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GAZETA DIARIO 488

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06 Opinião<br />

Foz do Iguaçu, terça-feira, 23 de janeiro de 2018<br />

Na sinuca de bico<br />

E o nosso intrépido repórter, depois de receber um sinal verde da área de comunicação<br />

da prefeitura, foi cumprir a tarefa. Ao chegar foi emparelhado por três assessores,<br />

nervosos. Um se dizia advogado da entrevistada. Este Corvo teve acesso à gravação e<br />

não gostou nada do que ouviu, a começar pela tentativa de obstrução à informação.<br />

Após o repórter fazer a primeira pergunta, alguém respondeu, no lugar de Inês: "A<br />

entrevista acabou".<br />

Mansur e o<br />

trombone<br />

Phelipe Mansur não perdeu tempo:<br />

usou e abusou das novas<br />

tecnologias, como é o caso do<br />

"zap-zap" (WhatsApp, Facebook e<br />

outras) para denunciar a retomada<br />

da "corrupção no seio da administração<br />

pública".<br />

Apelo<br />

Mesmo sabendo que o imbróglio<br />

se deu no Legislativo, Mansur fez um<br />

apelo ao prefeito Chico Brasileiro<br />

para que a cidade não seja "retomada<br />

mais uma vez pela corrupção".<br />

Pelo visto, o belicismo eleitoral começou<br />

em janeiro.<br />

Espera<br />

Mansur foi para cima do governo<br />

de Foz e tem lá os seus motivos.<br />

Passaram-se dias após a prisão<br />

do Dr. Brito e até ontem, pelo<br />

menos antes do fechamento desta<br />

coluna, Chico não havia dado um<br />

pio sobre o tema; não se sabe<br />

quais providências adotará perante<br />

a suposta fraude ocorrida no<br />

Hospital Municipal, independentemente<br />

da intervenção. Mas será que<br />

o Chico precisa explicar? Ou o silêncio<br />

é uma armadura? O único<br />

ponto vulnerável seria a prisão de<br />

uma servidora, mas surgiu outro fato<br />

certamente de conhecimento do<br />

prefeito: houve o pedido de condução<br />

coercitiva de Inês<br />

Weizemann, devido a um suposto<br />

envolvimento no caso.<br />

Talvez precise<br />

explicar<br />

Pode ser que a explicação do<br />

prefeito se dê por meio de uma medida<br />

administrativa, e isso poderá<br />

ocorrer depois de ele formar opinião<br />

quanto aos documentos sobre<br />

a oitava fase da Operação Pecúlio.<br />

Inês e Brito<br />

Contaram para o Corvo que há<br />

uma séria desconfiança de que Inês<br />

mantenha laços bem profundos<br />

com a suposta organização criminosa<br />

comandada pelo Luiz José de<br />

Brito, vulgo Dr. Brito. Isso parece<br />

que consta do inquérito. Ela, Inês,<br />

teria aceitado o pedido de<br />

contratação de um radiologista,<br />

hoje enrolado no esquema. Vale<br />

aqui lembrar que a confusão começou<br />

na época do governo da dona<br />

Inês. Mas, segundo apuramos, anomalias<br />

administrativas teriam se desenvolvido<br />

durante o tempo em que<br />

Inês está na secretaria.<br />

Trabalhando com<br />

o alheio<br />

Uma das pessoas investigadas, e<br />

segundo informaram a este escriba,<br />

muito citada inclusive no processo,<br />

é ou era chefe de divisão na Secretaria<br />

de Saúde de Foz. A pessoa em<br />

questão seria responsável pelo<br />

credenciamento dos profissionais<br />

médicos e por meio de uma ferramenta<br />

muito importante: a agenda<br />

deles. Com um poder assim, a<br />

investigada teria meios de aumentar<br />

o volume de exames e redirecionálos.<br />

Será que a secretária sabia?<br />

Como se dizia antigamente, "é a<br />

velha estória, que pode virar história":<br />

se a secretária não sabia é<br />

porque estava desatenta ao que<br />

ocorria em sua pasta, portanto<br />

mostrou-se incompetente. E se sabia<br />

era conivente. O bicho pode pegar<br />

no caso de ficar ou de correr.<br />

Joel e Inês<br />

O ex-secretário de Saúde do governo<br />

da dona Inês, Joel de Lima,<br />

também teria participado de uma<br />

oitiva na Polícia Federal, ou MPF.<br />

Pelo menos estava oficialmente<br />

escalado. Joel deixou o governo<br />

meio que quebrando os pratos; saiu<br />

bicudo, com ares de quem não<br />

queria ficar um minuto a mais que<br />

fosse à frente da pasta. Dizia soturnamente<br />

que não compactuava com<br />

"certas coisas". Hoje é Inês que<br />

responde pelo setor.<br />

Inês e a retumbante<br />

corneta<br />

Todo mundo sabe que Inês é queixo<br />

duro, aliás uma de suas características<br />

muito criticadas pelos aliados.<br />

Ela põe medo nos outros quando<br />

fala sobre o que não sabe ou<br />

assunto que não domina. Nessa<br />

orquestra de metais ruidosos, dona<br />

Inês concedeu uma entrevista ontem<br />

ao repórter Bruno Soares.<br />

Perguntas dirigidas<br />

Uma pessoa que se apresentou como<br />

"assessor jurídico" acusou o jornalista de<br />

fazer perguntas "dirigidas", quando na verdade<br />

ele ainda nada havia perguntado.<br />

Bruno questionou se Inês nomeou alguém<br />

a pedido do Dr. Brito, e ela respondeu<br />

que aquilo era "uma viagem".<br />

Bom, imaginamos aqui que a polícia e<br />

o Ministério Público Federal não "viajariam"<br />

num assunto tão delicado. A<br />

contratação de alguém a pedido do Dr.<br />

Brito faz parte de depoimentos. Mas o<br />

fiasco veio antes, quando o repórter quis<br />

saber se ela havia sido conduzida coercitivamente.<br />

"Se a Polícia Federal tivesse<br />

alguma coisa a meu respeito, eles<br />

teriam me levado". Um parêntese: a Polícia<br />

Federal só não levou a secretária<br />

pelo fato de o pedido de "condução<br />

coercitiva" ter sido indeferido; a modalidade<br />

foi proibida, conforme determinação<br />

do ministro Gilmar Mendes. O depoimento<br />

está marcado para o dia 1º<br />

de fevereiro.<br />

Incêndio perigoso<br />

Diante de todos esses fatos e revelações,<br />

Phelipe Mansur pode ter acendido<br />

um rastilho com a possibilidade da<br />

faísca chegar a um barril de pólvora e<br />

que não pertence à prefeitura de Foz, e<br />

sim ao Governo do Estado, interventor<br />

no hospital.<br />

Herança<br />

Chico deve estar pensando bem na<br />

herança que recebeu de Reni Pereira e,<br />

por tabela, de sua comadre política Inês<br />

Weizemann. Ela, ao que parece, ampliou<br />

o campo minado, no lugar de desarmar<br />

as minas. Acabou pisando num artefato.<br />

Este Corvo não possui nariz afiado em<br />

odores, mas há na atmosfera fronteiriça<br />

um cheirinho de fritura. Pode ser que Inês<br />

esteja preparando-se para o carnaval,<br />

com a sua fantasia de "coxinha". Já rolou<br />

na farinha, agora só falta cair no óleo.<br />

Vai ver o inquérito foi que deu o fatídico<br />

empurrão.<br />

E os laudos?<br />

Outra bomba pode complicar a vida<br />

do Dr. Brito, desta vez com o CRM. Ele<br />

teria pedido que uma funcionária,<br />

pessoa inapta, preenchesse laudos de<br />

exames realizados em sua empresa.<br />

Uma baita falta de responsabilidade<br />

com o diploma e o jaleco branco. Os<br />

laudos teriam sido considerados de<br />

"péssima qualidade". Imagina se alguns<br />

desses apontamentos, da forma como<br />

foram preenchidos, estiverem errados?<br />

Laudos, em geral, são utilizados pelos<br />

profissionais da medicina no caminho<br />

para os tratamentos. Do jeito que<br />

fizeram, deve haver pessoas com<br />

problemas no fígado tratando unha<br />

encravada, e aí a encrenca vai pegar<br />

para valer, sobretudo por colocarem<br />

em risco a vida dos pacientes. Brito<br />

poderá responder por negligência, e a<br />

secretária dele, a que fazia os laudos<br />

mequetrefes, por exercício ilegal da<br />

medicina.<br />

Quitação de dívidas<br />

Isto é que deixa este Corvo com o<br />

estômago embrulhado, e olha que esta<br />

ave está acostumada a comer até<br />

carniça. Segundo informações, as<br />

contratações indevidas, e hoje<br />

investigadas, ocorriam para a quitação<br />

de dívidas de campanha! Que disparate<br />

isso.<br />

Cazuza e Caixa<br />

Outra que contaram para o Corvo foi o<br />

caso do afastamento de Cazuza da<br />

Caixa Econômica Federal, onde é<br />

empregado. O funcionário estaria sob<br />

licença médica, mediante um atestado<br />

repassado no Hospital Costa<br />

Cavalcanti, o que romperia a barreira<br />

das cercanias do Hospital Municipal na<br />

Operação Renitência. Quem assinou o<br />

papel está na fila dos depoimentos.<br />

Oftalmologia caolha<br />

Até isso! Segundo teria relatado uma<br />

dessas pessoas enroladas até o pescoço<br />

neste novo caso de supostos atos<br />

de corrupção, um profissional oftalmologista<br />

prestaria serviço no esquema,<br />

mas não atendia nem a metade de<br />

pacientes pelo que recebia. Pelo visto<br />

o CRM terá muito mais trabalho do<br />

que se imagina. E o Comus denunciou<br />

o fato várias vezes.<br />

Criação e criatura<br />

E quem diria, toda essa confusão tem<br />

uma origem: a tal FMS, ou Fundação<br />

Municipal de Saúde, que contribuiu<br />

muito para "afundar" o setor na cidade.<br />

Todos os fatos conturbados ocorreram<br />

por meio dessa obra de arte inventada<br />

no governo do seu Reni Pereira. Que<br />

barbaridade!

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