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GAZETA DIARIO 333

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12 Geral<br />

Artigo de Opinião<br />

Marcello Richa*<br />

Reciclagem e reaproveitamento<br />

A destinação, reciclagem e reaproveitamento de<br />

resíduos sólidos é um dos principais desafios da gestão<br />

pública no Brasil, que infelizmente vive uma realidade<br />

marcada pelo desperdício. Produzimos lixo em volume<br />

comparáveis a países de primeiro mundo, mas o<br />

descarte está longe dessa realidade, com nossa<br />

economia perdendo uma estimativa de R$ 120 bilhões<br />

em produtos que poderiam ser reciclados.<br />

Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada<br />

(Ipea) aponta que produzimos cerca de 160 mil toneladas<br />

de resíduos sólidos urbanos por ano. Destes, 40%<br />

poderiam ser reaproveitados ou reciclados, porém<br />

apenas 13% recebem a destinação correta.<br />

Em uma tentativa de mudar esse cenário, foi estabelecido<br />

em 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que<br />

determinava que os municípios oferecessem serviços de<br />

coleta seletiva para a população e o fechamento dos<br />

lixões até 2014. Os anos passaram e ainda encontramos<br />

82% dos municípios brasileiros sem programas de coleta<br />

seletiva, conforme dados da entidade Compromisso<br />

Empresarial para Reciclagem (Cempre).<br />

A enorme concentração regional em relação aos<br />

serviços de coleta seletiva também é algo que impressiona<br />

e demonstra a discrepância de realidade no país.<br />

Cerca de 41% dos municípios brasileiros que oferecem<br />

esse serviço ficam na região sudeste, 40% no sul, 10%<br />

no nordeste, 8% no Centro-Oeste e apenas 1% no norte.<br />

O fato é que ainda estamos muito longe de conseguir<br />

encontrar um equilíbrio entre o lixo que produzimos e o<br />

reaproveitamento do que descartamos. É difícil sequer<br />

imaginar uma possibilidade de reverter esse cenário<br />

enquanto os municípios não realizarem ou encontrarem<br />

condições de implantar a coleta seletiva em suas<br />

comunidades, uma vez que atualmente esse serviço<br />

atende apenas 15% dos brasileiros.<br />

Também é importante criar novos instrumentos econômicos<br />

que viabilizem e estimulem o reaproveitamento<br />

do lixo, como o projeto de Lei 5192/16, do senador<br />

Paulo Bauer (PSDB-SC), que concede dedução do<br />

Imposto de Renda (IR) de valores doados a projetos de<br />

reciclagem. Além disso, é imprescindível rever a<br />

questão da tributação para produtos reciclados, para<br />

torná-los competitivos no mercado e estimular a adesão<br />

de empresas e novos empreendedores nesse processo.<br />

Além da ação do poder público, a sustentabilidade<br />

depende do esforço coletivo de uma sociedade, que<br />

precisa participar ativamente. A partir do exemplo e de<br />

campanhas institucionais que estimulem o descarte de<br />

maneira correta, trabalhamos para que novas gerações<br />

façam disso uma parte integral do seu cotidiano,<br />

construindo uma cultura que irá se perpetuar ao longo<br />

dos anos favorecendo o meio ambiente, criando<br />

oportunidade de negócios e evitando o desperdício.<br />

Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio<br />

Vilela do Paraná (ITV-PR)<br />

ENCERRAMENTO<br />

Foz do Iguaçu, segunda-feira, 17 de julho de 2017<br />

Festival 3 Fronteiras<br />

fecha em grande estilo<br />

Para Fundação Cultural, integração é chave para desenvolvimento<br />

cultural da região; mais de quatro mil pessoas participaram<br />

PMFI/AMN<br />

Reportagem<br />

O que acontece quando<br />

se reúnem no mesmo<br />

palco grandes nomes da<br />

música clássica com estudantes<br />

de vários locais,<br />

como Brasil, Paraguai,<br />

Argentina, Bolívia e Chile?<br />

Música clássica com<br />

toda riqueza e diversidade<br />

da cultura latina. Foi<br />

assim que o Festival 3<br />

Fronteiras se despediu de<br />

Foz do Iguaçu, na noite<br />

de sábado, 15, em um<br />

concerto que lotou o auditório<br />

da Unioeste.<br />

Sob a regência do maestro<br />

Jean Reis, a orquestra<br />

— que reviveu clássicos<br />

como as composições<br />

de Antonio Vivaldi e Arthur<br />

Foote, passando por<br />

produções autorais contemporâneas<br />

do solista<br />

Felipe Coelho, considerado<br />

"a Cara no Novo Violão<br />

Brasileiro" — chegou<br />

ao auge com a apresentação<br />

da última peça intitulada<br />

Quatro Momentos<br />

Nº3, do compositor brasileiro<br />

Ernani Aguiar.<br />

Tempo de Maracatu,<br />

Tempo de Caboclinhos,<br />

Canto e Marcha, que encerraram<br />

o concerto, promoveram<br />

um grande encontro<br />

da música clássica<br />

com a cultura latina,<br />

revelando a força da integração<br />

cultural no festival<br />

que leva o nome 3<br />

Fronteiras. A apresentação<br />

conectou o público<br />

com suas raízes.<br />

Foto: Divulgação<br />

Ao longo dos dias, mais de quatro mil pessoas<br />

prestigiaram o festival<br />

Foi essa sensação que<br />

invadiu o diretor de teatro<br />

e professor do IFPR<br />

Givaldo Moisés de Oliveira.<br />

"O mais fantástico<br />

é a integração pela música,<br />

além da qualidade do<br />

repertório, o resgate da<br />

cultura popular com a<br />

questão do clássico, uma<br />

beleza que nos emociona,<br />

promovendo o pertencimento,<br />

esse encontro<br />

com a sua identidade",<br />

revelou, entusiasmado,<br />

Givaldo, ao final do concerto.<br />

Orquestra<br />

A orquestra de encerramento<br />

foi formada pelos<br />

professores e estudantes<br />

do Festival 3<br />

Fronteiras. A mostra,<br />

que aconteceu entre os<br />

dias 9 e 15 de julho, reuniu<br />

27 estudantes e sete<br />

renomados músicos no<br />

Brasil e no exterior. Ao<br />

longo da semana, eles realizaram<br />

oficinas em várias<br />

modalidades de instrumentos<br />

e participaram<br />

de ensaios diários<br />

para a formação da orquestra.<br />

Além da parte pedagógica,<br />

todo o aprendizado<br />

foi compartilhado com a<br />

população, que teve entrada<br />

franca durante<br />

toda a programação do<br />

festival. A música clássica<br />

chegou a mais de quatro<br />

mil pessoas. Foram<br />

sete concertos noturnos<br />

realizados na Fundação<br />

Cultural e mais dez performances<br />

itinerantes —<br />

denominadas concertos<br />

sociais e assaltos musicais<br />

— que levaram a música<br />

clássica até entidades,<br />

como o Lar dos Velhinhos,<br />

e a vários pontos<br />

turísticos e de circulação<br />

de pessoas, como o<br />

Terminal de Transporte<br />

Urbano (TTU) e o aeroporto.<br />

Projeção<br />

Uma semana que<br />

transformou Foz do Iguaçu<br />

no ponto de encontro<br />

dos grandes nomes da<br />

música clássica do país e<br />

do mundo e possibilitou<br />

a estudantes de várias<br />

nacionalidades e também<br />

da cidade a aprender com<br />

os mestres do violino,<br />

Carmelo de los Santos,<br />

viola, Renato Bandel, violoncelo,<br />

Aldo Mata, contrabaixo,<br />

Marcos Machado,<br />

e do piano, Ney Fialkow<br />

e Guigla Katsarava.<br />

Estudantes da Bolívia,<br />

Argentina, Paraguai<br />

e também de diversas regiões<br />

do Brasil puderam<br />

adquirir conhecimento,<br />

trocar experiências e compartilhar<br />

com o público<br />

todo o aprendizado do festival.<br />

Jovens como Mayra,<br />

Isabela, Murilo, Luara,<br />

que vieram de João Pessoa<br />

(PB), e que tiveram<br />

pela primeira vez, em Foz,<br />

a experiência de um contato<br />

tão próximo com as<br />

pessoas ao participar dos<br />

assaltos musicais que levaram<br />

a música clássica<br />

para as ruas e espaços<br />

públicos da cidade.<br />

Festival<br />

Com realização da<br />

Fundação Cultural e do<br />

maestro Jean Reis, e tendo<br />

como apoiadores a prefeitura,<br />

o sistema Fecomércio,<br />

o Sesi, a Unila,<br />

Unioeste, PTI e Itaipu<br />

Binacional, a primeira<br />

edição do Festival 3 Fronteiras<br />

vai ter continuidade<br />

em 2018.<br />

Mais de política no www.bocamaldita.com.<br />

F

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