Revista LiteraLivre - 6ª edição
6ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 6nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
6ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 6nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar
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<strong>LiteraLivre</strong> nº 6 – novembro de 2017<br />
Ela não sabia, claro. Abria mais os olhinhos, se ajeitava na cama e ficava<br />
mais atenta. Eu completava: ele nasceu de novo, dois dias depois de ter<br />
morrido. Aí ele apareceu para seus amigos, assim, do nada, de repente. Aí os<br />
amigos, que tinham visto ele morrer, ficaram com medo, meu anjo, assim,<br />
igual você está com medo. Sabe o que ele disse aos seus amigos? Ele falou<br />
assim: “Não tenham medo! A Paz esteja com vocês!” Então, meu anjo, eu<br />
também digo a você: não tenha medo!<br />
Ela sorria, me abraçava, e eu sabia que estava em paz. Ironia do destino,<br />
nossas incoerências de cada dia: agora, sou eu, logo eu que lhe ensinei a não<br />
ter medo, agora sou eu quem estou tomado pelo medo.<br />
Sempre fomos muito apegados, eu a ela, ela a mim. “Tô com ciúmes!”,<br />
brincava a mãe, que, no fundo, morria de ciúmes mesmo. Mas isso não tem<br />
nenhuma importância agora. Agora, o que temos, a mãe e eu, seu irmãozinho,<br />
é sua ausência, é a falta que ela nos faz, é o vazio.<br />
“O tempo é o senhor de tudo!” foi o que me disse um amigo na hora<br />
derradeira, querendo animar-me. Uma frase que eu mesmo, tantas vezes,<br />
disse a outras pessoas. Porém, naquele momento, era uma frase vazia pra<br />
mim, de nada adiantava. Não adiantou naquele dia, não me serviu no dia<br />
seguinte e nos outros. Era amor, era costume.<br />
Eu sempre dizia que ela tinha tido sorte. Quando nasceu, eu fazia<br />
Mestrado, licenciado do trabalho, passava as manhãs em casa e ia para a<br />
Universidade à tarde. Podia ficar com ela todas as manhãs, dava banho,<br />
trocava as fraudas, dava papinha. Se chorava muito e eu não conseguia<br />
consolá-la, a colocava na cadeirinha do carro, dava uma volta no bairro e ela<br />
dormia. A pegava em meus braços – que saudades dela! Que saudades de seu<br />
corpinho de criança, que vontade de voltar a protegê-la entre meus braços!- e<br />
a levava para seu berço.<br />
Sempre a levei para a escola:<br />
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