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ANO VIII • Nº <strong>91</strong> • JUlHO DE <strong>2017</strong> • R$ 10<br />
E C O N O M I A | P O L Í T I C A | E S P O R T E S | H U M O R | C U LT U R A<br />
PERIGO!<br />
CONSPIRAÇÕES DERRUBAM METADE<br />
DOS DIRIGENTES NAS EMPRESAS<br />
QUEM TRABALHA EM GRANDES ORGANIZAÇÕES DEVE SE PRECAVER<br />
CONTRA OS RISCOS QUE CORRE: HÁ SEMPRE ALGUÉM QUERENDO<br />
O SEU LUGAR. FALSOS AMIGOS QUEREM PUXAR O SEU TAPETE
16 22 32<br />
REPORTAGEM DE CAPA<br />
PUXAR O TAPETE:<br />
AINDA A MELHOR MANEIRA<br />
DE SE LIVRAR DO CHEFE<br />
Metade dos chefes e executivos são<br />
derrubados nas empresas – públicas<br />
ou privadas – por conta da conhecida<br />
puxada de tapete. Dois<br />
casos que ficaram famosos em<br />
Minas: a destituição do engenheiro<br />
Marco Antônio Castelo Branco da<br />
presidência da Usiminas e a do<br />
economista Paulo Brant da candidatura<br />
a prefeito de Belo Horizonte<br />
– justo na chapa abençoada pelo<br />
então prefeito Márcio Lacerda<br />
A CONDIÇÃO HUMANA<br />
VOCÊ NUNCA OUVIU<br />
PESSOAS INTELIGENTES<br />
DIZEREM ESSAS BOBAGENS<br />
Desculpa aí apelar pro antigo bordão,<br />
mas tem muita gente que se<br />
acha o ó do borogodó. Daí, exibemse<br />
como inteligentes, elegantes e<br />
por dentro de tudo. Mas não passam<br />
de pessoas chatas, que desconsideram<br />
o interlocutor, com<br />
frases absolutamente estúpidas. do<br />
tipo “Você está muito bem para sua<br />
idade!” Se você não consegue ser<br />
genuinamente gentil com as pessoas,<br />
é melhor ficar calado<br />
CARREIRAS<br />
COISAS QUE VOCÊ NUNCA<br />
DEVE DIZER NO PRIMEIRO<br />
DIA DE TRABALHO<br />
Tem gente que mal senta à mesa e<br />
vai perguntando se o pagamento<br />
sai no dia 30 ou só no mês seguinte.<br />
Nossas sugestões para<br />
essas ansiosas pessoas: muita<br />
calma. Você está chegando agora e<br />
já quer se sentar à janela? Há outras<br />
coisas que você nunca deve<br />
dizer logo de cara, como o fato de<br />
detestar fazer hora extra. Ou o que<br />
é pior: nunca pode chegar às oito<br />
da manhã porque mora longe<br />
ANO VIII - Nº <strong>91</strong> - <strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong><br />
ÍNDICE<br />
6 EDITORIAL<br />
8 NOMES & NOTAS<br />
26 PONHA A CABEÇA PRA PENSAR<br />
28 ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO<br />
30 A VIDA É BELA<br />
36 CARTA DO CANADÁ (Arthur Vianna)<br />
49 HORA EXTRA II<br />
50 RECADO FINAL (Ivani Cunha)<br />
52 PALAVRA DO LEITOR
38 42 46<br />
SEU MELHOR MÉDICO É VOCÊ<br />
SIGA AS SUGESTÕES E<br />
ACRESCENTE (MESMO)<br />
MUITOS ANOS À SUA VIDA<br />
Todos querem ter vida longa, mas<br />
poucos se esforçam para isso. Listamos<br />
12 sugestões que dão certo<br />
para aqueles que querem prolongar<br />
seus contados dias aqui na terra.<br />
Uma delas: caminhar cinco mil passos<br />
todos os dias. Faça sol ou<br />
chuva. (Em dias de chuva recomendamos<br />
que as caminhadas sejam<br />
em esteiras em aconchegantes<br />
academias.) E coisas para não se<br />
fazer: fumar que nem caipora<br />
INDUBITAVELMENTE<br />
APRESENTAMOS O MAPA<br />
INFALÍVEL PARA SE<br />
CONQUISTAR UM BOM MARIDO<br />
Ninguém quer viver na solidão, mas<br />
esse desejo não é suficiente para se<br />
conquistar uma boa companhia.<br />
Nossa colega Catarina Fonseca frequentou<br />
os lugares preferidos pela<br />
rapaziada (mesas de sinuca, campos<br />
de futebol, botequins etc.), para<br />
desvendar o que passa nos corações<br />
e mentes desse pessoal escorregadio.<br />
O que eles pensam das<br />
garotas e de seu estranho hábito de<br />
querer se casar<br />
HORA EXTRA I<br />
PROGRAMAS DIVERTIDOS E<br />
ESTIMULANTES. ACREDITE:<br />
NÃO CUSTAM NADA<br />
Todos acham que diversão custa<br />
caro. Não é verdade. Apresentamos<br />
uma série de programas alegres,<br />
fáceis de realizar – sem nenhum<br />
custo. Um deles: assistir ao programa<br />
do Luciano Hulk numa televisão<br />
da rodoviária. Contar carros<br />
que descem e sobem a avenida<br />
Afonso Pena. Outro: nadar na fonte<br />
luminosa da praça da Savassi, que<br />
nunca é protegida por policiais ou<br />
fiscais da prefeitura<br />
EXPEDIENTE<br />
Márcio Rubens Prado (IN MEMORIAM)<br />
31 2534-0600<br />
MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR<br />
durvalcg@yahoo.com.br<br />
E C O N O M I A |P O L Í T I C A |E S P O R T E S |H U M O R |C U L T U R A<br />
DIRETOR RESPONSÁVEL E EDITOR GERAL:<br />
Durval Guimarães<br />
EDITOR DE TEXTO: Carlos Alenquer<br />
PROGRAMAÇÃO VISUAL: Antônio Campos<br />
COLABORADORES:<br />
Adalberto Ferraz, Alexandre Correia,<br />
Antônio Porfírio, Arthur Vianna, Catarina<br />
Fonseca, Ivani Cunha, João Paulo Coltrane,<br />
José Antônio Severo, Marta Leite Ferreira,<br />
Paulo Solmucci, Rita Cipriano.<br />
IMAGENS:<br />
Creative Commons OCO<br />
REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Rua Canopus, 11 • Sala 5 • São Bento • CEP 30360-112 • Belo Horizonte • MG
EDITORIAL<br />
APESAR DA CRISE, TODOS<br />
QUEREMOS CONTINUAR BRASILEIROS<br />
Pedimos licença aos amáveis leitores<br />
para dividir o presente comentário<br />
em duas partes:<br />
PARTE 1. Muitos brasileiros adoram a crise<br />
– Os historiadores do passado diziam que<br />
o Brasil não era um único país, mas dois.<br />
Ha via dois Brasil. O dos ricos e o dos pobres.<br />
Nos últimos quarenta anos o país<br />
pros perou admiravelmente, a renda come -<br />
çou a ser distribuída e os bens econômicos<br />
estão sendo compartilhados.<br />
Mas, miseravelmente, as duas unidades<br />
de Brasil persistem. Em formas diferentes.<br />
Hoje, há o Brasil real, das agroindústrias<br />
operando a todo vapor, com a produção<br />
de petróleo atendendo praticamente ao<br />
consumo e com o analfabeti<strong>sm</strong>o praticamente<br />
extinto. O outro é o dos inimigos<br />
desse crescimento, que desejam uma crise<br />
eterna, pelo menos enquanto seu grupo<br />
político não ass<strong>alta</strong>r o poder novamente.<br />
Queremos destacar que o governo atual<br />
não é dos coxinhas nem dos mortadelas.<br />
Perguntaram, certa vez, ao banqueiro<br />
Olavo Setúbal, então principal acionista<br />
do Banco Itaú, porque a inflação jamais<br />
desaparecia, a despeito do enorme esforço<br />
para se acabar com ela.<br />
Com ao distanciamento daqueles que<br />
lidam com a mercadoria mais desejada<br />
no mundo – o dinheiro – o poderoso financista<br />
respondeu suavemente. “A inflação<br />
não é ruim para todos. Quando o mal<br />
é universal, as forças da humanidade se<br />
organizam para destruí-lo. Exatamente<br />
como fizeram com a varíola”.<br />
Com isso, afirmamos que há os crimi-<br />
nosamente interessados na crise sem fim.<br />
Em outras palavras, o Lava Jato mostrounos<br />
que todos os partidos políticos brasileiros<br />
são totalmente corruptos e dirigidos na<br />
maioria por odiosos ladrões. Ninguém se<br />
salva. Na verdade, nenhum brasileiro se surpreendeu<br />
quando os roubos apareceram.<br />
Porque então não aceitar que o atual governo<br />
conclua seu mandato em 18 meses e,<br />
findo esse lamentável período, se abram<br />
novas páginas para a história do Brasil. Esse<br />
pessoal tão aguerrido não aceitou de modo<br />
conformado mais de 20 anos de ditadura<br />
militar? Nós nos miramos na fala de Cristo<br />
para Madalena: “Vá e não peques mais”.<br />
Todos nós sabemos como são as notícias<br />
ameaçadoras. Elas são capazes de nos<br />
tirar a alegria de viver. E nos fazem esquecer<br />
as grandes conquistas dos últimos cinquenta<br />
anos, que colocaram o Brasil entre<br />
6<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
A CRISE ECONÔMICA ATINGE A POPULAÇÃO DE FORMA DIFERENTE. OS MAIS<br />
RICOS E OS MORADORES DE REGIÕES MAIS DESENVOLVIDAS SOFREM MENOS.<br />
MAS TODOS SE SENTEM GENUINAMENTE BRASILEIROS.<br />
TODOS PROTESTAM E RECLAMAM<br />
DAS INJUSTIÇAS MAS QUEREM,<br />
ORGULHOSAMENTE, CONTINUAR<br />
VERDE-E-AMARELO<br />
os dez países mais importantes do mundo.<br />
Então, a nossa proposta é de que os inimigos<br />
do governo (nós nos contentamos em<br />
ser, apenas, adversários) se limitem a combater<br />
a administração de Temer sob o ponto<br />
de vista da ética, mas sem atingir o país.<br />
Digam que vocês podem fazer melhor, mas<br />
trabalhem e deixem o país crescer. Temer<br />
desaparecerá na poeira do tempo, como<br />
Collor, Sarney, Fernando Henrique e Dilma.<br />
PARTE 2. Todos queremos continuar brasileiros<br />
– Os espanhóis não conseguem entender<br />
os brasileiros. Eles vivem num país<br />
menor que Minas Gerais mas os moradores<br />
de cada região – Catalunha e Galícia,<br />
Castela, La Mancha, Astúrias, Navarra,<br />
País Basco, entre outros – querem se separar<br />
para formar o próprio país.<br />
O motivo não será certamente a diversidade<br />
de línguas, pois todos eles, catalães,<br />
bascos, galegos, etc, também falam espanhol<br />
desde o berço. Enquanto eles se<br />
odeiam, no tiro e na facada, os brasileiros<br />
convivem orgulhosamente,com suas enormes<br />
diferenças, muitas vezes antagônicas.<br />
Diferenças, aqui, querem dizerm sobretudo,<br />
desigualdades sociais e econômicas.<br />
A exemplo de Minas Gerais, o Brasil são<br />
muitos. E nenhum deles nesses graves momentos<br />
pensa em se arranjar sozinho. Ninguém<br />
se sente especialmente injustiçado<br />
ou perseguido. Todos nos sentimos brasileiros.<br />
Afundamos juntos e emergiremos<br />
juntos. Nosso território cabe, folgadamente,<br />
15 espanhas. Parabéns a nós brasileiros<br />
que aprendemos a conviver com nossas<br />
diferenças. Não somos uma Croácia, uma<br />
Eslovênia uma Irlanda e por aí segue. Será<br />
isso uma benção de Deus?<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 7
NOMES&NOTAS<br />
A JUVENTUDE NOS CÁRCERES DA<br />
DITADURA, DOLOROSAMENTE VIVIDA<br />
PELA JORNALISTA MIRIAM LEITÃO<br />
JOSÉ ANTÔNIO SEVERO<br />
Ajornalista mineira Mirian<br />
Leitão, natural de<br />
Caratinga, comentarista<br />
da Rede Globo, colunista<br />
do jornal e ativa conferencista<br />
em eventos empresariais pelo<br />
país é a personagem principal,<br />
ao lado de seu ex-marido<br />
Marcelo Netto, do livro Em<br />
Nome dos Pais, em que o autor,<br />
Matheus Leitão, relata a<br />
prisão e tortura dos dois pelos<br />
serviços secretos do Exército, no Espírito<br />
Santo, em 1972.<br />
No livro, o autor, que é filho do casal, recapitula<br />
os horrores de sua mãe seviciada<br />
pelos militares e insultada aos gritos de<br />
“terrorista” enquanto era despida, humilhada,<br />
agredida e jogada numa cela imunda<br />
e escura com uma cobra jiboia de cinco<br />
metros; curiosamente, há dias narrou Mirian,<br />
ao ser admoestada dentro de um avião<br />
de passageiros por um grupo de militantes<br />
políticos fardados, que a ameaçavam aos<br />
gritos de “terrorista”, ela diz que se lembrou<br />
dos dias de chumbo da ditadura.<br />
O livro é uma obra literária que revela<br />
uma escola de texto de uma geração de<br />
jornalistas de meia idade que está chegando<br />
ao comando das redações. Também<br />
mostra ao leitor as minúcias do trabalho<br />
de um repórter clássico, o que hoje<br />
no jargão da imprensa se chama de “jornali<strong>sm</strong>o<br />
investigativo”. O leitor acompanha<br />
passo a passo a determinação,<br />
o rigor e, também, muito importante,<br />
vai com o autor gastando<br />
sapatos atrás da notícia.<br />
Respira velhos dossiês embolorados<br />
no fundo dos arquivos,<br />
sobe morros e procura sobreviventes;<br />
usa os recursos da<br />
tecnologia (gravadores e câmeras)<br />
sempre, para se resguardar.<br />
Matheus sempre informa<br />
a seus interlocutores<br />
que é repórter e diz o que está fazendo.<br />
Mais ainda: ele se vale de forma muito<br />
efetiva da Lei de Acesso à Informação.<br />
Tempos modernos de um me<strong>sm</strong>o país.<br />
A narrativa em si é muito interessante.<br />
A começar pelo nome do autor, Matheus,<br />
que era o codinome de seu pai na clandestinidade.<br />
A ditadura é um pano de<br />
fundo. Quase não se vê em seu lado essencial:<br />
um regime que tinha no comando<br />
político velhos generais da ativa de quatro<br />
estrelas (com mais de 60 anos) e a máquina<br />
administrativa aparelhada por um<br />
enxame de oficiais da reserva; do outro<br />
lado, a fina flor da juventude brasileira.<br />
No teatro de operações um grupo minúsculo<br />
de estudantes universitários idealistas<br />
(a célula retratada, do PCdoB capixaba<br />
contava com 30 militantes) contra<br />
também jovens oficiais do Exército, tenentes<br />
e capitães, num combate desigual travado<br />
nos porões imundos de quartéis de<br />
8<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
MATHEUS LEITÃO, FILHO DE MIRIAM E MARCELO<br />
Vitória e Rio de Janeiro. Há cenas pungentes,<br />
como o pai do autor, Marcelo, trancafiado<br />
numa solitária da Vila Militar, jogando<br />
xadrez de memória, sem tabuleiro, movendo<br />
as por sinais precários, como nas<br />
novelas de Alexandre Dumas, com seu<br />
companheiro de suplício, o jornalista Jorge<br />
Luiz de Souza, num cubículo ao lado, também<br />
brutalmente torturado na fase de interrogatórios.<br />
O país andou muito ou muito pouco<br />
até chegar ao mundo de Matheus Leitão:<br />
Os velhos generais, coronéis e tenentes<br />
coronéis de 1964 morreram e foram<br />
deixando um vazio ocupado por<br />
seus adversários do MDB autêntico de<br />
Tancredo Neves, Ulisses Guimarães,<br />
Franco Montoro, Pedro Simon, Marcos<br />
Freire e tantos outros; estes também foram<br />
deixando o quadro político para a<br />
geração seguinte, que chegou ao poder<br />
com os tucanos de Fernando Henrique,<br />
numa transição para os jovens da guerrilha,<br />
que chegam à presidência com<br />
Dilma Rousseff, uma menina dos tempos<br />
recuperados no livro e que governava<br />
a República enquanto o autor vasculhava<br />
arquivos e percorria os<br />
caminhos dos oprimidos e opressores.<br />
Mal ficaram os operadores da Guerra<br />
Suja: a maior parte morreu sem glória,<br />
muitos atormentados e frustrados, pois<br />
seus chefes boicotaram suas carreiras.<br />
Hoje, seus filhos ouvem atônitos às perguntas<br />
de Matheus e, até me<strong>sm</strong>o, expressam<br />
simpatia pela luta dos inimigos de<br />
seus pais. É um ponto alto do livro os encontros<br />
dessa segunda geração, os filhos<br />
de torturados e torturadores.<br />
Me<strong>sm</strong>o sem descartar a emoção inerente<br />
à sua posição, Matheus apresenta<br />
uma matéria objetiva, muito útil para as<br />
novas gerações entenderem o lado humano<br />
daqueles tempos terríveis, sem os<br />
clichês (estenótipos) recorrentes. Leitura<br />
fácil de um texto feito com talento e correção.<br />
Em Nome dos Pais está, justificadamente,<br />
se convertendo em best seller.<br />
Um livro fundamental.<br />
Em Nome dos Pais<br />
448 páginas<br />
Editora Intrínseca<br />
R$ 49,00<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 9
AS PESSOAS PREFEREM<br />
UMA SOCIEDADE DESIGUAL,<br />
SE FOR MAIS JUSTA<br />
“SOMOS TODOS IRMÃOS”, DIZIA JESUS. MAS OS IRMÃOS NÃO<br />
TÊM A MESMA CONTA BANCÁRIA. UM NOVO ESTUDO,<br />
REVOLUCIONÁRIO, VEM MOSTRAR QUE A DESIGUALDADE<br />
PODE SER TOLERADA, SE FOR CONSIDERADA JUSTA<br />
ALEXANDRE CORREIA<br />
Os números são conhecidos e costumam<br />
ser chocantes: 1% da população<br />
mundial tem exatamente<br />
a me<strong>sm</strong>a riqueza do que os restantes 99<br />
por cento, segundo a organização não-governamental<br />
britânica Oxfam, baseado em<br />
dados do banco Credit Suisse.<br />
O me<strong>sm</strong>o relatório mostra ainda uma<br />
concentração da riqueza inusitada: as 62<br />
pessoas mais ricas do mundo têm o<br />
me<strong>sm</strong>o do que a metade mais pobre da<br />
população mundial, ou seja, têm tanto<br />
quanto 3,75 milhões de pessoas.<br />
Ao longo dos anos, não f<strong>alta</strong>m estudos a<br />
mostrar que o ser humano se revolta contra<br />
a desigualdade, pendendo naturalmente<br />
para a igualdade. O jornal britânico The<br />
Guardian cita alguns desses estudos, exaustivos,<br />
muitos deles levados a cabo com grupos<br />
de crianças a partir dos três anos.<br />
Me<strong>sm</strong>o nas mais tenras idades, as<br />
crianças tendem a distribuir os recursos<br />
que lhes são fornecidos de forma igualitária<br />
entre os seus pares, uma tendência<br />
que se reforça com o crescimento.<br />
A “aversão à desigualdade” não é apenas<br />
uma expressão do politicamente correto; é<br />
algo intrínseco à natureza humana, tem<br />
dito a ciência, me<strong>sm</strong>o quando são estudadas<br />
diferentes culturas e diferentes grupos<br />
sociais, incluindo as pessoas mais ricas.<br />
Por isso é que o estudo Building a Better<br />
America − One Wealth Quintile at a Time, dos<br />
professores de Gestão e de Psicologia Michael<br />
I. Norton and Dan Ariely, está causando<br />
imensa surpresa nos meios intelectuais.<br />
É verdade que o estudo mostra que as<br />
pessoas preferem a igualdade à atual situação;<br />
mas também sugere que não estão<br />
preocupadas com grandes fossos sociais<br />
e que até aceitariam bem que os<br />
20% do topo tivessem três vezes mais dinheiro<br />
do que os 20% do fundo.<br />
Ouvidas pessoas em 16 países, tanto<br />
de esquerda como de direita, os autores<br />
concluíram que “existe um certo desejo<br />
pela desigualdade – nem muito igual nem<br />
muito desigual”, afirma Michael Norton.<br />
A rejeição pela distribuição totalmente<br />
igualitária da riqueza tem uma razão, acreditam<br />
os autores: o sentido de justiça ou o<br />
mérito. Quando se introduzem estes conceitos<br />
nos estudos sobre as desigualdades,<br />
as conclusões mudam rapidamente.<br />
10<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
E a justiça pode não ter nada a ver com<br />
a recompensa por uma longa vida de trabalho<br />
ou pelo mérito. Mas se uma pessoa<br />
ganhar a loteria, por exemplo, é justo que<br />
tenha muito mais dinheiro do que a outra,<br />
a desigualdade torna-se aceitável.<br />
Outros argumentos para a tolerância à<br />
desigualdade passam pela mobilidade social<br />
(a ideia de que quem trabalha muito<br />
sobe na vida e que a pobreza está associada<br />
à preguiça ainda persiste) ou<br />
me<strong>sm</strong>o pela inveja do outro (como a “minha<br />
galinha” tem de ser melhor do que a<br />
do meu vizinho, é bom que ele esteja uns<br />
degraus abaixo na escala social).<br />
E, de repente, aquela ideia bonita da<br />
aversão intrínseca do ser humano à desigualdade<br />
já não parece tão lógica.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 11
A CIÊNCIA ACONSELHA:<br />
NÃO FAÇA HOJE O QUE VOCÊ<br />
PODE ADIAR PARA AMANHÃ<br />
OSCAR WILDE ERA UM ESPECIALISTA NA ARTE DE PROCRASTINAR.<br />
“NUNCA DEIXO PARA AMANHÃ O QUE POSSO FAZER DEPOIS DE<br />
AMANHÔ, DIZIA. SEGUNDO PESQUISAS CIENTÍFICAS, ESTAVA CERTO<br />
RITA CIPRIANO<br />
Quase um sinônimo perfeito de “adiar”,<br />
“procrastinar” significa evitar as tarefas<br />
importantes, substituindo-as por<br />
outras. Um procrastinador tende a deixar<br />
para o fim aquelas coisas que tem me<strong>sm</strong>o<br />
de fazer, distraindo-se facilmente por tarefas<br />
menos importantes mas que, para ele, são<br />
mais interessantes ou divertidas.<br />
Apesar de a procrastinação ser bastante<br />
comum (estima-se que cerca de 95% das<br />
pessoas o façam), é mais frequente nos<br />
jovens e principalmente nos estudantes<br />
universitários. Como diz a brilhante jornalista<br />
inglesa Rowan Pelling, um autoproclamado<br />
membro do grupo dos procrastinadores,<br />
a procrastinação é a maldição do<br />
estudante.”Para que servem as bibliotecas<br />
das universidades se não para olhar para<br />
o infinito, para ver colegas sexy, ligar o iTunes<br />
ou planejar a próxima balada?”.<br />
TEMOR AO ERRO. Mas a procrastinação pode<br />
não ser apenas provocada por preguiça<br />
ou f<strong>alta</strong> de concentração. Alguns estudiosos<br />
defendem que as causas vão desde o<br />
perfeccioni<strong>sm</strong>o e o medo de falhar à fadiga,<br />
frustração, rebelião ou me<strong>sm</strong>o dificuldades<br />
em lidar com tarefas complexas.<br />
De acordo com o jornal The Guardian, existem<br />
dois tipos de procrastinadores – os<br />
caóticos e os perfeccionistas. Os caóticos<br />
são, normalmente, pessoas pouco ambiciosas<br />
e pouco persistentes, impulsivas e<br />
desorganizadas. Por outro lado, os perfeccionistas<br />
são aqueles que não se atrevem<br />
a agir. Costumam ser rebeldes, desagradáveis<br />
e até me<strong>sm</strong>o hostis e não gostam<br />
que nenhum horário lhes seja imposto.<br />
Apesar de a maioria das pessoas procrastinarem<br />
casualmente, existem aqueles<br />
PROFESSOR PIERS STEEL,<br />
DA UNIVERSIDADE DE CALGARY<br />
12<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
que o fazem regularmente – os chamados<br />
procrastinadores crônicos. Joseph Ferrari<br />
da Universidade de DePaul de Chicago,<br />
autor de importante trabalho sobre o<br />
tema, garante que 20% da população<br />
mundial sofre de procrastinação crônica,<br />
uma condição que não só complica as<br />
suas vidas, como as torna mais curtas.<br />
PROFESSOR JOSEPH FERRARI,<br />
DA UNIVERSIDADE DEPAUL DE CHICAGO<br />
SEM GRANA E INFELIZES. De acordo com alguns<br />
estudos, os procrastinadores crônicos<br />
têm menos dinheiro, são menos saudáveis<br />
e menos felizes. Tendem também a ser<br />
pessoas ansiosas e a sofrer de uma baixa<br />
autoestima ou de f<strong>alta</strong> de confiança. E ao<br />
contrário do que se diz, o melhor trabalho<br />
nunca é feito sobre pressão e em cima do<br />
prazo. “O trabalho feito no último minuto<br />
tem mais erros do que aquele que é feito<br />
a tempo”, admite a jornalista Pelling.<br />
Apesar de geralmente associada a aspetos<br />
negativos, há também quem olhe<br />
para a procrastinação de maneira positiva.<br />
A psicóloga Anna Abramowski da Universidade<br />
de Londres é uma dessas pessoas.<br />
Para ela, “os indivíduos que procrastinam<br />
ativamente mostram um certo nível de<br />
autossuficiência, autonomia e autoconfiança<br />
porque têm consciência dos riscos”<br />
que correm ao completarem as tarefas<br />
nos últimos minutos e sob pressão.<br />
Nas últimas décadas, houve um aumento<br />
de entre 300% a 400% de procrastinação,<br />
segundo a TV BBC, da Inglaterra. Para o<br />
psicólogo Piers Steel, isto significa que “estamos<br />
realmente entrando na era dourada<br />
da procrastinação”. Piers Steel gosta de<br />
pensar que ele é um dos principais pesquisadores<br />
e palestrantes do mundo na ciência<br />
da motivação e da procrastinação. Reputação<br />
não lhe f<strong>alta</strong>: além de ser um procrastinador<br />
praticante desde a mais tenra idade,<br />
Piers é professor de recursos humanos na<br />
universidade da Calgary, Canadá.<br />
ATÉ TU, LEONARDO? Apesar de ser algo inerente<br />
ao ser humano, como refere Steel,<br />
“o ambiente certo” pode tornar maior a<br />
tendência para a procrastinação. “E desenvolvemos<br />
esse ambiente nos últimos<br />
50 anos”, acrescenta. A evolução tecnológica<br />
e a invasão do ambiente de trabalho<br />
por computadores, tablets e todo o tipo<br />
de gadgets, criou as condições necessárias<br />
para a dispersão de nossas forças e da<br />
nossa concentração. Aumentamos a nossa<br />
proximidade com a tentação”, disse Steel.<br />
De qualquer forma, se você sente alguma<br />
culpa em adiar coisas importantes que deveriam<br />
ser feitas hoje, apoie-se em Leonardo<br />
da Vinci, o célebre pintor que era também<br />
um mestre da procrastinação. Apesar da<br />
obra extensa, rica em esboços, não são muitos<br />
os quadros que terminou. A Mona Lisa,<br />
por exemplo, demorou 16 anos para ser completada.<br />
E a Última Ceia apenas foi acabada<br />
porque o seu mecenas, Ludovico Sforça, duque<br />
de Milão, ameaçou-lhe cortar a verba.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 13
ANTÔNIO JÚLIO LAMENTA A VENDA<br />
DE TODO O PATRIMÔNIO DE MINAS<br />
Ainda indeciso se tentará retornar<br />
à Assembleia Legislativa, o exprefeito<br />
de Pará de Minas, Antônio<br />
Júlio lamenta como os mineiros se<br />
tornaram volúveis nos últimos anos. Ele<br />
lembra que em 1992 houve uma grande<br />
campanha popular para se impedir a<br />
venda do prédio do Ipsemg, na Praça<br />
da Liberdade. O comprador seria o<br />
grupo Fasano, que pretendia construir<br />
um hotel de luxo no local.<br />
Diante da reação enfurecida da população,<br />
o governador Anastasia cancelou<br />
a licitação e o imóvel se tornou<br />
um escombro por trás de tapumes que<br />
anunciam a construção de uma escola<br />
de arte no local.<br />
Enquanto fala no assunto, Antônio<br />
Júlio lamenta que o governo de Minas,<br />
que era oposição na época , tenha assinado<br />
lei autorizado a criação de fundos<br />
imobiliários para gerenciar a venda de<br />
todo o patrimônio de Minas, para qualquer<br />
pessoa.<br />
Nacionais ou estrangeiros podem<br />
tudo adquirir, incluindo a sede do governo,<br />
que está localizada na Cidade<br />
Administrativa. A população, que se<br />
mostrou participativa na época, não esboçou<br />
nenhuma reação.<br />
14<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
RAÍLA MELO/ALMG<br />
DEPUTADO ANTÔNIO JÚLIO:<br />
CIDADE ADMINISTRATIVA SERÁ<br />
DE QUEM OFERECER MAIS<br />
DINHEIRO<br />
ALÉM DE APITO, ÍNDIO QUER<br />
DIRETORIA NUM BANCO, O BDMG<br />
OCongresso Nacional vai deliberar<br />
nas próximas semanas sobre<br />
uma lei que obriga as empresas<br />
cotadas na Bolsa a terem um terço de<br />
mulheres nos conselhos de administração<br />
e nos órgãos de fiscalização. O<br />
me<strong>sm</strong>o ocorrerá com empresas públicas,<br />
como a Cemig, a Copasa e a Petrobras.<br />
A Copasa já é dirigida por uma<br />
mulher e sabe-se como foi difícil no<br />
Partido dos Trabalhadores, encontrar<br />
uma mulher com perfil adequado para<br />
exercer o cargo. É pena que a igualdade<br />
tenha de ser imposta dessa maneira,<br />
mas sempre é melhor que nada. Mais<br />
para frente a lei será aplicada a outros<br />
grupos discriminados ou sub-representados,<br />
exigindo-se a presença de negros,<br />
homossexuais e índios na diretoria<br />
dos estabelecimentos. Não deve demorar<br />
a nomeação de um crenaque ou<br />
maxacali na presidência do BDMG-<br />
Banco de Desenvolvimento de Minas<br />
Gerais – o que será uma feliz reparação<br />
de grande injustiça imposta aos primeiros<br />
habitantes do estado.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 15
REPORTAGEM DE CAPA<br />
COMO AGEM OS<br />
PUXADORES DE TAPETE<br />
PARA TOMAR<br />
O SEU EMPREGO<br />
QUEM TRABALHA EM GRANDES<br />
ORGANIZAÇÕES – PÚBLICAS OU<br />
PRIVADAS – NÃO IMAGINA QUE, A<br />
CADA HORA, SEMPRE HÁ ALGUÉM<br />
AFIANDO A GUILHOTINA PARA CORTAR<br />
O SEU PESCOÇO. ÀS VEZES, VOCÊ<br />
CONTRIBUI COM SEU ESTOPIM CURTO<br />
OU SUA IMENSA DISTRAÇÃO<br />
Bem-vindo,<br />
chefe!<br />
Você será<br />
muito feliz aqui.<br />
e Pode contar<br />
comigo!<br />
DURVAL GUIMARÃES<br />
As conspirações no interior das empresas<br />
– geralmente promovidas<br />
pela inveja satânica de funcionários<br />
subalternos – foram responsáveis, nos últimos<br />
dez anos, pela demissão de mais<br />
da metade dos presidentes de empresas<br />
privadas e instituições públicas, nos Estados<br />
Unidos e no Brasil, desde o ano 2000.<br />
A estatística americana foi citada pela<br />
revista Fortune e a sua repetição nas empresas<br />
brasileiras é confirmada por informações<br />
colhidas por esta reportagem em<br />
cinco empresas de recrutamento conhecidas<br />
como headhunters.<br />
O termo inglês headhuntersignifica, lite-<br />
16<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
almente, “caçador de cabeças”. A sua função<br />
consiste em conquistar os melhores<br />
profissionais do mercado em áreas executivas.<br />
Normalmente, eles são procurados<br />
por grandes empresas que pretendem contratar<br />
o profissional ideal para suas organizações.<br />
A função é semelhante à de olheiros<br />
do futebol, que recrutam para os clubes<br />
europeus os talentos que despontam no<br />
mundo, como Neymar, Messi e os dois Ronaldos.<br />
A realidade, porém é irônica: na<br />
prática, os headhunters apenas identificam<br />
as cabeças que mais tarde serão degoladas<br />
pelos conspiradores, também chamados<br />
de “puxadores de tapetes”, assim que assumem<br />
seus invejados cargos.<br />
ASCENSÃO E QUEDA. É sobre este tema, a der -<br />
rubada de executivos por conspirações, que<br />
a presente reportagem vai se debruçar. Não<br />
se trata de assunto pequeno, ou de insignificantes<br />
escaramuças no interior das or -<br />
ganizações. São verdadeiras ações de guer -<br />
ras que muitas vezes levam as empresas à<br />
falência e imobilizam governos. Nos Es tados<br />
Unidos, onde há estatísticas detalhadas a respeito<br />
de tudo, na última década os conspiradores<br />
causaram prejuízos de mais de US$<br />
100 bilhões às empresas, em decorrência de<br />
indenizações e prejuízos comerciais.<br />
No Brasil, esses números escandalosos<br />
são desconhecidos. Mas quanto custou à<br />
Usiminas a conspiração que levou à demissão<br />
do seu presidente Marco Antônio Castelo<br />
Branco em abril de 2010? Também a encorpada<br />
biografia “Roberto Civita, o dono da<br />
banca”, com quase 600 páginas e lançado<br />
no Natal passado, mostra como as conspirações<br />
correm soltas na intimidade das grandes<br />
organizações, como a Editora Abril.<br />
O GENRO DA GUILHOTINA. O livro do jornalista<br />
Carlos Maranhão pretendia traçar a biografia<br />
parcialmente autorizada do ex-presidente<br />
daquela editora, pois o biografado morreu<br />
antes da publicação. Quando faleceu, em<br />
2013, aos 76 anos, Civita tinha comandado<br />
por mais de duas décadas a maior editora<br />
de revistas da América Latina, que chegou<br />
a editar 350 títulos, entre eles as revistas<br />
Veja e Exame. Detinha mais de 10 mil funcionários,<br />
entre os quais 900 jornalistas<br />
que trabalhavam em 54 redações.<br />
Embora não tivesse esse propósito, o livro<br />
relata a miríade de conspirações que<br />
ocorreram na organização, como, por<br />
exemplo, o processo de sucessão de todos<br />
os chefes de redação da revista Veja e<br />
quase todos da Exame. A primeira puxada<br />
de tapete na Veja começou com a destituição<br />
do seu famoso editor Mino Carta e<br />
se repetiu com a saída de Mário Sérgio<br />
Conti, Tales Alvarenga e Eurípedes Alcântara,<br />
entre outros. Mas a carnificina não<br />
se limitou a briga de jornalistas. O então<br />
ROBERTO CIVITA, EX-PRESIDENTE DA EDITORA ABRIL<br />
444<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 17
vice presidente Fábio Coletti Barbosa foi<br />
decapitado por ordens de Jairo Leal, um<br />
subalterno, que descobriu uma maneira<br />
maquiavélica para chegar ao topo do poder:<br />
tornou-se o namorado da filha do Civita,<br />
de nome Roberta. É quase certo que<br />
as guilhotinas que decapitaram mais de<br />
18 mil pessoas na Revolução Francesa, trabalharam<br />
menos que as lâminas a serviço<br />
dos puxadores de tapete na Editora Abril.<br />
TROCANDO O SENA PELO ARRUDAS. Mas voltemos<br />
ao engenheiro Marco Antônio Castello<br />
Branco, procurado pessoalmente por<br />
Wilson Nélio Brumer, então presidente do<br />
Conselho de Administração da Usiminas,<br />
para assumir o comando da empresa. Não<br />
havia dúvidas de que era o homem ideal.<br />
No seu invejadíssimo currículo, cons tavam<br />
importantíssimos cursos – como o doutorado<br />
em siderurgia na Alemanha. Foi ele<br />
também o idealizador e construtor da siderúrgica<br />
do grupo em Jeceaba, a 150 quilômetros<br />
de Belo Horizonte. Havia mais de<br />
quatro décadas que não se construía uma<br />
usina no estado, embora Minas Gerais fosse<br />
o maior produtor de minério do país.<br />
Jamais se tornou público o valor do salários,<br />
“luvas” e outros benefícios prometidos a<br />
Castelo Branco para que ele abandonasse o<br />
seu deslumbrante gabinete de vice presidente<br />
mundial do Grupo Vallourec, próximo ao rio<br />
Sena, em Paris. O convidado pediu apenas<br />
algumas semanas para comunicar seus novos<br />
planos aos estupefatos empregadores da<br />
época. E, naturalmente, para empacotar a<br />
mudança de volta a Belo Horizonte.<br />
UM TITANIC PELA FRENTE. Relatórios de empresas<br />
nunca são merecedores de total confiança<br />
e eles apresentaram a Usiminas como<br />
uma siderúrgica absolutamente fantástica,<br />
eventualmente atingida por passageiras dificuldades<br />
de gestão. Havia um presidente<br />
cansado – Rinaldo Campos – que deveria<br />
ser substituído após 17 anos no cargo. Tudo<br />
18<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
coisa muito simples – e, caso fosse um navio,<br />
a usina foi diagnosticada como um admirável<br />
barco atingido por inocente vazamento, reparável<br />
com alguns pontos de solda.<br />
Logo no primeiro dia de gestão, Castelo<br />
Branco percebeu que o buraco era mais embaixo.<br />
Não um único rombo, mas centenas,<br />
que transformaram o casco do navio numa<br />
verdadeira tábua de pirulitos. E o que é pior:<br />
a embarcação se encontrava em pleno<br />
oceano, num mar revolto, distante de qualquer<br />
porto e cercado de tubarões por toda<br />
parte. Não havia como competir no mercado,<br />
inundado por produtos mais baratos.<br />
Castelo Branco assumiu o comando do<br />
transatlântico e tentou fazer o que mandava<br />
o figurino: demitiu três mil pessoas ociosas,<br />
trocou a diretoria, suspendeu uma miríade<br />
de benefícios e cortou todas as despesas<br />
que lhe pareciam irregularidades, como<br />
pagar o aluguel e outras despesas do sindicato<br />
dos trabalhadores para comprar o<br />
silêncio dos sindicalistas. Ele confiava na<br />
carta branca que recebera dos acionistas,<br />
em 2008, quando assumiu a presidência,<br />
para mudar a cultura da companhia, fortemente<br />
marcada pelos 17 anos de comando<br />
do ex-presidente Rinaldo Campos Soares<br />
– que continua na empresa como membro<br />
do Conselho de Administração.<br />
MOTIM A BORDO. A embarcação simple<strong>sm</strong>ente<br />
caminhava para o naufrágio. Os prejuízos<br />
que apareciam nas demonstrações<br />
contábeis não eram dificuldades transitórias,<br />
como foram apresentadas ao novo presidente,<br />
mas tenebrosas pontas de um iceberg<br />
financeiro capaz de nocautear o Titanic.<br />
A siderúrgica se habituara a surfar nos tempos<br />
em que as matérias primas, como o<br />
minério de ferro, o carvão e energia elétrica<br />
eram praticamente gratuitas. Subitamente,<br />
o preço dessas mercadorias (commodities)<br />
foi lá nas grimpas, como a tonelada de minério<br />
que passou de 16 para 180 dólares. A<br />
Usiminas não dispunha de jazidas de ferro<br />
ou de carvão mineral nem usina hidrelétrica<br />
para movimentar suas máquinas. E o apagão<br />
do governo Fernando Henrique simple<strong>sm</strong>ente<br />
ameaçava parar a fábrica.<br />
As mudanças aborreceram parte dos<br />
funcionários que não eram apenas empregados,<br />
mas também acionistas. Eles<br />
formavam uma caixa de empregados, que<br />
participavam do comando acionário e tocavam<br />
a empresa a seu modo: não queriam<br />
nenhuma mudança e se organizaram<br />
num exército de puxadores de tapetes jamais<br />
visto em qualquer empresa do planeta.<br />
Descumpriram ordens, espalharam<br />
boatos por toda parte, estimularam a formação<br />
de manifestações e greves. Também<br />
foram à Justiça acusar o presidente<br />
MARCO ANTONIO CASTELLO BRANCO,<br />
EX-PRESIDENTE DA USIMINAS 444<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 19
de ter submetido executivos a assédio moral<br />
e sexual durante treinamentos realizados<br />
pela consultoria SID APA, do médico<br />
e antropólogo Ely Bonini.<br />
A INTRIGA CHEGA A TÓQUIO. E mais: convenceram<br />
um importante jornal da capital a se<br />
tornar porta voz das suas denúncias, como<br />
se o problema não fosse uma reação de poderosos<br />
e riquíssimos empregados insatisfeitos,<br />
mas uma cruzada em defesa dos destinos<br />
da economia mineira. Não se sabe<br />
quanto custou essa operação de propaganda<br />
aos insurgentes. À época, a Usiminas era a<br />
segunda maior empresa com sede em Minas<br />
Gerais, logo abaixo da Fiat Automóveis. Segundo<br />
afirmou aquela publicação, de forma<br />
dramática, para onde a Usiminas descambasse<br />
os mineiros iriam atrás. Sim, a roupa<br />
suja deixou de ser lavada em casa.<br />
Foi uma campanha animalesca”, revelou<br />
Castelo Branco ao jornal Estado de São<br />
NÃO PARECE, MAS OS<br />
PUXADORES DE TAPETE ESTÃO<br />
EM TODA PARTE. ATÉ NA POLÍTCA<br />
Aconspiração por meios de desestabilização<br />
de tapetes não é, infelizmente,<br />
um veneno servido apenas<br />
no meio empresarial. Ele é também encontrado<br />
em taças que circulam sobre<br />
bandejas prateadas em reuniões, encontro<br />
e decisões políticas. Um exemplo assombroso<br />
dessa conspiração foi a cicuta oferecida<br />
friamente pelo então prefeito de<br />
Belo Horizonte, Marcio Lacerda, ao economista<br />
Paulo Brant.<br />
Poucos entenderam o surpreendente<br />
convite feito por Lacerda ao executivo Brant<br />
para se tornar o candidato à sua sucessão<br />
na prefeitura de Belo Horizonte. Mas a política<br />
é feita quase sempre com candidatos<br />
“in pectore”. Esse termo latino, literalmente<br />
“do peito”, é empregado para designar um<br />
cardeal que o Papa nomeou e cujo nome<br />
não compartilhou com ninguém. Foi, por<br />
exemplo, a nomeação do cardeal Dom Serafim,<br />
por escolha pessoal do Papa João<br />
Paulo II, após sua consagradora recepção<br />
em Belo Horizonte em 1º de julho de 1980.<br />
Segundo Brant, a proposta foi formulada<br />
num clima de muita emoção no velório do<br />
irmão, o poeta Fernando Brant. Consciente<br />
de que a política é o melhor caminho para<br />
se transformar o país, Paulo aceitou o convite,<br />
me<strong>sm</strong>o sabendo dos enormes prejuízos<br />
financeiros do gesto, pois era presidente<br />
da fábrica de celulose Cenibra, com<br />
salário superior a R$100 mil. O velório foi<br />
na noite de 12 de junho de 2015.<br />
Imediatamente, Brant assumiu a condição<br />
de candidato e mergulhou na campanha.<br />
Inesperadamente, na noite de 5 de<br />
agosto,o candidato foi procurado por três<br />
emissários de Lacerda – todos funcionários<br />
do segundo e terceiro escalão da prefeitura<br />
– para informar ao economista que o apoio<br />
do prefeito à sua candidatura fora retirado,<br />
inviabilizando seu projeto político.<br />
Brant se mostrou bastante decepcio-<br />
20<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
Paulo.“Estão chegando cartas anônimas no<br />
Japão, para o presidente do Conselho da<br />
Nippon Steel, um dos acionistas majoritários.<br />
E eles não estão gostando disso. Hoje,<br />
eu gasto 40% do meu tempo dando explicação,<br />
visitando, recebendo, convidando as<br />
pessoas para vir e ver em vez de acreditar<br />
no que estão dizendo por aí. Trata-se de um<br />
fuxico corporativo absurdo”, lamentou.<br />
A conspiração contra Castelo Branco<br />
foi a mais assombrosa ocorrida contra um<br />
executivo no meio empresarial mineiro,<br />
desde que Bernardo Mascarenhas inaugurou<br />
a primeira indústria em Minas, a<br />
fábrica de tecidos Cedro, em Sete Lagoas,<br />
no ano de 1874. A sua destituição só piorou<br />
a situação da Usiminas, que atualmente<br />
troca de presidente a cada seis meses,<br />
viu o valor de suas ações virar pó e<br />
apresenta um endividamento que não será<br />
coberto pela venda da empresa, caso apareça<br />
algum comprador.<br />
PAULO BRANT<br />
MARCIO LACERDA<br />
nado, já que, segundo ele, pela manhã havia<br />
se encontrado com Marcio Lacerda, na<br />
casa dele, e recebido palavras de encorajamento.<br />
Ele foi informado sobre a decisão<br />
do prefeito quando estava num jantar de<br />
despedida dos colegas de trabalho, já que,<br />
para concorrer ao cargo, pediu demissão<br />
na quarta-feira. “Pela manhã, ele (Lacerda)<br />
disse: ‘Vamos!’. Á noite, três emissários<br />
dele me procuraram e disseram que ele<br />
não mais apoiava a candidatura. Não estou<br />
magoado, mas decepcionado, já que ele<br />
não teve a dignidade de falar diretamente<br />
comigo”, reclamou Brant.<br />
Muitos dias depois o prefeito, revelou<br />
que retirou o apoio porque fora informado<br />
de acusações contra a conduta de Brant<br />
como dirigente do Banco de Desenvolvimento<br />
de Minas Gerais.<br />
Mas essa acusação, no entanto, jamais<br />
prosperou.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 21
A CONDIÇÃO HUMANA<br />
PESSOAS<br />
MUITO INTELIGENTES<br />
NUNCA DIZEM COISAS ASSIM<br />
TUDO O QUE DIZEMOS É SUJEITO À<br />
INTERPRETAÇÃO DOS OUTROS. PARA EVITAR<br />
MAL ENTENDIDOS, UM ESPECIALISTA EM<br />
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL APONTA NOVE<br />
FRASES QUE NUNCA DEVEM SER USADAS. E<br />
SUGERE AS SUBSTITUTAS<br />
ADALBERTO FERRAZ<br />
Oquestionário foi apresentado a<br />
mais um milhão de pessoas,<br />
pela TalentSmart, empresa que<br />
se dedica a serviços relacionados com<br />
a inteligência emocional. O objetivo<br />
era o de verificar se nós, sempre preocupados<br />
com o que vamos falar, temos noção<br />
dos danos que causamos nos interlocutores<br />
com nosso palavrório.<br />
O resultados dessa extensíssima pes-<br />
22<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
quisa foi publicada no LinkedIn por, Travis<br />
Bradberry, presidente da TalentSmart.<br />
Ele revela que dizemos, muitas vezes,<br />
coisas que são interpretadas de forma<br />
muito diferente da nossa intenção, porque<br />
não percebemos as suas implicações.<br />
“F<strong>alta</strong>-nos a capacidade de perceber<br />
as emoções e experiências das<br />
outras pessoas”, explicou.<br />
Segundo Bradberry, uns “pequenos<br />
1. “VOCÊ PARECE CANSADO”<br />
Que aspecto tem uma pessoa cansada?<br />
Olheiras, cabelo descuidado, dificuldades<br />
de concentração, irritação...<br />
Não é um quadro bonito, não é verdade?<br />
Dizer a alguém que parece cansado<br />
implica tudo isto. Mais vale perguntar:<br />
“Está tudo bem?” Essa<br />
pequena frase demonstra sua preocupação<br />
com o amigo, ao invés de<br />
abatê-lo ainda mais.<br />
2. “VOCÊ SEMPRE” OU “VOCÊ NUNCA”<br />
Para começar, isso de “nunca” e<br />
de “sempre” não é verdade. Além<br />
disso, as frases com estas palavras<br />
fazem os outros ficarem imediatamente<br />
na defensiva e cortam grande<br />
ajustes” na forma de falar são suficientes<br />
para melhorar as relações. E as frases<br />
que se seguem cabem na lista das que<br />
as pessoas com elevada inteligência<br />
emocional evitam a todo custo:<br />
parte da possibilidade de diálogo. É<br />
melhor apontar diretamente o caso<br />
concreto e, se for relevante a regularidade<br />
com que ele ocorre, acrescentar<br />
qualquer coisa como “você faz isso<br />
com frequência”. 444<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 23
3. “COMO EU DISSE...”<br />
Todos nos esquecemos de<br />
alguma coisa de vez em quando. Esta<br />
frase faz com que pareça que é um<br />
grande aborrecimento ter de repetir alguma<br />
coisa – o que afasta o interlocutor.<br />
Por outro lado, quem se aborrece<br />
por ter de repetir alguma coisa acaba<br />
por parecer inseguro ou então que se<br />
acha superior aos outros (ou ambos). A<br />
opção passa por tentar falar de uma<br />
forma mais clara ou me<strong>sm</strong>o mais interessante,<br />
de forma a captar mais<br />
a atenção, algo como “está me ocorrendo<br />
agora que...”.<br />
4.”BOA SORTE”<br />
Esta frase é mais sutil, nota o autor. É<br />
que, me<strong>sm</strong>o dita com a melhor das intenções,<br />
implica que o outro precisa de<br />
sorte para ter sucesso... Será melhor dizer<br />
“sei que você vai conseguir”.<br />
5. “ISSO É ASSUNTO SEU”<br />
Me<strong>sm</strong>o que para você seja, de fato, indiferente,<br />
a sua opinião é importante<br />
para quem lhe pediu. Você pode dizer,<br />
antes “Não sei bem, mas é preciso levar<br />
em conta que...” Assim, você mostra sua<br />
preocupação me<strong>sm</strong>o sem dar uma resposta<br />
definitiva.<br />
24<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
6. “ELE (OU ELA) NÃO TE MERECIA”<br />
É uma tentação usar esta frase quando<br />
alguém termina uma relação, mas acaba<br />
por querer dizer que o interlocutor teve<br />
mau gosto ou mau discernimento... “Ele/ela<br />
é quem perderá” é uma boa alternativa.<br />
7. “PELO MENOS, EU NUNCA…”<br />
É uma forma agressiva de se desviar<br />
de um erro seu para um erro (possivelmente<br />
antigo) da outra pessoa (e que já<br />
devia estar mais que perdoado a esta altura...)<br />
O melhor, claro, é pedir desculpas.<br />
Como isso, se impede que uma discussão<br />
suba de tom incontrolavelmente.<br />
8. “UAU, VOCÊ EMAGRECEU MUITO!”<br />
Também aqui a intenção pode ser a<br />
melhor – fazer um elogio – mas soa<br />
como uma crítica. Dizer a alguém que<br />
emagreceu muito implica que se considerava<br />
aquela pessoa gorda ou pouco<br />
atraente. A opção é fazer um elogio mais<br />
direto, como “Você está ótimo/a!”<br />
9. “VOCÊ ESTÁ ÓTIMO PARA SUA IDADE”<br />
É comentário absolutamente idiota. Se<br />
você acha que a pessoa está bem para a<br />
idade, diga apenas que ela está ótima.<br />
Ninguém quer estar “em boa forma para<br />
quem está com um pé na cova”.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 25
COLOQUE A CABEÇA PRA PENSAR<br />
83% DAS PESSOAS<br />
NÃO CONSEGUEM RESPONDER<br />
A ESTAS PERGUNTAS. VOCÊ CONSEGUE?<br />
O TESTE DE REFLEXÃO COGNITIVA PERMITE ESTUDAR O MODO<br />
COMO SE PROCESSA A INFORMAÇÃO NA MENTE HUMANA.<br />
MAS A MAIOR PARTE DAS PESSOAS – ATÉ AS MAIS<br />
INTELIGENTES – ERRA PELO MENOS UMA DAS PERGUNTAS<br />
MARTA LEITE FERREIRA<br />
As perguntas que apresentamos a<br />
seguir fazem parte do Teste de Reflexão<br />
Cognitiva e foram elaboradas<br />
porShane Frederick, um professor da<br />
Universidade de Yale, em 2005. Depois<br />
de apresentar as três questões a quase<br />
3.500 pessoas, ele percebeu que 33%<br />
das pessoas erra todas<br />
elas e que a<br />
grande maioria – 83%<br />
– erra pelo menos uma<br />
delas. E isso pode não ser<br />
uma questão de capacidades<br />
matemáticas: quase metade<br />
dos estudantes do MIT<br />
respondeu erradamente pelo<br />
menos uma vez.<br />
Aqui embaixo vamos colocar<br />
as três questões em causa,<br />
mas ainda não vamos desvendar<br />
as respostas. Essas<br />
vão estar devidamente explicadas<br />
mais em baixo,<br />
para que não se estrague<br />
o suspense (e<br />
porque ninguém<br />
gosta de estraga-prazeres). Juramos<br />
que as perguntas são simples.<br />
Quanto às respostas, preferimos deixar<br />
ao seu critério. Pegue na caneta e na folha<br />
de papel. Vamos começar!<br />
Um taco e uma bola de baseball custam<br />
juntos 1,10 euros. O taco custa<br />
1.<br />
um euro a mais do que a bola. Quanto<br />
custa então a bola?<br />
Se são precisos 5 minutos para 5<br />
2. máquinas produzirem 5 produtos,<br />
quanto tempo demorariam 100<br />
máquinas a produzir 100 produtos?<br />
Num lago, há um campo de<br />
3. nenúfares. Todos os dias o<br />
campo duplica de tamanho. Se<br />
são precisos 48 dias para que o<br />
campo cubra o lago todo,<br />
quanto tempo demoraria para o<br />
campo cobrir metade do lago?<br />
Agora que já refletiu um<br />
pouco, vamos explicar para que<br />
serve este teste. De acordo<br />
com o psicólogo que criou<br />
26<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
as perguntas, ele é útil para descobrir o<br />
grau de profundidade em que cada pessoa<br />
processa a informação, principalmente<br />
quando necessita de um maior nível<br />
de precisão. Posto isto, vamos agora<br />
desvendar as respostas certas, que vai<br />
encontrar mais abaixo. Boa sorte!<br />
RESPOSTAS:<br />
Uma bola custa 0,05 euros. A nossa<br />
1. incógnita – aquilo que não sabemos<br />
– é o preço da bola, por isso vamos representá-lo<br />
por “x”. Sabemos que o<br />
preço do taco de baseball é um euro<br />
mais caro que o preço da bola, por isso<br />
o preço do taco pode ser representado<br />
por “x + 1”. O enunciado do problema<br />
conta que o preço dos dois produtos em<br />
conjunto é igual a 1,10 euros, por isso<br />
podemos escrever que “x + (x + 1) =<br />
1,10”. Agora é uma questão de simplificar<br />
esta expressão da seguinte forma:<br />
x + (x + 1) = 1,10<br />
2x + 1 = 1,10<br />
2x = 1,10 – 1<br />
2x = 0,10<br />
x = 0,10/ 2<br />
x = 0,05<br />
São precisos os me<strong>sm</strong>os 5 minutos.<br />
2. Se 5 máquinas precisam de 5 minutos<br />
para construir 5 produtos, então<br />
uma máquina demora 5 minutos para<br />
construir um produto. Se temos 100 máquinas<br />
a operar em conjunto, então cada<br />
uma pode construir um produto em 5<br />
minutos.<br />
São precisos 47 dias. Cada dia em<br />
3. frente o campo duplica de tamanho,<br />
por isso ao 47º dia ele precisa de estar a<br />
meio do lago para que possa, no dia seguinte,<br />
duplicar de tamanho e cobrir o<br />
lago todo.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 27
ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO<br />
UM BODE NA SALA<br />
Existe o<br />
tempo da<br />
bonança<br />
assim como o<br />
tempo da<br />
escassez. É<br />
uma coisa<br />
cíclica: se está<br />
tudo bem, de<br />
repente tudo<br />
desanda a<br />
ponto de<br />
ninguém<br />
conseguir<br />
controlar a<br />
confusão. Se isso acontece com cada<br />
um de nós, da me<strong>sm</strong>a forma ocorre<br />
com um país.<br />
Aliás, no Brasil esse fenômeno é<br />
cíclico e volta e meia retorna, às vezes<br />
com intensidade maior, o que faz<br />
lembrar a “teoria do bode na sala”.<br />
Existem várias versões da história,<br />
entre elas uma na Rússia e outra<br />
no Brasil.<br />
A versão brasileira conta que havia<br />
uma família perdida em discussões e<br />
desavenças insuportáveis até que o<br />
chefe da casa encontrou a solução:<br />
colocar um bode na sala. Como se<br />
sabe, bode exala um bodum<br />
insuportável, ainda mais em recinto<br />
fechado.<br />
Não demorou para que a paz<br />
voltasse a reinar após a retirada do<br />
bode de volta ao seu habitat.<br />
Talvez seja o caso de o Brasil<br />
encontrar um superbode para que se<br />
dê uma arrumação geral na casa.<br />
Já se disse que da discussão nasce a<br />
luz, mas se esquece que a desavença<br />
generalizada produz confusão e,<br />
sobretudo, perda do rumo das coisas.<br />
A sabedoria popular sempre<br />
abordou com propriedade esta<br />
questão, tão acirrada atualmente no<br />
país: em casa onde f<strong>alta</strong> pão todo<br />
mundo grita, mas ninguém tem razão.<br />
Talvez seja natural em um mundo no<br />
qual as redes sociais dão voz e vez a<br />
todo tipo de opinião, deixando bem<br />
longe a racionalidade e o bom senso.<br />
Em outros tempos falava-se em<br />
alienação, enquanto atualmente o<br />
excesso de informações parece<br />
provocar uma alteração psíquica que<br />
alimenta o superego a se sentir por<br />
demais poderoso e dar opinião sobre<br />
tudo e todos.<br />
Bobagem ficar pensando nessas<br />
coisas. Melhor deixar o barco navegar.<br />
Quem sabe uma hora ele chega<br />
ao porto?<br />
28<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
PERNAS PRA QUE TE QUERO<br />
Cada um com sua paura. Uma que tem<br />
deixado todo mundo paranoico é o domínio<br />
do carro sobre pessoas e cidades. Com<br />
a característica de uma Belo Horizonte<br />
recheada de cruzamentos, quando<br />
o sinal abre… “perna para que te<br />
quero”. É tal a velocidade dos<br />
veículos que faz lembrar o<br />
poeta Paulo Mendes Campos<br />
que ao atravessar uma<br />
rua no Rio sentenciou sobre<br />
o carro em sua direção:<br />
— Vamos correr porque ele já<br />
nos viu!!!<br />
NASCE UMA<br />
ESTRELA<br />
Stella, minha neta temporã, está com<br />
três anos e meio e não dá para não ficar<br />
emocionado ao ver o vídeo de sua aula<br />
de balé. Precisava tanta graça? E isso decorre<br />
de coisas que os tempos vêm desenvolvendo<br />
para gerar uma geração sem<br />
pressões arcaicas e repressões inconsequentes.<br />
Antes se dizia que éramos felizes<br />
e não sabíamos. Hoje, apesar de tanto<br />
drama e tanta estupidez, precisamos observar<br />
e curtir tantas coisas que a modernidade<br />
pode nos oferecer. Força, Stella!!!<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 29
A VIDA É BELA<br />
APROVEITE A VIDA<br />
SEM MODERAÇÃO<br />
PAULO SOLMUCCI<br />
Conexões não são relacionamentos.<br />
São apenas contatos superficiais e<br />
facilmente apagáveis – ou deletáveis,<br />
como queira. Fazem parte do mundo<br />
da internet. O fato de alguém estar conectado<br />
na rede social, por meio do Facebook,<br />
do WhatsApp ou do Twitter, também<br />
não significa que essa pessoa inseriu-se<br />
no universo das inovações viabilizadas<br />
pela tecnologia.<br />
A ferramenta tecnológica só é apropriada<br />
por qualquer um de nós quando, a<br />
partir dela, promovemos inovações e melhorias.<br />
A ferramenta não é nada em si. Só<br />
ganha relevância quando é produtivamente<br />
utilizada. Um Macintosh valerá pouco para<br />
mim me<strong>sm</strong>o, e muito para um designer<br />
gráfico. Esse profissional conseguirá realizar,<br />
hoje, proezas que um designer dos<br />
anos 1980 — por mais genial que fosse —<br />
não conseguia fazer de jeito nenhum.<br />
A imagem e o texto eram estáticos.<br />
Com os recursos da era digital, o designer<br />
irá muito além, juntando imagens, textos,<br />
vozes, gráficos e possibilidades de compartilhamentos,<br />
inclusive prescindindo do<br />
jornal, da televisão e do rádio, fazendo a<br />
mensagem fluir nos diversos e simultâneos<br />
canais da rede.<br />
O indivíduo da conexão é um passivo<br />
usuário da máquina, ainda que troque<br />
mensagens. Esse sujeito pode estar conectado<br />
com tal intensidade que chega<br />
ao ponto de até ficar viciado, tão viciado<br />
QUE HAJA MODERAÇÃO NAS<br />
CONEXÕES DA REDE SOCIAL.<br />
VAMOS CONVERSAR, OLHAR, RIR E<br />
BRINDAR. OS BARES CRIAM REDE<br />
DE ENCONTROS, DE<br />
CONVERSAÇÃO, DE<br />
COMPARTILHAMENTOS DAS<br />
OBSERVAÇÕES COTIDIANAS. SÃO<br />
LUGARES PARA SE MOLHAR A<br />
PALAVRA.<br />
quanto um toxicômano. Torna-se uma<br />
compulsão que desumaniza o humano.<br />
O Centro Psiquiátrico do Hospital das<br />
Clínicas dispõe de um núcleo de tratamento<br />
dos viciados em internet. A tela<br />
anulou uma imensidão de jovens e adultos.<br />
Sequer interagem no pessoal. Ninguém<br />
está mais conectado do que eles.<br />
Se o objetivo é conectar, a meta foi aí integralmente<br />
alcançada.<br />
Exaltemos a tecnologia, sim. Mas aquela<br />
tecnologia que se põe a serviço da inovação<br />
e da melhoria da qualidade de vida.<br />
Nós da Associação Brasileira de Bares<br />
e Restaurantes somos desde sempre os<br />
inventores das conectividades consequentes,<br />
que resultam em autênticos relacionamentos.<br />
Isto é: relacionamentos que tecem<br />
o organi<strong>sm</strong>o social, no sentido mais<br />
30<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
amplo, aberto e diversificado.<br />
Os ancestrais mais longínquos dos bares<br />
e restaurantes são as tabernas da era<br />
medieval, onde se davam as conversas e<br />
os congraçamentos. Os tempos mudaram<br />
muito. Hoje, em lugar das tabernas, há<br />
cafés, lanchonetes, bistrôs, bares e restaurantes.<br />
São muito mais do que polos<br />
de conexão. Vão bem além. São polos de<br />
relacionamentos, irradiadores de vida, de<br />
conversas olho no olho, face a face.<br />
Muitos desses bares e restaurantes de<br />
hoje estão repletos de tecnologia nas cozinhas,<br />
na gestão financeira, no marketing,<br />
no atendimento. Com o adequado uso das<br />
ferramentas deste início do século XXI,<br />
obtém-se um resultado visível, perceptível,<br />
que é o melhor atendimento, o incremento<br />
das vendas, a redução dos custos, a oferta<br />
de produtos e serviços a preços muito<br />
mais acessíveis.<br />
A mais elevada missão dos bares e restaurantes<br />
é propiciar aconchegantes e calorosos<br />
espaços dos encontros pessoais,<br />
abrindo ampliadas possibilidades de humanização<br />
do humano.<br />
Por tudo isso, sobretudo<br />
na Europa, tornou-se razoavelmente<br />
comum que bares<br />
e restaurantes não disponibilizem<br />
o wi-fi para a conversa.<br />
Eles colocam cartazes<br />
bem vistosos com dizeres assim:<br />
“No. We do not have wifi.<br />
Talk to each other!”.<br />
Os donos de bares e restaurantes<br />
europeus dão as<br />
boas-vindas à sua clientela<br />
amiga com cartazes que dizem<br />
de forma muita clara:<br />
“Não. Nós não temos wi-fi.<br />
Conversem entre si!”.<br />
Que haja moderação nas<br />
conexões da rede social. Vamos<br />
conversar, olhar, rir e brindar.<br />
Os bares criam rede de<br />
encontros, de conversação, de<br />
compartilhamentos das observações<br />
cotidianas. São lugares<br />
para se molhar a palavra.<br />
Viver é conviver. Viva sem<br />
moderação.<br />
“NÃO TEMOS WI FI.<br />
CONVERSE UM<br />
COM O OUTRO”<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 31
CARREIRAS<br />
18 FRASES QUE VOCÊ<br />
NUNCA DEVE DIZER<br />
NO PRIMEIRO DIA DE TRABALHO<br />
32<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
O GRANDE CRAQUE ROMÁRIO, TETRA CAMPEÃO MUNDIAL DE<br />
FUTEBOL, TEM UMA FRASE EXEMPLAR: “SE VOCÊ ESTÁ<br />
CHEGANDO AGORA, NÃO QUEIRA SENTAR-SE À JANELA”. É<br />
ASSIM EM TODA PARTE, PRINCIPALMENTE AO ASSUMIR UM<br />
NOVO EMPREGO. SEJA MODESTO E DISCRETO.<br />
ANTÔNIO PORFÍRIO<br />
1. "NO MEU ÚLTIMO EMPREGO..."<br />
O ideal, para o primeiro dia, é encontrar<br />
o equilíbrio entre o entusia<strong>sm</strong>o e a<br />
humildade. A ideia não é parecer tímido<br />
ou reservado, mas disposto a aprender a<br />
cultura e os hábitos da nova empresa,<br />
sem fazer comparações com as outras<br />
por onde passou.<br />
2. "É DIFERENTE DO QUE IMAGINEI<br />
QUANDO FALAMOS PELO TELEFONE"<br />
Uma conversa com um novo colega<br />
nunca deve começar com a ideia de que<br />
está surpreendido, desapontado ou intrigado<br />
com o fato de a pessoa não corresponder<br />
às suas expectativas. E me<strong>sm</strong>o<br />
que seja o caso, prefira se mostrar feliz<br />
por finalmente se conhecerem.<br />
3. "OUVI UM RUMOR... É VERDADEIRO?"<br />
Ignore os rumores e, mais importante,<br />
não puxe o assunto. Vai parecer bisbilhoteiro<br />
e intrometido.<br />
4. “HÁ FESTA DE NATAL? E<br />
RECEBEMOS ALGUMA COISA?"<br />
Espere até chegar ao Natal para saber<br />
qual é a tradição da empresa. Não salte<br />
etapas: vai parecer demasiado focado<br />
em festas, quando, na verdade, o importante<br />
é que pareça focado no trabalho.<br />
444<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 33
5. "TENHO QUE SAIR CEDO<br />
ÀS SEXTAS-FEIRAS"<br />
A menos que se trate de alguma situação<br />
excepcional para a qual tenha alertado<br />
antes de se juntar à empresa, este<br />
tipo de imposição pode ser mal recebida.<br />
Espera-se, de um novo funcionário, que<br />
esteja disponível, presente e dedicado.<br />
6. “AGORA NÃO POSSO. ESTOU<br />
PREENCHENDO OS PAPÉIS DO<br />
RECURSOS HUMANOS"<br />
O primeiro dia pode ser difícil de gerir:<br />
há papeis dos recursos humanos para<br />
preencher, visitas para fazer, entre outras<br />
“distrações administrativas”. Mas, importante<br />
me<strong>sm</strong>o é corresponder às solicitações<br />
dos seus superiores e mostrar-se<br />
disponível.<br />
7. "QUEM DEVO CONHECER<br />
E QUEM DEVO EVITAR?"<br />
É o me<strong>sm</strong>o que pedir aos colegas que<br />
falem mal de alguém. Me<strong>sm</strong>o que haja<br />
conflitos na equipe (e sempre há), dizem<br />
respeito apenas aos intervenientes – e<br />
quem acaba de chegar não deve envolver-se<br />
ou tomar partido. Além disso, ao<br />
pedir opinião a alguém sobre os seus colegas,<br />
está permitindo que alguém condicione<br />
as opiniões que vai formar.<br />
9. "NÃO FOI ASSIM QUE<br />
APRENDI A FAZER"<br />
Não se foque no que não consegue fazer.<br />
O mais importante é mostrar-se receptivo<br />
a aprender novas formas de trabalhar.<br />
Contestar o método de trabalho<br />
da empresa que acaba de receber um<br />
novo colaborador, dizendo que aprendeu<br />
de outra forma, pode soar a negatividade<br />
ou inflexibilidade.<br />
10. "ESTOU ENFRENTANDO<br />
UM MAU MOMENTO"<br />
Os problemas pessoais não são o melhor<br />
desbloqueador de conversa. Além<br />
disso, desabafar com o seu superior ou<br />
com colegas sobre os problemas com os<br />
quais está se debatendo, pode criar desconfiança<br />
em relação à sua capacidade de<br />
se concentrar e se dedicar ao novo desafio.<br />
Procure desabafar com os seus amigos<br />
próximos e com os seus familiares.<br />
MESMO NO<br />
CINEMA É FEIO<br />
ENTREGAR O<br />
COLEGA<br />
8. "ISSO NÃO FAZ SENTIDO"<br />
Evite ao máximo esta expressão, sobretudo<br />
no primeiro dia, mas não só. Todas<br />
as empresas têm os seus próprios<br />
métodos de trabalho e a sua obrigação é<br />
aprender e adaptar-se, não criticar. Se<br />
discordar de algum procedimento, procure<br />
perceber o que está na sua origem e<br />
qual é o ponto de vista da empresa. Pode<br />
sempre fazer sugestões construtivas,<br />
mas a ideia de partida nunca poderá ser<br />
a de que algo não faz sentido para você.<br />
34<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
11. "O QUE É PRECISO FAZER PARA<br />
RECEBER UM CELULAR MELHOR?"<br />
Se acabou de chegar, não queira sentar<br />
na janela. Aceite sem criticar todo o equipamento<br />
que lhe for fornecido. Além de<br />
passar a ideia de que acha que merece<br />
melhor do que quem já trabalha na empresa,<br />
certamente conseguirá, com o que<br />
lhe é cedido, fazer um trabalho igualmente<br />
bom. Não arranje desculpas.<br />
12. "O MEU ANTIGO CHEFE<br />
NÃO TINHA NOÇÃO NENHUMA"<br />
Até pode ser verdade, mas falar mal do<br />
antigo superior é extremamente reprovável.<br />
Fazer comentários negativos sobre as<br />
pessoas com quem trabalhou vai acabar<br />
por levar a que associem à sua personalidade<br />
essa negatividade. É muito importante<br />
ter uma atitude positiva desde o início<br />
pois alterar uma impressão negativa é<br />
quase impossível.<br />
13. “ESTOU TÃO CANSADO"<br />
É importante projetar energia, sobretudo<br />
nos primeiros dias, em que todos<br />
estão reparando em você e nos seus<br />
comportamentos no local de trabalho.<br />
14. “QUANDO NASCE?"<br />
Não faça esta pergunta sem ter a certeza<br />
absoluta de que a pessoa a quem a dirige<br />
está me<strong>sm</strong>o grávida. Se estiver enganado,<br />
o comentário será tomado como um insulto<br />
que não conseguirá nunca apagar.<br />
Além disso, pode ser uma pergunta demasiado<br />
pessoal para uma primeira interação.<br />
15. “NÃO, OBRIGADO,<br />
HOJE TROUXE ALMOÇO"<br />
Não recuse, logo no primeiro dia, um convite<br />
de um superior ou dos colegas para almoçar.<br />
Aproveite a oportunidade para conhecer<br />
melhor aqueles com quem vai trabalhar.<br />
16. “COSTUMA IR À MISSA,<br />
OU AO CULTO?"<br />
A menos que estejam relacionados<br />
com a área profissional, há dois assuntos<br />
que não deve abordar logo no primeiro<br />
dia: política e religião. Reserve-as para<br />
depois, quando já tiver alguma confiança<br />
com os seus colegas.<br />
17. "NA MINHA OPINIÃO..."<br />
Faça perguntas, não afirmações. Além<br />
disso, a menos que questionado, guarde a<br />
sua opinião para si. Procure saber primeiro<br />
o que os seus colegas têm para lhe dizer.<br />
18. “INTERESSANTE... É SOLTEIRA/O?"<br />
É extremamente inapropriado – sempre,<br />
e mais ainda no primeiro dia – revelar interesse<br />
que não seja estritamente profissional<br />
em relação a algum/a funcionário/a da empresa.<br />
É ofensivo, desrespeitoso e pode deixar<br />
em você a fama de “conquitador/a”.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 35
CARTA DO CANADÁ<br />
SONHO DE VERÃO<br />
ARTHUR VIANNA<br />
Nosso homem em Toronto, Canadá<br />
Pelo calendário,<br />
o verão já chegou<br />
em Toronto,<br />
mas o termômetro,<br />
desavisado,<br />
resiste. Se um dia<br />
marca 30 graus, o<br />
outro acorda com 8.<br />
Mas, para os habitantes<br />
de Toronto, o que importa é o calendário.<br />
E, nos meses de maio e junho, a cidade<br />
se transforma. As flores e o verde<br />
surgem por todo canto. Se não nasceu,<br />
planta-se. Os habitantes tiram seus casacos<br />
e as calças compridas e saem pelas ruas de<br />
pernas de fora e com o maior dos sorrisos,<br />
me<strong>sm</strong>o com 15 graus. Dá pra entender. Afinal,<br />
foram seis ou sete meses de frio e neve.<br />
E, assim, como é verão, vamos aos festejos.<br />
E são muitos por toda a multicultural<br />
Toronto. Cada um com o seu cada qual.<br />
O primeiro sopro para enterrar o inverno<br />
acontece com o Victoria Day, em homenagem<br />
ao aniversário da rainha Vitória.<br />
Sempre cai numa segunda para garantir<br />
um fim de semana prolongado. E o grande<br />
momento das comemorações são os fogos<br />
de artifício na praia da cidade. Sim,<br />
para quem não sabe, Toronto possui uma<br />
bela e extensa praia, com direito a guardasol<br />
e frescobol. Afinal, a cidade fica à beira<br />
do Lago Ontario. Com 311 quilômetros de<br />
comprimento por 85 de largura, é um dos<br />
maiores lagos do mundo.<br />
Aberta a época das comemorações,<br />
cada canto da cidade celebra a sua. Com<br />
uma população beirando os 3 milhões,<br />
cerca de 30% de seus habitantes falam<br />
em casa outra língua que não inglês ou<br />
francês, que são os idiomas oficiais do país.<br />
Calcula-se que mais de 140 outras línguas<br />
são faladas na cidade. E que cerca da metade<br />
seus habitantes nasceram fora do Canadá.<br />
Com a diversidade, surgiram os inúmeros<br />
bairros étnicos. Os maiores são os<br />
asiáticos, em duas grandes regiões. Mas<br />
você pode conhecer os costumes de cada<br />
país nos bairros grego, italiano, português,<br />
indiano, irlandês, entre outros. Os brasileiros<br />
se espalham pela cidade e seus subúrbios,<br />
mas somos encontrados, principalmente,<br />
pelos bairros português e italiano.<br />
No entanto, uma comemoração transcende<br />
calendários e costumes locais. O<br />
Canadá comemora, neste ano, 150 anos.<br />
E o governo se prepara para celebrar o<br />
evento como manda o figurino. Shows,<br />
festivais, concertos, desfiles, o diabo. Por<br />
todo o Canadá, a data será uma festa para<br />
todos. E o grande dia não poderia ser outro<br />
senão o 1º de julho, o Dia do Canadá.<br />
Mas, sobre esse, podemos falar em nossa<br />
próxima conversa.<br />
Agora, o que vem ao caso é uma outra<br />
comemoração. Bem mais nossa do que<br />
os 150 anos deste país tão singular. Sim,<br />
ou não é um pouco estranho o Canadá<br />
ser uma democracia parlamentar dentro<br />
de uma monarquia constitucional federal?<br />
Ou seja, a rainha Elizabeth II é a chefe do<br />
estado e o governo é dirigido por um primeiro-ministro,<br />
sempre o líder do partido<br />
36<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
com mais assentos no Parlamento. Atualmente,<br />
a cadeira é ocupada pelo líder do<br />
Partido Liberal, Justin Trudeau. Com seus<br />
46 anos, o primeiro-ministro canadense<br />
participa das principais comemorações.<br />
No ano passado, ele marcou história ao<br />
acompanhar a Parada do Orgulho Gay de<br />
Toronto e hastear a bandeira do movimento<br />
em frente ao Parlamento. Ele é filho<br />
do ex-primeiro-ministro Pierre Trudeau,<br />
aquele que chegou para uma visita oficial<br />
ao Brasil, em 1981, de terno e de tênis.<br />
Voltando ao que nos interessa no momento,<br />
o Canadá e nós, brasileiros, estamos<br />
comemorando 30 anos de imigração.<br />
Para celebrar o acontecimento, empresas<br />
brasileiras em Toronto, com o apoio do<br />
Consulado-Geral do Brasil, promoveram,<br />
no mês passado, um Gala Night (Noite de<br />
Gala). Com a presença de centenas de<br />
brasileiros, muitos deles nascidos no Canadá,<br />
a celebração não poderia ter sido<br />
mais emocionante. Com apresentações e<br />
performances de artistas brasileiros, foi<br />
projetado um vídeo com um pouco de<br />
nossa história em terras canadenses. Um<br />
dos homenageados foi o professor Ricardo<br />
Sternberg. Ricardo chegou em Toronto no<br />
final dos anos 1970. Considerado um dos<br />
melhores poetas canadenses, o brasileiro<br />
tem recebido prêmios e reconhecimento<br />
de suas duas nacionalidades.<br />
Como se diz no Canadá, “the last but<br />
not least” (por último, mas não menos importante),<br />
fica aqui o registro de um dos 40<br />
mil brasileiros que escolheram o grande<br />
país do Norte para viver. Arnon Melo é sócio<br />
e diretor de uma grande empresa de logística<br />
com foco no Brasil. E assim ele terminou<br />
seu discurso como representante da<br />
comunidade brasileira em Toronto: “Continuem<br />
acreditando que o Canadá é um país<br />
em que tudo é possível, desde que você<br />
trabalhe duro e acredite em seus sonhos”.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 37
SEU MELHOR MÉDICO É VOCÊ<br />
12 SUGESTÕES<br />
PARA VOCÊ ACRESCENTAR<br />
MUITOS ANOS À SUA VIDA<br />
A MELHOR MANEIRA DE CUIDAR DA SAÚDE NÃO É IR AO MÉDICO AO<br />
PRIMEIRO SINTOMA DE ALGUMA DOENÇA. É EVITAR QUE ELA<br />
APAREÇA: POR EXEMPLO, QUANDO VOCÊ PARA DE FUMAR<br />
ANTÔNIO PORFÍRIO<br />
Reconhecemos que a formatação genética<br />
de cada um pode influenciar<br />
na duração do tempo que viveremos.<br />
Há, sim, pessoas propensas a desenvolver<br />
algum tipo de doença, como o<br />
câncer. É o caso, por exemplo da atriz Angelie<br />
Jolie, que faz o posível para não sucumbir<br />
ao trágico destino que atingiu suas<br />
mãe, avó e bisavó.<br />
O fenômeno dos predestinados não é o<br />
38<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
normal mas, infelizmente, atinge muita<br />
gente. Mas, no conjunto, não ultrapassa a<br />
20% da humandade. Para a grande maioria,<br />
o tempo de vida depende do nosso<br />
comprotamento aqui na terra.<br />
Ouvimos 20 médicos em Belo Horizonte,<br />
de várias especialidades, e de tudo<br />
o que foi falado, elaboramos essa lista de<br />
12 sugestões que, se executadas, garantirão<br />
uma longa vida ao leitor e evitarão<br />
que ele nos deixe antes do tempo.<br />
São os seguintes os cuidados com a<br />
saúde que sugerimos a você.<br />
1. MANTENHA-SE ATIVO<br />
Corte as chances de ser ceifado prematuramente<br />
por grandes flagelos como<br />
doença cardíaca e câncer. Basta que<br />
444<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 39
você faça 30 minutos de caminhada por<br />
dia, pelos menos cinco vezes durante a<br />
semana.<br />
2. FIQUE MAGRO<br />
Corpo pesado não só põe em risco a<br />
saúde, mas pode definir o cenário para a<br />
artrite e problemas de mobilidade.<br />
3. COMA COM SABEDORIA<br />
Frutas, legumes, grãos integrais, laticínios<br />
com pouca e sem gordura, legumes,<br />
carnes magras. Fuja de alimentoe enlatados<br />
ou processdos como o diabo se<br />
afasta da cruz.Aceitar dez quilos a mais<br />
no seu corpo é como se você carregasse<br />
dois sacos de arroz de forma permanente.<br />
Quem aguenta isso? Os seus joelhos<br />
e o coração não aguentam. Com o<br />
passar do tempo você necessita de menos<br />
calorias. Então, coma menos.<br />
4. MANTENHA O ÁLCOOL AO MÍNIMO<br />
Não mais do que dois drinques por<br />
dia para homens e um para mulheres.<br />
Certos cânceres podem ser a alternativa<br />
a esse regime.<br />
5. USE FIO DENTAL<br />
Use fio dental diariamente para evitar<br />
o acúmulo de bactérias nas gengivas,<br />
cada vez mais responsabilizadas por<br />
doenças do coração.<br />
6. PRIORIZE O SONO<br />
Felizmente, um prisioneiro pode fazer<br />
greve de fome – mas não fará de sono. Ele é<br />
da maior importância: faça o máximo para<br />
dormir, pelo menos sete horas por noite.<br />
7. AFASTE-SE DOS CIGARROS<br />
Me<strong>sm</strong>o em idades mais avançadas , parar<br />
de fumar ainda pode acrescentar anos<br />
à sua vida e saúde para você viver mais.<br />
8. MANTENHA SUA MENTE ATIVA<br />
Não é apenas seu corpo que necessita<br />
de ginástica. Flexione o seu músculo<br />
mental , escrevendo , lendo ou se divertindo<br />
com jogos tipo palavras cruzadas.<br />
Apesar de não haver forma comprovada<br />
de reduzir as chances de Alzheimer, algumas<br />
pesquisas sugerem que manter o<br />
cérebro ativo desde a infância pode<br />
blindá-lo um pouco contra a doença.<br />
9. PROTEJA SUA PELE<br />
Aplicar e reaplicar o protetor solar e<br />
usar boné durante as caminhadas bloqueiam<br />
raios nocivos, causadores de<br />
câncer na pele e cataratas.<br />
40<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
10. NÃO FAÇA TANTOS EXAMES<br />
Receba apenas a saúde que você precisa.<br />
Excesso de exames, até preventiva,<br />
ou uso desnecessário de medicamentos<br />
– como vitaminas ou antibióticos – pode<br />
realmente ser prejudicial. Antes de tomar<br />
qualquer medicação ou concordar<br />
com qualquer procedimento, discuta<br />
com o seu médico os prós e contras antes<br />
de decidir o que é melhor para você.<br />
Se você estiver incerto , não hesite em<br />
obter uma segunda opinião.<br />
11. RECONHEÇA QUE O TEMPO PASSA<br />
Cuidado com os tratamentos anti-envelhecimento.<br />
Nada pode voltar o relógio<br />
e algumas terapias podem ser perigosos<br />
para sua saúde ou seu bolso. Ou pior:<br />
podem ser nocivas para para os dois.<br />
Cultive uma visão positiva sobre o envelhecimento.<br />
Ninguém quer envelhecer,<br />
mas as evidências sugerem que há uma<br />
ligação entre abrigar uma visão negativa<br />
do outono da vida e ataque cardíaco e<br />
acidente vascular cerebral.<br />
12. PROTEJA SUA AUDIÇÃO<br />
Ruídos com mais de 85 decibéis –<br />
aproximadamente o volume de um secador<br />
de cabelos – podem causar danos<br />
permanentes,a além de constrangimento<br />
para você.<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 41
INDUBITAVELMENTE<br />
ALÔ GAROTAS!<br />
AQUI, TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER<br />
PARA TER UM HOMEM PRA CHAMAR DE SEU<br />
VOCÊ ESTARÁ MUITO ILUDIDA SE PENSA QUE OS CONHECE.<br />
APRESENTAMOS NESTE TEXTO ALGUNS DOS MUITOS SEGREDOS QUE<br />
POVOAM A ALMA DESSE PESSOAL ESCORREGADIO<br />
CATARINA FONSECA<br />
Há quem diga que eles<br />
são todos iguais. O<br />
que não é inteiramente<br />
verdade. Mas há algumas<br />
características comuns<br />
a todos, que a<br />
querida leitora deveria<br />
conhecer, para se livrar<br />
da sua tenebrosa solidão.<br />
ATRASO. É uma característica<br />
de todos<br />
os machos dignos<br />
desse nome a<br />
propensão para<br />
chegarem atrasados<br />
em tudo<br />
quanto é lugar. Para<br />
eles, chegar no horário marcado<br />
é sinônimo de estarem<br />
desesperados. Também, o<br />
fato de terem de esperar<br />
cinco minutos é um rombo demasiado<br />
grande para a sua frágil<br />
autoestima. Tristemente, nada disso<br />
passa por suas cabecinhas. São atrasados<br />
basicamente porque são relapsos.<br />
Ou coisa pior.<br />
CARROS. Quanto menor o<br />
carro, mais furioso o indivíduo<br />
que vai lá dentro. É a síndrome<br />
da fera enjaulada. Eles se<br />
sentem prisioneiros no trabalho,<br />
na cidade, na vida<br />
e quando pegam a<br />
estrada, ficam descontrolados.<br />
Compensam<br />
aquilo que eles<br />
acham que é uma disfunção<br />
andando muito<br />
mais depressa do que<br />
o permitido. Aliás, todos<br />
os homens<br />
acham que as regras<br />
são para os outros, a<br />
começar pelas de<br />
trânsito, e parecem<br />
achar que a virilidade<br />
se mede pelo velocímetro. Curiosamente,<br />
quanto mais o velocímetro<br />
avança, mas a<br />
sua autoestima é frágil. Ah,<br />
também é muito macho ter<br />
uma moto que faça tracatracatracatac<br />
ensurdecedor<br />
42<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
meia-hora antes de arrancarem, para que<br />
possam, cuidadosamente pentear os cabelos<br />
e vestir o capacete.<br />
EX. Quando eles terminam um namoro,<br />
as garotas sairão para sempre de suas<br />
vidas. É como se elas nunca tivessem<br />
existido. Se foram elas que deram o fim<br />
no relacionamento, ficam a amá-las até<br />
ao fim da vida e me<strong>sm</strong>o quando são caçados<br />
por outra, no íntimo continuam a<br />
pensar que a Patrícia é que era o verdadeiro<br />
amor da vida dele.<br />
FUTEBOL. Várias coisas se podem dizer<br />
sobre o tema que mais interessa a 99%<br />
dos machos: 1) O futebol é o único esporte<br />
compatível com um verdadeiro macho.<br />
Natação é um bocado gay, surf é<br />
para idiotas da praia, e basquete é para<br />
americanos com disfunção na tiroide. Enfim,<br />
automobili<strong>sm</strong>o e hóquei em patins<br />
são autorizados, mas nada que se compare<br />
a uma bela batalha no estádio. 2)<br />
Nunca passe pela frente de um televisor<br />
quando o time dele vai bater um pênalti.<br />
Nenhuma mulher sobreviveu para contar<br />
como foi. 3) Jamais diga que quer ir com<br />
ele a um concerto no Palácio das Artes,<br />
domingo às 19 horas, exatamente quando<br />
o time dele estará em campo pelo campeonato<br />
brasileiro.Você só pode dizer que<br />
quer ir ver o Lago dos Cisnes no próximo<br />
Natal pela Companhia de Ballet da Ucrânia.<br />
4) Ainda mais importante que o batizado<br />
é a camiseta do glorioso, que a<br />
criança, seja homem ou mulher, receberá<br />
ainda no me<strong>sm</strong>o dia nascer. 5) Fato estranhíssimo:<br />
o 1% de homens que não<br />
gostam de futebol tendem a ser ainda<br />
mais irritantes que os outros.<br />
444<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 43
HOMOSSEXUAL. É o grande fanta<strong>sm</strong>a<br />
da maioria dos homens. Pesam tudo o<br />
que fazem para não parecer coisa de<br />
gay. Há uma data de coisas que eles<br />
acham que são gay. Vestir camisa cor de<br />
rosa é gay. Beber chá é gay. Ter um gato<br />
é gay. Pôr cremes na cara é gay. Usar<br />
algo mais no cabelo que não água e sabão,<br />
é gay. Ter as unhas limpas é gay. Almoçar<br />
no vegetariano em vez de comer<br />
filé ao molho madeira é gay. Beber água<br />
com gás em vez de uísque é gay. Passar<br />
a ferro é gay, aspirar é vagamente gay,<br />
estender a roupa é super-gay. Gostar de<br />
cinema francês é hiper-gay. Cumprimentar<br />
outros homens com beijos é demasiado<br />
gay para ser verdade. Enfim, dá<br />
uma enorme trabalheira e nenhuma mulher<br />
percebe porque é que eles perdem<br />
tanto tempo com isso.<br />
ILUSÕES. Têm várias: o tamanho conta,<br />
as mulheres gostam de homens suados<br />
e com ar de quem não se lava desde a<br />
batalha de Lomas Valentinas, na guerra<br />
do Paraguai, o Ken andava me<strong>sm</strong>o com<br />
a Barbie, o lobo comeu me<strong>sm</strong>o a Chapeuzinho<br />
Vermelho, quando as mulheres<br />
dizem ‘não’ é porque estão apenas se fazendo<br />
de difíceis, e um carro grande é<br />
uma poderosa arma de conquista.<br />
GRAVATA. Não gostam e não<br />
querem, só usam no dia do casamento,<br />
no trabalho se forem<br />
obrigados – e ninguém os convence<br />
como ficam lindos com<br />
aquilo atado ao pescoço.<br />
Enfim, aqui têm<br />
uma certa razão. Experimentem<br />
andar com<br />
uma coisa daquelas<br />
para verem como é<br />
desconfortável.<br />
MARIDO. Muitas palavras desapareceram<br />
da língua portuguesa, como chapoletada,<br />
quiproquó e fuzarca. Você se<br />
lembra quando a sua avó dizia que uma<br />
coisa horrorosa era chumbrega? Pois a<br />
palavra marido está trilhando o me<strong>sm</strong>o<br />
caminho, rumo ao esquecimento.<br />
Com a miserável ausência de maridos<br />
que grassa por esse mundo, a<br />
maioria dos mancebos casadoiros ficam<br />
pela concubinagem. Parece que<br />
o fato de não haver papel como<br />
prova do crime torna a humilhação<br />
mais fácil de suportar. De repente,<br />
por volta dos 30<br />
anos, passa-lhes uma<br />
sombra pela vista e se casam<br />
com a primeira que<br />
entrar na sala.<br />
44<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
QUILOS. Não ligam nenhuma. Comem<br />
pratadas de espaguete à bolonhesa<br />
acompanhado de tâmaras com presunto<br />
e leite com chocolate na maior paz de<br />
espírito, benza Deus! Aliás, podem comer<br />
quase tudo que quase nada lhes faz<br />
mal, e portanto não percebem que se<br />
olhe para dez tigelas de quindins como o<br />
Leonardo DiCaprio olhava para a Kate<br />
Winslet no Titanic, e fartam-se de fazer<br />
comentários insensíveis como ‘Se te<br />
agrada, por que é que não come?’ Deixem<br />
lá. Deus castiga e ainda hão de<br />
reencarnar numa bola de celulite.<br />
NÃO. Eles preferem dizer sim, sim, sim,<br />
mas depois, nunca telefonam. Quando finalmente<br />
ligam, elas já se aborreceram<br />
com aquela história e não os atende. Então,<br />
eles andam atrás infelicíssimos porque<br />
ela lhes deu com os pés e só então é<br />
que descobrem que a amam de paixão.<br />
Enfim, quando dizem não, geralmente é<br />
não me<strong>sm</strong>o. Até ao dia seguinte.<br />
RONCAR. Eles não têm culpa, mas pode<br />
ser motivo de divórcio. O mais estranho<br />
é que os mais estridentes são os que<br />
acreditam que dormem que nem um<br />
passarinho.<br />
WALLY. Onde está ele, que não o encontramos?<br />
Prometeram-nos um Príncipe<br />
desde que fizemos cinco anos. Prometeram-nos<br />
um Príncipe com a Bela Adormecida<br />
e a Branca de Neve. Foi preciso<br />
aparecer o Wally para percebermos finalmente<br />
que ele até pode existir, mas dá<br />
imenso trabalho encontrar, e nunca está<br />
onde a gente espera. É a vida.<br />
VALSA. Expliquem-me: por que é que<br />
nenhum homem que não seja austríaco<br />
(e me<strong>sm</strong>o os austríacos, nos tempos<br />
atuais) sabe dançar a valsa? Ou o tango,<br />
ou o chá-chá-chá, ou enfim, qualquer<br />
dança na face da Terra? Por que é que a<br />
maioria dos rapazes numa discoteca<br />
está encostadinho à parede, de copo na<br />
mão, com um ar muito enfadado?<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 45
HORA EXTRA<br />
46<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
CINCO COISAS QUE VOCÊ PODE FAZER<br />
SEM NENHUMA<br />
GRANA NO BOLSO<br />
TEM GENTE QUE FALA QUE NÃO SAIRÁ DE CASA NESTE FIM DE<br />
SEMANA POIS ESTÁ SEM DINHEIRO. APRESENTAMOS ABAIXO CINCO<br />
BOAS DIVERSÕES PARA QUEM SE ENCONTRA NESSA SITUAÇÃO<br />
JOÃO PAULO COLTRANE<br />
Contar os carros vermelhos que passam na<br />
1. avenida Afonso Pena, numa tarde de domingo,<br />
no sentido Centro-Mangabeiras, no<br />
primeiro ponto depois da feira apelidada de<br />
Artesanato; depois, faça a me<strong>sm</strong>a coisa no<br />
sentido contrário, subtraia (ou acrescente) a<br />
diferença e descubra se algum desses veículos<br />
ficou preso na praça do Papa.<br />
2.<br />
Discutir futebol na calçada do café Palhares<br />
numa noite de quarta-feira, enquanto o jogo<br />
rola no Independência ou no Mineirão. 444<br />
47
Jogar uma partida de xadrez na Praça Sete<br />
3. com alguém no meio àquela centena de aposentados<br />
que por ali jogam o tempo fora. Se<br />
você vencer, gritar bem alto, para chamar a<br />
atenção de todos os transeuntes: “Xequemate!”<br />
Não ofereça revanche.<br />
Assistir a um programa inteiro do Luciano<br />
4. Huck na televisão da rodoviária.<br />
Nadar na fonte luminosa da Praça da Savassi.<br />
E, de lambuja, entrar em elevador lo-<br />
5.<br />
tado do edifício Acaiaca, apertar os botões<br />
de todos os andares, aproveitar a porta ainda<br />
aberta e sair correndo do prédio.<br />
48<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
CINCO SUGESTÕES<br />
PARA DEUS EXECUTAR<br />
ATÉ O FIM DO ANO<br />
SUSPEITO QUE DIANTE DE TANTOS ATENTADOS O CRIADOR DEVE ESTAR<br />
PENSANDO NUM RECOMEÇO. AOS OLHOS DELE, PARECE ABSOLUTAMENTE<br />
INSERVÍVEL ESTE MUNDO QUE CRIOU EM APENAS SETE DIAS<br />
Antes que tudo vá por água abaixo<br />
ou se queime em atentados ou incêndios<br />
portugueses, apresentamos<br />
cinco sugestões para que ele realize<br />
no decorrer deste segundo semestre.<br />
Fazei com que os programas das emissoras<br />
1. educativas, universitárias ou comunitárias se<br />
tornem interessantes. Ou que essas emissoras<br />
nunca consigam entrar no ar.<br />
Fazei com que os cantores sertanejos consigam<br />
cantar alguma música que não falem de<br />
2.<br />
traição da mulher amada. Se isso se mostrar<br />
impossível, que contraiam amigdalite e sejam<br />
impedidos de cantar qualquer música<br />
até a final da Copa do Mundo de 2018.<br />
Fazei com que os economistas acertem pelo<br />
3. menos uma previsão para este resto de ano.<br />
Fazei com que o uso do dinheiro passe a<br />
4. acontecer dessa forma: quando nós o utilizarmos<br />
em alguma coisa útil – como bebida,<br />
jogo e mulheres – ele ficaria por lá me<strong>sm</strong>o.<br />
Já se a gente gastá-lo de forma errada, como<br />
em pagamento de impostos ou pensão para<br />
ex-mulher, ele retornará aos nossos bolsos<br />
em 24 horas.<br />
Fazei com que uma cópia da Juliana Paes bata<br />
5. à nossa porta numa noite de inverno, com o exclusivo<br />
propósito de inspecionar, in loco, nosso<br />
quarto de dormir. Na ocasião, ela informará<br />
que se trata de um singelo presente divino para<br />
tornar esse mundo melhor.<br />
A ESTONTEANTE JULIANA PAES<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 49
RECADO FINAL<br />
A REALIDADE<br />
SEGUNDO A TV<br />
IVANI CUNHA (*)<br />
Muitas pessoas deixam a TV ligada<br />
na sala enquanto realizam tarefas<br />
em cômodos distantes da casa,<br />
talvez para terem a sensação de que não<br />
estão sozinhas. Para completar o cenário<br />
doméstico, precisam ao menos ouvir os<br />
sons do aparelho, e imaginam as cenas.<br />
Talvez o rádio atendesse da me<strong>sm</strong>a forma<br />
essa necessidade de companhia, mas a<br />
preferência muitas vezes recai sobre o<br />
aparelho cuja força está nas imagens<br />
quase sempre conjugadas com sons.<br />
A imagem é fundamental no olimpo da<br />
TV e chega a predominar sobre a notícia,<br />
se nos limitarmos a considerações sobre<br />
aspectos do telejornali<strong>sm</strong>o. Mas as empresas<br />
necessitam aumentar cada vez mais<br />
o número de pessoas na frente da telinha;<br />
por isso, diante da concorrência, uma emissora<br />
concorda em apresentar imagens<br />
pouco agradáveis, aderindo, por exemplo,<br />
à cobertura de questões sociais, ação policial<br />
e outras, o que até aquele momento<br />
fazia eventualmente para não levar “furo”.<br />
Com isso, embora um grupo de anunciantes<br />
faça restrições ao material “negativo”,<br />
apresentado no horário de veiculação<br />
de sua publicidade, a emissora pode<br />
contar com milhões de consumidores que<br />
devem se sentir consolados porque não<br />
fazem parte dos grupos incluídos nessas<br />
notícias. O aumento da audiência é uma<br />
valiosa contrapartida.<br />
Apesar da supervalorização da imagem<br />
— inclusive nas coberturas de problemas<br />
e outras matérias que incomodam uma<br />
parcela de telespectadores que abominam<br />
“notícias ruins” —, as emissoras ainda estão<br />
em débito quanto à preservação do<br />
50<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
idioma. Além disso, existe a despreocupação<br />
com cuidados de edição que evitariam,<br />
por exemplo, a citação das imagens que<br />
aparecem na tela (“Este carro foi levado<br />
pelas águas depois do temporal desta manhã”;<br />
“Fim de jogo, o juiz ergue os braços”;<br />
“Esta mulher chorou ao reencontrar o filho<br />
que foi trocado na maternidade”, etc.),<br />
como se a televisão fosse rádio.<br />
Caso a TV fosse rádio, não seria estranho<br />
informar que o zagueiro (isto é, o<br />
marcador, e não “a marcação”) defendeu<br />
debaixo da trave; o juiz ergueu os braços<br />
determinando o final da partida; a mulher<br />
chorou (de emoção ou alívio, etc.).<br />
Cuidados de edição evitariam as desnecessárias<br />
explicações das imagens que<br />
aparecem na tela. Já a reciclagem dos<br />
profissionais, com ajuda de professores,<br />
seria uma boa iniciativa para evitar maustratos<br />
ao idioma. Isso vale também para<br />
o rádio. Em ambos os casos os escorregões<br />
na regência verbal, por exemplo, são<br />
frequentes: “O centroavante sai de campo<br />
agradecendo “aos” aplausos da torcida;<br />
“o atacante abraça ‘ao’ zagueiro” que deu<br />
o passe para iniciar o contra-ataque”. Depois<br />
o comentarista ainda faz uma preciosa<br />
ressalva: “Mas ‘tinham’ três atletas<br />
em impedimento.”<br />
Por isso, ao assistir à TV, ouvir rádio ou<br />
ler jornal, o cidadão mais atento e que<br />
ainda se lembra das principais lições do<br />
idioma constata que nem tudo corresponde<br />
ao português ensinado<br />
nas escolas. Conhecer<br />
o significado dos<br />
verbos é de fundamental<br />
importância para editores,<br />
redatores, repórteres e comentaristas.<br />
Quem não<br />
conhece, escorrega, pode<br />
cometer títulos ou chamadas<br />
como “Tomate sofre<br />
novo aumento” apesar de<br />
o sofrimento, neste caso,<br />
não atingir o vegetal e,<br />
sim, o próprio consumidor<br />
que ouve ou lê a notícia.<br />
(De acordo com as rádios,<br />
na data de encerramento<br />
desta edição a maioria<br />
dos aeroportos do país<br />
‘operava’ normalmente. No<br />
entanto, não houve denúncia<br />
de exercício irregular da<br />
profissão nos Conselhos<br />
Regionais de Medicina).<br />
(*) Ivani Cunha<br />
é jornalista<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 51
PALAVRA DO LEITOR<br />
SERIAM ESSAS<br />
DUAS VERSÕES<br />
DO MANTO?<br />
QUE MANTO SAGRADO É ESSE?<br />
Qualquer torcedor, quando se refere à<br />
camisa do seu time, é enfático: “É o manto<br />
sagrado!”. Antigamente, essa exclamação<br />
devota e fanática até que fazia sentido.<br />
Mas, hoje? No dia seguinte ao dramático<br />
jogo Atlético e Chapecoense, na Arena<br />
Condá, a cidade amanheceu na segundafeira<br />
infestada de atleticanos vestidos com<br />
a camisa do clube. Mas, como identificar<br />
o “manto sagrado”, se havia camisa de<br />
todos os formatos, cores e feitios? Chamar<br />
de “manto sagrado” atleticano uma trêfega<br />
camisa cor-de-rosa? Ou outra, de listras<br />
verticais amarelas e negras? E est’outra,<br />
preto-e-branca, com listras mais largas?<br />
Ou a camisa dita “retrô”, do tempo em<br />
que chamávamos juiz de sua senhoria e<br />
lateral era outside?<br />
Para mim, camisa de clube deveria ser<br />
tal qual bandeira nacional: imutável (em<br />
nosso caso, a não ser para acrescentar uma<br />
nova estrelinha), infensa à sanha inventiva<br />
dos marqueteiros, que já nos impuseram<br />
até essa numeração estapafúrdia nas camisas,<br />
que vai do 1 do goleiro ao infinito.<br />
Manto sagrado? No setor, para quem<br />
tem um mínimo conhecimento das coisas,<br />
a expressão serve apenas como referência<br />
ao filme (de 1953) “O Manto Sagrado”,<br />
que tinha entre os seus atores o canastrão<br />
mais simpático do cinema, Victor Mature,<br />
um tipo parrudo e peitudo, a tal ponto que<br />
o seu colega, o sarcástico Groucho Marx,<br />
indagado por que não via filmes com o robusto<br />
ator, rosnava: “Eu não gosto de filme<br />
em que os peitos do galã são maiores que<br />
os peitos da mocinha”. (Em tempo: as atrizes,<br />
de pobre caixa torácica, Jean Simmons<br />
e Heddy Lammar foram as companheiras<br />
de Mature em O Manto Sagrado e Sansão<br />
e Dalila, respectivamente.<br />
VICENTE J. DE CASTRO<br />
Guanhães-MG<br />
DESCULPAS ESFARRAPADÍSSIMAS<br />
Os técnicos e jogadores do futebol brasileiro<br />
precisam, urgentemente, de criar outra<br />
toada para as suas repetitivas e esfarrapadas<br />
desculpas quando perdem um jogo. Vamos<br />
ao ponto: “Um absurdo, tomamos um<br />
gol de bola parada”. Ora, bola parada (além<br />
de, realmente parada, não vai a lugar nenhum)<br />
faz parte do jogo/ logo... Pior é<br />
quando, indagados ao inverso, quando o<br />
time vence com um gol de bola parada. Aí,<br />
todos engrossam a voz e esnobam: “ Foi<br />
gol de jogada ensaiada”. Será que eles não<br />
têm vergonha de tanta desfaçatez?<br />
MARCONDES MAURÍCIO<br />
Belo Horizonte-MG<br />
O INVERNO DAS TORNOZELEIRAS<br />
Cena corriqueira no Primeiro Mundo, a<br />
de banqueiros e figurões do soçaite cumprirem<br />
pena nas penitenciárias, ela já é<br />
52<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
vista com frequência no Brasil. O ministro<br />
Joaquim Barbosa comandou a condenação<br />
de alguns ladrões no mensalão. O juiz<br />
Moro prossegue na Lava Jato. Na verdade,<br />
ainda é cedo para tratá-los todos dessa<br />
forma tão grosseira na verdade. É o que<br />
determina a lei, sempre cautelosa até que<br />
todos os recursos sejam julgados.<br />
Como não temos prática nesse assunto,<br />
a de encarcerar os barões da República,<br />
providências urgentes estão sugeridas de<br />
toda parte, sempre com o propósito de se<br />
resolver tudo com presteza. A primeira, é a<br />
de que os condenados sejam hospedados<br />
em moderníssimos complexos penitenciários,<br />
como os três presídios, que o governo<br />
estadual construiu em parceria com a iniciativa<br />
privada em Ribeirão das Neves.<br />
Tudo é novíssimo, todos os equipamentos<br />
são de primeira mão. Hospedarias tão confortáveis,<br />
sem similares sequer no Primeiro<br />
Mundo, requerem várias regras de comportamento<br />
– inclusive no terreno do vestuário.<br />
É inadmissível que banqueiros, empreiteiros,<br />
ex-parlamentares e publicitários de dimensão<br />
nacional recebam seus advogados vestidos<br />
com aqueles horríveis macacões laranja. Ou<br />
que compareçam assim tão mal vestidos às<br />
audiências no Forum Lafaiette. Ou, por último,<br />
compareçam às tradicionais visitas nas tardes<br />
de domingo em roupas tão grosseiras.<br />
Já existe até um movimento mineiro da<br />
moda criando uma nova tendência para<br />
atender a essas urgentes necessidades da<br />
etiqueta. O colarinho branco foi excluído e<br />
amaldiçoado. Surge uma moda das roupas<br />
listradas, como blazeres, costumes, roupas<br />
de balé, que coincidem com a chegada<br />
do verão. Oh!, que período tão oportuno e<br />
tão brasileiro! Condenados do mensalão<br />
e da Lava Jato estão presos, mas sem perder<br />
a elegância e seus finos costumes<br />
LUIZ MÁXIMO<br />
BH-MG<br />
AS CUBANAS CAÍRAM NA PROSTITUIÇÃO<br />
Um velho amigo recém-chegado de<br />
mais uma viagem de nostalgia política em<br />
Cuba, voltou desolado com a situação miserável<br />
em que vive a população. A população<br />
tem salário médio de 30 dólares<br />
mensais. “Por conta disso, todas as cubanas<br />
de tornaram prostitutas”, declarou.<br />
Nós o indagamos: “Todas”?”. Ele fez a ressalva:<br />
“Não. Somente aquelas que despertam<br />
atração física nos turistas”. De fato, é<br />
muito difícil para uma mulher agarrar-se à<br />
sua honra e permanecer com fome, diante<br />
de uma oferta de duzentos dólares por algumas<br />
horas de serviço numa cama. Melancólico<br />
fim de um regime político que<br />
acusava o capitali<strong>sm</strong>o de ser ter transformado<br />
a ilha no Bordel do Caribe.<br />
JOSÉ EUSTÁQUIO AMARAL<br />
BH-MG<br />
444<br />
NOVIDADE NO<br />
COMÉRCIO:<br />
TORNOZELEIRAS<br />
ELETRÔNICAS SOB<br />
MEDIDA<br />
ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 53
RECEITA PARA AMAR TAMBÉM A VIDA<br />
A revista <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong> tem publicado<br />
muitos comentários, artigos e cartas de<br />
leitores sobre o comportamento das pessoas<br />
no trabalho enumerando listas e listas<br />
de conselhos. Mas ele será mais feliz se<br />
adotar um comportamento positivo em<br />
todos os momentos da vida e não apenas<br />
no trabalho. Para mim, são os seguintes.<br />
1. Jogue fora todos os números não essenciais<br />
para a sua sobrevivência. Isso inclui<br />
idade, peso e altura. Deixe o médico se<br />
preocupar com eles. Para isso ele é pago!<br />
2. Frequente, de preferência, seus amigos<br />
alegres. Os “baixo-astrais” puxam você<br />
para baixo.<br />
3. Continue aprendendo. Aprenda mais<br />
sobre computador, artesanato, jardinagem,<br />
qualquer coisa. Não deixe seu cérebro desocupado.<br />
Uma mente sem uso é a oficina<br />
do diabo. E o nome do diabo é Alzheimer!!!<br />
CONCORDAMOS COM SELEÇÕES DO READER’S DIGEST,<br />
RIR É O MELHOR REMÉDIO<br />
4. Curta coisas simples.<br />
5. Ria sempre, muito e alto. Ria até perder<br />
o fôlego!<br />
6. Lágrimas acontecem. Aguente, sofra<br />
e siga em frente. A única pessoa que<br />
acompanha você a vida toda é você<br />
me<strong>sm</strong>o. Esteja vivo enquanto você viver!<br />
7. Esteja sempre rodeado daquilo que<br />
você gosta: pode ser família, animais, lembranças,<br />
música, plantas, um hobby, o que<br />
for... Seu lar é o seu refúgio!<br />
8. Aproveite sua saúde. Se for boa, preserve-a.<br />
Se está instável, melhore-a. Se<br />
está abaixo desse nível, peça ajuda.<br />
9. Não faça viagens de remorsos. Viaje<br />
para o shopping, para uma cidade vizinha,<br />
para um país estrangeiro, mas não faça<br />
viagens negativas ao passado.<br />
10. Àqueles que você ama, diga sempre<br />
que você realmente os ama em todas as<br />
oportunidades.<br />
E, lembre-se sempre que a vida não é<br />
medida pelo número de vezes que você<br />
respirou, mas pelos momentos em que<br />
você perdeu o fôlego de tanto rir ... rir de<br />
surpresa, de êxtase, de felicidade!<br />
Tudo isso pode parecer auto-ajuda. E é<br />
me<strong>sm</strong>o. Mas você será feliz no seu trabalho,<br />
se seguir essas regras tão simples.<br />
SELMA ROMANO<br />
BH-MG<br />
O QUE É A PRISÃO DOMICILIAR<br />
Acabei de ler, perplexo, as regras da<br />
mais nova modalidade de prisão no Brasil.<br />
E fiquei estupefato. Veja as regaras e concorde<br />
comigo: é me<strong>sm</strong>o uma loucura!<br />
1. Só pode sair de casa para trabalhar.<br />
2. Não pode viajar para o exterior.<br />
3. Deve passar os finais de semana<br />
em casa.<br />
Uai! Eu estou preso e não sabia!!<br />
VINICIUS URQUIZA<br />
Palmas-TO<br />
54<br />
<strong>JULHO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR