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Revista LiteraLivre 4ª edição (versão 1)

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

4ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 4nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 2<br />

Tatiana Angèle de Carvalho<br />

Bordeaux - France<br />

Na Estrada<br />

A superfície me é um pouco desconhecida, mas tão importante quanto seu<br />

oposto. Sinto-me desajeitada nela, muito visível e sem utilidade, tento<br />

complicá-la e ela é simples, meus olhos doem com a claridade e volto correndo<br />

para o fundo onde fui feita para viver, onde aprendi a respirar controladamente<br />

e a enxergar os contornos do que está em ambiente escuro. Mas preciso<br />

entender os viventes da superfície tanto quanto preciso me entender; Como<br />

conseguem boiar tanto tempo sem perguntarem-se o que tem lá embaixo onde<br />

ninguém quer ver? E como precisam de ar constantemente...<br />

constantemente... Onde nos encontraremos? No meio do caminho? Entre a<br />

profundidade e a superfície? Ou em minhas breves e forçadas idas à<br />

superfície? Quem sabe o contrário: venham até mim por curiosidade, ou para<br />

tentarem mostrar-me que a superfície pode ser mais divertida e ágil, e que um<br />

passeio até lá nada de mal pode me trazer.<br />

Eu gosto dos encontros, me fazem bem, dão-me uma visão completamente<br />

diferente de tudo que sei ser. Insinuam-me que, quem sabe, o que tenho como<br />

problema não seja e existam outros que eu não estava a considerar.<br />

O último desses encontros foi tão mágico como transformador. Foi um encontro<br />

comigo mesma, com meu lado que gosta da superfície, que sonha em um dia<br />

morar lá e deixar para trás todo esse meu caminho tão complexo quanto uma<br />

teia de aranha das bem projetadas.<br />

Foi um filme que vi...<br />

Um dia banal, um filme banal, num cinema banal; e pela primeira vez na vida,<br />

sai de casa sozinha pra ir ao cinema. Poderia ter sido qualquer coisa, mais um<br />

filme... mas não foi. Às vezes queria que tivesse sido só um filme e lidaria com<br />

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