07.07.2017 Views

revista_008_ok_BAIXA

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Dra. Marcia Garcia Rogério<br />

ca? Em uma breve pesquisa histórica,<br />

é possível descobrir que como consequência<br />

das duas Grandes Guerras<br />

Mundiais e a necessidade de tratar<br />

os feridos, a Terapia Ocupacional ganhou<br />

uma significativa importância na<br />

Reabilitação Física. Nesse contexto,<br />

foram usados pela primeira vez dispositivos,<br />

técnicas e métodos como<br />

análise de movimentos associados<br />

à incapacidade física. Sem dúvida,<br />

a expansão da Terapia Ocupacional<br />

foi grande, uma vez que o número<br />

de pacientes não parava de aumentar<br />

e, consequentemente, a necessidade<br />

de mais técnicos especializados<br />

nessa área de reabilitação, para<br />

atuar diretamente com amputados,<br />

traumatismos cranianos, indivíduos<br />

com alterações psiquiátricas, como<br />

as neuroses de guerra, entre outros.<br />

A mudança de foco é a grande questão<br />

da Reabilitação Física, pois é sabido<br />

que alguns pacientes melhoraram<br />

muito, enquanto outros nem tanto. E<br />

aí entra a Terapia Ocupacional, “trabalhando<br />

a perda construtivamente,<br />

criando outras expectativas para o paciente<br />

e analisando o potencial maior<br />

que ele tem, seja afetivo, cognitivo,<br />

espiritual, relacionamento social, para<br />

que esse indivíduo descubra que ele<br />

é muito mais do que uma perna, um<br />

braço, um corpo. Isso sem deixar de<br />

trabalhar com as atividades básicas de<br />

vida diária, como alimentação, vestuário,<br />

higiene, para que ele possa redescobrir<br />

sua independência, mesmo que<br />

precise de alguma adaptação”, explica<br />

Dra. Marcia Rogério. De acordo com<br />

a terapeuta ocupacional, “é importante<br />

que o paciente redescubra novas<br />

possibilidades e não se prenda ao que<br />

podia fazer antes da lesão. E isso não<br />

quer dizer que tenha que deixar de fazer<br />

o que fazia antes, mas se adaptar<br />

a uma nova realidade.”<br />

Para a especialista em Reabilitação Física,<br />

“pode-se perder muito mais qualidade<br />

de vida quando se tem um déficit<br />

cognitivo do que quando se tem uma<br />

lesão física, contudo as pessoas se assustam<br />

mais com a física por ser mais<br />

visível do que uma perda de memória,<br />

que vai acontecendo de forma vagarosa<br />

e silenciosamente e, portanto, não há<br />

um ‘ferimento exposto’. Muitas vezes o<br />

‘ferimento’ nas áreas emocional, mental<br />

e social são muito mais graves do<br />

que o físico, até porque esses pacientes<br />

têm dificuldade de entender.”<br />

A Reabilitação Física inicia no setting<br />

terapêutico (consultório, casa, quarto),<br />

ou seja, “começa delimitada em<br />

um cômodo, mas precisa ampliar.<br />

Precisa correr a casa inteira, circular<br />

pela comunidade, pegar um ônibus<br />

porque o setting terapêutico é muito<br />

protegido e o paciente vai precisar,<br />

em algum momento, voltar as suas<br />

atividades da vida real e, se não vivenciar<br />

essa realidade durante o tratamento,<br />

dificilmente saberá se defender<br />

dos obstáculos que encontrar.<br />

E esse é o papel do terapeuta ocupacional,<br />

identificar as dificuldades e<br />

trabalhá-las de forma que o paciente,<br />

mesmo que precise de ajuda, encare<br />

isso naturalmente. Afinal, estamos<br />

sempre solicitando e precisando de<br />

ajuda uns dos outros e isso faz parte<br />

do viver em sociedade”, ensina Dra.<br />

Marcia Rogério. A proposta da terapeuta<br />

ocupacional é “sair da zona de<br />

conforto, que é a repetição que se faz<br />

com os exercícios e que é necessária,<br />

e ir para a realidade. O paciente<br />

precisa ser reinserido na família e<br />

voltar aos papéis que exercia: esse<br />

é o objetivo do terapeuta ocupacional,<br />

devolvê-lo a seu cotidiano ou<br />

abrir-lhe novas frentes”.<br />

A especialista em Reabilitação Física,<br />

e uma das referências na área, afirma<br />

que “é um reaprendizado para todos:<br />

paciente, família, amigos e toda a sociedade<br />

que está inserida no contexto em<br />

que o paciente está estruturado, e é por<br />

isso que o terapeuta ocupacional precisa<br />

estar em contato com todos esses<br />

contextos”. E acrescenta: “o sucesso do<br />

tratamento depende de todos”. •<br />

<strong>revista</strong> do CREFITO-2 • Número 08 • Agosto de 2016 • 19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!