POSFÁCIO Os caracteres que tivestes diante de teus olhos são a estréia de Alessa B. no mundo das edições literárias na Rede, sua primeira compilação de poesias, escolhidas para mexerem com tua emoção, invadirem tua alma, entremearem-se por teus pensamentos e habitarem tua memória por tempo indefinido. Com versos essencialmente femininos e envolventes, que lhe nascem das entranhas e deságuam em mares de lirismo puro, à flor da pele, a poeta tem na Musa (a Poesia) a inspiração suprema, dedicando a ela todo o seu estro. Como um bardo que dedilha sua lira em forma de vocábulos e percorre os caminhos misteriosos do idioma versado de forma encantadora, mergulha em termos e imagens poéticas, submersa em idéias concomitantemente turvas e brilhantes. Sua marca é a sensibilidade, o etéreo fruto de anos de vida dedicados à arte da escrita poética. A sensualidade que emana de seus poemas é trabalhada, metafórica, “menstrual”, enfatizando seu lirismo latente. Eis uma de suas auto descrições em versos, o que diz muito sobre sua forma “uterina” de poetar: “Não construo versos, eu os menstruo, menstruo-os como o sangue da Virgem, vertido no coágulo duma ferida perene que me consome a Alma (...)” Sendo integrante de uma jovem safra de poetas querendo compartilhar seu amor à arte, Alessa é prova cabal de que para dar à luz sua verve não é necessário lançar mão de irreverências ou originalidades sem sentido, em nome de um modernismo muito em voga atualmente, de que, pelo contrário, para isso bastam sua dedicação constante e laboriosa e seu talento nato. Lendo-a, podemos nos certificar de que a poesia possui uma finalidade em si mesma, que não precisa significar nem se auto justificar, basta “ser” e exalar seus fluidos. Parabéns, pois, caríssimo(a) leitor(a) privilegiado(a) que “pegou carona” nas asas da borboleta e viajou com ela pelo universo mágico da linguagem, da sensibilidade e da imaginação... Por Magmah 46
Ai, palavras, ai, palavras, Íeis pela estrada afora, Erguendo asas muito incertas, Entre verdade e galhofa, Desejos do tempo inquieto, Promessas que o mundo sopra... Cecília Meireles 47