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A milagrosa imagem do<br />
Bom Jesus <strong>de</strong> Pirapora<br />
A primeira impressão <strong>de</strong> quem<br />
chega à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pirapora é a <strong>de</strong> estar<br />
entrando em um lugar que não per<strong>de</strong>u a<br />
<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za dos tempos antigos: casinhas<br />
simples e coloridas, coreto no centro da<br />
praça, com a calma benfazeja <strong>de</strong> uma<br />
vida tranquila.<br />
O nome “Pirapora” é <strong>de</strong> origem<br />
guarani e significa “peixe que pula”,<br />
lembrando a época em que o Rio<br />
Tietê, que corta a cida<strong>de</strong>, era límpido e<br />
fornecia o sustento aos habitantes <strong>de</strong><br />
suas margens.<br />
Esta pequena cida<strong>de</strong>, no entanto,<br />
abriga um dos lugares <strong>de</strong> maior<br />
peregrinação <strong>de</strong> todo o Brasil: o<br />
Santuário <strong>de</strong> Bom Jesus <strong>de</strong> Pirapora.<br />
A majestosa imagem que dá<br />
nome ao santuário foi encontrada<br />
milagrosamente em 1725, por um<br />
morador da região, José <strong>de</strong> Almeida<br />
Naves, que, passando pelas margens<br />
do Rio Anhembi, notou algo boiando<br />
encostado a uma pedra. Ao se aproximar,<br />
viu uma bela imagem <strong>de</strong> Cristo flagelado,<br />
em tamanho natural, que impressionava<br />
pela expressiva compaixão.<br />
Des<strong>de</strong> seu achado prodigioso,<br />
a piedosa escultura protagonizou<br />
milagres. Conta a tradição, que na noite<br />
seguinte ao seu encontro, o paiol on<strong>de</strong><br />
ficou guardada foi tomado por um<br />
gigantesco incêndio, mas, para surpresa<br />
<strong>de</strong> todos, enquanto tudo ao redor ardia<br />
em chamas e se transformava em cinzas,<br />
a imagem permaneceu intacta.<br />
Após o ocorrido, José <strong>de</strong> Almeida<br />
levou-a para sua casa e colocou-a em<br />
um altar doméstico, para que o povo<br />
pu<strong>de</strong>sse aí fazer suas preces. Assim,<br />
a popularida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>voção cresceu,<br />
atraindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> doutores até escravos,<br />
que atravessavam o rio sorrateiramente,<br />
para ali buscar proteção e refúgio, em<br />
suas angústias.<br />
Em certo momento, a pequena<br />
capela, construída em honra do Bom<br />
Jesus já não comportava mais a multidão<br />
que ali se reunia e <strong>de</strong>cidiu-se levar a<br />
imagem para a igreja matriz em Santana<br />
<strong>de</strong> Parnaíba. Colocaram-na no carro <strong>de</strong><br />
boi e seguiram caminho. Porém, quando<br />
estavam prestes a <strong>de</strong>ixar Pirapora, o<br />
carro empacou e não houve quem<br />
fizesse as rodas girarem.<br />
De repente, o milagre acontece e<br />
um surdo-mudo solta a voz dizendo:<br />
“A imagem do Bom Jesus <strong>de</strong>ve<br />
ficar em Pirapora”. Todos que<br />
testemunharam o fato ficaram<br />
am<br />
maravilhados e a notícia espalhouse<br />
com rapi<strong>de</strong>z. A partir r <strong>de</strong> então,<br />
gente <strong>de</strong> todos os cantos acorria<br />
para rezar aos pés do Salvador ador<br />
e<br />
incontáveis casos <strong>de</strong> milagres são<br />
contados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> esse dia.<br />
A capela que havia<br />
sido construída no local<br />
<strong>de</strong>u lugar a outra, feita<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, e, em<br />
1845, iniciou-se a<br />
construção da atual<br />
igreja, que até os<br />
dias <strong>de</strong> hoje abriga a<br />
milagrosa imagem.<br />
Segundo informações<br />
da Secretaria<br />
<strong>de</strong> Cultura e<br />
Turismo da cida<strong>de</strong>,<br />
estima-se que cerca<br />
<strong>de</strong> 600 mil pessoas vão anualmente<br />
a Pirapora, fazendo <strong>de</strong>ste santuário<br />
um dos maiores centros <strong>de</strong> peregrinação<br />
no Brasil.<br />
O santuário foi erigido canonicamente<br />
em 1897 e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> essa data os<br />
sacerdotes da Or<strong>de</strong>m dos Premonstratenses<br />
são encarregados <strong>de</strong> zelar pelo<br />
serviço religioso e administrativo do<br />
local.<br />
O Prof. Plinio Corrêa <strong>de</strong> Oliveira,<br />
inspirador da Campanha “Vin<strong>de</strong> Nossa<br />
Senhora <strong>de</strong> Fátima, não tar<strong>de</strong>is!”,<br />
foi gran<strong>de</strong> entusiasta <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>voção e<br />
<strong>de</strong>screveu a impressão que a milagrosa<br />
imagem causa nos fiéis:<br />
“A bela imagem <strong>de</strong> nosso Re<strong>de</strong>ntor,<br />
venerada no conhecido Santuário do<br />
Bom Jesus <strong>de</strong> Pirapora (SP), exprime<br />
bem o estilo <strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong> brasileira.<br />
Não entra nessa afirmação qualquer<br />
conotação nacionalista, mas digo<br />
isso em outro sentido.”<br />
“Assim como a cada pessoa, individualmente,<br />
a Providência Divina<br />
conce<strong>de</strong> graças especiais, muitas vezes<br />
Ela o faz também a uma nação. E<br />
o estilo <strong>de</strong>ssa imagem é o que procura<br />
comover o fiel pelo doce olhar <strong>de</strong><br />
Nosso Senhor Jesus Cristo; ao mesmo<br />
tempo em que Ele sofre por nós, Ele<br />
nos ama e perdoa.”<br />
“Durante a Paixão, São Pedro havia<br />
negado o Divino Salvador três vezes.<br />
Mas um só olhar do Re<strong>de</strong>ntor da humanida<strong>de</strong>,<br />
cheio <strong>de</strong> amor e compaixão,<br />
comoveu o Príncipe dos Apóstolos<br />
e o modificou inteiramente.”<br />
“O povo brasileiro, que é dotado<br />
<strong>de</strong> um temperamento muito afetivo,<br />
po<strong>de</strong> sensibilizar-se pela manifestação<br />
<strong>de</strong> um carinho <strong>de</strong>sinteressado, do<br />
amor que se <strong>de</strong>dica sem esperar retribuição,<br />
por mera bonda<strong>de</strong>. Ao brasileiro,<br />
tal manifestação <strong>de</strong> dileção toca<br />
especialmente.” (*)<br />
(*) Excertos <strong>de</strong> conferência do Prof. Plinio Corrêa<br />
<strong>de</strong> Oliveira, 14 /04/1987, sem revisão do autor.