You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
PLUVIAL<br />
Oh! ninguém sabe como a dor é funda,<br />
Quanto pranto s’engole e quanta angústia,<br />
A alma nos desfaz!<br />
Casimiro de Abreu<br />
Cai a chuva fortemente neste peito,<br />
Um jorro de tristeza visceral,<br />
Que chove mais intensa quando deito,<br />
Torrente lacrimosa, intra-venal.<br />
Angústia flagelada sobre o leito,<br />
Soluço retumbante, um temporal.<br />
A dor dum sonho fértil liquefeito,<br />
Num pranto amargurado e pluvial!<br />
Cortando céu de chumbo, causticante,<br />
O peito castigado na neblina,<br />
A chuva segue em fúria abundante,<br />
Descendo em pedra oca, cristalina.<br />
E cada chuva nunca é bastante,<br />
Pra sempre tempestade na retina!<br />
39