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HOTDAYS Ed. 12

Revista HOTDAYS Edição 12 Novembro de 2017

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iGENERATION<br />

Como compreender e lidar com<br />

adolescentes ultra conectados?<br />

Por Gina Reis<br />

Como bem observado pelo<br />

jornalista e sociólogo Muniz<br />

Sodré, pode parecer um tanto<br />

presunçoso iniciar uma conversa<br />

recorrendo à etimologia das<br />

palavras, mas, por outro lado, a<br />

etimologia é capaz de revelar-<br />

-se muito oportuna na revisão<br />

conceitual de algumas questões.<br />

Tratando-se da palavra “adolescência”,<br />

sua origem do latim<br />

ad (a, para) e olescer (crescer)<br />

significaria processo de crescimento.<br />

“Adolescer” surge também<br />

da palavra “adoecer”, do<br />

latim adolescere, que remete<br />

a enfermar. “Adoecer”, nesse<br />

sentido, por envolver uma série<br />

de transformações físicas e psíquicas,<br />

do turbilhão emocional<br />

à condição de desenvolvimento<br />

própria dessa fase da vida.<br />

Compreende-se, dessa maneira,<br />

a adolescência como algo<br />

natural no processo de crescimento,<br />

sendo inclusive um<br />

assunto atemporal e recorrente<br />

nas famílias. Porém, lidar com<br />

as emoções nesse período é<br />

sempre um dilema para os pais.<br />

Sobretudo, atualmente, quando<br />

esses jovens são constantemente<br />

afetados por uma enxurrada<br />

de informações acessíveis a um<br />

simples touch. É a chamada<br />

geração Z (iGeneration) -<br />

que inclui pessoas nascidas<br />

entre 1995 e 2005 - atrelada a<br />

valores como independência,<br />

inclusão, diversidade, etc., etc.<br />

Uma geração ultra conectada,<br />

engajada e inovadora. De<br />

acordo com o psicólogo e doutor<br />

em Ciências da <strong>Ed</strong>ucação,<br />

Alessandro Marimpietri, até algum<br />

tempo atrás, a adolescência<br />

tinha suas fronteiras marcadas<br />

pela puberdade (mudanças<br />

físicas) e pelo discurso legal,<br />

caracterizando-se como uma<br />

fase da vida entre a infância e<br />

a idade adulta. Os adolescentes<br />

da iGeneration<br />

são frutos de um<br />

tempo medido,<br />

essencialmente,<br />

pelo status online.<br />

Nasceram<br />

em plena revolução<br />

das redes<br />

sociais que modificou<br />

as formas de comportamento<br />

e o acesso à informação.<br />

Como resultado, esses jovens<br />

são bastante dinâmicos, criativos,<br />

críticos, contestadores e ansiosos.<br />

Justamente por isso, eles<br />

se sentem mais donos de si, e<br />

assim não costumam gostar de<br />

hierarquia e determinadas regras<br />

impostas pelos pais, dentre<br />

elas, por exemplo, a difícil tarefa<br />

de cumprir rotinas. É comum<br />

ouvir os pais se queixarem desse<br />

imediatismo exigido pelos<br />

filhos e, pode-se falar também,<br />

de certo individualismo. Um<br />

estudo chamado Linkers – A<br />

nova geração de consumidores<br />

- feito em 2014 pela Câmara<br />

de Dirigentes Lojistas de<br />

Porto Alegre (RS) - destaca<br />

justamente essa contradição<br />

na geração Z. Se por um lado,<br />

"OS ADOLESCENTES<br />

DA IGENERATION<br />

SÃO FRUTOS DE UM<br />

TEMPO MEDIDO,<br />

ESSENCIALMENTE,<br />

PELO STATUS<br />

ONLINE."<br />

eles são bastante autênticos, por<br />

outro lado, tendem a se fechar<br />

em seu próprio mundo, sofrendo<br />

com a solidão e frustrações<br />

resultantes das grandes expectativas<br />

que suas mentes ativas<br />

almejam. Segundo o estudo, é<br />

uma geração silenciosa que não<br />

abre mão de um bom fone de<br />

ouvido e smartphone (de preferência<br />

o último<br />

lançamento do<br />

mercado), instrumentos<br />

essenciais<br />

para a conexão<br />

com o mundo<br />

virtual - que é tão<br />

natural e acolhedor<br />

para eles.<br />

Outro aspecto observado por<br />

Marimpietri é que a adolescência<br />

está mais elástica, começando<br />

cada vez mais cedo, terminando<br />

cada vez mais tarde.<br />

“Essa fase acaba se convertendo<br />

no objetivo de vida de toda<br />

uma sociedade: viver intensamente,<br />

livre e feliz, identificados<br />

com a juventude”. Talvez<br />

seja por isso que os pais se sintam<br />

em uma encruzilhada: não<br />

perder a mão dando liberdade<br />

demais, sendo permissivos demais<br />

e, até mesmo, confundindo<br />

a relação pais e filhos com<br />

uma troca entre amigos; e, por<br />

outro lado, mantê-los na “linha”,<br />

impondo limites ao assumirem<br />

seus papeis como pais<br />

com a autoridade necessária<br />

a esse momento tão pulsante<br />

da vida. “Vivemos um tempo<br />

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