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TROVADORISMO e HUMANISMO

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— 72 —<br />

Nestes fragmentos há a presença<br />

do discurso indireto livre, que mistura a<br />

voz do narrador com a consciência da<br />

personagem, desamparada, mais propensa<br />

a ser levada ao adultério com o<br />

primo.<br />

“Servia, havia vinte anos. Como ela<br />

dizia, mudava de anos, mas não mudava<br />

de sorte (...) Era demais! Tinha agora<br />

dias em que só de ver o balde das águas<br />

sujas e o ferro de engomar se lhe embrulhava<br />

o estomago. Nunca se acostumara<br />

a servir (...)<br />

as antipatias que a cercavam faziam-na<br />

assanhada, como um círculo<br />

de espingardas enraivece um<br />

lobo. Fez-se má; beliscava crianças até<br />

lhes enodor a pele; e se lhe ralhavam, a<br />

sua cólera rompia em rajadas. Começou<br />

a ser despedida. Num só ano<br />

estêve em três casas (...)”<br />

Podemos perceber também o discurso<br />

indireto livre. A empregada Juliana<br />

representa o ódio dos pobres em relação<br />

aos ricos.<br />

QUEIROS, Eça de. O Primo Basílio. In: Ler é Aprender.<br />

São Paulo: Estadão, 1997. p.455.<br />

Os Maias<br />

Os Maias é voltado para a alta sociedade<br />

com suas jogatinas, corridas<br />

de cavalo, festas noturnas, adultérios e<br />

incestos.<br />

Os Maias tem como sub-título “Episódios<br />

da vida romântica”. Através da<br />

história incestuosa do jovem médico Carlos<br />

de Maia e sua irmã Maria Eduarda,<br />

Eça critica as aventuras de amor românticas<br />

e traça um painel demolidor da<br />

sociedade portuguesa.<br />

Help! Sistema de Consulta Interativa. São Paulo:<br />

Estadão, 1996. p.163.<br />

Considerada das mais importantes<br />

de Eça de Queirós, narra a história de<br />

um amor proibido vivenciado por Carlos<br />

da Maia e Maria Eduarda, que no decorrer<br />

de toda a narrativa vêm a descobrir<br />

que são irmãos. Trata-se de uma tragédia<br />

romântica e, ao mesmo tempo, uma<br />

crônica da alta vida social lisboeta de<br />

1880.<br />

Segundo pesquisadores e literatos,<br />

a obra é desencantada e pessimista,<br />

indo muito além da situação social<br />

onde se passa o panorama descrito na<br />

obra transparece a melancolia existente<br />

numa sociedade considerada civilizada,<br />

ocasionando uma consciência de<br />

fracasso vital. Cabe ressaltar que todas<br />

as personagens são consideradas<br />

derrotadas, e esta descrição não se<br />

encontra longe da realidade; pelo contrário,<br />

melancolia e pessimismo são encontrados,<br />

também, no homem do século<br />

XIX.<br />

(fragmentos)<br />

“A casa que os Maias vieram habitar<br />

em Lisboa, no outono de 1875, era<br />

conhecida na vizinhança da rua de S.<br />

Francisco de Paula, e em todo o bairro<br />

das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete<br />

ou simplesmente o Ramalhete.<br />

Apesar deste fresco nome de vivenda<br />

campestre, o Ramalhete, sombrio casarão<br />

de paredes severas, com um renque

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