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Revista LiteraLivre 4ª edição (versão 1)

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 2<br />

secretos. A notícia da descoberta se espalhou rapidamente e Ahmed tornou-se<br />

um guia, o mais apreciado do deserto. Estudiosos e curiosos procuravam-no<br />

para os guiar até às “caves dos discos”, como tinham sido batizados os porões<br />

enterrados nas dunas.<br />

Os discos translúcidos foram recolhidos e protegidos detrás de um vidro, no<br />

pequeno museu local, e classificados como “objetos de material desconhecido,<br />

provavelmente relacionados com os cultos de uma antiga civilização<br />

desaparecida”. Nas décadas que se seguiram, muitos arqueólogos e lingüistas<br />

“de fronteira” desenvolveram suas tentativas para decifrar as pequenas estrias,<br />

quase invisíveis que decoravam a face dos discos. Um eminente físico tentou<br />

mesmo fazer passar raios de luz através de elas, para estudar os efeitos da<br />

refração. Os discos permaneceram um mistério e a atenção dos estudiosos<br />

diminuiu. Apenas continuaram a falar deles os devotos dos eventos misteriosos<br />

e os proponentes de teorias esotéricas sobre as origens da civilização.<br />

Ninguém nunca veio a descobrir que alguns deles continham os arquivos de<br />

uma grande empresa petrolífera, outra parte contendo enciclopédias, manuais<br />

técnicos e uma rica antologia da literatura mundial, a partir da era antiga até à<br />

altura dos computadores.<br />

A decifração destes arquivos poderia abrir descobertas interessantes sobre a<br />

história do homem, a evolução espiritual, cultural e os desafios tecnológicos de<br />

um período que durou cerca de dez mil anos. Ninguém, porém, na altura, era<br />

dotado de um computador para decifrar aqueles arquivos. Ninguém sequer<br />

sabia que tais instrumentos nunca tivessem existido, nem quais características<br />

tivessem.<br />

Um evento desconhecido tinha destruído grande parte dos recursos e da<br />

vida no universo, cancelando os arquivos da inteligência humana. As<br />

bibliotecas com livros de papel, assim como os milhares de milhões de dados<br />

armazenados em memórias eletrônicas, tudo fora perdido. Depois da grande<br />

catástrofe, novos homens tinham repovoado o planeta, aprendendo a usar<br />

paus, a atirar eixos, a cultivar os campos, chegando a derreter os metais. A<br />

pedra era pensada ser “o corpo dos deuses”, enquanto aqueles discos de<br />

material transparente, que parecia eterno, ainda frágil, levavam consigo uma<br />

mensagem do passado, mas cada vez mais ilegível.<br />

O dromedário de Ahmed começou a decair. Assim mesmo seu mestre sentia<br />

um fogo ardendo-lhe dentro. Ambos foram ficando mais fracos, perdendo o<br />

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