05.12.2017 Views

Revista Curinga Edição 01

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Revista</strong>-Laboratório | Jornalismo | UFOP | Ano 1 | Novembro de 2<strong>01</strong>1<br />

nº 1<br />

Nós, Homo Sapiens...<br />

<strong>Revista</strong>-Laboratório | Jornalismo | UFOP | Ano 1 | Novembro de 2<strong>01</strong>1<br />

Pausa para o café p.26 Sorrir é coisa séria p.22<br />

O Brasil que cabe no seu bolso p.10 Corpo e voz: além do ensino p.12<br />

Vá se foder com Amadeu Roselli p.6 Poltrona, Prólogo e Refrão p.28<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

nº 1<br />

1


Carteado<br />

Tenho enorme dificuldade<br />

em viver uma vida “fora de<br />

casa”, me sinto como uma<br />

arvore com raízes que não<br />

se locomovem, a minha<br />

mente sim, meu corpo não.<br />

Mas para minha sobrevivência<br />

preciso sair e isso me<br />

dói muito.<br />

Fátima Maria<br />

Talentos aflorando, que<br />

a <strong>Curinga</strong> tenha o espaço<br />

merecido... Parabéns!<br />

André Scarabelot<br />

Gostaria de ler uma<br />

matéria sobre acessibilidade<br />

em Ouro Preto. Seria<br />

possível conhecer Ouro<br />

Preto numa cadeira de<br />

rodas?<br />

Obrigada e parabéns<br />

pela revista.<br />

Flávia Noronha<br />

Linda a revista! Estava<br />

folheando.... fiquei encantado!<br />

A diagramação arrasou!<br />

Parabéns e sucesso!<br />

Valmique Júnior<br />

Para comentar as matérias desta edição ou sugerir pauta para a nossa próxima <strong>Curinga</strong>, envie e-mail para revistacuringa@ufop.br<br />

Matérias completas Sem Cortes Sem <strong>Edição</strong><br />

2<br />

www.revistacuringa.ufop.br<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Tempo. De quanto em quanto tempo você nota a falta dele? Você corre<br />

para entregar o trabalho, corre para não faltar, tenta dar conta de tudo e<br />

enquanto isso caminha, ou melhor, caminhamos, a passos lentos de um<br />

entendimento, de uma reflexão. A gente responde o e-mail apressado e entende tudo<br />

errado, fica de ligar depois para aquele amigo e depois nem percebe que nos tornamos<br />

alguém que não se importa mais. Além do tempo que nos falta para lermos as<br />

palavras de gentileza, como compôs e cantou Marisa Monte, tem nos faltado tempo<br />

para sermos gente, não só gentis. E é em busca da reflexão do tempo que nos tem<br />

faltado e da consequência disso que a segunda edição da <strong>Curinga</strong> chega.<br />

Nossa matéria de capa aponta contradições que nós vamos encontrar no Brasil em<br />

2<strong>01</strong>2 e pergunta: por onde caminham os nossos direitos humanos? Em “Trocando<br />

cartas com”, convidamos você a se despir de preconceitos e encarar o sexo de frente<br />

(ou de costas). “Outro campus” mostra professores que arranjam um tempo para<br />

atividades que os realizam além das aulas.<br />

“Retina” traz aquele cafezinho que nos traz momentos diversos, tempos femininos,<br />

tempos de encontro ou nos dá mais tempo adiando um pouco o sono. “Mochilão”<br />

te ensina a viajar pelas cinco regiões do país gastando pouco dinheiro. Em<br />

“Transborda” vamos refletir sobre o papel social do humor. “Poltrona” traz os filmes<br />

que parecem, mas não são documentários. “Prólogo” apresenta um tipo de literatura<br />

que tem ganhando respeito: história em quadrinhos. E “Refrão” fala sobre aquele<br />

que te faz cantar mesmo sem você conhecê-lo (ou vê-lo): o compositor.<br />

Que em 2<strong>01</strong>2 a gente tenha mais tempo para se entender e se estender.<br />

Um novo ano cheio de ideias na manga!<br />

Boa leitura!<br />

Ruleandson do Carmo<br />

Editor-geral da<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Curinga</strong><br />

E<br />

d<br />

i<br />

t<br />

o<br />

r<br />

i<br />

a<br />

l<br />

<strong>Curinga</strong> é uma publicação da disciplina Laboratório Impresso II - <strong>Revista</strong> produzida pelos alunos do curso de<br />

Jornalismo da Ufop - Universidade Federal de Ouro Preto.<br />

Editor-geral e jornalista responsável<br />

Ruleandson do Carmo - 12440/MG<br />

Editora de planejamento visual<br />

Priscila Borges<br />

Editor de fotografia<br />

Anderson Medeiros<br />

Equipe:<br />

Capa, sumário e expediente - Diagramação: Enrico Mencarelli | Direção de Arte: Thales Lelo | <strong>Edição</strong><br />

de fotografia e Revisão: Lorena Caminhas TROCANDO CARTAS COM - Produção: Rodolfo Gregório |<br />

Texto: Luana Viana e Marcelo Quintino| <strong>Edição</strong> de Texto: Marcelo Quintino | Fotografia: Fernando Gentil |<br />

Diagramação: Allãn Passos | <strong>Edição</strong> de fotografia: Leidiane Vieira | Direção de Arte: Amanda Rodrigues |<br />

Revisão: Leidiane Vieira MOCHILÃO - Produção e Texto: Enrico Mencarelli, Lorena Caminhas, Raísa Geribello<br />

e Thales Lelo | <strong>Edição</strong> de Texto: Lorena Caminhas | Fotografia: Enrico Mencarelli | Diagramação e Revisão:<br />

Mayara Gouvea | <strong>Edição</strong> de fotografia e Direção de Arte: Rayanne Resende OUTRO CAMPUS - Produção<br />

e Texto: Sabrina Carvalho, Sara Oliveira, Tábatha Barbosa e Yumi Inoue | <strong>Edição</strong> de Texto: Sara Oliveira |<br />

Diagramação: Marcelo Quintino | <strong>Edição</strong> de Fotografia e Direção de Arte: Fernando Gentil | Revisão: Luana<br />

Viana MATÉRIA DE CAPA - Produção: Ana Cláudia Garcêz e Mari Fonseca | Texto: Ana Beatriz Noronha,<br />

Giulle da Mata e Paulo Dias | Fotografia: Ana Beatriz Noronha | <strong>Edição</strong> de Texto: Ana Beatriz Noronha |<br />

Diagramação: Yumi Inoue | <strong>Edição</strong> de Fotografia: Tábatha Barbosa | Direção de Arte: Sabrina Carvalho |<br />

Revisão: Sara Oliveira TRANSBORDA - Produção: Leidiane Vieira | Texto: Allãn Passos e Luiza Lourenço<br />

| Fotografia: Amanda Rodrigues | <strong>Edição</strong> de Texto: Olívia Mussato | Diagramação: Paulo Dias | <strong>Edição</strong> de<br />

Fotografia: Mari Fonseca | Direção de Arte: Ana Cláudia Garcêz | Revisão: Ana Beatriz Noronha RETINA<br />

- Produção e <strong>Edição</strong>: Rayanne Resende | Texto: Douglas Gomides | Fotografia: Douglas Gomides, Lucas<br />

Borges, Mayara Gouvea e Sophia Figueiredo | Diagramação: Dalila Carneiro | <strong>Edição</strong> de Fotografia : Rodolfo<br />

Gregório | Direção de Arte: Mateus Fagundes | Revisão: Rodolfo Gregório REFRÃO, POLTRONA e PRÓLOGO<br />

- Produção e <strong>Edição</strong>: Fábio Seletti | Texto: Lucas Lameira, Mateus Fagundes e Simião Castro | Fotografia:<br />

Simião Castro | Diagramação, Direção de Arte e Revisão: Raísa Geribello, Olívia Mussato e Sophia Figueiredo |<br />

<strong>Edição</strong> de Fotografia: Lucas Borges<br />

Supervisor de diagramação e arte: Simião Castro | Supervisor de <strong>Edição</strong> de Fotografia: Fábio Seletti |<br />

Supervisora de Revisão: Luiza Lourenço | Produção de Imagens: Lucas Lameira<br />

Endereço<br />

Rua do Catete 166, Centro, CEP 35420-000, Mariana-MG<br />

Tiragem: 1.500 exemplares<br />

Novembro 2<strong>01</strong>1<br />

Impressão: Gráfica Conceito<br />

Cartas do leitor: Para comentar as matérias ou sugerir pautas para a nossa próxima edição, envie e-mail para<br />

revistacuringa@icsa.ufop.br<br />

Projeto Gráfico:<br />

Allãn Passos<br />

Lucas Lameira<br />

Luiza Lourenço<br />

Simião Castro<br />

e<br />

x<br />

p<br />

e<br />

d<br />

i<br />

e<br />

n<br />

t<br />

e


p. 16<br />

Tamanho de gente,<br />

passo de formiga<br />

p. 6<br />

p. 22<br />

Sexo e corpo com<br />

Amadeu Roselli<br />

Por detrás do sorriso<br />

dezembro de 2<strong>01</strong>1


p. 12<br />

Para além do ensino<br />

p. 26<br />

Café, foto e<br />

prosa<br />

p. 28<br />

Refrão<br />

p. 29<br />

Poltrona<br />

p. 10<br />

Viaje com pouca<br />

grana<br />

p. 30<br />

Prólogo


Trocando cartas com Amadeu Roselli<br />

vá se<br />

FODER!<br />

Texto Luana<br />

Viana e Marcelo<br />

Quintino<br />

<strong>Edição</strong> gráfica<br />

Allãn Passos<br />

arquivo pessoal<br />

Entre quatro paredes (ou não) um casal hétero transa. O<br />

homem pede à parceira para fazer sexo anal. Ela, inicialmente,<br />

se esquiva, mas o parceiro resolve esclarecer as coisas. Ele quer<br />

que a parceira faça sexo anal, nele. Não, você não leu errado,<br />

ele quer ser penetrado. O estranhamento e o questionamento<br />

da nossa mocinha talvez sejam iguais aos seus agora: “mas ele é<br />

gay?”. Não, não é!<br />

Nesta segunda edição da <strong>Revista</strong> <strong>Curinga</strong>, conversamos com<br />

o Dr. Amadeu Roselli Cruz sobre os tabus do sexo. Nosso<br />

entrevistado é professor da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais, Doutor em Lingüística – Análise do Discurso e Mestre em<br />

Psicologia.<br />

Se prepare, se desnuda de seus preconceitos, toque e olhe de<br />

perto nossa entrevista e vá se foder (no bom sentido, é claro!).<br />

fotos: fernando gentil<br />

6<br />

ilustração: simião castro<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


CURINGA: Há algum tempo<br />

houve uma abertura nos assuntos<br />

relacionados ao sexo,<br />

mas ainda há um preconceito<br />

e certo medo de falar sobre o<br />

assunto, como se um tabu estivesse<br />

implícito no termo. Para<br />

o senhor, até onde é válido e<br />

importante falar de sexo?<br />

ROSELLI: Sempre, enquanto<br />

houver vida, será necessário<br />

falar sobre sexo. Sexo é vida. E<br />

é um dos principais prazeres da<br />

humanidade. Por isso é também<br />

fruto de repressão. E mitos e<br />

preconceitos. Por isso, educar,<br />

tratar e praticar com segurança<br />

e oportunidade o sexo será<br />

sempre importante.<br />

C: O senhor acha que as<br />

crianças devem, desde cedo,<br />

conhecer “termos sexuais”<br />

como: masturbação, menstruação,<br />

gozo, homossexualidade,<br />

etc, e saber o real significado<br />

disso tudo?<br />

R: Não. Esse conhecimento<br />

só deve ser fornecido para as<br />

crianças na medida em que elas<br />

se interessem pelo tema.<br />

“<br />

Enquanto houver<br />

vida, será necessário<br />

falar sobre sexo<br />

C: Essas crianças e adolescentes vivem cada<br />

vez mais cedo a autodescoberta e a descoberta<br />

do outro, no sentido físico. Isso pode parecer<br />

precoce e de certa maneira vulgar. O senhor<br />

acha que esse “vasculhamento“ do corpo alheio<br />

ajuda no crescimento pessoal, social e intelectual<br />

dos pequenos?<br />

R: A mídia antecipa o conhecimento da sexualidade<br />

mais precocemente do que seria saudável.<br />

Assim, a educação sexual, o conhecimento do outro<br />

e de si próprio acabam sendo necessariamente<br />

antecipados. No caso é melhor informar do que<br />

abandonar o assunto com os mais jovens.<br />

C: Os adolescentes, ainda precisam de ajudas<br />

externas e experiências na fase da descoberta<br />

do sexo, provindas, por exemplo, da falta<br />

de dialogo em casa, ou timidez. Acredita que o<br />

anseio de “conhecimento”, resulta em problemas<br />

como gravidez precoce ou infecção com<br />

algumas doenças?<br />

R: Na medida em que a informação sexual<br />

chega muito precoce ao jovem, esta o pegará cada<br />

vez mais em situação de imaturidade corporal,<br />

afetiva e sexual. Com isso, aumentará a possibilidade<br />

de problemas de compreensão quanto à sua<br />

sexualidade.<br />

7<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


C: O movimento homossexual<br />

vem se destacando no<br />

que diz respeito à conquista<br />

de espaço e respeito. Essa luta<br />

ajuda, também, os adolescentes<br />

que se descobrem gays e<br />

vivem reprimidos, escondendo<br />

sua orientação da sociedade?<br />

Esses jovens estão abarcados<br />

na causa gay?<br />

R: Os movimentos homossexuais<br />

têm ajudado muito os jovens<br />

que ainda não assumiram<br />

sua sexualidade com responsabilidade<br />

e certeza.<br />

C: Muito se fala da generalização<br />

do gênero, como se<br />

fosse necessário um “rótulo”<br />

para cada um se identificar<br />

a alguma tribo. Mas o que se<br />

vê são pluralidades cada vez<br />

menos harmônicas. O que você<br />

pensa sobre isso?<br />

R: A sociedade se divide em<br />

tribos. Cada tribo porta uma<br />

característica. E as características<br />

sexuais podem ser determinantes<br />

para o pertencimento a<br />

tribos. E isso é saudável se houver<br />

respeito para com as outras<br />

tribos e critérios de convivência<br />

entre elas.<br />

C: É possível uma relação<br />

saudável entre a religião e o<br />

sexo? Até as mais extremistas?<br />

Como isso pode acontecer?<br />

R: Sim... é possível. Depende<br />

da religião. Elas têm as mais<br />

variadas posturas quanto à<br />

sexualidade.<br />

C: Você acha que um relacionamento sério<br />

deve vir acompanhado pela monogamia? Quando<br />

a busca pelo prazer invade a fidelidade?<br />

R: Cada um sabe o que lhe é melhor. E deve<br />

buscar por um companheiro que compartilhe essa<br />

filosofia. Não há modelos corretos e modelos errados.<br />

Há apenas modelos a serem compartilhados.<br />

A fidelidade deve ser devotada a si mesmo e ao<br />

modelo adotado.<br />

“<br />

Em sexo tudo é<br />

possível<br />

”<br />

C: Algumas pessoas têm certo pudor em falar<br />

de assuntos como o sexo anal. Quando um casal<br />

deve entrar nesse assunto? E quando acontece o<br />

contrário, o parceiro que pede o “fio terra”, isso<br />

está ligado à homossexualidade ou não?<br />

R: O casal deve discutir isso sempre que achar<br />

necessário. Em sexo tudo é possível desde que<br />

não haja dor nem humilhação. Isso vale para sexo<br />

anal e fio terra. Fio terra não tem nada a ver com<br />

homossexualidade. É apenas mais uma exploração<br />

do corpo em busca do prazer. Homossexualidade<br />

é desejar alguém do mesmo sexo.<br />

8<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


C: Muitos pensam que<br />

não se pega ou se transmite<br />

Doenças Sexualmente Transmissíveis<br />

– DSTs pelo sexo oral.<br />

Como há o contágio de DSTs<br />

por meio do sexo oral?<br />

R: Bactérias e vírus presentes<br />

no órgão sexual podem contaminar<br />

a gengiva e a língua,<br />

laringe, faringe do parceiro. A<br />

falta de higiene pode gerar isso.<br />

C: Qual é a diferença entre<br />

orientação sexual e identidade<br />

de gênero?<br />

R: As duas expressões se<br />

confundem na população. Identidade<br />

de gênero diz do aspecto<br />

observável das atitudes sexuais<br />

de alguém como heterossexual,<br />

homossexual ou ambíguo. Diz<br />

daquilo com que a pessoa se<br />

identifica. A orientação sexual é<br />

um processo externo ao indivíduo.<br />

Diz respeito à educação<br />

que é dada a ele pela família e<br />

escola quanto às identidades<br />

que podem ser assumidas.<br />

C: É possível engravidar tomando<br />

a pílula do dia seguinte?<br />

Se sim, como?<br />

R: Sim, dependendo do tempo<br />

em que ela foi tomada após<br />

uma relação desprotegida.<br />

C: Existe o ponto G? Como encontrá-lo?<br />

R: Não, ele não existe. Nunca foi encontrado.<br />

Não é científico referir-se a ele. O agradável da<br />

história é procurá-lo no corpo da mulher. Isso dá<br />

muito prazer para ambos.<br />

C: Qual é a dúvida mais freqüente entre os<br />

jovens sobre sexo?<br />

R: Entre os homens é saber sobre o tamanho<br />

“normal” do pênis. Entre as mulheres é saber<br />

sobre se há dor na primeira relação sexual.<br />

C: E quais são as respostas para estas dúvidas?<br />

R: O pênis médio do homem brasileiro tem entre<br />

12 e 14 cm. Um pênis de seis cm já é capaz de<br />

manter relações sexuais satisfatórias. Pênis acima<br />

de 20 cm já podem começar a ter problemas para<br />

penetração. A vagina é um órgão muito elástico<br />

que se distende com a excitação sexual e se acomoda<br />

para envolver o pênis. Há posições sexuais<br />

onde a mulher pode comandar o quanto do pênis<br />

ela quer que penetre nela e assim não haverá<br />

problemas. Dor poderá ou não haver. Em primeiro<br />

lugar é raro sentir dor e, depois, a mulher se for<br />

bem excitada nas preliminares, e souber escolher<br />

as melhores posições para a penetração nela, não<br />

haverá dor nenhuma. Para isso é necessário ter<br />

educação sexual na família e na escola.<br />

Rapidinhas<br />

O Brasil aparece em segundo lugar no ranking<br />

dos que perdem a virgindade mais cedo, com<br />

17,4 anos, em média. O País fica atrás apenas da<br />

Áustria, onde a primeira relação sexual acontece<br />

com 17,3 anos, segundo a pesquisa The Face of<br />

Global Sex 2007.<br />

Os Indianos tinham a crença de que a masturbação<br />

acarretava perda de energia vital e evitavam<br />

a prática para se sentirem mais fortes.<br />

No Império Romano, era comum o homem se<br />

masturbar horas antes da relação sexual para<br />

retardar a ejaculação no coito com a parceira. A<br />

prática é indicada até hoje para o tratamento da<br />

ejaculação precoce.<br />

A entrevista na íntegra está no disponível em curinga.ufop.br<br />

9<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Mochilão<br />

Conheça o Brasil<br />

Viajar é uma das formas de lazer mais importantes no país. No<br />

entanto, os altos preços das passagens e das atrações turísticas<br />

podem tornar inviáveis uma viagem, principalmente para o jovem<br />

universitário. Com algumas dicas da <strong>Curinga</strong> você verá que é<br />

possível ir para qualquer destino do Brasil a um preço razoável.<br />

Créditos da reportagem<br />

TEXTO Enrico Mencarelli, Lorena<br />

Caminhas e Thales Lelo<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Mayara Gouvea<br />

Fotos: divulgação<br />

Floresta Amazônica -AM-Norte<br />

Na região Norte está a Amazônia, a maior floresta tropical<br />

do mundo. Uma tendência é o desenvolvimento do<br />

turismo sustentável e do ecoturismo. Aos interessados em<br />

conhecer esse paraíso, o passeio será de barco. Durante a<br />

estação da cheia é possível passear de voadeira - uma lancha<br />

de pequeno porte - pelos Igarapés de terra firme do Parque<br />

Nacional do Jaú, onde os visitantes também poderão se<br />

surpreender com as Ariranhas que vivem por lá. Durante a<br />

seca, uma boa pedida é o turismo pelo rio Pauini e suas cachoeiras.<br />

Para os mais aventureiros são comuns os passeios<br />

noturnos com focagem de jacarés e outros animais.<br />

Floresta Amazônica -AM-Norte<br />

A região Centro-Oeste é caracterizada pelas paisagens<br />

naturais ricas em diversidade de fauna e flora. Por isso o<br />

turismo na região é focado no ecoturismo e na prática de<br />

esportes de aventura. No Mato Grosso, os principais atrativos<br />

são os paredões rochosos, grutas, cachoeiras e as águas<br />

termais e cristalinas. Em Goiás, os destinos mais comuns são<br />

o Parque Nacional das Emas e da Chapada dos Veadeiros. O<br />

Mato Grosso do Sul é procurado pela região do Complexo do<br />

Pantanal e pelo Parque Nacional da Serra da Bodoquena.Para<br />

aproveitar a natureza exuberante desta região a baixo custo<br />

é necessário se atentar a dicas importantes. Como o ecoturismo<br />

exige o contrato de um guia, procurar o portal turístico é<br />

uma ótima opção, pois os preços são tabelados. Passeios para<br />

grupos também costumam ser mais baratos nestas regiões.<br />

Com relação à hospedagem, as pousadas e fazendas costumam<br />

ser mais baratas que os hotéis e resorts.<br />

Bonito-MS-Centro-Oeste<br />

Bonito-MS-Centro-Oeste<br />

10<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


...gastando pouco<br />

Vila de Santo Antônio - BA - Nordeste<br />

Desviando de Salvador, esconde-se entre dunas e coqueirais<br />

um lugarejo pertencente ao município Mata de São João,<br />

a vila de Santo Antônio, um paraíso no litoral norte da Bahia,<br />

que conta com a hospitalidade dos moradores para acomodar<br />

os visitantes em aconchegantes chalés ou na área para<br />

camping. No sudeste do Piauí está um dos mais importantes<br />

patrimônios culturais pré-históricos, o Parque Nacional Serra<br />

da Capivara. A preservação da caatinga faz cenário para a majestosa<br />

geologia local, saltando aos olhos chapadas e cânions.<br />

No Sudeste encontramos desde o famoso Corcovado, no Rio de Janeiro,<br />

até os museus de Ouro Preto, em Minas Gerais, onde o patrimônio cultural é<br />

muito vasto, com igrejas e vários pontos históricos, muitos deles com visitação<br />

gratuita. Recentemente, está funcionando, a todo vapor, o Parque Horto<br />

dos Contos, uma espécie de oásis natural que atravessa e percorre o centro de<br />

Ouro Preto.Há várias alternativas para hospedagem. Além dos hotéis, pousadas<br />

e hostels, as repúblicas estudantis oferecem abrigo a um preço razoável,<br />

com uma média de R$ 50,00 a diária. Os aventureiros podem desfrutar das<br />

várias cachoeiras do município e seus distritos, como a dos Namorados e Três<br />

Pingos, localizadas em Lavras Novas. Outra opção é o Parque do Itacolomi,<br />

onde podem ser admirados vários tipos de vegetação e uma fauna muito rica.<br />

Foto: enrico mencarelli<br />

Ouro Preto-MG-Sudeste<br />

Blumenau-RS-Sul<br />

Mais dicas em<br />

www.revistacuringa.ufop.br<br />

O frio característico do Sul é um convite aos jovens que<br />

pretendem conhecer as delícias de cidades marcadas pelas<br />

imigrações italiana e germânica e por tradições derivadas<br />

principalmente da cultura europeia. Dentre as muitas opções<br />

de viagem, uma interessante dica é Blumenau, em Santa<br />

Catarina, sede de uma das mais clássicas festas da cerveja<br />

do país, a Oktoberfest, realizada todos os anos no mês de<br />

outubro. Hospedando-se na cidade, o turista poderá conhecer<br />

Brusque e Pomerode, redutos da cultura alemã que ficam a<br />

aproximadamente 40 km de distância de Blumenau. Saindo<br />

de ônibus, as passagens para estes dois municípios saem em<br />

torno de R$8,00. No quesito valores de hospedagem, Blumenau<br />

também tem preços razoáveis para o bolso do viajante,<br />

com diversos hotéis com diárias entre R$75,00 e R$100,00.<br />

11<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Outro Campus<br />

Não haverá aula. Motivo:<br />

Hoje é dia de hobby,<br />

bebê!<br />

TEXTO Sabrina Carvalho<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Fernando Gentil, Luana Viana e Marcelo<br />

12<br />

Ricardo Frei e o<br />

Aparelho<br />

Um docente da Universidade<br />

Federal de Ouro Preto que<br />

divide seu tempo entre as salas<br />

de aula e as atividades paralelas<br />

é professor de jornalismo<br />

Ricardo Lima Frei. Formado<br />

pela Universidade Federal de<br />

Minas Gerais em Comunicação<br />

Social, seu currículo acadêmico<br />

inclui mestrado em História e<br />

passagem pelo Conservatório de<br />

Músicas da UFMG, pela Fundação<br />

de Educação Artística de<br />

Minas Gerais e pelo Centro de<br />

Formação Artística do Palácio<br />

das Artes.<br />

Criado em uma família de<br />

músicos, seu interesse pela<br />

arte veio antes da decisão de se<br />

tornar professor, influenciado<br />

por seus pais quando ainda era<br />

criança em Belo Horizonte. Quando resolveu dar<br />

aulas, Ricardo conciliou as duas carreiras e leva as<br />

duas profissões até hoje.<br />

Hoje, o professor que é vocalista de uma banda<br />

chamada Ricardo Frei e o Aparelho. O grupo<br />

musical toca canções brasileiras com pitadas de<br />

jazz e rock, seguindo influencias de Arnaldo Antunes,<br />

Chico Buarque, Ary Buarque, Ary Barroso,<br />

Roberto Carlos, Los Hermanos e outros nomes<br />

conhecidos.<br />

Na Ufop, Frei se tornou conhecido dos alunos<br />

por suas aulas de teorias, ética, jornalismo cultural<br />

e técnicas de expressão vocal. Mas também é<br />

conhecido pelos vários festivais e eventos em que<br />

ele se apresenta.<br />

Quando perguntado qual das duas paixões<br />

seria a escolhida, caso houvesse que optar por<br />

apenas uma delas, o professor não sabe responder.<br />

“Ainda não precisei me decidir entre as salas<br />

de aula e os palcos, mas confesso que não saberia<br />

o que fazer. Ambas se tornaram uma espécie de<br />

necessidade”, afirma Ricardo, que espera nunca<br />

precisar fazer essa escolha.<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


A licenciatura é uma profissão marcada pela paixão daqueles<br />

que a praticam. A carreira necessita de tempo e dedicação em<br />

período quase integral para que as aulas ganhem qualidade. Isso<br />

sem contar os anos de estudos com pós-graduação, mestrado e,<br />

na maioria das vezes, até o doutorado, no caso dos professores<br />

universitários.<br />

Mesmo com tanto tempo de dedicação à profissão, muitos<br />

docentes ainda encontram espaço em seus dias para se dedicarem<br />

a outras paixões. O esporte, a musica, o artesanato e o serviço<br />

voluntário são apenas alguns exemplos de atividades exercidas<br />

com excelência por esses profissionais nas horas vagas. Na<br />

Universidade Federal de Ouro Preto, assim como em outras<br />

instituições, vários professores conciliam a rotina sala de aula,<br />

a dedicação a família e essas paixões paralelas. Conheça agora<br />

alguns exemplos dessa “jornada dupla” dentro da Ufop.<br />

foto: Lucas Lameira<br />

Conhecendo o mundo<br />

Praticar uma atividade<br />

diferente de lecionar é possível<br />

principalmente quando proporciona<br />

bem estar, além de oferecer<br />

a oportunidade de conhecer<br />

novos lugares. É o caso da<br />

professora de jornalismo Sônia<br />

Pessoa, que pratica trekking há<br />

15 anos.<br />

O esporte é constituído de<br />

provas onde os participantes<br />

percorrem trilhas preestabelecidas<br />

em planilhas que<br />

fornecem informações como<br />

figuras representativas sobre o<br />

caminho, direções para navegação<br />

por bússola, velocidade de<br />

caminhada e comprimento dos<br />

trechos. Os desenhos ajudam<br />

a identificar o percurso a ser<br />

seguido, além de ajudar o atleta<br />

a não se perder.<br />

Sônia iniciou as caminhadas<br />

de longa distância em 1996, por<br />

influência do marido, Márcio<br />

Santos, que é pesquisador. Por<br />

causa da profissão, ele fez inúmeras<br />

caminhadas pela Estrada<br />

Real, sendo que algumas delas<br />

duraram um mês.<br />

As primeiras caminhadas da<br />

professora foram mais curtas e<br />

em locais próximos a Belo Horizonte,<br />

como a Serra do Cipó,<br />

Caraça, Glaura e Acuruí, próximo<br />

a Ouro Preto, entre outros.<br />

De acordo com Sônia, a<br />

oportunidade de realizar caminhadas<br />

em locais conhecidos<br />

mundialmente e considerados<br />

paraísos do trekking, surgiu<br />

entre 98 e 99. Nesse período, o<br />

casal esteve no Kings Canyon,<br />

na Austrália, e no Milford<br />

Sound, na Nova Zelândia.<br />

A professora cita a trilha do<br />

Monte Anapurna, na Cordilheira<br />

do Himalaia como a mais<br />

inesquecível das trilhas. Foram<br />

quatro dias de caminhadas.<br />

Lá, se hospedaram na casa de<br />

moradores que já possuíam<br />

uma logística para receber os<br />

caminhantes. ‘’Nas paisagens<br />

maravilhosas, alternavam dias<br />

de sol forte em meio a montanhas<br />

nevadas’’, descreve Sônia.<br />

Seu objetivo é fazer a trilha<br />

Inca no Peru, sonho que pretende<br />

realizar assim que possível.<br />

‘’Cada um escolhe o trekking<br />

por um motivo especial; pode<br />

ser esportivo, espiritual ou simplesmente<br />

por curiosidade. O<br />

fato é que, independentemente<br />

do motivo, o trekking faz bem<br />

para o corpo e para a alma’’,<br />

afirma Sônia.<br />

13<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


De mãe para filha<br />

A professora de rádiojornalismo, Nair Prata,<br />

não tem intimidade com o microfone apenas<br />

nos estúdios. A ex radialista tem a música como<br />

seu principal hobby. Desde a adolescência, ela se<br />

dedica à atividade, aprendendo a cantar e a tocar<br />

violão sozinha.<br />

O gosto pela música está no sangue da família.<br />

Além dela, o marido e as duas filhas tocam algum<br />

instrumento. Aliás, foi exatamente a música que<br />

uniu o casal. Eles participavam de um grupo de<br />

jovens de Belo Horizonte, onde sempre se apresentavam.<br />

E foi assim que começou o romance.<br />

A história da família com a música só estava<br />

começando. O talento de Nair não se restringe a<br />

interpretação. Ainda no grupo de jovens, ela e o<br />

marido ganharam o primeiro lugar em um festival<br />

de música com uma composição própria. Nem<br />

no dia do casamento, eles deixaram a música de<br />

lado. Foi o próprio noivo que tocou piano para<br />

ela entrar na Igreja. Devido ao envolvimento dos<br />

pais, as filhas tiveram contato com a música desde<br />

cedo. “Desde criança, minha filha mais nova<br />

levantava a tampa do piano e tocava”, lembra.<br />

Apesar de ser um hobby, a música é levada a<br />

sério. Há dois anos, a professora voltou a ter aula<br />

de canto. “Meu objetivo não é ser profissional,<br />

é aprender a cantar” afirma Nair, que segue a<br />

atividade porque se sente bem. Prova disso é que<br />

no ano passado apresentou o show Explícita na<br />

escola em que faz aulas.<br />

E ela não pretende parar por aí. Para o primeiro<br />

semestre do ano que vem, Nair planeja fazer<br />

uma participação especial no show que a filha<br />

mais velha, Yasmim, de 19 anos, esta produzindo.<br />

Além disso, a professora pretende programar<br />

Nair em<br />

apresentação<br />

do show<br />

Explícita<br />

outra apresentação quando as<br />

atividades acadêmicas estiverem<br />

mais tranqüilas.<br />

Além de cantar, Nair também<br />

adora ouvir música, mas<br />

diz não ter um estilo preferido,<br />

sendo muitas vezes influenciada<br />

pelo gosto das filhas. “Tem<br />

fases em que gosto de MPB,<br />

já em outras de ouvir e cantar<br />

Amy Winehouse. Canto e ouço<br />

o que estou a fim”, explica.<br />

fotos: arquivo pessoal<br />

14<br />

Nair e Yasmim<br />

Prata dividem<br />

o palco em<br />

apresentação<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Arquitetura e Rugby<br />

Em alguns casos, essas atividades paralelas<br />

são levadas tão a sério, que são quase consideradas<br />

uma segunda profissão. É o caso do professor<br />

de Arquitetura e Urbanismo Alfio Conti. Nascido<br />

e criado na Itália, ele conheceu o rugby aos 14<br />

anos por meio de um vizinho. Gostou tanto que<br />

treinou com um time da segunda divisão do país<br />

por dois anos, até decidir se dedicar aos estudos e<br />

seguir a carreia acadêmica.<br />

Abandonou a prática do esporte para estudar<br />

em um colégio de tempo integral, mas nunca<br />

deixou de acompanhar os resultados dos campeonatos.<br />

“O rugby me cativou desde o começo por<br />

ser um esporte único. A prática acaba formando<br />

as pessoas, já que os valores praticados no campo<br />

servem para a vida toda”, analisa. Mesmo com<br />

tanta paixão pelo jogo, ser jogador profissional<br />

não era uma opção, já que naquele tempo, o jogo<br />

ainda era considerado apenas amador.<br />

Quando mudou-se para o Brasil em 2000, o<br />

rugby era um esporte praticamente desconhecido.<br />

Depois de cinco anos no país, Conti começou a<br />

treinar com o Belo Horizonte Rugby Clube. Pelo<br />

time, participou de dois torneios a convite da<br />

Federação Fluminense, já que ainda não havia<br />

campeonato estadual em Minas Gerais. Das duas<br />

vezes, alcançaram o segundo lugar. Mas mesmo<br />

com o sucesso, Alfio teve que deixar o time em<br />

2<strong>01</strong>0 quando se mudou para Ouro Preto.<br />

Como professor da Ufop, Conti não desistiu do<br />

esporte. Sabendo que na Universidade havia estudantes<br />

de outros estados como São Paulo, onde<br />

o esporte é um pouco mais difundido, começou a<br />

procurar pessoas interessadas pelo jogo. Encontrou<br />

um grupo de alunos e juntos montaram o<br />

Inconfidentes Rugby, time em que é o treinador<br />

até hoje.<br />

Em pouco tempo, o time começou a participar<br />

de competições, como o Segundo Campeonato<br />

Mineiro de Rugby, conseguindo a oitava colocação,<br />

num total de dez equipes. Ainda participaram<br />

da copa Cidades Históricas e do Campeonato<br />

Mineiro de Seven, composto de duas rodadas.<br />

Originário da Inglaterra, o esporte é coletivo<br />

e marcado por intenso contato físico. No Brasil,<br />

o jogo ainda não é considerado profissional<br />

e segundo Alfio, ainda levará algum tempo até<br />

que a situação mude. Mas para o professor, o que<br />

se aprende no campo é mais importante do que<br />

as conquistas de títulos em si. “Pessoalmente, o<br />

rugby serviu para me formar como pessoa, para<br />

enfrentar os desafios da vida da mesma forma<br />

que se enfrentam os adversários no campo.” Alfio<br />

crê que o esporte pode contribuir para a formação<br />

das novas gerações, pregando valores valiosos<br />

como a lealdade e o respeito.<br />

Talentos reconhecidos<br />

Em Juiz de Fora já existem eventos que divulgam as atividades<br />

paralelas de docentes. A Mostra Professor Também Faz Arte, recebe<br />

cerca de 80 profissionais anualmente. A iniciativa, visa a valorização<br />

do professor e a divulgação de suas produções para o grupo<br />

acadêmico e ao público em geral.<br />

O evento recebe trabalhos divididos em cinco categorias: artes<br />

visuais, dança, literatura, música e teatro. É uma forma de valorização<br />

e reconhecimento da atividade extracurricular exercida pelos<br />

profissionais.<br />

Nas Olimpíadas de Língua Portuguesa, evento conhecido em<br />

todo o Brasil, também existe um espaço para apresentação de<br />

talentos dos professores que levam seus colégios para participarem<br />

do evento.<br />

15<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Capa<br />

16<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


N<br />

HOMO ’<br />

SAPIENS<br />

TEXTO Beatriz Noronha<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Yumi Inoue<br />

“E serão reflorestados os desertos do mundo e<br />

os desertos da alma” (Eduardo Galeano em Direito<br />

ao delírio)<br />

fotos: beatriz noronha<br />

Direito ao delírio. Talvez seja esta a forma mais<br />

justa de olhar adiante, para o cenário dos direitos<br />

humanos no Brasil, com os mesmos anseios<br />

d’alma que guiaram a ode de Eduardo Galeano ao<br />

pensar no novo milênio que se aproximava. Quer<br />

o mundo acabe ou não, para além do misticismo<br />

das proféticas teorias, mais assustadores são<br />

os alarmantes casos de desrespeito aos direitos<br />

humanos mais fundamentais, estes sim, parecem<br />

sinalizar com mais força qualquer espécie de<br />

apocalipse.<br />

“Eu hoje represento a cigarra<br />

Que ainda vai cantar<br />

Nesse formigueiro quem tem ouvidos<br />

Vai poder escutar<br />

Meu grito!” Rita Lee<br />

17<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


18<br />

A cada quatro anos, a Organização das Nações<br />

Unidas – ONU avalia a situação dos direitos<br />

humanos nos países. O Brasil vai assim, em 2<strong>01</strong>2,<br />

passar por este processo chamado Mecanismo de<br />

Revisão Periódica Universal das Nações Unidas.<br />

Desde 2006, o Conselho dos Direitos Humanos<br />

busca um diálogo entre Estados, sociedade civil<br />

e os departamentos da ONU. Este mecanismo<br />

avaliativo constitui ação de análise fundamental<br />

para a identificação das violações dos direitos<br />

humanos. Mas é importante tomar cuidado<br />

com a precipitação da análise qualitativa, ou da<br />

utilização deste mecanismo de avaliação como<br />

via principal para a manutenção da preservação<br />

de direitos. Respeito e reflexão sobre os direitos<br />

humanos passam além de provas ou avaliações.<br />

Reconhecimento e preservação dos direitos não é<br />

ação que entre em jogo de concessões ou que seda<br />

por medo de alguma forma de coerção. Ao menos<br />

assim firma a Declaração Universal dos Direitos<br />

Humanos, e tão naturalmente deveria ocorrer.<br />

Evolução?<br />

Homo Ardipitecus Ramidos. Homo habilis.<br />

Homo erectus. Homo sapiens arcaicus. Homo<br />

sapiens sapiens. Uma linha dita evolutiva, se a espécie<br />

humana não demonstrasse com pensamentos<br />

e ações de violência e intolerância o quanto<br />

parece estar perdendo a capacidade mínima da<br />

percepção dos limites de sua estupidez.<br />

A mesa posta, o Brasil oferece um prato cheio<br />

de contradições. Há longas datas, em ações de<br />

extremismo, casos de violência<br />

aumentam seu aspecto mais<br />

indigesto.<br />

São Paulo recebe todos os<br />

anos expressiva mobilidade de<br />

pessoas na Parada Gay, considerada<br />

a maior do mundo. Em<br />

contrapartida, na cidade em<br />

específico e no Brasil em geral,<br />

aumentam os casos de violência<br />

contra homossexuais.<br />

De acordo com o grupo Gay<br />

da Bahia, em relatório anual,<br />

mais de 3.500 assassinatos por<br />

homofobia aconteceram nos<br />

últimos 30 anos.Somente em<br />

2<strong>01</strong>0 foram 260 homicídios.<br />

Desses, aproximadamente 70%<br />

eram gays, 25% eram travestis e<br />

5%, lésbicas. Um homossexual é<br />

morto a cada 36 horas no país.<br />

Este tipo de crime aumentou<br />

113% nos últimos cinco anos.<br />

Conforme dados do grupo, em<br />

2<strong>01</strong>1, até agosto, foram registradas<br />

144 mortes de gays,<br />

lésbicas e travestis.<br />

Con (tradição)<br />

A preocupação incide no seio<br />

destas contradições. Embora a<br />

união estável entre pessoas do<br />

mesmo sexo tenha sido apro-<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


vada pelo Supremo Tribunal<br />

Federal – STF neste ano, o<br />

índice de crimes hediondos e<br />

intolerâncias exacerbadas contra<br />

a comunidade gay aumentam<br />

de forma alarmante. Não<br />

há lógica possível a ser tateada<br />

neste contexto, e a dificuldade<br />

da aprovação do Projeto de<br />

Lei 122/2006 que criminaliza a<br />

homofobia soa e se configura<br />

como ação inconseqüente.<br />

Segundo representante do<br />

grupo Gay da Bahia, Marcelo<br />

Cerqueira, “a decisão do STF<br />

foi incrível por reconhecer as<br />

uniões gays como núcleos familiares,<br />

que são de fato. Acho<br />

curioso porque o beneficio veio<br />

de onde menos se esperava que<br />

é o Judiciário, considerando<br />

conservador por demais”. Cerqueira<br />

disse ainda que embora<br />

o país tenha caminhado neste<br />

entendimento, o Legislativo e o<br />

Executivo não conseguem avançar,<br />

“os deputados não querem<br />

comprar essa briga com as bancadas<br />

conservadoras”, ressaltou.<br />

E se manifestou contra os casos<br />

de assassinato, “a cada dia um<br />

homossexual é assassinado no<br />

Brasil e não podemos pagar<br />

com a vida o preço dessa orientação sexual”.<br />

Outra questão segue no panorama de assuntos<br />

velados política e socialmente, até que se denuncie.<br />

A relatora especial da ONU para a Moradia<br />

Adequada, a urbanista brasileira Raquel Rolnik,<br />

em boletim oficial, alerta sobre a violação dos direitos<br />

humanos no processo de remoção de comunidades<br />

em função das obras da Copa do Mundo<br />

de Futebol a ser realizada no Brasil, em 2<strong>01</strong>4, e<br />

das Olimpíadas em 2<strong>01</strong>6, no Rio de Janeiro. As<br />

denúncias vieram da falta de transparência do<br />

Poder Público de cidades como São Paulo, Porto<br />

Alegre, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Belo<br />

Horizonte, Natal e Curitiba.<br />

O documento apresentado por Raquel considera<br />

como limitadas as indenizações oferecidas<br />

às comunidades afetadas pelas obras, que, ou já<br />

foram efetuadas, ou já estão em andamento. A<br />

relatora da ONU aponta como consequência o<br />

surgimento de novas favelas e regiões marginalizadas,<br />

com aumento do número de pessoas sem<br />

teto, sem que se providenciem os serviços e meios<br />

de subsistência nas áreas de realocação dessas<br />

famílias. Há o pedido oficial para suspensão das<br />

remoções previstas e das obras em andamento até<br />

que se instaure um diálogo de fato transparente<br />

com a sociedade sobre todo o processo.<br />

‘Mas tinha que respirar!’<br />

O lirismo dos poetas quem sabe possa ser mais<br />

resolutivo que a lógica das leis. A simbologia da<br />

náusea social alimentada pelas violências físicas e<br />

simbólicas, talvez se rompa, feito flor de<br />

19<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Drummond, e de cada morte,<br />

cada dor, cada violação desumana<br />

dos direitos mais individuais.<br />

É assim que parece começar<br />

a funcionar, em São Paulo, a<br />

Secretaria de Justiça e Defesa<br />

da Cidadania, que instaurou<br />

neste ano, até o momento, 40<br />

processos por desrespeito à<br />

Lei Estadual 10.948 de 20<strong>01</strong><br />

que proíbe a discriminação por<br />

orientação sexual. O número já<br />

é maior do que os 33 processos<br />

iniciados em 2<strong>01</strong>0.<br />

Como quem atravessa “o<br />

asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”,<br />

como diria Drummond, há<br />

momentos em que a sociedade<br />

rasga e rompe seus asfaltos.<br />

Deveria, pela nossa dita<br />

capacidade de razão e sensibilidade,<br />

bastar uma boa leitura<br />

da Declaração dos Direitos<br />

Humanos, e sua real vivência.<br />

A parte todos os direitos há<br />

muito negligenciados – quando<br />

não negados – sobrevive o<br />

direito inalienável ao delírio,<br />

como quem em prece, acredita.<br />

A luz do artigo I da Declaração<br />

“Todas as pessoas nascem livres<br />

20<br />

e iguais em dignidade e direitos. São dotadas<br />

de razão e consciência e devem agir em relação<br />

umas às outras com espírito de fraternidade” e<br />

ponto (pronto)<br />

(Re) velar o chumbo esquecido ao<br />

longo dos anos<br />

Certa ocasião o escritor Ivan Lessa constatou:<br />

“A cada 15 anos, o Brasil esquece o que aconteceu<br />

15 anos atrás”. Em certos momentos nenhuma<br />

outra frase é tão propícia: frequentemente políticos<br />

descambam na pilantragem, aparecem em<br />

escândalos, são linchados pela população inconformada,<br />

mas, dali alguns anos, são reelegidos<br />

por essa mesma massa que se mostrava perplexa.<br />

Em contraponto, há vezes em que nosso país<br />

não se mostra tão passivo de desabar no esquecimento,<br />

ou pelo menos tenta não fazê-lo. No<br />

que se refere aos direitos humanos, há aqueles<br />

que compreendem que o seu futuro deve estar<br />

profundamente relacionado ao passado e a memória.<br />

Já existente em mais de duas dezenas de<br />

países – a Comissão da Verdade, órgão federal que<br />

investiga crimes de violações de direitos humanos<br />

durante a ditadura militar, o correspondente a<br />

um impacto positivo nesse frágil cenário nacional.<br />

Já aprovada pelo Senado, e agora passando<br />

pela sanção presidencial, a Comissão da Verdade<br />

será composta por sete integrantes, escolhidos<br />

pela presidenta da República. Em dois anos ele<br />

tem que entrar em vigor. Através de depoimen-<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


tos de testemunhas e pesquisa<br />

documental, o órgão buscará<br />

levantar informações sobre<br />

torturas, desaparecimento e<br />

mortes ocorridas entre 1946<br />

e 1988, além de identificar os<br />

responsáveis pelas violações.<br />

De acordo com o relato do<br />

texto oficial, a Comissão da Verdade<br />

não possui um perfil punitivo,<br />

e as provas obtidas durante<br />

o processo poderão ser utilizadas<br />

no Judiciário por qualquer<br />

pessoa. Busca-se, a partir<br />

da compreensão de algumas<br />

lacunas do passado, substituir<br />

impunidade e esquecimento por<br />

um pouco de conforto àqueles<br />

que foram traumatizados pela<br />

violência, arquitetando um futuro<br />

no qual os direitos humanos<br />

sejam realmente exercidos,<br />

e qualquer violência passe a ser,<br />

de fato, condenável.<br />

Sobre futuro, direito e moralidade<br />

Giulle Vieira da Mata<br />

Quando nos é proposto refletir sobre o futuro,<br />

e em especial sobre a relação entre futuro e respeito<br />

à dignidade humana, devemos começar pelo<br />

deve-ser. O homem não nasceu para o que é. Está<br />

destinado a superar o dado; destinado a buscar<br />

o que deve-ser, a refletir sobre o que é moral, ou<br />

seja, a se impor limites em nome do reconhecimento<br />

de um valor maior: a dignidade do outro.<br />

O raciocínio vale para quem coloca o som alto,<br />

pratica bullying, racismo, homofobia, preconceito<br />

de classe, escravidão, aquele que desrespeita as<br />

regras de trânsito (ou qualquer regra acordada<br />

que vise à proteção do bem-comum), que está<br />

sempre disposto à violência de qualquer tipo.<br />

Por que a moralidade é necessária? Simplesmente<br />

porque o ser humano não existe diante de<br />

personalidades incapazes de impor limite social<br />

ao próprio comportamento. O império do desejo<br />

as comanda, as autoriza a conduzir-se como<br />

poder capaz de neutralizar qualquer um que tente<br />

se defender. Quem cruza o caminho de personalidades<br />

assim é sempre vítima; tem roubada sua<br />

dignidade. E quando falta dignidade o que resta<br />

é a sobrevivência. Todavia, a sociedade em que<br />

vivemos quer nos convencer de que nosso direito<br />

máximo é o direito à sobrevivência. Salário mínimo,<br />

emprego mínimo, justiça mínima, cesta básica,<br />

saúde básica e educação básica. Neste tipo de<br />

sociedade aprendemos a nos ver como seres que<br />

valem pelo têm e não pelo que fazem. Se tenho o<br />

mínimo, meu valor é praticamente nenhum.<br />

Acontece que o homem em seu sentido pleno<br />

(digno!) não se define pelo que tem. Um homem<br />

se reconhece em suas ações. Por isso a palavra<br />

trabalho é tão importante para o homem; este<br />

ser que se define pelo direito de colocar suas<br />

habilidades, seus talentos a serviço do mundo.<br />

O verdadeiro homem é reconhecido por essa sua<br />

capacidade de transformação pública do mundo.<br />

Sua dignidade se constrói na ação; na autonomia<br />

da ação. Mas vivemos tempos de autonomia denegada.<br />

Tempos de “colapso moral”. As ameaças<br />

ao bem-comum se tornaram tão freqüentes que<br />

a consciência do que é bem-comum se perdeu.<br />

Quase coração nenhum se inflama em seu nome.<br />

Acontece que, sem consciência do significado de<br />

responsabilidade pública não há garantias para os<br />

direitos das pessoas.<br />

Nos últimos anos, no Brasil, ideias poderosas<br />

têm sido movidas no sentido de esclarecer<br />

a importância da defesa dos direitos das pessoas<br />

enquanto projeto comum, de todos nós: erradicação<br />

da pobreza, distribuição de renda, combate à<br />

desigualdade social, ao racismo, à violência no lar,<br />

à homofobia; defesa da qualidade da vida urbana,<br />

do meio ambiente, da saúde pública, da educação<br />

(também pública!), da justiça para todos. Essas<br />

ideias merecem eco. Merecem ser colocadas em<br />

prática. A verdade da imagem de homem como<br />

ser capaz de agir em nome do que tem valor<br />

para além dele, em nome da moral, em nome do<br />

coletivo cada vez mais amplo, em nome do futuro<br />

daqueles que ele nem conhece. Mais que nunca é<br />

preciso que essa verdade se inscreva em nós.<br />

21<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Transborda<br />

Tá<br />

rindo<br />

de<br />

quê?<br />

TEXTO Allãn Passos e Luiza Lourenço<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Paulo Dias<br />

Rir movimenta 40 músculos da<br />

cabeça e do pescoço. Rir também<br />

aumenta a oxigenação das células,<br />

tecidos e órgãos, intensifica a<br />

circulação sanguínea e diminui o<br />

risco de doenças cardíacas.<br />

E até mesmo eleva os níveis do<br />

bom colesterol no sangue e reduz<br />

a pressão arterial.<br />

Mas você ri de quê?<br />

Certamente, o humor é um dos<br />

responsáveis pelo seu sorriso.<br />

A <strong>Curinga</strong> te convida a pensar no<br />

humor de uma maneira mais séria.<br />

Foto: Amanda rodrigues<br />

22<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Humor para se pensar<br />

O termo humor surgiu na<br />

Grécia Antiga e era associado<br />

aos quatro fluidos corporais<br />

humanos: sangue, fleuma, bile<br />

amarela e bile negra – responsáveis<br />

pela saúde física<br />

e emocional da pessoa. Mais<br />

tarde, ganhou o significado<br />

que carrega até hoje: a veia<br />

cômica que se disfarça sob uma<br />

aparência de coisa séria. Mas, a<br />

representação dele vai além. O<br />

humor pode ser encarado como<br />

um mecanismo de compreensão<br />

de religiões, culturas, grupos<br />

sociais e profissionais.<br />

São três as teorias gerais<br />

sobre os motivos que provocam<br />

o riso: a da incongruência afirma<br />

que rimos de situações que<br />

fogem do contexto lógico e que<br />

são inesperadas; a da superioridade<br />

sugere que o riso é provocado<br />

por situações que focam a<br />

estupidez ou o erro do outro, ou<br />

seja, rimos porque nos sentimos<br />

mais inteligentes.; a do sufoco,<br />

que coloca o riso como uma<br />

forma de alívio em situações<br />

de nervosismo, tensão ou até<br />

de dor. Porém, os conceitos de<br />

humor variam de acordo com o<br />

contexto, a época e o lugar.<br />

O filósofo francês Henri<br />

Bergson afirma que o riso só é<br />

compreendido junto do contexto<br />

social em que ele surgiu,<br />

dependendo sempre do contato<br />

de uma pessoa com outras. Não<br />

há fórmula para definir o que<br />

é ou não engraçado. Você pode<br />

gargalhar de uma piada que<br />

ouviu durante um papo com os<br />

amigos no bar e, ao reproduzi-la<br />

no seu local de trabalho, ninguém<br />

esboçar sequer um sorriso<br />

de canto de boca. Antes de ficar<br />

desapontado, lembre-se de que<br />

essa variação pode acontecer<br />

até mesmo com você de um dia<br />

para o outro, dependendo das<br />

coisas que você fez, do lugar<br />

onde está ou de quem está<br />

acompanhado.<br />

A socióloga Giulle da Matta<br />

acrescenta que o humor surge<br />

no poder de esclarecimento.<br />

Também apresenta a figura do<br />

Bobo da Corte, que traduz no<br />

Ocidente a importância do humor<br />

na sociedade. O personagem<br />

surge no carnaval, quando<br />

há a suspensão dos poderes<br />

do rei e é ele quem comanda a<br />

corte. E todos tem o passe livre<br />

para ser ou fazer coisas fora do<br />

cotidiano. Essa representação é<br />

criada para a proteção do Bobo<br />

da Corte, já que “ele diz coisas<br />

com a intenção de fazer com<br />

que as pessoas pensem e reflitam<br />

sobre a verdade do mundo,<br />

mas sem ser punido, pois,<br />

teoricamente, ele é um bobo”,<br />

explica a professora.<br />

O humor tem como principais<br />

mecanismos a ironia, a<br />

retórica, a metonímia e a metáfora.<br />

São formas de construção<br />

do discurso que estabelecem<br />

mais afinidade com o humor, e<br />

das quais ele recorre. A socióloga<br />

ressalta a necessidade de<br />

entender que o humor deveria<br />

mover primeiro o raciocínio e<br />

depois então o sentimento.<br />

Anatomia do riso<br />

Localizados no<br />

cérebro, o córtex e<br />

o lobo frontal, são<br />

responsáveis por<br />

mandar estímulos<br />

ao seu corpo,<br />

avisando que algo é<br />

engraçado. Um dano<br />

nessa região e você<br />

será mal-humorado<br />

para sempre<br />

O estudo fisiológico do riso tem<br />

nome próprio: gelotologia<br />

Rir cem vezes equivale a<br />

dez minutos remando<br />

Quando a risada é intensa,<br />

os dutos lacrimais são<br />

ativados e você chora de rir<br />

Músculo Zigomático Maior<br />

é o nome do músculo que<br />

levanta seu lábio superior<br />

na hora da risada<br />

A epiglote fecha a laringe e e o seu<br />

sistema respiratório é interrompido,<br />

fazendo você ficar sem ar de tanto rir<br />

Dir. Arte: Luiza Lourenço | Ilustração: Lucas Lameira | Foto: Amanda Rodrigues<br />

Fonte: HowStuffWorks Brasil, por Marshall Brain.<br />

Em http://saude.hsw.uol.com.br/riso.htm<br />

23<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Foto: Lincon zarbietti<br />

Nariz, traje, cor:<br />

Furreca e o<br />

universo lúdico do<br />

palhaço<br />

E o palhaço, o que é?<br />

O palhaço é uma das mais<br />

simples e tradicionais expressões<br />

do humor. Dia dez de<br />

dezembro comemora-se o dia<br />

dessa figura que fascina através<br />

de uma arte modesta que busca<br />

apenas extrair um sorriso.<br />

“Uma arte pobre, com pouco<br />

recurso traz a beleza. É a simplicidade<br />

e o belo”, diz Eduardo<br />

Dias, o palhaço Furreca.<br />

O fascínio de Eduardo pelo<br />

personagem o levou a arquitetar<br />

um plano para fugir com<br />

um circo que visitou em Belo<br />

Horizonte, sua cidade natal. A<br />

fuga frustrada não diminuiu o<br />

deslumbre pelo nariz vermelho<br />

e os sapatos largos. Foi então<br />

que em 1994, ele começou a<br />

trabalhar com Teatro. A carreira<br />

como palhaço teve seu início<br />

somente oito anos depois. De<br />

lá para cá, foi aluno e professor,<br />

apresentou-se em diversos<br />

lugares: desde pequenos circos<br />

até praças e teatros da Europa.<br />

O longo tempo de atuação o fez<br />

acreditar em uma função social<br />

do palhaço. “A sociedade está<br />

um pouco doente. É muita violência,<br />

depressão, agressividade.<br />

24<br />

O palhaço vem para amenizar<br />

isso e mostrar que nem<br />

sempre é preciso levar tudo tão<br />

a sério”, afirma Eduardo. No<br />

circo, o palhaço chega para vencer<br />

a história do supra-humano,<br />

personificado pelos acrobatas,<br />

malabaristas e equilibristas.<br />

Essas figuras realizam “coisas<br />

impossíveis” e elevam o corpo<br />

para um nível acima de sua capacidade<br />

natural. Já o personagem<br />

de nariz vermelho expressa<br />

a fragilidade humana, passível<br />

de erro.<br />

Eduardo aponta uma super<br />

valorização da figura, a partir<br />

do momento em que as pessoas<br />

generalizam o termo equivalendo-o<br />

à tolice. “Ser palhaço<br />

não é ser tolo. Há um treinamento,<br />

mas não se ensina. Só<br />

se aprimora aquilo que você<br />

nasceu para fazer”, conclui. Um<br />

dos artifícios que aprendeu em<br />

seu trabalho foi o de se inserir<br />

no contexto em que apresenta:<br />

sempre caminhando entre<br />

a plateia antes do espetáculo,<br />

para aprender as expressões<br />

locais, os costumes e os diversos<br />

trejeitos, a fim de transmití-las<br />

na sua apresentação.<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

O ator cita também os tipos<br />

de representação da figura do<br />

palhaço. Há o palhaço Augusto,<br />

aquele que é o bobo, ingênuo<br />

e atrapalhado. Quase sempre<br />

quem se aproveita desta ingenuidade<br />

é o palhaço Branco, o<br />

mais astuto e autoritário. Os<br />

dois atuam em performances<br />

que se completam para gerar<br />

o humor. Exemplo clássico é O<br />

gordo e o magro, representados<br />

por Oliver Hardy (o gordo) e<br />

Stan Laurel (o magro). O outro<br />

perfil é o do palhaço Tramp, que<br />

simula a imagem do vagabundo,<br />

do malandro. Esse modelo<br />

de atuação ficou imortalizado<br />

através do personagem Carlitos,<br />

de Charles Chaplin e em nível<br />

nacional com o grupo Os Trapalhões,<br />

especialmente com o<br />

personagem de Antônio Carlos<br />

Bernardes Gomes, o Mussum.<br />

Furrecas, Risadinhas, Brancos,<br />

Augustos, Tramps, Bozzos,<br />

Carequinhas e Trapalhões,<br />

ser palhaço é uma máscara.<br />

A menor máscara do mundo,<br />

que mesmo pequena é capaz de<br />

sacrificar um momento de tristeza<br />

do artista em prol de uma<br />

conquista: o sorriso da plateia.


De cara limpa<br />

“Nem todo mundo ri, mas<br />

tem sempre alguém que vai<br />

rir”, conta Eduardo Guimarães,<br />

comediante adepto do standup.<br />

Du, como é conhecido, faz<br />

parte da nova geração que aposta<br />

no formato comédia de cara<br />

limpa e nas redes sociais como<br />

instrumento de divulgação e de<br />

termômetro do trabalho.<br />

O Stand-up Comedy ou<br />

Comédia em Pé é um gênero de<br />

se fazer comédia que surgiu nos<br />

Estados Unidos, caracterizado<br />

pela fuga das piadas tradicionais<br />

para o uso de análises<br />

cômicas do cotidiano. Segundo<br />

o site Stand Up Comedy do<br />

Brasil, esse tipo de atuação tem<br />

algumas regras. É proibido ao<br />

comedian (aquele que faz o<br />

stand-up) o uso de maquiagem,<br />

figurino, e cenário elaborado<br />

ou efeitos de som. Só resta ao<br />

comediante o palco, o microfone<br />

e, claro, o público. “É preciso<br />

muita observação, muitos textos<br />

e testes em rodas de amigos<br />

ou via redes sociais. Um método<br />

eficaz é usar o exagero para<br />

trazer o humor”, revela.<br />

A maior aposta desse gênero<br />

é satirizar as questões rotineiras,<br />

inclusive características<br />

físicas ou comportamentais<br />

dos próprios comediantes. Os<br />

precursores desse formato no<br />

Brasil são Zé Vasconcelos e Chico<br />

Anysio. Hoje, fica impossível<br />

enumerar todos os comedians,<br />

prova da disseminação do<br />

estilo. Entretanto, o resultado<br />

desse tipo de apresentação nem<br />

sempre são gargalhadas. Com<br />

o crescimento do stand-up,<br />

intensifica-se a discussão entre<br />

o que é humor e o que é ofensa.<br />

Um dos casos mais recentes,<br />

envolvendo o humorista Rafinha<br />

Bastos e suas declarações<br />

sobre a cantora Wanessa e o<br />

filho dela, divide opiniões entre<br />

população, mídia, críticos e não<br />

há um consenso até mesmo entre<br />

os comediantes. Afinal, cada<br />

um carrega suas impressões<br />

do que vem a ser engraçado ou<br />

não. Para a socióloga Giulle da<br />

Matta, “o humor é uma crítica<br />

social que deve ser levada com<br />

responsabilidade e, quando foge<br />

dessa característica, ele se torna<br />

agressivo e grotesco”. Já Eduardo<br />

acredita que essas situações<br />

são levadas muito a sério. “Todo<br />

mundo quer defender todo<br />

mundo. O preconceito está mais<br />

na cabeça de quem ouve e usa<br />

a piada para acusar, do que na<br />

de quem conta. Não é à toa que<br />

chama piada. É uma situação<br />

inventada que às vezes nem<br />

mesmo o próprio comediante<br />

faria”, ressalta.<br />

Os Eduardos parecem lidar<br />

naturalmente com a missão de<br />

fazer as pessoas rirem e se sentem<br />

responsáveis e gratificados<br />

por oferecer um passaporte ao<br />

imaginário. As pessoas, mesmo<br />

que por poucos instantes, são<br />

desconectadas do mundo real e<br />

dos problemas cotidianos. E é<br />

isso que buscamos por instinto<br />

na televisão, no cinema, no teatro,<br />

no circo ou mesmo em um<br />

grupo de amigos. Algo que nos<br />

cure das sequelas do cotidiano,<br />

pois, como vovó dizia, “rir é o<br />

melhor remédio.”<br />

Sem fantasia: Du e a<br />

comédia escancarada do<br />

Stand-up.<br />

Fotos: Luiza Lourenço e leandro sena<br />

25<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Retina<br />

26<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

TEXTO Douglas Gomides<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Dalila Carneiro<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

FOTO: SOPHIA FIQUEIREDO


SOPHIA FIQUEIREDO<br />

DOUGLAS GOMIDES<br />

DOUGLAS GOMIDES<br />

SOPHIA FIQUEIREDO<br />

LUCAS BORGES<br />

LUCAS BORGES<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

Mais fotos em revistacuringa.ufop.br27<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Refrão<br />

Compositor:<br />

o homem sem rosto<br />

texto Simião Castro<br />

<strong>Edição</strong> Gráfica Raísa Geribello<br />

Milhares de pessoas fazem<br />

aniversário todos os dias. Enquanto<br />

você lê este texto, em algum<br />

lugar do Brasil, sem dúvidas, alguém<br />

está cantando “Parabéns a<br />

você”. Pode-se afirmar sem medo<br />

que esta deveria ser a música número<br />

um no Hot 100, ranking da<br />

Billboard. Mas a pergunta é: você<br />

sabe quem compôs a canção?<br />

A melodia foi criada em 1875<br />

por duas professoras americanas,<br />

as irmãs Mildred e Patricia Smith<br />

Hill. No início da década de 1940<br />

a Rádio Tupi, de Pindamonhangaba,<br />

SP, realizava um concurso<br />

para eleger a versão brasileira da<br />

canção. A vencedora foi Bertha<br />

Celeste Homem de Mello. Mas<br />

por que estamos falando disso<br />

mesmo? Ah, sim! Você conhecia<br />

alguma dessas pessoas? Aliás,<br />

você conhece os compositores<br />

das suas músicas preferidas?<br />

Para o cantor e compositor da<br />

cidade de Lagoa da Prata, região<br />

central do estado de Minas Gerais,<br />

Olavo Lhyz, essa “invisibilidade”<br />

do compositor é inevitável. Já<br />

o compositor belo-horizontino,<br />

Makely Ka, vai além. “Eu acho que<br />

eles [os compositores] não apa-<br />

28<br />

recerem é um processo natural.<br />

Muitas vezes eles nem querem<br />

‘estar na frente’. Acho que a<br />

maioria dos compositores se realiza<br />

por serem interpretados por<br />

grandes intérpretes”, completa.<br />

As maneiras de compor variam.<br />

Enquanto Makely aceita encomendas,<br />

Olavo compõe para si<br />

mesmo. “Não consigo me sentar<br />

e falar: ‘agora vou fazer uma música’.<br />

Tem que ser feeling puro”,<br />

confidencia. No entanto, para<br />

ele, outro cantor interpretar<br />

suas letras é uma contribuição<br />

significativa. “Às vezes a música<br />

não tem o brilho que o intérprete<br />

consegue colocar”, explica.<br />

Makely lembra que muito mais<br />

do que ser reconhecido na rua, o<br />

que pode incomodar o compositor<br />

é não ter seu trabalho valorizado.<br />

“Eu vejo insatisfação por<br />

não receber os direitos autorais<br />

devidos. Ou insatisfação momentânea<br />

por que a sua música tocou<br />

no rádio e seu nome não foi<br />

citado”, argumenta.<br />

No Brasil, o órgão responsável<br />

pela distribuição dos direitos<br />

autorais é o Escritório Central de<br />

Arrecadação e Distribuição - Ecad.<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

Uma sociedade civil, de natureza<br />

privada, instituída pela Lei Federal<br />

nº 5.988/73 e mantida pela atual<br />

Lei de Direitos Autorais brasileira<br />

– 9.610/98. A qual Makely<br />

contesta. “Essa lei é completamente<br />

obsoleta. É de dez anos<br />

atrás. Não dá conta da realidade”,<br />

indigna-se.<br />

Entusiasta da cultura livre,<br />

Makely defende que, se quiser, o<br />

músico deve poder disponibilizar<br />

seu conteúdo da maneira que<br />

bem entender. “É um absurdo<br />

essa lógica da grande indústria de<br />

penalizar as pessoas que estão<br />

ouvindo a minha música. Elas<br />

não estão me roubando nem me<br />

causando prejuízo”, protesta.<br />

Fotos: Simião Castro


Poltrona<br />

pseudo<br />

DOC<br />

TEXTO mateus fagundes EDIÇÃO GRÁFICA sophia figueiredo<br />

Imagens “reais” são costuradas por falas de especialistas. A narração e a forte marcação<br />

temporal descortinam os fatos, desconstruem opiniões, informam o espectador.<br />

Um tipo de ficção que se apropria desta forma de relato, seja para brincar com o espectador<br />

ou mesmo jogar com os limites da sétima arte. Um pseudodocumentário.<br />

O controverso Atividade<br />

Paranormal (2009), dirigido<br />

por Oren Peli, é mais um filme<br />

de suspense/terror que tem<br />

linguagem documental. Na<br />

trama, o casal Micah (Micah<br />

Sloat) e Katie (Katie Featherston)<br />

filma o que seriam<br />

manifestações de um ser<br />

sobrenatural em sua casa. Todas<br />

as cenas são registros do<br />

casal com a “câmera na mão”<br />

ou em cima de algum móvel.<br />

Nem o aviso “agradecemos<br />

ao departamento de polícia<br />

local e as famílias do casal”,<br />

muito menos os dois finais<br />

propostos, salvam o suspense<br />

do tédio. Até tenta, mas<br />

não convence, sequer, como<br />

pseudodocumentário. Como<br />

documentário, então...<br />

Já Zelig (1983), de Woody<br />

Allen, cumpre bem o que promete.<br />

Traz o clássico narrador<br />

que tudo sabe e tudo vê<br />

somado a cenas de “arquivo”<br />

(encenada por atores, obviamente)<br />

e depoimentos de<br />

personalidades reais, como<br />

a ensaísta Susan Sontag, e<br />

o vencedor do Nobel Saul<br />

Bellow.<br />

Tudo para contar a história<br />

de Leonard Zelig (o próprio<br />

Allen), que sofre de um<br />

distúrbio que o faz absorver<br />

as características das pessoas<br />

próximas a ele, um efeito<br />

camaleão. A trajetória desse<br />

histérico personagem passa<br />

por fatos históricos como a<br />

crise de 1929 e a ascensão do<br />

Nazismo na Alemanha. Para<br />

convencer ainda mais, o diretor<br />

fez uso de chroma-key,<br />

a técnica de sobrepor duas<br />

imagens para gerar apenas<br />

uma, inserindo os personagens<br />

da trama em cenas de filmes<br />

reais, além de produzir sequências<br />

com técnicas iguais às<br />

usadas tipicamente na década<br />

de 1980.<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

Atividade Paranormal<br />

(2009) e Zelig (1983) são<br />

exemplos opostos de como a<br />

estética e a técnica documental<br />

podem ser utilizadas por<br />

filmes de ficção. A obra de<br />

Allen é convincente não apenas<br />

no aspecto histórico, mas<br />

também no narrativo, diferente<br />

de Atividade Paranormal,<br />

que não tem trama plausível.<br />

Mesmo diferentes, os<br />

filmes mostram como a arte<br />

sempre foi uma tentativa de<br />

reproduzir a verdade. Convincentes<br />

ou não, evidenciam<br />

que o cinema pode, de<br />

diferentes formas, provocar<br />

questionamentos no público<br />

da poltrona. O principal deles<br />

é: qual o limite entre realidade<br />

e ficção?<br />

29


Prólogo<br />

QUADRINHOS<br />

E LITERATURA<br />

TEXTO Lucas Lameira<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Olívia Mussato<br />

Houve um tempo em<br />

que as histórias em quadrinhos eram<br />

vistas como leitura de lazer que causavam “preguiça<br />

mental”.<br />

Essa visão foi bastante difundida no Brasil durante parte do<br />

século XX quando algumas escolas consideravam as HQs leituras de<br />

conteúdo superficial e, por isso, inapropriadas para a formação do<br />

individuo.<br />

Estes parâmetros mudaram no Brasil e no mundo à medida<br />

que o meio acadêmico e a mídia passaram a reconhecer<br />

os quadrinhos como um relevante veículo<br />

de produção de conhecimento.<br />

No Brasil, a visão das HQs como “veículo alienador” vem enfraquecendo bastante,<br />

não só pelo reconhecimento da capacidade informativa do veículo, mas também pelas<br />

políticas de incentivo governamentais.<br />

Em 2006, o Programa Nacional Biblioteca na Escola distribuiu HQs e livros ilustrados<br />

para escolas públicas, enfatizando as adaptações de obras clássicas da literatura universal<br />

ao público da educação infantil e do ensino fundamental. Essa iniciativa aqueceu o<br />

mercado editorial brasileiro e, na última década, até mesmo editoras que nunca haviam<br />

públicado HQs, passaram a participar de uma corrida desenfreada pela publicação de<br />

adaptações de obras literárias em quadrinhos.<br />

O jornalista Paulo Ramos, em seu livro “Quadrinhos na educação”, relata algumas<br />

das consequências da explosão da produção deste gênero, como a redundância das<br />

publicações, atentando que muitas editoras estão produzindo este gênero somente para<br />

lucrar com o incentivo do governo.<br />

30 30<br />

Entretanto, algumas<br />

destas obras ganharam reconhecimento<br />

por sua qualidade, com destaque para<br />

uma das adaptações de “O Alienista”, vencedora de um<br />

prêmio Jabuti de literatura em 2007, que foi feita pelos irmãos<br />

Gabriel Bá e Fábio Moon.<br />

Ainda que, como conta Paulo Ramos, o Governo continue tateando<br />

no sentido de descobrir qual o papel efetivo das obras em quadrinhos<br />

nos programas de incentivo a leitura, as adapatações literárias<br />

estão criando um novo rumo para o mercado das histórias em<br />

quadrinhos no Brasil. Um mercado editorial que conta<br />

com um público apaixonado, porém<br />

ainda escasso no país.<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


Esportes na Idade Mídia é o<br />

tema do Congresso Brasileiro de<br />

Ciências da Comunicação em 2<strong>01</strong>2.<br />

O encontro anual é organizado<br />

pela Sociedade Brasileira de<br />

Estudos Interdisciplinas da<br />

Comunicação (Intercom) e promove<br />

a troca do conhecimento e<br />

estimula a produção científica<br />

entre mestres, doutores, alunos<br />

e profissionais da área.<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1<br />

31<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1


www.revistacuringa.ufop.br<br />

32<br />

dezembro 2<strong>01</strong>1

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!