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Matéria Prima 92 - AGOSTO 2017- WEB

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ANO VIII • Nº <strong>92</strong> • <strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • R$ 10<br />

E C O N O M I A | P O L Í T I C A | E S P O R T E S | H U M O R | C U LT U R A<br />

JOÃO VITOR MENIN,<br />

PRESIDENTE DO<br />

BANCO INTER, BRAÇO<br />

FINANCEIRO DA MRV<br />

ENGENHARIA<br />

O BANCO DE<br />

UMA<br />

AGÊNCIA SÓ<br />

SEM CHEQUES, NEM TARIFAS,<br />

O BANCO INTER JÁ TEM 200<br />

MIL CORRENTISTAS E FAZ<br />

MINAS RETOMAR SUA<br />

IMPORTÂNCIA NA CENA<br />

FINANCEIRA DO<br />

PAÍS<br />

É MAIS FÁCIL AQUELE CAMELO BÍBLICO<br />

PASSAR PELO BURACO DE UMA AGULHA<br />

QUE UM FIADOR IDIOTA ENTRAR<br />

NO REINO DOS CÉUS<br />

O DESEMPENHO DE ITAMAR E TEMER<br />

NA ÁREA ECONÔMICA MOSTRA QUE<br />

PRESIDENTE NÃO NECESSITA DE DOIS<br />

MANDATOS, MAS APENAS DE MEIO


06<br />

13<br />

14<br />

EDITORIAL<br />

GRÁVIDAS, CUIDADO<br />

COM A PROPAGANDA<br />

DO PARTO FEITO EM CASA<br />

As redes sociais se tornaram um<br />

pantanoso terreno da mentira:<br />

teorias da conspiração, medicinas<br />

alternativas, fenômenos paranormais<br />

e até partos fora do<br />

hospital frequentam a internet<br />

como verdades. Sim, devemos<br />

ter a mente aberta às novidades,<br />

mas não a ponto de deixar o cérebro<br />

cair no chão<br />

NOMES & NOTAS<br />

NINGUÉM PRECISA DE<br />

DOIS MANDATOS.<br />

NA VERDADE, SÓ DE MEIO<br />

Itamar Franco e Michel Temer tiveram<br />

direito a apenas 24 meses<br />

de governo, mas se destacam por<br />

grande desempenho na área econômica.<br />

Isso mostra que nenhum<br />

presidente necessita de dois<br />

mandatos. Às vezes, como aconteceu<br />

com Dilma e Fernando Henrique,<br />

a reeleição na verdade só<br />

complica as coisas<br />

REPORTAGEM DE CAPA<br />

O BANCO QUE ENCANTA<br />

O MUNDO FINANCEIRO<br />

COM SUAS INOVAÇÕES<br />

Apresentamos aos leitores o<br />

Banco Inter, com suas 200 mil<br />

contas correntes em quatro mil<br />

municípios brasileiros e uma<br />

única agência. Entre outras inovações,<br />

os clientes não utilizam<br />

talão de cheque e fazem a própria<br />

compensação financeira. À<br />

frente, João Vitor Menin, um banqueiro<br />

de 35 anos<br />

ANO VIII - Nº <strong>92</strong> - <strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong><br />

ÍNDICE<br />

24 OPINIÃO<br />

32 PONHA A CABEÇA PRA PENSAR<br />

36 CARTA DO CANADÁ<br />

38 ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO<br />

40 CARTA DO SERTÃO<br />

46 ERA SÓ O QUE FALTAVA<br />

48 PALAVRA DO LEITOR


22 26<br />

42<br />

POLÍTICA<br />

LULA E AÉCIO DISPUTARÃO<br />

O VOTO DOS BRASILEIROS<br />

NO PRÓXIMO ANO<br />

Segundo nosso homem em Brasília,<br />

a disputa já está colocada:<br />

Pinheiro do Vale, decano dos jornalistas<br />

brasileiros, afirma que<br />

os dois disputarão cara-a-cara a<br />

Presidência. Os outros candidatos<br />

apenas participarão da campanha<br />

eleitoral, assim como o<br />

Galo e Cruzeiro no atual campeonato<br />

brasileiro<br />

MEU DINHEIRO<br />

EMPRESTAR DINHEIRO<br />

A PARENTE: UMA TRAGÉDIA<br />

REGADA A TANGO<br />

Ter uma amante argentina é uma<br />

imensa desgraça para sua conta<br />

bancária. Mas nada é pior que<br />

emprestar dinheiro para o cunhado<br />

caloteiro ou o genro que<br />

mora em sua casa. No terreno<br />

das finanças, parente é mesmo<br />

serpente. No entanto, estes não<br />

são os únicos desastres na gerência<br />

de suas finanças<br />

HORA EXTRA<br />

ALÔ, GAROTAS: HOMENS<br />

NÃO GOSTAM DE MULHERES<br />

MUITO EXIGENTES<br />

Alguns de nós, de <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong> ,<br />

entendemos o desespero das mulheres<br />

com a falta de homens em<br />

BH: elas excedem em 150 mil ao<br />

exército do sexo oposto, segundo<br />

o IBGE. Num cenário tão competitivo,<br />

as que conseguem se casar<br />

são meigas, carinhosas e não<br />

pegam no pé do namorado por<br />

qualquer coisa<br />

EXPEDIENTE<br />

Márcio Rubens Prado (IN MEMORIAM)<br />

31 2534-0600<br />

MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR<br />

durvalcg@yahoo.com.br<br />

E C O N O M I A |P O L Í T I C A |E S P O R T E S |H U M O R |C U L T U R A<br />

DIRETOR RESPONSÁVEL E EDITOR GERAL:<br />

Durval Guimarães<br />

EDITOR DE TEXTO: Carlos Alenquer<br />

PROGRAMAÇÃO VISUAL: Antônio Campos<br />

COLABORADORES:<br />

Adalberto Ferraz, Antônio Porfírio, Arthur<br />

Vianna, Ivani Cunha, João Paulo Coltrane,<br />

José Antônio Severo, Mário Ribeiro,<br />

Pinheiro do Vale, Rodrigo Mazzei, Sandra<br />

Fiorani, Tiãozito Cardoso.<br />

IMAGENS:<br />

Creative Commons OCO<br />

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E PUBLICIDADE: Rua Canopus, 11 • Sala 5 • São Bento • CEP 30360-112 • Belo Horizonte • MG


EDITORIAL<br />

NÃO SE DEIXE ENGANAR PELAS MENTIRAS<br />

QUE SÃO DITAS EM NOME DA CIÊNCIA<br />

Oimportante jornal espanhol El País<br />

registrou, em sua versão brasileira,<br />

as seguintes notícias publicadas recentemente,<br />

como verdadeiras, na imprensa<br />

brasileira:<br />

1. O juiz Sérgio Moro é filiado ao PSDB<br />

2. Gilberto Gil chamou Moro de “juizinho<br />

fajuto”.<br />

3. Hillary Clinton participa de seitas satanistas<br />

4. O presidente do Banco Mundial criticou<br />

o governo Temer.<br />

O que há de comum entre essas quatro<br />

notícias: todas são mentirosas, partilhadas<br />

milhares de vezes, mas foram divulgadas<br />

como verdadeira dentro do fenômeno das<br />

chamadas “fake news”, ou “pós verdade”,<br />

termo cunhado pela imprensa norte americana<br />

para se referir às patacoadas de<br />

Donald Trump (entre elas, a de que Barak<br />

Obama é o fundador do Estado Islâmico).<br />

Notícias falsas como estas tornaramse<br />

a erva daninha que ganhou terreno fértil<br />

na era digital. Imitam o estilo dos noticiários,<br />

são escritas imitando um certo rigor<br />

jornalístico – mas sem o menor compromisso<br />

com a realidade.<br />

Muito pelo contrário. São criadas a partir<br />

de personagens conhecidos, mas com<br />

suas falas distorcidas, ou inventadas, para<br />

confundir e amplificar sentimentos de rejeição<br />

ao alvo escolhido. O alvo das notícias<br />

falsas, não se limita, porém, ao pantanoso<br />

terreno da política.<br />

Vejamos um caso que assusta por se<br />

tratar da nossa saúde: há uma gigantesca<br />

divulgação de informações pseudocientíficas,<br />

a respeito de coisas promovidas nas<br />

redes sociais como ciência, sem o ser. Há<br />

ainda, e mais grave, o chamado negacionismo<br />

da ciência. Consiste, por exemplo,<br />

em desmentir a ciência, com o propósito<br />

de negar verdades desconfortáveis. São<br />

pseudo-informações veiculadas por essas<br />

pessoas, combatendo as vacinas e os partos<br />

realizados em hospitais.<br />

Um dos alvos preferidos dessa turma é<br />

o endeusamento do uso da medicina alternativa.<br />

No entanto, para realizar essa<br />

tarefa, promove a utilização de práticas<br />

para as quais não existem provas científicas<br />

credíveis, ou até de práticas para as<br />

6<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


A TODA HORA ENCONTRAMOS NAS REDES SOCIAIS INFORMAÇÕES NÃO<br />

CONFIRMADAS SOBRE BENEFÍCIOS DAS DIETAS SEM GLÚTEN, FENÔMENOS<br />

PARANORMAIS, TEORIAS CONSPIRATÓRIAS OU MEDICINA ALTERNATIVA<br />

quais existem provas abundantes de que<br />

elas não funcionam. Você sinceramente<br />

acredita que um parto em residência é<br />

mais seguro que numa maternidade, com<br />

todos os recursos da medicina à disposição<br />

da mãe e da criança?<br />

Para que as pessoas possam realmente<br />

tomar decisões informadas sobre saúde,<br />

é necessário que estejam conscientes<br />

desse fato. Informar-se sobre a fonte que<br />

deu origem a determinada afirmativa –<br />

prática que o bom jornalismo segue – é<br />

uma delas. Ou então, inverter o raciocínio<br />

e perguntar algumas coisas que podem<br />

incomodar aos autores das imposturas.<br />

Exemplo: por que não se exige da medicina<br />

alternativa as mesmas investigações<br />

e pesquisas que são exigidas da medicina<br />

moderna? Talvez você fique sem<br />

resposta porque, a ser submetida a investigações<br />

e pesquisas, ela deixaria de ser<br />

alternativa para se tornar apenas e tão<br />

somente medicina.<br />

Existe ainda uma campanha terrível<br />

contra o uso de medicamentos e produtos<br />

químicos. Mas, por acaso, os antibióticos<br />

são colhidos em árvores? E tem mais:<br />

nem todos os produtos anunciados como<br />

orgânicos são realmente naturais ou isentos<br />

de risco. Lembre-se de que o veneno<br />

da cobra é um produto natural e as vítimas<br />

são salvas com antídotos químicos.<br />

Convidamos os nossos leitores a dar<br />

maior importância à ciência quando se<br />

deparam com essas bobagens, porque<br />

este é um método projetado para reduzir<br />

as probabilidades de chegarmos a conclusões<br />

erradas. Não é preciso ser cientista<br />

para se ser cético. Afinal, até o saber<br />

popular nos adverte para as virtudes do<br />

ceticismo com provérbios como “Nem<br />

tudo que reluz é ouro”. E, avançando no<br />

raciocínio, vale lembrar outra frase, esta<br />

popularizada pelo cientista Carl Sagan:<br />

“Afirmações extraordinárias exigem provas<br />

extraordinárias”.<br />

Sim, concordamos que devemos ter a<br />

mente aberta para tudo ouvir e para aceitar<br />

novas ideias. Mas não tão aberta a<br />

ponto de o cérebro se desgovernar, ser<br />

atraído pela inevitável força da gravidade<br />

e se esparramar pelo chão.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 7


NOMES&NOTAS<br />

COLARINHO BRANCO PERDE<br />

FORÇA. ENTRAM AS LISTRAS<br />

EM PRETO E BRANCO<br />

NAS CORES PRETA E BRANCA, ELAS<br />

PROMETEM SE TORNAR O GRANDE<br />

SUCESSO DA ESTAÇÃO<br />

As listras retornam à moda desta primavera<br />

<strong>2017</strong> brasileira com toda<br />

força. E não só porque grandes<br />

marcas internacionais adotaram o tema<br />

em recentes coleções do hemisfério norte.<br />

Acreditem. No Brasil, o colarinho branco<br />

da República e os punhos de renda do período<br />

colonial estão definitivamente out,<br />

atropelados de repente pelo vigor desta<br />

nova onda que acaba de chegar à vanguarda<br />

fashion da república.<br />

Prestes a se tornar símbolo de uma nova<br />

era da república brasileira, as listras trazem<br />

o selo de qualidade conferido pela mais alta<br />

corte do país, razão pela qual, supomos, a<br />

tendência tem a sua preponderância exercida<br />

com tal vigor no momento. Na verdade,<br />

de ve se reconhecer, a<br />

mo da veio de Cu -<br />

ritiba, até en tão<br />

um palco mui to<br />

acanhado pa ra o<br />

lançamento de<br />

tendências tão bem<br />

acolhidas pela sociedade.<br />

Agora está decretado:<br />

listras contrastantes<br />

nas<br />

cores preta e bran -<br />

ca prometem se tornar o grande sucesso<br />

da estação da moda sobre tecidos planos<br />

ou malhas encorpadas. A modelagem obrigatória<br />

para acolher a proposta da estampa<br />

são os conjuntos no estilo pijama,<br />

com o shape que remete aos uniformes de<br />

presidiários do cinema mudo hollywoodiano<br />

e do universo dos quadrinhos. É este<br />

o figurino que se impõe neste momento.<br />

O tema gráfico que, por coincidência,<br />

desfilou na passarela de lançamento de<br />

recente coleção do influente estilista<br />

norte-americano Marc Jacobs, em Nova<br />

Iorque, já aportou entre nós com total antecedência.<br />

No entanto, e por incrível que<br />

pareça, a trend não se impôs aqui através<br />

dos veículos especializados<br />

de moda, mas<br />

sim trazida pelos<br />

ventos republicanos,<br />

pelo esforço<br />

do ministério<br />

público federal,<br />

pela justiça federal<br />

em Curitiba<br />

e pela suprema<br />

corte, e ainda pela<br />

ânsia dos brasileiros<br />

em acreditar<br />

que finalmente é<br />

possível no Brasil a<br />

adoção de tendências<br />

que cultuem o<br />

apreço ao erário<br />

público.<br />

8<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


FHC ESTÁ COMO<br />

GOSTA: NO<br />

CENTRO DE TODAS<br />

AS ATENÇÕES<br />

PARECE QUE FHC ESTÁ<br />

CADUCANDO OU FOI DOMINANDO<br />

POR SUA IMENSA VAIDADE<br />

Oex-presidente Fernando Henrique<br />

nunca conseguiu controlar muito<br />

sua imensa vaidade. Talvez jamais<br />

tenha tentado. Os mais próximos dizem<br />

que ele definitivamente se curvou a essa<br />

sombra da personalidade ao sempre chamar<br />

dois táxis quando sai de casa. Ele<br />

embarca num e o seu gigantesco ego<br />

segue em outro pra não detonar a suspensão<br />

do primeiro veículo.<br />

Como o prefeito Dória tomou seu espaço<br />

nas páginas política dos jornais, FHC<br />

não se esquece de sempre acusá-lo de ser<br />

um produto exclusivo das redes sociais. O<br />

magnífico ex-presidente se esquece,<br />

porém, que Dória é seu companheiro de<br />

partido e provavelmente o único nome<br />

que sobrou no atoleiro de corrupção que<br />

atingiu o tucanato.<br />

Sabemos como ele reagirá ao presente<br />

comentário: com suas tradicionais acusações<br />

de que jornalistas são grosseiros, superficiais<br />

e mal intencionados. E que<br />

apesar de seus 86 anos, ele continua lúcido<br />

e bom da cabeça. É provável que<br />

tudo seja verdade e que, um dia, certamente,<br />

de posse de suas intactas faculdades<br />

mentais, explicará detalhadamente a<br />

contabilidade financeira da sua reeleição<br />

presidencial.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 9


MINAS É MATRIZ<br />

DA MÚSICA BRASILEIRA<br />

PINHEIRO DO VALE<br />

As pesquisadoras e cantoras mineiras<br />

Celia e Celma estão lançando um<br />

disco com uma coletânea de ritmos<br />

ancestrais brasileiros, que dominaram a<br />

cena musical do País nos séculos XVI a<br />

começos do XVIII. Ali estão o que se cantava<br />

e o que se dançava nos arraiais do<br />

Brasil Colônia, muito antes dos sambas<br />

de roda, chorinhos e valsas hoje incorporadas<br />

ao folclore.<br />

Embora algumas faixas contenham<br />

obras de compositores modernos fiéis às<br />

raízes, a maior parte são os cantos e danças<br />

de domínio público, ou seja, perdidas<br />

no tempo.<br />

Uma curiosidade do álbum é que as<br />

cantoras gêmeas de Ubá fizeram suas escolhas<br />

em ritmos que se iniciam com a<br />

letra C, evocando a inicial de seus nomes<br />

próprios: Celia e Celma Mazzei.<br />

De Minas Gerais a obra destaca um cateretê,<br />

ritmo de origem jesuítico-indígena,<br />

com letra de autoria<br />

das próprias pesquisadoras,<br />

em<br />

que, como num<br />

prefácio de um livro,<br />

apresentam a<br />

proposta do disco.<br />

Também de Minas<br />

são os místicos<br />

“Cantos de Congo”,<br />

peças de origem<br />

africana em louvor<br />

das divindades católicas.<br />

O repertório vai<br />

do Carimbó paraense<br />

à chimarrita dos<br />

gaúchos. Entretanto,<br />

AS GÊMEAS CÉLIA E<br />

CELMA, BONITAS<br />

DESDE CRIANÇAS ...<br />

10<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


... O TEMPO PASSA E<br />

ELAS CONTINUAM<br />

LINDAS<br />

com raras exceções,<br />

todos esses ritmos<br />

eram cantados e dançados<br />

na Minas Gerais<br />

de antanho. No<br />

ciclo do ouro as cidades<br />

mineiras a trai<br />

am gente e artistas<br />

de todo o País. Os<br />

aventureiros traziam<br />

sua cultura popular<br />

e os desencorajados<br />

levaram de volta a<br />

seus rincões a diversidade<br />

que existia nos salões e terreiros<br />

das grandes cidades da época, como Ouro<br />

Preto, Mariana, Sabará etc.<br />

Minas era um catalizador e ao mesmo<br />

tempo uma centrífuga que levou a modernidade<br />

do mundo para os matos e roças<br />

daquela época. Se maior parte do<br />

ouro brasileiro foi exportada (o que ficou<br />

está até hoje preservado nas igrejas) a<br />

indústria da mineração movimentou a<br />

roda da economia, levando um mercado<br />

interno e criando uma economia para a<br />

hinterlândia, incorporando aos poucos os<br />

sertões que ainda viviam no estágio précolombiano,<br />

salvo algumas poucas po -<br />

voações litorâneas aqui e ali. O ouro esvaziou<br />

Olinda, Recife, Salvador, Belém e,<br />

principalmente, São Paulo. Ficaram cidades<br />

sem homens.<br />

Aqui se fundem as subculturas brasileiras<br />

que já se construíam nos aldeamentos<br />

sertões a fora, com os padres musicando<br />

e botando instrumentos nas danças<br />

dos índios e os africanos adicionando suas<br />

músicas a essa miscigenação cultural.<br />

Desta forma, Canto Com C é um disco<br />

que não obstante releia esses ritmos com<br />

o sotaque de cada região em que se firmou,<br />

o mineiro pode reconhecer-se de<br />

ponta à ponta, pois os cururus, curraleiras,<br />

recortados e mesmo o improvável chamamê,<br />

criado pelos jesuítas das missões<br />

guaranis, chegava a Minas levado pelos<br />

tropeiros que abasteciam as populações<br />

de mineiros. Todos esses ritmos ainda são<br />

parte dos folguedos no Estado.<br />

Além disso tudo, Canto com C é um<br />

disco primoroso, desenhado pelo mineiro<br />

Ziraldo, tocado por músicos virtuoses, em<br />

formações que preservam as bandas dos<br />

jesuítas com viola, tambor e sopro, interpretado<br />

magistralmente pelas cantoras<br />

nativas da Zona da Mata.<br />

NOTA – Hinterlândia é termo dicionarizado<br />

e tem o mesmo significado de “sertão”.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 11


HOMENS QUE SE CASAM<br />

COM MULHERES NOVAS<br />

VIVEM MAIS<br />

O FAMOSO DEMÓGRAFO<br />

SUECO SVEN DREFAHL<br />

CONFIRMA O QUE JÁ<br />

SABÍAMOS: O REMÉDIO PARA<br />

BURRO VELHO É CAPIM NOVO.<br />

Odemógrafo sueco Sven Drefahl<br />

surpreendeu os meios científicos<br />

com sua recente pesquisa, ao revelar,<br />

após a aplicação de milhares de<br />

questionários e visitas a um número incontável<br />

de tumbas e mausoléus nos cemitérios<br />

de Estocolmo, que os homens<br />

que se casaram ou coabitaram com mulheres<br />

mais jovens viveram pelo menos<br />

BETO BARATA / PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA<br />

mais dez anos que seus contemporâneos<br />

que se casaram com mulheres da<br />

mesma idade ou mais velhas que eles.<br />

O propósito da sua investigação era a de<br />

examinar como a diferença de idade<br />

entre cônjuges afeta a sobrevivência.<br />

De acordo com seus estudos esses<br />

dez anos de vida a mais, foram proporcionado<br />

pelo superior bem estar causado<br />

pela convivência com belas jovens<br />

e pelos cuidados físicos que os maridos<br />

passam a observar com o propósito de<br />

manter suas condições físicas satisfatórias<br />

para atender as inevitáveis demandas<br />

dessa convivência.<br />

De acordo com o cientista, o tempo<br />

de vida atualmente é visto como resultado<br />

de processos complexos com causas<br />

e consequências em todas as áreas<br />

da vida, em que diferentes fatores afetam<br />

simultaneamente a vida individual.<br />

O padrão de conhecimento de hoje<br />

é que cerca de 25% da variação da vida<br />

humana pode ser atribuída a fatores genéticos<br />

e cerca de 75% podem ser atribuídos<br />

a fatores não genéticos. A pesquisa<br />

centrada em determinantes<br />

não-genéticos da vida útil sugeriu que o<br />

status socioeconômico, a educação e o<br />

comportamento de tabagismo e alcoolismo<br />

têm um grande impacto na sobrevida<br />

individual. Em todas as cir cuns -<br />

tâncias, a presença de mulheres mais<br />

jovens acresce os dez anos de vida dos<br />

homens, em média.<br />

12<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


ITAMAR E TEMER MOSTRAM QUE<br />

NINGUÉM PRECISA DE DOIS<br />

MANDATOS PARA FAZER UM BOM<br />

GOVERNO. MAS DE APENAS MEIO.<br />

Oexcelente desempenho<br />

do ex-presidente<br />

Itamar Franco<br />

e do atual presidente<br />

Michel Temer na<br />

área econômica,<br />

mostra uma surpre -<br />

en dente coincidência.<br />

Ne nhum de les<br />

teve um man dato<br />

com ple to e puderam<br />

osten tar em<br />

suas bio grafias realizações<br />

admiráveis.<br />

No governo de<br />

Itamar Franco foi<br />

elaborado o mais bem-sucedido plano de controle<br />

inflacionário da Nova República: o Plano<br />

Real. O fim da inflação foi eficiente, já que<br />

proporcionou o aumento do poder de compra<br />

dos brasileiros e o controle da inflação.<br />

Mesmo tendo sofrido injusta investigações<br />

de uma Comissão Parlamentar de<br />

Inquérito (CPI) do Congresso Nacional,<br />

entre 1993 e 1994, em virtude de denúncias<br />

de irregularidades no desenvolvimento<br />

do Orçamento da União, Itamar<br />

Franco terminou seu mandato com um<br />

grande índice de popularidade. Uma prova<br />

disso foi o seu bem-sucedido apoio a Fernando<br />

Henrique Cardoso na sucessão presidencial.<br />

O governo Itamar teve a duração<br />

de dois anos e três dias.<br />

Temer trilha o mesmo caminho Detentor<br />

de um mandato que, na melhor hipótese,<br />

terá duração máxima de dois anos e<br />

quatro meses o presidente decidiu controlar<br />

os gastos públicos, por meio de<br />

aprovação da PEC 55. Também aprovou a<br />

reforma trabalhista, a reforma do ensino<br />

médio e reduziu a inflação a quase nada.<br />

De tudo o que foi falado há, sim, um<br />

resumo da ópera. Os dois presidente conseguiram<br />

realizar em poucos meses mais<br />

que outros não fizeram em oito anos. Fica<br />

claro, também, que ninguém precisa de<br />

dois mandatos para realizar boa administração<br />

mas apenas de meio.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 13


REPORTAGEM DE CAPA<br />

ESTE BANCO<br />

NÃO TEM TALÕES<br />

DE CHEQUES.<br />

NEM COBRA TARIFAS<br />

14<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


COMO ENCANTAR OS CLIENTES COM INOVAÇÕES RADICAIS, QUE<br />

ELIMINAM ENTRAVES COMO O DEMORADO PRAZO DE ATÉ UMA<br />

SEMANA PARA ABRIR UMA CONTA CORRENTE? O BANCO INTER<br />

ATENDE A SUGESTÕES DE SEUS CLIENTES, ACABA COM A<br />

BUROCRACIA E JÁ TEM 200 MIL CORRENTISTAS SATISFEITOS<br />

DURVAL GUIMARÃES<br />

As admiráveis inovações tecnológicas<br />

proporcionadas pela Internet não<br />

param de assombrar o mundo. Entre<br />

as mudanças mais visíveis que elas<br />

provocaram, os aplicativos tornaram inservíveis<br />

os jornais e revistas impressas<br />

em papel. Da mesma forma, em poucos<br />

meses, empresas virtuais como a Uber<br />

(que não possui um só carro em seu patrimônio)<br />

fez dos motoristas de táxis uma<br />

atividade tão inútil qanto a dos acendedores<br />

da lampiões após a inauguração da<br />

energia elétrica. Isso em todo o planeta.<br />

As conquistas são ainda mais impressionantes<br />

no mundo financeiro. As grandes<br />

mudanças podem ter como exemplo o<br />

Banco Inter, uma instituição tão maravilhosamente<br />

informatizada que sequer dispõe<br />

de agências ou oferece talões de cheques<br />

aos seus correntistas. Todas as<br />

o pe rações financeiras, incluindo empréstimos,<br />

aplicações e até compensações financeiras<br />

(que antes demoravam dias),<br />

também são realizadas pelos próprios<br />

clientes. Tudo isso sem se dirigir a qualquer<br />

funcionário ou aguardar pelo bom humor<br />

do gerente ou do todopoderoso caixa. Basta<br />

ter um smartphone e um senha.<br />

CESTAS SEPARADAS. Lançado há menos de<br />

60 dias, o Banco Inter, mineiro de Belo<br />

Horizonte, encanta o mercado financeiro:<br />

já tem 200 mil correntistas, espalhados<br />

por mais de quatro mil entre os cinco mil<br />

e quinhentos municípios brasileiros. A<br />

única agência de porta aberta para a rua<br />

é o endereço onde trabalha o seu presidente,<br />

o banqueiro João Vitor Menin, de<br />

apenas 35 anos. Mas não se trata de aventura.<br />

A instituição fui fundada há 23 anos<br />

pelo pai, o engenheiro Rubens Menin, que<br />

é o controlador da MRV Engenharia.<br />

Na época em que abriu suas portas ao<br />

público, ainda com o curioso nome em<br />

latim Intermedium Financeira, o fundador<br />

já era o proprietário da construtora, que<br />

se destaca com a maior empresa do ramo<br />

JOÃO VITOR<br />

MENIN,<br />

PRESIDENTE DO<br />

BANCO INTER<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 15


no país: a MRV já construiu mais de 260<br />

mil residências em todo o Brasil.<br />

Provavelmente conduzido pelos bíblicos<br />

ensinamentos de que ninguém deve colocar<br />

todos os ovos na mesma cesta, Menin abriu<br />

uma empresa financeira, a citada Intermedium.<br />

O propósito era o de dar novo destino<br />

aos lucros que brotavam da construtora<br />

como petróleo que jorra nos poços do<br />

Oriente Médio.<br />

TAREFAS MÚLTIPLAS. Durante os 22 anos que<br />

operou com seu nome em latim, a Intermedium<br />

Financeira realizou operações clássicas<br />

de financiamentos a clientes de lojas de eletrodomésticos<br />

e de agências de automó veis.<br />

Mais tarde, passou a socorrer fun cionários<br />

públicos endividados, por meio dos empréstimos<br />

consignados. Em 2004, já formado<br />

em engenharia, João Vitor mergu lhou na vida<br />

profissional e foi aconse lhado a dividir suas<br />

atividades em dois expe dientes antes de tomar<br />

seu rumo nos negócios da família. Pela<br />

manhã, trabalhava na cons trutora e, à tarde,<br />

no banco. Em seis me ses, ele percebeu que<br />

o seu mundo era o dos negócios financeiros<br />

e se despediu da construtora, que hoje é tocada<br />

pelo irmão Daniel.<br />

O velho Rubens, porém, não se sente<br />

inútil: além de monitorar os ímpetos da<br />

rapaziada, ele se dedica a uma ingrata<br />

paixão, volúvel como uma amante argentina:<br />

coordenar o grupo de apoio financeiro<br />

ao Clube Atlético Mineiro. Nem todos<br />

sabem, mas em tempos recuados o Galo<br />

foi conhecido como “O glorioso” e Menin<br />

pai pretende recuperar o brilho daquele<br />

distante passado.<br />

16<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


ENTREVISTA - JOÃO VITOR MENIN<br />

O SEGREDO DO SUCESSO:<br />

ATENDER ÀS SUGESTÕES DOS CLIENTES<br />

Em entrevista a <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong>, João Vitor<br />

declara que rapidamente percebeu que os<br />

clientes se referiam ao banco apenas com<br />

o carinhoso apelido de Banco Inter. E determinavam<br />

todas as operações por meio<br />

de e-mails e mensagens eletrônicas. “Os<br />

clientes nos empurraram para a informatização<br />

e até pra modernização de nossa<br />

marca. Aceitamos as sugestões e decidimos<br />

radicalizar, com a informatização total<br />

e com a adoção do nome Banco Inter”,<br />

esclareceu.<br />

A entrevista, de mais de uma hora de<br />

duração, foi concedida no pequeno prédio<br />

localizado na esquina das avenidas Olegário<br />

Maciel e Contorno, em Belo Horizonte<br />

– onde por sinal fica a única agência<br />

do banco e que, provavelmente, será a<br />

única por muito tempo. Na cabeça do seu<br />

presidente não há o desejo de abrir nenhuma<br />

outra: “Tenho a impressão de que<br />

os grandes bancos brasileiros, esses com<br />

mais de cinco mil agências, fechariam<br />

quase todas, se fossem dispensados de<br />

indenizar os funcionários. As agências são<br />

dispendiosas a ponto de exigir a cobrança<br />

de taxas exorbitantes pelos serviços financeiros<br />

que prestam. Nós não cobramos<br />

nada aos nossos clientes”, revelou.<br />

Nos jardins da solitária agência do<br />

Banco Inter há uma enorme placa luminosa<br />

com o título “Tarifômetro”. Logo<br />

abaixo do título há o valor das tarifas que<br />

deixaram de cobrar dos seus clientes. Segundo<br />

o número estampado em 2 de julho<br />

passado, o Inter isentou seus clientes da<br />

cobrança de R$36 milhões no primeiro<br />

semestre deste ano. Nos últimos dois<br />

anos, desde que se tornou oficialmente<br />

um banco múltiplo, a isenção ultrapassou<br />

R$ 100 milhões. Não deixa de ser uma<br />

redistribuição de renda.<br />

Seu pai é engenheiro, com a vida inteira<br />

dedicada à construção. Ele ingressou<br />

no mercado financeiro para proteger o<br />

dinheiro obtido com a MRV Engenharia?<br />

Meu pai sempre foi um inquieto empreendedor.<br />

Tivemos uma fazenda no<br />

norte de Minas e uma empresa de construção<br />

pesada, mas ambos os empreendimentos<br />

ofereceram poucos resultados.<br />

Eu era muito novo, ainda estudava no Colégio<br />

Loyola quando ele decidiu montar a<br />

Intermedium Financeira.<br />

Como meu pai não tinha nenhuma experiência<br />

no ramo, ele convidou duas pes-<br />

“<br />

HOJE AS TARIFAS NÃO SÃO<br />

UTILIZADAS APENAS PARA<br />

COBRIR GASTOS COM<br />

MANUTENÇÃO DE<br />

AGÊNCIAS, MAS PARA<br />

AMPLIAR O LUCRO DAS<br />

INSTITUIÇÕES<br />

FINANCEIRAS.”<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 17


soas especializadas para tocar o negócio.<br />

Uma delas foi o Fernando Fonseca, que<br />

fora presidente da Cenibra, a empresa de<br />

celulose. A outra foi Antônio Carlos, já falecido,<br />

que tinha experiência adquirida<br />

num pequeno banco do pai dele.<br />

Nota do repórter. Mais tarde, o banco<br />

ainda foi administrado por dois executivos<br />

– Dauro de Carvalho e Aquiles Diniz – antes<br />

de ter sua direção entregue a João Vitor.<br />

O capital inicial era de R$ 25 milhões,<br />

sucessivamente ampliado até chegar aos<br />

atuais R$ 360. As captações inicialmente<br />

foram no estilo Family & Friends, isto é,<br />

obtida junto a parentes e amigos. Eles<br />

eram seduzidos não apenas pela relação<br />

de parentesco, mas também pelos melhores<br />

juros do mercado. Assim que se sentiu<br />

confiante e capacitado, João Vitor assumiu<br />

a direção do banco em 2007. Ao mesmo<br />

tempo a instituição passou a operar no<br />

setor imobiliário, que se tornou o principal<br />

negócio da instituição. O Banco Inter está<br />

com R$ 3,6 bilhões de ativos totais e ativos<br />

de crédito imobiliário de R$ 2,4 bilhões.<br />

Quais as razões do grande sucesso do<br />

Banco Inter ao operar exclusivamente co -<br />

mo banco digital?<br />

Atualmente, as pessoas pagam quase<br />

R$ 1 mil anuais em tarifas bancárias. mas<br />

não concordam com esse verdadeiro imposto.<br />

O dinheiro daria para fazer pelo<br />

menos três compras de supermercado<br />

por ano. Nós do Banco Inter não temos<br />

nenhuma razão para cobrar a tarifa, pois<br />

os serviços nada custam. Tomamos essa<br />

decisão em meados de 2015. Desde então,<br />

num período inferior a dois anos, crescemos<br />

mais do que nos 21 anos anteriores.<br />

Qual o perfil dos clientes do Banco Inter?<br />

O Brasil tem 5.570 municípios e temos<br />

clientes em 3.<strong>92</strong>4. Nos municípios com<br />

mais 100 mil habitantes, estamos em todos<br />

eles. Também temos clientes em 99%<br />

de todos os municípios com mais de 50<br />

mil habitantes.<br />

Além de termos clientes em toda parte,<br />

temos em todas as faixas de idade e nível<br />

de renda. São pessoas insatisfeitas com a<br />

qualidade e custos dos serviços dos bancos<br />

tradicionais, que são tão ruins quanto<br />

as rodovias, os hospitais e as escolas públicas<br />

oferecidos aos brasileiros. Ainda é<br />

necessário esperar quase um mês para<br />

se abrir uma simples conta corrente num<br />

banco ou ter de falar com o gerente para<br />

se alterar limite de crédito.<br />

Então, perguntamos: por que continuar<br />

num bancos desses se o cliente pode migrar<br />

para uma instituição financeira moderna,<br />

gratuita e amigável? Os nossos<br />

clientes são aqueles que fugiram desses<br />

bancos pouco amistosos.<br />

A ausência de agência não perturba<br />

os negócios do Banco Inter?<br />

Só temos essa agência e mais 35 escritórios<br />

pelo país, que operam em pequenas<br />

salas de prédios de escritórios.<br />

Cada escritório tem em média quatro funcionários.<br />

Ali não há caixa, não há dinheiro<br />

nem boletos. O papel dessas sucursais é<br />

exclusivamente administrativo. A única exceção<br />

é em São Paulo, onde temos 40<br />

funcionários.<br />

É dispendioso manter uma agência?<br />

Sim, e além de dispendioso é quase<br />

sempre inútil. Só para montar, fica em<br />

quase R$ 1 milhão e apresentará um custo<br />

mensal de R$ 150 mil.Não temos os custos<br />

dos correntistas, pois os nossos são<br />

gratuitos. Mas um banco com 30 milhões<br />

de clientes e cinco mil agências, terá seis<br />

mil clientes por agência, em média. O<br />

banco terá o custo de R$ 25,00 mensais<br />

18<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


para atender cada cliente. O banco terá,<br />

portanto de cobrar tarifas.<br />

Outro dado que os correntistas perceberam,<br />

na prática, é que os bancos convencionais<br />

vêm reajustando sistematicamente<br />

suas tarifas bancárias acima da<br />

inflação. Levantamento feito pelo jornal<br />

Valor Econômico, revelaram que os bancos<br />

reajustaram um total de 119 tarifas mais<br />

que a inflação desde julho de 2015. Hoje<br />

as tarifas não são utilizadas apenas para<br />

cobrir gastos com manutenção de agências,<br />

mas para ampliar o lucro das instituições<br />

financeiras.<br />

Seus planos para o futuro?<br />

Temos 200 mil clientes, o que é pouco,<br />

se compararmos com os grandes bancos,<br />

que têm 35 milhões de clientes. Mas chegaremos<br />

ao final de 2018 com 1 milhão.<br />

Esperamos que nosso crescimento ocorra<br />

sempre nessa proporção. Outra coisa:<br />

nesse momento, o importante não é ser o<br />

maior, mas o mais moderno e o mais amigável<br />

para o cliente.<br />

“<br />

ALÉM DE TERMOS CLIENTES<br />

EM TODA PARTE, TEMOS EM<br />

TODAS AS FAIXAS DE IDADE<br />

E NÍVEL DE RENDA. SÃO<br />

PESSOAS INSATISFEITAS<br />

COM A QUALIDADE E<br />

CUSTOS DOS SERVIÇOS DOS<br />

BANCOS TRADICIONAIS.”<br />

Apesar do seu pequeno porte o Banco<br />

Inter se tornou patrocinador do São Paulo<br />

Futebol Clube.<br />

O patrocínio nos custa R$ 16 milhões<br />

por ano. Mas vale a pena porque o São<br />

Paulo é um clube brasileiro com enorme<br />

torcida – 17 milhões de torcedores – e<br />

com maior número de títulos internacionais.<br />

Foi tricampeão da Taça Libertadores<br />

das Américas e nessas três vezes se tornou<br />

campeão mundial. Demos sorte porque<br />

o São Paulo tinha acabado de perder<br />

seu patrocinador, o plano de saúde Prevent<br />

Senior. A gente fica com o São Paulo<br />

até 2020. A experiência da MRV Engenharia<br />

no patrocínio de clubes de futebol<br />

mostrou que esse é um importante caminho<br />

para popularizar o nome da companhia.<br />

Os grandes bancos já demonstraram<br />

interesse no Banco Inter?<br />

Interesse não sei, nunca nos procuraram<br />

para nenhum tipo de negócio ou associação.<br />

Mas incomodar eu te afirmo que<br />

incomodamos. É o nosso modelo de negócios<br />

inovador que incomoda. Da mesma<br />

forma que o Uber atormenta os taxistas.<br />

Mas não adianta tentar desmontar o modelo,<br />

pois logo virá outro. Não adianta<br />

lutar contra a correnteza, contra o que a<br />

sociedade deseja. Você se cansará e a<br />

correnteza te vencerá.<br />

Na Europa, onde operavam 260 mil<br />

agências de banco, 37 mil foram fechadas<br />

recentemente. Você já contou quantas<br />

agências foram fechadas em Belo Horizonte<br />

nos últimos meses? Ninguém mais<br />

entrava nelas. Muitas se tornaram inúteis.<br />

Mas o mercado é grande. Recentemente<br />

foi divulgado que 250 milhões de<br />

pessoas na América Latina não têm conta<br />

em banco. Há espaço para todos, para<br />

bancos grandes e pequenos.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 19


LOJA DA AMAZON GO, EM SEATTLE, ONDE NÃO HÁ CAIXAS REGISTRADORAS AGUARDANDO NA SAÍDA<br />

O SUMIÇO DO DINHEIRO, OU: ENTRAR NUM<br />

SUPERMERCADO E SAIR SEM PAGAR JÁ NÃO É CRIME<br />

ANTÔNIO PORFÍRIO<br />

Repito o título porque você<br />

pode não ter acreditado: entrar<br />

num supermercado e sair<br />

sem pagar já não é crime. Pelo<br />

menos em Seattle, nos EUA, onde a<br />

Amazon criou a primeira loja do<br />

mundo na qual, graças a um aplicativo<br />

e a um conjunto de sensores, é<br />

possível encher o carrinho e sair<br />

sem passar pela caixa registradora.<br />

A conta é debitada no instante<br />

em que o cliente abandona o estabelecimento.<br />

É este um sinal de que<br />

estamos caminhando a passos largos<br />

para uma vida sem dinheiro físico.<br />

Não só sem o dinheiro na<br />

forma de moedas e notas, mas<br />

também sem cartões.<br />

A morte anunciada do dinheiro<br />

como o conhecemos já tem data<br />

marcada. Pelo menos na Europa, o dinheiro<br />

vai desaparecer dentro de cinco<br />

anos. As transferências financeiras<br />

serão feitas em menos de dez segundos.<br />

E isso vai acelerar muito a desmaterialização<br />

do dinheiro vivo.<br />

Sobre quem ganha e quem perde<br />

com a revolução financeira, não há<br />

dúvidas. Os comerciantes vão ter<br />

muito interesse nisso porque vão<br />

pagar comissões mais baixas. Os consumidores<br />

terão a vida simplificada e<br />

ganharão tempo para fazer outras coisas.<br />

Quem está verdadeiramente<br />

ameaçado são os bancos tradicionais.<br />

Os clientes hoje querem coisas que<br />

os bancos clássicos não oferecem. Os<br />

bancos ainda funcionam na lógica de<br />

vender produtos. E os clientes já não<br />

querem produtos, querem soluções.<br />

20<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


POLÍTICA<br />

LULA E AÉCIO ESTÃO VIVÍSSIMOS.<br />

(E DEVEM DISPUTAR A<br />

PRESIDÊNCIA NO PRÓXIMO ANO)<br />

POLÍTICA É MESMO IGUAL A NUVENS:<br />

EM 20 MINUTOS TUDO PODE<br />

MUDAR. NO MOMENTO, SÃO ELES<br />

QUE ESTÃO NO RINGUE<br />

PINHEIRO DO VALE<br />

Tucano mineiro tem asas mais longas<br />

e voa mais longe que tucano paulis -<br />

ta. Aproveitando o gentílico próprio<br />

dos peessedebistas pode-se usar a me -<br />

táfora do voo para comentar a luta interna<br />

deste partido que antepõe no ringue, nu -<br />

ma luta australiana, todos contra todos: o<br />

mi neiro Aécio Neves contra os paulistas,<br />

ca da qual no seu corner, Geraldo Alkmin,<br />

José Serra e João Doria Júnior.<br />

O tucano mineiro, com bico curto e<br />

asas mais longas, parece mais uma ae ro -<br />

na ve da esquadrilha da fumaça, dando rasantes<br />

e desenhando loopings e touneaux,<br />

enquanto os pesados pássaros paulistas<br />

têm de manter a característica do pássaro<br />

bicudo em voo curto e em baixa altura.<br />

Voltemos a descascar a metáfora:<br />

Aécio Neves, ratificando sua fama de<br />

sete vidas e de ser feito em metal teflon,<br />

deixa a lama escorrer mantendo-se<br />

firme na faina silenciosa a que se dedicava<br />

des de a derrota em 2014 para a<br />

também mineira Dilma Rousseff. Com<br />

asas longas, seu prestígio e articulação<br />

atingem os re can tos mais longínquos do<br />

País. Organiza seu partido e vai soldando<br />

os elos de sua candidatura.<br />

VOOS LONGOS E CURTOS. Já os paulistas não<br />

podem ir muito longe: Alckmin é governador<br />

de um estado, o que limita movimentos em<br />

outras paragens; Serra, como ministro, ficou<br />

de mãos atadas e, voltando ao Senado, encontrou<br />

na volta ao plenário uma casa turbulenta,<br />

dominada pela chamada Bancada<br />

da Chupeta, composta pelas aguerridas se -<br />

na doras petistas e seus coadjuvantes, Lindbeg<br />

Faria e Humberto Costa, sem espaço<br />

pa ra estadistas. A Câmara Alta não tem cli -<br />

ma para candidatos à presidência.<br />

João Doria ainda está saindo do ninho,<br />

aprendendo a voar. No outro lado, aguardando<br />

o resultado do tele-catch-as-catchcan<br />

dos tucanos, afiando o bico está o<br />

petista Lula da Silva, um carcará ferido<br />

por munição de grosso calibre, mas pron -<br />

to a alçar voo, com a vantagem de estar<br />

com céu limpo à sua frente.<br />

No PT, ao contrário do PSDB, Lula é a<br />

tabua de salvação. Se não for ele, acabouse,<br />

quem comeu regalou-se. O porta bandeira<br />

da esquerda terá de plantar outro<br />

poste se não puder ir diretamente às<br />

urnas. Não se menospreze a hipótese: Lula<br />

é um eleitor formidável. Dilma que o diga.<br />

MINAS ESTÁ ONDE SEMPRE ESTEVE. O nome<br />

mais à feição para substituir o chefão na<br />

chapa presidencial é Fernando Haddad, exprefeito<br />

de São Paulo, um raro petista que<br />

não tem envolvimento direto ou indireto<br />

com caixa 2, a contravenção mais suave<br />

nesse espaço da delinquência cívica.<br />

Uma curiosidade irrelevante nesta hipó-<br />

22<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


tese Haddad: se Lula cair é possível que<br />

seus três adversários tucanos também<br />

sejam impedidos de registrar candidaturas.<br />

Nesse caso, o plano B tanto de Alckmin,<br />

quanto de Aécio e Serra, é o prefeito<br />

de São Paulo, João Doria. Se vier o embate<br />

de planos B teremos nas urnas duas<br />

famílias de origem mineira, pois tanto<br />

para os Haddad quanto para os Doria,<br />

chegando do Líbano, o primeiro destino<br />

foi Araguari. Dali as gerações seguintes<br />

migraram para<br />

São Paulo. Com<br />

isso, Minas estará<br />

presente no pleito.<br />

Aécio Neves, entretanto,<br />

parece o -<br />

pe rar politicamente<br />

na base do “um-diadepois-do-ou<br />

tro”.<br />

Nes se mo men to,<br />

sua es tratégia a pon -<br />

ta pa ra a manutenção<br />

do controle do<br />

partido. O grande<br />

em bate a contecerá<br />

nas convenções do<br />

PSDB que vão indicar<br />

candidatos a todos<br />

os níveis – e não só a do presidenciável.<br />

Aí está seu segredo: o mineiro é um eleitor<br />

importante para postulantes às deputações,<br />

senadorias e governos de estados. Essa é a<br />

rédea que tem de ser mantida curta.<br />

...E SURGE MAIS UM NOME. O problema do<br />

ex-governador é o Ministério Público não<br />

largar de seu pé. O Procurador Geral, Rodrigo<br />

Janot, disse com todas as letras que<br />

mesmo indo embora em setembro, os processos<br />

ficam rolando. Ou seja: Aécio e<br />

seus familiares ainda serão chamados às<br />

barras dos tribunais. Isto é um incômodo<br />

e um obstáculo.<br />

O processo é um incômodo porque<br />

idas e vindas a tribunais atrai os holofotes<br />

indesejáveis; obstáculo porque sendo<br />

réu terá de fazer campanha política com<br />

mais explicações do que propostas. Sem<br />

contar que pode sofrer ameaças de impugnações,<br />

um fator que sempre enfraquece<br />

o candidato.<br />

Como efeito colateral, a marcação em<br />

cima de Aécio qualifica o PGR como algoz<br />

do tucano, um antagonista explícito, independentemente<br />

das justificativas profissionais.<br />

Neste caso, o nome da Janot seria<br />

um forte imã para votos do público desiludido<br />

com a política, colocando-se como<br />

o anti-Aécio. Neste sentido, comenta-se a<br />

boca pequena em Brasília que o governador<br />

Fernando Pimentel vem sondando o<br />

procurador para se refiliar ao PT e postular<br />

uma cadeira no legislativo em 2018.<br />

Janot é um nome forte para reforçar a<br />

combalida legenda.<br />

Como diz o Conselheiro Acácio: “Quem<br />

viver, verá”.<br />

(*) Pinheiro do Vale é o nosso homem em Brasília<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 23


OPINIÃO<br />

AS PESSOAS ENVELHECEM<br />

E O MEU DINHEIRO ENCOLHE<br />

O QUE O ENVELHECIMENTO DA<br />

POPULAÇÃO TEM A VER COM AS<br />

MINHAS FINANÇAS PESSOAIS?<br />

RODRIGO MAZZEI (*)<br />

Perguntei aos meus alunos em sala,<br />

visando comparar a mesma coisa<br />

em duas situações: como vocês<br />

imaginam o idoso e aposentado de um<br />

país como o Japão ou os EUA nos dias<br />

atuais? O que ele faz? A resposta quase<br />

em coro foi: ele viaja! Daí repeti a mesma<br />

pergunta e questionei sobre o aposentado<br />

brasileiro. Dessa vez vieram respostas<br />

como: está na fila do SUS! Ou ainda: pagando<br />

a conta da farmácia e do plano de<br />

saúde. Ou então: trabalhando para se sustentar,<br />

e coisas do tipo. Ou seja, bem diferente<br />

do cidadão de um país desenvolvido.<br />

As colocações dos alunos eram esperadas.<br />

Embora não sejam especialistas<br />

em temas como demografia e economia,<br />

eles têm a noção do chamado processo<br />

de transição demográfica que estamos vivendo.<br />

O Brasil está passando por um rápido<br />

processo de envelhecimento da sua<br />

população e isso tem causado mudanças<br />

es truturais profundas que uma geração inteira<br />

verá acontecer. Outros países já passaram<br />

por um período de altas taxas de<br />

mortalidade e fecundidade para uma situação<br />

em que esses níveis se tornam significativamente<br />

reduzidos.<br />

O envelhecimento populacional é consequência<br />

direta da redução proporcional<br />

de jovens ao mesmo tempo em que a expectativa<br />

de vida aumenta. No Brasil, entre<br />

1964 e 1996, a taxa de fecundidade caiu<br />

de 6,2 para 2,5 filhos por mulher, conforme<br />

dados do IBGE. O censo populacional de<br />

2010 mostra que essa taxa já está abaixo<br />

de 2,1 filhos por mulher, a chamada taxa<br />

de reposição populacional. Já a esperança<br />

de vida ao nascer era de pouco menos de<br />

60 anos na metade do século passado. Ao<br />

final de novembro de 2012 o IBGE divulgou<br />

que essa expectativa subiu para mais<br />

de 74 anos. Por aí notamos o rápido envelhecimento<br />

da po pu lação brasileira, pois vivemos<br />

cada vez mais ao mesmo tempo<br />

que as pessoas desejam ter menos filhos.<br />

E quais seriam as mudanças decorrentes<br />

desse processo que eu e você leitor<br />

temos que nos preparar para enfrentar?<br />

24<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


SÃO MUDANÇAS NAS MAIS DIVERSAS FRENTES QUE (...) AFETAM OS SERVIÇOS PÚBLICOS,<br />

OS GASTOS DO GOVERNO, A POUPANÇA DAS FAMÍLIAS, OS ENCARGOS DAS EMPRESAS,<br />

A CULTURA FINANCEIRA DAS PESSOAS, O PLANEJAMENTO FAMILIAR, O MERCADO DE TRABALHO<br />

Bom, são mudanças nas mais diversas<br />

frentes que são estudadas exaustivamente<br />

pelos centros de pesquisas. Elas afetam os<br />

serviços públicos, os gastos do governo, a<br />

poupança das famílias, os encargos das empresas,<br />

a cultura financeira das pessoas, o<br />

planejamento familiar, o mercado de trabalho,<br />

dentre outras. Para entender melhor,<br />

vamos focar em alguma dessas. Em virtude<br />

da amplitude do tema, optamos pelas finanças<br />

pessoais, mais especificamente em aposentadoria.<br />

Va mos raciocinar: caso você seja<br />

trabalhador autônomo ou possui carteira de<br />

trabalho assinada e planeja se aposentar<br />

apenas pelo INSS, imagino que terá problemas<br />

pela frente para manter as despesas<br />

nos padrões atuais. Nosso sistema de previdência<br />

pública depende da contribuição de<br />

quem está ativo no mercado de trabalho<br />

para financiar os apo senta dos e pensionistas.<br />

Como esta mos ca min hando aceleradamente<br />

para o envelhecimento da população,<br />

nota-se que algo terá de ser feito nas regras<br />

atuais do siste ma de previdência. Serão<br />

cada vez me nos cidadãos em idade ativa<br />

contribuindo para sustentar o volume crescente<br />

de aposentados. A conta não fecha!<br />

Projeções divulgadas recentemente pe -<br />

lo Instituto de Estudos da Saúde Su ple -<br />

men tar — IESS, com base em pesquisas<br />

do IBGE e no comportamento atual das<br />

variáveis, estimam que algo entre 46% e<br />

57% do PIB estarão comprometidos com<br />

previdência dentro de 20 anos. Atualmente<br />

esse percentual está em 19% e já<br />

temos o cenário deficitário do INSS.<br />

Assim, devemos nos preparar para o futuro.<br />

A solução seria buscar alguma forma<br />

de poupança para arcar com as despesas<br />

que a terceira idade acaba trazendo, como<br />

medicamentos, exames, consultas além<br />

das despesas normais de moradia, alimentação.<br />

Uma alternativa seriam os planos de<br />

previdência complementar. Nos últimos<br />

anos eles tem se tornado bastante populares.<br />

Outros buscam fugir das taxas de administração<br />

desses planos estudando um<br />

pouco mais sobre o mercado de capitais.<br />

Há casos de pessoas que aplicam diretamente<br />

em títulos públicos do governo ou<br />

ainda partem para aplicações de renda variável,<br />

como as ações. Cabe a cada um de<br />

nós escolher viver a melhor idade da maneira<br />

que queremos: viajando e conhecendo<br />

pessoas e lugares ou frequentando<br />

as filas do serviço público de saúde.<br />

(*) Rodrigo Mazzei<br />

é economista do Sebrae<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA<br />

25


MEU DINHEIRO<br />

EVITE OS OITO ERROS<br />

DEVASTADORES<br />

PARA SUAS FINANÇAS<br />

CADA VEZ QUE VOCÊ ENTRA NUMA LOJA E COMPRA ALGUMA COISA QUE<br />

NÃO SEJA ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO, VOCÊ FICA UM POUCO MAIS<br />

POBRE. ESSE É UM DOS ERROS ABSURDOS QUE COMETEMOS NO DIA A DIA<br />

SANDRA FIORANI<br />

Há muitas notícias sobre famílias que<br />

sofrem de problemas financeiros. Muitas<br />

pessoas endividadas encontram-se nessa<br />

posição por razões alheias à sua vontade.<br />

Infelizmente, eles tiveram de recorrer a<br />

crédito para sobreviver. E a situação só<br />

piorou. Seus problemas são muitas vezes<br />

agravados porque, quando as pessoas<br />

estão vulneráveis, tendem a cometer erros<br />

tolos. Aqui estão oito dos mais comuns,<br />

que você pode e deve evitar a todo custo.<br />

1. RECORRER A AGIOTAS<br />

A maioria das pessoas recorre a agiotas<br />

porque estão desesperadas e têm muita<br />

dificuldade em pagar as contas. Só que os<br />

agiotas não agem de forma convencional<br />

quando você se torna inadimplente. O sistema<br />

financeiro clássico manda o seu<br />

nome para o Serasa. Já o agiota o ameaça<br />

com um revólver Colt 45, cano longo. Muitas<br />

vezes, o cliente se suicida antes, com<br />

medo da ação dos jagunços do credor. É<br />

assim que os agiotas agem, pois operam<br />

na ilegalidade, não tendo como cobrar o<br />

seu capital na justiça.<br />

Além disso, eles consideram a falta de<br />

pagamento uma ofensa ao negócio.<br />

Antes de recorrer ao agiota, tente penhorar<br />

alguma joias ou vender algum patrimônio.<br />

Se você ficar com pesar de<br />

vender alguma coisa agora, você acabará<br />

fazendo isso, mais tarde. E por um<br />

preço mais baixo, ou, pior, com a dívida<br />

mais alta, o que dá no mesmo.<br />

Sob esse aspecto, a melhor coisa não<br />

é ter muito bens imobilizados, mas sempre<br />

manter algum dinheiro no banco.<br />

Pois você nem sempre conseguirá liquidez<br />

rápida na transação. Por exemplo:<br />

ninguém consegue colocar a mão no dinheiro<br />

de imóvel antes de 15 dias após a<br />

venda ser efetuada.<br />

2. FIADOR? NUNCA, JAMAIS!<br />

Assinar uma promissória na condição<br />

de avalista é a mesma coisa que embarcar<br />

num ônibus, em noite de tempestade,<br />

pela BR-381. Sua chance de chegar<br />

a João Monlevade é maior do que o avalizado<br />

pagar o rombo. Quantas vezes<br />

você já ouviu alguém dizer que “O em-<br />

26<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


préstimo não era meu, mas da minha exnamorada.<br />

Eu só assinei por ela”. Infelizmente,<br />

no momento em que aplica seu<br />

jamegão na duplicata ou promissória<br />

para alguém, você se torna responsável.<br />

Quer goste ou não, sua assinatura está<br />

dizendo “Eu vou pagar essa conta. Se ele<br />

ou ela não o fizer, farei eu”.<br />

Co-assinatura de alguém pode ser um<br />

negócio arriscado, especialmente se o<br />

seu relacionamento com essa pessoa é<br />

temporário. Quer, então, evitar uma catástrofe<br />

financeira? Negue o aval, mesmo<br />

para membros da família. Invente uma<br />

desculpa, fale que você se tornou evangélico<br />

e que, segundo as interpretações<br />

do evangelho na sua seita, continua<br />

sendo mais fácil um camelo passar pelo<br />

buraco de uma agulha do que o idiota de<br />

um avalista entrar no Reino dos Céus.<br />

3. PEDIR DINHEIRO EM CASA?<br />

FIQUE FORA<br />

Se o pastor da sua seita o recrimina<br />

por avalizar as dívidas de alguém ou escamotear<br />

o dízimo semanal, ele não<br />

pode agir como fariseu, ao incentivá-lo a<br />

avançar nas economias de um parente<br />

ou de um amigo.<br />

Dar uma facada no irmão ou num<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 27


companheiro é um verdadeiro crime doloso.<br />

Além disso, quando você se torna<br />

inadimplente, a relação de amizade com<br />

seu parente ou amigo fica enfraquecida.<br />

Seu emprestador passa a fiscalizar os<br />

seus padrões de gastos, o que se torna<br />

irritante ou frustrante para os dois. Em<br />

pouco tempo, você vai começar a evitar<br />

o seu amigo ou a sua família.<br />

4. E EVITE TAMBÉM JOGAR NA<br />

LOTERIA OU NO BINGO<br />

Quando você não tem dívidas, dispõe<br />

de pequeno investimento na poupança e<br />

de uma aposentadoria razoável, é enorme<br />

a tentação de jogar dinheiro fora. Se é<br />

assim, então vá em frente, jogue na loteria.<br />

Mas saiba que é mais provável você<br />

ser atingido por um raio no banheiro da<br />

rodoviária do que ganhar na loteria. Jogar<br />

na mega sena, por exemplo, deve ser<br />

considerado uma forma de entretenimento.<br />

Não é um investimento ou um<br />

grande plano para a aposentadoria. Mas,<br />

fique atento: jacaré dá demais no jogo do<br />

bicho, que é baratinho e – dizem – se<br />

você acertar vale o escrito.<br />

5. COMPRAR O QUE NÃO PRECISA:<br />

UM PERIGO<br />

Encantadas com roupas e sapatos nas<br />

vitrines, ou com automóveis nas concessionárias,<br />

as pessoas apenas se perguntam:<br />

“As prestações cabem no meu salário?”.<br />

Mas a pergunta deveria ser outra: “Será<br />

que preciso realmente disso?”. Muitos estudos<br />

de sociologia mostram que, quando as<br />

pessoas se encontram acima do nível de<br />

pobreza, mais dinheiro, ou muitos objetos<br />

em casa não contribuem para aumentar a<br />

felicidade de ninguém.<br />

6. SE SEU BOLSO FICA OPACO, ELE<br />

VIRA SALDO VERMELHO<br />

A sensação maravilhosa de pedir um<br />

lombo de bacalhau no restaurante do Ivo<br />

Faria assemelha-se à de se deparar com<br />

São Pedro abrindo as portas<br />

do paraíso para você. Mas<br />

isso não é programa para<br />

todos os dias, mesmo sabendo<br />

que você nada pagará<br />

para entrar no céu (se chegar<br />

lá, ímpio herege!).<br />

Pense no seu bolso vazio<br />

e no seu rubro saldo bancário.<br />

Uma família de classe<br />

média em Belo Horizonte gasta<br />

mais de 30% por mês da sua renda com<br />

alimentação fora de casa. No entanto,<br />

comidas em restaurante custam em<br />

média 80 por cento mais caras do que<br />

as que são preparadas no seu fogão de<br />

quatro bocas. Essa economia poderia ser<br />

ainda mais expressiva, pois 25% da comida<br />

que a gente faz em casa vai direta<br />

para o lixo.<br />

28<br />

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7. ESCAFEDA-SE DOS<br />

AMBIENTALISTAS<br />

Está na hora de você perceber que há<br />

muita hipocrisia no movimento verde. Os<br />

ambientalistas criaram o maior caso com<br />

as sacolinhas plásticas de supermercados<br />

e, no entanto, não se importaram com os<br />

donos das lojas, que continuam se aproveitando<br />

dos plásticos em toda parte – nas<br />

garrafas de refrigerantes; nos pacotes de<br />

biscoitos e bolachas; nas embalagens de<br />

feijão, arroz, produtos de limpeza etc. e tal.<br />

Todos os produtos ecológicos são mais<br />

caros, como o material de limpeza, o papel<br />

reciclado, até os pelos das vassouras. O<br />

automóvel híbrido é o exemplo mais recente.<br />

Muitos ambientalistas são como<br />

esses garotos que saem às ruas, uivando<br />

contra a corrupção. Mas, no recesso sacrossanto<br />

dos lares, seus computadores<br />

estão entupidos de programas pirateados.<br />

8. COMPRAR NO EMBALO: FUJA<br />

DESSA TENTAÇÃO<br />

Nos últimos tempos, o remorso dos<br />

consumidores atingiu proporções<br />

epidêmicas. Estamos nos referindo<br />

àquelas pessoas que gastam muito<br />

dinheiro com coisas das quais se<br />

arrependerão em seguida.<br />

Comprar nos faz mais pobres e,<br />

claramente, nem sempre nos faz felizes.<br />

Tente domesticar seu impulso.<br />

Espere pelo menos uma semana para<br />

comprar aquilo que você viu na loja.<br />

Garanto que você irá desistir de muita<br />

coisa. Uma ou duas vezes por<br />

ano eu olho para as coisas nas quais<br />

gastei mais dinheiro e me pergunto:<br />

“Se eu tivesse que fazer novamente, teria<br />

jogado fora esse dinheiro?”.<br />

Na maioria das vezes, respondo: “Não<br />

teria feito isso”.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 29


E AQUI, MAIS OITO MANEIRAS CRIATIVAS.<br />

AGORA, PARA PROTEGER<br />

SEU INDEFESO DINHEIRINHO<br />

POUPAR NÃO É MESQUINHARIA.<br />

MAS REDUZIR OS CUSTOS DÁ BOA<br />

QUALIDADE DE VIDA. E ATÉ UMA<br />

CERTA ALEGRIA<br />

ANTÔNIO PORFÍRIO<br />

1. ROUPAS TROCADAS.<br />

Há muitas garotas que não usam mais<br />

aquelas roupas que você via no corpo<br />

delas e se babava de inveja. Não usam,<br />

simplesmente, porque ficaram mais encorpadas.<br />

Ou se casaram e arranjaram<br />

preocupações mais importantes do que<br />

o comprimento da saia ou a profundidade<br />

do decote. Enfim, não mais necessitam<br />

exibir a mercadoria, pois fisgaram<br />

o trouxa de plantão e o enquadraram no<br />

altar.<br />

2. CASAMENTO NA ROÇA.<br />

O seu casamento no sítio da família<br />

ou de um amigo não será apenas romântico,<br />

mas muito barato. O almoço<br />

poderá ser no jardim, num ambiente<br />

romântico e acolhedor. A enorme economia<br />

fará a diferença entre uma mixuruca<br />

ou uma turbinada lua-de-mel.<br />

Não se esqueça de que festas grandiosas<br />

também se esvaem em poucas<br />

horas. Além disso, você não conhece a<br />

maioria dos convidados e muitos<br />

ainda levantam suspeita sobre a procedência<br />

do uísque servido. E a idade<br />

dos canapés.<br />

3. CLUBE DE ALMOÇO.<br />

Pequenos grupos já tomam essa iniciativa<br />

em alguns escritórios. A proposta<br />

é a seguinte: cada um faz um prato<br />

extra, em determinado dia da semana, e<br />

o leva para compartilhar com os colegas.<br />

Claro, você só continuará no grupo se a<br />

sua empregada for uma artista na cozinha.<br />

Além da economia, você terá bons<br />

assuntos para compartilhar na cantina<br />

do trabalho.<br />

30<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


4. VERDURAS DOMÉSTICAS.<br />

Todos têm um espaço livre em sua<br />

casa. Ou, pelo menos, na varanda do<br />

apartamento. Assim, seja um “green<br />

peace” nativo, pois qualquer coisa pode<br />

ser plantada. Nem que sejam dois pés<br />

de pimenta, uns três de alface, ou uma<br />

touceirinha de picão. Dá um chá excelente.<br />

A colheita fará um grande bem<br />

para a sua saúde.<br />

5. CORTE O CABELO EM CASA.<br />

Nosso amado editor chefe sempre<br />

lembra que uma das suas irmãs cortou<br />

os cabelos dos filhos até que eles fossem<br />

tirar carteira de reservista. Por<br />

conta do lamentável e repetido estilo,<br />

que ela impunha na cabeça dos garotos,<br />

um deles carregou por duas décadas<br />

o apelido de Juruna e o outro de<br />

São Francisco de Assis.<br />

Nem todos se lembram, mas Juruna<br />

era o nome daquele cacique que atormentava<br />

os parlamentares e autoridades<br />

com um indiscreto gravador de<br />

som, tamanho tijolo, a tiracolo. Quanto<br />

a São Francisco de Assis, não cabe explicações.<br />

Enfim, é provável que o corte não ficasse<br />

grande coisa. Mas, nessa idade,<br />

naquele tempo, o que um garoto desejava,<br />

além de jogar futebol?<br />

6. FAÇA SUA PRÓPRIA LOURA.<br />

Claro, não há como se livrar do custo<br />

dos ingredientes básicos. Mas você pode<br />

se reunir com amigos para fazer vários<br />

galões de cerveja numa única tarde. Será<br />

um divertido evento social, no qual<br />

vocês dividirão os custos e recompensas.<br />

Mas não exagere, achando que pode<br />

fazer também uísque escocês legítimo. E<br />

vender para os inocentes no escritório.<br />

7. CLUBE DE COMPRAS.<br />

Vá, com os seus amigos ou os parentes<br />

mais chegados, às compras domésticas<br />

todos os sábados. Vocês farão<br />

grandes economias se organizarem um<br />

clube de compras para buscar, no atacadista,<br />

as coisas em que cada um de<br />

vocês são esfolados, diariamente, nos<br />

supermercados e mercearias.<br />

8. TROQUE TUDO.<br />

Quer caminhar para o mundo da<br />

troca? Aproveite as grandes oportunidades<br />

oferecidas pelas redes sociais. Se<br />

você é um escritor, pergunte se alguém<br />

precisa de ajuda para formatar um currículo<br />

turbinado – e o que o curriculado<br />

poderá oferecer em troca. Você é chegado<br />

numa aficionada do yoga? Num taichi-chuan?<br />

É um tecnólogo? Passe um<br />

pente fino nas suas habilidades e determine<br />

o que você pode oferecer. E cobrar<br />

ou fazer escambo, uai.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA<br />

31


PONHA A CABEÇA PRA PENSAR<br />

DESCUBRA SE VOCÊ<br />

É MESMO<br />

UM GÊNIO<br />

32<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


PEGUE NA CANETA E NUMA FOLHA DE PAPEL: AQUI VOCÊ VAI ENCONTRAR<br />

NOVE PERGUNTAS PARA DESVENDAR SE VOCÊ É MESMO UM TALENTO<br />

INJUSTIÇADO – OU TEM UM MIOLO DE MINHOCA. ESTÁ PRONTO?<br />

ADALBERTO FERRAZ<br />

As próximas nove perguntas provocarão<br />

dois efeitos em sua alma: ou<br />

você se sentirá um desgraçado de<br />

inteligência de um invertebrado até para<br />

questões com resposta óbvia – ou então<br />

vai pensar que é um gênio do porte do<br />

cientista Albert Einstein ou do nosso<br />

amado editor chefe.<br />

Todas as perguntas foram retiradas pelo<br />

jornal espanhol El Confidencial do livro<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 33


“Are You Really a Genius? Timeless Tests<br />

For The Irritating Intelligent”, que já existe<br />

desde 1938 e que foi agora relançado nas<br />

bancas pela editora The Boldeian Library.<br />

Se você sempre suspeitou ter uma<br />

mente acima da média ou se é dos que<br />

duvidam das suas capacidades intelectuais,<br />

este é o teste que tudo irá esclarecer.<br />

Da nossa parte, estamos<br />

convencidíssimos de que conta a seu<br />

favor o fato de ser leitor dessa portentosa<br />

publicação que é a revista <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong>.<br />

No final deste artigo (bem no final, por<br />

causa dos espertinhos) você vai encontrar<br />

as respostas às nove perguntas.<br />

Pode começar!<br />

PERGUNTAS<br />

1. QUATRO HOMENS PODEM CONSTRUIR QUA-<br />

TRO BARCOS EM QUATRO DIAS. AGORA<br />

RESPONDA:<br />

- Quanto tempo demora um homem<br />

para construir um barco?<br />

4. QUANDO VIRADAS PARA O ESPELHO, QUAIS<br />

DESTAS PALAVRAS (EM INGLÊS) ESCRITAS<br />

EM MAIÚSCULAS SE ESCREVEM DA MESMA<br />

FORMA DO QUE QUANDO VISTAS DE<br />

FRENTE? SÃO ELAS:<br />

- MAN TOOT DEED.<br />

5. UM HOMEM VIVIA NUMA CASA A QUE SÓ<br />

SE PODIA ENTRAR PELA PORTA E CINCO<br />

JANELAS. NUMA TARDE, APÓS ASSEGU-<br />

RAR-SE DE QUE NÃO HAVIA NINGUÉM EM<br />

CASA, FOI PRA RUA. QUANDO VOLTOU, APE-<br />

SAR DE AS JANELAS ESTAREM FECHADAS E<br />

INTACTAS E DE A PORTA NÃO TER SIDO<br />

FORÇADA, DESCOBRIU UM LADRÃO NA<br />

CASA. RESPONDA:<br />

- Se o ladrão não tiver utilizado uma<br />

chave mestra nem forçado as fechaduras,<br />

como entrou na casa?<br />

2. UM DESAFIO À MEMÓRIA: TRÊS HOMENS COM<br />

AS RESPECTIVAS MULHERES E UM VIÚVO SAÍ-<br />

RAM DE CARRO AO MEIO-DIA PARA UM PIQUE-<br />

NIQUE. DEPOIS DE PERCORREREM TRÊS<br />

QUILÔMETROS, VIRAM DOIS HOMENS E UMA<br />

CRIANÇA NUM OUTRO CARRO QUE ESTAVA<br />

AVARIADO. “ISSO É MÁ SORTE”, DISSE UM DOS<br />

VIAJANTES. À UMA DA TARDE CHEGARAM AO<br />

CAMPO, ONDE VIRAM APENAS UM VELHO<br />

GUARDA COXO COM O SEU FILHO. COMEÇA-<br />

RAM IMEDIATAMENTE A COMER A SUA ME-<br />

RENDA DE SANDUÍCHES, FRUTAS E TARTE.<br />

- Quantas pessoas foram mencionadas<br />

nesta história?<br />

3. SE UM RELÓGIO PARAR UM MINUTO A<br />

CADA DEZ MINUTOS, PERGUNTAMOS:<br />

- Quanto tempo faltará para que o ponteiro<br />

dos minutos dê uma volta completa?<br />

34<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


6. SE UMA GALINHA E MEIA PÕE UM OVO E<br />

MEIO NUM DIA E MEIO, FAÇA AS CONTAS:<br />

- Quantos ovos porão sete galinhas<br />

em seis dias?<br />

7. O MEU PAI É IRMÃO DA SUA IRMÃ. SENDO<br />

ASSIM, SOU SEU PARENTE (OU NÃO) EM QUE<br />

GRAU? DIGA:<br />

- Primo, sobrinho, filho, tio ou genro?<br />

8. QUAIS DAS SEGUINTES PALAVRAS SÃO<br />

COMPOSTAS PELAS MESMAS LETRAS? RES-<br />

PONDA RÁPIDO:<br />

- Agate, Agitate, Gates, Stags, Stage,<br />

Grates.<br />

9. TRÊS CAVALOS PARTICIPARAM NUMA COR-<br />

RIDA. OS SEU NOMES ERAM TALLY-HO, SONNY BOY<br />

E JUANITA. OS SEUS PROPRIETÁRIOS ERAM O SE-<br />

NHOR LEWIS, O SENHOR BAILEY E O SENHOR<br />

SMITH, AINDA QUE NÃO NECESSARIAMENTE POR<br />

ESTA ORDEM. TALLY-HO TORCEU A PATA NO INÍCIO<br />

DA CORRIDA. O SENHOR SMITH TINHA UM CAVALO<br />

CASTANHO E BRANCO COM TRÊS ANOS. SONNY<br />

BOY GANHOU 20 MIL DÓLARES. O SENHOR BAILEY<br />

JÁ PERDEU MUITO, EMBORA O SEU CAVALO<br />

QUASE TENHA GANHO. O CAVALO QUE GANHOU<br />

ERA NEGRO. ESTA CORRIDA FOI A PRIMEIRA EM<br />

QUE PARTICIPOU O CAVALO DO SENHOR LEWIS.<br />

PRESTOU ATENÇÃO? AQUI ESTÁ A PERGUNTA:<br />

- Como se chamava o cavalo que ganhou?<br />

RESPOSTAS<br />

1. Para uma pessoa construir um<br />

barco precisaria de quatro dias, naquelas<br />

condições.<br />

2. Ao longo da história foram mencionadas<br />

doze pessoas.<br />

3. Demoraria 65 minutos.<br />

4. TOOT.<br />

5. Entrou pela porta que o homem<br />

deixou aberta.<br />

6. 28 ovos. O erro está em pensar que<br />

uma galinha põe um ovo por dia, que<br />

faria 42 ovos. Na realidade, uma galinha<br />

põe apenas um ovo num dia e meio, ou<br />

dois terços de um ovo por dia. Ou, dito<br />

de outra forma, 1,5 galinhas põem um<br />

ovo por dia.<br />

7. Sobrinho.<br />

8. Gates, Stage.<br />

9. O cavalo do senhor Smith não podia<br />

ter ganhado a corrida porque o que ganhou<br />

era negro. O cavalo do senhor Bailey<br />

não ganhou. A corrida deve ter sido<br />

ganha pelo cavalo do senhor Lewis. Tallyho<br />

não ganhou e não podia ser o cavalo<br />

do senhor Lewis porque torceu a pata<br />

logo ao início. Sonny Boy não podia ser o<br />

cavalo do senhor Lewis porque já havia<br />

corrido previamente. O cavalo do senhor<br />

Lewis só pode ser Juanita, a vencedora.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 35


CARTA DO CANADÁ<br />

CADA UM É COMO<br />

CADA QUAL *<br />

ARTHUR VIANNA<br />

Ésempre um risco comparar povos e<br />

cidades. No entanto, estamos sempre<br />

fazendo esse tipo de analogia. Às<br />

vezes, exageramos. Como o caso daquele<br />

camarada que passou 20 dias em Berlim e<br />

na volta, depois de uma escala de 9 horas<br />

no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris,<br />

chegou ao Brasil e sentenciou “o povo<br />

mais mal-educado da Europa é o francês”.<br />

Assim como o Canadá tem muito de<br />

Brasil e vice-versa, podemos encontrar<br />

Belo Horizonte pelas ruas de Toronto.<br />

Não só pelos barzinhos e cafés, mas também<br />

pelo espírito aberto e amigável de<br />

seus moradores. Não é por um acaso<br />

que, há anos, um estudo realizado pela<br />

Belotur revelou que o principal produto<br />

turístico da capital mineira era a sua<br />

gente. Já uma lenda urbana diz que, se<br />

você quer ouvir um canadense pedir desculpa,<br />

é só pisar em seu pé.<br />

Sabemos que o Canadá está entre os<br />

10 melhores países do planeta para se<br />

viver. Só que ninguém vai imaginar que o<br />

grande país do Norte tem tudo resolvido.<br />

Como nação, o Canadá ainda tem algumas<br />

grandes dívidas com o seu povo, em especial<br />

com seus primeiros habitantes.<br />

Mesmo utilizando um termo respeitoso -<br />

First Nations (Primeiras Nações) - para a<br />

maioria de sua população autóctone, o<br />

governo canadense tem assumida culpa<br />

no cartório. Assumida bastante para, em<br />

2012, o primeiro-ministro pedir desculpas<br />

formais pelo terrível massacre cultural<br />

ocorrido nos anos de 1940 e 1950. Naqueles<br />

anos, o governo invadiu os territórios<br />

indígenas e obrigou suas crianças a internamento<br />

em escolas religiosas, longe de<br />

suas famílias e proibidas de utilizarem o<br />

idioma de suas tribos. Suas trágicas consequências<br />

são ainda visíveis.<br />

Se de um lado encontramos semelhanças,<br />

de outro o Canadá, e em especial Toronto,<br />

pode nos oferecer belos exemplos. A capital<br />

da Província de Ontário impressiona a todos<br />

que a visitam. E não só pelos prédios arrojados<br />

e sua simbólica torre com 533 metros.<br />

Alguns equipamentos públicos de uma metrópole<br />

pouco maior do que Belo Horizonte<br />

fazem a diferença.<br />

Agora, no verão, seus moradores aproveitam<br />

para sair de casa e gozar tudo que<br />

a cidade oferece. Além de sua extensa<br />

praia à beira do lago Ontário, Toronto<br />

conta com mais de 1.500 parques, jardins<br />

e praças e nada menos do que 600 km<br />

de trilhas. Uma área verde que corresponde<br />

a 13% da cidade. As piscinas públicas<br />

são outro grande atrativo entre os meses<br />

de julho a setembro. Além das inúmeras<br />

piscinas cobertas utilizadas no inverno,<br />

Toronto oferece 58 piscinas públicas a<br />

seus moradores, canadenses ou não. E<br />

estão abertas das 10h da manhã até às<br />

8h da noite.<br />

36<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


Mas, em qualquer estação do ano, o<br />

que mais impressiona na cidade é sua<br />

rede de bibliotecas públicas. Mesmo considerando<br />

que cada escola e universidade<br />

possui suas próprias bibliotecas (só<br />

a Universidade de Toronto conta com<br />

mais de 40), Toronto possui 100 bibliotecas<br />

públicas espalhadas por toda a cidade.<br />

E algumas bibliotecas móveis. Os<br />

estudantes, de qualquer idade, são incentivados<br />

pelos professores a reservar um<br />

tempo para frequentarem as bibliotecas<br />

e lá fazerem seus deveres e trabalhos em<br />

grupo. Com mais de 18 milhões de visitas-ano,<br />

é considerado o sistema de bibliotecas<br />

urbanas mais movimentado do<br />

mundo.<br />

Com o lema “Divertir, estudar e se informar”,<br />

o cartão-biblioteca oferece muito<br />

mais do que liberar o livro escolhido. Com<br />

ele, você tem acesso a computadores, palestras<br />

com autores, assistir ou baixar<br />

filmes, e-books, músicas, utilizar um imenso<br />

banco de dados para pesquisa, acesso à<br />

tecnologia de ponta, como impressora 3D<br />

ou, simplesmente, descansar em uma de<br />

suas poltronas. O que eu considero mais<br />

incrível é que, nas unidades maiores, você<br />

pode reservar um espaço privado com<br />

mesa, cadeira e computador para escrever<br />

o seu conto ou livro. Tudo absolutamente<br />

gratuito e aberto a todos que moram, estudam<br />

ou trabalham na cidade. Como turista,<br />

você pode solicitar um cartão especial<br />

para acessar seus computadores durante<br />

a sua estada em Toronto. Fora da biblioteca,<br />

o cartão ainda garante descontos em algumas<br />

atrações e museus.<br />

* Dito popular ibero-americano<br />

BALZAC’S<br />

REFERENCE<br />

LIBRARY, UMA DAS<br />

100 BIBLIOTECAS<br />

PÚBLICAS DE<br />

TORONTO<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 37


ESPAÇO MÁRIO RIBEIRO<br />

E SE NÃO<br />

TIVER<br />

O AMOR…<br />

Como tudo na vida, amor é um negócio<br />

muito complicado.<br />

Assim como vem, de repente ele<br />

vai embora, causando dor-de-cotovelo<br />

que é mais forte do que muitas dores<br />

que existem por aí.<br />

Só grandes heróis e heroínas conseguem<br />

manter um amor de verdade, daquele<br />

que nas cerimônias matrimoniais<br />

é decantado como o maior sentimento<br />

do ser humano.<br />

Aliás, amor de verdade não acaba fácil,<br />

nem na prova máxima de adoração de<br />

um pelo outro que acontece quando um<br />

membro do casal não consegue superar<br />

essa coisa horrível chamada mau-hálito.<br />

Com os avanços atuais na educação,<br />

na higiene e nas duras regras politicamente<br />

corretas, é evidente que o chamado<br />

“bafo-de-onça” tem diminuido<br />

bastante no meio da população.<br />

Sem esquecer de flatos horrorosos<br />

emitidos de um lado e do outro.<br />

Mas como se dizia das bruxas, “pelo<br />

que lods hay, hay”.<br />

A vida em comum não é fácil.<br />

Como dizia o grande poeta Vinícius de<br />

Moraes, para viver um grande amor é preciso<br />

muito mais, mas muito mais mesmo<br />

do que beijinhos e carinhos sem ter fim.<br />

É preciso muito mais que belos versos.<br />

Como naquela canção da novela “Irmãos<br />

Coragem”, é preciso coragem para<br />

aceitar as fraquezas do outro ou da outra.<br />

Não é fácil.<br />

Isso não vem do passado nem vai deixar<br />

de ser no futuro.<br />

É uma questão de conseguir aceitar<br />

38<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


OLHE A PRESSA,<br />

NO QUE DÁ?<br />

Para onde nos leva essa pressa<br />

cada vez maior?<br />

Tudo tem de ser rápido, pra<br />

hoje, pra agora.<br />

Não há como esperar um tempo<br />

para a coisa acontecer.<br />

Para ser realista, é natural toda<br />

pressa do mundo, porque com a<br />

superpopulação fica cada vez mais<br />

difícil atender a todos com eficiência<br />

e rapidez.<br />

Só não vale a chamada ejaculação<br />

precoce, por que isto é um<br />

problema que atravessa séculos,<br />

ou melhor, milênios.<br />

os defeitos incorrigíveis e as notórias fraquezas<br />

de quem nós amamos.<br />

Amor não é brincadeira, nem simples<br />

divertimento e gozo.<br />

É para falar a verdade, amor não se<br />

define: ou é ou não é.<br />

NOSSO FUTEBOL<br />

CANHESTRO<br />

Podemos ser penta-campeões<br />

mundiais, ter como referência Pelé,<br />

Reinaldo e tantos outros, mas não<br />

há como escamotear: que futebolzinho<br />

sem-vergonha é esse que se<br />

pratica hoje no Brasil.<br />

Os astros ganham fortunas mas<br />

só sabem enganar as torcidas com<br />

atuações ridículas e exibir horrorosas<br />

tatuagens e barbas como se<br />

quisesse cada vez mais afirmar<br />

que todos são os reis do pedaço.<br />

E ainda temos centenas de milhões<br />

de jogos para assistir na<br />

tevê…<br />

Como diria o outro: “Haja<br />

Deus!!!”<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 39


CARTA DO SERTÃO<br />

MEU EPITÁFIO<br />

DE VIÚVO<br />

TIÃOZITO CARDOSO *<br />

Hodie mini, cras tibi – Hoje por mim,<br />

amanhã por ti. Esta inscrição é ao<br />

meu ver, pela sua conclusão, a que<br />

deveria estar gravada nos frontispícios de<br />

todos os cemitérios ou campos santos,<br />

pela sabedoria que encerra.<br />

Já aquela gravada no Cemitério de São<br />

Cristóvão, no Rio de Janeiro, “Aqui termina<br />

a vaidade humana”, atribuída ao magnâni -<br />

mo Ruy Barbosa, não me agrada, visto que<br />

só é verdadeira para quem ali está enterra -<br />

do. É só observar a vaidade dos so bre -<br />

viventes ligados ao morto, sejam parentes,<br />

sejam admiradores, estampada na pompa<br />

dos carneiros majestosamente construídos<br />

ou quanto aos epitáfios elogiosos ou eloquentes,<br />

dedicados aos seus mortos.<br />

Aos materialistas e ateus, pregadores<br />

de que aqui na terra tudo se encerra, devem<br />

agradar os epitáfios e não os carneiros<br />

luxuosos, pois que os epitáfios definem<br />

a passagem gloriosa do falecido por cá.<br />

Eis um epitáfio digno de nota, encontrável<br />

na Catedral de São Patrício, em Dublin,<br />

Irlanda, feito em vida pelo autor: “Aqui<br />

jaz Jonathan Swift, doutor em teologia e<br />

Deão desta Catedral, onde a colérica indignação<br />

alheia não poderá mais dilacerar-lhe<br />

o coração. Segue, passante e imita,<br />

se puderes, este que se consumiu até o<br />

extremo pela causa da liberdade”.<br />

Só lamento que este cidadão, que viveu<br />

entre 1667-1745, não tenha nascido aqui<br />

no Brasil e no tempo de Tiradentes e seus<br />

seguidores, para que já tivéssemos, há<br />

muito, uma real liberdade neste país, com<br />

uma democracia sem o voto obrigatório e<br />

serviço militar idem.<br />

Já li um sem número de epitáfios e inscrições<br />

tumulares, para continuar achando<br />

que deveriam ser simples, como a de um<br />

homem que morreu já bastante velho:<br />

Cansei de viver...”.<br />

Ou como o pretendido pela minha<br />

amada irmã Zilma, contendo a repulsa de<br />

quem adora a vida: “Aqui jaz Zilma Cardoso<br />

Motta, muito a contragosto...”.<br />

Ou, ainda, assaz sintéticos, como numa<br />

troca de amabilidades de um casal de ingleses.<br />

O marido, fleumático, sugere à esposa<br />

seu epitáfio:<br />

— Here lies Mary, cold like she always<br />

was” .<br />

Sua consorte, imperturbável, rebate:<br />

— Here lies John, hard like he never<br />

was”.<br />

Vale notar que o inglês mais famoso de<br />

todos os tempos, Shakespeare, costumava<br />

afirmar que “O sono é o prenúncio da<br />

morte” (pelo menos é o que consta do<br />

nosso anedotário pátrio).<br />

Costumo alertar minha mulher (esposa<br />

é coisa de rico) quanto à sabedoria da<br />

máxima shakespeariana, mais eis que ela,<br />

irredutivelmente, continua dormindo desgraçadamente<br />

umas dez horas por dia,<br />

lamentando-se, para minha inveja, que<br />

ainda dorme muito pouco.<br />

40<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


Se a minha cara-metade atende ao<br />

chorinho de uma das crianças em<br />

seu quarto, vai até lá, acalentala<br />

ninando, volta para a<br />

cama e deita-se, tudo automática<br />

e institivamente,<br />

sem acordar,<br />

desacreditando em<br />

mim ou nas crianças<br />

quando lhe contamos<br />

no dia seguinte.<br />

Se ela perde uma noite de<br />

sono, seja por festa ou motivos<br />

superiores (é lógico), dorme<br />

horas e mais horas para recuperá-lo,<br />

já tendo dormido, nestas<br />

circunstâncias, até quinze<br />

horas seguidas.<br />

Por tal atração com Morfeu,<br />

deus dos sonhos, filho do Sono e<br />

da Noite, é que já tenho pronto seu<br />

epitáfio, consciente de que ela,<br />

viúva, jamais morrerá:<br />

Aqui jaz Céldia, dormindo<br />

como sempre sonhou.<br />

(*) Tiãozito Cardoso, tabelião e jornalista,<br />

é sertanejo de Brumado,<br />

Bahia.<br />

JONATHAN SWIFT<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 41


HORA EXTRA – ORIENTAÇÃO ÀS GAROTAS<br />

ALÔ, GAROTAS!<br />

AQUI ESTÃO 19 COISAS<br />

PARA VOCÊ FAZER<br />

SE DESEJA SE CASAR<br />

COM UM DE NÓS<br />

JOÃO PAULO COLTRANE<br />

Arevista <strong>Matéria</strong><strong>Prima</strong> é declaradamente<br />

partidária da causa masculina,<br />

pois se destina, em especial,<br />

a dirigentes do mundo corporativo, educacional<br />

e esportivo. E nesse terreno, para<br />

o bem ou para o mal, nós homens mandamos<br />

no pedaço. Isso não quer dizer,<br />

porém, que somos insensíveis às grandes<br />

causas femininas, sobretudo em Belo Horizonte,<br />

onde há cem mil mulheres sem<br />

namorados. E o que pior: mulheres que<br />

provavelmente nunca se casarão, já que<br />

formam a imensa maioria da população,<br />

em todas as faixas de idade (a partir dos<br />

18 anos) e em todas as camadas sociais.<br />

O propósito desse texto é colocar as<br />

nossas leitoras em boas condições de vitória<br />

nessa vital disputa. E conseguir um<br />

homem pra chamar de seu. Conversamos<br />

com muitos assinantes para saber por<br />

que há milhões de homens por aí, mas<br />

você não está casada e sequer namorando<br />

com nenhum deles. Anote o que<br />

apuramos.<br />

1. HOMENS NÃO GOSTAM DE<br />

MULHERES QUE SEMPRE<br />

ESTÃO CERTAS.<br />

Quem faz isso acaba se achando a<br />

melhor do que todas as outras pessoas,<br />

aí incluindo o próprio namorado. Você<br />

estará certa de que realmente é um ser<br />

superior se constar da sua biografia a<br />

realização de algum grande benefício<br />

para a humanidade. Por exemplo: a descoberta<br />

dos tipos sanguíneos ou o fator<br />

RH do sangue.<br />

2. NUNCA SE IMPORTE COM A<br />

APARÊNCIA DO INTERESSADO,<br />

EXCETO SE ELE FOR POBRE.<br />

Mas se, apesar da falta de dinheiro, for<br />

o gerente da loja ou do banco, as coisas<br />

mudam.<br />

3. DEIXE DE SER<br />

CONTROLADORA.<br />

Não invada o celular dele ou cheire a<br />

roupa em busca de odores ou marcas<br />

suspeitas. Ninguém gosta de viver sob<br />

desconfiança. Não se esqueça de que o<br />

42<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


mercado não é favorável a você, segundo<br />

o censo do IBGE.<br />

4. NÃO SEJA EXIGENTE.<br />

Pare de procurar apenas rapazes com<br />

emprego, aparência ou famílias melhores<br />

que as suas.<br />

5. NÃO SEJA BRAVA COM SEU<br />

NAMORADO POIS ELE TEM O<br />

PODER INVENCÍVEL DE<br />

REJEITAR SUA COMPANHIA.<br />

E não adianta, mais tarde, acusá-lo de<br />

idiota, ao preferir uma garota bobinha a<br />

uma mulher brilhantíssima como você.<br />

Homens gostam de mulheres meigas.<br />

Repito: mulheres meigas.<br />

6. AINDA A PROPÓSITO DE<br />

MULHERES MEIGAS.<br />

Você pode ser gostosa, sexy, inteligente,<br />

mas se não for afetuosa, você está<br />

perdendo seu tempo, pois nenhum<br />

homem vai querer se casar contigo. Ninguém<br />

precisa de uma megera em casa.<br />

7. NUNCA BRIGUE<br />

COM A MÃE DELE.<br />

Ao promover ou concordar com o conflito,<br />

você estará desconhecendo o impacto<br />

dela nos sentimentos do filho.<br />

Você é substituível. No entanto, mãe só<br />

existe uma.<br />

8. SAIBA COZINHAR.<br />

Homens gostam de mulheres que<br />

sabem cozinhar. Isso não quer dizer que<br />

eles desejam transformar você em empregada<br />

doméstica. Há mulheres que jamais<br />

acenderam o fogão do seu<br />

apartamento; ou, pior, que na sua geladeira<br />

só guardam iogurtes, bebidas energéticas<br />

e cervejas. Lembre-se: se você<br />

está disposta a cozinhar pelo menos um<br />

dia para o seu filho, por que não faz o<br />

mesmo, agora, para o seu namorado?<br />

9. HOMENS GOSTAM DE<br />

MULHERES PARECIDAS COM<br />

ELES. ALMA GÊMEA NÃO<br />

QUER DIZER IDÊNTICO?<br />

Ele pode se encantar com seu corpo<br />

maravilhoso, mas se ele adora música<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 43


sertaneja ou assistir a rodeios em Barretos<br />

não o leve para concertos de jazz no<br />

Palácio das Artes. E vice-versa.<br />

10. O PERFECCIONISMO<br />

É DEVASTADOR.<br />

E logo mostra a cara. Você começa a<br />

lamentar: ele deveria ser um pouco mais<br />

bonito, a profissão dele não é interessante<br />

ou poderia ter uma conversa mais<br />

divertida. Isso impede você de enxergar<br />

as coisas boas que ele tem e, nesse caso,<br />

o final da história nunca é bom. Relaxe:<br />

ninguém jamais, em tempo algum,<br />

preencherá todos os seus pré-requisitos.<br />

de estrelas no céu. Mostre-se recatada,<br />

pelo menos no ambiente em que você<br />

vive. E não comente nada sobre o seu<br />

passado, pois vai se revelar tão sujo<br />

quanto cozinha de restaurante de luxo.<br />

11. FAÇA COMO OS<br />

PESCADORES:<br />

USE A ISCA CERTA.<br />

Nem todos os peixes são atraídos<br />

pelos mesmos tipos de iscas. Uns gostam<br />

de minhocas, outros preferem peixes<br />

menores e há até aqueles que<br />

mordem qualquer coisa brilhante e reluzente<br />

que aparece à sua frente.<br />

12. NÃO BUSQUE O CARA<br />

QUE VOCÊ QUER, MAS<br />

O QUE VOCÊ PRECISA.<br />

Ninguém fica eternamente satisfeito<br />

em ter conquistado o que sempre desejou.<br />

Essa é uma das desgraças da nossa<br />

condição humana. Fixe-se no homem<br />

que você precisa. Ele será, basicamente,<br />

uma pessoa com dinheiro o suficiente<br />

para ajudar você a crescer e chegar o<br />

máximo como ser humano.<br />

13. HOMENS NÃO GOSTAM DE<br />

GALINHAS, A NÃO SER NO<br />

ALMOÇO DE DOMINGO.<br />

Ninguém confia em mulheres que<br />

fazem sexo casual com a turma toda ou<br />

já teve mais namorado do que o número<br />

44<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


14. APRENDA COM<br />

O SILÊNCIO DO RAPAZ.<br />

Se ele nunca diz que está apaixonado<br />

por você é porque não está. E se você<br />

sente necessidade de saber se ele está<br />

num relacionamento sério com você é<br />

porque também não está. Não será com<br />

perguntas insistentes que você irá conquistá-lo,<br />

mas com atitudes amorosas.<br />

15. AFASTE-SE DE HOMENS<br />

INDISPONÍVEIS.<br />

Não dá para guardar seu carro numa<br />

garagem ocupada por outro automóvel.<br />

16. CIÚME EM DEMASIA<br />

É IRRITANTE.<br />

Homens não gostam de mulheres absurdamente<br />

ciumentas ou que se mostram<br />

loucas. Ele não ficará com você<br />

simplesmente porque arranhou ou jogou<br />

uma pedra no vidro do carro dele. Isso é<br />

como jogar roleta russa, com balas em<br />

todas as câmaras do revólver, exceto<br />

uma. Sua chance é mínima.<br />

17. NÃO O AGARRE À FORÇA.<br />

Nenhum homem gosta de mulher disposta<br />

a fazer qualquer coisa para ficar<br />

com ele, pois isso resulta sempre em atitudes<br />

drásticas, como ficar grávida. Você<br />

acabará sozinha e com um filho para criar.<br />

18. NÃO MUDE<br />

NEM TENTE MUDÁ-LO.<br />

Seja sempre o que você se mostrou<br />

para ele quando o conheceu. Ele também<br />

será sempre o que se mostrou. Não<br />

seja dissimulada nem tente mudá-lo.<br />

Isso é mudar as regras do jogo durante a<br />

partida.<br />

19. NÃO DESANIME.<br />

Evite a leitura de artigos de revistas<br />

que falam que todos os homens legais<br />

estão casados, são gays ou se mudaram<br />

para Miami. Seja determinada, pois o<br />

homem da sua vida pode ter perdido o<br />

vôo para os EUA.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 45


ERA O SÓ QUE FALTAVA<br />

TOMATES<br />

NÃO SOFREM<br />

IVANI CUNHA<br />

Meu pai, que nas horas vagas deixava<br />

a colher de pedreiro e o<br />

prumo para viajar em diversas<br />

leituras, diria que o meu trabalho de crítico<br />

da mídia assemelha-se a dar “soco<br />

em ponta de faca”, coisa de louco. Talvez<br />

ele tivesse razão, porque as empresas e<br />

os profissionais de comunicação, com<br />

46<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


aras exceções, não parecem interessados<br />

em avaliar o trabalho do dia a dia<br />

nas redações. Caso houvesse esse cuidado,<br />

todos atentariam, por exemplo, ao<br />

princípio de que os textos jornalísticos,<br />

mesmo os dirigidos ao público jovem,<br />

não podem ser excessivamente coloquiais,<br />

pontilhados de palavras e expressões<br />

inventadas e que, em sua maioria,<br />

não dizem coisa nenhuma.<br />

Pior ainda é justificar o descaso às normas<br />

fundamentais do idioma com a explicação<br />

simplista – principalmente do rádio<br />

e da televisão – de assim o povo fala e entende.<br />

Trata-se de posição cômoda, que libera<br />

os profissionais de buscarem a permanente<br />

reciclagem de conhecimento do<br />

nosso idioma. As empresas, por sua vez,<br />

ficam livres de investir em cursos com<br />

essa finalidade.<br />

Conformadas com essa situação, as<br />

empresas fogem do compromisso de,<br />

além de informar e entreter, apresentar<br />

corretamente a informação.<br />

ÔNIBUS ASSASSINO - “Ônibus cai em precipício<br />

no interior de Pernambuco e<br />

mata quatro pessoas”, informou o apresentador<br />

de uma rádio. Imaginei quatro<br />

pessoas “de bobeira”, no fundo daquele<br />

precipício. Estavam caminhando calmamente<br />

lá embaixo e, de repente, um ônibus<br />

caiu sobre elas.<br />

As pessoas que não acompanharam<br />

até o fim a apresentação do noticiário, e<br />

no dia seguinte não leram o texto integral<br />

sobre o acidente, talvez ainda se perguntem<br />

por que os quatro se aventuraram a<br />

explorar aquele buracão no município de<br />

Verdejantes, arriscando-se a ser esmagados<br />

por algum ônibus, o que acabou<br />

acontecendo. Culpa dos redatores, que<br />

não questionam os velhos modelos de<br />

produção de título e de redação das matérias.<br />

Por que não escrever simplesmente<br />

que o ônibus caiu no precipício e<br />

quatro passageiros morreram? Foi isso<br />

que aconteceu.<br />

Transmitir a informação exata, para evitar<br />

interpretações dúbias, devia ser a regra.<br />

Mas parece que não é, e acredito que<br />

até os meus últimos dias estranharei esses<br />

equívocos em textos de jornais, telejornais<br />

e radiojornais.<br />

Conhecer o significado dos verbos é de<br />

fundamental importância. Embora os jornais,<br />

o rádio e a TV possam informar que<br />

o tomate sofreu aumentos abusivos na entressafra,<br />

qualquer leitor sabe que, também<br />

nesse caso, quem sofre são os consumidores<br />

de tomate e dos produtos à<br />

base desse legume.<br />

Sofrem os leitores, que esperam encontrar<br />

no noticiário as palavras em seu<br />

sentido exato, registrado nos dicionários.<br />

Às vezes, a notícia é agradável, mas o<br />

verbo inadequado tira um pouco do seu<br />

sabor: “O curso de vinhos do enófilo Fulano<br />

acontece mais uma vez, hoje, às 19<br />

horas, em tal local”. No entanto, um<br />

acontecimento é algo não previsto, improvável,<br />

uma surpresa. Já o curso do<br />

enófilo estava programado, seria realizado<br />

em local e horário definidos com<br />

alguma antecedência. Portanto, não<br />

aconteceria e não aconteceu. Foi realizado<br />

e espera-se que os participantes se<br />

lembrem com alegria dos sabores e aromas<br />

experimentados na ocasião.<br />

Na manhã de 24 de janeiro de <strong>2017</strong>, a<br />

repórter de uma rádio mineira de grande<br />

audiência informou, de Brasília, que naquele<br />

dia representantes do governo federal<br />

iam sentar na mesa com o governador<br />

Pezão, do Rio de Janeiro, para debaterem<br />

a dívida fiscal do Estado.<br />

Tudo indica que a mesa suportou o<br />

peso do grupo.<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 47


PALAVRA DO LEITOR<br />

ENRICO GALLIERA, DIRETOR DE MARKETING DA<br />

FERRARI, DECIDE QUEM SÃO OS PRIVILEGIADOS<br />

EU QUERO COMPRAR UMA FERRARI.<br />

TENHO CHANCE?<br />

Vocês, que sabem tudo, me informem<br />

como faço para comprar uma Ferrari 0km<br />

em edição limitada. Disponho de até US$<br />

2 milhões para satisfazer esse sonho que<br />

alimentei enquanto trabalhava num restaurante<br />

em Miami.<br />

MÁRIO ALBERTO PÁDUA<br />

Governador Valadares-MG<br />

NOTA DA REDAÇÃO. A resposta é dada por<br />

Adalberto Ferraz, nosso especialista em<br />

Ferrari.<br />

“O personagem desta foto é Enrico Galliera,<br />

diretor de marketing e comercial da<br />

empresa e quem escolhe os clientes que<br />

têm direito a gastar milhões num carro de<br />

edição limitada”.<br />

Segundo Adalberto, o nosso repórter<br />

que sabe tudo de carros, “Galliera é o<br />

amigo que todos os multimilionários gostariam<br />

de ter. A parte mais difícil do trabalho<br />

dele é dizer não, pois há clientes que<br />

fazem muita pressão. Há muito mais procura<br />

do que oferta de veículos, por isso<br />

são seguidos alguns critérios na distribuição<br />

dos modelos exclusivos da Ferrari que<br />

privilegiam os bons clientes”.<br />

A empresa considera os carros de edição<br />

limitada um presente para os seus<br />

melhores clientes, explicou Galliera, de 51<br />

anos. Ele segue esta norma à risca e não<br />

se deixa enganar pelos clientes que mostram<br />

ter muito dinheiro. “No princípio recebo<br />

candidaturas de pessoas que não<br />

merecem, apenas têm dinheiro”, contou<br />

Galliera. Eles dizem ‘Eu sou o rei de alguma<br />

coisa então mereço o carro. E eu<br />

digo ‘sim, mas não é cliente da Ferrari’”.<br />

“Depois há os que são bons clientes e<br />

mesmo assim não estão no topo 200 e<br />

não lhes posso oferecer o carro”, continuou<br />

Galliera. Os carros não são propriamente<br />

oferecidos. Por exemplo, o conversível La-<br />

Ferrari Aperta, o último modelo limitado<br />

que fabricamos, foi ‘oferecido’ a 200 clientes<br />

por 1,2 milhões de dólares (cerca de<br />

1,04 milhões de euros) mais impostos”.<br />

“Cada um dos 200 escolhidos”, explicou,<br />

“ recebeu pelo correio uma pequena caixa<br />

em casa com a chave da Ferrari e um bilhete<br />

indagando se estaria interessado em comprar<br />

o próximo conversível da marca, mesmo<br />

antes de o ver. Todos responderam que sim”.<br />

Segundo o mercado, desde que o modela<br />

LaFerrari Aperta foi lançado, há quatro<br />

anos, o valor de mercado triplicou.<br />

Diante do exposto, prezado Mário Alberto,<br />

se você não recebeu a carta do Galliera,<br />

pode desistir dessa fantasia. Nem<br />

que você passe o resto da vida lavando<br />

pratos em Miami.<br />

48<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR


DISTRIBUIR DINHEIRO<br />

QUE NÃO SE TEM PODE DAR CERTO?<br />

A interminável (e sempre crescente)<br />

crise econômica brasileira reafirma a<br />

nossa condição de refém das promessas<br />

e do clientelismo. As promessas fraudulentas<br />

representam sempre uma espécie<br />

de compra de votos com dinheiro dos contribuintes<br />

das gerações presentes e futuras<br />

Além das mentiras, há os aumentos salariais,<br />

subsídios a pessoas ou empresas,<br />

obras vistosas e outras desgraças que<br />

sempre funcionaram como trunfo eleitoral.<br />

As promessas de pão e circo sempre foram<br />

eficazes, ainda que muitas se percam<br />

depois nos caminhos tortuosos do ato de<br />

governar quando esta se confronta com a<br />

realidade.<br />

Infelizmente, o governo seduziu o povo<br />

com a miragem dos almoços grátis. O resultado<br />

é que o governo passado distribuiu,<br />

com seus mirabolantes programas<br />

sociais, o dinheiro que não temos. Fracassaram<br />

os socialistas, como fracassaram<br />

em todas as partes do mundo. E diante<br />

do fracasso procuram colar etiquetas nos<br />

seus adversários, do tipo “ultra liberais”,<br />

“radicais de direita”. Mas só por distração<br />

se pode acreditar nisso. Mais uma vez fomos<br />

iludidos por promessas e estamos<br />

pagando o preço da aventura.<br />

JOSÉ ROBERTO ABREU<br />

Vitória-ES<br />

TÚNEL NO FIM DO TÚNEL.<br />

FAZ SENTIDO PRA VOCÊ?<br />

As contas do Brasil sempre apresentam<br />

problemas. Por conta disso, surgem, em<br />

caudalosos artigos na imprensa, os grandes<br />

teóricos da austeridade. Formular teorias<br />

é difícil, sobretudo porque a realidade,<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 49


muitas vezes, por falta de informação ou<br />

simples pirraça, gosta de desmenti-las.<br />

Com a austeridade sucede o mesmo, mas<br />

não interessa. A austeridade destaca-se,<br />

na história das idéias, por uma característica<br />

original: não tem alternativa. Até<br />

hoje, nenhum outro conjunto de ideias políticas,<br />

econômicas, filosóficas ou até religiosas<br />

foi ousado a ponto de considerar<br />

que não havia alternativa. Até as ditaduras<br />

sabem que a alternativa existe. E é por<br />

isso que a rechaçam, fechando-se.<br />

A austeridade não tem alternativa, o<br />

que é um sossego. A austeridade pretende<br />

controlar o déficit, mas nunca consegue.<br />

Paciência: não há alternativa. A austeridade<br />

aprofunda a recessão e gera desemprego.<br />

Paciência: não há alternativa. A austeridade,<br />

enfim, não funciona. Nada a<br />

fazer: não há alternativa.<br />

Poderia se pensar que, dado o insucesso<br />

da austeridade, talvez devêssemos<br />

tomar outro caminho, igualmente mal-sucedido,<br />

mas menos custoso. Infelizmente,<br />

os sábios não têm alternativa e só pensam<br />

nessa maldita austeridade, um nome<br />

suave da recessão.<br />

ROBERTO PEREIRA SANTOS<br />

Vila dos Angicos, Pedro Leopoldo-MG<br />

KALIL, UM PREFEITO DE SORTE.<br />

VOCÊ ACREDITA?<br />

Kalil é realmente um homem de sorte.<br />

Primeiro, ele herdou um grande carnaval<br />

e pode realizar em apenas um mês de governo,”<br />

o maior e melhor carnaval do país”,<br />

como ele próprio disse. Agora, com as<br />

contas bem administradas pelo antecessor,<br />

já pagou a primeira parcela do 13º salário<br />

do funcionalismo. O pobre do Márcio Lacerda,<br />

o antecessor, poderia ter usufruído<br />

dessas conquistas que ele mesmo construiu,<br />

mas foi derrotado pela sua péssima<br />

comunicação com o público. Governar não<br />

é só construir estrada, ao contrário do que<br />

disse no passado Washington Luís.<br />

MAURÍCIO FAGUNDES ALVES<br />

BH-MG<br />

EX-PREFEITO MARCIO LACERDA<br />

PREFEITO ALEXANDRE KALIL<br />

50<br />

<strong>AGOSTO</strong> DE <strong>2017</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR

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