Revista CriticArtes 7 Ed
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<strong>Revista</strong> Criticartes | 2º Trimestre de 2017 / Ano II - nº. 07<br />
Nessa mesma idade<br />
Ao ouvir se apaixonou<br />
Um folheto de cordel<br />
Pela primeira vez, se emocionou.<br />
Decidiu que ia escrever<br />
Pois muito se identificou.<br />
Quando tinha vinte anos<br />
Já tocava muito bem<br />
Dedilhava os seus versos<br />
Bonitos como ninguém<br />
Um dia apareceu um parente<br />
Vindo das bandas de Belém.<br />
Patativa interagiu<br />
Com os cantadores da região<br />
Repentistas e violeiros<br />
Poetas de linda canção<br />
Poesias saídas da mente<br />
Machucando o coração.<br />
Aos nove anos de idade<br />
Por vontade de deus<br />
O seu querido pai<br />
De repente faleceu<br />
Continuou a sua luta<br />
Junto com os irmãos seus.<br />
Patativa já nasceu com<br />
A inteligência em seu viver<br />
Uma memória genial<br />
Rara hoje de se ver<br />
Com pouco estudo na mente<br />
Muito sábio no saber.<br />
Dava duro no roçado<br />
Pra poder ganhar o pão<br />
Trabalhava de sol a sol<br />
Em companhia dos irmãos<br />
José, Pedro e Joaquim.<br />
Viviam sempre em união.<br />
Aos 16 anos de idade<br />
Patativa adolescente<br />
Queria tocar viola<br />
Aprenderia de repente<br />
Vendeu uma cabra formosa<br />
Comprou uma viola decente.<br />
Começou a dedilhar sozinho<br />
Sem qualquer pretensão<br />
Apenas por esporte<br />
E pra cantar uma canção<br />
Em festa de aniversário<br />
Fazia uma animação.<br />
Nas casas de amigos<br />
E alguma comemoração<br />
Aniversário de criança<br />
Bem na paz, sem confusão.<br />
Ou em algum casamento<br />
Pra fazer a saudação.<br />
José Montoril era seu nome<br />
Há tempos não aparecia<br />
Era primo da sua mãe<br />
Há anos que não a via<br />
Foram anos de ausência<br />
Ele não o conhecia.<br />
Ao ver patativa tocando<br />
Rimando suas poesias<br />
Ficou muito admirado<br />
Com tudo aquilo que via<br />
Ali estava um talento<br />
Poeta com maestria.<br />
Pediu a dona Maria<br />
Para o patativa lhe acompanhar<br />
Pra cidade de Belém<br />
Agora ele ia morar<br />
Todas as despesas que houvesse<br />
Ele iria custear.<br />
Como era homem de bem<br />
Relutando ela deixou<br />
Sempre os teve por perto<br />
Nunca deles se separou<br />
Sempre existe a primeira vez<br />
Assim nas mãos de deus deixou.<br />
Naquela época o Brasil<br />
Estava num período de riqueza<br />
Com o ciclo da borracha<br />
Era que nem água em correnteza<br />
E o estado do Pará<br />
Era o símbolo da fortaleza.<br />
Ao chegar a capital<br />
Foi apresentado de antemão<br />
À José carvalho de Brito<br />
Do 1º cartório era o tabelião<br />
Seu conterrâneo do Crato<br />
Conhecido na região.<br />
Depois de seis meses<br />
A saudade invadiu seu ser<br />
Longe da sua família<br />
Não conseguia mais viver<br />
Voltou pra sua terra<br />
Pra não mais desaparecer.<br />
Na volta ele trouxe<br />
Uma carta de recomendação<br />
De José Carvalho Brito<br />
O primeiro tabelião<br />
Para Henriqueta galeno<br />
Fazer uma apresentação.<br />
Chegando à fortaleza<br />
Encontrou o endereço<br />
Do grande poeta Juvenal<br />
Pensou: será se mereço!<br />
Henriqueta era sua filha<br />
Por ela teve apreço.<br />
Ao avistar Juvenal Galeno<br />
Grande poeta famoso<br />
Sentado em sua rede<br />
Semblante um tanto vistoso<br />
Ficou parado sem palavras<br />
Com seu olhar admiroso.<br />
Aos vinte anos de idade<br />
Assumiu o nome de patativa<br />
Pois as suas poesias<br />
Parecia uma obra viva<br />
Com o canto daquela ave<br />
Para todos era uma diva.<br />
Esse momento consagrador<br />
Abençoado por deus<br />
Foi como receber uma tarefa<br />
Diante de um filho seu<br />
E executá-la com afinco<br />
Assim a deus prometeu.<br />
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