser<br />
vigoroso e ambicioso,<br />
mas pode temer a<br />
capacidade dos outros<br />
em prejudicá-lo.<br />
Cuidadoso. Gosta de<br />
riscos moderados.<br />
Importa-se com<br />
símbolos de status<br />
(escritório no canto, etc.).<br />
Adia decisões até sentir o<br />
que o chefe quer. Segue<br />
sua visão particular.<br />
Autoconfiante, otimista e<br />
corajoso. Autoconfiante e<br />
corajoso.<br />
Investe pesado, mas<br />
espera ter sucesso.<br />
Fica feliz de sentar em<br />
um caixote, se o trabalho<br />
estiver sendo feito.<br />
Decisivo, orientado para<br />
a ação.<br />
A Quem Serve Agrada aos outros. Agrada a si mesmo e aos<br />
clientes.<br />
Muitos<br />
intraempreendedores<br />
são cínicos a respeito do<br />
sistema, mas otimistas<br />
quanto à sua capacidade<br />
de superá-lo.<br />
Gosta de riscos<br />
moderados. Em geral não<br />
teme ser demitido,<br />
portanto, vê pouco risco<br />
pessoal.<br />
Considera os símbolos de<br />
status tradicionais uma<br />
piada – prefere símbolos<br />
de<br />
liberdade.<br />
Gosta de fazer os outros<br />
concordarem com sua<br />
visão. Algo mais paciente<br />
e disposto a<br />
compromissos que o<br />
empreendedor, mas<br />
ainda um executor.<br />
Agrada a si mesmo, aos<br />
clientes e patrocinadores.<br />
Atitude em<br />
Relação ao<br />
Sistema<br />
Vê o sistema como<br />
nutriente e protetor,<br />
busca proteção nele.<br />
Pode avançar<br />
rapidamente em um<br />
sistema; então, quando<br />
frustrado, rejeita o<br />
sistema e forma o seu<br />
próprio.<br />
Não gosta do sistema,<br />
mas aprende a manipulálo.<br />
10
Estilo de Solução de<br />
Problemas<br />
Resolve os problemas<br />
dentro do sistema.<br />
Escapa de problemas em<br />
estruturas grandes e<br />
formais, deixando-as e<br />
começando por conta<br />
própria.<br />
Resolve problemas<br />
dentro do sistema ou<br />
passa por cima dele, sem<br />
deixá-lo.<br />
Relacionamento Com os<br />
Outros<br />
Hierarquia como<br />
relacionamento básico.<br />
Transações e acordos<br />
como relacionamento<br />
básico<br />
Transações dentro da<br />
hierarquia.<br />
Fonte: Adaptado de Pinchot (1989, p.44).<br />
Como se percebe, verificando o Quadro 1, o conjunto de capacidades e talentos que<br />
definem o intraempreendedor é diferente daquele do indivíduo tradicional que escala a<br />
hierarquia corporativa: “... é que o (intra) empreendedor vai além das tarefas normalmente<br />
relacionadas aos administradores, tem uma visão mais abrangente e não se contenta em<br />
apenas fazer o que deve ser feito. Ele quer mais e busca fazer mais” (<strong>DO</strong>RNELAS, 2003).<br />
Algumas das características apresentadas pelos intraempreendedores são: anseiam por<br />
liberdade dentro da organização, são orientados para metas, comprometidos e automotivados,<br />
mas também reagem às recompensas e ao reconhecimento da empresa. São indivíduos que<br />
“põem a mão na massa” e fazem o que deve ser feito. Gostam de riscos moderados, não<br />
temem ser demitidos e por isso vêem pouco risco pessoal. E, principalmente, fogem do estado<br />
estável, detestam as rotinas, pois são criativos e inovadores. Pode-se, resumidamente,<br />
caracterizar o intraempreendedor como uma pessoa que é persistente, trabalha arduamente, é<br />
decidida e autoconfiante, orienta-se por seu objetivo e não para obter status ou dinheiro.<br />
4.2. Desenvolver Um Intraempreendedor<br />
A inovação trazida pelo intraempreendedorismo é a chave para a vantagem<br />
competitiva definitiva. Porém para que esta inovação aconteça, precisa-se de um elemento<br />
fundamental: o intraempreendedor. O intraempreendedor representa aquele que dentro da<br />
organização assume a responsabilidade de promover a inovação de qualquer tipo, a qualquer<br />
momento, em qualquer lugar da empresa (HASHIMOTO, 2006).<br />
O intraempreendedor é uma pessoa que possui habilidades para atuar em qualquer<br />
setor da empresa, onde quer que tenha proposto um novo projeto, justamente por sua<br />
interação com os objetivos propostos e a identificação de novas oportunidades que possam<br />
beneficiar a empresa. Segundo Pinchot (1985) o intraempreendedor tem como características:<br />
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visão, polivalência, necessidade de agir, dedicação, metas, superação de erros e administração<br />
de riscos.<br />
Para desenvolver um intraempreendedor, o primeiro passo é ter combinado desde a<br />
primeira pessoa da empresa, presidente, diretor geral, que o ambiente permitirá riscos e<br />
consequentemente erros. Depois disso, o segundo passo é incentivar essa pessoa a pensar no<br />
que é novo e diferente, para então seguir com a parte da estruturação, já com um plano<br />
de investimento para a implementação, riscos, benefícios e retorno sobre o investimento.<br />
A especialista do Pensando Grande (2012) separou as principais características desses<br />
empreendedores, que podem fazer a diferença para a evolução de uma empresa:<br />
Ter capacidade de analisar cenários;<br />
Utilizar a criatividade para selecionar as melhores ideias para promover inovação;<br />
Pensar em como fazer a empresa ganhar mais, vender mais e reduzir custos;<br />
Agir como “dono” do negócio;<br />
Demonstrar resiliência quando situações adversas acontecem;<br />
Conseguir mapear riscos e calcular se pode corrê-los;<br />
Tomar decisões;<br />
Trabalhar com autonomia;<br />
Agir com certa inquietude, sempre procurando melhorar e descobrir oportunidades;<br />
Ser autoconfiante e demonstrar paixão pelo trabalho.<br />
Para o gestor que lidera um colaborador empreendedor, a especialista finaliza com<br />
recomendações importantes: “Para liderar um intraempreendedor é preciso ser um gestor que<br />
não centralize as decisões, que desafie o colaborador a entregar mais e nunca se acomodar, ter<br />
abertura para as inovações, mesmo que em um primeiro momento não façam sentido”.<br />
5. Conclusão<br />
Cada vez mais, a importância de uma gestão empreendedora nas organizações é<br />
percebida e aceita. Sem o empreendedorismo, não só no discurso como também na prática,<br />
não há como as empresas sustentarem-se no mercado, bem como manter a credibilidade, os<br />
resultados financeiros e o nível de satisfação dos “stakeholders” (público estratégico). Passouse<br />
em revista algumas reflexões sobre o intraempreendedorismo durante os últimos dez anos.<br />
A dinâmica intraempreendedora sempre foi considerada como uma via que favorece o<br />
12
desenvolvimento de novos produtos, de novas maneiras de fazer e para conquistar novos<br />
mercados. Com o passar dos anos, os recursos às atividades intraempreendedoras faz-se sentir<br />
cada vez mais indispensável para estimular o processo de inovação em todas as atividades e<br />
funções de gestão nas organizações. É certo que os sistemas de atividades<br />
intraempreendedoras não serão concebidos e implantados da mesma maneira em organizações<br />
que optam por apoiar os intraempreendedores e em organizações que não decidem apoiá-los.<br />
A diferença sobre posicionamentos competitivos em um tipo ou outro de organizações tornarse-á<br />
cada vez mais marcante no contexto de mudança acelerada que é a época em que<br />
vivemos.<br />
Desenvolver intraempreendedores e com isso aceitar suas idéias e suas características<br />
é inegavelmente um dos maiores diferenciais de uma organização no mercado atual. Encerrase<br />
este artigo com a certeza de que:<br />
• O intraempreendedorismo é a chave para a inovação geradora de crescimento e<br />
desenvolvimento;<br />
• O intraempreendedor é o agente desta inovação;<br />
• Incentivar e desenvolver o intraempreendedorismo nas organizações é a garantia de<br />
estabelecer vantagens competitivas definitivas.<br />
Referências<br />
ANTONCIC, B.; HISRICH, R. D. Intrapreneurship: construct refinement and cross cultural validation<br />
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