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Jornal Paraná Dezembro 2017

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OPINIÃO<br />

O futuro do automóvel - desejos e realidade<br />

Solução mais realista é usar motores de combustão interna com um combustível não fóssil como o etanol<br />

José Goldemberg (*)<br />

Entusiasmo por carros<br />

elétricos pode não durar,<br />

como já se viu com outras<br />

tecnologias. Existe 1<br />

bilhão de automóveis no mundo.<br />

Mais do que um meio de transporte,<br />

estão associados à ideia<br />

do livre-arbítrio e da liberdade:<br />

com eles podemos ir e vir livremente<br />

no momento em que decidimos<br />

fazê-lo, sem depender<br />

de horários e decisões de outras<br />

pessoas.<br />

Mais do que qualquer outro dos<br />

grandes desenvolvimentos tecnológicos<br />

do século 19, os automóveis<br />

mudaram a estrutura<br />

das cidades, da ocupação territorial,<br />

com estradas construídas<br />

para eles, e do uso dos recursos<br />

naturais. Cerca de um terço da<br />

energia usada no mundo é utilizada<br />

nos transportes.<br />

É pouco provável que outros<br />

métodos de locomoção - por<br />

mais racionais que sejam -,<br />

como transporte coletivo ou uso<br />

de bicicletas, venham a substituir<br />

o transporte individual e até<br />

mesmo o prazer de dirigir. É por<br />

essa razão que o enorme esforço<br />

para produzir automóveis<br />

autônomos parece ser mais um<br />

esforço de marketing do que um<br />

esforço genuíno para resolver os<br />

problemas atuais que afetam o<br />

tráfego nas grandes cidades.<br />

Todos os automóveis construídos<br />

desde o começo do século<br />

20 usam como método de propulsão<br />

um motor dentro do qual<br />

um combustível, como gasolina,<br />

gás ou óleo diesel, é queimado.<br />

Por essa razão são chamados<br />

de motores de<br />

“combustão interna”.<br />

Esse processo não é<br />

muito eficiente e<br />

produz gases e impurezas<br />

contidas nos<br />

combustíveis utilizados,<br />

que são lançados<br />

na atmosfera.<br />

Essa poluição acabou<br />

por se transformar<br />

num dos grandes<br />

problemas das grandes<br />

metrópoles do mundo.<br />

Por isso se tornou popular na<br />

Europa a ideia de abandonar os<br />

motores de combustão interna e<br />

desenvolver automóveis movidos<br />

à eletricidade armazenada<br />

em baterias. Esse é um caso<br />

clássico em que se está lançando<br />

fora não só a água do banho<br />

e também o próprio bebê que<br />

está na banheira.<br />

Os motores atuais de combustão<br />

interna têm problemas, mas<br />

os elétricos têm igualmente problemas<br />

tecnológicos, alguns<br />

dos quais ainda nem conhecemos.<br />

O mais sério deles é que<br />

não resolve o aquecimento global.<br />

A queima de gasolina e óleo<br />

diesel - além dos poluentes<br />

usuais, como particulados, óxidos<br />

de enxofre e outros gases<br />

responsáveis pela poluição -<br />

emite os gases responsáveis<br />

pelo aquecimento global.<br />

Um automóvel que é movido pela<br />

eletricidade armazenada numa<br />

bateria não emite esses gases,<br />

o que cria a ilusão de que é limpo<br />

e silencioso. Mas, esses gases<br />

e poluentes são emitidos<br />

nas usinas onde a eletricidade é<br />

produzida e usada para carregar<br />

baterias.<br />

Esse problema pode ser resolvido<br />

usando eletricidade produzida<br />

com fontes renováveis, como<br />

hidreletricidade ou solar.<br />

Mas na maioria dos países combustíveis<br />

fósseis são usados<br />

para produzir eletricidade e vai<br />

ser difícil mudar isso, por mais<br />

Temos no Brasil um poderoso<br />

instrumento para resolver<br />

os problemas ambientais<br />

causados pelos veículos<br />

desejável que seja. São<br />

poucos os países como<br />

a Noruega e o Brasil,<br />

onde energias renováveis<br />

são dominantes<br />

na produção de<br />

eletricidade.<br />

A solução mais realista<br />

é usar os motores<br />

de combustão interna<br />

com um combustível<br />

não fóssil produzido<br />

com energia solar.<br />

Esse é o caso do etanol, produzido<br />

a partir da cana-de-açúcar,<br />

que é energia solar convertida<br />

em líquido. O mesmo se pode<br />

fazer com milho, como nos<br />

EUA, mas não com menor eficiência.<br />

Usar etanol para substituir gasolina<br />

é, de fato, uma grande solução<br />

e está sendo feito no Brasil<br />

e nos EUA. Mas enfrentou muita<br />

resistência, principalmente na<br />

Europa, que não tem terra nem<br />

clima para produzir cana e milho<br />

nas quantidades necessárias e<br />

teria de importar etanol dos países<br />

tropicais.<br />

No Brasil o etanol chegou a<br />

substituir cerca de 50% da gasolina,<br />

graças à adoção de motores<br />

flexfuel. Nos EUA, contudo,<br />

nunca atingiu mais de 10%, apesar<br />

de esse país ter um enorme<br />

mercado para etanol, pois lá<br />

existe quase um automóvel para<br />

cada habitante, numa população<br />

de 310 milhões de pessoas.<br />

Automóveis flexfuel são poucos<br />

nos EUA por causa da resistência<br />

das montadoras e das empresas<br />

produtoras de gasolina.<br />

Além disso, as regras adotadas<br />

pelas autoridades ambientais<br />

americanas criaram a barreira<br />

dos 10% na mistura, com base<br />

em considerações discutíveis,<br />

como a de que levou a aumento<br />

nas emissões de poluentes e<br />

desgaste nos motores. Se ela for<br />

elevada para 20%, o que é perfeitamente<br />

factível - no Brasil ela<br />

é de 27,5% -, o consumo de<br />

etanol nos EUA dobraria e se<br />

abriria um grande mercado para<br />

o álcool do Brasil. Não há mais<br />

área agrícola naquele país para<br />

acomodar um aumento muito<br />

grande da produção de milho.<br />

Além disso, a China está acordando<br />

para o problema e acaba<br />

de lançar novas metas ambiciosas<br />

de uso de etanol para reduzir<br />

a poluição urbana no país. Etanol<br />

de milho, usado em nove<br />

províncias com 10% na mistura,<br />

passará a ser usado em todas<br />

as 21 províncias chinesas.<br />

Os motores que usam etanol<br />

ainda podem e devem ser melhorados,<br />

o que está sendo feito<br />

em programas apoiados pela<br />

Fundação de Amparo à Pesquisa<br />

do Estado de São Paulo.<br />

Além disso, no entanto, as montadoras<br />

brasileiras e o próprio<br />

governo federal deveriam conscientizar-se<br />

com a ideia de que<br />

o entusiasmo pelos automóveis<br />

elétricos pode não durar, como<br />

já se viu no passado com outras<br />

tecnologias, e que temos no<br />

Brasil um poderoso instrumento<br />

para resolver os problemas ambientais<br />

causados pelos automóveis.<br />

(*) Professor Emérito da USP,<br />

é presidente da Fapesp<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA <strong>2017</strong>/18<br />

Chuvas afetam moagem no <strong>Paraná</strong><br />

Situação semelhante ocorre no Centro Sul do Brasil, onde só 43 unidades<br />

encerraram a colheita até 31 de outubro, contra 67 na mesma data de 2016<br />

As chuvas intensas e<br />

constantes durante<br />

praticamente todo o<br />

mês de outubro prejudicaram<br />

o andamento da<br />

colheita de cana-de-açúcar<br />

nas usinas sucroenergéticas<br />

do <strong>Paraná</strong>. Segundo dados<br />

da Alcopar, foram colhidos<br />

durante todo o mês pouco<br />

mais de 3 milhões de toneladas<br />

de cana, volume normalmente<br />

colhido em uma<br />

quinzena. “A primeira quinzena<br />

de novembro também<br />

foi praticamente perdida com<br />

boa parte dos dias registrando<br />

chuvas”, afirma o presidente<br />

da Alcopar, Miguel<br />

Tranin.<br />

Até o dia 1 de novembro tinham<br />

sido esmagados 31,1<br />

milhões de toneladas, 84,7%<br />

dos 36,763 milhões de toneladas<br />

de cana esperados, faltando<br />

poucos mais de 5<br />

milhões de toneladas para<br />

atingir a expectativa de colheita<br />

nesta safra. “Se o clima<br />

normalizar daqui para frente,<br />

a colheita no <strong>Paraná</strong> deve encerrar<br />

até o final de dezembro”,<br />

diz. A previsão antes<br />

era encerrar até a primeira<br />

quinzena do mês.<br />

Como sempre acontece, o<br />

mix de produção tem sido<br />

mais açucareiro, com<br />

59,67% da matéria prima<br />

destinada a produção de açúcar<br />

e 40,33% para a produção<br />

de etanol. No período<br />

foram industrializados 2,517<br />

milhões de toneladas de açúcar,<br />

88,4% do volume total<br />

esperado (2,848 milhões),<br />

além de 1,030 bilhão de litros<br />

de etanol, 87,5% dos 1,176<br />

bilhão de litros.<br />

As chuvas também dificultaram<br />

a colheita em boa parte<br />

do Centro-Sul do Brasil, segundo<br />

dados da Unica. No<br />

acumulado da safra <strong>2017</strong>/18,<br />

foram moídos 529,60 milhões<br />

de toneladas, com produtividade<br />

de 77,53 toneladas<br />

por hectare, contra 78,77<br />

toneladas por hectare no<br />

ciclo anterior, retração de<br />

1,58% no rendimento do canavial<br />

na região.<br />

No contraponto, o nível de<br />

Açúcares Totais Recuperáveis<br />

(ATR) na segunda metade<br />

de outubro foi de 153,64<br />

kg por tonelada de cana processada,<br />

quase 5% maior na<br />

comparação com a quinzena<br />

anterior e expressivos<br />

11,30% superiores ante igual<br />

período do ano passado.<br />

Diferente do que acontece<br />

no <strong>Paraná</strong>, as usinas do<br />

Centro-Sul do Brasil continuam<br />

destinando um volume<br />

maior de cana para a fabricação<br />

de etanol. Foram<br />

57,15% da oferta de matéria-prima<br />

para etanol e<br />

42,85% para açúcar na segunda<br />

quinzena de outubro.<br />

Isso ocorre desde agosto,<br />

quando o álcool se tornou<br />

mais competitivo que a gasolina,<br />

na esteira de mudanças<br />

tributárias envolvendo<br />

os dois combustíveis.<br />

Com isso, foram produzidas<br />

1,88 milhão de toneladas de<br />

açúcar e 1,57 bilhão de litros<br />

de etanol, dos quais 649 milhões<br />

de litros de anidro e<br />

921 milhões de litros de hidratado.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


CRESCIMENTO<br />

A cana, um dos setores<br />

que ativam a economia<br />

na região de Cianorte<br />

Município capitaliza dividendos econômicos e sociais com a<br />

presença de várias indústrias processadoras no seu entorno<br />

Considerando um raio<br />

de 60 quilômetros na<br />

região de Cianorte,<br />

poucos setores contribuíram<br />

tanto, nos últimos<br />

anos, para manter a economia<br />

em atividade, como a indústria<br />

da cana-de-açúcar.<br />

O segmento continuou operando<br />

- e gerando milhares de<br />

postos de trabalho -, mesmo<br />

em meio à crise aguda que devastou<br />

o país nos últimos anos,<br />

decretando, entre outros males,<br />

o fechamento de milhares<br />

de empresas e a extinção do<br />

emprego de milhões de brasileiros.<br />

o sustento de pelo menos 10<br />

mil famílias, entre trabalhadores<br />

e produtores de cana, segundo<br />

informações da Associação<br />

de Produtores de Bioenergia<br />

do Estado do <strong>Paraná</strong> (Alcopar).<br />

Diante das grandes dimensões<br />

do Brasil e das disparidades<br />

com relação ao desenvolvimento<br />

socioeconômico, as<br />

usinas sucroenergéticas também<br />

mostram sua força na<br />

maior interiorização do desenvolvimento,<br />

criando pequenos<br />

polos de atração de investimentos<br />

e crescimento econômico.<br />

Nas unidades industriais processadoras<br />

de cana-de-açúcar<br />

localizadas em municípios do<br />

entorno de Cianorte - Jussara<br />

(a 20km de distância), Tapejara<br />

(a 34km), Rondon (a 38km),<br />

Cidade Gaúcha (a 61km) e Paraíso<br />

do Norte (a 63km) – a atividade<br />

não parou, assegurando<br />

Ainda de acordo com a entidade,<br />

o setor agrega maior<br />

valor na cadeia produtiva, em<br />

nível local, gera empregos mais<br />

qualificados, eleva a arrecadação<br />

dos municípios e induz demanda<br />

e empregos em atividades<br />

que crescem no seu<br />

entorno, com prestação de<br />

Distribuição de renda<br />

O setor de bioenergia está<br />

entre os pilares do desenvolvimento<br />

paranaense. São<br />

26 indústrias nas regiões<br />

noroeste e norte do Estado<br />

que, juntas, empregam<br />

mais de 40 mil pessoas. De<br />

acordo com a Alcopar, a região<br />

é menos impactada<br />

pelos efeitos da crise, pois<br />

a presença da indústria representa<br />

distribuição de<br />

renda, de forma direta e indireta.<br />

Por outro lado, tem avançado<br />

a colheita mecanizada de<br />

cana-de-açúcar. Atualmente, o<br />

percentual de lavouras colhidas<br />

com máquinas varia de<br />

30% a 35%. Em regiões planas,<br />

mais propícias à operação<br />

dos equipamentos, o<br />

índice chega a 80%. Já em<br />

áreas acidentadas, o uso de<br />

máquinas ainda enfrenta limitações.<br />

serviços, além dos comércios<br />

locais.<br />

A cana está presente na economia<br />

de cerca de 140 municípios<br />

paranaenses, havendo<br />

a maior concentração de lavouras<br />

na região entre Maringá<br />

e Umuarama. No total,<br />

são 641 mil hectares de cana<br />

no <strong>Paraná</strong>, dos quais 415 mil<br />

mecanizáveis.<br />

No Brasil são 371 unidades<br />

produtoras em atividade gerando<br />

900 mil empregos formais<br />

diretos além de ter mais<br />

de 70 mil produtores rurais<br />

Essas empresas demandam<br />

produtos e serviços de centenas<br />

de empresas fornecedoras,<br />

situadas em muitas cidades<br />

próximas, sendo a maioria<br />

delas de pequeno porte. Incluem-se,<br />

nesse rol, oficinas,<br />

tornearias, metalúrgicas, comércios<br />

de peças, lubrificantes,<br />

combustíveis, ferramentas,<br />

equipamentos, acessórios,<br />

vestuário e alimentos, entre outros<br />

itens.<br />

de cana-de-açúcar independentes.<br />

A cadeia produtiva do setor<br />

sucroenergético representa<br />

aproximadamente 2% do total<br />

do Produto Interno Bruto (PIB)<br />

brasileiro e nos últimos anos<br />

tem gerado algo acima dos<br />

US$ 40 bilhões anuais com a<br />

comercialização de seus produtos<br />

finais. Sozinha, ela equivale<br />

à produção econômica de<br />

países como Paraguai, Coreia<br />

A atividade<br />

não parou,<br />

assegurando o<br />

sustento de<br />

milhares de<br />

famílias na região<br />

do Norte, Afeganistão, Jamaica<br />

e Estônia.<br />

Se for considerado, além das<br />

usinas, toda a cadeia sucroenegética<br />

envolvida na produção<br />

de cana, açúcar, etanol e<br />

bioeletricidade, desde a produção<br />

dos insumos até a oferta<br />

ao consumidor final, a receita<br />

bruta supera os US$ 100 bilhões<br />

por safra, segundo dados<br />

da Unica (União da Indústria<br />

da Cana-de-Açúcar).<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Indústria impulsiona o desenvolvimento<br />

Na avaliação do diretor-presidente<br />

do Instituto Paranaense<br />

de Desenvolvimento Econômico<br />

e Social (Ipardes), Júlio<br />

Suzuki Júnior, o agronegócio,<br />

do qual o setor de bioenergia<br />

faz parte, é o diferencial do<br />

Estado nas exportações e no<br />

desenvolvimento regional.<br />

Rodovias e estrada de ferro,<br />

por exemplo, convergem para<br />

o Porto de Paranaguá, onde o<br />

açúcar está entre os principais<br />

itens embarcados. Suzuki<br />

afirma que “o Estado, por<br />

diferenciais como esses, reúne<br />

todas as condições para<br />

estar entre os primeiros a sair<br />

da crise”.<br />

O município de Terra Rica,<br />

próximo a Paranavaí, representa<br />

a transformação econômica<br />

e social vivida por<br />

uma região que passou a<br />

contar com uma unidade<br />

processadora de cana-deaçúcar.<br />

Na última década,<br />

Terra Rica recebeu uma indústria<br />

de açúcar e etanol e a<br />

chegada da empresa promoveu<br />

um surto de desenvolvimento,<br />

levando à construção<br />

de estradas e bairros, o comércio<br />

se fortaleceu, houve<br />

a geração de mais de 2 mil<br />

postos de trabalho e o aumento<br />

na arrecadação de impostos<br />

pelo mu- nicípio, que<br />

são revertidos em benefícios<br />

à comunidade.<br />

“Houve um notório crescimento<br />

populacional, com geração<br />

de emprego e distribuição<br />

de renda, com um impacto<br />

positivo sobre a economia,<br />

movimentação acentuada da<br />

agroindústria, significativo aumento<br />

do comércio local e regional<br />

e movimentação da economia<br />

como um todo”, afirma<br />

Leandro Gargantini, secretário<br />

O fim gradativo<br />

da despalha<br />

O cortador de cana é uma<br />

categoria com data para expirar<br />

no <strong>Paraná</strong>. O decreto<br />

estadual 10068/14 editado<br />

em 6 de fevereiro de 2014,<br />

estabeleceu prazos e procedimentos<br />

para a adequação<br />

ambiental de usinas, no<br />

qual, entre outros itens, foi<br />

fixado um cronograma para<br />

o término gradativo da<br />

queima controlada da cana.<br />

A chamada despalha - a eliminação,<br />

pelo fogo, da<br />

quantidade natural de palha<br />

que reveste as plantas - é<br />

praticada para facilitar o<br />

corte manual.<br />

Desde o final de 2015, de<br />

de Desenvolvimento Econômico<br />

de Terra Rica. “Antes da<br />

usina em nossa cidade, não<br />

tínhamos perspectivas para os<br />

nossos jovens profissionais,<br />

que saíam para estudar e não<br />

tinham esperança de retorno<br />

por falta de oportunidade”,<br />

acrescenta.<br />

Essa é também a opinião de<br />

acordo com o decreto, 20%<br />

dos canaviais já não podem<br />

ser queimados e, até 31 de<br />

dezembro de 2020, o percentual<br />

deverá subir para<br />

60%, completando ao término<br />

de 2025 a totalidade<br />

da área mecanizável plantada<br />

com a lavoura e, em<br />

2030, a não-mecanizável.<br />

Itamar Bregantini, presidente<br />

da Associação Comercial de<br />

Terra Rica, para quem a usina<br />

trouxe um grande fluxo de pessoas<br />

à cidade, gerando empregos<br />

e desenvolvimento, fortalecendo<br />

o comércio e abrindo<br />

novos negócios. “Com toda<br />

essa crise econômica, se não<br />

tivéssemos a usina, estaríamos<br />

em dificuldades. Não vemos<br />

por aqui tanto ‘aluga-se’ e<br />

‘vende-se’ como em outras cidades”,<br />

comenta.<br />

Gargantini ainda destaca outros<br />

benefícios gerados pela<br />

usina como o apoio na implantação<br />

de uma brigada de<br />

combate a incêndio, as campanhas<br />

de educação ambiental,<br />

a contribuição social e a<br />

criação do conjunto habitacional,<br />

além do cuidado com<br />

as estradas utilizadas pela<br />

usina, que estão sempre em<br />

bom estado de conservação,<br />

e o apoio, dentro do possível,<br />

para manutenção das demais<br />

vias rurais do município,<br />

quando solicitada.<br />

Por outro lado, a desativação<br />

de uma indústria, como a que<br />

se viu há alguns anos em Engenheiro<br />

Beltrão, criou uma<br />

lacuna que dificilmente será<br />

preenchida. O prefeito Rogério<br />

Righetti afirma: “o impacto<br />

tem sido grande”. “Perdemos<br />

parte da população, que foi<br />

embora e, com isso, uma parcela<br />

no Fundo de Participação<br />

dos Municípios”, o que, segundo<br />

ele, enfraqueceu o orçamento.<br />

Righetti lembra também que<br />

o fim da indústria sobrecarregou<br />

a área de saúde do<br />

município e, não por acaso,<br />

a extinção de mais de mil<br />

empregos pode estar, de alguma<br />

forma, relacionada a<br />

um aumento do número de<br />

delitos.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


LEGISLAÇÃO<br />

Usinas do PR atendem<br />

a Resolução da ANP<br />

Todas as associadas enviaram à agência reguladora, dentro do prazo, toda<br />

a documentação exigida para adequar as plantas produtoras de etanol<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Todas as usinas paranaenses<br />

associadas<br />

à Alcopar enviaram,<br />

dentro do prazo, à<br />

ANP (Agência Nacional do<br />

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis),<br />

toda a documentação<br />

exigida pela Resolução<br />

ANP nº26/2012, visando<br />

a adequação e outorga<br />

da agência para construção,<br />

ampliação de capacidade,<br />

modificação e operação das<br />

plantas produtoras de etanol,<br />

de primeira ou segunda<br />

geração. O prazo final para<br />

o recadastramento da atividade<br />

de produção de biocombustíveis<br />

era até agosto<br />

de <strong>2017</strong>.<br />

Agora foi publicado no Diário<br />

Oficial da União a autorização<br />

de funcionamento para essas<br />

usinas dentro da normativa<br />

estabelecida pela Resolução<br />

ANP. A Resolução ANP nº<br />

26/2012 tem por objetivo dar<br />

suporte ao mercado de etanol,<br />

regulamentando-o para<br />

que haja a garantia de fornecimento<br />

nacional de etanol,<br />

promover a competitividade<br />

do País neste setor, atrair investimentos,<br />

fomentar a pesquisa<br />

e o desenvolvimento,<br />

além de estabelecer requisitos<br />

técnicos, econômicos e<br />

jurídicos para a atividade.<br />

Também visa o cumprimento<br />

das exigências de proteção<br />

ambiental e de segurança industrial.<br />

A legislação é dividida entre<br />

parte inicial e parte operacional.<br />

A primeira, cujo prazo<br />

venceu em agosto, diz respeito<br />

à autorização para construção,<br />

ampliação de capacidade,<br />

modificação e operação<br />

das plantas produtoras.<br />

Já a segunda parte está relacionada<br />

à análise de risco do<br />

processo, mapas de risco,<br />

programa de treinamento de<br />

pessoal, procedimentos operacionais<br />

e para controle de<br />

emergências. Estes serão observados<br />

no momento da vistoria<br />

da ANP na usina.<br />

Durante todo o processo,<br />

desde a publicação da resolução<br />

até a publicação da licença<br />

de operação, a Alcopar<br />

acompanhou as usinas dando<br />

toda orientação, respaldo técnico,<br />

participando de reuniões<br />

da ANP e trazendo especialistas<br />

para falarem sobre o assunto<br />

e tirarem dúvidas dos<br />

colaboradores das usinas associadas.<br />

Um dos eventos foi o Workshop<br />

ANP, na sede da Alcopar,<br />

em Maringá, em março, com<br />

o superintendente de Refino,<br />

Processamento de Gás Natural<br />

e Produção de Biocombustíveis<br />

da ANP, Rubens Cerqueira<br />

de Freitas, que deu todas as<br />

orientações necessárias.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


USINA<br />

Santa Terezinha é<br />

reconhecida pelo Prêmio ODS<br />

Desde 2012 a empresa recebe distinção por suas iniciativas<br />

sustentáveis desenvolvidas no <strong>Paraná</strong> e Mato Grosso do Sul<br />

AUsina Santa Terezinha<br />

foi reconhecida<br />

com o Selo Sesi<br />

(Serviço Social da<br />

Indústria) ODS (Objetivos do<br />

Desenvolvimento Sustentável),<br />

em Curitiba/PR, em meados<br />

de outubro. A premiação<br />

contou com a presença de<br />

mais de 230 marcas.<br />

das) para ser implementada<br />

pelos países até 2030.<br />

Desde 2012, a empresa tem<br />

suas iniciativas sustentáveis reconhecidas<br />

anualmente pelo Selo<br />

Empresa Parceira - ODM (Objetivos<br />

de Desenvolvimento do Milênio),<br />

por meio do Sesi <strong>Paraná</strong>.<br />

O reconhecimento valoriza iniciativas<br />

desenvolvidas no <strong>Paraná</strong><br />

e Mato Grosso do Sul a<br />

favor do compromisso com os<br />

ODS, isto é, agenda da ONU<br />

(Organização das Nações Uni-<br />

Premiação foi entregue em Curitiba, em outubro, pelo Sesi <strong>Paraná</strong><br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7


REFORMA TRABALHISTA<br />

Mudança traz ganho de competitividade<br />

Nova legislação, em vigor desde 11 de novembro, se aproxima da<br />

realidade no campo e dá maior segurança jurídica às relações trabalhistas<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Anova legislação trabalhista,<br />

Lei 13.467/<br />

<strong>2017</strong>, aprovada pelo<br />

Congresso Nacional<br />

em julho e que entrou em vigor<br />

dia 11 de novembro, trouxe<br />

mudanças importantes para<br />

o trabalho na cidade e principalmente<br />

no campo, que ganha<br />

mais competitividade e<br />

produtividade com a aproximação<br />

da legislação da realidade<br />

do campo.<br />

“A modernização da legislação<br />

vai dar segurança jurídica<br />

às relações trabalhistas,<br />

transparência nas contratações<br />

e nas relações de trabalho<br />

e trazer benefícios para<br />

o país sem que o trabalhador<br />

perca seus direitos”, afirmou<br />

Klauss Kuhnen, advogado<br />

responsável pela Assessoria<br />

Jurídica da Federação da<br />

Agricultura do Estado do <strong>Paraná</strong><br />

(Faep).<br />

O advogado da Faep, Klauss Kuhnen, falou sobre o assunto em evento realizado na sede da Alcopar<br />

Ele falou sobre a Reforma<br />

Trabalhista em evento realizado<br />

dia 17 de outubro, na<br />

sede da Alcopar, em Maringá,<br />

onde apresentou as principais<br />

mudanças ocorridas na legislação<br />

trabalhista, os reflexos<br />

sobre a atividade rural e esclareceu<br />

dúvidas. Participaram<br />

representantes das usinas<br />

paranaenses.<br />

Apesar de a nova lei estar em<br />

vigor, Klauss disse que ainda<br />

há dúvidas sobre sua aplicabilidade<br />

e que vai haver muitas<br />

discussões, mas conforme<br />

ocorrerem decisões judiciais<br />

a respeito, as mudanças<br />

começarão a tomar uma forma<br />

mais definida.<br />

O advogado da Faep defendeu<br />

também que com as mudanças,<br />

as negociações entre<br />

patrão e empregado serão facilitadas,<br />

já que prevalece o<br />

Principais alterações<br />

negociado sobre o legislado.<br />

Abaixo, os principais pontos<br />

abordados na nova legislação<br />

trabalhista.<br />

Assim que entrou em vigência<br />

a nova lei, o governo federal<br />

editou uma Medida Provisória<br />

alterando alguns pontos.<br />

Responsabilidade empresarial - A mera identidade<br />

de sócios não caracterizará a existência de grupo<br />

econômico entre empresas, sendo necessária a demonstração<br />

de interesse integrado e atuação conjunta<br />

das empresas. A responsabilidade do sócio<br />

retirante pelas obrigações trabalhistas é limitada ao<br />

período em que figurou como sócio, e somente em<br />

ações ajuizadas até dois anos após a averbação da<br />

alteração societária que dispõe sobre a saída do<br />

sócio. As obrigações trabalhistas da empresa sucedida<br />

passam a ser de responsabilidade da empresa<br />

sucessora, nas hipóteses de alteração da<br />

estrutura empresarial. Na hipótese de fraude, a empresa<br />

sucedida será responsável solidária pelas<br />

obrigações trabalhistas.<br />

Negociado sobre o legislado - Um dos principais<br />

tópicos da reforma, o texto permite que convenções<br />

e acordos coletivos negociados entre sindicatos<br />

e empresas prevaleça sobre as regras<br />

estabelecidas na CLT para uma lista de itens, entre<br />

os quais jornada, participação nos lucros e banco<br />

de horas. Não entram nessa lista direitos essenciais,<br />

como o salário mínimo, FGTS, férias proporcionais<br />

e décimo terceiro salário e outros.<br />

Férias - É possível fracionar as férias em até três<br />

períodos, desde que o empregado concorde,<br />

sendo que um deles não poderá ser inferior a 14<br />

dias corridos e os demais não poderão ser inferiores<br />

a cinco dias corridos, cada um. É vedado o<br />

início das férias no período de dois dias que antecede<br />

feriado ou dia de repouso semanal remunerado.<br />

Banco de Horas - O sistema de compensação de<br />

jornada de trabalho conhecido como "Banco de<br />

Horas", anteriormente autorizado somente via<br />

norma coletiva, passa a ser autorizado por<br />

acordo individual com o trabalhador, desde que<br />

a compensação ocorra no período máximo de<br />

seis meses e se respeite o limite de dez horas<br />

diárias.<br />

12X36 - De acordo com a MP, a jornada de trabalho<br />

12x36 somente poderá ser realizada através<br />

de acordos individuais escritos para o setor da<br />

Saúde. Em qualquer outra área será necessário a<br />

concretização de Convenção Coletiva ou Acordo<br />

Coletivo de Trabalho para que referida jornada seja<br />

adotada.<br />

Permanência - Os períodos em que o empregado<br />

permanecer nas dependências da empresa para<br />

realizar atividades particulares (alimentação, descanso,<br />

lazer, estudo, relacionamento pessoal,<br />

troca de uniforme quando não houver a obrigatoriedade<br />

de realizar a troca dentro da empresa,<br />

entre outros) passam a ser considerados como<br />

tempo em que o empregado não está à<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


disposição do empregador, não sendo devido<br />

o pagamento de horas extras.<br />

Intervalo intrajornada - Sindicatos e empresas poderão<br />

negociar intervalos de almoço menores do<br />

que uma hora. Em caso de descumprimento, o empregador<br />

pagaria dobrado o restante.<br />

Jornada parcial e temporária- A jornada do contrato<br />

parcial poderá subir das atuais 25 horas semanais<br />

permitidas para até 30 horas, sem possibilidade<br />

de horas extras. O empregador também pode<br />

optar por um contrato de 26 horas, com até seis<br />

horas extras. O trabalhador sob esse regime terá direito<br />

a férias, assim como os contratos por tempo<br />

determinado.<br />

Horas in itinere- O pagamento das horas in itinere<br />

(tempo de deslocamento do empregado ao trabalho<br />

e para o seu retorno) foram extintas, mesmo quando<br />

o transporte é oferecido pelo empregador. Não será<br />

considerado como tempo à disposição do empregador.<br />

Trabalho Intermitente - Instituição do contrato de<br />

trabalho intermitente (a prestação de serviços, com<br />

subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância<br />

de períodos de prestação de serviços e<br />

inatividade determinada em horas, dias ou meses).<br />

Teletrabalho (home office) - Passa a ser regulamentado<br />

e os empregados sob tal sistema passam<br />

a ser expressamente excluídos do regime de controle<br />

de jornada, desde que tal condição esteja devidamente<br />

prevista em contrato de trabalho.<br />

Equiparação salarial - A equiparação salarial somente<br />

será possível entre empregados contemporâneos<br />

no cargo ou na função. É possível estabelecer<br />

salários distintos para empregados com quatro<br />

anos ou mais de prestação de serviços, mantido o<br />

requisito atual de dois anos na mesma função. Os<br />

requisitos para equiparação salarial não serão aplicáveis<br />

quando a empresa adotar, por meio de norma<br />

interna, ou negociação coletiva, plano de cargos e<br />

salários, dispensada a homologação pelo Ministério<br />

do Trabalho.<br />

Natureza indenizatória- As importâncias, ainda que<br />

habituais, pagas a título de ajuda de custo, limitadas<br />

a 50% da remuneração mensal, o auxílio alimentação,<br />

as diárias para viagem e os prêmios não integram<br />

a remuneração e nem se incorporam ao<br />

contrato de trabalho.<br />

Rescisão do contrato - É possível rescindir o contrato<br />

de trabalho por mútuo acordo, prevendo o pagamento<br />

do aviso prévio e da multa do FGTS em<br />

montantes reduzidos, e o empregado poder movimentar<br />

80% dos valores depositados na conta do<br />

FGTS. A rescisão dos contratos de trabalho não precisa<br />

mais ser homologada. Dispensas coletivas não<br />

necessitam mais de negociação prévia com os sindicatos.<br />

Foram regulamentados os Planos de Demissão<br />

Voluntária e os Planos de Demissão Incentivada.<br />

Representação dos trabalhadores - Obrigatoriedade<br />

de constituição de comissão interna de empregados<br />

para as empresas com mais de 200<br />

empregados, com o objetivo de representar os trabalhadores<br />

perante a administração da empresa.<br />

Imposto sindical - Extinção da contribuição sindical<br />

compulsória para o trabalhador. O recolhimento<br />

passa a ser voluntário. Para o empregador, há uma<br />

alíquota conforme o capital social da empresa.<br />

Dano extrapatrimonial - O dano extrapatrimonial<br />

passa a ser regulamentado nas relações de trabalho,<br />

sendo fixados parâmetros para definição do valor<br />

da indenização.<br />

Processo do Trabalho – Os honorários periciais<br />

passam a ser devidos por quem perde na perícia,<br />

ainda que seja beneficiário da Justiça Gratuita, com<br />

a possibilidade de tal ônus ser arcado pela União.<br />

Os advogados passam a ter direito aos honorários<br />

de sucumbência, variando de 5% a 15% sobre o<br />

valor da liquidação da sentença.<br />

Terceirização – Qualquer atividade pode ser terceirizada,<br />

na cidade e no campo. Mas é preciso avaliar<br />

a capacidade econômica da empresa prestadora de<br />

serviços para desenvolver os serviços contratados<br />

pois o contratante será responsável subsidiário pelo<br />

pagamento das obrigações trabalhistas e previdenciárias<br />

do trabalhador terceirizado. O empregado terceiro<br />

terá direito às mesmas condições oferecidas<br />

aos empregados efetivos da empresa com relação<br />

à alimentação, quando oferecida em refeitórios; à<br />

utilização dos serviços de transporte e atendimento<br />

médico e ambulatorial existentes no local. O texto<br />

da reforma inclui duas salvaguardas à lei da terceirização.<br />

Proíbe que uma pessoa com carteira assinada<br />

seja demitida e contratada como pessoa<br />

jurídica ou por terceirizada por um período inferior<br />

a 18 meses.<br />

Gestantes e lactantes - Empregadas gestantes ficam<br />

afastadas de qualquer atividade insalubre enquanto<br />

durar a gestação, salvo em grau médio ou mínimo,<br />

desde que voluntariamente apresentem laudo que autorize<br />

a permanência nas atividades. No caso das lactantes,<br />

serão afastadas de atividades insalubres em<br />

qualquer grau quando apresentar laudo recomendando<br />

o afastamento durante a lactação.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


RANKING<br />

Santa Terezinha entre<br />

as mais inovadoras do sul<br />

A usina tem se destacado, ao longo de décadas, por seu pioneirismo<br />

em inovação, chegando a desenvolver um veículo para elevar a produtividade<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

AUsina Santa Terezinha,<br />

que tem dez unidades<br />

industriais no <strong>Paraná</strong> e<br />

uma greenfield no<br />

Mato Grosso do Sul, é uma das<br />

50 companhias Campeãs de<br />

Inovação no Sul do País, conforme<br />

levantamento feito pela<br />

Revista Amanhã em parceria<br />

com o instituto pelo IXL-Center,<br />

de Cambridge, região metropolitana<br />

de Boston (EUA). Os<br />

dados foram divulgados recentemente<br />

em Joinvile (SC).<br />

Participaram cerca de 200 empresas<br />

do Sul que compõem o<br />

ranking das maiores empresas<br />

da região (levantamento também<br />

feito pela Revista Amanhã)<br />

e aquelas companhias que optaram<br />

por se inscrever no processo.<br />

Além da usina, estão na lista<br />

cooperativas, empresas ligadas<br />

ao agronegócio, companhias<br />

de telecomunicações, tecnologia,<br />

papel e celulose, saúde, varejo<br />

e logística que investem<br />

em pesquisa e desenvolvimento<br />

para gerar inovações<br />

tanto em processos quanto em<br />

produtos.<br />

Em sua 14ª edição, o estudo<br />

ganhou novo formato, ao adotar<br />

o Innovation Management<br />

Index, ferramenta da metodologia<br />

do Global Innovation Management<br />

Institute (Gimi) aplicada<br />

pelo IXL-Center. O Gimi é uma<br />

organização global, sem fins lucrativos,<br />

criada por um grupo<br />

de executivos, acadêmicos e<br />

consultores especializados em<br />

inovação.<br />

A Usina Santa Terezinha tem se<br />

destacado, ao longo de décadas,<br />

por seu pioneirismo em inovação.<br />

Dentre as iniciativas<br />

estão os investimentos feitos no<br />

desenvolvimento científico e<br />

tecnológico utilizando o Centro<br />

de Tecnologia Canavieira (CTC).<br />

Lá são realizadas pesquisas de<br />

evolução genética e desenvolvidas<br />

variedades da cana-deaçúcar<br />

adaptadas à realidade de<br />

cada região do país.<br />

Por meio da Fundação da Universidade<br />

Federal do <strong>Paraná</strong><br />

(Funpar) e da Fundação de<br />

Apoio Institucional ao Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico<br />

da Universidade Federal<br />

de São Carlos (FAI/UFSCar), a<br />

empresa também investe no<br />

Programa de Melhoramento<br />

Genético da Cana-de-Açúcar<br />

(PMGCA) da Rede Interuniversitária<br />

para o Desenvolvimento<br />

do Setor Sucroenergético (Ridesa),<br />

formada por dez instituições<br />

federais.<br />

“O projeto executa ações de<br />

Objetivo da pesquisa<br />

ensino, pesquisa, extensão e<br />

desenvolvimento voltada à experimentação,<br />

manejo, reprodução<br />

e difusão de variedades<br />

de cana”, explica Sidney Meneguetti,<br />

presidente da Santa Terezinha.<br />

Somente no ano passado,<br />

a usina aportou R$ 5,9<br />

milhões em recursos para essas<br />

instituições.<br />

Em parceria com a Volvo, os<br />

especialistas da usina paranaense<br />

desenvolveram o Caminhão<br />

VM Autônomo, cujo<br />

objetivo é aumentar a produtividade<br />

na colheita da cana.<br />

Foram dois anos de pesquisa<br />

e desenvolvimento em conjunto.<br />

Em parceria<br />

com a Volvo,<br />

desenvolveram<br />

o caminhão VM<br />

autônomo para<br />

aumentar a<br />

produtividade<br />

na colheita<br />

O objetivo da tradicional<br />

pesquisa da Revista Amanhã<br />

é fazer com que cada companhia<br />

possa medir seu grau<br />

de inovação. O processo para<br />

participar da pesquisa é<br />

simples. Inicialmente, as<br />

companhias que figuram entre<br />

as 500 maiores empresas<br />

do Sul recebem uma<br />

carta-convite que dá acesso<br />

ao questionário. Companhias<br />

que não estão presentes<br />

no ranking, por terem<br />

sede fora da região Sul, também<br />

puderam participar inscrevendo<br />

suas unidades<br />

regionais.<br />

Em cerca de 30 questões que,<br />

em alguns casos, se desdobram<br />

em outras, os gestores<br />

revelam como a companhia<br />

trabalhou aspectos como processos,<br />

estratégia e recursos<br />

voltados à inovação, tendo por<br />

base o ano de 2015. A dimensão<br />

de maior peso no estudo<br />

continua sendo aquela focada<br />

nos resultados que a inovação<br />

trouxe para os negócios.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


MEIO AMBIENTE<br />

“Sementinhas do Futuro” na BSBIOS<br />

Cerca de 600 alunos do ensino fundamental de Marialva participaram de<br />

atividades onde aprenderam sobre sustentabilidade e preservação ambiental<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Sustentabilidade é a palavra-chave<br />

para o<br />

equilíbrio entre preservação<br />

ambiental, desenvolvimento<br />

social e crescimento<br />

econômico. Promover<br />

essa reflexão é o objetivo das<br />

atividades desenvolvidas pela<br />

BSBIOS com estudantes do 4º<br />

ano, do ensino fundamental.<br />

De 16 à 18 de outubro a empresa<br />

desenvolveu o projeto<br />

“Sementinhas do Futuro”, recebendo<br />

na sede da BSBIOS,<br />

em Marialva/PR, aproximadamente<br />

600 alunos de onze escolas<br />

do município.<br />

Este é o segundo ano que a<br />

empresa desenvolve o projeto<br />

no município, sendo a quinta<br />

edição que a empresa realiza.<br />

“Queremos oportunizar às<br />

crianças a disseminação de<br />

conhecimento sobre o que é o<br />

biodiesel e como ele é feito,<br />

mas também enfatizar a importância<br />

da preservação<br />

consciente da natureza”, destacou<br />

Erasmo Carlos Battistella,<br />

presidente da BSBIOS. Ele<br />

destacou que os estudantes<br />

serão multiplicadores de conhecimento.<br />

“Com orientação vamos ter<br />

adultos mais conscientes e<br />

responsáveis e, como resultado,<br />

um mundo mais limpo e<br />

acolhedor”, pontuou.<br />

A professora da Escola Municipal<br />

São Miguel do Cambuí,<br />

Josilene Caselato Ceron, destacou<br />

que a atividade é muito<br />

importante para que eles visualizem<br />

na prática as ações de<br />

preservação da natureza.<br />

“É uma experiência muito positiva.<br />

São sementinhas que<br />

estamos plantando, como diz<br />

o nome do projeto. Aqui eles<br />

estão aprendendo e desenvolvendo<br />

o conhecimento, uma<br />

excelente maneira de eles despertarem<br />

para o que está acontecendo<br />

com o nosso planeta”,<br />

afirmou Josilene, ressaltando<br />

que os alunos adoraram participar<br />

do projeto.<br />

A aluna da Escola Criativo, Diulia<br />

Gonçalves, afirmou que<br />

amou a visita. “Eu aprendi que<br />

o biodiesel é feito com óleo e<br />

gorduras animais e, ele não<br />

agride o planeta”. A afirmação<br />

foi compartilhada pelo colega<br />

Henrique Nogueira Jordão, que<br />

contou que gostou muito de<br />

toda a visita. “Eu aprendi como<br />

o biodiesel é feito e que ele é<br />

combustível que ajuda o meio<br />

ambiente. O teatro também foi<br />

muito legal”, destacou Henrique.<br />

O estudante da Escola<br />

Municipal São Miguel do Cambuí,<br />

Pedro Henrique Salazar Faleiros,<br />

ressaltou que adorou a<br />

visita e que aprendeu muito.<br />

A atividade contou com visita à<br />

unidade industrial, palestras<br />

sobre a transformação do grão<br />

de soja e da gordura animal em<br />

biodiesel e ações de preservação<br />

da natureza. Os estudantes<br />

ainda assistiram uma apresentação<br />

da peça de teatro “O Sumiço<br />

da Consciência”, com o<br />

Grupo Ritornelo, de Passo<br />

Fundo (RS).<br />

O gerente geral da unidade de Marialva,<br />

Carlos Roberto Ferreira Júnior, ressalta que<br />

esse projeto proporciona às crianças entender<br />

na prática, de uma forma simples e<br />

objetiva, o significado de palavras que são<br />

muito comuns no dia a dia de aprendizado<br />

delas, como sustentabilidade, energia renovável,<br />

cuidado com o meio ambiente,<br />

mas que nem sempre se torna fácil de visualizar,<br />

de entender.<br />

“Ver o brilho nos olhos delas quando falamos,<br />

quando explicamos, a interação com<br />

Projeto visa disseminar conhecimento sobre o que é o biodiesel,<br />

como é feito e sua importância na preservação da natureza<br />

Mais fácil entender<br />

a atividade lúdica do teatro, quando visualizam<br />

nossas plantas industriais, nos faz<br />

ter ainda mais certeza de que esse projeto<br />

dá muito certo. Para nós de Marialva é<br />

uma alegria poder estar contribuindo pela<br />

segunda vez no projeto interagindo com<br />

nossa sociedade, mostrando a importância<br />

de nossa empresa, não só como um<br />

negócio que traz empregos e oportunidades,<br />

mas como parte da construção de<br />

um mundo melhor, mais sustentável”, frisou<br />

Júnior desejando que não faltem<br />

“campos férteis” para que essas sementinhas<br />

plantadas durante essa semana<br />

possam germinar e dar bons frutos em um<br />

futuro próximo.<br />

Neste ano participaram os estudantes das<br />

escolas municipais Maria dos Santos Severino,<br />

Guiti Sato, Nilo Peçanha, Eurico<br />

Jardim Dornellas de Barros, Dr. Milton Tavares<br />

Paes, Lucas de Paula Machado,<br />

José Garbugio, Gomercindo Lopes e São<br />

Miguel do Cambuí. Ainda das escolas particulares:<br />

Colégio Anjos Custódios, Centro<br />

Educacional Criativo e New Life.<br />

12<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


ANTECIPAÇÃO<br />

B10 traz empregos e<br />

melhoria do ambiente e da saúde<br />

Setor deve produzir 5,5 bilhões de litros de biodiesel em 2018, processar<br />

43 milhões de toneladas de soja e economizar US$ 2,2 bilhões em divisas<br />

DA EQUIPE DE REDAÇÃO<br />

Com a antecipação<br />

para 1º de março de<br />

2018 da mistura de<br />

10% de biodiesel ao<br />

diesel usado no mercado interno,<br />

o B10, a produção de<br />

biodiesel deve atingir 5,5 bilhões<br />

de litros em 2018 trazendo<br />

benefícios para o meio<br />

ambiente, à saúde da população<br />

e à economia, gerando emprego<br />

e renda nas regiões onde<br />

estão instaladas as indústrias<br />

de biodiesel.<br />

O Conselho Nacional de Política<br />

Energética (CNPE) aprovou a<br />

alteração durante reunião extraordinária<br />

no dia 9/11. De<br />

acordo com a Lei 13.263/16, o<br />

prazo final para o aumento de<br />

10% de biodiesel no diesel seria<br />

1º de março de 2019. A decisão<br />

de antecipar em um ano o<br />

prazo para a mistura visa reduzir<br />

as importações brasileiras<br />

de diesel para atender ao mercado<br />

interno. Isso significará<br />

uma economia de US$ 2,2 bilhões<br />

em divisas internacionais<br />

com a substituição do volume<br />

equivalente importado de diesel<br />

mineral.<br />

De acordo com dados da Associação<br />

Brasileira das Indústrias<br />

de Óleos Vegetais (Abiove),<br />

o B10 deverá aumentar o<br />

processamento doméstico de<br />

soja para 43 milhões de toneladas,<br />

ou cerca de 1,5 milhões<br />

de toneladas a mais do que<br />

neste ano, além do refino de<br />

óleo para biodiesel. O óleo de<br />

soja é a principal matéria-prima<br />

utilizada na fabricação de biodiesel,<br />

com uma participação<br />

entre 75% e 80%.<br />

Pelos cálculos da Abiove, desde<br />

que começou a ser adotado,<br />

em 2005, até <strong>2017</strong>, o biodiesel<br />

gerou demanda para processamento<br />

doméstico de 98<br />

milhões de toneladas de soja.<br />

Outras 4,2 milhões de toneladas<br />

de gorduras animais<br />

foram utilizadas, evitando o<br />

descarte inadequado no meio<br />

ambiente.<br />

Com o B10, a Abiove estima<br />

que poderá criar 20 mil novos<br />

postos de trabalho. Além da geração<br />

de emprego e renda, o<br />

biodiesel agrega valor à soja,<br />

promove a inserção da agricultura<br />

familiar e contribui para a<br />

redução de gases de efeito estufa<br />

na atmosfera em mais de<br />

70% em relação ao diesel fóssil.<br />

Assim, o biodiesel é importante<br />

para o Brasil atingir as<br />

metas definidas nas Contribuições<br />

Nacionalmente Determinadas<br />

do Acordo de Paris.<br />

O biodiesel também reduz as<br />

emissões de material particulado,<br />

hidrocarbonetos e monóxido<br />

de carbono na atmosfera.<br />

Com isso, contribui para a<br />

queda nos índices de mortalidade,<br />

internações e tratamentos<br />

de doenças cardiorrespiratórias.<br />

Desde o início do<br />

uso do biodiesel no Brasil, em<br />

2005, 50 milhões de toneladas<br />

de CO 2 deixaram de ser lançadas<br />

na atmosfera.<br />

O setor defende a previsibilidade<br />

do aumento da mistura e<br />

trabalha pela definição do cronograma<br />

de crescimento gradual<br />

da mistura nos próximos<br />

anos até B15.<br />

O biodiesel tem crescido com<br />

base em um modelo que comercializa<br />

o produto por meio<br />

de leilões, modalidade que traz<br />

transparência e segurança.<br />

Nesses leilões, é garantido tratamento<br />

diferenciado para as<br />

usinas que adquiriram oleaginosas<br />

por meio do Selo Combustível<br />

Social. Nessa modalidade,<br />

mais de 70 mil famílias<br />

da agricultura familiar são beneficiadas<br />

e vendem oleaginosas<br />

no âmbito do Programa<br />

Nacional de Produção e Uso do<br />

Biodiesel.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 13


Importação<br />

DOIS<br />

PONTOS<br />

Exportação<br />

Os Estados Unidos deverão<br />

exportar um grande<br />

volume de etanol para o<br />

Brasil em 2018 apesar da<br />

taxa de importação de<br />

20% implementada pelo<br />

governo brasileiro para<br />

compras além de uma cota,<br />

disse uma analista da<br />

Platts Kingsman, que estima<br />

que os EUA embarcarão<br />

cerca de 1,7 bilhão de<br />

litros de etanol para o Brasil<br />

em 2018, ante 1,8 bilhão<br />

de litros projetados<br />

para este ano.<br />

Energia limpa<br />

O Brasil exportou em outubro<br />

152,9 milhões de litros de etanol,<br />

altas de 5,9% na comparação<br />

com os 144,4 milhões de<br />

litros embarcados em setembro<br />

e de 131,7% sobre outubro de<br />

2016, quando foram embarcados<br />

66 milhões de litros, segundo<br />

o Ministério da Indústria,<br />

Comércio Exterior e Serviços. A<br />

receita cambial com a venda do<br />

biocombustível alcançou US$<br />

88,1 milhões em outubro. No<br />

acumulado de <strong>2017</strong>, o volume<br />

exportado alcança 1,219 bilhão<br />

de litros (- 27,6% ante 2016),<br />

com receita de US$ 692,4 milhões<br />

(queda de 16,3%).<br />

Uma das maiores petroleiras<br />

do mundo gasta mais de<br />

US$ 1 bilhão por ano em formas<br />

alternativas de energia,<br />

de algas modificadas para<br />

florescer e biocombustível<br />

até células que transformam<br />

emissões em eletricidade.<br />

A Exxon Mobil destina fundos<br />

a mais de cem projetos<br />

de pesquisa sobre tecnologias<br />

ecológicas em cinco a<br />

dez áreas. Ainda falta pelo<br />

menos uma década para que<br />

ocorram avanços comercializáveis,<br />

mas o apoio da<br />

Exxon à energia limpa sugere<br />

que a petroleira de capital<br />

aberto mais valiosa do<br />

mundo projeta a possibilidade<br />

de um futuro com<br />

menos predomínio dos combustíveis<br />

fósseis.<br />

Safra estendida<br />

Os produtores de etanol no<br />

Brasil estão avaliando a adoção<br />

de um conceito de usina<br />

que usa cana e milho para<br />

produzir o biocombustível, o<br />

que lhes permitiria estender<br />

as operações para além do<br />

período atual de colheita da<br />

cana que, no Centro-Sul do<br />

Brasil é de abril a meados de<br />

dezembro. As plantas industriais<br />

normalmente permanecem<br />

inativas por quase<br />

três meses a cada ano, período<br />

usado para manutenção.<br />

Mas há seis plantas<br />

no Brasil operando durante<br />

a maior parte do ano,<br />

usando o milho como matéria-prima<br />

alternativa quando<br />

a colheita da cana acaba<br />

e apenas fazendo interrupções<br />

curtas para a manutenção.<br />

China<br />

Após anunciar que pretende<br />

misturar etanol à gasolina<br />

em todo país até<br />

2020, além de aumentar a<br />

utilização do combustível<br />

renovável celulósico a partir<br />

de 2025, a China busca<br />

agora estreitar os laços<br />

com a indústria de biocombustíveis<br />

mais sustentável<br />

do mundo, a brasileira. Recentemente,<br />

uma delegação<br />

de executivos da<br />

Agência Nacional de Energia<br />

da China esteve na<br />

sede da União da Indústria<br />

de Cana-de-Açúcar (Unica)<br />

para apresentar o cenário e<br />

pauta atual do etanol no<br />

País e discutir medidas e<br />

políticas de cooperação.<br />

Milho<br />

As usinas do Brasil haviam fixado<br />

até 29 de outubro preços<br />

futuros para 5,271 milhões de<br />

toneladas de açúcar da safra<br />

2018/19, o equivalente a<br />

19,4% da exportação esperada<br />

para o ciclo que se inicia<br />

em abril do próximo ano, segundo<br />

a Archer Consulting.<br />

Esse é o menor percentual observado<br />

nesta época desde<br />

que a consultoria começou a<br />

monitorar as fixações das usinas,<br />

na temporada 2012/13.<br />

Há um ano, o hedge para<br />

Maior celeiro agropecuário do<br />

País, Mato Grosso busca no<br />

etanol a saída para reduzir gargalos<br />

econômicos e logísticos<br />

gerados por um excedente<br />

anual de 25 milhões de toneladas<br />

de milho – 27% da oferta<br />

brasileira. Essa é a produção<br />

que não é consumida localmente,<br />

mas que enfrenta desafios<br />

para ser levada para outras<br />

regiões. Nessa nova rota do<br />

biocombustível, o cenário é animador,<br />

mas também aponta<br />

desafios. Ao mesmo tempo em<br />

que o processamento do milho<br />

para se obter álcool gera subprodutos<br />

que proporcionam remuneração<br />

extra ao produtor,<br />

como o farelo, alimento de qualidade<br />

e de menor custo para o<br />

rebanho de 30 milhões de bovinos<br />

do Estado, a expansão do<br />

combustível precisa ser acompanhada<br />

de avanços nas questões<br />

estruturais.<br />

Fixação<br />

<strong>2017</strong>/18 estava em 30,64%.<br />

O baixo volume de fixação até<br />

o momento pode ser explicado<br />

pela falta de crédito das<br />

usinas para adiantarem seus<br />

hedges e atraso na fixação na<br />

espera de preços melhores<br />

para a safra <strong>2017</strong>/18, o que<br />

acabou fazendo com que as<br />

usinas deixassem a safra<br />

2018/19 para segundo plano.<br />

O preço médio alcançado<br />

pelas usinas nas fixações foi<br />

de 16,17 centavos de dólar<br />

por libra-peso FOB.<br />

14 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Descobrir de que forma os<br />

microrganismos presentes<br />

no solo processam os fertilizantes<br />

e os resíduos orgânicos<br />

usados no cultivo<br />

da cana pode ajudar a mitigar<br />

a emissão de gases<br />

de efeito estufa e tornar a<br />

produção de etanol ainda<br />

mais sustentável. Um conjunto<br />

de estudos com esse<br />

objetivo foi apresentado recentemente<br />

pela pesquisadora<br />

Eiko Kuramae, do<br />

Manejo<br />

Instituto de Ecologia da<br />

Holanda. Foi mostrado que<br />

o simples fato de aplicar<br />

separadamente a vinhaça e<br />

os fertilizantes nitrogenados<br />

em solo de cana coberto<br />

com a palha da<br />

planta proporciona uma<br />

significativa redução na<br />

emissão de N2O. A pesquisa<br />

contou com apoio da<br />

FAPESP e da Organização<br />

Holandesa para Pesquisa<br />

Científica.<br />

Política<br />

automotiva<br />

A indústria do etanol quer<br />

tratamento diferenciado do<br />

governo na política automotiva<br />

para os próximos 12<br />

anos. Batizado de Rota<br />

2030, o programa deverá<br />

ser lançado no início do ano<br />

O custo logístico médio<br />

de escoamento da produção<br />

agrícola no Brasil é<br />

quatro vezes superior em<br />

relação a dois dos principais<br />

concorrentes do Brasil:<br />

Estados Unidos e Argentina,<br />

diz Luiz Fayet,<br />

consultor da Confederação<br />

da Agricultura e Pecuária<br />

do Brasil (CNA). O<br />

setor ganhou produtividade<br />

nos últimos 50 anos,<br />

que vem em substituição ao<br />

Inovar Auto. Representantes<br />

do setor alegam que o etanol<br />

deve ser priorizado porque<br />

é capaz de reduzir em<br />

até 78% as emissões de<br />

gases do efeito estufa.<br />

Transporte<br />

mas o alto custo logístico<br />

provocado por falhas de<br />

infraestrutura faz o produto<br />

perder competitividade<br />

no mercado internacional.<br />

Também, a matriz<br />

de transporte brasileira<br />

está errada, já que é<br />

baseada em rodovias, em<br />

vez de ferrovias ou hidrovias.<br />

A armazenagem é<br />

outro gargalo do país, dentre<br />

outros problemas.<br />

Motor<br />

Um grupo de pesquisadores brasileiros apresentou, após 14<br />

anos de estudos, um motor 1.0 movido a etanol com 185 cv<br />

de potência e nível de eficiência semelhante aos motores diesel,<br />

superando os propulsores semelhantes à gasolina. O trabalho<br />

foi coordenado pelo professor e engenheiro mecânico<br />

José Guilherme Coelho Baêta, que pertence ao Centro de Tecnologia<br />

e Mobilidade da Universidade Federal de Minas Gerais<br />

(UFMG). O etanol sempre superou a gasolina em termos de<br />

eficiência energética. A novidade aqui é a paridade de consumo<br />

de combustível.<br />

Consolidação<br />

Por enquanto, o que tem<br />

sido observado no setor sucroenergético<br />

é o que Figliolino<br />

chama de “consolidação<br />

silenciosa”, ou seja,<br />

apenas pequenos movimentos<br />

de aquisição, no<br />

qual as usinas assumem<br />

canaviais de produtores vizinhos.<br />

Os grupos em melhor<br />

situação têm aproveitado<br />

a cana já plantada<br />

O setor de açúcar e etanol<br />

está próximo de passar por<br />

mais um forte movimento de<br />

consolidação. Mas, depende<br />

da efetivação do RenovaBio,<br />

um programa de incentivo<br />

aos biocombustíveis que<br />

prevê regras claras e em<br />

linha com a sustentabilidade<br />

econômica, social e ambiental,<br />

afirmou Alexandre Figliolino,<br />

sócio da consultoria MB<br />

Agro. De acordo com Figliolino,<br />

as condições intrínsecas<br />

para a consolidação do<br />

setor estão dadas, mas as<br />

fusões e aquisições ainda<br />

não ocorrem por conta de<br />

um nível de incertezas muito<br />

elevado.<br />

Silenciosa<br />

em usinas que fecharam<br />

unidades ou reduziram a<br />

moagem. O crédito é demandado<br />

apenas por companhias<br />

“sobreviventes” da<br />

crise vivida pelo setor, para<br />

aumentarem a eficiência e<br />

o processamento em unidades<br />

próprias. Para o médio<br />

prazo, não existe demanda<br />

de crédito por novos<br />

projetos.<br />

EPA<br />

A Agência de Proteção Ambiental<br />

dos Estados Unidos<br />

(EPA) recuou de uma série<br />

de mudanças polêmicas no<br />

programa de biocombustíveis<br />

do país depois da reação<br />

de legisladores de estados<br />

produtores de milho,<br />

que temiam cortes na demanda<br />

por etanol. A agência<br />

vai manter ou mesmo elevar<br />

os mandatos de volumes de<br />

biocombustíveis no próximo<br />

ano, revertendo um movimento<br />

inicial que poderia<br />

acarretar em cortes nessas<br />

obrigações.<br />

Dívida<br />

O setor sucroenergético<br />

brasileiro fechou a safra de<br />

cana 2016/17, em março,<br />

com dívida líquida média de<br />

119 reais por tonelada de<br />

cana processada, segundo<br />

o Rabobank no Brasil. O endividamento<br />

no ciclo passado<br />

foi 12,5% menor ante<br />

o de 136 reais na temporada<br />

2015/16 e 20% inferior<br />

na comparação com o pico<br />

de 149 reais no ciclo<br />

2014/15. Essa baixa no endividamento<br />

deveu-se ao<br />

câmbio e à geração de caixa<br />

das usinas.<br />

Paris<br />

A prefeitura de Paris vai<br />

proibir a circulação de carros<br />

a diesel até 2024 e dos<br />

que utilizam gasolina até<br />

2030, com o objetivo de<br />

tornar a capital francesa<br />

uma cidade neutra em<br />

emissões de dióxido de carbono.<br />

A meta antecipa os<br />

planos do governo que<br />

disse sonhar que até 2040<br />

não existam mais veículos a<br />

diesel e gasolina.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 15

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