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Revista LiteraLivre - 6ª edição

6ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 6nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

6ª Edição da Revista LiteraLivre, uma revista virtual e ecológica, criada para unir autores que escrevem em Língua Portuguesa em todo o mundo. 6nd Edition of LiteraLivre Magazine, a virtual and ecological magazine, created to bring together authors who write in Portuguese throughout the world. Http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre/comoparticipar

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<strong>LiteraLivre</strong> nº 6 – novembro de 2017<br />

primeiras lições, convida-o para almoçar um churrasco grego, lhe presenteia<br />

com um CD de percussão, propõe a Walter tocarem juntos numa estação do<br />

metrô e dividirem os lucros, pede a ele que não se esqueça dele na prisão;<br />

Mouna pede a Zainab que a leve a lugares onde ela e Tarek gostavam de ir;<br />

Walter arrasta pelas ruas o carrinho com as bijuterias de Zainab para que ela<br />

possa conversar mais livremente com Mouna. É com muita animação que<br />

Zainab mostra para Mouna a Ilha de Manhattan, o lugar das Torres Gêmeas, a<br />

estátua da Liberdade. Mouna se interessa pelo trabalho de Walter, faz-lhe<br />

perguntas sobre o evento e mesmo longe, já em Connecticut, Walter telefona<br />

para Mouna para se inteirar se tudo vai bem. Pequenos e grandes gestos de<br />

cortesia, atenção e afeto a demonstrar que os jogos da proxemia se organizam<br />

como nebulosas policentradas que ora aproximam ora distanciam, num ritual<br />

que, com toda a dinâmica da difratação, constrói um território simbólico de<br />

pertencimento.Walter propõe sair com Mouna, quer fazer-lhe uma surpresa –<br />

levá-la para ver o “Fantasma da Ópera”, que ela tanto se interessa. A partir daí<br />

a ritualística entre eles já se põe como uma aproximação romântica,<br />

cerimoniosa. No jantar que se segue é interessante notar na confissão de<br />

Walter sobre suas pretensas ocupações, quando se desculpa com Mouna pelo<br />

embuste e ela lhe pergunta o que faria se não fosse professor. Walter diz não<br />

saber e ela reconhece “que é excitante o não saber o que fazer”.Ele, ainda<br />

intransitivo, apesar das últimas experiências, se coloca como a porta fechada,<br />

sem saída, entre o afeto desejado e a tensão da insegurança. Ela é a ponte<br />

que pode ligar o domesticado ao estranho, contida, mas não temerosa. Esta,<br />

como tantas outras pequenas tribos, são efêmeras, mas nem por isto deixam<br />

de amalgamar um forte investimento afetivo num estado convivial que parece<br />

destinado a ser perene. É assim que Walter agora desconstroi o estereótipo de<br />

sisudez, licenciado das funções acadêmicas, distante de sua nova “família”,<br />

anda mais solto pelas ruas carregando o tambor que toca em Broadway-<br />

Lafayette St.<br />

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