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12 Geral<br />
Artigo de Opinião<br />
Marcello Richa*<br />
Reciclagem e reaproveitamento<br />
A destinação, reciclagem e reaproveitamento de<br />
resíduos sólidos é um dos principais desafios da gestão<br />
pública no Brasil, que infelizmente vive uma realidade<br />
marcada pelo desperdício. Produzimos lixo em volume<br />
comparáveis a países de primeiro mundo, mas o<br />
descarte está longe dessa realidade, com nossa<br />
economia perdendo uma estimativa de R$ 120 bilhões<br />
em produtos que poderiam ser reciclados.<br />
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada<br />
(Ipea) aponta que produzimos cerca de 160 mil toneladas<br />
de resíduos sólidos urbanos por ano. Destes, 40%<br />
poderiam ser reaproveitados ou reciclados, porém<br />
apenas 13% recebem a destinação correta.<br />
Em uma tentativa de mudar esse cenário, foi estabelecido<br />
em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que<br />
determinava que os municípios oferecessem serviços de<br />
coleta seletiva para a população e o fechamento dos<br />
lixões até 2014. Os anos passaram e ainda encontramos<br />
82% dos municípios brasileiros sem programas de coleta<br />
seletiva, conforme dados da entidade Compromisso<br />
Empresarial para Reciclagem (Cempre).<br />
A enorme concentração regional em relação aos<br />
serviços de coleta seletiva também é algo que impressiona<br />
e demonstra a discrepância de realidade no país.<br />
Cerca de 41% dos municípios brasileiros que oferecem<br />
esse serviço ficam na região sudeste, 40% no sul, 10%<br />
no nordeste, 8% no Centro-Oeste e apenas 1% no norte.<br />
O fato é que ainda estamos muito longe de conseguir<br />
encontrar um equilíbrio entre o lixo que produzimos e o<br />
reaproveitamento do que descartamos. É difícil sequer<br />
imaginar uma possibilidade de reverter esse cenário<br />
enquanto os municípios não realizarem ou encontrarem<br />
condições de implantar a coleta seletiva em suas<br />
comunidades, uma vez que atualmente esse serviço<br />
atende apenas 15% dos brasileiros.<br />
Também é importante criar novos instrumentos econômicos<br />
que viabilizem e estimulem o reaproveitamento<br />
do lixo, como o projeto de Lei 5192/16, do senador<br />
Paulo Bauer (PSDB-SC), que concede dedução do<br />
Imposto de Renda (IR) de valores doados a projetos de<br />
reciclagem. Além disso, é imprescindível rever a<br />
questão da tributação para produtos reciclados, para<br />
torná-los competitivos no mercado e estimular a adesão<br />
de empresas e novos empreendedores nesse processo.<br />
Além da ação do poder público, a sustentabilidade<br />
depende do esforço coletivo de uma sociedade, que<br />
precisa participar ativamente. A partir do exemplo e de<br />
campanhas institucionais que estimulem o descarte de<br />
maneira correta, trabalhamos para que novas gerações<br />
façam disso uma parte integral do seu cotidiano,<br />
construindo uma cultura que irá se perpetuar ao longo<br />
dos anos favorecendo o meio ambiente, criando<br />
oportunidade de negócios e evitando o desperdício.<br />
Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio<br />
Vilela do Paraná (ITV-PR)<br />
ENCERRAMENTO<br />
Foz do Iguaçu, segunda-feira, 17 de julho de 2017<br />
Festival 3 Fronteiras<br />
fecha em grande estilo<br />
Para Fundação Cultural, integração é chave para desenvolvimento<br />
cultural da região; mais de quatro mil pessoas participaram<br />
PMFI/AMN<br />
Reportagem<br />
O que acontece quando<br />
se reúnem no mesmo<br />
palco grandes nomes da<br />
música clássica com estudantes<br />
de vários locais,<br />
como Brasil, Paraguai,<br />
Argentina, Bolívia e Chile?<br />
Música clássica com<br />
toda riqueza e diversidade<br />
da cultura latina. Foi<br />
assim que o Festival 3<br />
Fronteiras se despediu de<br />
Foz do Iguaçu, na noite<br />
de sábado, 15, em um<br />
concerto que lotou o auditório<br />
da Unioeste.<br />
Sob a regência do maestro<br />
Jean Reis, a orquestra<br />
— que reviveu clássicos<br />
como as composições<br />
de Antonio Vivaldi e Arthur<br />
Foote, passando por<br />
produções autorais contemporâneas<br />
do solista<br />
Felipe Coelho, considerado<br />
"a Cara no Novo Violão<br />
Brasileiro" — chegou<br />
ao auge com a apresentação<br />
da última peça intitulada<br />
Quatro Momentos<br />
Nº3, do compositor brasileiro<br />
Ernani Aguiar.<br />
Tempo de Maracatu,<br />
Tempo de Caboclinhos,<br />
Canto e Marcha, que encerraram<br />
o concerto, promoveram<br />
um grande encontro<br />
da música clássica<br />
com a cultura latina,<br />
revelando a força da integração<br />
cultural no festival<br />
que leva o nome 3<br />
Fronteiras. A apresentação<br />
conectou o público<br />
com suas raízes.<br />
Foto: Divulgação<br />
Ao longo dos dias, mais de quatro mil pessoas<br />
prestigiaram o festival<br />
Foi essa sensação que<br />
invadiu o diretor de teatro<br />
e professor do IFPR<br />
Givaldo Moisés de Oliveira.<br />
"O mais fantástico<br />
é a integração pela música,<br />
além da qualidade do<br />
repertório, o resgate da<br />
cultura popular com a<br />
questão do clássico, uma<br />
beleza que nos emociona,<br />
promovendo o pertencimento,<br />
esse encontro<br />
com a sua identidade",<br />
revelou, entusiasmado,<br />
Givaldo, ao final do concerto.<br />
Orquestra<br />
A orquestra de encerramento<br />
foi formada pelos<br />
professores e estudantes<br />
do Festival 3<br />
Fronteiras. A mostra,<br />
que aconteceu entre os<br />
dias 9 e 15 de julho, reuniu<br />
27 estudantes e sete<br />
renomados músicos no<br />
Brasil e no exterior. Ao<br />
longo da semana, eles realizaram<br />
oficinas em várias<br />
modalidades de instrumentos<br />
e participaram<br />
de ensaios diários<br />
para a formação da orquestra.<br />
Além da parte pedagógica,<br />
todo o aprendizado<br />
foi compartilhado com a<br />
população, que teve entrada<br />
franca durante<br />
toda a programação do<br />
festival. A música clássica<br />
chegou a mais de quatro<br />
mil pessoas. Foram<br />
sete concertos noturnos<br />
realizados na Fundação<br />
Cultural e mais dez performances<br />
itinerantes —<br />
denominadas concertos<br />
sociais e assaltos musicais<br />
— que levaram a música<br />
clássica até entidades,<br />
como o Lar dos Velhinhos,<br />
e a vários pontos<br />
turísticos e de circulação<br />
de pessoas, como o<br />
Terminal de Transporte<br />
Urbano (TTU) e o aeroporto.<br />
Projeção<br />
Uma semana que<br />
transformou Foz do Iguaçu<br />
no ponto de encontro<br />
dos grandes nomes da<br />
música clássica do país e<br />
do mundo e possibilitou<br />
a estudantes de várias<br />
nacionalidades e também<br />
da cidade a aprender com<br />
os mestres do violino,<br />
Carmelo de los Santos,<br />
viola, Renato Bandel, violoncelo,<br />
Aldo Mata, contrabaixo,<br />
Marcos Machado,<br />
e do piano, Ney Fialkow<br />
e Guigla Katsarava.<br />
Estudantes da Bolívia,<br />
Argentina, Paraguai<br />
e também de diversas regiões<br />
do Brasil puderam<br />
adquirir conhecimento,<br />
trocar experiências e compartilhar<br />
com o público<br />
todo o aprendizado do festival.<br />
Jovens como Mayra,<br />
Isabela, Murilo, Luara,<br />
que vieram de João Pessoa<br />
(PB), e que tiveram<br />
pela primeira vez, em Foz,<br />
a experiência de um contato<br />
tão próximo com as<br />
pessoas ao participar dos<br />
assaltos musicais que levaram<br />
a música clássica<br />
para as ruas e espaços<br />
públicos da cidade.<br />
Festival<br />
Com realização da<br />
Fundação Cultural e do<br />
maestro Jean Reis, e tendo<br />
como apoiadores a prefeitura,<br />
o sistema Fecomércio,<br />
o Sesi, a Unila,<br />
Unioeste, PTI e Itaipu<br />
Binacional, a primeira<br />
edição do Festival 3 Fronteiras<br />
vai ter continuidade<br />
em 2018.<br />
Mais de política no www.bocamaldita.com.<br />
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