GAZETA DIARIO 333

04 Política
Foz do Iguaçu, segunda-feira, 17 de julho de 2017
R
Rogério Bonato
Lyrio
Sempre que um amigo parte, quero acreditar que ele inicia
uma nova jornada, outro caminho, e com tudo o que aprendeu
nesta bela e às vezes confusa aventura conhecida como vida.
Tudo o que realmente sabemos sobre o que há além dessa
vida é que dela seremos lembrados. Ser lembrado já é uma
sobrevida; alegremente ou não, viveremos intensamente para
alguns e, de um modo geral, por todos com os quais
interagimos.
Neste momento estou lembrando o querido Lyrio Mezomo, que
partiu na manhã ensolarada do último sábado. Ao redigir textos
assim, procuro não fazer biografia, tampouco um obituário;
escrevo o que vivi, senti e posso com firmeza relatar sobre o
amigo, com admiração e o prenúncio da saudade que sentirei
por ele. Cada amigo que parte, ao deixar a vida, entra no meu
coração. Não saberia ser diferente.
Conheci Lyrio no início dos anos 80, durante uma edição da
Pesca ao Dourado, então o maior evento do calendário da
cidade. Lá eu trabalhava na cobertura para a Rádio Cultura.
Uma semana depois, Lyrio me chamou para conhecer a
Distribuidora de Bebidas Mezomo, revendedora exclusiva dos
produtos Antarctica; representava também a água mineral Ouro
Fino, mas, como era sábado, bebemos foi uma cerveja:
Original, lembro bem. Foi ali que se iniciou uma longa e bela
amizade.
A distribuidora de bebidas era uma potência; instalada no
bairro Boicy, possuía uma frota de caminhões que rodava por
toda a cidade. Patrocinava festas, eventos dos mais diversos,
dos esportivos aos religiosos. Lyrio era também um benemérito
para muitas entidades, uma personalidade. Empresário sério,
com os olhos no futuro e, diga-se, sempre com aquele jeitão
alegre, faceiro, bonachão, exaltava um ar de empatia imediata.
E assim foi por todo o tempo em que esteve entre nós.
Lyrio foi um dos meus padrinhos de casamento e, diante disso,
havia uma confiança muito firme e demonstrada quando
iniciamos o jornal A Gazeta do Iguaçu em novembro de 1988.
Meses antes, na empreitada de fomentar o periódico, havia
delongadas reuniões entre os sócios, e delas participavam o
Lyrio, sempre com o irmão Gilberto (Beto) ao lado, João Mário
Boff e Bruno, José Bento Vidal e Ermínio Gatti. Era a minha
terceira tentativa de emplacar um diário em Foz, e foi a que
mais deu certo, pois o jornal beirou os 30 anos de circulação.
Daquele grupo, Lyrio foi sempre o mais reservado e ponderado
quando havia alguma situação intempestiva. Era um grande
conselheiro.
Cerca de dez ou 12 anos depois, Ermínio Gatti absorveu as
cotas dos outros três sócios. Primeiro se desligou o Dr. Bento,
em razão da saúde, e depois Mário e Lyrio, após discussão
sobre uma publicação. Mas na realidade Lyrio confessou que
deixou a sociedade mais em lealdade ao amigo Mário Boff do
que por outra razão. Passamos uma tarde conversando sobre
o fato, e ele se dizia muito triste ao desembarcar daquele
projeto, porém, por outro lado, o momento era oportuno diante
de novas perspectivas e negócios.
Como tudo mudou no universo das cervejarias, a família
Mezomo saiu do ramo. Lyrio foi para o Rio Grande do Sul
trabalhar na área de transportes rodoviários. Após uns anos,
retornou e passou a viver em sua chácara. Conforme o Beto,
aquele era o seu mundo sagrado, cercado de plantas e
animais. Em raras oportunidades o encontrava e, de longe,
sempre dizia: "Como vai, afilhado, ainda nessa vida de fazer
jornal? Você é o meu afilhado mais teimoso".
E quando a teimosia foi parar no quarto diário, precisamente
este jornal, Lyrio não se conteve e telefonou desejando
sucesso. Meu amigo sofria desesperadamente com a morte do
filho, assaltado e assassinado na entrada de um edifício. Em
nossa conversa ao telefone, senti um esmorecimento. Não
poderia ser diferente, sobretudo ao se tratar de alguém tão
amável e que prezava pela família, como era o Lyrio.
Semana retrasada o encontrei no supermercado, comprando
legumes e produtos "que esperava fazer bem para a saúde".
Mostrou-se preocupado com questões coronárias e cardíacas;
disse que possivelmente teria de colocar um marca-passo.
Disseram-me que em razão do procedimento houve uma
infecção generalizada, e ele faleceu.
Enfraquecer o coração é lamentavelmente o destino de quem
tanto o compartilha; a simbologia de um "coração dedicado" se
encaixava perfeitamente em Lyrio Mezomo.
Quero aproveitar o espaço desejando conforto para a família;
expresso aqui os meus mais sinceros sentimentos de tristeza.
Que Lyrio leve a sua alegria para a sua nova jornada.
DIMINUIÇÃO DE GASTOS
Vereadores aprovam
reforma administrativa
proposta por Chico
Foram cortados 40 cargos comissionados e criadas 27
diretorias a ser ocupadas por servidores de carreira
Adelino de Souza
Freelancer
Na sessão extraordinária
de sábado (15), os
vereadores aprovaram
a reforma administrativa
enviada pelo prefeito
Chico Brasileiro. O
projeto não gerou polêmica
porque Chico e
Bobato fizeram uma
reunião prévia com os
vereadores para esclarecer
as dúvidas.
O projeto aprovado
prevê um corte de 40
cargos comissionados,
passando de 274 para
234 (ver tabelas). A
mensagem enviada pelo
prefeito diz que as adequações
irão gerar economia
aos cofres públicos.
Foram criadas 27
diretorias técnicas, que
serão ocupadas exclusivamente
por servidores
de carreira.
O vice-prefeito Nilton
Bobato explica que
o projeto faz parte da
reestruturação da máquina
pública e que são
funções inerentes ao
servidor público. "Nós
tiramos a possibilidade
de ser nomeado cargo
externo. Será nomeação
exclusiva de servidores
de carreira; isso
gera uma economia de
quase R$ 500 mil ao
ano, pois o servidor já
tem o salário contabilizado,
ele só recebe uma
gratificação ao responder
por esse cargo."
De acordo com o secretário
de Administração,
Ney Patrício, a extinção
dos cargos não
afetará a população.
"Era necessário fazer
essa mudança dos car-
gos como compromisso
da campanha do prefeito
Chico Brasileiro.
A reforma contempla a criação de
um gabinete para o vice-prefeito
Nilton Bobato. O gabinete fará parte
da estrutura organizacional da
prefeitura como órgão de
assessoramento ao prefeito. É um
gabinete enxuto, com apenas uma
assessoria técnica especial e uma
coordenadoria de apoio ao vice.
"Com essa reforma, o vice passa a ter
um papel político e administrativo,
e não apenas substituir o prefeito
quando ele estiver ausente", explicou
Bobato.
A Procuradoria-Geral do Município
também sofreu mudanças com a
reforma. O projeto restabelece três
cargos de diretoria com a junção das
atuais procuradorias de apoio
técnico-administrativo e assuntos
trabalhistas, passando a
denominar-se Diretoria de Apoio
Técnico-Administrativo e Assuntos
Trabalhistas.
Novas estruturas
Essa é a primeira etapa
das reformas; faremos o
complemento das reformas
mais adiante",
informou Ney Patrício.
Na Secretaria da Saúde serão
incluídas duas assessorias técnicas de
apoio ao gabinete do secretário e a
Diretoria de Urgência e Emergência,
que será exercida por servidor
efetivo.
Foi criada também a Secretaria da
Juventude, Trabalho e Capacitação,
com apenas duas diretorias, e a
Secretaria de Turismo, Indústria,
Comércio e Projetos Estratégicos,
uma espécie de "supersecretaria", com
oito diretorias.
O projeto foi aprovado por
unanimidade na Câmara de
Vereadores e agora segue para a
sanção do prefeito Chico Brasileiro.
Ele passa a valer a partir da
publicação no Diário Oficial, o que
deve ocorrer nesta semana.
Veja a íntegra do projeto, com todas
as mudanças, no Portal da Câmara
(www.cmfi.pr.gov.br). Clique na
pauta do dia 15 de julho.