Revista LiteraLivre 4ª edição (versão 1)
4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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<strong>LiteraLivre</strong> nº 2<br />
Mulheres Buarqueanas<br />
Ana Lúcia Magela<br />
Belo Horizonte/MG<br />
Chico Buarque é considerado o compositor da “alma da mulher”. Poucos<br />
poetas desvelaram, como ele, o óbvio e o oculto do feminino. Das<br />
mulheres/personagens de Chico podemos observar, em princípio, dois tipos de<br />
registros: aquelas que permanecem em seu papel tradicional e aquelas que<br />
forçam os limites sociais. Correndo os riscos que geram todas as classificações,<br />
vamos pensar na heroína romântica e subserviente cantada em, por exemplo,<br />
“Com açúcar com afeto”. Ela tenta promover a completude, a harmonia<br />
inalcançável, pois mesmo com todo doce predileto que prepara para agradar o<br />
companheiro esse lhe escapa para “um bar em cada esquina”. Quando ele<br />
retorna bêbado e vem “feito criança” ela “ao lhe ver assim cansado,<br />
maltrapilho e maltratado” não consegue se aborrecer. Vai logo “esquentar seu<br />
prato”, beija-o, por tabela, em seu retrato. “Mulheres de Atenas” “quando<br />
fustigadas não choram, se ajoelham, pedem imploram mais duras penas”. Na<br />
espera dos companheiros que lutam nas guerras ela “tecem longos bordados”.<br />
Só sentem medo, “nem gosto, nem vontade”, conformam-se e recolhem-se.<br />
Nada reivindicam “não fazem cenas”. Eles, bêbados de vinho, divertem-se com<br />
outras mulheres, mas aos pedaços voltam aos braços das companheiras... Em<br />
“Tatuagem” ela quer uma completude eterna, corporal e parasitária. Perpetuar<br />
no corpo dele como “escrava que você pega, esfrega, nega, mas, não larga”,<br />
para dar ao homem coragem, aluciná-lo, iluminá-lo, mas também retalhá-lo<br />
em postas. Uma tatuagem risonha e corrosiva... mas, que ele nem sente. Em<br />
“Sem fantasia” as lutas foram enfrentadas para encontrar esse “menino vadio”<br />
e ela veio para não morrer de tanto esperar. Agora ela o deseja fraco e tolo,<br />
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