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HOTDAYS Ed. 12

Revista HOTDAYS Edição 12 Novembro de 2017

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dedicados ao contato com<br />

o espírito. “Esse homem de<br />

caráter religioso trabalharia<br />

pelos princípios da união entre<br />

os homens. Talvez, num<br />

sentido amplo, isso proporcionasse<br />

um ‘errar menos’,<br />

porém, na prática, como se<br />

costuma dizer, não é a religião<br />

ou religiosidade que tem favorecido<br />

o homem com uma<br />

vida com menos conflito”,<br />

ressalta a psicanalista.<br />

A SABEDORIA<br />

ESTÁ NA AÇÃO<br />

Uma pesquisa inédita aponta<br />

que 44% dos brasileiros seguem<br />

mais de uma religião.<br />

O estudo - apresentado em<br />

junho deste ano no XI Congresso<br />

de Medicina e Espiritualidade<br />

(Mednesp), no<br />

Riocentro – buscou avaliar o<br />

comportamento religioso e espiritual<br />

do brasileiro. A prova<br />

dessa crença híbrida é o número<br />

ampliado de pessoas que<br />

se declararam espiritualistas: o<br />

índice passou de 0,03% para<br />

4,4%. Este aumento reflete o<br />

ambiente intercultural nacional,<br />

que estimula o sincretismo<br />

religioso – tão forte na Bahia<br />

– assim como a compreensão<br />

de diferentes credos. A pesquisa<br />

revela ainda um espelho<br />

dessa realidade contraditória<br />

do ser humano, percebendo<br />

a crença como um caminho<br />

para a sabedoria da ação.<br />

"E por que reparas tu<br />

no argueiro que está<br />

no olho do teu irmão,<br />

e não vês a trave<br />

que está no teu olho?<br />

Ou como dirás a teu<br />

irmão: Deixa-me<br />

tirar o argueiro do<br />

teu olho, estando<br />

uma trave no teu?<br />

Hipócrita, tira<br />

primeiro a trave<br />

do teu olho, e então<br />

cuidarás em tirar o<br />

argueiro do olho do<br />

teu irmão." (Mateus 7:3-5)<br />

Quando questionada sobre a<br />

tendência do homem de julgar<br />

e cobrar do outro aquilo<br />

que não consegue aplicar a<br />

sua própria vida, a Bispa Paula<br />

Leite, da Igreja Sara Nossa<br />

Terra, defende que há uma<br />

diferença entre religião e estilo<br />

de vida. “Eu acredito que<br />

quem é cristão, como religião<br />

apenas, pode viver de máscaras.<br />

Mas, um cristão genuíno,<br />

verdadeiro, não. Então, quem<br />

ele é na igreja é quem ele é<br />

em casa ou no trabalho”, afirma.<br />

Assistir palestras, filmes,<br />

ler livros, rezar, andar com a<br />

Bíblia Sagrada “embaixo do<br />

braço” – como muitos costumam<br />

falar – não é suficiente,<br />

uma vez que a verdadeira<br />

espiritualidade é alcançada<br />

nas ações empregadas nas pequenas<br />

e grandes coisas. Essa<br />

autorreflexão independe de fé<br />

religiosa ou convicções. Voltando<br />

aos pensamentos de<br />

Cibele Julio Augusto, quem<br />

não se conhece acaba não conhecendo<br />

suas qualidades, potencialidades<br />

e seus limites, é<br />

controlado pelos outros e imita<br />

os outros, além de não compreender<br />

a vida e os outros.<br />

CULTIVANDO<br />

O SENTIDO DA VIDA<br />

Crer significa acreditar, tomar<br />

como verdadeiro, confiar,<br />

aceitar. Compreende-se que o<br />

percurso para fazer da crença<br />

uma prática real é semear seu<br />

coração e, consequentemente,<br />

seus atos e seus diálogos com<br />

positividade. É escolher a palavra<br />

certa para um diálogo saudável,<br />

é se colocar no lugar do<br />

outro para apreender os sentimentos<br />

dele, sem julgar. Outras<br />

palavrinhas chave são generosidade,<br />

gentileza, desapego<br />

e discernimento. Esta última<br />

é fundamental para que sua<br />

crença, em tempos tão contraditórios,<br />

não seja influenciada<br />

pelo que o outro acredita.<br />

Nessa busca pela bonança do<br />

corpo e da alma, o cristão da<br />

Igreja Batista, José Carlos de<br />

Sousa, propõe, em especial, a<br />

reflexão das mensagens de Jesus<br />

no Livro Sagrado. Citando<br />

o Salmo 1: 1-6, José Carlos<br />

destaca: “Bem-aventurado<br />

o homem que não anda segundo<br />

o conselho dos ímpios,<br />

nem se detém no caminho<br />

dos pecadores, nem se assenta<br />

na roda dos escarnecedores”.<br />

Para Marília Reis, católica e<br />

messiânica, a crença e o que<br />

a gente faz nos rituais de todos<br />

os dias servem como uma<br />

âncora para essa ligação com<br />

o divino. “Quando acordo e<br />

invoco São Miguel Arcanjo e,<br />

à noite, quando agradeço, eu<br />

me sinto preparada. Quando<br />

eu coloco meu ohikari (medalha<br />

circular usada por baixo<br />

das roupas) - porque sou<br />

messiânica também - e rezo<br />

pelos meus antepassados,<br />

eu tenho confiança que vou<br />

conseguir a<br />

libertação da<br />

dificuldade<br />

que estou vivendo”,<br />

afirma<br />

Marília. Para<br />

além dos diversos<br />

credos,<br />

concorda-se<br />

que é no exercício que se cresce<br />

na fé e no conhecimento espiritual.<br />

“Eu costumo dizer que a<br />

fé é como um músculo. Quanto<br />

mais você a exercita, mais ela<br />

cresce”, reforça a Bispa Paula.<br />

Padre Fábio de Melo, em um<br />

dos seus programas Direção<br />

Espiritual – exibido em 01 de<br />

março de 2017 – recebe uma<br />

carta de uma telespectadora<br />

anônima que afirma sentir<br />

um medo de que tudo possa<br />

dar errado. Ela afirma saber<br />

que tem potencial para ser feliz,<br />

e até incentiva outras pessoas<br />

a não terem medo; mas,<br />

ao mesmo tempo, reconhece<br />

que tem uma tristeza sem<br />

sentido. Ao ler a carta, Padre<br />

Fábio chama a atenção para a<br />

mensagem da telespectadora,<br />

que reflete um sentimento<br />

que é de todos. “Quando ou-<br />

“EU COSTUMO<br />

DIZER QUE A FÉ<br />

É COMO UM<br />

MÚSCULO. QUANTO<br />

MAIS VOCÊ A<br />

EXERCITA, MAIS ELA<br />

CRESCE”<br />

vimos uma história assim, de<br />

alguma maneira, todos nós<br />

nos incluímos. Quem não<br />

tem que viver esse desafio diário?<br />

É como tomar água. A<br />

água que você tomou ontem<br />

não serve para a sede de hoje”,<br />

afirma. Padre Fábio cita ainda<br />

o psicoterapeuta<br />

Viktor<br />

Frankl, ressaltando<br />

que<br />

o sentido da<br />

vida precisa<br />

ser cultivado<br />

constantemente.<br />

Segundo<br />

Padre Fábio, o grande<br />

prejuízo humano é se acostumar<br />

ao que que se tem de<br />

ruim. “É a indignação que me<br />

move em direção à mudança.<br />

Se eu me adapto ao meu ciúme,<br />

à minha vaidade, à minha<br />

inveja, à minha intolerância,<br />

esqueça”, afirma.<br />

É exatamente a partir do<br />

reconhecimento e da não<br />

banalização dos seus próprios<br />

defeitos que é possível<br />

autoconhecer-se e, assim, alimentar<br />

verdadeiramente sua<br />

crença através da comunhão<br />

cotidiana. Como diz a canção:<br />

É sobre cantar e poder<br />

escutar mais do que a própria<br />

voz (...). Não é sobre chegar<br />

no topo do mundo e saber<br />

que venceu. É sobre escalar e<br />

sentir que o caminho te fortaleceu<br />

(Trem bala, Ana Vilela).<br />

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