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HOTDAYS Ed. 12

Revista HOTDAYS Edição 12 Novembro de 2017

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paradoxal: os adolescentes são<br />

exigidos demais e permitidos<br />

demais. Nunca eles foram tão<br />

priorizados e nunca foram tão<br />

cobrados em performances,<br />

disciplina, criatividade, felicidade,<br />

sucesso e etc.”, ressalta<br />

Marimpietri.<br />

Em seu canal no You Tube, Marimpietri<br />

costuma abordar uma<br />

série de assuntos que envolvem<br />

a trabalhosa relação entre pais e<br />

filhos, sobretudo, temas ligados<br />

à educação, adolescência associados<br />

aos contextos contemporâneos,<br />

como bullying e novas<br />

tecnologias. Em suas conversas,<br />

inclusive, o psicólogo costuma<br />

observar e chamar a atenção<br />

para uma significativa diferença<br />

entre autoridade e autoritarismo.<br />

O especialista reforça: “Autoridade<br />

é diferente de autoritarismo.<br />

A primeira se refere a um<br />

pacto simbólico silencioso, uma<br />

aposta do desejo dos pais que<br />

ajuda muito esses filhos a se desenvolverem.<br />

Autoritarismo é<br />

quando usamos força demais<br />

para submeter alguém à nossa<br />

lógica ou lei: isso é violento,<br />

desnecessário e ineficaz”.<br />

O CAMINHO PARA UM<br />

DIÁLOGO SAUDÁVEL<br />

Como, então, seria possível<br />

construir positivamente um<br />

convívio com a indispensável<br />

autoridade? Recorrendo a um<br />

ditado popular, “falar é fácil”,<br />

mas, quando os pais se veem<br />

diante da série de mudanças<br />

físicas e psíquicas associadas<br />

à adolescência, percebem o<br />

quanto é desafiador estabelecer<br />

uma ponte saudável. Para o psicólogo<br />

e especialista em Saúde<br />

Mental, Thiago Monteiro, muitas<br />

vezes, esse movimento se<br />

evidencia no adolescente com<br />

um rompimento de suas antigas<br />

afinidades familiares e com<br />

identificações aos seus novos<br />

grupos sociais. Essa prática é<br />

natural, necessária e importante<br />

para a construção da identidade<br />

dos jovens. Entretanto, em<br />

muitos casos, traz diversos obstáculos<br />

na abertura de diálogos,<br />

o que cria um desafio enorme<br />

para os pais. “O nível com o<br />

qual esse vínculo será afetado<br />

irá variar de acordo com a relação<br />

previamente estabelecida<br />

naquele contexto familiar”, ressalta<br />

Monteiro. Tais mudanças<br />

no sistema familiar podem, em<br />

muitos casos, não ser encaradas<br />

com naturalidade ou facilidade<br />

pelos pais. Fala-se, até mesmo,<br />

numa certa carência percebida<br />

como um vazio. De acordo<br />

com Monteiro, os pais se dão<br />

conta de que ao focarem tanto<br />

e por tanto tempo apenas<br />

nos seus papeis de cuidadores,<br />

acabaram por negligenciar outras<br />

vertentes do seu ser. Consequentemente,<br />

“quando os<br />

filhos começam a isentá-los<br />

dessa responsabilidade, eles se<br />

deparam com a insegurança da<br />

realidade de retomarem as suas<br />

vidas, de focarem novamente<br />

em si mesmos como indivíduos”,<br />

destaca o psicólogo.<br />

Sandy Najar, diretora da Revista<br />

Hot Days, assegura que,<br />

na relação com sua filha Emilie<br />

(15 anos) há uma preocupação<br />

em estabelecer um vínculo<br />

de confiança e amizade sem<br />

pretender assumir o papel de<br />

melhor amiga. “Eu quero ser<br />

a melhor amiga que uma mãe<br />

pode ser para uma filha”, afirma.<br />

Dentre as principais dificuldades<br />

no relacionamento,<br />

reforça a árdua tarefa de compreender<br />

as mudanças de humor<br />

atreladas à ansiedade, ao<br />

imediatismo tão característicos<br />

da idade. Porém, conta que<br />

procura criá-la para que seja<br />

independente e alcance seus<br />

objetivos: “Eu cobro que ela<br />

seja uma boa aluna e principalmente<br />

uma boa pessoa em um<br />

tempo em que<br />

não se tem tanta<br />

tolerância em<br />

relação ao outro.<br />

"ESSES GAROTOS<br />

E GAROTAS JÁ<br />

ACORDAM COM<br />

GADGETS NA<br />

MÃO, ANSIOSOS<br />

POR MAIS UMA<br />

POSTAGEM NAS<br />

REDES SOCIAIS"<br />

Tento ensinar<br />

que ela precisa<br />

ter paciência,<br />

persistência e<br />

amor ao próximo.<br />

Não cobro<br />

o extremo, mas<br />

cobro dela a verdade sempre”.<br />

Em alguns momentos, admite<br />

que precisou privar o uso do<br />

celular, mas houve uma compreensão<br />

por parte da filha.<br />

Esse tempo offline, para a mãe<br />

de Emilie, é essencial. “Acho<br />

que eles são tão cobrados pelos<br />

grupos conectados às redes sociais,<br />

que cansam mentalmente.<br />

Eles não curtem o presente,<br />

ficam no digital. Minha filha<br />

já aprendeu um pouco, já tem<br />

essa consciência de que é mais<br />

importante realizar do que visualizar<br />

apenas”, afirma Sandy.<br />

A administradora Carol Brandão,<br />

mãe de Rodrigo (16 anos),<br />

concorda sobre a importância<br />

de compreender a necessidade<br />

do filho adolescente de caminhar<br />

sozinho. “Dá um aperto<br />

no coração, uma saudade do<br />

tempo em que cabiam no nosso<br />

colo e que nosso abraço curava<br />

toda e qualquer dor e decepção”,<br />

relembra. Por outro lado,<br />

Carol se orgulha das atitudes<br />

do filho, do quanto ele amadureceu<br />

e aprendeu os princípios<br />

mais importantes que o tornará<br />

um adulto<br />

bem resolvido<br />

e responsável.<br />

“Sempre deixei<br />

ele muito à<br />

vontade, ouvi<br />

suas opiniões.<br />

Inclusive agora,<br />

quando ele começa<br />

a pensar<br />

qual profissão<br />

seguir, reforço que sua escolha<br />

seja por algo que sinta prazer<br />

em fazer. Caso contrário, se<br />

tornará um sacrifício”, afirma.<br />

Carol destaca, principalmente,<br />

que busca ser franca nas suas<br />

conversas e mostrar a vida real.<br />

Ela acredita que, por terem sidos<br />

pais jovens, ela e o marido<br />

conseguiram estabelecer com<br />

Rodrigo uma relação tranquila.<br />

Como consequência de certa<br />

proximidade entre gerações, há<br />

uma facilidade maior na compreensão<br />

dos desejos e dúvidas<br />

próprios do mundo atual, caracterizado<br />

pela efemeridade.<br />

“Sempre dei espaço para dar<br />

limites. A liberdade que damos<br />

nos mostra por onde devemos<br />

guiá-lo”, assegura.<br />

Para o especialista Marimpietri,<br />

é imprescindível sustentar<br />

o inegociável, a frustração e o<br />

limite: “Adolescentes com pais<br />

pouco claros estão em maior<br />

risco”. Fórmula pronta não<br />

existe, porém, o segredo estaria<br />

justamente na construção diária<br />

dessa relação de parceria entre<br />

adultos e jovens, que deve ser<br />

estabelecida desde a infância.<br />

Um dos caminhos para os pais<br />

seria escutar o que os filhos adolescentes<br />

têm a dizer com palavras<br />

e gestos a fim de criar uma<br />

relação em meio às diferenças.<br />

NEGOCIANDO COM AS<br />

NOVAS TECNOLOGIAS<br />

Na escola, em casa, na rua, entre<br />

os amigos, os tablets, smartphones<br />

se tornaram verdadeiras<br />

próteses de todos nós.<br />

Quando se fala especialmente<br />

da iGeneration ou geração<br />

Z, a dose de bom senso com<br />

relação ao uso desses equipamentos<br />

e dessas informações<br />

tem sido bastante questionada<br />

pelos pais. Afinal, a tarefa<br />

de mediar e controlar o uso<br />

dessas novas interfaces tem<br />

sido bastante intensa. Esses<br />

garotos e garotas já acordam<br />

com gadgets na mão, ansiosos<br />

por mais uma postagem nas<br />

redes sociais, ansiosos para<br />

saberem o que está acontecendo<br />

nesse universo tão rico<br />

de informações acessíveis e<br />

atraentes capaz de confundir<br />

vidas real e virtual. É essen-<br />

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