Revista LiteraLivre 4ª edição (versão 1)
4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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<strong>LiteraLivre</strong> nº 2<br />
Mary deixou de lado a garrafa vazia e voltou-se novamente para o pacote,<br />
terminando-o e lambendo seu interior de forma a aproveitar cada microscópico<br />
cristal. Revigorada, mas ainda sedenta, levantou-se e viu sobre o armário,<br />
inúmeros recipientes de temperos em pequenas garrafinhas; pimenta, shoyo,<br />
molho de alho, azeite, entre outros. Ela Bebeu cada um deles, tremendo,<br />
arrepiando-se e contorcendo-se por completa. Sentia o estômago borbulhar e<br />
queimar, e via a pele da barriga se esticar como se pressionada de dentro para<br />
fora. Dor, contudo, o prazer delirante que sentia durante aquela peculiar<br />
degustação, lhe aprazia de forma quase sexual.<br />
Enquanto bebia o último vidro, wasaby, e mastigava um pote de canelas<br />
em pau, a luz da cozinha foi ficando mais e mais forte, iluminando mais ainda<br />
o pequeno cômodo, até que a lâmpada finalmente explodiu em vários cacos de<br />
vidro, deixando claro o lugar apenas pela fraca luz da geladeira aberta. Ao lado<br />
da pia, e olhando fixamente para Mary no chão, um cão negro camuflava-se<br />
sentado entre a falta de luz. Sem nenhuma expressão e olhando fixamente<br />
para seus olhos, não movia um músculo sequer. Reconhecia-se a vida ali<br />
dentro pelas recorrentes piscadas que dava. Se não fosse isso, o mesmo<br />
poderia facilmente passar-se por uma escultura muito bem feita. Mary<br />
diminuía a mastigação observando-o, e sorria de maneira bizarra e ao mesmo<br />
tempo quase infantil para o animal. A moça percorreu todo o seu corpo com o<br />
olhar; suas patas fortes, seus músculos desenhados, seu focinho protuberante,<br />
seu olhar avermelhado, suas orelhas pontudas.<br />
Saindo da escuridão, uma mão afagou a cabeça do cão que permaneceu<br />
inerte. Em meio à penumbra, apenas a fumaça de um cigarro aceso era<br />
baforada. O cheiro de carne podre empesteava o ambiente. Ela não podia vêlo,<br />
mas sentia uma imensa alegria ante sua presença.<br />
De imediato seus olhos ficaram completamente brancos e sem vida e ela<br />
levantou remexendo a cabeça e tremendo o corpo. Contorcendo-se, as juntas<br />
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