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EPIFANIA<br />
Mas esse tempo de encantos,<br />
Que nunca julguei ter fim,<br />
Não é hoje para mim<br />
Mais que morta e seca flor!...<br />
Do gênio mau completou-se<br />
A primeira profecia:<br />
Era o que o Gênio dizia<br />
No seu riso mofador.<br />
Laurindo Rabelo<br />
Ornei-te nos mil panos e tecidos<br />
Das belas e venustas fantasias,<br />
Sopradas entre véus tão coloridos,<br />
Sofismas de meus impulsos e magia.<br />
E nesses anos todos tão perdidos<br />
Saudando-te em mesuras todo dia,<br />
Um sonho tão intenso, tão nutrido...<br />
E nada além de falsa alegoria!<br />
O vento, meu amigo, soprou forte,<br />
Teus panos e retalhos descobria...<br />
Nas mãos trazia ele minha sorte,<br />
Tirou-me dessa longa anestesia:<br />
– “Mata-o, dê-lhe a sonhada Morte,<br />
Dispa-se de tão tola idolatria!”<br />
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