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Matéria Prima 100 - Maio 2018

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ANO IX • Nº <strong>100</strong> • MAIO DE <strong>2018</strong> • R$ 10<br />

E C O N O M I A | P O L Í T I C A | E S P O R T E S | H U M O R | C U LT U R A<br />

NUNCASEESCREVEUTANTO!<br />

Mineiros publicam um novo livro a<br />

cada dia: com isso, as livrarias de Belo<br />

Horizonte já estão com dificuldades<br />

para atender as reservas para noites<br />

de autógrafos. A explosão literária<br />

inclui romances, poesias, relatos de<br />

viagens e biografias revelando<br />

autores de grande talento<br />

CARTOMANTE ADIA O FIM DO MUNDO PARA NÃO PREJUDICAR VENDAS DO DIA DAS MÃES<br />

HORA EXTRA - PÁGINA 26


14<br />

8 22<br />

REPORTAGEM DE CAPA<br />

A CADA DIA,<br />

MINEIROS LANÇAM<br />

UM NOVO LIVRO<br />

As livrarias já estão com dificuldades<br />

para atender aos pedidos de<br />

reservas para noites de autógrafos.<br />

São quase 400 livros lançados<br />

por mineiros a cada ano,<br />

numa vasta produção literária que<br />

incluem romances, contos, poesias,<br />

crônicas, relatos de viagens e<br />

biografias. Também não há espaço<br />

de destaque nas prateleiras<br />

para tantas publicações que estão<br />

revelando talentos preciosos<br />

NOMES & NOTAS<br />

NUNCA HOUVE<br />

TANTOS CANDIDATOS<br />

À PRESIDÊNCIA<br />

A lei eleitoral informa que qualquer<br />

brasileiro com mais de 35<br />

anos pode ser candidato à presidência<br />

da República. Mas isso<br />

não quer dizer que todos devem<br />

concorrer ao mesmo tempo. Do<br />

jeito que está, parece que cada<br />

brasileiro quer ser seu próprio<br />

presidente<br />

CARTA DE BRASÍLIA<br />

DILMA CANDIDATA<br />

PROVOCA CONFUSÃO<br />

ENTRE ALIADOS<br />

Quando trouxe a ex-presidente<br />

Dilma de volta para Minas, Fernando<br />

Pimentel pensava apenas<br />

em conquistar mais votos para o<br />

partido. Mas a vaga para o Senado<br />

fora anteriormente prometida<br />

ao MDB, que não abre mão<br />

do cargo e até pensa em cassar<br />

o mandato do governador, caso<br />

ele insista com seu projeto<br />

ANO IX - Nº <strong>100</strong> - MAIO DE <strong>2018</strong><br />

ÍNDICE<br />

OPINIÃO 6<br />

CARTA DO CANADÁ 30<br />

ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO 32<br />

ANIVERSÁRIO - PACÍFICO MASCARENHAS 34<br />

CARTA DO SERTÃO 38<br />

CONDIÇAO HUMANA 44<br />

ERA SÓ O QUE FALTAVA 46


26 40 48<br />

HORA EXTRA<br />

CARTOMANTE<br />

PARAGUAIA ADIA<br />

O FIM DO MUNDO<br />

A cartomante paraguaia Carmen<br />

Moralez, que nunca errou em<br />

suas previsões do jogo do bicho,<br />

adiou a data do fim do mundo<br />

em duas semanas para atender<br />

aos apelos do Clube de Diretores<br />

Lojistas. A data prevista era 13 de<br />

maio e foi transferida para 27 do<br />

mesmo mês, por causa do Dia<br />

das Mães<br />

PERFIL<br />

CÉLIA LABORNE TAVARES,<br />

A PRIMEIRA<br />

JORNALISTA MINEIRA<br />

Na imprensa brasileira, Célia Laborne<br />

Tavares foi a primeira jornalista<br />

mineira num tempo em<br />

que as mulheres sequer eram incentivadas<br />

a ler jornais. Brilhou<br />

também como desportista, e<br />

como artista plástica: foi aluna<br />

do grande Guignard<br />

PALAVRA DO LEITORR<br />

CONTESTADO O MOVIMENTO<br />

QUE DEFENDE A PRESENÇA DE<br />

CÃES EM RESTAURANTES<br />

Os proprietários de cães desejam<br />

a presença de seus animais<br />

em restaurantes e alguns até encaminharam<br />

projeto aos seus vereadores.<br />

Um leitor contesta a<br />

idéia e reclama do comportamento<br />

desses bichos que não<br />

sabem se comportar numa mesa<br />

EXPEDIENTE<br />

Márcio Rubens Prado (IN MEMORIAM)<br />

31 2534-0600<br />

MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR<br />

durvalcg@yahoo.com.br<br />

E C O N O M I A |P O L Í T I C A |E S P O R T E S |H U M O R |C U L T U R A<br />

DIRETOR RESPONSÁVEL E EDITOR GERAL:<br />

Durval Guimarães<br />

EDITOR DE TEXTO: Carlos Alenquer<br />

PROGRAMAÇÃO VISUAL: Antônio Campos<br />

COLABORADORES:<br />

ARISTÓTELES ATHENIENSE; ARTHUR<br />

VIANNA; IVANI CUNHA; JÃO PAULO<br />

COLTRANE; JOSÉ ANTÔNIO SEVERO;<br />

PAULO SOLMUCCI; SANDRO FIORANI;<br />

TIÃOZITO.<br />

IMAGENS:<br />

Creative Commons OCO<br />

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Rua Canopus, 11 • Sala 5 • São Bento • CEP 30360-112 • Belo Horizonte • MG


OPINIÃO<br />

RESISTÊNCIA À<br />

ARBITRARIEDADE<br />

ARISTOTELES ATHENIENSE<br />

Sempre que depararmos com uma<br />

ordem jurídica injusta, discriminatória<br />

e ilegítima, é lícito a qualquer<br />

cidadão exercer o direito de resistência<br />

à autoridade que exorbita dos seus poderes,<br />

insensível às necessidades prioritárias<br />

do povo.<br />

Estamos assistindo ao agravamento<br />

da corrupção política, reclamando a<br />

atuação pronta e enérgica do Judiciário.<br />

Este deverá corresponder à sua finalidade<br />

e, sobretudo, ao respeito que o<br />

povo lhe devota.<br />

Com o tempo, tornou-se superado o<br />

conceito de que as decisões dos Tribunais<br />

Superiores não devem ser questionadas<br />

pelo povo, se é deste que emana<br />

todo o poder, segundo a Constituição.<br />

Ao contrário, lembrou Fábio Konder<br />

Comparato que “as suas decisões,<br />

como as de qualquer órgão público, podem<br />

e devem ser examinadas e criticadas<br />

à luz dos princípios próprios do regime<br />

constitucional”.<br />

Os juízes, como agentes do Estado,<br />

não podem permanecer fora e acima<br />

dos conflitos humanos que resultam da<br />

convivência social.<br />

Preocupa-nos a tendência crescente<br />

de que ninguém conseguirá ocupar um<br />

importante cargo público, no Brasil atual,<br />

sem ter cometido algum deslize nos<br />

anos que antecederam à sua investidura.<br />

Lamentavelmente o que, a princípio,<br />

era praticado às escondidas, com medo,<br />

agora é feito às claras, sem nenhum pudor.<br />

Não raras vezes, a autoridade a<br />

quem compete adotar as providências<br />

hábeis a coibir esses malefícios, minimiza<br />

a gravidade das falcatruas, concorrendo<br />

para que a trapaça estimule os<br />

fraudadores, que lhe conferem um valor<br />

emblemático.<br />

Os últimos episódios ocorridos no<br />

STF, com o visível propósito de livrar<br />

um ex-presidente da prisão, transformaram<br />

o plenário da Corte num palco<br />

indecoroso.<br />

Em situações vexatórias, em que a<br />

verdade é conspurcada, torna-se oportuna<br />

a advertência do poeta, ensaísta e<br />

cronista, Affonso Romano de Sant’Anna:<br />

“Mentiram-me. Mentiram-me ontem e<br />

hoje mentem novamente. Mentem de<br />

corpo e alma, completamente. E mentem<br />

de maneira tão pungente que acho<br />

que mentem sinceramente. Mentem, sobretudo,<br />

impune/mente. Não mentem<br />

tristes. Alegremente mentem. Mentem<br />

tão nacional/mente que acham que<br />

mentindo história afora vão enganar a<br />

morte eterna/mente. Mentem. Mentem e<br />

calam. Mas suas frases falam. E desfilam<br />

de tal modo nuas que mesmo um cego<br />

pode ver a verdade em trapos pelas<br />

ruas. (...) E de tanto mentir tão brava/<br />

mente, constroem um país de mentira -<br />

diária/mente”.<br />

6<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


OS ÚLTIMOS EPISÓDIOS OCORRIDOS NO STF, COM O VISÍVEL PROPÓSITO DE LIVRAR UM EX-<br />

PRESIDENTE DA PRISÃO, TRANSFORMARAM O PLENÁRIO DA CORTE NUM PALCO INDECOROSO.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 7


NOMES & NOTAS<br />

PARECE QUE CADA BRASILEIRO<br />

QUER SER SEU PRÓPRIO<br />

CANDIDATO A PRESIDENTE<br />

De acordo com a lei, podem ser candidatos<br />

à Presidência da República<br />

todos os cidadãos brasileiros maiores<br />

de 35 anos – mas nenhum de seus<br />

parágrafos proíbe que todos se candidatem<br />

ao mesmo tempo.<br />

A cinco meses da eleição, já temos uns<br />

quinze candidatos declarados e outros tantos<br />

ponderando candidatura.<br />

O ex-ministro Aldo Rebelo (SD) é o 15º<br />

postulante nanico ou mini-candidato a se<br />

lançar ao Planalto. A lista dos presidenciáveis<br />

com baixa expressão nas pesquisas<br />

já inclui Meirelles, Rodrigo Maia, Paulo<br />

Rabello, Amoêdo, Flávio Rocha, Álvaro<br />

Dias, Valéria Monteiro, Boulos e Manuela.<br />

Isso, citando apenas os mais conhecidos.<br />

Ainda tem Alckmin, cujos índices não estão<br />

muito acima do pelotão de baixo e<br />

que pode ser considerado um nanico mais<br />

robusto, um nanicão. Alguns candidatos<br />

são verdadeiros idiotas e há<br />

risco que ganhem a eleição,<br />

como já ocorreu em passado<br />

recente.<br />

Há também mentirosos e<br />

demagogos, que representam<br />

a possibilidade de fraudes. Se<br />

o futuro presidente ou presidenta<br />

fosse sorteado numa<br />

cumbuca, o risco de fraude<br />

não estaria eliminado, mas o<br />

custo da campanha seria<br />

nulo. Não será pouco dinheiro.<br />

Se o eleitor imaginar que,<br />

para ser deputado federal ou estadual em<br />

Minas Gerais, o candidato terá que percorrer<br />

853 municípios, poderá entender<br />

por que as eleições brasileiras são consideradas<br />

pelos especialistas como as mais<br />

caras do mundo. O estudo do brasilianista<br />

David Samuels, publicado em 2006 continua<br />

a ser referência. Samuels comparou<br />

os gastos eleitorais de 1994 no Brasil, entre<br />

US$ 3,5 bilhões e US$ 4,5 bilhões,<br />

com os dos Estados Unidos em 1996, de<br />

cerca de US$ 3 bilhões. O valor não inclui<br />

os custos do horário gratuito na TV. A<br />

cumbuca poderia liberar muitos recursos<br />

para a educação, segurança e saúde,<br />

como todos desejam.<br />

PS. E olha que não incluímos na lista<br />

aqueles que aparecem – e nem são candidatos<br />

– na Globo, em todos os seus telejornais,<br />

explicando com o celular na horizontal,<br />

o Brasil que eles querem.<br />

8<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


DESPREZADOS PELA SOCIEDADE,<br />

POLÍTICOS E MARQUETEIROS<br />

ESTARÃO DE VOLTA À TV<br />

Se você acredita que o deputado, o<br />

vereador ou qualquer outro político<br />

seja hoje o profissional mais desprezado<br />

em atividade no país, não inveje<br />

a sorte que coube aos marqueteiros.<br />

Sim, estamos falando dessas figuras que<br />

são consideradas as responsáveis pela<br />

produção de todas as mentiras divulgadas,<br />

contra ou a favor, no horário eleitoral<br />

da televisão.<br />

Eles estiveram reunidos recentemente<br />

num seminário em Brasília e o desafio que<br />

se apresenta para eles nas eleições de outubro<br />

são os seguintes:<br />

1 O marketing não é um<br />

gerador de ideias. É apenas<br />

um operador técnico<br />

do proselitismo eleitoral.<br />

Sem políticos nem programas,<br />

o setor fica congelado<br />

e não teria como se<br />

movimentar. É o que está<br />

ocorrendo.<br />

2 Não há como fazer<br />

uma campanha eleitoral<br />

com candidaturas majoritárias<br />

num universo de<br />

quase 150 milhões de eleitores<br />

sem os recursos efetivos<br />

de comunicação de<br />

massa. É uma ingenuidade<br />

esperar que a falta de informação<br />

levará o eleitor a<br />

uma escolha mais madura<br />

e consciente. Os marqueteiros voltarão à<br />

cena.<br />

3 A categoria está preocupada em combater<br />

à demonização do marketing eleitoral<br />

levado a efeito pela mídia e pela narrativa<br />

corrente. É uma ironia que o segmento<br />

mais sofisticado e de maior alcance do setor<br />

da comunicação seja envolvido e batido<br />

por uma campanha movida por detratores<br />

amadores, que jogou sobre os<br />

profissionais do marketing toda a culpa<br />

pela deterioração da política no País.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 9


MAIS DUAS MINERADORAS<br />

PARADAS:<br />

ANGLO AMERICAN E COMPANHIA<br />

SIDERÚRGICA NACIONAL<br />

Após intensas rodadas de negociações<br />

entre trabalhadres na mineração e os<br />

dirigentes da empresa Anglo American,<br />

ficou acertado que a em pre sa ficará<br />

parada por cinco meses. Mas os funcionários<br />

continuarão recebendo seus salários. Realizada<br />

em quatro de maio, compareceram<br />

619 trabalhadores à as sembleia, dos quais<br />

573 aprovaram a proposta. O motivo da paralisação<br />

foi a avaria no mineroduto que<br />

opera entre Conceição de Mato Dentro e o<br />

porto do Açu, em São João da Barra (RJ)<br />

numa extensão superior a 400 quilômetros.<br />

Inicialmente a empresa divulgou que a<br />

paralisação seria de aproximadamente 90<br />

dias para fazer os devidos reparos, porém,<br />

no dia 24/04 saiu uma determinação de<br />

Londres ordenando que a empresa fique<br />

parada até o terceiro trimestre. Isso significa<br />

que dificilmente a Anglo American<br />

voltará a operar este ano.<br />

Também a Companhia Siderúrgica Nacional<br />

e Mineração, com sede em Congonhas,<br />

na região central do Estado, vai colocar de<br />

férias coletivas 400 empregados<br />

que trabalham<br />

nos processos de<br />

beneficiamento de minério<br />

e carregamento,<br />

entre os dias sete de<br />

maio e 20 de julho, em<br />

períodos sucessivos de<br />

15 dias. Nos últimos<br />

cinco anos a empresa<br />

reduziu seu quadro de<br />

funcionários de 15 mil<br />

para sete mil empregados,<br />

segundo o sindicato<br />

local.<br />

ROMPIMENTO DO<br />

MINERODUTO MINAS-<br />

RIO, DA ANGLO<br />

AMERICAN, EM SANTO<br />

ANTÔNIO DO GRAMA<br />

10<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


OS COFRES DA PETROBRÁS E DE<br />

OUTRAS ESTATAIS SECARAM<br />

PARA OS LADRÕES.<br />

E OS DOS CLUBES DE FUTEBOL?<br />

Ofutebol brasileiro nunca ganhou<br />

tanto dinheiro como agora, com novos<br />

contratos de TV, grandes ações<br />

de marketing e planos cada vez mais elaborados<br />

de sócio-torcedores. No ano passado,<br />

o clube que mais arrecadou, o Flamengo<br />

alcançou numa receita de R$ 648<br />

milhões. No entanto, sua dívida supera<br />

R$750 milhões.<br />

Como isso é possível? Há apenas duas<br />

explicações, que acabam sendo uma<br />

única: má gestão e roubo puro e simples.<br />

Na verdade, não há como controlar<br />

a gestão financeiro de um<br />

clube nem de uma empresa estatal.<br />

Todos os escândalos somente<br />

foram apurados por meio da delação<br />

premiada. Isto é, quando, alguém<br />

de dentro não se conforma<br />

com os termos da partilha do butim.<br />

Há também a má gestão, no<br />

ano passado, o Galo pagou salários<br />

mensais de R$ 800 mil a dois<br />

ex-atletas ainda em atividade, Robinho<br />

e Fred. Nenhum clube<br />

aguenta essas despesas<br />

Todos sabemos como o futebol,<br />

essa máquina de fazer dinheiro é<br />

administrada no Brasil O antigo<br />

presidente da CBF, José Maria Marin,<br />

está encarcerado em Nova<br />

York, onde cumpre pena por participar<br />

de um dos maiores escân-<br />

dalos da história do futebol. O seu sucessor,<br />

Marco Polo Del Nero, simplesmente<br />

foi banido pela FIFA. Esse é o cenário que<br />

se repete nos clubes, onde diretorias e<br />

conselheiros são eleitos na mesma chapa<br />

e os recursos muitas vezes são administrados<br />

por verdadeiras quadrilhas. Juntos,<br />

os 20 times do campeonato brasileiro geraram<br />

R$ 5,05 bilhões no ano passado,<br />

frente aos R$ 4,85 bilhões de 2016. Foi a<br />

primeira vez que os clubes ultrapassam a<br />

marca de R$ 5 bilhões em receitas.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 11


JEFF BEZOS, O<br />

FUNDADOR DA<br />

AMAZON<br />

OS 10 MANDAMENTOS QUE<br />

ORIENTAM O CAMINHO DO<br />

HOMEM MAIS RICO DO MUNDO<br />

Quase todos sabem<br />

que Jeff Bezos, o<br />

fundador da Amazon,<br />

é o homem mais rico<br />

do mundo, de acordo com<br />

a nova edição do ranking<br />

da revista Forbes de bilionários.<br />

Com um patrimônio<br />

de US$ 112 bilhões, Bezos<br />

superou a fortuna de Bill<br />

Gates, o primeiro colocado<br />

no ano anterior.<br />

Poucos conhecem, porém,<br />

as regras que orientam<br />

sua vida no trabalho. A<br />

lista nos foi enviada por<br />

MÁ NOTÍCIA PARA QUEM ESPERAVA<br />

UMA FERRARI NO NATAL: PRODUÇÃO<br />

DE <strong>2018</strong> JÁ ESTÁ VENDIDA<br />

Já não existem automóveis Ferrari disponíveis para<br />

compra em <strong>2018</strong>. O anúncio foi feito pelo próprio<br />

presidente da marca, Sergio Marchionne, que afirmou<br />

que todos “os Ferrari previstos para venda em<br />

<strong>2018</strong> já têm dono”, afirmou. Os modelos de 2019<br />

também já estão quase todos encomendados.<br />

A notícia foi divulgada pelo site Aquela Máquina<br />

que, citando ainda o presidente da marca, informa<br />

que os pedidos que não forem atendidos durante<br />

este ano transitam para 2019. A Ferrari produzirá<br />

8.398 veículos em <strong>2018</strong>.<br />

12<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


nosso correspondente em Nova York,<br />

Sandro Fiorani, e temos o prazer de repassá-la<br />

aos leitores de <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong>.<br />

1 Minimizar os arrependimentos<br />

Imaginar os tipos arrependimentos que<br />

você poderá ter quando chegar aos 80<br />

anos – e tentar evitá-los agora.<br />

2 Manter a paixão<br />

Não deixar que o intelecto se sobreponha<br />

e sufoque o que você tem de paixão.<br />

3 Atenção às tendências<br />

Ficar de olho no que está acontecendo neste<br />

momento e adotar as novas tendências.<br />

4 Inovação.<br />

Inventar e simplificar para permitir pensar<br />

grande.<br />

5 Aposta no talento<br />

Contratar os melhores e desenvolver a<br />

suas capacidades dentro da organização.<br />

6 Cultura invejável<br />

Desenvolver uma cultura e um padrão<br />

que possam ser ambicionados ou seguidos<br />

por outros.<br />

7 Prioridade ao cliente<br />

Dedicar uma atenção obsessiva<br />

ao cliente, ouvindo o que ele tem<br />

a dizer e tomando nota das suas<br />

necessidades.<br />

8 Não ficar refém dos processos.<br />

Não deixar que os processos dominem o<br />

negócio.<br />

9 Foco no produto.<br />

Concentrar o investimento no desenvolvimento<br />

do produto para torná-lo desejável<br />

para o consumidor.<br />

10 Pensar a longo prazo.<br />

Desenvolver resistência às críticas que<br />

podem travar novas ideias.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 13


REPORTAGEM DE CAPA – LITERATURA<br />

A CADA DIA, UM NOVO<br />

LIVRO É LANÇADO<br />

EM BELO HORIZONTE.<br />

SÃO QUASE 400 POR ANO<br />

NUNCA O MINEIRO SENTIU TANTO DESEJO DE CONTAR<br />

HISTÓRIAS. NUM ÚNICO SÁBADO, PELOS MENOS DEZ AUTORES<br />

APRESENTAM SUAS OBRAS NAS CINCO LIVRARIAS DA RUA<br />

FERNANDES TOURINHO, NA SAVASSI, QUE SE TORNOU<br />

CONHECIDA COMO A RUA DA LITERATURA.<br />

DURVAL GUIMARÃES<br />

As melhores recordações da minha<br />

infância, na fazenda do meu pai,<br />

em Jacinto, município perdido<br />

do Vale do Jequitinhonha, foram as extensas<br />

e sem pre surpreendentes conversas<br />

com o vaqueiro Claudionor.<br />

Numa delas, ele falou da imensa alegria<br />

que foi aprender a ler e, com isso,<br />

a descoberta de um novo mundo, absolutamente<br />

emocionante e colorido, encontrado<br />

nas páginas de todo e qualquer livro.<br />

Naquela noite da revelação sobre os prazeres<br />

na leitura, ele recitou o doloroso destino<br />

do inesquecível cachorro Plutão, cão<br />

que conheceu nos versos de Olavo Bilac.<br />

Sim, um rude vaqueiro a todos emocionava<br />

com a poesia do príncipe dos poetas brasileiros.<br />

“Plutão era um cão negro – ele declamava<br />

- com olhos em brasa. Bom, fiel,<br />

brincalhão, que era alegria da casa. Mas<br />

quando seu do dono morreu, ele preferiu<br />

seguir o mesmo destino. Depois de<br />

muito tempo desaparecido, foi encontrado<br />

ao lado da sepultura do menino<br />

Carlinhos”.<br />

A literatura era para Claudionor uma<br />

espécie de solitário contato com o sonho,<br />

na dura realidade em que vivia. Muitos<br />

anos depois eu o reencontrei já aposentado,<br />

pois meu pai se desfizera das terras.<br />

Na ocasião ele revelou que estivera lutando<br />

ao lado do seu comandante, o coronel Aureliano<br />

Buendia, nas vinte e tantas revoluções<br />

que participaram juntos e perderam<br />

todas. Não sei como, mas Claudionor teve<br />

acesso, ao livro “Cem anos de solidão”,<br />

do colombiano Gabriel Garcia Marquez.<br />

Se ler é uma maravilha, como estava<br />

14<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


claro nos diálogos com o vaqueiro, escrever<br />

não poderá ser magia de menor dimensão.<br />

Claro, não é fácil narrar boas histórias,<br />

e elas somente terão serventia se<br />

explorarem os abismos morais do ser humano,<br />

se encantarem com suas façanhas<br />

e revelarem, sem constrangimentos, suas<br />

vergonhosas infâmias.<br />

Portanto, fico feliz quando vejo os novos<br />

mineiros contadores de histórias surgirem<br />

nas livrarias, com o exclusivo propósito<br />

de humanizar a vida com suas narrativas<br />

tão exclusivas. Parece que nunca se escreveu<br />

tanto como agora, tornando-se impossível<br />

listar quantos livros são lançados<br />

mensalmente em Belo Horizonte. Alencar<br />

Perdigão, proprietário da livraria Quixote<br />

fala em mais de um livro publicado por<br />

dia, num balaio que inclui romances, poesias,<br />

crônicas, biografias e descrições de<br />

viagens. São quase 400 por ano.<br />

O mesmo livreiro fala que a produção<br />

independente se ampliou tanto que ficou<br />

difícil arrumar datas para atender aos pedidos<br />

de noites de autógrafo. Sua livraria<br />

as realiza quase diariamente, sendo que<br />

aos sábados são duas. Do outro lado da<br />

mesma rua Fernandes Tourinho, outras<br />

quatro livrarias realizam o total de oito<br />

sessões de autógrafos em cada sábado.<br />

“Não há uma única noite na cidade em<br />

que não haja pelo menos três festas de<br />

autógrafos”, revelou<br />

Saúdo a literatura não apenas pela sua<br />

rebeldia, pela sua insatisfação com as coisas<br />

que não funcionam direito e devem<br />

ser consertadas. Ela também aproxima<br />

povos distintos e a todos, igualmente, faz<br />

desfrutar, sofrer e se surpreender, apesar<br />

das crenças, dos idiomas, usos e costumes<br />

que nos separam. É o premiadíssimo<br />

autor Vargas Lhosa, prêmio Nobel de<br />

2010, quem fala: “quando Emma Bovary<br />

engole arsênio ou Anna Karenina se atira<br />

ao trem, a emoção é semelhante para o<br />

leitor que adora Buda, Confúcio, Cristo,<br />

Alá ou é ateu. Ou para quem veste terno e<br />

gravata, batinas, quimonos ou bombachas.<br />

A literatura cria fraternidade e rompe as<br />

fronteiras que se erguem entre homens e<br />

mulheres, a ignorância, as ideologias, as<br />

religiões, as línguas e a estupidez”.<br />

No meio a esse oceano de novos autores<br />

que se apresentam anualmente na cidade,<br />

tomei a liberdade de concentrar a minha<br />

atenção em dois deles, em função da maravilhosa<br />

narrativa de seus textos, da criatividade<br />

dos enredos e da complexidade<br />

psicológica de seus personagens. Destaquei<br />

nesta reportagens os romance “Tudo<br />

é rio”, da publicitária Carla Madeira, e “O<br />

amargo e o doce”, do economista Fuad<br />

Nomam, atual secretário municipal da Fazenda,<br />

da prefeitura de Belo Horizonte. As<br />

duas obras chegaram às livrarias nos últimos<br />

18 meses.z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 15


TUDO É RIO<br />

CARLA MADEIRA<br />

“Todas as emoções são líquidas e se manifestam<br />

através da adrenalina, do suor, do sêmen e de<br />

outros fluxos presentes no ser humano”<br />

Como uma cuidadosa cozinheira, que<br />

deixa aquecer seus assados no forno,<br />

durante horas, antes o levar à mesa, a publicitária<br />

Carla Madeira, guardou seu livro<br />

numa gaveta por quinze anos. Muitos autores<br />

buscam algum distanciamento dos<br />

seus textos - mas não nessa extensíssima<br />

medida. O propósito geralmente é o de<br />

conferir se a obra é realmente consistente<br />

para resistir ao tempo.<br />

Da minha parte, acredito, adicionalmente,<br />

que a autora buscava coragem para<br />

tornar público uma obra de palavras duras,<br />

sujas e enlameadas, em certos capítulos,<br />

pois a personagem mais destacada é uma<br />

desbocada prostituta de nome Lucy. A filha<br />

de Carla só foi autorizada a ler aquelas<br />

narrativas depois de completar 18 anos.<br />

Mas esse é apenas um aspecto de um<br />

denso romance de 210 páginas que fala<br />

da bobagem de sempre: gostar de quem<br />

não gosta da gente. Há outros enredos<br />

paralelos, não menos emocionantes do<br />

que a vida dessa degenerada que amava<br />

submeter a clientela ao império de suas<br />

fantasias. Está tudo minuciosamente narrado<br />

naquelas páginas.<br />

O livro chegou às livrarias no final de<br />

2014 e teve a primeira edição esgotada. A<br />

editora prepara a terceira remessa de mil<br />

exemplares, fato que é raridade entre os<br />

autores de primeira viagem. Não há registro<br />

de tamanho sucesso editorial na capital<br />

mineira nos últimos vinte anos. Carla Madeira<br />

é uma moça fina, com dois cursos<br />

superiores e absolutamente elegante em<br />

seus gestos e fala. É incompreensível que<br />

seus personagens sejam capazes de palavreado<br />

tão agressivas, frequentemente sórdidas.<br />

Mas das mesmas mãos também<br />

brotam palavras amáveis e análises admiráveis<br />

sobre a complexidade mental daquelas<br />

personagens tão corriqueiras,<br />

como marceneiros,<br />

donas de casa e a mais uma<br />

vez citada pros ti tuta Lucy.<br />

Claramente, as pessoas<br />

que trafegam pelas páginas<br />

do livro têm vida própria e<br />

seguem seus caminhos sem<br />

pedir permissão a ninguém.<br />

Carla não se incomoda com<br />

a insubordinação, desde que<br />

elas sejam pessoas capazes<br />

do bem e do bem e do mal.<br />

Exatamente como somos todos<br />

nós, na vida real.<br />

Há generosidade e malvadeza<br />

caminhando juntas;<br />

há discussões fortes sobre<br />

o perdão e reflexões poderosas<br />

sobre questões existenciais.<br />

Os personagens<br />

estão em permanente discussão<br />

com Deus. Eles são<br />

inflexíveis com o Criador,<br />

cobram certos defeitos, esquecimentos<br />

e muita negligência<br />

naqueles sete dias da criação. Há<br />

algumas blasfêmias, mas não a ponto de<br />

dizer que algumas obras, como o homem<br />

e a mulher, foram projetadas e realizadas<br />

por estagiários enquanto Ele desfrutava o<br />

fim de semana na praia.<br />

16<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


Não se sabe se sabe exatamente onde<br />

a história se desenrola. Um sociólogo<br />

amigo da autora disse que a trama<br />

ocorre no interior da Bahia. O Dr. Salvador<br />

Silva, fundador do Hospital Mater<br />

Dei e apaixonado por livros, se encantou<br />

com “Tudo é rio” a ponto de presenteálo<br />

à legião de amigos que o visitam no<br />

trabalho. E não apenas nisso: o médico<br />

faz uma sabatina com os que retornam<br />

ao gabinete para conferir se avançaram<br />

na leitura.<br />

CARLA MADEIRA<br />

AUTORA DE<br />

“TUDO É RIO”<br />

Dr. Salvador acredita que a história se<br />

passa no interior de Minas, provavelmente<br />

bem perto de sua terra natal, a invencível<br />

Santana do Pirapama. Carla esclarece que<br />

seu livro não é uma história real. “Não conheci<br />

ninguém que está ali”, explicou. E a<br />

razão para o nome do livro? Não há nenhum<br />

rio, sequer um acanhado riacho atravessando<br />

aquelas páginas É novamente<br />

Carla: “as emoções humanas são coisas<br />

que estão contidas em nosso corpo. As<br />

emoções são líquidas e se manifestam por<br />

meio da adrenalina, do suor, da bílis, do<br />

sêmen e outros fluxos. Não existe emoção<br />

seca, árida. Então, tudo é rio.”<br />

Eu entrevistei Carla Madeira numa sexta<br />

feira, à tarde, na sala de reunião da sua<br />

empresa, que ocupa um andar inteiro em<br />

prédio comercial de luxo na<br />

Savassi. A agência de propaganda,<br />

de nome Lápis<br />

Raro, tem a propriedade<br />

compartilhada com outras<br />

duas sócias e é uma das<br />

mais importantes e prósperas<br />

de Minas Gerais. A semana<br />

para ela já estava encerrada<br />

quando liguei o<br />

gravador e seu único compromisso<br />

seria uma reunião<br />

na livraria Quixote com o editor<br />

Alencar. Eles iriam tratar<br />

do lançamento do seu segundo<br />

livro, que terá o nome<br />

“A natureza dá mordida”. Foi<br />

a única coisa que revelou sobre<br />

a obra, que chegará às<br />

livrarias ainda neste ano.<br />

-O que representa a literatura<br />

para você? Perguntei,<br />

numa conversa de quase<br />

uma hora. Eu tinha resposta<br />

do leitor, o vaqueiro Claudionor.<br />

Agora, queria a do<br />

autor. Ela respondeu: “Acho que a literatura<br />

é um alimento para se conhecer a natureza<br />

humana. E quem topar fazer essa<br />

viagem, perceberá que a proposta do texto<br />

é o de levar uma palavra de esperança<br />

aos leitores.”, explicou.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 17


O AMARGO E O DOCE<br />

FUAD NOMAN<br />

O coronel Leocádio era um fazendeiro poderoso que<br />

mandava em tudo. Em quase tudo. Morreu de desgosto<br />

ao se deparar com as opções sexuais do filho.<br />

Fuad Nomam provavelmente nunca<br />

pensou nisso, mas ele próprio seria<br />

um personagem singular, ainda à procura<br />

de autor. Sua adolescência transcorreu,<br />

atrás do balcão de um botequim ordinário<br />

na Praça Vaz de Melo, bairro Lagoinha,<br />

um dos lugares mais imundos do<br />

baixo meretrício de Belo Horizonte. Antes<br />

das seis da manhã ele já estava auxiliando<br />

o pai naquele trabalho incessante<br />

de ferver o leite, preparar café e passar a<br />

manteiga em dezenas de pães para<br />

amansar a fome da clientela que largava<br />

o serviço sob os lençóis amarrotados das<br />

pensões da redondeza.<br />

O balconista conheceu praticamente todas<br />

as prostituas da capital, que amanheciam<br />

em seu bar, em busca do primeiro<br />

café da manhã. Consolou algumas e, compreensivamente,<br />

pendurou despesas de<br />

outras todas, em pregos jamais revisitados.<br />

Aos 18 anos, alistou-se no exército<br />

para fugir daquele mundo que inevitavelmente<br />

o conduziria para a carreira de gigolô<br />

ou proxeneta, caminho natural para<br />

jovens empreendedores daquele mundo.<br />

O antiquíssimo comércio sempre foi lucrativo<br />

para alguns.<br />

Aqui em peço licença ao leitor para me<br />

estender um pouco na descrição da praça<br />

Vaz de Melo, tão pecaminosa quanto as<br />

Sodoma e Gomorra dos Evangelhos. Eu frequentei<br />

aquele pântano, como quase todos<br />

os jovens da minha geração, invariavelmente<br />

com pouco dinheiro no bolso, mas<br />

prefiro as descrições do jornalista Arnaldo<br />

Viana, igualmente boêmio e que, provavelmente<br />

bebeu no<br />

balcão do bar da<br />

família Nomam.<br />

“A Praça Vaz de<br />

Melo era, na verdade<br />

– relata Viana<br />

– era um quarteirão<br />

O ESCRITOR FUAD<br />

entre a ferrovia e a<br />

NOMAN, SECRETÁRIO<br />

Avenida Antônio<br />

MUNICIPAL DA FAZENDA<br />

Carlos. Cruzavam<br />

aquele local os puros<br />

e pecadores. Os<br />

puros seguiam caminho.<br />

Os outros<br />

ficavam, atraídos<br />

pela proposta de<br />

noites alegres em<br />

cabarés, entre copos<br />

e garrafas,<br />

prostitutas, artistas decadentes, novatos em<br />

busca do estrelato, e malandros que viviam<br />

da esperteza e da exploração de mulheres.<br />

“Era um lugar de muitos malandros”,<br />

prossegue. “Os malandros eram indivíduos<br />

supostamente elegantes, de paletó<br />

geralmente de linho branco, calças de casimira,<br />

sapatos de duas cores e camisa<br />

aberta no peito, por onde desciam grossas<br />

correntes de ouro. Manejavam navalhas<br />

como extrema habilidade. Não para roubar<br />

ou agredir alguém, mas para defender território<br />

ou as prostitutas que exploravam.<br />

Não houve mais lugar para eles na cidade<br />

quando a Feira de Amostras, no início da<br />

Avenida Afonso Pena, e seu anexo, o ginásio<br />

do Paissandu, foram demolidos para<br />

dar lugar à atual rodoviária”, concluiu. De<br />

18<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


fato, a praça foi substituída pelo cardume<br />

de viadutos que dominam a região.<br />

No Exército, Fuad chegou a sargento<br />

nos tempos daquela confusão entre o<br />

golpe militar de 1964 e a luta armada dos<br />

estudante, mas ele queria outra coisa para<br />

sua vida, muito distante do conflito. O sonho<br />

era o de seguir uma carreira universitária.<br />

Mudou-se para Brasília, deu baixa<br />

no quartel e concluiu um curso técnico<br />

em eletrônica, que lhe garantiria um emprego<br />

razoável, caso a vida desconsiderasse<br />

seus projetos pessoais. Depois, estudou<br />

ciências econômicas e deu início a<br />

uma vitoriosa carreira no serviço público<br />

onde chegou a diretor de autarquias e empresas<br />

estatais. De volta a Minas foi, por<br />

quatro vezes, secretário estadual. Hoje é<br />

o secretário municipal da Fazenda, na administração<br />

Alexandre Kalil.<br />

Eu o visitei no seu gabinete na tarde de<br />

22 de março, 5ºandar do extinto Banco de<br />

Minas Gerias, na esquina da rua Espírito<br />

Santo com avenida Afonso Pena. Quase<br />

todos os executivos de finanças que entrevistei<br />

nesta minha extensa carreira,<br />

eram pessoas que passavam o dia pensando<br />

em dinheiro, juros e lucros. Eram<br />

pessoas ambiciosas, ainda que irônicas.<br />

Mas Fuad, hoje com 70 anos, não é banqueiro<br />

privado e<br />

sim um servidor<br />

público que se<br />

mostra exclusivamente<br />

preocupado<br />

em viabilizar recursos<br />

para que o<br />

prefeito Kalil possa<br />

construir obras e<br />

oferecer serviços<br />

que tornem menos<br />

árdua a vida da<br />

população.<br />

Outro preconceito<br />

que o secretário<br />

desmentiu: pessoas<br />

envolvidas com<br />

questões materialista,<br />

como a remuneração<br />

do capital,<br />

jamais se mostram interessadas na produção<br />

de fábulas literárias, que tratam dos dramas<br />

e sonhos de pessoas anônimas. Tempo não<br />

é dinheiro? Sob esses aspecto, há uma<br />

razão soberana que move pessoas tão objetivas:<br />

exceto Paulo Coelho ou algum escritor<br />

de auto-ajuda, nenhum brasileiro se enriqueceu<br />

com a literatura.<br />

Fuad Nomam investiu pelo menos R$30<br />

mil na publicação do seu livro, mesmo<br />

sabendo que não haveria perspectivas de<br />

retorno do dinheiro aplicado. A esse tipo<br />

de aplicação dá-se o nome técnico de “investimento<br />

a fundo perdido”, pois o dinheiro<br />

não voltará nem a poder de reza<br />

brava. Alguns também dizem que se trata<br />

de financiamento não reembolsável, mas<br />

z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 19


seja qual for o conceito, trata-se de investimento<br />

inadmissível para pessoas como<br />

ele, descentes dos fenícios. A Fenícia é<br />

hoje a Síria, e seus habitantes já se dedicavam<br />

ao comércio muitos séculos antes<br />

do nascimento de Cristo.<br />

A objetividade do financista Nomam se<br />

manifesta, porém, no tempo utilizado para<br />

escrever o livro. Da primeira frase ao ponto<br />

final, ele aplicou apenas 90 dias. Na verdade,<br />

90 madrugadas, pois ele já trabalhava<br />

como secretário do prefeito Kakil. A<br />

impressão que se tem é que as que as<br />

frases transitavam direto da sua imaginação<br />

para o papel de modo definitivo, sem<br />

necessidade de qualquer correção ou<br />

substituição de adjetivos. “Eu gastei mais<br />

tempo para publicá-lo do que para escrever”<br />

confessou com um sorriso.<br />

O livro “O amargo e o doce” trata da<br />

vida do coronel Leocádio, um poderoso<br />

fazendeiro desses sertões, que era dono<br />

da maior e mais lucrativa fazenda da região.<br />

Era o manda chuva local e o chefe<br />

político aceito e respeitado por todos. A<br />

turvar a vida do coronel apenas seu filho<br />

PARA LER ANTES DE COMEÇAR<br />

A ESCREVER ESCREVER SEU LVRO<br />

Quem pensa em escrever ou já<br />

está diante do teclado de um<br />

computador, não pode desconhecer<br />

Alencar Perdigão. Ele é dono da livraria<br />

Quixote, uma das mais famosas de<br />

Belo Horizonte e também editor de<br />

20<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


mais novo, que não herdou a fibra do pai<br />

nem tinha paixão pela vida no campo. Era<br />

um homossexual ligado às artes, música<br />

e poesia. Esse resumo é máximo que me<br />

autorizo a publicar, sem contar o final da<br />

trama e perturbar as vendas que ajudarão<br />

Nomam a encontrar o fundo do poço dos<br />

seus investimentos literários.<br />

Onde se passa a história? Também Nomam<br />

não dá a menor pista. Pode ser qualquer<br />

cidade do interior mineiro. Como<br />

“Tudo é rio”, o livro tem palavras fortes,<br />

dessas que nem mesmo os homens de<br />

boca suja costumam falar em volta de<br />

mesa de sinuca. Uma servidora pública,<br />

dessas mulheres pudicas à beira da aposentadoria,<br />

se escandalizou. Criou coragem<br />

e interpelou o secretário: “Nunca poderia<br />

imaginar que um pessoa respeitável<br />

como o senhor pudesse ser tão devasso”.<br />

De qualquer forma, os dois netos estão<br />

proibidos de ler o livro antes de completar<br />

18 anos, coisa que não acontecerá na presente<br />

década. Se vai escrever outro, Nomam<br />

não sabe: “quero apenas que com o<br />

livro, meus netos se lembrem do avô”.<br />

livros. Ele publicou<br />

os livros de Carla<br />

Madeira e Fuad<br />

Noman.<br />

Para o livreiro as<br />

dificuldades para o<br />

escritor levar o livro<br />

ao conhecimento do<br />

leitor são as mesmas<br />

dos tempos de<br />

Machado de Assis.<br />

“Claro que o ato de<br />

escrever e imprimir<br />

se tornou mais fácil<br />

e mais barato, em<br />

decorrência do<br />

avanço dos meios<br />

digitais, mas o<br />

calvário da<br />

distribuição e<br />

divulgação só<br />

pioraram” explicou.<br />

No caso de “Tudo<br />

é rio”, o livro já<br />

chegou pronto às suas mãos, pois a<br />

autora é sócia de agência de<br />

propaganda e está habituada realizar<br />

esse tipo de trabalho. A Quixote foi<br />

contratada apenas para o serviços de<br />

distribuição e divulgação, com custos<br />

que se aproximaram de R$15 mil.<br />

A contrário do que parece, a<br />

divulgação não consiste apenas na<br />

distribuição de notícias e exemplares<br />

aos jornalistas responsáveis pelos<br />

cadernos de cultura. Por exemplo:<br />

cada celebridade que chega a Belo<br />

Horizonte é abordada por Carla e<br />

Alencar, juntos ou separados de<br />

quem recebem um exemplar o livro<br />

em cortesia. “Tudo é rio” já foi<br />

entregue a Caetano Veloso, à sua<br />

irmã Maria Betânia e praticamente a<br />

todos os artistas que se apresentam<br />

no Palácio das Artes ou no Marista<br />

Hall. A operação pra se tornar um<br />

escritor ou artista reconhecidos<br />

nacionalmente é tarefa árdua. Exige<br />

persistência e sorte. O grande poeta<br />

português Fernando Pessoa editou<br />

um único livro em vida e o pintor<br />

holandês Van Gogh teve sorte ainda<br />

pior. Ele não conseguiu um único<br />

quadro.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 21


CARTA DE BRASÍLIA<br />

O GOVERNADOR<br />

PIMENTEL TROUXE<br />

DILMA DE VOLTA<br />

PARA MINAS<br />

DILMA PODE VENCER EM MINAS,<br />

MAS DESARRUMA<br />

ALIANÇA PT/PMDB<br />

O PT OFERECEU PARA A EX-PRESIDENTA UM<br />

CARGO QUE JÁ TINHA DONO. O MDB<br />

REIVINDICA A VAGA DO SENADO<br />

JOSÉ ANTÕNIO SEVERO *<br />

Aex-presidente Dilma Rousseff volta<br />

para as “Geraes” (como se chamavam<br />

as Alterosas no passado) 50<br />

anos depois de partir. Ela transferiu para<br />

Belo Horizonte seu título de eleitora para<br />

reativar sua cidadania mineira e se inserir<br />

na política do estado. Neste momento ela<br />

se apresenta como uma opção do PT para<br />

disputar uma cadeira no Senado Federal.<br />

É aí que está a confusão.<br />

22<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


A candidatura de Dilma chega em bom<br />

ou mau momento para um partido alquebrado<br />

por suas contradições, conforme o<br />

ponto-de-vista do observador.<br />

A filha pródiga é bem-vinda porque as<br />

pesquisas indicam que ela poderia ser<br />

eleita no pleito majoritário. Uma cadeira<br />

para o PT no Senado. Entretanto, a por<br />

isto mesmo, ela não é tão festejada porque<br />

sua pré-candidatura desarruma a aliança<br />

de centro esquerda que está governando<br />

Minas Gerais e que iria para a reeleição<br />

do governador Fernando Pimentel.<br />

Com a candidatura da ex-presidente, os<br />

dois pretendentes naturais à Câmara Alta<br />

ficam em dificuldades, pois Dilma tira votos<br />

dos dois pré-candidatos. Um deles, o<br />

candidato do PT, firme até a volta da filha<br />

pródiga, deputado federal Reginaldo Lopes,<br />

perde a vez, porque se Dilma entrar ele<br />

não pode ocupar a outra vaga, que é direito<br />

do aliado, o PMDB. Diante disso, Reginaldo<br />

está fora da disputa majoritária.<br />

O outro lugar de candidato ao Senado,<br />

na coligação, seria reservado ao atual presidente<br />

da Assembleia Legislativa, deputado<br />

Adaldever Lopes do PMDB. A frente<br />

ampla PT/PMDB precisa dos minutos de<br />

tevê para se viabilizar na eleição.<br />

Tudo certo até ela voltar. Com sua insistência<br />

em concorrer, Dilma ameaça a<br />

eleição do deputado. Com isto, paralisou<br />

as negociações para manter a aliança entre<br />

os dois partidos e levou Adaldever ao rompimento.<br />

Como resposta à falseta dos petistas<br />

o líder emedebista abriu o processo<br />

de impeachment do governador, acusado<br />

de improbidade administrativa. Não era<br />

um processo para valer, mas deu para incomodar<br />

e causar problemas: Pimentel<br />

terá que se explicar durante a campanha.<br />

Não bastasse a ex-presidente desarrumar<br />

a casa, a pré-candidatura a presidente<br />

da República de outro mineiro, o ministro<br />

aposentado do STF Joaquim Barbosa, natural<br />

de Paracatu, reacende mais uma<br />

força eleitoral que pode ameaçar o segundo<br />

mandato do atual governador.<br />

Apresentado pelo PSB, Barbosa, muito<br />

bem colocado nas pesquisas nacionais,<br />

converte-se num puxador de votos para o<br />

ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda,<br />

que era considerado um pré-candidato<br />

fora do páreo.<br />

Vingando a candidatura do ministro, o<br />

nome de Lacerda pega uma carona poderosa<br />

que pode se converter numa catapulta<br />

e balançar o coreto dos nomes estabelecidos.<br />

São eles, o do ex-governador<br />

e atual senador Antônio Anastasia e do<br />

próprio Fernando Pimentel, que vê sua<br />

reeleição se desidratar com a perda do<br />

apoio da parcela ortodoxa do MDB.<br />

Mas há outro impedimento no ar: O<br />

MDB não está inteiramente unido. O deputado<br />

Rodrigo Pacheco, ex-PMDB que<br />

se passou para o Democratas (DEM) é<br />

apontado como pré-candidato ao governo<br />

do Estado, levando consigo os descontentes<br />

com o autoritarismo dos chefões dos<br />

grandes partidos, Newton e Aécio, juntando<br />

à essas dissidências do MDN e do<br />

PSDB o charme de sua imagem de novidade,<br />

uma cara nova num ambiente dominado<br />

por medalhões. Seria uma versão<br />

mineira do efeito João Dória.<br />

O PMDB, liderado pelo ex-governador<br />

Newton Cardoso, aliado fiel do governador<br />

Fernando Pimentel, foi perdoado por seguir<br />

a linha nacional votando pelo impeachment<br />

da então presidente. Agora não quer<br />

nem ouvir falar dela, mas não pelos mesmos<br />

motivos que votaram contra seu afastamento,<br />

mas porque ela pode atrapalhar<br />

ou mesmo impedir o partido de fazer um<br />

senador. Cardoso teme Dilma no pleito.<br />

Essa posição se explica porque, segundo<br />

z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 23


as pesquisas eleitorais qualitativas, a expresidente<br />

amplia sua captação de votos<br />

além dos limites do PT, tirando votos do<br />

candidato do PMDB no eleitorado flutuante.<br />

Por outro lado, o aspirante petista, Reginaldo<br />

Lopes, seria um parceiro de coligação<br />

mais adequado aos emedebistas,<br />

pois seu eleitorado não ultrapassaria as<br />

fronteiras petistas. Ou seja: Adaldever contava<br />

com um eleitorado independente, não<br />

petista, que agora estaria migrando para<br />

Dilma Rousseff.<br />

Isto tudo porque os situacionistas, em<br />

Minas, acreditam que os tucanos terão<br />

uma vaga no Senado. Ainda não se descarta<br />

inteiramente a candidatura do senador<br />

Aécio Neves, que não obstante seja<br />

espinafrado na mídia e nos conchavos,<br />

ainda bom de voto, segundo revelam pesquisas.<br />

Teve 23 por cento na última tomada<br />

de opinião do Paraná Pesquisas.<br />

Com isto, estaria de volta a Brasília.<br />

Uma cena surrealista: os arquirrivais<br />

Aécio e Dilma sentados lado a lado na<br />

bancada do Senado Federal desfrutando<br />

as mesmas legislaturas.<br />

Quatro anos antes, um derrubou o outro:<br />

Dilma bateu Aécio nas urnas e ele tirou<br />

a rival do Planalto no tapetão.<br />

A volta de Dilma à sua Minas Gerais<br />

nativa é um desdobramento das vicissitudes<br />

na carreira da ex-presidente na política<br />

regional gaúcha. Numa pesquisa de opinião,<br />

Dilma apresentou um índice de rejeição<br />

de 45% no Rio Grande do Sul. Para<br />

alegria dos petistas, ela pegou a mochila<br />

e partiu para cantar noutra freguesia.<br />

No Rio Grande do Sul, ela nunca foi<br />

considerada petista nata. Foi um quadro<br />

de proa do PDT de Leonel Brizola. Participou<br />

com destaque dos governos pedetistas<br />

e foi chefe da Fundação de Economia<br />

e Estatística do PDT, o instituto de<br />

estudos dos partidos, ou seja, Dilma era<br />

ideóloga do trabalhismo ressuscitado depois<br />

da redemocratização.<br />

Na capital gaúcha, foi secretária da Fazenda<br />

do município de Porto Alegre, na<br />

gestão do ex-prefeito pedetista Alceu Collares,<br />

entre 1986 e 1988, no mandato tampão<br />

em que as capitais recuperaram sua<br />

autonomia política. Três anos depois, com<br />

a vitória dos brizolistas, Dilma voltou ao<br />

governo como secretária de Minas e Energia<br />

do mesmo Alceu Collares, ocupando<br />

a pasta até 1994.<br />

Em 1999, indicada pelo PDT, integrou o<br />

governo do petista Olívio Dutra, ainda<br />

como secretária de Minas e Energia. Em<br />

1991 ela liderou uma dissidência no pedetismo,<br />

que não aceitou no rompimento<br />

com o governo do PT, aderindo ao partido<br />

de Luiz Inácio Lula da Silva. Aí começou<br />

nova trajetória, que a levou à presidência<br />

da República em 2010.<br />

Esse rompimento com Brizola, entretanto<br />

não lhe rendeu uma boa acolhida<br />

no PT. Dilma e os demais trabalhistas foram<br />

bem recebidos no PT nacional, onde<br />

ela se reencontrou na trincheira com antigos<br />

companheiros da luta armada. No Rio<br />

Grande as feridas dos embates entre brizolistas<br />

e petistas não cicatrizaram. Até<br />

hoje, por isto voltou para Minas Gerais.<br />

Depois do impeachment, Dilma ainda<br />

espanava o pó de seu apartamento no<br />

aprazível bairro de Vila Assunção, às margens<br />

do majestoso rio Guaíba, na Zona<br />

Sul de Porto Alegre, percebeu que não<br />

era bem-vinda e já viu os dentes arreganhados<br />

dos petistas rosnando para ela.<br />

Apenas seu antigo chefe abriu-lhe os braços,<br />

o ex-governador Olívio Dutra, líder de<br />

uma corrente à esquerda do rival da expresidente,<br />

o ex-ministro e ex-governador<br />

Tarso Genro.<br />

O ex-governador Alceu Collares e outros<br />

remanescentes do trabalhismo pré-1964<br />

24<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


ADALCLEVER LOPES, PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA<br />

que ainda militavam no PDT se ofereceram<br />

para acolhê-la de volta ao ninho. Entretanto,<br />

era uma cartada perdida, pois a<br />

grande maioria dos antigos militantes brizolistas<br />

já havia falecido ou estava afastada<br />

da política.<br />

Os novos quadros do PDT do Rio Grande<br />

do Sul já perdiam as velhas raízes getulistas,<br />

embarcados no projeto de poder do PDT<br />

carioca do presidente Carlos Luppi, com<br />

seu candidato Ciro Gomes em campanha.<br />

Dilma estava fora desse projeto. Ficou à deriva,<br />

como muitos prefeitos do partido, o<br />

senador Lasier Martins e outros quadros relevantes<br />

de extração trabalhista da linha de<br />

Alberto Pasqualini deixavam a legenda. Não<br />

havia lugar para Dilma, pois seu candidato<br />

presidencial é outro, o ex-presidente Lula.<br />

Então botou o governador<br />

Fernando Pimentel<br />

contra a parede, pedindo<br />

um lugar na sua Minas<br />

Gerais. Pimentel é um velho<br />

amigo dela e de seu<br />

falecido marido Carlos<br />

Araújo, companheiro de<br />

luta armada e de militância<br />

nos grupos guerrilheiros<br />

Colina e VAR-Palmares.<br />

Depois da prisão,<br />

Pimentel a visitava em<br />

Porto Alegre hospedavase<br />

no solar dos Araújo,<br />

na praia de Ipanema, em<br />

Porto Alegre.<br />

Embora certos boatos<br />

digam que o governador<br />

deverá ceder na fidelidade<br />

a Dilma e recompor<br />

com os aliados, a situação<br />

ainda não se<br />

resolveu. Dilma não<br />

aceita nem ouvir falar<br />

em candidatura à Câmara<br />

dos Deputados, que seria seu melhor<br />

posicionamento na política mineira.<br />

O governador está assustado com a<br />

ameaça do impeachment e temeroso da<br />

desarrumação de sua aliança. Entretanto,<br />

Pimentel não teve como escapar. Abrigou<br />

a velha amiga e agora enfrenta as dificuldades<br />

políticas de seu gesto. Afinal, Dilma<br />

não é uma petista qualquer. E mais do<br />

que isto, pode vencer a eleição, pois nas<br />

duas presidenciais que disputou ganhou<br />

dos tucanos em Minas Gerais. Se repetir<br />

o feito, está em Brasília para mais oito<br />

anos. Com seus votos ela pode ajudar a<br />

reeleger Fernando. É um trunfo.<br />

* José Antônio Severo é nosso correspondente<br />

em Brasília-DF<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 25


HORA EXTRA - TUDO O QUE VOCÊ QUERIA LER NA IMPRENSA MAS NUNCA PUBLICARAM<br />

CARTOMANTE PARAGUAIA<br />

ADIA FIM DO MUNDO<br />

PARA NÃO PREJUDICAR<br />

VENDAS NO DIA DAS MÃES<br />

A DATA OFICIAL SERÁ 27 DE MAIO MAS É PROVÁVEL QUE O MUNDO<br />

ACABE ANTES MESMO DE VOCÊ CONCLUA A LEITURA DESTA FRASE<br />

26<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


JOÃO PAULO COLTRANE<br />

Acartomante paraguaia Carmen Moralez,<br />

famosa por ter acertado mais<br />

de uma dezena de previsões do jogo<br />

do bicho, anunciou que a data em que o<br />

mundo irá acabar foi adiada em duas semanas,<br />

para não prejudicar as vendas do<br />

comércio no Dia das Mães. De acordo com<br />

sua previsão anterior, o mundo deveria encerrar<br />

suas atividades em 13 de maio, mas<br />

a vidente atendeu aos apelos de dirigentes<br />

do Clube de Diretores Lojistas que se queixaram<br />

das enormes dívidas que atingem<br />

os comerciantes de Belo Horizonte e mudou<br />

a tragédia para o dia 22. “Tenho de<br />

ser muito criteriosa na escolha de data,<br />

pois o mundo só acabará uma vez. No<br />

caso específico, os comerciantes estão<br />

com esperança de realização de grandes<br />

vendas para cumprir seus compromissos<br />

fiscais e trabalhistas”, explicou.<br />

Na verdade, trata-se do segundo adiamento<br />

em menos de um mês, pois Madame<br />

Carmen havia cancelado a data anterior<br />

da hecatombe, que iria acontecer<br />

em 30 de abril. Naquela oportunidade, a<br />

transferência atendeu ao pedido da Receita<br />

Federal, para não prejudicar a entrega<br />

das declarações do imposto de<br />

renda, marcada para o mesmo dia. Madame<br />

Carmen não revelou, porém, as razões<br />

do temeroso evento no qual o planeta<br />

encerrará suas atividades.<br />

Há também uma dúvida generalizada<br />

entre os funcionários públicos estaduais,<br />

se eles verão a cor de seus salários antes<br />

da definitiva interrupção dos pagamentos.<br />

A primeira parcela de abril está prevista<br />

para sair no dia 16. A única certeza é a de<br />

que o fim do mundo será visto primeiro<br />

na Austrália e depois no Japão. Também<br />

não há ainda nomes de astros para substituir<br />

o planeta Terra.<br />

A catástrofe chegará ao Brasil por volta<br />

das 19 horas, no início das transmissões<br />

do programa radiofônico A Voz do<br />

Brasil que será transmitida no domingo,<br />

já que não haverá expediente a partir do<br />

dia seguinte. A notícia repercutiu politicamente<br />

em Brasília. O presidente Temer<br />

fará pronunciamento em rede nacional,<br />

afirmando que o fim do mundo terá seu<br />

lado positivo, pois será uma forma de acabar<br />

definitivamente com o desemprego<br />

no país. Partidos de esquerda prometem<br />

manifestação na segunda feira, no dia seguinte<br />

à destruição do planeta, denunciando<br />

que “o fim do mundo é golpe”.<br />

30 COISAS PARA<br />

VOCÊ FAZER ANTES<br />

DO MUNDO ACABAR<br />

Já se conhece a maneira que o Criador<br />

usará para se livrar de nós. A Terra vai<br />

se chocar com o desconhecido planeta<br />

Nibiru, que surgiu do nada. Sim será um<br />

fim chocante, desculpem o trocadilho,<br />

mas poderia ser algo pior, como outro<br />

dilúvio. Ou um show de música sertaneja,<br />

com duração de 40 dias e 40 noites,<br />

numa reprodução ainda mais devastadora<br />

do primeiro fim do mundo. De<br />

qualquer forma, há aspectos positivos:<br />

você estará dispensado de dar presente<br />

de Natal para a sogra.<br />

Lembre-se: nossos problemas são importantes<br />

sim, mas a vida é maior que<br />

se preocupar apenas com as nossas vidas<br />

e a dos nossos filhos. Abra a sua<br />

alma para o mundo e tente fazer coisas<br />

fundamentais nesse curto tempo que lhe<br />

resta. Você não precisa dominá-las to-<br />

z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 27


das de uma vez. Mas pode dominá-las à<br />

medida que o tempo for passando.<br />

Corra! O fundamental é que você seja<br />

um homem que faz, num mundo em que<br />

se terceiriza tudo. A ação faz a diferença.<br />

Aproveite esta que, provavelmente, será<br />

sua última oportunidade na vida.<br />

Seguem as sugestões:<br />

1 Dar um conselho que seja importante<br />

para alguém.<br />

2 Tirar uma foto com a família.<br />

3 Sair com seu filho para pescar. E, na<br />

pescaria, conversar de igual para igual<br />

com ele, como um velho companheiro.<br />

4 Aprender a praticar um esporte coletivo,<br />

qualquer que seja ele.<br />

5 Não monopolizar as conversas. Afinal,<br />

você não tem nada de importante a dizer.<br />

6 Escrever cartas aos amigos. Até e-<br />

mail serve. Diga por que está escrevendo.<br />

Dê notícias.<br />

7 Aprender a nadar. Qualquer estilo<br />

será válido:<br />

8 Mostrar respeito, sem ser puxa-saco.<br />

Respeitar o seguinte, nessa ordem:<br />

idade, experiência, reputação. Mas não<br />

mencionar nada disso durante a conversa<br />

ou durante seus atos.<br />

9 Aprender a dar um nó na gravata. Em<br />

gravata-borboleta, nem pensar. Dizem<br />

que a impossibilidade de acertar esse nó<br />

foi a grande frustração que Einstein levou<br />

para o túmulo (foi, obviamente, enterrado<br />

sem gravata).<br />

10 Fazer um coquetel com sua bebida<br />

alcoólica preferida.<br />

11 Falar um idioma estrangeiro. E pelo<br />

menos o suficiente para ser entendido<br />

numa conversação.<br />

12 Pregar botões com esmero. Tarefa facílima,<br />

principalmente para quem gramou<br />

em colégio interno.<br />

13 Aprender a tocar um instrumento<br />

musical. Menos saxofone. Basta o do<br />

nosso editor-chefe, que atormenta o Alto<br />

São Pedro com suas intragáveis clarinadas<br />

(?!).<br />

14 Falar de futebol, sem insultar o torcedor<br />

do time rival, ou considerá-lo um indeciso,<br />

mal resolvido sexualmente.<br />

15 Ser leal. Lealdade não é uma relação<br />

de troca, mas um vínculo, o respeito a<br />

uma história compartilhada.<br />

16 Fazer sua cama ao menos uma vez,<br />

para revelar sua condição de parceiro fiel<br />

e caprichoso.<br />

17 Descrever um copo de vinho, sem<br />

usar enjoativos chavões, tipo custo/<br />

benefício, frutado, sabor de suor de ginetes<br />

búlgaros com ênfase em laivos de<br />

carvalho precoce. Uma vez, um dono de<br />

loja de bebidas me disse que aquele<br />

vinho tinha o paladar de um passeio<br />

noturno através de um jardim<br />

molhado. Acreditei no sommelier, fui<br />

fundo, resultado: acabei chegando em<br />

casa com os pés encharcados, um<br />

resfriado de boreste e uma ressaca<br />

piramidal.<br />

18 Aprender a jogar sinuca.<br />

28<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


19 Contar piada com graça. Coisa leve,<br />

sem pornografias ou virulências. Exemplo:<br />

dois homens caminham por uma<br />

rua, quando se aproxima um assaltante<br />

e exige o dinheiro deles. Ambos, a contragosto,<br />

puxam a carteira e começam a<br />

retirar o dinheiro. Então um deles voltase<br />

para o outro e diz: “Vou aproveitar a<br />

oportunidade, e lhe pagar aqueles <strong>100</strong><br />

que lhe devo”.<br />

20 Recitar um poema de memória. Um<br />

dos mais chiques é “História de um cão”,<br />

que nos fazia chorar nos tempos de meninos,<br />

e começava assim: “Eu tive um<br />

cão. Chamava-se Veludo. / Magro, asqueroso,<br />

asqueroso, revoltante, imundo, /<br />

para dizer numa palavra tudo / Foi o<br />

mais feio cão que houve no mundo”.<br />

21 Dizer “não!”, especialmente para ficar<br />

livre daquele nefando cunhado, que<br />

vive pedindo dinheiro emprestado e é<br />

uma praga ambulante para sua geladeira,<br />

liquidando com o estoque de cervejas<br />

com uma sede de beduíno do<br />

Saara.<br />

22 Agradecer sempre. Uma das coisas<br />

que mais agrada ao nosso semelhante é<br />

o agradecimento. E faça isso de todos os<br />

modos possíveis, até por escrito. Pega<br />

bem.<br />

23 Segurar um bebê (dos outros), fazer<br />

cosquinhas, imitar marreco, brincar de<br />

nhenhem-nhenhem-nhenhém... mas de<br />

olho nas fraldas dos pivetinhos, recipiente<br />

perigoso e sujeito a malcheirosos<br />

vazamentos.<br />

24 Aprender a passar o ferro numa camisa.<br />

Vide o item 12, que fala sobre colégio<br />

interno e habilidades domésticas.<br />

25 Conhecer algumas aves. Se não tem<br />

paciência para prestar atenção num pássaro,<br />

você é um caso perdido.<br />

26 Negociar um bom preço. Seja informado.<br />

Saiba os preços dos concorrentes<br />

do produto que você quer.<br />

Procure o gerente da loja. Não seja um<br />

imbecil. Ou ofereça algo em troca,<br />

como a próxima compra, a sua<br />

lealdade.<br />

27 Consolar uma mulher chorando. Um<br />

abraço apertado é um dos remédios<br />

mais frutuosos deste mundo carente.<br />

28 Acalmar uma criança chorando.<br />

Aceitar que os sentimentos de uma<br />

criança são legítimos. A criança deve<br />

perceber sua empatia, calma e confiar<br />

absolutamente em você.<br />

29 Aprender a cozinhar. Coisa simples,<br />

como fritar um bife e ou um ovo. Um filé<br />

a cavalo é um prato delicioso e fácil de<br />

preparar. Não invente essas sensaborias<br />

de salmão ao molho degradê de trufas<br />

da Toscana, ou nabos gratinados com<br />

mostarda da Alsácia.<br />

30 Aprenda a beber sozinho. É uma<br />

arte, é um evento em si mesmo. Enquanto<br />

isso, leia um jornal ou um bom<br />

livro. De vez em quando, interrompa a<br />

leitura para observar cuidadosamente<br />

o comportamento dos garçons, dos frequentadores.<br />

Ignore a televisão. Mas<br />

não se sinta invadido, se aparecer um<br />

amigo. Mande-o sentar e peça mais<br />

um copo.<br />

31 Ser respeitoso com seus amigos. Ou<br />

os evitar para sempre. Não se esqueça<br />

que é privilégio ser querido por alguém.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 29


?????????????<br />

CARTA DO CANADÁ<br />

CANADÁ<br />

PARA CHAMAR DE SEU<br />

ARTHUR VIANNA<br />

Pra início de conversa, uma necessária<br />

advertência ao respeitável público da <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong>:<br />

não sou, confesso, nenhum<br />

especialista em imigração. Mas, como fui<br />

instado a falar sobre o tema, seguem algumas<br />

mal-traçadas linhas sobre o processo<br />

de imigração no Canadá.<br />

Também adianto que não sirvo de<br />

exemplo, pois não me utilizei dos caminhos<br />

que abaixo descrevo. Há vinte anos,<br />

trabalhando no Consulado brasileiro em<br />

Toronto, fui convidado – e acabei aceitando<br />

– a pleitear a cidadania canadense.<br />

Como tenho vários amigos e conhecidos<br />

que militam na área, solicitei a eles as informações<br />

que ora passo.<br />

O processo para se obter a cidadania<br />

canadense tem todo o apoio do próprio<br />

governo. O Canadá é um dos países mais<br />

abertos aos imigrantes. Recentemente, o<br />

governo canadense deu uma boa mexida<br />

nas leis de cidadania e imigração para facilitar<br />

o ingresso de pessoas interessadas<br />

em viver no país. O ministro da Imigração,<br />

Ahmed Hussen, declarou que o principal<br />

foco é remover as barreiras para que todos<br />

os residentes permanentes se tornem cidadãos.<br />

Ele mesmo chegou ao Canadá,<br />

em 1993, como refugiado.<br />

Com uma população em torno de 36<br />

milhões, o Canadá tem como meta de governo<br />

receber 340 mil imigrantes e refugiados<br />

por ano. E a procura é grande. Principalmente<br />

agora com a xenofobia<br />

demonstrada pelo presidente dos Estados<br />

Unidos, país onde vivem mais de um milhão<br />

de brasileiros. Afinal, segundo levantamento<br />

da Organização para a Cooperação<br />

e Desenvolvimento Econômico<br />

(OCDE) em 2017, o Canadá é o sexto melhor<br />

país para se morar. Em primeiro lugar,<br />

está a Austrália. Nos últimos anos, foram<br />

549,5 mil pedidos de brasileiros para residência<br />

temporária no Canadá. Hoje, somos<br />

a quarta nacionalidade que mais solicita<br />

essa permissão, atrás de chineses,<br />

indianos e mexicanos.<br />

Atualmente, por meio de uma nova plataforma<br />

on-line do governo, chamada Entrada<br />

Expressa (Express Entry), possíveis<br />

imigrantes são escolhidos com base em<br />

sua capacidade de se estabelecer no país<br />

e participar da economia canadense. O<br />

perfil ideal para se utilizar dessa plataforma<br />

on-line é o seguinte: idade entre 25 e 30<br />

anos; fluência em inglês ou francês (melhor<br />

ainda nos dois); formação acadêmica<br />

de ensino superior; e experiência de trabalho<br />

comprovada de seis ou mais anos.<br />

O perfil acima, claro, não elimina outros<br />

critérios. Segundo o Portal Canadá, no<br />

novo estudo das ocupações mais demandadas<br />

no país, em <strong>2018</strong>, estão os analistas<br />

de negócios, gerentes de projetos de TI,<br />

engenheiros de software e desenvolvedores<br />

web. Na área da informática, foram<br />

criados, no ano passado, cerca de 5 mil<br />

empregos só em Toronto.<br />

30<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


Mas, em primeiro lugar, segundo o<br />

mesmo estudo, a ocupação mais demandada<br />

em todo o Canadá é o chamado operário<br />

não qualificado geral (general labourer).<br />

São eles a espinha dorsal da indústria<br />

canadense, o trabalho prático que vai desde<br />

limpeza até carga e descarga de materiais.<br />

OUTRAS MANEIRAS DE IMIGRAR<br />

PARA O CANADÁ:<br />

Estudo. Mesmo sendo a mais custosa –<br />

não é barato viver e estudar no exterior –<br />

, sempre há a possibilidade de conseguir<br />

uma colocação em empresa canadense.<br />

Melhor ainda quando o programa de ensino<br />

permite ao estudante trabalhar meio<br />

período.<br />

Província. No Canadá, as províncias (Estados)<br />

são bastante autônomas. O governo<br />

federal estabelece um padrão, mas cada<br />

uma tem suas próprias regras. Sempre vale<br />

a pena dar uma espiada nos programas<br />

de imigração que cada província oferece.<br />

Profissional autônomo. Imigrar como autônomo<br />

também é uma das maneiras. Para<br />

tanto, o governo canadense vai solicitar<br />

uma série de documentos e comprovações.<br />

E, claro, exigir uma boa experiência<br />

do candidato.<br />

Patrocínio familiar. Ser “patrocinado” por<br />

um parente que tenha residência permanente<br />

ou cidadania é outra forma de conseguir<br />

a cidadania. O sistema leva o nome<br />

em inglês de “Family Sponsorship”. Quem<br />

patrocina deve ter mais de 18 anos e comprovar<br />

renda e parentesco. Os casos mais<br />

comuns são cônjuges, pais, filhos e avós.<br />

Esse tipo de imigração varia muito entre<br />

as províncias. Existe também um tipo de<br />

imigração específico para cuidadores de<br />

crianças e idosos.<br />

Refugiado. Pode parecer estranho, mas, segundo<br />

a ONU, há cerca de 1.208 refugiados<br />

brasileiros no mundo. No Canadá, segundo<br />

o último levantamento, são 174<br />

brasileiros com refúgio concedido e 73<br />

aguardando.<br />

São inúmeros os sites brasileiros e canadenses<br />

que ajudam a quem deseja imigrar.<br />

Basta uma busca pelo Google afora.<br />

Para uma informação oficial, o melhor é<br />

entrar no site (inglês e francês) de cidadania<br />

e imigração: www.cic.gc.ca. Nele, de<br />

maneira fácil e objetiva, o interessado ou<br />

apenas curioso consegue obter todas as<br />

informações necessárias. E ainda, se for<br />

o caso, preencher os formulários exigidos.<br />

Por último, mas não menos importante,<br />

uma dica para quem deseja<br />

estar sempre atualizado com<br />

relação à imigração canadense.<br />

Entre no site www.cicnews.com<br />

e faça a sua inscrição<br />

para receber um<br />

newsletter.<br />

(arthurviannanet@gmail.com)<br />

EM TEMPO: para saber um pouco mais,<br />

entre no site da Brazilian Wave Magazine<br />

(brazilianwave.org) e clique na série de<br />

podcasts “Como é no Canadá”.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 31


ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO<br />

COITADINHA DA<br />

ÉTICA!!!<br />

Talvez fosse importante cada um de<br />

nós observar no dia-a-dia como estamos<br />

nos comportando em relação<br />

a conceitos que atravessam séculos como<br />

ética, moral, lógica, estética que nos foram<br />

apresentados nas aulas de filosofia<br />

nos antigos cursos ginasial e colegial.<br />

Pode ser absurdo pensar que Platão e<br />

Aristóteles ou mesmo Jean-Paul Sartre,<br />

mais recentemente, não são mais levados<br />

em consideração no cenário atual da<br />

vida quotidiana de cada um de nós.<br />

Uma definição simples da Ética diz<br />

que ela “é um valor social que identifica,<br />

qualifica e guia princípios universais,<br />

crenças e ações humanas”.<br />

Coitada da Ética! Anda perdida no<br />

meio de tanta confusão criada a partir<br />

da modernidade, dos<br />

avanços tecnológicos,<br />

da ascenção de uma<br />

modernidade que se<br />

lixa para a Lei e a Ordem.<br />

Pode parecer pessimismo<br />

exagerado, mas<br />

se observarmos o<br />

nosso dia-a-dia poucos<br />

se incomodam com a<br />

importância delas.<br />

No Brasil, diante de<br />

tantos contrastes sociais,<br />

talvez sejamos<br />

obrigados a reconhecer<br />

que este é um assunto<br />

considerado absurdo nas favelas que,<br />

mesmo com a intervenção federal no Rio<br />

de Janeiro, continuam com a sequência<br />

de tiroteios principalmente noturnos na<br />

guerra entre facções criminosas que dominam<br />

o ambiente onde vivem.<br />

A superpopulação criou também os<br />

criminosos de colarinho branco, os falsários<br />

profissionais e uma avalanche de<br />

políticos que no dia-a-dia parlamentar<br />

exibem arrogância e ignorância.<br />

Ah!!!, o mundo sempre foi assim, dizem<br />

os acomodados à situação atual,<br />

mas já está passando da hora de serem<br />

aplicados para valer alguns corretivos<br />

que vão contra a filosofia do politicamente<br />

correto, no fundo responsável por<br />

muitos dos pecados modernos.<br />

32<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


SELEÇÃO<br />

AFIADA?<br />

A seleção brasileira de futebol na sua<br />

preparação para a próxima Copa do<br />

Mundo está mostrando evolução em jogos<br />

no Exterior sob comando do técnico Tite.<br />

Na última partida, que não teve a presença<br />

de Neymar, ela deu um banho de<br />

bola e animou os brasileiros de que irá<br />

superar as seleções consideradas favoritas<br />

no Torneio que acontecerá na Rússia.<br />

O futebol anda numa mesmice tão<br />

grande que há grandes chances de o<br />

Brasil caminhar à final.<br />

BELEZA<br />

FUNDAMENTAL<br />

“AS MUITO FEIAS QUE ME DESCULPEM, MAS A<br />

BELEZA É FUNDAMENTAL” – FRASE SACADA PELO<br />

POETINHA VINICIUS DE MORAES, ELE QUE<br />

CURTIU TANTAS MULHERES.<br />

HÁ TAMBÉM MÚSICA DE BILLY BLANCO QUE DIZIA:<br />

“FEIURA NÃO É MAIS TORMENTO/DEPOIS DO<br />

ADVENTO/DO BATOM E DA MASSAGEM…/METE<br />

CARA, POIS CONCURSO DE BELEZA/ NÃO TEM MAIS<br />

DUREZA QUE OUTRORA TINHA”.<br />

O POETA E SAMBISTA TINHAM RAZÃO, POIS, AFINAL,<br />

COM A MAQUIAGEM SÃO TODAS LINDAS…<br />

O BRASIL VENCEU.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 33


ANIVERSÁRIO<br />

MUNDO PACÍFICO<br />

PAULO SOLMUCCI<br />

Na manhã deste domingo, dia 6 de<br />

maio, Pacífico Mascarenhas será<br />

homenageado, no primeiro andar<br />

da sede do Minas I, com a reedição de<br />

um dos eventos que mais marcaram as<br />

tradições do clube, entre as décadas de<br />

1930 e de 1960.<br />

É um encontro de amigos e amigas<br />

em torno da música, que nos anos 1950<br />

foi apelidado de Missa Dançante, porque<br />

se iniciava logo depois da missa dominical<br />

da igreja de Lourdes. A sua reedição<br />

ocorrerá dentro da mesma faixa de horário<br />

em que transcorria nos tempos passados,<br />

isto é, das 11h às 13h.<br />

Além do sarau dançante, a programação<br />

de domingo inclui autógrafos do livro<br />

‘A turma da Savassi…que virou nome<br />

de bairro’, escrito pelo jornalista, escritor<br />

e compositor Jorge Fernando dos Santos.<br />

Pacífico é o personagem central, o<br />

fio condutor.<br />

Posteriormente ao Missa Dançante e<br />

aos autógrafos do livro, o público presente<br />

tem a opção do almoço no restaurante<br />

do clube, com a possibilidade de estender<br />

a grande reunião até o entardecer.<br />

Mas, afinal, quem é esse personagem<br />

nuclear do livro? Pois, o Pacífico é um<br />

dos precursores nacionais da Bossa<br />

Nova e amigo do violonista e cantor João<br />

Gilberto desde 1956. Foi quando se conheceram<br />

em Diamantina, terra natal de<br />

Juscelino Kubitschek.<br />

Em janeiro daquele ano, o diamantinense<br />

JK havia assumido a presidência<br />

da República, com o lema governamental<br />

de ‘cinquenta anos em cinco’.<br />

Em 1958, portanto dois anos depois<br />

do encontro com Pacífico, João Gilberto<br />

lançou a sua maravilhosa criação da batida<br />

diferente da Bossa Nova com a música<br />

‘Chega de Saudade’, composição de<br />

Tom Jobim e Vinicius de Moraes.<br />

Conheci e convivi diariamente com o<br />

Pacífico no Minas Tênis Clube, uma vez<br />

que administrei um dos restaurantes<br />

dessa agremiação social durante anos.<br />

Que maravilha ouviras narrativas dele.<br />

Pacífico inscreveu-se na história do clube<br />

como o seu mais longevo diretor social, comandando<br />

a gestão da área durante três<br />

décadas, isto é, de 1987 a 2016. Nas nossas<br />

prosas, recolhi conhecimentos que vinham<br />

de um tempo anterior à minha geração,<br />

aprendendo muito sobre a vida mineira e<br />

brasileira nos anos dourados da era JK.<br />

Pacífico é reconhecido como um dos edificadores<br />

da Música Popular Brasileira. Carrega<br />

em si dois atributos excepcionais: o de<br />

um grande músico e o de um gentilíssimo<br />

ser humano, admirado por todos que já o<br />

conheceram, entre os quais figuram ídolos<br />

da MPB e, particularmente, da Bossa Nova.<br />

O AMIGO MAIS CERTO DAS HORAS INCERTAS.<br />

Mais do que unicamente levar sua obra<br />

ao público, por meio dos shows e do lançamento<br />

de uma série de discos, ele revelou-se<br />

o amigo mais certo das horas<br />

incertas de um extenso rol de artistas<br />

que iniciavam a carreira, como, por<br />

exemplo, o Milton Nascimento dos anos<br />

1960, quando estava recém-chegado a<br />

Belo Horizonte, vindo de Três Pontas.<br />

Há, na trajetória de Pacífico, casos<br />

34<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


PACÍFICO É UM SUJEITO MAIS QUIETO DO QUE FALANTE, UM DESSES INDIVÍDUOS<br />

QUE REALMENTE ESCUTAM COM A ATENÇÃO O QUE OS OUTROS LHE DIZEM.<br />

O INDUSTRIAL,<br />

COMPOSITOR,<br />

MÚSICO E<br />

DIRETOR SOCIAL<br />

DO MINAS TC,<br />

PACÍFICO<br />

MASCARENHAS<br />

realmente emblemáticos do seu talento,<br />

da sua inteligência generosidade. Foi ele<br />

quem apresentou seu amigo mineiro Roberto<br />

Guimarães a João Gilberto.<br />

O resultado do encontro é que João<br />

Gilberto acabou gravando uma das músicas<br />

desse economista da Mendes Júnior,<br />

integrante da turma da Savassi e das rodas<br />

de violão do Pacífico.<br />

A melodia bossa-novista ‘Amor Certinho’,<br />

de Roberto Guimarães, entrou no<br />

segundo disco de João Gilberto, gravado<br />

em 1959. O título do Long Play (LP): ‘O<br />

amor, o sorriso e a flor’.<br />

A composição de Roberto Guimarães<br />

tornou-se um clássico da MPB, tendo<br />

sido posteriormente gravada por vários<br />

artistas nacionais, como Luiz Melodia,<br />

Leila Pinheiro e Lô Borges.<br />

Pacífico é um personagem de muitas<br />

facetas. Quem acompanhar as andanças<br />

dele chegará à sua coleção de automóveis<br />

antigos, na qual se encontram relíquias,<br />

como os carros utilizados por Juscelino<br />

Kubitschek e Carlos Gardel.<br />

É um sujeito mais quieto do que falante,<br />

um desses indivíduos que realmente<br />

escutam com a atenção o que os<br />

outros lhe dizem. É, assim, uma pessoa<br />

gregária, um aglutinador de gentes, um<br />

autêntico cavalheiro.<br />

E aqui vai outra faceta do Pacífico: é<br />

um dos que modelaram a Savassi,<br />

transformando-a em um ponto de encontro<br />

(um ‘point’, como se diz) da capital<br />

mineira.<br />

z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 35


PAÍS AINDA ERA MUITO MACHISTA E POU-<br />

QUÍSSIMO PLURAL. Em 21 de maio de<br />

1935, nasceu ele no coração geográfico<br />

do atual bairro Savassi. Nos anos 1950,<br />

o rapaz começou a juntar em volta da<br />

antiga Praça 13 de <strong>Maio</strong> (que depois<br />

mudou de nome, tendo sido registrada<br />

como Praça Diogo de Vasconcelos) os<br />

adolescentes e jovens adultos que queriam<br />

se encaixar nos novos modelos<br />

comportamentais da modernização urbana<br />

e nos gestos rebeldes do ator James<br />

Dean e do roqueiro Elvis Presley.<br />

O Brasil colocava os pés na era do<br />

consumo do pós- Segunda Guerra, que<br />

tinha como símbolo mais fascinante o<br />

automóvel. O país começava a produzir<br />

carros. O primeiro modelo foi aqui fabricado<br />

em 1956, a pequena perua<br />

DKW Vemag.<br />

A turma da Savassi aprontava as<br />

suas. É claro que os pais, pessoas influentes<br />

na dita sociedade belo-horizontina,<br />

tinham o poder de livrar os filhos<br />

das eventuais repreensões<br />

policiais ,quando o guarda circunstancialmente<br />

agarrava um dos que soltavam<br />

bombinhas dentro do Cine Pathé,<br />

ensaboavam os trilhos para os bondes<br />

escorregarem nas ladeiras ou desfilavam<br />

pelas ruas da Savassi trajando<br />

apenas uma cueca samba-canção.<br />

Mas, o Brasil dos anos 1950/60 ainda<br />

era muito assim: misturava o novo sonho<br />

de modernidade com a sua realidade de<br />

quatro séculos e meio de uma encruada<br />

índole coronelista. Mandava quem podia,<br />

obedecia quem tinha juízo. O país ainda<br />

conservava um perfil muito masculinizado<br />

e pouquíssimo plural.<br />

Olhando no retrovisor, vê-se que a faceta<br />

mais luminosa e duradoura de Pacífico<br />

foi a música. Ele ajudou a tecer<br />

os novos tempos da MPB. Já nos anos<br />

1960, sentia-se muito à vontade ao lado<br />

de músicos como Milton Nascimento,<br />

Wagner Tiso, Luiz Eça, Nivaldo Ornelas,<br />

e assim por diante. Este continua sendo<br />

o eixo central da existência do nosso<br />

magnífico ex-diretor social do Minas I: a<br />

interlocução com um extenso rol de intérpretes<br />

vocais e instrumentistas.<br />

Na mesa do Pacífico, outros assuntos<br />

vão entrando, mas a base é uma só: a<br />

música. Basta que ele esteja conversando<br />

com um artista, e, pouco a<br />

pouco, começam a chegar outros e outros,<br />

formando um carrossel com todo<br />

o espectro socioeconômico e dos mais<br />

variados sons.<br />

Os músicos e os aficionados pela<br />

música são os que o amarram às mais<br />

longas prosas. A sua conversa rende<br />

além da conta em uma mesa em que<br />

estejam, por exemplo, o baterista Neném<br />

(Esdra Ferreira), os violonistas/guitarristas/compositores<br />

Juarez Moreira e<br />

Toninho Horta, o pianista Ubirajara Cabral,<br />

a cantora Carla Villar, o acordeonista<br />

Célio Balona, os irmãos-cantores<br />

Suzana e Bob Tostes. Quando não se é<br />

músico, basta que se goste dela para<br />

entrar e ficar na roda de bate-papo. É<br />

óbvio que esses encontros se dão em<br />

bares e restaurantes.<br />

INVENÇÃO DE PACÍFICO: PIANO NA CARRO-<br />

CERIA E MÚSICOS NA CAÇAMBA. O ponto<br />

alto do ativismo de Pacífico na turma<br />

da Savassi eram as serestas. Ele chegou<br />

a colocar seu piano na carroceria<br />

de um caminhão para tocar serenatas<br />

às namoradas dos amigos savassianos,<br />

as que moravam em sobrados ou nos<br />

pequenos prédios de então.<br />

Enquanto dedilhava o piano assentado<br />

sobre a carroceria, erguia-se do<br />

caminhão uma caçamba, dentro da<br />

36<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


qual estavam o cantor, o violonista e o<br />

acordeonista. Ao alcance da janela da<br />

moça, desfiava-se o repertório de sambas-canções,<br />

temas de filmes e clássicos<br />

das serestas, como ‘Chão de Estrelas’.<br />

A exibição musical às donzelas<br />

estendia-se da meia-noite até às quatro<br />

da manhã, indo de um endereço a outro,<br />

algo que hoje é inteiramente vedado<br />

pela Lei do Silêncio.<br />

PACÍFICO É RECONHECIDO COMO<br />

UM DOS EDIFICADORES DA MÚSICA<br />

POPULAR BRASILEIRA. CARREGA<br />

EM SI DOIS ATRIBUTOS<br />

EXCEPCIONAIS: O DE UM GRANDE<br />

MÚSICO E O DE UM GENTILÍSSIMO<br />

SER HUMANO, ADMIRADO POR<br />

TODOS QUE JÁ O CONHECERAM,<br />

ENTRE OS QUAIS FIGURAM ÍDOLOS<br />

DA MPB E, PARTICULARMENTE, DA<br />

BOSSA NOVA.<br />

Cada tempo guarda seus costumes<br />

e suas normas sociais. A moral é elástica.<br />

Quanto mais a moral se estende<br />

aos novos tempos, mais a ética deve<br />

se aprofundar. À medida que o machismo<br />

cai, a pluralidade se espraia.<br />

As mulheres, os negros, os índios, as<br />

crianças e os adolescentes conquistam<br />

mais direitos humanos.<br />

Os artistas estão sempre à frente da<br />

sua época. Habitam um mundo melhor,<br />

o por vir. É o mundo que ajudam a harmonizar.<br />

São eles que, ao caminhar, fazem<br />

caminhos. Olham para frente, sem<br />

perder as referências do passado.<br />

Eis que, assim, voltamos à Missa<br />

Dançante. Até os anos 1970, ir à missa<br />

aos domingos impunha-se como um<br />

dever para quase a totalidade da população<br />

de um país que, segundo o IBGE,<br />

era 82% católico. A participação relativa<br />

dos católicos, nas décadas anteriores,<br />

muito provavelmente beirasse os<br />

<strong>100</strong>%, mas não se empreendia a medição<br />

estatística. Em 2010, o IBGE constatou<br />

que 65% se declaravam católicos.<br />

Assim se fez uma tradição no clube,<br />

iniciada no final dos anos 1930. Quando<br />

às 10h se encerrava a missa dominical<br />

da Igreja de Lourdes, os associados do<br />

Minas I caminhavam até o clube, onde<br />

se realizaria a apresentação musical de<br />

duas horas, das 11h às 13h.<br />

A partir da década de 1950, o sarau<br />

recebeu o irreverente apelido de Missa<br />

Dançante, evento que era musicalmente<br />

embalado pelo quarteto do pianista<br />

Paulo Modesto, acompanhado<br />

por Dico, no violão, Alvarenga, no contrabaixo,<br />

e Dário, na bateria. O acordeonista<br />

Célio Balona também se<br />

apresentou com o grupo.<br />

Pois, neste domingo, voltaremos ao<br />

palco dos anos 1950/60. No Minas I, os<br />

músicos e os tantos amigos do Pacífico<br />

abrirão as cortinas do passado. Será<br />

reeditada a Missa Dançante.<br />

Também será lançado o livro ‘A<br />

turma da Savassi…que virou nome de<br />

bairro’. E ergueremos um brinde ao homenageado,<br />

ao mundo plural, ao<br />

mundo Pacífico.<br />

(*) Paulo Solmucci é presidente da<br />

União Nacional das Entidades de Comércio<br />

e Serviços (Unecs) e presidenteexecutivo<br />

da Associação Brasileira de<br />

Bares e Restaurantes (ABR)<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 37


CARTAS DO SERTÃO<br />

O ELEMENTO<br />

MISTERIOSO<br />

nua na capa<br />

da revista? Nem<br />

–Mulher<br />

pensar, senhor<br />

editor! Quer, por acaso, que<br />

eu perca meu precioso e<br />

honrado emprego? Eu tenho<br />

família numerosa e filhos<br />

para criar. Eu sou<br />

considerado o funcionário<br />

mais sério e severo que já<br />

passou por esta Divisão de<br />

Censura e não vai ser só por<br />

causa de seus belhos olhos que<br />

eu vou transigir. Pode desistir e<br />

tirar seus cavalinhos da chuva.<br />

— Mas, senhor Diretor, as<br />

praias estão cheias de topless<br />

e biquínis cavadinhos,<br />

meu senhor! Aliás, minha<br />

capa é com um biquíni<br />

honesto e só<br />

no miolo da revista<br />

é que a modelo<br />

estará em nu artístico.<br />

É lógico que a capa é o chamariz para<br />

nossos inúmeros leitores.<br />

— Repito, pode desistir meu caro, eu<br />

não vou admitir isto nunca!<br />

Com uma voz tonitruante, o locutor sentenciava:<br />

... e entra em cena o elemento<br />

misterioso:<br />

— Bem, eu bem sei que o mundo atual,<br />

não só aqui no Brasil, a libertinagem anda<br />

à solta. Eu vou liberar, mas espero que o<br />

senhor cumpra o prometido.<br />

Eis aqui outro diálogo semelhante:<br />

— O senhor vai me perdoar,<br />

mas seu filho não será aprovado<br />

este ano. Veja suas notas<br />

que coisa horrível, estão<br />

decepcionantes, meu Deus<br />

do céu!, e, veja bem, já estamos<br />

em meados de setembro,<br />

ora, ora. Não vai ser possível, o<br />

senhor que me desculpe.<br />

— Ora, digo eu, senhor diretor,<br />

bem sei que a colaboração<br />

dos seus insignes mestres<br />

e o esforço estimulado deles, farão<br />

a diferença no final do ano.<br />

Além de tudo nós, em casa, vamos<br />

lhe exigir toda concentração<br />

e afinco necessários até as provas<br />

finais. O senhor verá...<br />

— Olha aqui, senhor<br />

pai, o seu filho<br />

é relapso e<br />

desobediente,<br />

eu não creio no<br />

que o senhor<br />

está argumentando!<br />

Só posso lhe<br />

garantir que seremos rigorosos ao extremo.<br />

E é aí que entra em cena o elemento<br />

misterioso:<br />

— Ora, muito bem. Fica sob sua responsabilidade,<br />

pois faremos, com sua colaboração,<br />

é lógico, o que for possível para<br />

recuperá-lo — concluía o velho professor...<br />

As conversas acima eram ouvidas na<br />

Rádio Tamoio do Rio de Janeiro, creio eu,<br />

38<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


num antigo programa de enorme audiência,<br />

inclusive lá minha querida catinga.<br />

Pois muito bem. Os humildes fazendeiros,<br />

pais de uma jovem semianalfabeta,<br />

que fora residir nos Estados Unidos, Deus<br />

sabe como, saíram de Uberlândia, onde<br />

ela nascera para recebê-la no cais do Rio<br />

de Janeiro. Quedaram-se boquiabertos<br />

com o gigantismo do luxuoso transatlântico<br />

pertencente à concorridíssima “Royal<br />

Caribbean International”, ali ancorando.<br />

Ao vê-la descendo, elegante e ricamente<br />

trajada, a rampa de desembarque não puderam<br />

conter as lágrimas de alegria.<br />

Após os calorosos abraços, dirigiramse<br />

ao restaurante do porto aguardando,<br />

não sem a demora necessária, a descida<br />

dos pertences da menina, inclusive um<br />

automóvel de luxo sendo arriado pelo<br />

guindaste. Deu ela vultosa gorjeta a um<br />

despachante, em dólares.<br />

Papo vai, papo vem, o velho pai, vendo<br />

suas acuradas vestes e comportamento<br />

de rico, conhecedor de suas limitações<br />

pessoais, indagou-lhe curioso:<br />

— O que é que vosmecê esta fazendo<br />

lá na América, minha filha?<br />

— Sou “PROTISTUTA” de luxo, meu velho.<br />

Ah, meninos, o sério progenitor perdeu<br />

as estribeiras e desancou a filha por<br />

aquele vil comportamento, dizendo-lhe<br />

que ela foi criada com muito esforço e<br />

carinho, e que, assim sendo, não aceitava,<br />

de maneira alguma, o que ela estava serena<br />

afirmando, assacando-lhe impropérios<br />

mis.<br />

Foi aí que a tranquila “americana” redarguiu<br />

com toda segurança:<br />

— Eu só vim até aqui passar alguns<br />

dias pra matar a saudade, bem como trazer<br />

este dinheirinho — disse triunfante entregando<br />

à mãe uma considerável bolada<br />

de dólares —, para ajudar vocês, e inclusive<br />

aquele “Maverick” novinho, o carro<br />

mais usado por lá, para o senhor. Desejaria<br />

que viessem a morar na cidade de Uberlândia<br />

onde, sem vocês saberem, fui iniciada<br />

por um belo homem, ou melhor, por<br />

um anjo, o qual me ajudou com todas as<br />

forças a imigrar e morar lá em Nova Iorque.<br />

O velho ruralista, católico fervoroso e<br />

praticante, rendendo-se às circunstancias,<br />

tornou a perguntar vacilante, já agora mais<br />

macio:<br />

— Mas o que é mesmo que você esta<br />

fazendo lá, meu amor?<br />

A sua antes adolescente e inocente mocinha,<br />

respondeu prontamente, com a necessária<br />

segurança:<br />

— Eu lhe disse, em claro e bom tom,<br />

que sou “PROTISTUTA”, meu pai.<br />

— Ora, meu senhor Jesus Cristo, eita<br />

ouvido cada dia pior, pois eu entendi que<br />

você disse PROTESTANTE! Agora está<br />

tudo bem, minha querida...<br />

O elemento misterioso está circulando,<br />

abundantemente, entre nossos devassos<br />

e corruptos políticos, inclusive o “temeroso”<br />

presidente da República, comprando<br />

tudo de interesse dos inescrupulosos empresários<br />

de diversas atividades.<br />

Prostituta ou mulher da vida, para os<br />

entendidos, é aquela mulher que vive à<br />

custa dos homens que a frequentam no<br />

leito de amor, porquanto assim se lhe destinou<br />

a iniquidade.<br />

Em consequência, os homens que assim<br />

o fazem são os PROSTITUTOS (sic),<br />

tornando-se, às vezes, verdadeiros proxenetas.<br />

Nunca é demais lembrar: “Por detrás<br />

de uma grande fortuna há um crime” —<br />

Honoré de Balzac.<br />

* Sebastião Cardoso é tabelião<br />

aposentado em Brumado-BA.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 39


PERFIL<br />

CÉLIA LABORNE TAVARES<br />

A ENCANTADORA DAMA<br />

DO JORNALISMO MINEIRO<br />

A MAIS ANTIGA JORNALISTA MINEIRA FALA DA SUA<br />

INVEJADA CARREIRA E DOS TEMPOS DELICADOS,<br />

QUANDO ERA A ÚNICA MULHER NUMA REDAÇÃO<br />

ABSOLUTAMENTE DOMINADA POR HOMENS – QUASE<br />

TODOS MACHISTAS, BOÊMIOS E INCONVENIENTES.<br />

DURVAL GUIMARÃES<br />

CÉLIA AO LADO<br />

DO SEU RETRATO,<br />

PINTADO POR<br />

GUIGNARD<br />

Coube a mim a tarefa de entrevistar<br />

a nossa colega Célia Laborne Tavares,<br />

hoje com 94 anos, uma das<br />

duas fascinantes damas do jornalismo<br />

mineiro. A outra, Anna Marina, cronista<br />

do jornal Estado de Minas e a primeira<br />

mulher a trabalhar naquela redação, já<br />

mereceu um texto elegante, por parte do<br />

seu colega Fred<br />

Botrel, por ocasião<br />

da edição<br />

que comemorou,<br />

agora em março,<br />

os 90 anos daquela<br />

publicação.<br />

Faltava a homenagem<br />

a Célia,<br />

a deslumbrante<br />

Célia<br />

Laborne Tavares,<br />

uma jovem belíssima<br />

e de nome<br />

imponente que, a<br />

um só tempo, era<br />

a redatora brilhante,<br />

a nadadora<br />

campeã nas<br />

40<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


competições no Minas Tênis Clube e artista<br />

plástica que brilhava entre as alunas<br />

do grande pintor Guignard.<br />

Atualmente ela tem um blog, o que<br />

tornou fácil o contato. Solicitei, inicialmente,<br />

um pequeno resumo da sua vitoriosa<br />

trajetória, como uma referência<br />

para a entrevista que seria realizada dias<br />

depois. Ela enviou um depoimento tão<br />

agradável e emocionante que decidimos,<br />

publicar o seu texto. A entrevista foi esquecida<br />

e, então, assino apenas esses<br />

três parágrafos.<br />

Segue, abaixo, o seu relato.<br />

UMA TRAJETÓRIA DE CORAGEM<br />

E ENFRENTAMENTO,<br />

SEM PERDER A TERNURA<br />

Iniciei minha carreira fazendo o primeiro<br />

Curso Prático de Jornalismo que<br />

foi realizado em Belo Horizonte pelo jornal<br />

O Diário. Eu tinha apenas o diploma de<br />

professora primária e a maioria dos candidatos<br />

era composta de rapazes que já<br />

cursavam um curso superior, como Engenharia,<br />

Arquitetura, Direito, pois não havia<br />

formação universitária em jornalismo, naquela<br />

época. Ao final do curso, em 1959,<br />

eu fui convidada para ser a oradora da<br />

turma, o que muito me honrou. Sob a direção<br />

do Sr. Ennius Marcus de Oliveira<br />

Santos, o curso de jornalismo teve como<br />

professores os srs. José Mendonça, Oscar<br />

Mendes, João Etienne Filho, Frei Martinho<br />

Penido Bournier e o sr. Milton Amado.<br />

Com o diploma na mão, pedi para ingressar<br />

no Diário de Minas. Recebida por<br />

Dona Geni Negrão de Lima (NR: esposa<br />

do proprietário, Otacílio Negrão de<br />

Lima), manifestei meu desejo de atuar<br />

na Coluna Feminina, pois o Estado de<br />

Minas já tinha uma, dirigida por Anna<br />

Marina Siqueira.<br />

JORNALISMO E PINTURA<br />

Logo que iniciei no jornal, descobriram<br />

que eu estava, também, fazendo curso<br />

de pintura com Alberto da Veiga Guignard,<br />

o que me gerou o convite para escrever<br />

uma coluna sobre Arte, especialmente<br />

reportagens das exposições mensais<br />

dos alunos de Guignard, das quais<br />

participei duas vezes, apenas. Responsável,<br />

então, pelo Jornal de Arte, que<br />

assinava com o pseudônimo Karina, decidi<br />

me de di car exclusivamente ao jornalismo,<br />

abdicando da carreira artística.<br />

Atuei como cronista literária da rádio<br />

Itatiaia, durante três anos e também<br />

das revistas Alterosa, Comércio & Indústria<br />

e Silhueta.<br />

Meu pai se preocupava com a possibilidade<br />

de eu ser dominada ou discriminada<br />

pelo provável machismo dos colegas<br />

homens. Eu prometi a ele que nunca deixaria<br />

isso acontecer. E assim se cumpriu<br />

minha carreira. Sabia me posicionar, expondo<br />

ideias e mantendo bom-humor e<br />

respeito junto aos colegas.<br />

O chefe do meu setor era Affonso Romano<br />

de Sant’Anna, e o diagramador era<br />

o desenhista Eduardo de Paula. Coordenando<br />

o Caderno Feminino, eu convidei<br />

Júnia Marise e Nilza Helena para serem<br />

minhas colaboradoras no Diário de Minas.<br />

Trabalhávamos à tarde e era costume<br />

meu, do Afonso e do Eduardo, sair para<br />

fazer um lanche e, assim, nos tornamos<br />

muito amigos.<br />

Eu nunca participei dos programas de bar<br />

que os colegas faziam, na Rua da Bahia!<br />

GRANDES AMIGOS<br />

Fui amiga de Ênio Fonseca, Alcindo Ribeiro,<br />

Fernando Gabeira, Dídimo de Paiva,<br />

Hélio Adami, Urias Botelho, Januário e<br />

z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 41


CÉLIA E RITA, AS<br />

CIGANAS NO<br />

CARNAVAL.<br />

RITUAL ANTES DO<br />

BAILE NO MINAS<br />

TÊNIS CLUBE<br />

Emanuel Carneiro,<br />

Oldack Esteves<br />

e outros<br />

tantos...<br />

Meu primeiro<br />

chefe, o Afonso<br />

Romano de Sant’ -<br />

Anna, gostava dos<br />

meus textos e foi<br />

quem me alertou<br />

para a possibilidade<br />

de editar um<br />

ou mais livros<br />

pela imprensa oficial,<br />

que oferecia<br />

descontos para<br />

quem estivesse já<br />

tra ba lhan do como<br />

jornalista.<br />

Nos idos de<br />

1967, lancei meu<br />

primeiro livro Luz<br />

Sobre o Mar, ilustrado<br />

pela colega<br />

da Escola Guignard,<br />

Sara Ávila e<br />

prefaciado por<br />

Júnia Marise de<br />

Azeredo Coutinho.<br />

E, em 1972,<br />

O Quinto Lótus, com ilustrações de Maria<br />

Helena Andrés, também colega do curso<br />

de Arte, e prefácio de Lúcia Machado de<br />

Almeida.<br />

No Diário de Minas, quando editora<br />

do Caderno Feminino, que saía todos<br />

os domingos, com oito páginas, procurei<br />

sempre valorizar as atividades culturais<br />

da mulher, dando maior ênfase às que<br />

estudam ou trabalham, do que mesmo<br />

as que se preocupam com a beleza, e<br />

também entrando muito em espirituali-<br />

42<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


dade, uma grande preocupação. Queria<br />

trazer o Oriente para o Ocidente!<br />

F UTEBOL E IOGA<br />

Eu procurava ser criativa, para atrair<br />

mais leitores, criando matérias sobre assuntos<br />

relacionados aos mais diversos assuntos,<br />

tais como mulheres em estádios<br />

de futebol.<br />

O tempo de jornalismo me abriu muitas<br />

portas para a comunicação com a<br />

sociedade, por meio de textos, poesias e<br />

crônicas, e dos livros, publicados posteriormente.<br />

Nas horas vagas recebia e ministrava<br />

aulas de yoga, que chegou quente em<br />

Belo Horizonte, pelo Mestre George Crítikus,<br />

ensinando ginástica, respiração e<br />

meditação. Tais práticas me estimularam<br />

a aprofundar nos conteúdos para fundamentar<br />

as colunas nos jornais, bem<br />

como a narrativa do livro O Quinto Lótus<br />

e os seguintes.<br />

Nessa época, eu passei a ministrar aulas<br />

de yoga e meditação.<br />

Fui também nadadora do Minas Tênis<br />

Clube, na primeira piscina do Brasil a<br />

ter dimensões olímpicas. Ali, conquistei<br />

diversas medalhas, inclusive de ouro e<br />

prata, correspondentes ao primeiro e segundo<br />

lugares. Nessa época nadava também<br />

o famoso Ivo Pitangui, que escolhera,<br />

como eu, as modalidades crawl e<br />

costas. Ainda achava hora para estudar<br />

violão com o Elias Salomé. Uma curiosidade:<br />

Quando eu ganhava medalhas,<br />

minha foto de maiô era publicada no<br />

jornal. No colégio, as freiras não gostaram<br />

e chamavam minha atenção. O elogio<br />

no esporte virava puxão de orelha<br />

no colégio...<br />

BELOS CARNAVAIS<br />

Tenho belas recordações da minha juventude<br />

em Belo Horizonte. Os carnavais<br />

no Minas Tênis Clube e no Automóvel<br />

Clube. Criávamos fantasias bem elaboradas<br />

e a alegria era certa. Nada de bebida<br />

alcoólica para manter a animação e a criatividade.<br />

Antes de ir para o baile, eu inventava<br />

de fazer, junto com amigas, bela<br />

ambientação em casa e vivência ritualística<br />

conforme a cultura das personagens/<br />

fantasias. Eu cantava muito e tocava violão<br />

nos encontros de família. Era um tempo<br />

sem perigo, pura diversão!<br />

Tive admiradores... amores platônicos...<br />

paixões frustradas... cuja sutileza<br />

dos segredos habitam os meus inúmeros<br />

poemas. Não me casei, nem tive filhos.<br />

Optei pelo casamento com o jornalismo,<br />

com a escrita.<br />

No momento, como estou usando o jornalismo<br />

só pela internet, fiquei realmente<br />

espantada com o número de internautas<br />

que acessam os meus dois blogs, no Brasil,<br />

nos Estados Unidos, na Europa e outros<br />

continentes. Estou correndo o mundo, em<br />

locais jamais suspeitados que lá chegaria.<br />

Tenho experimentado a grata satisfação<br />

de ver novos leitores (inclusive jovens) que<br />

se manifestam por e-mail, com apreciações<br />

aos meus poemas e crônicas.<br />

Acho muito positivo o avanço que o jornalismo<br />

tem feito através da mídia digital.<br />

Algumas news letters, como a revista <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong>,<br />

que recebo regularmente, via<br />

e-mail, é uma prova de que qualidade e<br />

agilidade podem andar juntas nesses tempos<br />

de novas tecnologias. Eu que comecei<br />

operando uma pesada máquina de escrever,<br />

não imaginava a velocidade do desenvolvimento<br />

tecnológico!<br />

Sou jornalista a vida inteira. Entretanto,<br />

nos últimos anos, tenho usado apenas a<br />

internet publicando crônicas e poemas<br />

semanalmente, nos meus blogs Vida em<br />

Plenitude e Poemas da Célia.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 43


A CONDIÇÃO HUMANA<br />

13 SINAIS DE QUE<br />

VOCÊ É MAIS INTELIGENTE<br />

DO QUE IMAGINA<br />

TODOS QUEREM SER OS MAIS INTELIGENTES, MESMO<br />

AQUELES QUE USAM DE FALSA MODÉSTIA, E DIZEM<br />

“NÃO SOU INTELIGENTE, APENAS BOM NO QUE FAÇO”<br />

SANDRO FIORANI<br />

Averdade é que não há quem não<br />

gostaria de ser um gênio, sonhar<br />

com um prêmio Nobel, ou algo parecido.<br />

E o mais curioso: é possível ser<br />

mais inteligente do que aquilo que se<br />

pensa – e acima da média, por exemplo.<br />

Para ajudar, o Business Insider reuniu 13<br />

sinais comuns de inteligência elevada, obtidos<br />

através do Quora, um website de<br />

perguntas e respostas onde as perguntas<br />

são feitas, respondidas, editadas e organizadas<br />

por sua comunidade de usuários,<br />

e apoiados por evidências científicas.<br />

1 BOA CONCENTRAÇÃO<br />

O professor universitário Frank Zhu diz<br />

que “as pessoas que conseguem concentrar-se<br />

por longos períodos de<br />

tempo, mesmo com distrações à volta,<br />

são altamente inteligentes”.<br />

2 GOSTA DE TRABALHAR À NOITE<br />

Um estudo, publicado em 2009 no jornal<br />

Personality and Individual Differences,<br />

analisou a ligação entre QI na infância e<br />

hábitos de sono de milhares de jovens<br />

adultos. Concluiu-se que as pessoas mais<br />

inteligentes diziam ficar acordadas até<br />

mais tarde e acordar mais tarde também.<br />

3 SABER ADAPTAR-SE<br />

Um estudo psicológico, elaborado recentemente,<br />

revela que a inteligência depende<br />

do poder de mudar os seus próprios<br />

comportamentos para lidar de<br />

forma mais eficaz com o ambiente que o<br />

rodeia ou para produzir mudanças nesse<br />

mesmo ecossistema.<br />

4 DIZER QUE NÃO SABE<br />

As pessoas mais inteligentes são capazes<br />

de admitir quando não estão familiarizados<br />

com um conceito. O especialista<br />

Jim Winer escreve que pessoas<br />

inteligentes “não têm medo de dizer:<br />

‘Não sei’. Se eles não sabem, eles podem<br />

aprender”.<br />

5 CURIOSIDADE<br />

Albert Einstein dizia: “Não tenho talentos<br />

especiais, só tenho curiosidade”. Um estudo<br />

publicado em 2016, no Journal of Individual<br />

Differences, sugere que existe uma ligação<br />

entre a inteligência na infância e a<br />

44<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


abertura à experiência – que abrange a curiosidade<br />

intelectual – na idade adulta.<br />

6 MENTE ABERTA<br />

Pessoas inteligentes não se fecham a<br />

novas ideias ou oportunidades. Os psicólogos<br />

dizem que as pessoas com mente<br />

aberta – aqueles que procuram pontos de<br />

vista alternativos – tendem a ter os mais<br />

altos valores em testes de inteligência.<br />

7 POUCA SOCIABILIZAÇÃO<br />

Pesquisas recentes, publicadas no British<br />

Journal of Psychology, sugerem que as<br />

pessoas mais inteligentes tendem a sentir<br />

menos satisfação em sociabilizar ou estar<br />

com amigos do que a maioria das pessoas.<br />

8 AUTOCONTROLE<br />

Os cientistas encontraram um vínculo<br />

entre autocontrole e inteligência. Um estudo<br />

de 2009, publicado na revista Psychological<br />

Science, pedia aos participantes<br />

para escolherem entre duas recompensas<br />

financeiras: um pagamento menor imediatamente<br />

ou um pagamento maior numa<br />

data posterior. Os resultados mostraram<br />

que os participantes que escolheram o pagamento<br />

maior numa data posterior<br />

– ou seja, aqueles que tiveram<br />

mais autocontrole<br />

geralmente obtiveram melhores<br />

resultados nos testes<br />

de inteligência.<br />

9 DIVERTIDO<br />

Os cientistas da<br />

Universidade do<br />

Novo México realizaram<br />

um estudo no qual concluíram<br />

que as pessoas<br />

que escreveram legendas<br />

mais engraçadas<br />

para desenhos animados obtiveram<br />

pontuações mais elevadas nos testes<br />

de inteligência verbal.<br />

10 SENSÍVEL ÀS EXPERIÊNCIAS DOS<br />

OUTROS<br />

Alguns psicólogos argumentam que a<br />

empatia é uma componente central da<br />

inteligência emocional. Pessoas emocionalmente<br />

inteligentes geralmente estão<br />

muito interessadas em falar com novas<br />

pessoas e aprender mais.<br />

11 ASSOCIAR CONCEITOS<br />

APARENTEMENTE NÃO<br />

RELACIONADOS<br />

Vários especialistas afirmam que as<br />

pessoas inteligentes são capazes de ver<br />

padrões onde outros não conseguem.<br />

Isto porque são capazes de traçar conceitos<br />

paralelos entre ideias aparentemente<br />

díspares.<br />

12 CAPACIDADE DE ADIAR<br />

Outros estudiosos defendem que pessoas<br />

inteligentes provavelmente adiarão<br />

as tarefas quotidianas, principalmente<br />

porque estão trabalhando em coisas<br />

mais importantes.<br />

13 COLOCA GRANDES<br />

QUESTÕES<br />

Vários especialistas dizem<br />

que os indivíduos<br />

inteligentes “perguntamse<br />

muito sobre o universo<br />

e o significado da<br />

vida”. Além disso, questionam-se<br />

sobre qual o<br />

objetivo de tudo. Esta confusão<br />

existencial pode ser<br />

uma das razões pelas quais<br />

as pessoas inteligentes são<br />

mais propensas a estar ansiosas,<br />

adiantam.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 45


ERA SÓ O QUE FALTAVA<br />

FORMIGAS E<br />

MULHERES<br />

IVANI CUNHA *<br />

Eu mal sabia ler quando descobri que<br />

o Almanaque Dr. Scholl era distribuído<br />

de graça nas farmácias. Soletrando,<br />

aprendi que as formigas são capazes<br />

de carregar objetos equivalentes até<br />

a cinquenta vezes o seu próprio peso. Algo<br />

como uma pessoa de estatura média levar<br />

nos ombros um carro pequeno.<br />

46<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


Não conheço criatura<br />

capaz de realizar<br />

proeza igual à das formigas.<br />

Mas declaro o<br />

meu profundo respeito<br />

às mulheres, que<br />

muitas vezes também<br />

dão prova de força<br />

incomum. Pensava<br />

nisso dias atrás, enquanto<br />

caminhava<br />

pelo centro de Belo<br />

Horizonte e, a poucos<br />

centímetros de mim,<br />

passou uma mulher<br />

miúda, ainda jovem,<br />

carregando uma menina<br />

enorme, que me<br />

pareceu mais pesada<br />

que a própria mãe.<br />

Sim, só uma mãe<br />

teria condições de<br />

carregar aquela<br />

criança que choramingava<br />

sem parar.<br />

Talvez a mulher estivesse,<br />

naquele momento,<br />

à procura de<br />

um médico para<br />

atender a menina, pois sabemos todos<br />

que essa tarefa quase sempre cabe às<br />

mães em qualquer lugar do mundo. Principalmente<br />

se o marido estiver trabalhando<br />

– e talvez fosse essa a situação.<br />

Mas o que me impressionou foi a desenvoltura<br />

da mulher com a enorme<br />

criança ao colo. Comparei o meu físico<br />

com o da mãe e concluí que, apesar da<br />

grande diferença, eu não levantaria do<br />

chão aquela menina sem sentir, na hora,<br />

um estalo na coluna. A senhora seguia<br />

pelo passeio da Rua Goiás sem tropeçar<br />

nem mudar o ritmo, com a criança agarrada<br />

ao pescoço e sustentada por seus<br />

braços. Os pés da menina balançavam no<br />

ar, pouco acima dos pés da mãe. Então<br />

pensei que Deus não faz por acaso as mulheres<br />

mais fortes que os homens. Seríamos<br />

capazes de provocar um estrago<br />

muito maior que o habitual se fôssemos<br />

tão fortes quanto elas.<br />

Eu fazia essas reflexões quando passou,<br />

logo atrás da mulher, uma adolescente<br />

morena, de rosto liso e olhos escuros,<br />

bem grandes, levando uma rosa na<br />

mão. Uma imagem bonita. Deixei a memória<br />

viajar 20 ou 30 anos atrás. O que<br />

eu faria se fosse mais jovem? Talvez dissesse<br />

algo original como “Veja só, uma<br />

flor carregando outra flor...” Não, eu não<br />

faria esse galanteio nem mesmo na minha<br />

distante e amena juventude, ainda<br />

que estivéssemos, como agora, só nós<br />

dois naquele passeio, numa tarde ensolarada.<br />

Por ser tão contido, talvez eu tenha<br />

perdido algumas oportunidades de<br />

fazer conquistas ou de ganhar eventualmente<br />

um sorriso. Mas preservei-me também<br />

da reação de alguma mulher malhumorada,<br />

nunca se sabe.<br />

Portanto é melhor ficar só no elogio em<br />

pensamento, e desejar a todas as mulheres,<br />

mães ou não, que possam viver até<br />

uma época em que não será necessário<br />

haver um dia só para elas. Desejar especialmente<br />

às mães que tenham diariamente<br />

a gratidão de seus filhos. Estou<br />

apenas repetindo aqui as palavras de algumas<br />

mulheres que admiro: “Se em todos<br />

os dias houvesse igualdade para homens<br />

e mulheres, elas não precisariam<br />

de uma data especial.”<br />

Não me atrevo a perguntar aos diretores<br />

da Câmara de Comércio Lojista ou da Associação<br />

Comercial de Minas se os seus<br />

associados concordam com essa tese ...<br />

(*) Jornalista<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 47


PALAVRA DO LEITOR<br />

Cuidado com a minha cabeça!<br />

Muitos mineiros entraram em pânico<br />

com a estação espacial chinesa<br />

que, segundo chegou a ser noticiado,<br />

tinha 3% de probabilidades de cair no<br />

norte de Minas Gerais, perto de Janaúba.<br />

Felizmente, ela acabou despencando,<br />

em abril, no oceano Pacífico, a<br />

noroeste do Taiti. Não aconteceu, portanto,<br />

o que era muito improvável que<br />

acontecesse.<br />

Caso tivesse acontecido, no entanto,<br />

em princípio não teria sido grave: a<br />

única pessoa que, até hoje, foi atingida<br />

por um pedaço de lixo espacial sobreviveu,<br />

depois de um pedacinho de lata<br />

lhe ter tocado suavemente no ombro.<br />

De acordo com os cientistas, a possibilidade<br />

de alguém ser atingido por detritos<br />

espaciais é dez milhões de vezes<br />

menor do que a de ser atingido por um<br />

relâmpago.<br />

Pudemos, por isso, respirar de alívio:<br />

a baixíssima probabilidade da bugiganga<br />

chinesa cair no nosso estado e a<br />

ainda mais ínfima hipótese de ferir alguém<br />

não se verificou. Receio, porém,<br />

que isso sirva de incentivo aos cientistas<br />

para continuarem a atirar ao ar trambolhos<br />

do tamanho de um ônibus do Move<br />

sem saberem onde elas vão cair.<br />

É certo que, ao entrar em contato<br />

com a atmosfera terrestre, o ônibus<br />

começa a desfazer-se numa chuva de<br />

pequenas peças que até proporciona<br />

um espetáculo bonito, mas não sei se<br />

isso será desculpa suficiente para continuarmos<br />

a lançar bugigangas pesadas<br />

para o espaço. Creio que o problema<br />

reside no modo como os<br />

cientistas designam o seu trabalho.<br />

Uma coisa é pensar que se está construindo<br />

uma sofisticada estação espacial,<br />

outra coisa é ter a consciência de<br />

que se trabalha em futura sucata.<br />

Uma estação espacial, como o próprio<br />

nome indica, permanece no espaço;<br />

já o lugar da sucata, em princípio,<br />

é na Terra – e, além do mais, é plausível<br />

que ela deseje vir aninhar-se em Minas<br />

Gerais. Só a noção clara de que estão<br />

produzindo ferro-velho pode incutir nos<br />

cientistas a preocupação de acautelar o<br />

seu regresso à Terra, e evitar que caia<br />

especificamente no nosso estado. A<br />

própria designação de “engenheiro astrofísico”<br />

deveria ser substituída pela de<br />

“produtor de futuro lixo”.<br />

Quando uma estação espacial é lançada<br />

no espaço, constitui um milagre<br />

da engenharia até sair da atmosfera terrestre.<br />

Nesse momento, passa a estar<br />

em lista de espera para se transformar<br />

em chuva de lixo. Deixa de ser o produto<br />

de uma cabeça brilhante e passa a<br />

ser uma ameaça para a minha. No caso,<br />

uma ameaça para a invejada cabeça de<br />

todos os mineiros.<br />

ABELARDO BARBOSA<br />

Janaúba – MG<br />

48<br />

MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


Bem sei que, ao contrário de mim,<br />

que continuo a deslocar-me a restaurantes<br />

com a desatualizada ambição de<br />

comer, os clientes procuram hoje, mais<br />

do que uma refeição, “experiências gastronómicas”.<br />

Mas duvido que possam<br />

estar interessados na experiência de ter<br />

as bocas úmidas de um boxer a abocanhar-lhes<br />

docemente o nariz.<br />

As críticas que tenho lido à nova lei<br />

tendem a concentrar-se nos animais e<br />

a esquecer o problema principal, que<br />

são os donos. Quem já esteve na sala<br />

de espera de um veterinário sabe que<br />

há dois tipos de donos de cães: os que<br />

falam com as outras pessoas sobre o<br />

Tirem esse cachorro do meu prato<br />

Fiquei sabendo que se prepara uma<br />

lei para permitir a entrada de animais<br />

domésticos em restaurantes de Belo<br />

Horizonte. Será verdade ou mais uma<br />

fake news? De qualquer forma, não<br />

concordo com a iniciativa. Tenho alguns<br />

cães, que continuarão a ficar em casa<br />

quando eu for jantar fora. Há quem seja<br />

contra a entrada de cães em restaurantes.<br />

Eu sou contra a entrada de algumas<br />

pessoas. Sobre os cães, ainda não<br />

decidi. Mas não levarei os meus porque<br />

são bichos que, como se costuma dizer,<br />

não sabem se comportar.<br />

Talvez os cães da rainha de Inglaterra<br />

saibam se comportar em restaurantes.<br />

Desconfio que os meus não sabem.<br />

São dados a alegrias malucas e<br />

a ternuras brutas. As alegrias malucas<br />

fazem com que eles abanem a cauda<br />

com o vigor que alguns chicotes não<br />

têm. As ternuras brutas os impelem a<br />

pôr as patas no peito de desconhecidos<br />

com o objetivo de lhes lamberem<br />

a cara.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 49


seu cão e os que falam com o seu cão<br />

sobre as outras pessoas. Os primeiros<br />

aguardam que um dos outros donos<br />

seja suficientemente incauto para estabelecer<br />

contato visual e costumam<br />

abrir a conversa com um resumo do<br />

histórico clínico do cão. “Este maroto<br />

já me fez vir a esta clínica três vezes<br />

esta semana. Coitadinho. Mas faz<br />

muita companhia. Ontem, chego a casa<br />

e ele…” E por aí fora. Os segundos optam<br />

por este modelo: “Ô Plutão, aquele<br />

senhor tem uma cadelinha que era<br />

uma namorada mesmo boa para ti.”<br />

Quem quiser responder ao dono do<br />

Plutão tem de se meter na conversa e<br />

dirigir-se a ele como um suposto cão:<br />

“Não pode ser, Plutão, porque a Princesa<br />

está esterilizada. Não é Princesa?”<br />

Ambos os donos conseguem<br />

manter este diálogo até que um deles<br />

seja chamado para entrar no consultório,<br />

altura em que dirá: “Adeus, Plutão.<br />

Melhoras.” Suponho que, nos restaurantes,<br />

os donos de cães se relacionem<br />

do mesmo modo. Então pergunto,<br />

quem aguenta ouvir conversas idiotas<br />

desse tipo? É por isso que sou contra.<br />

LAURO MACEDO<br />

BH-MG<br />

RESPOSTAS DO TESTE DA PÁGINA XX<br />

1 – O trabalho<br />

Cada um dos quatro<br />

homens demoraria quatro<br />

dias para construir um<br />

único barco.<br />

2 – A viagem<br />

Em toda a história foram<br />

mencionadas doze<br />

pessoas.<br />

3 – O tempo<br />

O ponteiro dos minutos<br />

precisa de 65 minutos<br />

para dar uma volta completa<br />

ao relógio.<br />

4 – O espelho<br />

A palavra que se consegue<br />

ler da mesma maneira<br />

ao contrário (no espelho)<br />

ou olhando<br />

diretamente para o cartaz<br />

é “TOOT”.<br />

5 – A rotina<br />

O ladrão entrou pela<br />

porta, porque o Bruno esqueceu-se<br />

de fechá-la.<br />

6 – O galinheiro<br />

Em seis dias, sete galinhas<br />

põem 28 ovos porque,<br />

na realidade, uma<br />

galinha põe apenas um<br />

ovo num dia e meio (ou<br />

dois terços de um ovo<br />

por dia).<br />

7 – A família<br />

Eu sou seu sobrinho.<br />

8 – O dicionário<br />

As palavras que se escrevem<br />

com as mesmas<br />

letras são “Gates” e<br />

“Stage”.<br />

9 – A corrida<br />

Quem venceu a corrida<br />

foi o Tornado. O cavalo do<br />

senhor Mateus não podia<br />

ganhar porque o cavalo<br />

que ganhou era negro. O<br />

cavalo do senhor Baltasar<br />

não ganhou. Por isso<br />

deve ter ganho o cavalo<br />

do senhor Luís. O Tufão<br />

não pode ter ganho e não<br />

pode ser o cavalo do senhor<br />

Luís porque partiu a<br />

pata logo no início. O Trovão<br />

também não podia<br />

ser o cavalo do senhor<br />

Luís porque não era a primeira<br />

vez que corria. Por<br />

exclusão de partes, o Tornado<br />

é o cavalo do senhor<br />

Luís.<br />

10 – A conquista<br />

Sim, uma pessoa casada<br />

está a olhar para<br />

uma pessoa solteira. E<br />

pouco importa o estado<br />

civil da Catarina, que nós<br />

não conhecemos. Caso a<br />

mulher seja casada, então<br />

ela estará a olhar para o<br />

Rui, que não é casado.<br />

Caso ela não seja casada,<br />

o Tomás – que é casado –<br />

também está a olhar para<br />

uma pessoa solteira.<br />

50<br />

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