Edição Janeiro/Fevereiro - 2018
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NOVIDADES<br />
NO PRÊMIO RF<br />
<strong>Janeiro</strong> / <strong>Fevereiro</strong> <strong>2018</strong> - R$ 31,50<br />
São Paulo não pode parar<br />
Governo colhe os frutos do plano<br />
de expansão da rede a longo prazo
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DE CONCRETO<br />
Referência no mercado<br />
há 77 anos, presente em<br />
grandes projetos, com<br />
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editorial<br />
Pensar e planejar a forma como as pessoas se movimentam em<br />
cidades com mais de 1 milhão de habitantes é dever e obrigação de<br />
qualquer governante. São Paulo, com mais de 20 milhões na região<br />
metropolitana, sabe disso como poucas. Se não pensar, não fizer<br />
projeto, não conseguir financiamento e não executar obras para<br />
expansão de trens e metrôs, a cidade simplesmente para. Daí manter<br />
uma frequência na carteira de financiamentos do BNDES para<br />
expansão do sistema sobre trilhos. Mais 34 quilômetros de vias e 20<br />
novas estações não saem da cartola de uma hora para outra.<br />
Anual: R$ 149,00<br />
ASSINE www.revistaferroviaria.com.br<br />
6 edições, newsletter e acesso ao site<br />
Ano 79 - <strong>Janeiro</strong> / <strong>Fevereiro</strong> de <strong>2018</strong><br />
Revista Ferroviária é uma publicação da<br />
Editora Ferroviária Ltda.<br />
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Fabio Hirata<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 3
sumário<br />
Ano 79 - <strong>Janeiro</strong>/<strong>Fevereiro</strong> <strong>2018</strong>
Entrevista<br />
Cleverson Aroeira, do BNDES,<br />
fala sobre os investimentos<br />
nas ferrovias de carga<br />
16<br />
Ferrovia & Startups<br />
Operadoras buscam<br />
expertise e criatividade<br />
tecnológica<br />
22<br />
Malha Paulista<br />
Os próximos passos para a<br />
renovação do contrato<br />
de concessão<br />
26<br />
Prêmio RF <strong>2018</strong><br />
Conheça o regulamento<br />
e as empresas<br />
que concorrem 28<br />
Todas as<br />
locomotivas<br />
Operadoras acrescentaram<br />
58 novas máquinas<br />
à frota em 2017 46<br />
Túnel da Linha<br />
5-Lilás entre as<br />
estações Brooklin<br />
e Borba Gato, do<br />
Metrô de São Paulo.<br />
Foto: Luiz Issao Haru<br />
Pág. 36<br />
VLT do Rio, modelo Citadis (Alstom), estacionado na<br />
Praia Formosa, parada inaugurada recentemente e<br />
que atende às linhas 1 e 2 do sistema.<br />
Foto: Divulgação/VLT Carioca
cartas<br />
Sugestão do leitor<br />
Se me permitem, gostaria de dar uma sugestão<br />
para a produção do levantamento<br />
“Todos os projetos”, feito anualmente<br />
pela Revista Ferroviária. A relação de<br />
projetos poderia ser enriquecida com o<br />
nome das construtoras envolvidas nas<br />
obras. Também seria interessante indicar<br />
o tipo de modelagem de investimento<br />
(público, privado ou PPP).<br />
Antônio Pastori<br />
acdpastori@gmail.com<br />
RF: Obrigada pela dica. Vamos levá-la para a pauta de discussões no momento<br />
em que estivermos produzindo o próximo levantamento.<br />
Pela volta do Blog RF<br />
Escrevi muitas vezes para o Blog da<br />
RF, na época em que o Gerson Toller,<br />
então diretor-executivo da Revista<br />
Ferroviária, estava entre nós. Após<br />
o seu falecimento, muitos deixaram<br />
de postar lá. Frequentemente, acesso<br />
a página com o objetivo de encontrar<br />
algo novo, mas sem sucesso. O<br />
blog é um ótimo local para expressar<br />
ideias, conhecer soluções e por aí<br />
vai. Abraços.<br />
Dagoberto Braga Junior<br />
dagobertobraga@uol.com.br<br />
Retomada das obras<br />
da Transnordestina<br />
Eu me coloco a favor da retomada<br />
das obras da Ferrovia Transnordestina<br />
em caráter de urgência. Sabemos<br />
da importância do projeto para<br />
o desenvolvimento da região e para<br />
a melhoria da qualidade de vida de<br />
milhões de nordestinos.<br />
Julio Cesar Mussi<br />
jcmussi@globo.com<br />
RF: Obrigada pela sugestão. Vamos analisar internamente a viabilidade de<br />
atualizar de forma frequente o Blog RF. Concordamos que é um espaço potente<br />
para a troca de informações e divulgação ferroviária. De qualquer<br />
forma, estamos ativos nas redes sociais (Facebook).<br />
Estação de metrô<br />
em Bom Retiro<br />
Entendo que deva entrar na lista de<br />
projetos de expansão do governo de<br />
São Paulo a implementação de uma<br />
estação de metrô em Bom Retiro. A<br />
instalação desta estação traria muitos<br />
Rodoviários X Ferrogrão<br />
O Brasil precisa de ferrovias, urgente!<br />
É inadmissível que em pleno século<br />
XXI a carga continue seguindo por<br />
rodovia. Num país continental como<br />
o nosso, a ferrovia deveria ser o principal<br />
meio de transporte, para carga<br />
e passageiros. Mas existe um cartel<br />
de rodoviários que visa ao lucro e dá<br />
uma banana para a nação. Absurdo<br />
benefícios, pois além da descentralização<br />
de estações periféricas, como a<br />
da Luz (Linha 1-Azul) e Júlio Prestes<br />
(Linha 8-Diamante, CPTM), irá reurbanizar<br />
uma região extremamente degradada<br />
da cidade.<br />
Luiz Carlos Leoni<br />
leoni.luiz.carlos@gmail.com<br />
os rodoviários criticarem o meio de<br />
transporte mais barato, rápido, que<br />
polui menos, que mata menos, que<br />
não congestiona estradas e cidades<br />
etc. Só o Brasil não investe em ferrovias<br />
e chega disso. É hora de seriedade<br />
e ver que ferrovia é o melhor meio<br />
de transporte que existe.<br />
Aloizio Barros de Souza<br />
aloiziobarros@gmail.com<br />
Errata:<br />
Na última edição, página 25, publicamos<br />
que a Ferroeste possui<br />
cinco locomotivas modelo MX620,<br />
fabricadas pela Locofer. A fabricante<br />
desse modelo de máquina é a<br />
CAF-Emaq.<br />
Para escrever para a Revista Ferroviária<br />
mande um email para:<br />
redacao@revistaferroviaria.com.br<br />
ou escreva para:<br />
Rua Pamplona, 1.465 - Cj. 61/62<br />
CEP 01405-002, São Paulo - SP<br />
6<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
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A MRS Logística alcançou em 2017 a<br />
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transportadas em contêineres.<br />
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expressas Regina Perez<br />
Faltam projetos<br />
O BNDES tem uma linha para<br />
financiar projetos de mobilidade<br />
urbana. É a linha que<br />
tem as melhores condições: o<br />
financiamento pode chegar a<br />
80% do projeto, os prazos são<br />
mais elásticos. São as chamadas<br />
linhas prioritárias: além<br />
de mobilidade, saneamento e<br />
a geração de energias renováveis,<br />
como a eólica. Ainda assim,<br />
a demanda junto ao banco<br />
financiador é baixa. Faltam<br />
projetos, como constata Anie<br />
Amicci, gerente do Departamento<br />
de Mobilidade Urbana<br />
e Logística do BNDES:<br />
“Tem uma retração do mercado. Houve uma redução de<br />
procura. A nossa curva subiu com a chamada de projetos<br />
olímpicos e também os da Copa. E agora, por conta tanto<br />
de restrição na capacidade de endividamento dos Estados,<br />
como por conta dos grandes atores nessas questões de<br />
Lava-Jato. Isso teve um impacto na mobilidade.”<br />
O Rio de <strong>Janeiro</strong> se beneficiou das Olimpíadas e aqueceu a<br />
carteira da área de mobilidade do BNDES com a expansão do<br />
Metrô, o VLT e os corredores de BRT. Mas o estado quebrou e<br />
por falta de garantias não consegue contratar R$ 989 milhões de<br />
financiamento já aprovado para a Linha 4, que leva à Barra da Tijuca.<br />
Poderia ser usado na estação Gávea que não foi construída?<br />
“O financiamento era para a Linha 4 como todas as<br />
vias e estações. O Estado é que priorizou a ligação que<br />
ele chamava de Olímpica, que era da General Osório<br />
até o Jardim Oceânico. Foi uma decisão do Estado<br />
priorizar esse trecho, porque era o que ia ser utilizado<br />
pelos turistas para chegar ao Parque Olímpico. Mas o<br />
que ficou faltando contratar é porque não foi viabilizada<br />
a garantia da União. Então, existe um financiamento<br />
que foi aprovado e não foi contratado.”<br />
A concessionária que opera o Metrô Rio, liderada pela<br />
Invepar, não tem nada na carteira do banco?<br />
Foto: André Telles<br />
Anie Amicci, gerente de Mobilidade do BNDES<br />
A Supervia, concessionária da Odebrecht<br />
Transport que opera o sistema de trens no Rio,<br />
também recebeu trens chineses comprados pelo<br />
governo do Estado. E paralelamente, pegou no<br />
BNDES um financiamento de R$ 1,6 bilhão.<br />
O valor foi usado na aquisição de trens Alstom<br />
com conteúdo local e permitiu a renovação do<br />
contrato de concessão por mais 25 anos.<br />
“É um contrato antigo. Já foi liberado mais<br />
de 1 bilhão, mas ainda tem investimento a ser<br />
feito, tem uma parte do financiamento que<br />
não foi desembolsada. As estações precisam<br />
de reformas, a segregação da via é precária<br />
porque as pessoas derrubam os muros, invadem.<br />
Eles sofrem muito com as passagens em<br />
nível, o povo desrespeita muito. Ali realmente<br />
o trabalho é árduo e precisa de uma intervenção<br />
do governo do Estado, a rede passa<br />
por muitas áreas de risco.”<br />
O BNDES também está financiando o Metrô de<br />
Salvador, que ficou vários anos paralisado e avançou<br />
em tempo recorde graças à PPP com a CCR. A<br />
mesma que opera com sucesso a Linha 4-Amarela<br />
de São Paulo e acabou de vencer a licitação para as<br />
linhas 5-Lilás e 17-Ouro (monotrilho) do Metrô SP,<br />
pagando R$ 553,88 milhões por 20 anos de concessão<br />
da operação. A obra fica a cargo do governo<br />
de São Paulo, que é o estado com relação mais<br />
constante na área de mobilidade do BNDES.<br />
“Nós temos um relacionamento de longo<br />
prazo com o Estado de São Paulo, que está<br />
sempre buscando investir nessa área. Então,<br />
a maioria das linhas de metrô e a CPTM têm<br />
financiamento do BNDES. A questão do transporte<br />
é complicada principalmente nesse momento<br />
de baixa capacidade de endividamento<br />
do Estado. E não é uma coisa que você diga<br />
que o privado precisa investir e vai dar conta.<br />
Não vai. No mundo inteiro, não é só o privado<br />
que investe. No Brasil não vai ser diferente.<br />
Uma parte da conta é paga pelo setor público.<br />
É importante a vinda do investidor privado,<br />
mas é importante a participação do ente<br />
público, por meio de subsídios, às vezes, nas<br />
passagens, como é comum, não só no Brasil.”<br />
“A estação Cidade Nova, a estação Uruguai, projeto de sinalização, de bilhetagem, tudo isso foi financiado<br />
pelo banco no passado. Hoje, não temos um contrato de desembolso com a concessionária. O Metrô precisa em<br />
breve renovar a frota antiga, porque ele tem uma frota nova que é a dos chineses e uma frota antiga. Os trens<br />
chineses a gente não tinha como financiar por conta do conteúdo local. Agora a frota antiga tem vida útil contada<br />
e não temos nenhum contrato ativo com eles.”<br />
8<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
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Crédito: Divulgação/Alstom<br />
"Nossa missão é<br />
garantir que todos<br />
os componentes<br />
e operações de<br />
trens atendam aos<br />
critérios exigidos<br />
pelos clientes."<br />
Uma rotina intensa de testes<br />
se inicia quando um<br />
trem sai da fábrica montado<br />
para ser entregue ao<br />
cliente. Para ser considerada apta a<br />
operar no transporte de passageiros,<br />
a composição precisa apresentar conformidade<br />
e segurança em diversos<br />
itens, como abertura e fechamento<br />
de portas, freios, rodas, tração e outros.<br />
Tudo é seguido à risca com base<br />
em um manual de procedimentos, no<br />
qual consta uma lista de inspeções<br />
que deve ser observada para garantir<br />
uma operação sem falhas. Na Alstom,<br />
quem dá a palavra final nessa área é o<br />
Luiz Roberto Monteiro Vargas, diretor<br />
de Qualidade e Testes e Comissionamento<br />
na América Latina.<br />
Há 20 anos na empresa, o executivo,<br />
que é engenheiro de formação,<br />
começou como estagiário no departamento<br />
de fabricação<br />
de trens, onde permaneceu<br />
por seis anos.<br />
Seu local de trabalho<br />
à época era a fábrica<br />
da Alstom no bairro<br />
da Lapa, Zona Norte<br />
de São Paulo. Lá ganhou<br />
know-how e experiência<br />
no processo<br />
de montagem dos<br />
trens encomendados<br />
por operadoras da América Latina, incluindo<br />
o Brasil. Após passar por outras<br />
áreas, como a<br />
de Sistemas, Luiz<br />
desembarcou no<br />
departamento de<br />
Testes e Garantias,<br />
onde atua há<br />
oito anos. Nesse<br />
setor, o executivo,<br />
de 41 anos,<br />
gerencia 130 pessoas,<br />
divididas<br />
em duas subáreas:<br />
Qualidade Latina<br />
América e Testes, Comissionamento<br />
e Garantias.<br />
“Nossa missão é garantir que todos<br />
os componentes e operações de trens<br />
atendam aos critérios exigidos pelos<br />
clientes”, resume Luiz. Em média,<br />
os testes estáticos e dinâmicos em<br />
composições que acabaram de sair da<br />
fábrica (incluindo VLTs que, desde<br />
2015, são fabricados<br />
na unidade de Taubaté,<br />
em São Paulo) duram<br />
um mês e tudo<br />
deve ser acompanhado<br />
de perto por representantes<br />
da empresa<br />
que encomendou o<br />
trem. Não por acaso,<br />
o executivo precisa<br />
se ausentar uma vez a<br />
cada mês, para cumprir<br />
compromissos em outros países<br />
da América Latina.<br />
Luiz Vargas, diretor de Qualidade, Testes e<br />
Comissionamento da Alstom na América Latina<br />
Um dos principais projetos do qual<br />
participou foi o chamado Prasa (Passenger<br />
Rail Agency of South Africa),<br />
de revitalização da indústria ferroviária<br />
na África do Sul. O contrato prevê<br />
o fornecimento de 600 trens X’Ttrapolis<br />
Mega ao longo de um período<br />
de dez anos, e as 20 primeiras composições<br />
foram produzidas no Brasil,<br />
na unidade da Lapa. As demais serão<br />
produzidas na nova fábrica que a empresa<br />
está implementando no país<br />
africano. No ano passado, a produção<br />
brasileira para esse projeto foi concluída<br />
e atualmente está sendo realizada<br />
a transferência de tecnologia para que<br />
os funcionários sul-africanos possam<br />
continuar o trabalho. Nos últimos oito<br />
anos, Luiz também esteve envolvido<br />
em projetos de trens para a Argentina,<br />
Índia, além de encomendas para a<br />
Trensurb, SuperVia, CPTM, Metrô de<br />
São Paulo e Metrô de Brasília.<br />
10<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Com os melhores dormentes de aço do<br />
mundo não existem distâncias para o progresso.<br />
Tecnologia e sustentabilidade rumo a um futuro ainda mais promissor.<br />
$ $$<br />
$<br />
Menor custo no assentamento<br />
Economia de 20% de brita por km<br />
Saving 20% of gravel per km<br />
A utilização dos dormentes<br />
de aço nas ferrovias<br />
apresenta vantagens<br />
econômicas, operacionais<br />
e ecológicas em relação aos<br />
de madeira e de concreto.<br />
1 km de dormentes<br />
de madeira<br />
337<br />
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notas<br />
Diretoria da ANPTrilhos toma posse para <strong>2018</strong>/2020<br />
O conselho diretor da Associação Nacional dos Transportadores<br />
de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos)<br />
para o biênio <strong>2018</strong>/2020 tomou posse no início de fevereiro,<br />
em Brasília. O presidente da associação, Joubert<br />
Flores, permanece à frente da entidade, cargo que exerce<br />
desde a fundação, em 2010.<br />
A diretoria é composta ainda por João Gouveia (diretor<br />
executivo); Conrado Grava (diretor de Planejamento);<br />
Harald Zwetkoff (diretor Institucional); José Cláudio Sicco<br />
(diretor de Tecnologia); e José Eduardo Copello (diretor<br />
de Desenvolvimento).<br />
O quadro associativo da entidade é composto pela<br />
CBTU, CCR Metrô Bahia, CPTM, CTB, Metrô de São<br />
Terminal de fertilizantes no MT<br />
Está previsto para ser inaugurado em abril um terminal<br />
de fertilizantes, instalado no Complexo Intermodal de Rondonópolis<br />
(MT), por meio de um projeto idealizado pela<br />
Rumo e JM-Link. O espaço é fruto de um investimento de<br />
R$ 200 milhões das duas companhias até o momento.<br />
No final de 2017, as empresas apresentaram as instalações<br />
a potenciais clientes, que puderam conferir as transformações<br />
no local e compreender os detalhes da proposta. O<br />
Projeto Fertilizantes tem o objetivo de aproveitar o corredor<br />
de exportação entre Rondonópolis (MT) e Santos (SP).<br />
Com uma área de 160 mil m², o terminal de fertilizantes<br />
contemplará uma capacidade estática de 64 mil toneladas<br />
no primeiro ano – com plano de ampliação de mais de 50%<br />
A MRS concluiu no fim do ano passado as obras de<br />
adequação no pátio ferroviário de Santos, que incluiu a<br />
construção de 2,5 quilômetros de duas novas linhas exclusivas<br />
para manobras de trens da MRS, além da implementação<br />
de cinco aparelhos de mudanças de via e adequação<br />
da rede auxiliar de energia. O projeto, de R$ 11 milhões,<br />
Paulo, Metrô-DF, Metrofor, MetrôRio, SuperVia, Trensurb,<br />
ViaQuatro, VLT Carioca, Alstom, CAF, Hyundai-Rotem,<br />
Pandrol, T´Trans, Thales e Abifer.<br />
futuramente, de acordo com a demanda. A capacidade de<br />
descarga será de 7,5 milhões de toneladas por ano, com duas<br />
linhas de entrada ferroviária que descarregam oito vagões<br />
ao mesmo tempo, e duas correias transportadoras de 1.200t/<br />
hora cada. Além do recebimento de produtos pela ferrovia,<br />
o terminal prestará serviços de armazenagem, acondicionamento<br />
em big bags (grandes contentores de polietileno) e<br />
expedição rodoviária de 12 mil toneladas por dia.<br />
Segundo o gerente comercial da Rumo, Raphael Tulio,<br />
o projeto também pode trazer ganhos ambientais, como a<br />
redução de emissão de poluentes. Um trem com 100 vagões,<br />
por exemplo, corresponde à média de 357 caminhões<br />
a menos nas estradas, afirma Tulio.<br />
MRS conclui obras no pátio de Santos<br />
12<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong><br />
faz parte dos esforços da companhia de angariar novos<br />
clientes na carteira de industrializados (contêineres) e do<br />
ramo agrícola.<br />
De acordo com a MRS, essa empreitada vem gerando<br />
resultados positivos: em 2013, a empresa contava com<br />
116 clientes na carteira de contêineres. No ano passado,<br />
esse número pulou para 229 clientes.<br />
Recentemente, a empresa inaugurou uma nova forma<br />
de transporte ferroviário de contêineres (foto). Eles foram<br />
posicionados em vagões gôndola especialmente adaptados<br />
para receber a carga. Doze vagões passaram por essa<br />
transformação e 10 TEU's foram transportados do terminal<br />
da MTO, no pátio do Arará (RJ), até o terminal da<br />
Tora, em Belo Horizonte (MG).
Veículo de manobras<br />
para espaços estreitos<br />
VLT: bem cotado entre os cariocas<br />
Livro celebra 25 anos da CPTM<br />
Para comemorar o jubileu de prata da CPTM, a BB Editora<br />
lançou em janeiro o livro “CPTM 25 anos – Superando<br />
desafios e eternizando conquistas”. A obra também está<br />
disponível no site www.cptm.sp.gov.br.<br />
O livro, que reúne 150 imagens marcantes, narra a história<br />
do processo de modernização da operadora ferroviária,<br />
que hoje transporta 3 milhões de passageiros por dia útil em<br />
mais de 2,7 mil viagens diárias,<br />
em um total de 260,8<br />
quilômetros de vias. Além<br />
disso, detalha como, em<br />
25 anos, a malha de trens<br />
suburbanos foi se transformando<br />
em uma rede de<br />
trens metropolitanos, integrada<br />
ao metrô paulistano e,<br />
A Vollert, empresa alemã especializada no desenvolvimento<br />
de sistemas de manobra, lançou no Brasil um veículo<br />
rodoferroviário alimentado por baterias e livre de emissões,<br />
batizado de Robô VLEX. Por ser compacto, o veículo<br />
é indicado para manobras rápidas em espaços estreitos<br />
localizados em ramais rodoferroviários e terminais portuários<br />
– sendo adaptado ao transporte de até 300 toneladas.<br />
O novo produto da Vollert já está sendo utilizado em<br />
linhas da SSB (Stuttgarter Straßenbahn), uma empresa<br />
pertencente à DB (Deutsche Bahn), na Alemanha. No Brasil,<br />
a empresa negocia com a VLI, para a aplicação do veículo<br />
em oficinas de manutenção de locomotivas e vagões.<br />
O robô rodoferroviário é operado via rádio, com quatro<br />
motores de cubo de roda controlados individualmente. A<br />
direção se efetua mediante o controle da rotação das rodas<br />
– motivo pelo qual foi descartado o cilindro de direção.<br />
A geometria do veículo – combinado com o comando de<br />
direção – permite raios de giro de 7,2 metros, com baixo<br />
desgaste e proteção aos pneus. Em espaços extremamente<br />
estreitos, é possível realizar um giro de 360°.<br />
Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha entre os dias<br />
27 de novembro e 03 de dezembro apontou que 92% dos<br />
usuários do VLT Carioca avaliam o sistema de forma positiva<br />
(bom ou muito bom). Sete em cada dez passageiros<br />
recomendariam o VLT como uma forma eficiente de<br />
deslocamento. A avaliação supera a do ano passado, que<br />
apontava 88% de satisfação. Feita com 989 pessoas durante<br />
a operação das linhas 1 e 2, tanto nas paradas quanto<br />
nos veículos, a análise tem margem de erro de 3 pontos<br />
percentuais e índice de confiança de 95%.<br />
A rapidez foi apontada como o aspecto de maior importância<br />
(62%) para quem usa o VLT. E foi também um<br />
dos quesitos que mais evoluiu em relação ao último ano.<br />
Considerada boa ou muito boa por 81% dos entrevistados,<br />
o índice era de 56% em 2016. Conforto (93%) e segurança<br />
operacional (87%) foram outros aspectos avaliados.<br />
A confiabilidade, que analisa quesitos como tempo de espera<br />
e quantidade de paradas não programadas, subiu de<br />
46% para 85%. O deslocamento para o trabalho (68%) é<br />
a principal razão de uso do modal. Para a maior parte dos<br />
entrevistados (72%) a viagem de VLT dura entre 5 e 20<br />
minutos, com tempo médio de 13 minutos.<br />
em breve, ao Aeroporto Internacional de Guarulhos.<br />
Fundada em 28 de maio de 1992, com a promulgação da<br />
Lei Paulista n° 7.861, coube à CPTM assumir os sistemas de<br />
trens da Região Metropolitana de São Paulo, operados pela<br />
Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU (Superintendência<br />
de Trens Urbanos de São Paulo – STU/SP) e pela<br />
Ferrovia Paulista S/A – Fepasa. À época, a operadora herdou<br />
um sistema obsoleto, que precisou de investimentos maciços.<br />
Em 1994, a CPTM efetivamente começou a operar as atuais<br />
linhas 7-Rubi e 10-Turquesa (antigas A e D), 11-Coral e<br />
12-Safira (antigas E e F), que pertenciam à CBTU. Em 1996,<br />
passou a controlar os serviços da Fepasa e as linhas 8-Diamante<br />
e 9-Esmeralda (antigas B e C). Em seu primeiro ano<br />
de operação, a CPTM registrava apenas 800 mil usuários/dia.<br />
Hoje são cerca de 700 mil passageiros transportados por dia<br />
útil só na Linha 11-Coral, a mais movimentada do sistema.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 13
agenda<br />
BRASIL<br />
MARÇO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
06 a 09/03 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
INTERMODAL SOUTH AMERICA<br />
13 a 15/03 – São Paulo, SP<br />
Organizador: UBM<br />
Site: www.intermodal.com.br/pt<br />
ABRIL<br />
REUNIÕES CB06*<br />
10 a 13/04 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
MAIO<br />
VII BRASIL NOS TRILHOS<br />
03/05 – Brasília, DF<br />
Organizador: ANTF<br />
Site: www.antf.org.br<br />
JUNHO<br />
11º SIMPÓSIO SAE BRASIL DE NOVOS MATERIAIS E<br />
APLICAÇÕES NA MOBILIDADE<br />
05 e 06/06 – São Paulo, SP<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portal.saebrasil.org.br/eventos/geral<br />
REUNIÕES CB06*<br />
05 a 08/06 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
JULHO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
03 a 06/07 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
16º SIMPÓSIO SAE BRASIL DE POWERTRAIN<br />
30 e 31/07 - Campinas<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portal.saebrasil.org.br/eventos/geral<br />
AGOSTO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
07 a 10/08 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
15º FÓRUM SAE BRASIL DE TECNOLOGIA DE MOTORES DIESEL<br />
14 e 15/08 - Paraná e Santa Catarina<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portal.saebrasil.org.br/eventos/geral<br />
24ª SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA<br />
21 a 24/08 - São Paulo, SP<br />
Organizador: Aeamesp<br />
Site: www.aeamesp.org.br<br />
ConaEnd&Lev<strong>2018</strong><br />
27 a 29/08 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Abendi<br />
Site: www.conaend.org.br<br />
SETEMBRO<br />
TRANSPOQUIP LATIN AMERICA <strong>2018</strong><br />
12 e 13/09 – São Paulo - SP<br />
Organizador: Real Alliance<br />
Site: www.transpoquip.com.br<br />
FÓRUM INTERNACIONAL SUPPLY CHAIN - EXPO<br />
LOGÍSTICA <strong>2018</strong><br />
18 a 20/09 – São Paulo, SP<br />
Organizador: ILOS<br />
Site: www.forum.ilos.com.br<br />
OUTUBRO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
02 a 05/10 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
10º SIMPÓSIO SAE BRASIL DE MANUFATURA<br />
10/10 - Seção Caxias do Sul<br />
Organizador: SAE<br />
Site: www.portalsaebrasil.org.br<br />
NOVEMBRO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
06 a 09/11 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
*Comitê Brasileiro de Normas Técnicas Metroferroviárias<br />
2019<br />
MARÇO<br />
21º NEGÓCIOS NOS TRILHOS<br />
26 a 28/03 – São Paulo, SP<br />
Organizador: UBM<br />
Site: www.ntexpo.com.br<br />
EXTERIOR<br />
ABRIL<br />
8º ANNUAL INVESTMENT MEETING<br />
09 a 11/04 – Dubai, Emirados Árabes Unidos<br />
Organizador: Ministério da Economia dos Emirados Árabes Unidos<br />
Site: http://www.aimcongress.com/<br />
E-mail: info@aimcongress.com
agenda<br />
WAYSIDE TRAIN MONITORING SYSTEMS <strong>2018</strong><br />
16 e 17/04 – Berlim, Alemanha<br />
Organizador: DVV Media Group GmbH<br />
E-mail: veranstaltungen@dvvmedia.com<br />
WORLD METRO & LIGHT RAIL CONGRESS & EXPO <strong>2018</strong><br />
18 e 19/04 – Bilbao, Espanha<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/conference/metrorail<br />
RAIL LIVE<br />
18 e 19/04 – Bilbao, Espanha<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/conference/rail-live<br />
SECURE RAIL<br />
25 e 26/04 – Orlando, EUA<br />
Organizador: Progressive<br />
Site: www.securerailconference.com<br />
WRI <strong>2018</strong>: WHEEL RAIL INTERACTION CONFERENCE<br />
30/04 a 03/05 – Chicago, EUA<br />
Organizador: WRI<br />
Site: www.wheel-rail-seminars.com<br />
MAIO<br />
INFRARAIL<br />
01 a 03/05 - London, UK<br />
Organizador: Infrarail<br />
Site: http://www.infrarail.com/<strong>2018</strong>/<br />
RAIL SOLUTIONS ASIA <strong>2018</strong><br />
02 a 04/05 - Kuala Lumpur, Malásia<br />
Organizador: TDH Exhibitions<br />
Site: www.tdhrail.co.uk/rsa/<br />
JUNHO<br />
AFRICA RAIL<br />
12 e 13/06 – Joanesburgo, África do Sul<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/exhibition/africa-rail<br />
WORLD METRORAIL CONGRESS AMERICAS <strong>2018</strong><br />
26 e 27/06 – Filadélfia, EUA<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/conference/metrorail-americas<br />
SAFERAIL<br />
11 e 12/06 – Washington, EUA<br />
Organizador: Saferail<br />
Site: www.smartrailworld.com<br />
SETEMBRO<br />
INNOTRANS <strong>2018</strong><br />
18 a 21/09 – Berlim, Alemanha<br />
Organizador: Messe Berlin<br />
Site: www.innotrans.de<br />
NOVEMBRO<br />
AUSRAIL – CONFERENCE & EXHIBITION<br />
27 a 28/11 – Camberra, Austrália<br />
Organizador: Australasian Railway Association<br />
Site: www.ausrail.com/<br />
2019<br />
ABRIL<br />
EURASIA RAIL 2019<br />
10 a 12/04 – Izmir, Turquia<br />
Organizador: ITE Turkey<br />
Site: www.eurasiarail.eu<br />
JUNHO<br />
RAILLOG KOREA<br />
01/06 – Busan, Coréia do Sul<br />
Organizador: Messe Frankfurt Korea Ltd<br />
Site: www.raillog-korea.kr.messefrankfurt.com<br />
TRANSPORT + LOGISTIK<br />
04 a 07/06 – Munique, Alemanha<br />
Organizador: Messe München<br />
Site: www.transportlogistic.de<br />
SETEMBRO<br />
TRAKO 2019 – 13º INTERNATIONAL RAILWAY FAIR<br />
24 a 27/09 - Gdasnk, Polônia<br />
Organizador: MTG - Gdansk International Fair Co<br />
Site: www.trakofair.com<br />
RAILWAY INTERCHANGE 2019<br />
22 a 25/09 - Minneapolis, EUA<br />
Organizador: AREMA<br />
Site: www.railwayinterchange.org<br />
OUTUBRO<br />
6TH RAILWAY FORUM<br />
01 e 02/10 – Berlim, Alemanha<br />
Organizador: Competence Partner<br />
Site: www.railwayforumberlin.com
entrevista<br />
Os planos do BNDES<br />
para as ferrovias de carga<br />
Historicamente, o setor de infraestrutura<br />
tem um peso grande no BNDES em termos<br />
de número de projetos financiados e<br />
volume de desembolsos. A área respondeu<br />
por 40% do montante total liberado pelo<br />
banco em 2017, numa análise junto aos<br />
setores da indústria, comércio e serviços,<br />
e agropecuária. No que diz respeito às<br />
ferrovias de carga, o número também é<br />
significativo: só no ano passado, o setor<br />
recebeu recursos da ordem de R$ 1,3<br />
bilhão, o que o elevou ao topo do ranking<br />
em volume de desembolsos efetuados pelo<br />
BNDES na área de logística. Para <strong>2018</strong>,<br />
há R$ 2,6 bilhões para serem liberados na<br />
carteira de projetos já encomendados pelas<br />
operadoras de carga.<br />
A aplicação desses recursos é direcionado<br />
principalmente para a capacitação da via<br />
permanente e compra de material rodante<br />
pelas operadoras consideradas clientes<br />
tradicionais do banco, como Rumo, MRS e<br />
VLI. A primeira, por exemplo, pleiteia junto<br />
ao BNDES financiamento de R$ 3 bilhões,<br />
que irá compor um plano de investimento<br />
total previsto de cerca de R$ 5 bilhões.<br />
O montante é para a adequação da via<br />
(nos corredores Norte e Sul) e compra de<br />
material rodante, num esforço da companhia<br />
de aumentar a produtividade em meio à<br />
negociação com governo federal para a<br />
renovação do contrato de concessão. O chefe<br />
do Departamento de Transporte e Logística<br />
do BNDES, Cleverson Aroeira da Silva, diz<br />
que a aprovação do financiamento está<br />
desvinculada do processo de renovação do<br />
contrato, e a previsão é que os recursos<br />
sejam liberados ainda nesse trimestre.<br />
Cleverson disse ainda que o BNDES olha<br />
com bons olhos a Ferrogrão, mas alerta para<br />
as dificuldades de equilibrar os riscos do<br />
projeto. Se por um lado, há certeza da carga<br />
na região de influência da ferrovia, de outro,<br />
o risco de implementação da linha é alto e<br />
requer 100% de planejamento antes de as<br />
obras começarem. O advogado e funcionário<br />
de carreira do banco, que está há cinco anos<br />
à frente do Departamento de Transporte<br />
e Logística, também opinou sobre as<br />
dificuldades de entregar à iniciativa privada<br />
a construção da Ferrovia de Integração<br />
Oeste-Leste e afirmou que o BNDES tem<br />
interesse de financiar o trecho Centro-Sul da<br />
Ferrovia Norte-Sul.<br />
Cleverson Aroeira da Silva<br />
Chefe do Departamento de Transporte e Logística do BNDES<br />
16<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
A nossa relação com a Abifer é de longa data,<br />
sempre estamos juntos, interagindo com o setor.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 17
entrevista<br />
Revista Ferroviária - Qual é o escopo de atuação do Departamento<br />
de Transporte e Logística do BNDES?<br />
Cleverson Aroeira – O Departamento de Transporte e<br />
Logística, onde estou à frente há cinco anos, analisa projetos<br />
de financiamento na área de ferrovias de carga, rodovias<br />
federais, hidrovias, terminais e portos. No que diz<br />
respeito à área de ferrovia, os projetos financiados estão<br />
associados, na maioria das vezes, à expansão da capacidade<br />
da via permanente, no quais as concessionárias podem<br />
incluir também a compra de locomotivas e vagões. Quando<br />
o pedido de financiamento é para a simples aquisição<br />
de material rodante, muitas vezes, a solicitação vai direto<br />
para a Agência Especial de Financiamento Industrial<br />
(Finame), uma empresa pública brasileira, subsidiária do<br />
BNDES. Essa divisão torna o processo mais automático<br />
e célere. O papel do banco está no fomento da indústria<br />
brasileira, essa, na realidade, é uma das nossas razões de<br />
existir – e com a indústria ferroviária não é diferente. A<br />
nossa relação com a Abifer é de longa data, sempre estamos<br />
juntos, interagindo com o setor.<br />
RF - Nesses anos em que está à frente do departamento,<br />
quais foram os principais projetos financiados na área de<br />
ferrovias de carga?<br />
CA – Bem, a carteira é grande. Historicamente, esse setor<br />
tem um peso relativamente grande no banco em termos de<br />
número de projetos e volume de desembolsos. Para ferrovias<br />
de carga, por exemplo, falamos de um desembolso<br />
médio de R$ 2 bilhões ao longo dos últimos dois anos. Na<br />
história dos financiamentos para a área ferroviária de carga,<br />
a ALL, que agora é Rumo, respondeu por uma grande<br />
parte dos desembolsos. O último grande projeto da ALL<br />
financiado pelo BNDES foi a expansão até Rondonópolis,<br />
no Mato Grosso. Fora os investimentos em manutenção,<br />
dormentação, substituição de material rodante depreciado,<br />
que na ferrovia acontece de maneira permanente e tem um<br />
custo alto para as concessionárias.<br />
RF - Há novas possibilidades de financiamento sendo analisadas<br />
pelo banco atualmente?<br />
CA – Sim. Posso citar a Rumo, que, inclusive, tem empreendido<br />
um volume de investimentos sem precedentes<br />
na história. Só ano passado foram investidos quase<br />
R$ 2 bilhões, e agora a Rumo está querendo colocar em<br />
prática um plano de investimentos robusto de cerca de<br />
R$ 5 bilhões, sendo R$ 3 bilhões só do BNDES, cuja<br />
análise está sendo feita pelo nosso departamento. Os recursos<br />
serão direcionados para a ampliação de capacidade,<br />
incluindo a melhoria de via permanente, adequação<br />
e construção de novos pátios, trechos de duplicação,<br />
principalmente no corredor de bitola larga, no corredor<br />
Norte, entre Santos e Mato Grosso. A expansão até Sorriso<br />
(MT) não está incluída nesse plano de investimentos.<br />
Mas também há um volume grande de recursos previsto<br />
na malha sul, com o objetivo de capacitar o escoamento<br />
de grãos na região. A perspectiva é aprovar o financiamento<br />
neste trimestre.<br />
RF - Mas há um ponto de interrogação na questão da renovação<br />
do contrato de concessão da malha paulista...<br />
CA – Esse é um bom ponto e afeta não só a Rumo como<br />
todas as concessionárias. Do volume total de investimentos<br />
da Rumo, boa parte vai para a malha paulista.<br />
No início até se vinculava fazer esse investimento caso<br />
houvesse a renovação do contrato. Mas no final das<br />
contas a empresa tocou os investimentos independentemente<br />
da renovação e o financiamento do BNDES também<br />
vai ser desatrelado dessa questão de renovação do<br />
contrato de concessão da malha paulista. Sem dúvida,<br />
a renovação é um item importante no plano de negócio<br />
da Rumo e também na capacitação da operação, porque<br />
vai permitir que a empresa continue a investir na<br />
malha paulista. Mas, felizmente, no corredor Norte, já<br />
existe um volume de demanda de carga que justifique<br />
esses investimentos mesmo sem a renovação. Acre-<br />
Para ferrovias de carga, por exemplo, falamos de um desembolso<br />
médio de R$ 2 bilhões ao longo dos últimos dois anos.<br />
18<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Os trechos com carga cativa e mais rentáveis foram<br />
desenvolvidos até onde poderiam ser e o que podemos<br />
fazer agora é tentar universalizar o serviço.<br />
ditamos que com a renovação, será possível destravar<br />
mais investimentos.<br />
RF - Quais são os outros clientes tradicionais na carteira<br />
do BNDES?<br />
CA – A MRS é um cliente tradicionalíssimo da nossa carteira,<br />
que investiu bastante nos últimos anos. A capacidade<br />
de transporte de minério da operadora está bastante<br />
satisfatória para a demanda atual. Então, há investimentos<br />
regulares da companhia, de manutenção à compra de<br />
material rodante. A MRS é uma das candidatas à renovação<br />
do contrato de concessão. O plano para renovação da<br />
companhia é bastante robusto, há investimentos na capacitação<br />
da malha para permitir o acesso, inclusive, de<br />
carga geral, o que acarretaria na diversificação no transporte<br />
feito pela operadora. Isso seria fantástico, porque<br />
desenvolve o setor ferroviário de forma universal.<br />
RF - E a VLI?<br />
CA – A VLI também é uma das nossas principais clientes,<br />
tem investido muito em governança, é uma empresa<br />
com índice de endividamento equilibrado, tem um plano<br />
de negócios bem estabelecido e sócios sólidos. Temos<br />
projetos bilionários com a VLI. Felizmente, as grandes<br />
concessionárias têm compras permanentes de locomotivas<br />
e vagões, o que é bom e aquece a indústria. É ainda<br />
menos que a indústria desejaria, mas todo ano temos lotes<br />
de aquisição de locomotivas e vagões.<br />
RF - Qual é a visão global do BNDES em relação às ferrovias<br />
brasileiras?<br />
CA – Essa é uma reflexão interessante. O modelo de<br />
privatização foi exitoso, tínhamos um sistema ferroviário<br />
sucateado, que gerava um déficit enorme para o setor<br />
público. A carga existia, era crescente e só faltava a<br />
capacidade da via. O modelo de regulação proposto incentiva<br />
investimentos na captação de carga e, com isso,<br />
houve um salto imenso na produtividade de trechos.<br />
Talvez esse tenha sido o único modelo possível, porque<br />
deu liberdade para concessionárias investirem onde conseguiriam<br />
rentabilizar o investimento. Tivemos ao longo<br />
dessas duas décadas algumas expansões, a de Rondonópolis,<br />
por exemplo, era um projeto óbvio, mas é certo dizer<br />
que não temos um modelo que incentiva a expansão<br />
da malha. Chegamos ao limite desse modelo, inclusive.<br />
RF - Por que?<br />
CA – Os trechos com carga cativa e mais tentáveis foram<br />
desenvolvidos até onde poderiam ser e o que podemos<br />
fazer agora é tentar universalizar o serviço, trazer mais<br />
carga, não só a mais rentável, além de novos usuários,<br />
oferecer uma maior cobertura de área. Mas, de fato, é um<br />
setor de capital intensivo e, de novo, o modelo regulatório<br />
não propicia esse tipo de investimento. Temos que ter<br />
algo a mais. Tivemos tentativas do governo anterior, com<br />
o open access, os subsídios da Valec, para bancar todo o<br />
investimento na rede, mas a conta é alta e não fecha.<br />
RF - O senhor acha que teremos a oportunidade de mudar<br />
esse cenário com a renovação dos contratos de concessão<br />
das malhas ferroviárias?<br />
CA – Hoje, a aposta é aproveitar o ensejo da renovação,<br />
que, de fato, tem um valor imenso embutido, e tentar retornar<br />
esse montante para a expansão e universalização<br />
da malha. É uma política interessante porque não se usa<br />
recursos públicos e as concessionárias são geradoras de<br />
caixa e, então, são recursos fáceis de mobilizar, por conta<br />
da facilidade que elas têm de acessar o mercado.<br />
RF - O ponto crucial aí é que existem muitos trechos abandonados<br />
e inoperantes...<br />
CA – A grande discussão é essa. Vamos pegar a Rumo<br />
como exemplo. A companhia está no lugar dela ao dizer<br />
que quer prorrogar a concessão e investir no trecho<br />
que é mais rentável. Por outro lado, inclusive Tribunal<br />
de Contas, o Ministério Público e a Associação de Usuários<br />
de Transporte de Carga dizem que a prorrogação<br />
dos contratos deve vir acompanhada de investimentos<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 19
entrevista<br />
em trechos que ofereçam uma cobertura maior, mesmo<br />
que não seja o mais rentável, mas é um trecho que tem<br />
uma externalidade. Entendemos no BNDES que a oportunidade<br />
de universalizar o serviço deve ser aproveitada.<br />
Lógico, dentro de uma equação financeira em que isso se<br />
viabilize. Estamos observando essas idas e vindas, não<br />
participamos diretamente dessas discussões, mas sempre<br />
oferecemos ao governo algum tipo de assessoria.<br />
RF - Na sua opinião, é possível haver um equilíbrio nesse<br />
jogo de interesses?<br />
CA – O grande gol, na verdade, é obter uma situação<br />
de equilíbrio, em que se viabilize a renovação dos contratos,<br />
com volume relevante de investimentos no setor<br />
ferroviário e, ao mesmo tempo, ofereça essa rentabilidade<br />
para as empresas, pois elas vão precisar disso para<br />
alavancarem. O importante é que não se esqueçam do<br />
componente de universalização. É preciso aproveitar<br />
o momento para eliminar as passagens de nível, essas<br />
questões problemáticas que cruzam as cidades, que não<br />
são obrigações das concessionárias. Mas com a negociação<br />
de uma prorrogação, o momento é ideal para resolver<br />
várias questões pendentes. A função regulatória do<br />
governo é fazer o setor cumprir o seu papel de fato, que é<br />
o de transportador da carga brasileira, e tentar aumentar<br />
o market share da ferrovia no transporte de carga, que<br />
ainda é tão baixo frente à rodovia.<br />
RF - Como o BNDES avalia a Ferrogrão? O banco vai entrar<br />
nesse projeto?<br />
CA – O BNDES olha com muito bons olhos esse projeto.<br />
A região de influência dessa ferrovia é pujante, a carga já<br />
existe, está lá. A maior dificuldade de viabilizar esse projeto,<br />
por incrível que pareça, não é a incerteza em relação<br />
à carga. O projeto de ferrovia tem investimento com prazo<br />
de maturação muito longo, é necessário ter estabilidade de<br />
receita, pois assume-se um financiamento de longo prazo,<br />
então, não basta a carga estar lá. É preciso ter a certeza de<br />
que o transportador vai utilizar a ferrovia, seja por cláusula<br />
take or pay ou contratos de transporte de longo prazo. A<br />
Ferrogrão, uma vez implantada, terá uma competividade<br />
altíssima. A ideia do projeto é fantástica, mas é preciso<br />
ter segurança jurídica e comprometimento de todo mundo<br />
que será beneficiado por ele. Senão, não para de pé.<br />
RF - As tradings de soja são as detentoras da carga na<br />
região de influência da Ferrogrão. A questão, então, é com<br />
quanto elas vão entrar nesse projeto?<br />
CA – Suponhamos que as tradings venham a ganhar esse<br />
projeto. Elas terão um papel duplo. O primeiro é enquanto<br />
investidoras, então, existe um volume de capital próprio<br />
significativo. O projeto está orçado em R$ 12 bilhões, sendo<br />
cerca de R$ 3 bilhões de capital próprio. Então é um<br />
esforço enorme. Não é à toa que as tradings e setor público<br />
estão buscando parceiros estratégicos para dividir essa<br />
conta, acho natural. Mas o esforço é maior do que isso.<br />
Tem o esforço de capital, para fazer o projeto se desenvolver,<br />
e tem o esforço de mitigar riscos da outra parte do<br />
funding, que é do financiador. Se você põe R$ 3 bilhões,<br />
alguém vai ter que colocar R$ 9 bilhões, e esse que coloca<br />
R$ 9 bilhões não toma o mesmo risco do empreendedor, já<br />
que o financiador tem que cobrar taxa proporcional ao risco,<br />
mas com uma rentabilidade mais baixa do que a do investidor.<br />
Mas, lógico, o financiador vai requerer garantias<br />
para compensar esse risco. Então, os investidores, além<br />
de colocarem capital próprio, terão que prover garantias<br />
para o financiador. O outro papel dos investidores, sendo<br />
tradings, também será o de assegurar demanda para a ferrovia,<br />
fornecendo contratos de longo prazo.<br />
RF - Trata-se de um modelo verticalizado, em que os clientes<br />
assumem a malha.<br />
CA – Sim, o modelo apresentado para a Ferrogrão é verticalizado.<br />
Então, se por um lado, existe um baixo risco<br />
O traçado (Ferrogrão) mexe com muitos<br />
stakeholders, populações, comunidades, ou seja,<br />
vai interferir na vida de muita gente.<br />
20<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Acho difícil num horizonte de curto e médio prazo esses<br />
dois projetos (Ferrogrão e extensão Ferronorte) pararem juntos de pé.<br />
de demanda, por outro, o risco de implantação desse projeto<br />
é muito maior do que qualquer projeto do Sudeste.<br />
Você cruza o estado do Pará, onde não existe nada dos<br />
dois lados, existem todas as dificuldades possíveis numa<br />
obra desse porte. Não deve se enganar, o traçado mexe<br />
com muitos stakeholders, populações, comunidades, ou<br />
seja, vai interferir na vida de muita gente. É uma obra gigantesca,<br />
não é trivial. Ainda que tenha maior otimismo<br />
possível de fazer em cinco anos, acho que ninguém nunca<br />
conseguiu fazer um negócio desse em cinco anos. Acho<br />
que pensar em 10 anos não é fora do propósito.<br />
RF - Mesmo com todas esses desafios, o BNDES acredita no<br />
projeto da Ferrogrão?<br />
CA – Sim, acho que esse tipo de projeto é algo que o<br />
banco tem que apoiar. Faz todo o sentido. É um projeto<br />
que aumenta a competividade logística do país de<br />
forma absurda, você reduz o custo de transporte de um<br />
produto dos mais importantes. Mas, é claro, tem que<br />
apoiar nas condições que consiga equilibrar todas essas<br />
equações de risco.<br />
RF - Quais são essas equações de risco?<br />
CA – Temos algumas situações. Uma delas é: uma ferrovia<br />
como essa não pode começar a construção sem ter a<br />
certeza de que vai terminar. Ela não fica operacional em<br />
partes, ou se termina toda ou não se opera. Se você começa<br />
e no meio do caminho encontra um problema e precisa<br />
atrasar a obra por causa disso, o custo de obra parada fica<br />
na casa de centenas de milhões. É preciso apetite, é necessário<br />
ter um projeto executivo 100% pronto, do início ao<br />
fim da ferrovia, antes de colocar um centavo ali. O segundo<br />
ponto é o licenciamento ambiental assegurado, com<br />
todas as consultas públicas realizadas com participação<br />
da sociedade, para que se mitigue o risco de paralisação<br />
futura. Então, esses são dois passos importantes para que<br />
não seja grande a frustração e de fato tenhamos sucesso.<br />
RF - A Rumo está acenando para a possibilidade de estender<br />
a ferrovia até Sorriso, no Mato Grosso. Tem a Ferrogrão<br />
e o projeto da Fiol, que está voltando à cena. A pergunta é:<br />
tem carga para todo mundo?<br />
CA – As cargas da Ferrogrão e da extensão da Ferronorte<br />
são, de fato, compartilhadas. Há uma região de coincidência<br />
ali. Acho difícil num horizonte de curto e médio prazo<br />
esses dois projetos pararem juntos de pé. Acredito que é<br />
um ou outro. Num longuíssimo prazo, depois que pudesse<br />
ser desenvolvido todo o potencial agrário, talvez haja espaço<br />
para as duas. Estando a Rumo onde está e Ferrogrão<br />
lá, acho que elas coexistem e há carga para todo mundo.<br />
Já o projeto da Fiol prevê principalmente o transporte de<br />
minério e pode ser também um trecho para o escoamento<br />
de grãos da fronteira agrícola de Matopiba, principalmente<br />
se a ferrovia se estender e se conectar no Centro-Oeste.<br />
RF - Qual a sua avaliação sobre a Fiol?<br />
CA – Trata-se de um projeto difícil, pois há uma incerteza<br />
em relação à carga de minério. E tem a questão do custo<br />
de implantação. Acho que é uma ferrovia que só vai para<br />
frente com investimento público, como concessão não<br />
funciona. Acredito ser legítimo o poder público colocar<br />
dentro de suas políticas a conclusão da Fiol e aproveitar o<br />
investimento que já foi feito, afinal cabe ao governo definir<br />
suas prioridades. Mas a nossa avaliação é que não é um<br />
projeto que privadamente se viabilize facilmente, justamente<br />
por conta da incerteza da carga. Se o governo fizer<br />
o investimento e depois quiser conceder a ferrovia pronta<br />
para a inciativa privada, talvez funcione.<br />
RF - E, por último, o banco vai financiar o trecho Centro-<br />
-Sul da Ferrovia Norte-Sul?<br />
CA – Posso dizer que é natural que a gente entre nesse<br />
projeto. Os russos já vieram aqui para conversar, conversamos<br />
com todos os players. Estamos de portas abertas<br />
para receber todos os interessados. Gostamos de recebê-<br />
-los e de prover informações sobre condições de financiamento,<br />
para que eles tenham os dados corretos para analisar<br />
as propostas.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 21
eportagem<br />
Ferrovia & Inovação<br />
Operadoras buscam soluções tecnológicas criativas em startups<br />
Por Evelyn Soares<br />
Gustavo Andrade<br />
A VLI lançou um programa para incentivar projetos de startups. Na foto, locomotiva Dash-GE, na oficina de Divinópolis (MG)<br />
22<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong><br />
Inovar por meio de tecnologias de ponta, encontrar<br />
soluções para problemas diários e ganhar competitividade.<br />
Essa é uma das fórmulas de sucesso para empresas<br />
de qualquer ramo, e no setor ferroviário não é<br />
diferente. A novidade nessa busca se dá pela entrada de<br />
um novo elemento: as startups. Esse tipo de parceria tem<br />
partido das próprias operadoras de carga e promete render<br />
bons frutos ao mercado.<br />
A VLI foi uma das pioneiras ao lançar, em dezembro<br />
passado, o programa Inova VLI. O objetivo é selecionar<br />
empreendedores interessados em criar soluções eficazes<br />
para as principais áreas da operadora. A empresa reuniu as<br />
equipes corporativa e operacional para entender os principais<br />
problemas de cada time e identificar gaps ao longo de<br />
toda a cadeia. As diversas demandas foram resumidas em<br />
cinco desafios: desdobramento da estratégia; otimização<br />
da gestão de informação e conhecimento; gestão sistematizada<br />
para relacionamento com comunidade; integração<br />
nos processos de gestão de pessoas; e gestão integrada de<br />
volumes transportados e apuração de perdas.<br />
Houve dois critérios iniciais para as escolhas: era necessário<br />
ter CNPJ constituído e ter no mínimo cinco anos<br />
de atuação. Durante o processo seletivo, que acontece até<br />
o fim de fevereiro, as startups inscritas e habilitadas foram<br />
triadas, e as selecionadas foram entrevistadas online. As<br />
15 finalistas apresentaram seus projetos aos executivos, e<br />
no dia 20 de fevereiro foram anunciadas as cinco vencedoras<br />
(uma por área), que vão desenvolver projetos pilotos<br />
com a VLI.<br />
As empresas terão um executivo padrinho, que também<br />
atuará como mentor durante os três meses iniciais do trabalho.<br />
Os projetos, que serão remunerados de acordo com<br />
suas características, serão avaliados após esse período<br />
para verificar sua aplicabilidade e continuidade.<br />
Conhecidas por serem jovens, inovadoras e com alto<br />
potencial de crescimento, as startups já vêm chamando a<br />
atenção de executivos da VLI há algum tempo, ressalta<br />
Vanderlei Marques, gerente geral de Desenvolvimento de<br />
Negócios e Inovação da empresa: “Fizemos uma sondagem<br />
no mercado de inovação e novas tecnologias e percebemos<br />
um movimento interessante: existem startups robustas e<br />
com soluções tecnológicas que não tínhamos conhecimen-
to. Por isso, confiamos nesse programa e estamos certos de<br />
que iremos colher bons frutos com essa parceria”.<br />
Conceito em aplicação<br />
A voluntariedade das companhias em abarcar startups<br />
em seus projetos é o que se chama de inovação aberta. A<br />
aplicação desse conceito tem sido uma tendência, muito em<br />
função da crise econômica, que tem impactado as empresas<br />
e reduzido os recursos destinados ao setor de Pesquisa e<br />
Desenvolvimento. Muitas companhias veem potencial nas<br />
startups, por serem inovadoras e aceleradas por natureza.<br />
Antes da crise, as empresas desenvolviam seus produtos<br />
internamente e os patenteavam para uso exclusivo.<br />
Nos primeiros sinais de aperto, algumas migraram para<br />
a inovação semiaberta, em que financiavam estudos – em<br />
geral, em universidades – para se chegar à solução, e a<br />
empresa entrava com o registro de patente.<br />
Nesse contexto de inovação aberta, startups e empresas<br />
trabalham lado a lado para chegar a uma solução tecnológica.<br />
Tanto a descoberta quanto a patente são compartilhadas<br />
por ambas, que podem usufruir do produto da forma<br />
que lhes for mais conveniente.<br />
Falar de inovação em um mercado tão tradicional como<br />
o de ferrovias é desafiador, destaca Vivian Gasperino,<br />
gerente de TI da Rumo. Acompanhando as tendências, a<br />
companhia tem incentivado e desenvolvido parcerias com<br />
startups, institutos de pesquisa aplicada e universidades.<br />
Para Gasperino, a resolução conjunta é bem-vinda especialmente<br />
em questões que não se referem ao core business<br />
da empresa ou quando não se encontram soluções<br />
internas. “Em diversos casos, não temos estrutura pronta<br />
e é exatamente aí que as startups podem nos ajudar”, diz.<br />
Porém, ela ressalta ser necessária parcimônia na escolha<br />
do projeto a ser desenvolvido com uma empresa externa<br />
– levando em consideração suas complexidades e amplitudes:<br />
“De forma geral, é necessário ter um equilíbrio<br />
entre as ações de Open Innovation e o P&D tradicional<br />
para que, desta forma, possamos gerar soluções que impactem<br />
toda a empresa”.<br />
Vanderlei Marques, da VLI, tem enxergado um movimento<br />
de atualização no tradicional setor ferroviário: “Além<br />
de modernizar, temos condições de inovar no setor. Tornar<br />
processos e a operação mais eficazes. A presença das startups<br />
pode acelerar e qualificar ainda mais essa evolução”.<br />
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eportagem<br />
As startups que apostam no setor ferroviário<br />
Logmax: os dois lados ganham<br />
A atenção dada pelas operadoras de<br />
carga a pequenas empresas de tecnologia<br />
tem movimentado a rotina de startups<br />
como a mineira Logmax, voltada exclusivamente<br />
ao setor ferroviário e que também<br />
se inscreveu no Inova VLI. Aos olhos de Fábio<br />
Rodrigues, fundador e CEO da startup,<br />
o programa significa um grande passo<br />
para incentivar os dois lados interessados<br />
em aperfeiçoar as ferrovias brasileiras.<br />
“O modo de desenvolver e implementar<br />
um produto em uma startup é mais eficaz<br />
e eficiente em comparação ao desenvolvimento<br />
em empresas de software tradicionais.<br />
Sendo assim, a operadora pode<br />
ganhar com a implantação de soluções<br />
inovadoras para resolver seus problemas<br />
e a startup, com a projeção comercial e<br />
a remuneração do produto”, comenta ele.<br />
Criada em 2016, a Logmax já nasceu<br />
com o foco no mercado ferroviário. A empresa<br />
criou o software Logmax Embarcador,<br />
que permite gerenciar a movimentação<br />
de carga, e já tem como usuários as<br />
“O modo de desenvolver e<br />
implementar um produto em<br />
uma startup é mais eficaz<br />
e eficiente em comparação<br />
ao desenvolvimento em<br />
empresas de software<br />
tradicionais”<br />
Fábio Rodrigues, Logmax<br />
operadoras VLI, MRS, Rumo, Transnordestina<br />
e Ferrovia Tereza Cristina. A solução<br />
permite rastrear a carga em tempo real,<br />
oferece uma previsão de chegada ao destino,<br />
entre outras funcionalidades que ajudam<br />
ambos os lados da cadeia (operadora<br />
e cliente). A startup está desenvolvendo<br />
também um hardware, o Gestão de Pátios,<br />
que tem o objetivo de gerenciar parques<br />
ferroviários e deve ser disponibilizado ao<br />
mercado no terceiro trimestre deste ano.<br />
Antes de desenvolver ambos os produtos,<br />
Rodrigues fez uma pesquisa de mercado<br />
para entender as principais demandas<br />
do setor: “Identificamos que as empresas<br />
que contratam as ferrovias necessitam de<br />
uma solução que disponibilize informações<br />
sobre a carga, integração sistêmica para a<br />
automatização de processos e formas de<br />
ter previsibilidade nas operações de transporte.<br />
De outro lado, as ferrovias também<br />
precisavam de soluções para melhorar as<br />
rotinas operacionais, reduzir o tempo de giro<br />
do material rodante nos terminais dos clientes<br />
e aumentar a produtividade dos fluxos”.<br />
Cisco e Mogai: projeto a quatro mãos<br />
O setor ferroviário também está na<br />
mira de grandes empresas que costumam<br />
apoiar o trabalho de startups. Em setembro<br />
do ano passado, a Cisco – multinacional<br />
americana do ramo de TI – anunciou o<br />
desenvolvimento de um software em parceria<br />
com uma startup brasileira (a Mogai,<br />
do Espírito Santo) voltada exclusivamente<br />
para o ramo ferroviário. O objetivo do<br />
Middleware OPC (Open Platform Communication)<br />
é agilizar a identificação e a solução<br />
de falhas nos sistemas de comunicação<br />
e automação de locomotivas.<br />
De acordo com Leandro Barbeita, líder<br />
do Centro de Inovação da Cisco Brasil,<br />
o Middleware OPC vai permitir uma<br />
“linguagem” comum de comunicação de<br />
dados entre equipamentos de fabricantes<br />
diferentes. “Após a implementação<br />
desta solução, o operador responsável<br />
não terá apenas a informação de ‘falha<br />
de comunicação’, mas também o motivo<br />
“As empresas precisam<br />
estar mais abertas para<br />
desenvolver soluções<br />
em conjunto com o<br />
ecossistema de inovação”<br />
Leandro Barbeita, Cisco<br />
da falha, onde e em que equipamento<br />
ou setor da rede. Como consequência,<br />
o tempo de atuação e solução de um<br />
problema será extremamente reduzido,<br />
muitas vezes de forma preditiva, ou seja,<br />
resolvidos antes de haver uma parada”,<br />
descreve. O produto começou a ser<br />
desenhado no final de 2015 e está na<br />
fase Go To Market, ou seja, está sendo<br />
implantado em máquinas de operadoras<br />
de carga, como a Vale, que está realizando<br />
uma prova de conceito do software<br />
em sua operação.<br />
Para Leandro Barbeita, líder do Centro<br />
de Inovação da Cisco Brasil, a inovação<br />
aberta é essencial atualmente: “No passado<br />
as empresas acreditavam que a inovação<br />
deveria ser algo interno, sigiloso. Com<br />
a complexidade dos desafios, em grande<br />
parte gerado pela transformação digital,<br />
as empresas precisam estar mais abertas<br />
para desenvolver soluções em conjunto<br />
com o ecossistema de inovação”.<br />
24<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
eportagem<br />
O rumo da<br />
Malha<br />
Paulista<br />
Após publicação do relatório final das<br />
audiências públicas pela ANTT, renovação<br />
do contrato de concessão da ferrovia<br />
depende de ajustes e aprovações<br />
Por Cláudia Rocco<br />
As negociações da Rumo com o governo federal<br />
para a renovação antecipada do contrato de concessão<br />
da Malha Paulista tiveram um novo capítulo.<br />
Em dezembro passado, a ANTT publicou o<br />
relatório final com base nas 436 contribuições apresentadas<br />
durante as duas sessões presenciais de audiência pública, que<br />
aconteceram entre dezembro de 2016 e março de 2017, em<br />
São Paulo e Brasília, respectivamente.<br />
O documento oficial, de mais de 450 páginas, indicou que 31<br />
contribuições foram aceitas pela agência, 88 parcialmente aceitas,<br />
212 rejeitadas e 105 não associadas por não apresentarem<br />
consonância com o tema central de discussão. Segundo informações<br />
extraoficiais, a Rumo já devolveu à ANTT a proposta<br />
editada (que trata sobre o pedido de renovação), com os ajustes<br />
necessários e com base no relatório final. Entretanto, os dados<br />
contidos nessa documentação ainda não foram divulgados.<br />
Os próximos passos desse processo de negociação, que já<br />
dura três anos, são: aprovação da documentação da Rumo pela<br />
diretoria da ANTT; e direcionamento desta documentação ao<br />
Ministério dos Transportes e Tribunal de Contas da União, para<br />
análises e anuência prévia. Após essas etapas, o governo federal<br />
decide ou não pela assinatura do Termo Aditivo.<br />
A superintendência da agência está avaliando os ajustes jurídicos<br />
e a modelagem econômico-financeira da proposta da Rumo.<br />
Um dos critérios de avaliação é que a documentação contemple<br />
todas as contribuições aceitas durante a audiência pública. O prazo<br />
para a conclusão do processo ainda não está definido. Até o fim<br />
de 2017, o resultado estava previsto para fevereiro desse ano. Mas<br />
Alexandre Porto, superintendente de Infraestrutura e Transportes<br />
Ferroviários da ANTT, garante que esse prazo se tornou inviável.<br />
“Somente se houver uma anuência prévia do Tribunal de Contas<br />
da União, o processo volta novamente para a ANTT, para que<br />
seja pensada a assinatura do Termo Aditivo. Portanto, até fevereiro<br />
não existe a menor chance de isso acontecer”, ressalta.<br />
Contribuições aceitas<br />
Temas como passivos, trechos inoperantes, ações judiciais,<br />
estudos operacionais, vantajosidade, direito de passagem pelos<br />
Locomotiva AC44 (GE) em trecho próximo à Estação<br />
Engenheiro Schmitt, em São José do Rio Preto (SP)<br />
26<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
trens da ferrovia Norte-Sul e transporte de passageiros estão<br />
entre as contribuições aceitas pelas agência após as audiências<br />
públicas. “Todas as contribuições aceitas podem ter repercussão<br />
nas formas do contrato e ensejam ajustes na minuta. Esse trabalho<br />
já está em andamento na agência”, confirma Porto.<br />
De acordo com informações da ANTT, a Rumo deve apresentar<br />
estudos mais aprofundados sobre trechos inoperantes da Malha<br />
Paulista, tendo como principal objetivo afirmar a viabilidade<br />
– ou não – da recuperação destes para uma prestação adequada e<br />
satisfatória do serviço de transporte de cargas. Atualmente, 835<br />
quilômetros dos quase 2 mil que montam a Malha Paulista estão<br />
sem tráfego, incluindo os ramais de Cajati, Colômbia, Piracicaba<br />
e Panorama.<br />
“Durante as audiências públicas, estiveram expostas metas<br />
de produção e segurança para os trechos inoperantes, mas no<br />
decorrer do processo, entendemos ser prudente revisar e ajustar<br />
estudos técnicos dos ramais sem tráfego, para entender melhor<br />
quais seriam as intervenções necessárias para recuperar os trechos<br />
e o valor das obras. A ideia é buscar a melhor maneira de<br />
encaminhar tal questão no Termo Aditivo”, explica Porto.<br />
Norte-Sul em questão<br />
Está a cargo da Rumo também a adaptação da malha para<br />
dar conta de toda a demanda de volume de carga estimada pelo<br />
governo para a Ferrovia Norte-Sul, quando o trecho entre Porto<br />
Nacional (TO) e Estrela D’Oeste (SP) começar a operar – o leilão<br />
está previsto para o segundo trimestre deste ano. O cenário<br />
envolve a utilização da Malha Paulista, que liga a ponta da Norte-Sul<br />
no sudeste ao Porto de Santos.<br />
Atualmente, a Malha Paulista transporta 30 milhões de toneladas<br />
ao ano e o aumento médio anual desta capacidade foi da<br />
ordem de 1,5 milhão de toneladas desde 2000. A concessionária<br />
já afirmou, no final do ano passado, ter como meta alcançar 75<br />
milhões de toneladas transportadas/ano até 2023.<br />
De acordo com estudos publicados pela ANTT, o potencial de<br />
demanda inicial da Ferrovia Norte-Sul é de 1,2 milhão de toneladas,<br />
podendo chegar a 8 milhões de toneladas em 2020. Uma<br />
das obras que chegaram a ser incluídas pela Rumo no projeto de<br />
antecipação da concessão é a duplicação de aproximadamente<br />
110 quilômetros da Malha Paulista a partir de Campinas no sentido<br />
de Araraquara, como forma de usar parte desse trecho para<br />
transportar cargas vindas da Norte-Sul.<br />
Outra questão levantada durante o processo foi memória ferroviária.<br />
Segundo o relatório final, uma cláusula deve ser incluída<br />
na minuta do Termo Aditivo que preveja “a destinação de recursos<br />
para a elaboração de projetos e estudos que visem o desenvolvimento<br />
tecnológico e a preservação da memória ferroviária”.<br />
ANTT quer corrigir falhas<br />
de contratos anteriores<br />
Com o contrato vigente até o ano de 2028, a Rumo<br />
solicitou à ANTT a renovação da concessão da Malha<br />
Paulista por mais 30 anos, conforme previsto em<br />
contrato. A malha demanda investimentos pesados e<br />
com a concessão vencendo em 10 anos não há tempo<br />
suficiente para o operador ter retorno sobre o capital<br />
investido. MRS, Vitória a Minas e Carajás, FCA, além da<br />
Malha Sul, também formalizaram pedido de renovação<br />
da concessão. Mas a Malha Paulista é o processo mais<br />
adiantado na agência.<br />
O contrato da Malha Paulista foi celebrado no final<br />
da década de 1990, época em que não havia grande<br />
experiência regulatória no setor ferroviário, ressalta o<br />
superintendente da ANTT, Alexandre Porto. Por essa<br />
razão, o contrato em vigor nos dias de hoje não aborda<br />
as práticas mais modernas de regulação. Para ele, a<br />
renovação das concessões de ferrovias é uma oportunidade<br />
que a agência e o governo federal têm em mãos<br />
para corrigir falhas importantes que foram avaliadas ao<br />
longo dos anos.<br />
Alguns dos gargalos dos contratos atuais são a falta<br />
de uma definição concreta dos níveis de qualidade no<br />
serviço prestado, penalidades e multas pouco razoáveis,<br />
falta de uma matriz de risco clara e objetiva – que<br />
mostre com transparência os riscos assumidos por<br />
cada uma das partes que celebram o contrato – bem<br />
como mecanismos claros de reequilíbrio econômico<br />
(investimentos e tempo de retorno dos benefícios) e outras<br />
definições como prazos de entrega, autorizações e<br />
permissões mais concretas. “Tudo isso precisa estar<br />
muito claro para que os investidores possam ter mais<br />
segurança jurídica”, explica Alexandre.<br />
As audiências públicas para a renovação da Malha<br />
Paulista foram o primeiro passo na correção destas falhas.<br />
Segundo Porto, os próximos contratos de concessão<br />
devem trazer indicadores e parâmetros de desempenho<br />
mais claros, para que seja possível aprimorar a<br />
infraestrutura ferroviária, além de garantir um acompanhamento<br />
mais rigoroso do serviço de transporte. “São<br />
aprimoramentos com o objetivo de adaptar o contrato<br />
às boas práticas de regulação e prover mais segurança<br />
jurídica na prestação de serviços e na tentativa de viabilizar<br />
investimentos de grande porte no setor”, finaliza<br />
o superintendente da ANTT.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 27
Prêmio para quem faz diferença<br />
OPrêmio Revista Ferroviária vem com novidades<br />
este ano: duas novas categorias – Melhor<br />
Operadora Logística e Melhor Grupo/<br />
Instituição/Empresa com Investimento em<br />
Preservação Ferroviária – vão integrar a premiação, que<br />
tem o objetivo de reconhecer quem faz diferença no setor<br />
metroferroviário brasileiro.<br />
A escolha dos concorrentes foi feita pela Comissão Organizadora<br />
do Prêmio (COP), porém é preliminar, já que<br />
as empresas podem solicitar alterações ou a sua inclusão/<br />
exclusão na lista até dia 15 de março, por meio de uma<br />
justificativa que será avaliada pela comissão. A relação<br />
definitiva dos concorrentes em cada categoria vai ser<br />
divulgada em data ainda ser definida.<br />
A escolha dos vencedores será feita por um Colégio<br />
Eleitoral (CE), formado por profissionais do setor metroferroviário,<br />
votantes e que trabalham nas operadoras de<br />
carga e de passageiros, empresas consumidoras, fornecedoras<br />
e associações de classe. O vencedor em cada uma<br />
das categorias será anunciado na cerimônia de premiação,<br />
cuja data ainda será divulgada<br />
pela organização. Confira<br />
o regulamento<br />
e a relação das<br />
empresas que<br />
concorrem<br />
nas 23 categorias.<br />
Regulamento<br />
CLÁUSULA PRIMEIRA<br />
DO OBJETIVO<br />
1.1 O Prêmio Revista Ferroviária <strong>2018</strong>,<br />
doravante denominado apenas Prêmio<br />
RF, tem por objetivo, por meio<br />
de reconhecimento público, incentivar<br />
as empresas e seus responsáveis<br />
a, cada vez mais, buscar eficiência e<br />
oferecer produtos e serviços de qualidade<br />
dentro do setor metroferroviário<br />
brasileiro.<br />
1.2 O Prêmio terá uma Comissão Organizadora<br />
do Prêmio (COP), formada<br />
pela equipe da Revista Ferroviária,<br />
responsável pelo cumprimento deste<br />
regulamento e com poderes de decidir<br />
sobre eventuais dúvidas ou situações<br />
não previstas.<br />
1.3 A COP também levará dúvidas e pedirá<br />
sugestões ao Conselho Editorial da Revista<br />
Ferroviária.<br />
CLÁUSULA SEGUNDA<br />
DAS INSCRIÇÕES<br />
2.1 A COP indicará, dentro da relação de<br />
empresas do setor metroferroviário,<br />
quais deverão concorrer a cada uma das<br />
categorias do prêmio.<br />
2.2 Empresas que não forem indicadas poderão<br />
solicitar a sua participação junto<br />
à COP até o dia 02 de março, indicando<br />
até no máximo duas categorias para<br />
concorrer e justificando o pedido de<br />
participação.<br />
2.3 As empresas indicadas para concorrer<br />
ao prêmio, se desejarem, podem solicitar<br />
sua exclusão à COP, até o dia 02 de<br />
março de <strong>2018</strong>.<br />
2.4 A decisão final será da COP que poderá,<br />
inclusive, solicitar mais informações<br />
junto à empresa, para a sua tomada<br />
de decisões.<br />
2.5 Empresas concorrentes podem solicitar<br />
à COP, mediante justificativa, a troca<br />
de categoria, desde que não exceda o<br />
limite de concorrer em no máximo duas<br />
categorias.<br />
2.6 Caso uma empresa se inscreva em uma<br />
categoria julgada não adequada à sua natureza<br />
(objeto social), a COP poderá, ao<br />
seu melhor julgamento, inscrevê-la na<br />
categoria entendida como mais adequada.<br />
CLÁUSULA TERCEIRA<br />
DO MERCADO E DAS<br />
EMPRESAS METROFERROVIÁRIAS<br />
3.1 O mercado metroferroviário é formado<br />
por empresas do setor público, privados<br />
e de economia mista que operam sistemas<br />
de transporte de passageiros e de<br />
cargas, empresas clientes utilizadoras<br />
destes sistemas de transportes e empresas<br />
fornecedoras de bens e serviços para<br />
o setor metroferroviário.<br />
3.2 Para efeito do Prêmio, divide-se o mercado<br />
em Operadores e Clientes (O&C)<br />
e Fabricantes de Bens e Prestadores de<br />
Serviço (B&S)<br />
I) Empresas Operadoras e Clientes<br />
(O&C) foram subdivididas em:<br />
1) Operadoras de Cargas<br />
2) Operadoras de Passageiros<br />
3) Clientes<br />
II) Empresas Fabricantes de Bens e<br />
Prestadoras de Serviços (B&S), passam<br />
a ser caracterizadas como Fornecedoras<br />
e foram subdivididas em:<br />
1) Fornecedoras de Equipamentos (Bens)<br />
2) Fornecedoras (Prestadora) de Serviços<br />
CLÁUSULA QUARTA<br />
DA VOTAÇÃO<br />
4.1 A escolha dos vencedores em cada categoria<br />
será feita por um Colégio Eleitoral<br />
(CE) a ser formado conforme descrito<br />
neste regulamento, obedecendo<br />
aos seguintes critérios:<br />
Regulamento<br />
28<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
4.1.1 Empresas OPERADORAS DE CAR-<br />
GAS votam em:<br />
- empresas CLIENTES<br />
- empresas FORNECEDORAS<br />
4.1.2 Empresas OPERADORAS DE PAS-<br />
SAGEIROS votam em:<br />
- empresas FORNECEDORAS<br />
4.1.3 Empresas CLIENTES votam em:<br />
- empresas OPERADORAS DE CARGA<br />
- empresas FORNECEDORAS<br />
4.1.4 Empresas FORNECEDORAS votam<br />
em:<br />
- empresas OPERADORAS DE CARGA<br />
- empresas OPERADORAS DE PAS-<br />
SAGEIROS<br />
- empresas CLIENTES<br />
4.2 O voto será individual e sigiloso e<br />
cada profissional votante deverá atribuir<br />
notas de 1 a 5 para cada um dos<br />
três quesitos, por categoria, do formulário<br />
de votação.<br />
4.3 O profissional votante só deverá atribuir<br />
notas às empresas com as quais tenha ou<br />
tenha tido relacionamento profissional.<br />
4.4 Quando o profissional votante desconhecer<br />
a natureza da empresa e não tiver<br />
condições de realizar as avaliações,<br />
deverá atribuir àquelas empresas a nota<br />
zero, em todos os quesitos.<br />
4.5 O profissional votante que atribuir nota<br />
a uma empresa em algum quesito, não<br />
poderá atribuir nota zero aos demais<br />
quesitos para esta mesma empresa.<br />
4.6 Cada categoria será composta de 3 quesitos<br />
conforme o tipo de empresa.<br />
4.7 A premiação será definida com base na<br />
avaliação dos seguintes quesitos:<br />
- relacionamento, inovação tecnológica<br />
e desempenho, para avaliação de todas<br />
as categorias à exceção da categoria<br />
Melhor Instituição de Ensino cujos quesitos<br />
são nível e preparo dos instrutores<br />
e preços dos cursos.<br />
CLÁUSULA QUINTA<br />
DO COLÉGIO ELEITORAL<br />
5.1 O Colégio Eleitoral é formado por<br />
profissionais do setor metroferroviário,<br />
votantes, que trabalham em empresas<br />
consumidoras, fornecedoras e associações<br />
de classe dentre o seu quadro de<br />
diretores, gerentes ou especialistas, dos<br />
diferentes departamentos, dependendo<br />
do porte de cada uma das empresas.<br />
5.2 Profissionais atuantes nas empresas<br />
consumidoras (O&C) votam nas empresas<br />
fornecedoras (B&S) e vice-versa.<br />
5.3 Os escolhidos para o CE entre as<br />
empresas fornecedoras deverão pertencer<br />
às áreas comercial, engenharia, projeto<br />
e assistência técnica.<br />
5.4 Os escolhidos para o CE entre as<br />
empresas consumidoras, deverão pertencer<br />
às áreas de comercial, engenharia,<br />
operação, manutenção, suprimentos<br />
e logística.<br />
5.5 O número de profissionais votantes<br />
por empresa será estabelecido pela COP<br />
com base na dimensão de seu corpo diretivo<br />
e operacional.<br />
5.6 Operadoras de passageiros e de cargas<br />
que administrem mais de um sistema,<br />
para efeito do CE, serão consideradas<br />
como uma ÚNICA empresa.<br />
- para efeito de concorrência ao prêmio,<br />
as operadoras serão subdivididas<br />
em sistemas;<br />
- para efeito deste item, entende-se por<br />
SISTEMA cada uma da divisão geográfica<br />
ou administrativa que a malha<br />
ferroviária da empresa é dividida, para<br />
efeito de operação.<br />
5.7 Cliente controlador de operadora<br />
ferroviária, não pode votar nas categorias<br />
de operadoras.<br />
CLÁUSULA SEXTA<br />
DAS CATEGORIAS<br />
6.1 Para efeito de concorrência ao Prêmio,<br />
as empresas operadoras serão divididas<br />
por sistema.<br />
- entende-se por SISTEMA a divisão<br />
geográfica ou administrativa da malha<br />
ferroviária para efeito de operação.<br />
6.2 Para avaliar, pontuar e premiar as empresas<br />
concorrentes, o Prêmio foi dividido<br />
nas seguintes categorias:<br />
I) Melhor Operadora de Carga<br />
II) Melhor Operadora de Sistema Metroviário<br />
III) Melhor Operadora de Sistema Metropolitano<br />
IV) Melhor Operadora de VLT<br />
V) Melhor Operadora Logística<br />
VI) Melhor Cliente<br />
VII) Melhor Fabricante de Material<br />
Rodante – Passageiros<br />
VIII) Melhor Fabricante de Material<br />
Rodante – Locomotivas<br />
IX) Melhor Fabricante de Material Rodante<br />
– Vagões<br />
X) Melhor Fabricante de Equipamentos<br />
de Construção, Manutenção e Componentes<br />
para Via Permanente<br />
XI) Melhor Fabricante de Dormentes<br />
XII) Melhor Fabricante de Sistemas e<br />
Produtos – Sinalização, Controle e Telecomunicações<br />
XIII) Melhor Fabricante de Sistemas e<br />
Produtos – Alimentação Elétrica, Rede<br />
Aérea e Auxiliares<br />
XIV) Melhor Fabricante de Sistemas e<br />
Produtos – Partes & Peças, Acessórios e<br />
Componentes Eletrônicos<br />
XV) Melhor Fabricante de Sistemas de<br />
Bilhetagem e Controle de Acesso<br />
XVI) Melhor Criador de TI<br />
XVII) Melhor Fornecedor de Vidros,<br />
Poltronas, Ar Condicionado, Janelas,<br />
Portas, Gangways e demais Componentes<br />
para Veículos de Passageiros e Carga<br />
XVIII) Melhor Construtora de Infraestrutura<br />
para Sistema Metroferroviário<br />
XIX) Melhor Construtora de Superestrutura<br />
de Via Permanente<br />
XX) Melhor Representante Metroferroviário<br />
(Bens & Serviços)<br />
XXI) Melhor Consultora<br />
XXII) Melhor Instituição de Ensino<br />
XXIII) Melhor Grupo/Instituição/<br />
Empresa com investimento em Preservação<br />
Ferroviária<br />
CLÁUSULA SÉTIMA<br />
DA PREMIAÇÃO<br />
7.1 Os vencedores serão conhecidos em cerimônia<br />
de premiação em data e local a<br />
serem informados pela RF, através dos<br />
seus canais de comunicação.<br />
7.2 Os vencedores de cada categoria receberão<br />
um troféu.<br />
7.3 Serão divulgados na premiação as 3<br />
empresas com as maiores pontuações,<br />
na categoria.<br />
7.4 O acesso à cerimônia de premiação será<br />
feito por adesão.<br />
7.5 Em caso de empate, a COP usará como<br />
critério de desempate o tempo de atuação<br />
da empresa no mercado.<br />
7.6 A COP, por relevância, ainda em caso de<br />
empate poderá conceder o prêmio a mais<br />
de uma empresa, na mesma categoria.<br />
CLÁUSULA OITAVA<br />
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS<br />
8.1 Todas as empresas indicadas ao prêmio<br />
serão comunicadas por carta ou<br />
e-mail, dentro dos prazos previamente<br />
acordados.<br />
8.2 A participação no prêmio implica na<br />
cessão do logotipo e imagem (fotos e<br />
vídeos) a serem fornecidos pela empresa,<br />
para uso durante a cerimônia<br />
de premiação.<br />
8.3 Fica expresso que as empresas concordam<br />
que há pleno consentimento para<br />
a divulgação dos assuntos relacionados<br />
aos processos de seleção e divulgação<br />
dos participantes do Prêmio.<br />
8.4 A participação no Prêmio implica total<br />
conhecimento e aceitação deste regulamento.8.5<br />
A participação no Prêmio<br />
não implica em qualquer tipo de compromisso<br />
comercial por parte dos candidatos,<br />
dos premiados ou dos profissionais<br />
votantes.<br />
8.6 A COP poderá alterar as datas de julgamento<br />
ou de premiação mediante aviso<br />
prévio aos participantes.<br />
8.7 Outras situações não previstas por este<br />
Regulamento serão decididas pela COP.<br />
Regulamento<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 29
Quem concorre nas categorias<br />
Melhor Operadora<br />
de Carga<br />
Concorrem:<br />
Estrada de Ferro Carajás – EFC<br />
Estrada de Ferro Trombetas - EFT<br />
Estrada de Ferro Vitória Minas<br />
– EFVM<br />
Ferroeste – Paraná<br />
Ferrovia Centro Atlântica – FCA<br />
Ferrovia Norte Sul – FNS<br />
Ferrovia Tereza Cristina – FTC<br />
MRS Logística<br />
Rumo Malha Norte e Paulista<br />
Rumo Malha Sul e Oeste<br />
Transnordestina<br />
Votam:<br />
Clientes<br />
Fornecedores<br />
Melhor Operadora de<br />
Sistema Metroviário<br />
Concorrem:<br />
CCR Metrô Bahia<br />
Metrô Rio<br />
Metrô SP<br />
Metrô DF<br />
Viaquatro – SP<br />
Votam:<br />
Fornecedores<br />
Melhor Operadora<br />
de Sistema<br />
Metropolitano<br />
Concorrem:<br />
CBTU – Metrô BH<br />
CBTU – Metrorec<br />
CMTP – Teresina<br />
CPTM – Companhia Paulista<br />
de Trens Metropolitanos<br />
CTB – Bahia<br />
Metrofor<br />
Supervia – RJ<br />
Trensurb – RS<br />
Votam:<br />
Fornecedores<br />
Melhor Operadora<br />
de VLT<br />
Concorrem:<br />
VLT Baixada Santista<br />
VLT Carioca<br />
VLT Cariri - CE<br />
VLT João Pessoa/CBTU<br />
VLT Maceió/CBTU<br />
VLT Natal/CBTU<br />
VLT Sobral – CE<br />
Votam:<br />
Fornecedores<br />
Melhor Operadora<br />
Logística<br />
Concorrem:<br />
Brado<br />
Tora Logística<br />
Usifast<br />
VLI<br />
Votam:<br />
Operadora de Carga<br />
Fornecedores<br />
Clientes<br />
Melhor Fabricante<br />
de Material Rodante -<br />
Vagões<br />
Concorrem:<br />
Greenbrier Maxion<br />
Randon<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Clientes<br />
Melhor Cliente<br />
Concorrem:<br />
ADM do Brasil<br />
Bunge<br />
Caramuru<br />
Cargill<br />
Cimento Holcim<br />
Cimento Tupi<br />
Copersucar<br />
Fibria<br />
Klabin<br />
Louis Dreyfus<br />
Petrobrás<br />
Raízen<br />
Votorantin<br />
Agrex do Brasil<br />
Agrovia<br />
Algar<br />
Melhor Fabricante<br />
de Material Rodante<br />
Passageiros<br />
Concorrem:<br />
Alstom<br />
Ansaldo-Hitachi<br />
Bombardier<br />
Bom Sinal<br />
CAF<br />
CRRC<br />
Hyundai-Rotem<br />
Scomi<br />
Temoinsa<br />
T`Trans<br />
Vossloh<br />
Votam:<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Melhor Fabricante<br />
de Material Rodante -<br />
Locomotivas<br />
Concorrem:<br />
CRRC<br />
GE Transportation<br />
Locofer<br />
Progress Rail<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Clientes<br />
Amaggi<br />
Anglo American<br />
Arcelormittal<br />
Cantagalo General Grain – CGG<br />
CBA<br />
CSN<br />
Gerdau<br />
Ipiranga<br />
Suzano<br />
Usiminas<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga e Operadores<br />
Logísticos que Atendem<br />
o Cliente<br />
Fabricantes de Vagões<br />
Fabricantes de Locomotivas<br />
Melhor Fabricante<br />
de Equipamentos de<br />
Construção, Manutenção<br />
e Componentes para<br />
Via Permanente<br />
Concorrem:<br />
Brastan<br />
Empretec<br />
Gerb do Brasil<br />
Geismar do Brasil<br />
Harsco Rail<br />
IAT-Pandrol Brasil<br />
Loram<br />
Matisa<br />
Metisa<br />
Plasser<br />
Robel<br />
Thermit<br />
Via Permanente<br />
Vibtech<br />
Voestalpine - VAE<br />
Vossloh<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Melhor Fabricante<br />
de Dormentes<br />
Concorrem:<br />
Cavan<br />
Conprem<br />
Dorbrás<br />
Duron<br />
Empac<br />
Estância dos Dormentes<br />
Hidremec<br />
Maba Ecolyne<br />
Metisa<br />
Prema<br />
Serraria Mohr<br />
Serraria Santa Rita<br />
Wisewood<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Categorias<br />
30<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Melhor Fabricante de Sistemas e Produtos -<br />
Sinalização, Controle e Telecomunicações<br />
Concorrem:<br />
ABB<br />
Ansaldo-Hitachi<br />
Barco<br />
Bombardier<br />
Boslooper Tecnologia Ferroviária<br />
Efacec do Brasil<br />
Frauscher<br />
Frequentis<br />
Huawei Brasil<br />
Kapsch<br />
Laird<br />
Melhor Fabricante de Sistemas e Produtos -<br />
Alimentação Elétrica, Rede Aérea e Auxiliares<br />
Concorrem:<br />
Cobresul<br />
Cofibam<br />
Corus<br />
Faiveley<br />
Huber+Suhner<br />
Knorr Bremse<br />
Marfeq<br />
Nexans<br />
Prysmian Group<br />
Secheron<br />
Siemens<br />
Snef Brasil<br />
Termomecanica<br />
Vinci Energies<br />
Voith<br />
Weg<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Melhor Fabricante de Sistemas de Bilhetagem<br />
e Controle de Acesso<br />
Concorrem:<br />
AES Automação e Sistemas<br />
Dataprom<br />
Digicon<br />
Empresa 1<br />
Fugitec<br />
Magnetic Autocontrol<br />
Perto<br />
Prodata<br />
Melhor Criador de TI<br />
Concorrem:<br />
Aliansa Brasil<br />
Art - Alta Rail Tech<br />
Cflex<br />
Daiken<br />
DM Sistemas<br />
Elipse Software<br />
G3 Teck<br />
GE<br />
Geoambiente<br />
Motorola Solutions<br />
Motorola Solutions<br />
Moxa<br />
Nippon Signal<br />
Rad do Brasil<br />
Siemens<br />
Thales Group<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
RDA Tecnologia<br />
Tacom<br />
Wolpac<br />
Votam:<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Moxa<br />
Onix Sat<br />
Rrs Software<br />
Syspac<br />
T’Trans<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Melhor Fabricante de Sistemas e Produtos - Partes<br />
& Peças, Acessórios e Componentes Eletrônicos<br />
Concorrem:<br />
A.C. Corrêa<br />
Açoforja<br />
Amstedmaxion<br />
Cruzaço<br />
Cummins<br />
Fag - Schaeffler<br />
Fras-Le<br />
Hewitt Equipamentos<br />
Manser<br />
MTU<br />
MWL<br />
NSK Brasil<br />
Saft Baterias<br />
SKF<br />
SRC/Amsted Rail<br />
Timken<br />
Wyma Tecnologia<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Melhor Construtora de Superestrutura de Via<br />
Permanente<br />
Concorrem:<br />
ACA Brasil<br />
AZVI Brasil<br />
Brick Engenharia<br />
Consbem<br />
Construtora Monteiro de Castro<br />
- CMCSA<br />
EMPA<br />
Engefel<br />
Heleno & Fonseca<br />
J Fonseca<br />
Neopul<br />
Pelicano Construções<br />
Melhor Fornecedor de Vidros, Poltronas, Ar<br />
Condicionado, Janelas, Portas, Gangways<br />
e Demais Componentes para Veículos de<br />
Passageiros e Carga<br />
Concorrem:<br />
Astra ABC<br />
Bitzer<br />
Euroar<br />
Faiveley<br />
Finder Componentes<br />
Hubner<br />
Husk<br />
Ibayo CLK<br />
Knorr-Bremse<br />
NSK Brasil<br />
Schunk do Brasil<br />
Prumo Engenharia<br />
Somafel<br />
Somague<br />
SPA Vias<br />
TIISA S.A.<br />
Votam:<br />
Cllientes<br />
Operadorasde Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
SKF<br />
Stemmann<br />
Techbus<br />
Temoinsa<br />
Vitrotec<br />
Votam:<br />
Cllientes<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Categorias<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 31
Melhor Representante Metroferroviário (Bens<br />
& Serviços)<br />
Concorrem:<br />
AMDS4<br />
Boslooper Tecnologia Ferroviária<br />
BR Railparts<br />
CISA Trading<br />
CM Equipamentos<br />
Comexport<br />
Conquest<br />
CST Sensors<br />
DAG Railway<br />
EMME 2<br />
Melhor Instituição de Ensino<br />
Concorrem:<br />
Cepefer<br />
Coppe<br />
E.T. Silva Freire - RJ<br />
Escola James Stewart -<br />
CPTM/Senai<br />
IFET Santos Dumont - MG<br />
Instituto Mauá de Tecnologia<br />
- IMT<br />
Instituto Militar de Engenharia<br />
- IMERJ<br />
PUC Minas<br />
Senai - Juiz de Fora<br />
UFMG<br />
Imexbra<br />
Lanfranco<br />
Prisma 21<br />
Sumitomo<br />
Via Permanente<br />
Winco<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
UFRJ<br />
UFSC<br />
Unicamp<br />
Unip<br />
USP - Escola Politécnica<br />
Votam:<br />
Fabricantes<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Fornecedores<br />
Melhor Construtora de Infraestrutura para<br />
Sistema Metroferroviário<br />
Concorrem:<br />
Andrade Gutierrez<br />
Camargo Corrêa<br />
Carioca<br />
Comsa SA<br />
Constran<br />
Construcap-Grupo Agis<br />
Cowan<br />
CR Almeida<br />
Galvão Engenharia<br />
Mendes Júnior<br />
OAS<br />
Melhor Consultora<br />
Concorrem:<br />
Certifer<br />
EDLP<br />
Egis<br />
EPC Engenharia<br />
HG Consultoria<br />
JM Souto<br />
Labtrans<br />
Montoya Alves<br />
Poyry<br />
Progen<br />
Quad-Log<br />
Odebrecht<br />
Queiroz Galvão<br />
S.A. Paulista<br />
Serveng-Civilsan<br />
Votam:<br />
Cllientes<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Sener/Setepla<br />
Sistran<br />
Sysfer<br />
Systra<br />
Tüv Süd<br />
Urbaniza Engenharia<br />
Votam:<br />
Operadoras de Carga<br />
Operadoras de Metrôs<br />
Operadoras de Sistemas<br />
Metropolitanos<br />
Operadoras de VLT<br />
Melhor Grupo/Instituição/Empresa com<br />
Investimento em Preservação Ferroviária<br />
Concorrem:<br />
Estrada de Ferro Carajás – EFC<br />
Estrada de Ferro Vitória Minas<br />
– EFVM<br />
Ferroeste – Paraná<br />
Ferrovia Tereza Cristina – FTC<br />
MRS Logística<br />
Rumo Malha Norte e Paulista<br />
Rumo Malha Sul e Oeste<br />
Transnordestina<br />
VLI<br />
Estrada de Ferro Campos do<br />
Jordão – EFCJ (CPTM)<br />
Bonde de Santa Teresa<br />
ABPF – Associação Brasileira<br />
de Preservação Ferroviária<br />
Estrada de Ferro do Corcovado<br />
Ferrovia do SESC Grussaí /<br />
São João da Barra<br />
Estação da Luz / Paranapiacaba<br />
- CPTM<br />
Votam:<br />
Associações<br />
32<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
arquivo ferroviário<br />
O pequeno município de Capivari de<br />
Baixo, em Santa Catarina, ganhou em<br />
janeiro um novo ponto turístico. A locomotiva<br />
a vapor modelo tanque em<br />
cela, classe Whyte 0-4-0, do tipo manobreira,<br />
fabricada pela Manning Wardlen,<br />
de Londres (Inglaterra), estacionou<br />
linda, bela e restaurada na praça<br />
Ferrovia Tereza Cristina, no bairro de<br />
Santo André. A operadora, aliás, patrocinou<br />
o trabalho de restauração da<br />
máquina, que durou cerca de seis meses.<br />
Antes da reforma, a Maria Fumaça<br />
estava guardada nas dependências da<br />
prefeitura de Capivari de Baixo, suscetível<br />
à ação de intempéries. Não se<br />
sabe ao certo o ano em que a locomotiva desembarcou no Brasil, estima-se<br />
que tenha sido entre 1913 e 1916. A máquina pesa 35 toneladas,<br />
tem prefixo número 2 e foi utilizada para transportar pequenos vagonetes<br />
entre setores e auxiliava em manobras.<br />
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arquivo ferroviário
capa<br />
Expansão paulista<br />
Governo de SP destrava obras para acrescentar 34 quilômetros de via e inaugurar<br />
20 novas estações<br />
Por Romulo Tesi<br />
Para o sistema metroferroviário de São Paulo,<br />
<strong>2018</strong> começou pra valer em 23 de janeiro. Nessa<br />
data, às vésperas do feriado prolongado do<br />
aniversário da capital, o governador Geraldo<br />
Alckmin finalmente inaugurou a estação Higienópolis-<br />
-Mackenzie da Linha 4-Amarela (Metrô) praticamente<br />
quatro anos depois da previsão inicial.<br />
A obra é uma das 20 estações que o governo promete entregar<br />
até dezembro, período em que Alckmin, pré-candidato<br />
à Presidência da República pelo PSDB, passará a maior<br />
parte do tempo entre os cafezinhos e comícios da corrida ao<br />
Palácio do Planalto. E, é claro, andar entre uma inauguração<br />
e outra das tantas programadas para os próximos meses.<br />
Caso tudo saia como planejado, o salto no tamanho da<br />
36<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong><br />
malha será gigantesco e sem precedentes na história. Ainda<br />
mais se levando em conta o hiato entre o ano da Copa<br />
do Mundo do Brasil (2014) e o presente. Após dois anos<br />
de estagnação, três estações novas foram abertas em 2017,<br />
todas na Linha 5-Lilás do Metrô: Alto da Boa Vista, Borba<br />
Gato e Brooklin.<br />
Ao final de <strong>2018</strong>, o investimento aproximado nos últimos<br />
quatro anos terá sido de R$ 19 bilhões, com 212 trens<br />
(114 novos e 98 modernizados), mais 34 quilômetros de<br />
vias (22 quilômetros de Metrô e 12 quilômetros de CPTM)<br />
e 23 estações novas - ou 24, dependendo do ponto de vista.<br />
"Engenheiro Goulart (CPTM) tinha 1,5 mil m² e agora<br />
tem 15 mil m². Então eu considero nova", diz o secretário<br />
estadual de Transportes Metropolitanos de São Paulo,
Fotos: Divulgação/STM<br />
As novas estações da Linha 5-Lilás ganharam uma arquitetura futurista. Na foto, estação Brooklin<br />
Clodoaldo Pelissioni, sobre a estação da Linha 12-Safira,<br />
reformada para receber a ligação com a Linha 13-Jade,<br />
que chegará ao Aeroporto de Guarulhos.<br />
A ligação sob trilhos do centro com o aeroporto de<br />
Guarulhos é um sonho antigo dos moradores da região<br />
metropolitana, e alvo de promessas de vários governos<br />
desde o início do século. Mas somente em <strong>2018</strong> sairá<br />
do papel de vez, após percalços comuns em vários projetos<br />
de expansão do sistema de transportes paulista nos<br />
últimos anos. As crises econômicas e a causada pela<br />
Operação Lava Jato são dois fatores que, segundo Pelissioni,<br />
foram decisivos para os atrasos.<br />
"Nós fizemos um trabalho de organizar as obras. Tivemos<br />
que rescindir contratos, fazer as contratações<br />
necessárias, desapropriações, acertar e reordenar financiamentos<br />
para que a gente pudesse entregar tudo isso<br />
para a população", explica o secretário, que admite a<br />
ousadia do plano para os próximos meses.<br />
"A meta é ousada, mas eu acredito muito nela, porque<br />
tivemos três anos de trabalho duro. Foram R$ 13,5 bilhões<br />
de investimentos pagos entre 2015 e 2017, apesar da crise<br />
pesada que nós vivemos, com queda de arrecadação,<br />
dificuldades na obtenção de financiamento, além da Lava<br />
Jato, com muitos contratos sendo rescindidos", pondera.<br />
"PAC foi um engodo"<br />
Entre ida e vindas, a Linha 13-Jade chegou a ser cogitada<br />
para o ano da Copa do Mundo, mas não apareceram<br />
empresas interessadas na obra. Com isso, a construção só<br />
começou em 2013. No caminho, havia ainda um obstáculo<br />
a vencer: a rodovia Ayrton Senna. Para não mexer na via, a<br />
solução encontrada foi fazer um viaduto estaiado, de menor<br />
custo e execução mais breve, segundo Pelissioni, que<br />
nega a promessa de construção para o Mundial da Fifa.<br />
"Não era para a Copa, seria impossível começar uma<br />
linha em 2013 e terminar em 2014, mesmo porque, quando<br />
entramos lá, os sistemas não haviam sido contratados.<br />
E precisamos desistir do PAC (Programa de Aceleração<br />
do Crescimento, do governo federal). Esse dinheiro<br />
não veio. O PAC Mobilidade foi um verdadeiro engodo.<br />
Eram R$ 35 bilhões de investimentos autorizados no<br />
Brasil e orçamento de R$ 500 milhões. Seriam uns 70<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 37
capa<br />
“Fizemos um trabalho<br />
de organizar as obras.<br />
Tivemos que rescindir<br />
contratos, fazer as<br />
contratações necessárias,<br />
desapropriações, acertar e<br />
reordenar financiamentos”<br />
Clodolado Pelissioni, STM<br />
anos para cumprir tudo. Nós desistimos.<br />
Reordenamos um financiamento do BN-<br />
DES e conseguimos fazer a licitação dos<br />
sistemas, concluir as desapropriações e,<br />
com isso, vamos entregar uma obra importante<br />
em cinco anos, que é um tempo<br />
razoável para uma construção dessa<br />
magnitude", explica.<br />
A ideia é começar a operação assistida<br />
entre o final de março e início de abril.<br />
A passagem será gratuita nesse período, e<br />
a linha funcionará somente nos finais de<br />
semana, entre 10h e 15h. Um mês depois,<br />
o mesmo sistema será prolongado para<br />
todos os dias. Depois de mais um mês, a<br />
CPTM iniciará a operação comercial. Serão<br />
12 quilômetros de linha, com duas novas<br />
estações - do zero, e não reformadas:<br />
Cecap e Cumbica.<br />
No início, a operação será feita com<br />
trens novos, mas não os comprados para<br />
a Linha 13. A CPTM utilizará primeiro os<br />
trens do lote de 65 unidades que estão sendo<br />
entregues pela CAF e Hyundai-Rotem.<br />
Em 2019, quando as oito composições<br />
chinesas (consórcio Temoinsa-Sifang) começarem<br />
a chegar, serão substituídas. E os<br />
outros, passarão a rodar nas linhas 7 e 11.<br />
Os trens já poderiam chegar para a<br />
inauguração da linha, não fosse uma série<br />
de problemas que começaram na licitação.<br />
"Fizemos uma concorrência internacional<br />
e os trens foram financiados pelo<br />
Banco Europeu de Investimentos (BEI).<br />
Os chineses venceram. Nós tivemos que<br />
fazer uma diligência, o que levou seis meses.<br />
O segundo colocado na licitação entrou<br />
com um recurso diretamente no Banco<br />
Europeu, e levamos nove meses para obter<br />
o OK deles. Os organismos internacionais<br />
tendem a ser mais rígidos com o Brasil atualmente.<br />
Com isso só contratamos os trens<br />
no final do ano passado", diz Pelissioni.<br />
Linha 15-Prata<br />
Já a Linha 15-Prata (Metrô) – primeira<br />
a utilizar o modal de monotrilho no<br />
Brasil – responde pela maioria das estações<br />
prometidas para <strong>2018</strong>. São oito, todas<br />
previstas para entrarem em operação<br />
no primeiro semestre. A meta é entregar<br />
cinco até março, e mais três em junho. A<br />
ideia original, porém, era inaugurar tudo<br />
de uma vez, em 2016.<br />
As promessas<br />
para <strong>2018</strong><br />
FEVEREIRO<br />
Linha 5-Lilás<br />
Estação Eucaliptos<br />
MARÇO<br />
Linha 5-Lilás<br />
Estações Moema, AACD-<br />
Servidor e Hospital São Paulo<br />
Linha 4-Amarela<br />
Estação Oscar Freire<br />
Linha 15-Prata<br />
Estações São Lucas,<br />
Camilo Haddad, Vila Tolstói,<br />
Vila União e Jardim Planalto<br />
Linha 13-Jade<br />
Estações Cecap e<br />
Cumbica (aeroporto)<br />
ABRIL<br />
Linha 5-Lilás<br />
Estações Santa Cruz<br />
(ligação com a Linha 1) e<br />
Chácara Klabin<br />
(ligação com Linha 2)<br />
JUNHO<br />
Linha 15-Prata<br />
Estações Sapopemba,<br />
Fazenda da Juta<br />
e São Mateus<br />
JULHO<br />
Linha 4-Amarela<br />
Estação Morumbi-São Paulo<br />
Monotrilho da Bombardier, modelo Innovia 300, circulando na Linha 15-Prata<br />
DEZEMBRO<br />
Linha 5-Lilás<br />
Estação Campo Belo<br />
38<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Estação Alto<br />
da Boa Vista,<br />
da Linha 5-Lilás,<br />
aberta no fim<br />
de 2017<br />
• 23 novas estações<br />
• Mais 34 quilômetros de trilhos<br />
Expansão do sistema<br />
metroferroviário de SP<br />
• 7,3 milhões de passageiros/dia é o número atual.<br />
Após conclusão das obras, a expectativa é ter um<br />
acréscimo de mais de 2 milhões usuários/dia<br />
• 114 novos trens: 35 da CAF; 27 da Bombardier;<br />
30 da Hyundai-Rotem; 8 da Temoinsa-Sifang;<br />
14 da Scomi<br />
• 98 trens modernizados<br />
• Investimentos de R$ 19 bilhões<br />
"A empreiteira teve grande dificuldade. Ela foi atrás de<br />
uma parceira, nós ameaçamos rescindir contrato. O mercado<br />
de construção não está fácil. Com a Lava Jato ficou<br />
difícil. As empresas dão descontos altos e depois não conseguem<br />
cumprir os prazos. Para quem está construindo<br />
bastante coisa como a gente, é um problema. Não quero<br />
multar ou rescindir contrato. Pago em dia, quero serviço<br />
no prazo", lamenta.<br />
O plano é completar o trecho a partir de Oratório, com<br />
São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói, Vila União, Jardim<br />
Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus<br />
(a inauguração da estação Iguatemi tem previsão somente<br />
para março de 2021). Dos 27 trens da Bombardier (todos<br />
já entregues), somente quatro estão operando – o restante<br />
aguarda para começar a rodar.<br />
As obras começaram em 2011, mas somente duas estações<br />
foram entregues: Vila Prudente e Oratório, com um<br />
pequeno trecho de 2,9 quilômetros, funcionando com quatro<br />
trens de forma experimental desde o fim de agosto de<br />
2014. Ao todo, a Linha 15-Prata terá 26,6 quilômetros de<br />
extensão, com 18 estações elevadas.<br />
A operação do monotrilho deve ser concedida à iniciativa<br />
privada, e a CCR já anunciou interesse. O Metrô fala<br />
em uma demanda de 500 mil passageiros por dia, em trens<br />
com capacidade para até mil pessoas.<br />
Linha 5-Lilás e Linha 17-Ouro<br />
Do alto para o subsolo, a Linha 5-Lilás (Metrô) começou<br />
o ano envolta em polêmica - e motivando até<br />
uma greve dos metroviários. No dia 18 de janeiro, na<br />
véspera da data marcada para a abertura dos envelopes<br />
com as propostas da licitação para operação, juntamente<br />
com a Linha 17-Ouro (que vai operar com monotrilho),<br />
a 12ª Vara da Fazenda Pública da Capital concedeu<br />
liminar a pedido do Sindicato dos Metroviários<br />
pela suspensão do processo. A alegação era que o valor<br />
mínimo de outorga não cobriria os gastos com as obras.<br />
No entanto, na noite do mesmo dia, o governo de São<br />
Paulo conseguiu derrubar a liminar, e o leilão foi mantido<br />
para a data original.<br />
O vencedor foi o consórcio formado pela CCR e RU-<br />
ASinvest, que ofereceu R$ 553.880.400 (ágio de 185%),<br />
e ficará responsável pela operação comercial das duas linhas<br />
por 20 anos. O grupo Metrô São Paulo Linhas 5 e<br />
17, constituído pela CS Brasil, fez um lance de R$ 388,5<br />
milhões (ágio de quase 100%) e foi derrotado.<br />
A expectativa do governo de São Paulo é que sejam<br />
investidos, por meia da concessão, cerca de R$ 3 bilhões<br />
durante esses 20 anos. Estima-se que as duas linhas<br />
juntas recebam 1 milhão de passageiros por dia.<br />
Até a assinatura do contrato, o governo deve levar aproximadamente<br />
três meses – salvo batalhas na Justiça em<br />
caso de um eventual questionamento por parte do consórcio<br />
derrotado.<br />
Até lá o grupo vencedor poderá se preparar para a operação<br />
da linha, que deve ganhar sete estações em <strong>2018</strong>, o<br />
que promete resolver um problema antigo em um trecho<br />
que por anos foi o mais curto do sistema do metrô.<br />
Das sete estações previstas para <strong>2018</strong> (Linha 5), duas<br />
são ligações com Santa Cruz, na Linha 1-Azul, e Chácara<br />
Klabin, na Linha 2-Verde. Assim, os moradores da região<br />
do Capão Redondo e Campo Limpo, mais ao sul, área<br />
densamente povoada, poderão acessar com mais conforto<br />
e rapidez a região central da cidade, a Avenida Paulista,<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 39
capa<br />
e as zonas Oeste e Norte. A entrega das duas obras está<br />
prevista para abril.<br />
As outras cinco estações serão Eucaliptos, Moema, AA-<br />
CD-Servidor, Hospital São Paulo e Campo Belo. A primeira<br />
estava prevista para dezembro de 2017, mas acabou<br />
sendo adiada para o fim de fevereiro deste ano. Moema,<br />
AACD-Servidor e Hospital São Paulo foram prometidas<br />
para fevereiro também, mas já sofreu atrasos. O novo prazo<br />
é março. Campo Belo está prevista para dezembro de<br />
<strong>2018</strong> – nesta estação, a Linha 5-Lilás fará a ligação com<br />
a Linha 17-Ouro (monotrilho). O governo de São Paulo<br />
afirmou que a culpa pelo atraso na entrega das estações é<br />
da Bombardier, responsável pela implementação da sinalização<br />
no trecho.<br />
O governo decidiu licitar as linhas 5 e 17 juntas porque<br />
admite: o monotrilho, sozinho, não é atraente para investidores.<br />
"A Linha 17 cruza com estação Campo Belo, logo<br />
há um ganho de sinergia. Se eu tivesse duas concessões<br />
separadas, teria que pagar duas vezes. Assim eu pago uma<br />
vez só. Outro ponto: a Linha 5 é um 'filezão', com previsão<br />
de 850 mil passageiros por dia. A Linha 17 deve ter entre<br />
170 mil e 200 mil usuários. Juntando as duas, o projeto<br />
para em pé", defende Pelissioni.<br />
O secretário diz que enxerga ainda uma desconfiança<br />
por parte dos operadores com o monotrilho em função<br />
do ineditismo do modal no Brasil. Especialistas do setor,<br />
porém, afirmam que há chances de a operação do<br />
monotrilho da Linha 17-Ouro ser deficitária. Na prá-<br />
LINHAS DO SISTEMA METROFERROVIÁRIO PAULISTA<br />
40<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Linhas à espera de definição<br />
No outro extremo de São Paulo, a Linha 6-Laranja,<br />
parece longe de uma solução. A construção da via,<br />
que ligará a Brasilândia, na Zona Norte, à estação São<br />
Joaquim, no Centro, foi iniciada em janeiro de 2015.<br />
Em setembro de 2016, porém, o consórcio Move São<br />
Paulo, formado pelas empreiteiras Odebrecht, Queiroz<br />
Galvão e UTC – todas envolvidas com a Operação Lava<br />
Jato –, alegou que vinha tendo dificuldades em conseguir<br />
um financiamento no BNDES e decidiu, de forma<br />
unilateral, pela paralisação total das obras.<br />
Desde então, a Secretaria de Transportes Metropolitanos<br />
(STM) já aplicou R$ 27,8 milhões em multas e vem<br />
tentando, sem sucesso, retomar os trabalhos. No dia 5 de<br />
fevereiro, a Move foi notificada pela STM do prazo de 30<br />
dias para reiniciar as obras. Caso não consiga, a concessão<br />
caducará, e o governo fará nova licitação.<br />
A expectativa era pela compra definitiva da concessão<br />
pelo grupo liderado pelos chineses da China<br />
Railway Capital Co. Ltd. e China Railway First Group<br />
Ltd., que integram o grupo China Railway Engineering<br />
Corporation Ltd. (CREC). A proposta de aquisição foi<br />
formalizada em outubro do ano passado, mas a Move<br />
não aceitou o acordo. Clodoaldo Pelissioni admite que<br />
dificilmente a previsão de abrir a linha no fim de 2021<br />
será concretizada.<br />
Já a Linha 18-Bronze, na região do ABC, deve ficar<br />
para o próximo governador de São Paulo. Considerada<br />
a solução para uma região densamente povoada, a<br />
Linha 18 terá 15,4 quilômetros de extensão, com 13<br />
estações, 32 trens e uma demanda estimada de pouco<br />
menos de 390 mil passageiros por dia em 2030.<br />
Para iniciar as obras, o governo precisa da autorização<br />
da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex), do<br />
Ministério do Planejamento, para um financiamento de<br />
US$ 182,7 milhões, contraído no exterior. O dinheiro<br />
será usado para pagar as desapropriações.<br />
Enquanto isso, o consórcio VemABC, vencedor da licitação<br />
em 2014, aguarda. A parceria público-privada firmada<br />
com o governo já foi prorrogada para <strong>2018</strong>, e contrato<br />
segue de pé. Após sair o financiamento, a VemABC<br />
terá um ano para os projetos executivos de engenharia e<br />
três para a execução das obras. O contrato de concessão<br />
da exploração comercial é de 21 anos, com valor de R$<br />
R$ 4,7 bilhões, e inclui, além das obras e a operação, os<br />
trens, sistemas, conservação e manutenção.<br />
Trens da Frota P do Metrô de São Paulo, que atenderão a Linha 5-Lilás<br />
tica, os custos para manter os trens circulando serão maiores<br />
do que a receita das bilheterias. O metrô de São Paulo estima<br />
um custo de operação de R$ 6,71 por passageiro na Linha 17,<br />
muito acima da atual tarifa da rede (R$ 4). A possibilidade<br />
de prejuízo justifica o fato de a Linha 17 ter sido incluída no<br />
pacote de concessões junto com a Linha 5-Lilás.<br />
Linha 17-Ouro<br />
A Linha 17 é um dos pontos sensíveis da expansão da malha<br />
metroferroviária paulista. Tratada como um dos legados da Copa<br />
do Mundo, portanto com entrega originalmente prevista para 2014,<br />
antes do início do Mundial de futebol, o monotrilho só deve ser<br />
aberto totalmente em dezembro de 2019 – sete anos após o início<br />
das obras. A partir de então, o paulistano terá mais uma opção para<br />
chegar ao Aeroporto de Congonhas, e não mais somente automóvel<br />
e ônibus, livrando-se do trânsito pesado na região da Zona Sul<br />
e com menos risco de atrasos.<br />
A primeira fase da obra terá oito estações e 7,7 quilômetros de<br />
extensão entre Morumbi e o aeroporto. A linha completa terá 17,7<br />
km e 18 estações. Não há previsão de entregas este ano. A fabricação<br />
dos 14 monotrilhos (de cinco carros) encomendados pelo<br />
governo estadual para a Liha-17 está a cargo da Scomi. As primeiras<br />
unidades estão sendo produzidas na Malásia e ainda não há<br />
previsão para a conclusão da entrega.<br />
Linha 4-Amarela<br />
Em operação desde 2010, a Linha 4-Amarela (Metrô) ganhará<br />
impulso com a inauguração de três estações (contando Higienópolis-Mackenzie).<br />
Mas ainda não será em <strong>2018</strong> que o trecho será<br />
concluído – a previsão original era 2014. A entrega total, com a<br />
abertura da estação Vila Sônia, juntamente com o terminal de ônibus<br />
e pátio de trens, só deve ficar para dezembro de 2019. Para<br />
março deste ano está prometida a estação Oscar Freire, última que<br />
faltava no espaço entre a Paulista e a Faria Lima, trecho “pulado”<br />
na inauguração da linha. Em julho, o governo pretende abrir a estação<br />
Morumbi-São Paulo.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 41
eportagem<br />
Conexão trem-aeroporto<br />
Salvador e São Paulo tiram do papel ligação ferroviária com terminal aéreo<br />
Por Annaclara Velasco<br />
Fotos: Divulgação<br />
A Estação Aeroporto vai permitir ao passageiro chegar ao centro da capital baiana em 35 minutos<br />
42<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong><br />
Nas principais cidades europeias, chegar ou sair<br />
de um aeroporto afastado do centro não é problema.<br />
Basta os passageiros ingressarem em<br />
uma estação de trem próxima aos terminais de<br />
embarque e desembarque para que, de maneira prática e<br />
rápida, cheguem ao seu destino final. No Brasil, até o ano<br />
passado, Recife era a única cidade que se aproximava desse<br />
modelo de transporte – uma das estações da Linha Sul<br />
do metrô da capital pernambucana está localizada a 500<br />
metros do Aeroporto Internacional dos Guararapes, cujo<br />
acesso se dá por uma passarela inaugurada em 2014. Mas,<br />
em breve, duas outras metrópoles se juntarão a esse time:<br />
Salvador e São Paulo.<br />
A expansão da malha ferroviária até os terminais aeroportuários,<br />
além de aliviar a sobrecarga no transporte<br />
rodoviário, estimula o turismo e facilita a rotina de quem<br />
trabalha nos aeroportos e no entorno. Em Salvador, essa<br />
conexão surgiu como uma das soluções para a mobilidade<br />
urbana e vai ligar o aeroporto à estação rodoviária e diversos<br />
pontos turísticos. A extensão da rede metroviária da<br />
capital baiana ganhou fôlego a partir do projeto de concessão<br />
vencido pelo Grupo CCR Metrô Bahia, em 2013.<br />
De acordo com o contrato, a concessionária ficou responsável<br />
por realizar a construção de estações, a aquisição de<br />
equipamentos e sistemas, a adequação e a revitalização de<br />
trens, além da manutenção e da operação dos Terminais de<br />
Integração de Passageiros das Linhas 1 e 2.<br />
A Parceria Público-Privada (PPP) entre o Estado da Bahia<br />
e o Grupo CCR teve investimento de R$ 5,6 bilhões – R$ 2<br />
bilhões em empréstimo de longo prazo do BNDES, R$ 2,28<br />
bilhões em aportes públicos dos governos do estado e federal,<br />
e o restante em aportes de acionistas e empréstimos de<br />
curto prazo. Atualmente, o sistema metroviário de Salvador<br />
conta com 33 quilômetros de extensão, 20 estações e oito<br />
terminais de integração com ônibus. A concessionária somou<br />
à frota 34 trens da série 2000 da Hyundai-Rotem, totalizando<br />
40 composições com quatro carros cada já em operação.<br />
Antes da concessão, havia apenas quatro estações da Linha 1<br />
construídas, porém sem funcionamento, e seis trens da série<br />
1000 da Hyundai-Rotem, que se encontravam sem operação<br />
e que foram revitalizados pela CCR Metrô Bahia.<br />
“Há quatro anos, o metrô de Salvador era uma obra
“Há quatro anos, o metrô<br />
de Salvador era uma<br />
obra inacabada. A PPP<br />
permitiu que as obras<br />
fossem finalizadas em<br />
curto prazo e que o metrô<br />
entrasse em circulação”<br />
inacabada. A PPP<br />
permitiu que as obras<br />
fossem finalizadas<br />
em curto prazo e que<br />
o metrô entrasse em<br />
circulação”, explica<br />
Luis Valença, CCR Metrô Bahia o diretor-presidente<br />
da CCR Metrô Bahia,<br />
Luis Valença.<br />
O modal passou a fazer parte da rotina dos soteropolitanos<br />
desde junho de 2014, em operação assistida – a<br />
operação comercial foi iniciada em janeiro de<br />
2016. A Linha 1 tem oito estações ao longo de<br />
12 quilômetros de extensão, ligando a Estação<br />
Lapa à Pirajá. Já a Linha 2, que liga a Acesso<br />
Norte à Mussurunga, possui 11 estações e 17,5<br />
quilômetros. A partir de março deste ano, uma<br />
extensão de 3,5 quilômetros da Linha 2 vai<br />
conectar a Estação Mussurunga ao Aeroporto<br />
Internacional de Salvador e vai permitir que<br />
moradores e turistas cheguem a regiões centrais<br />
da cidade, como Lapa e Iguatemi, em 25<br />
e 35 minutos, respectivamente.<br />
Outro importante marco foi a inauguração<br />
do Centro de Controle Operacional (CCO),<br />
em 2016, que centraliza as informações relacionadas<br />
ao funcionamento e operação do<br />
metrô e é totalmente integrado ao sistema de<br />
Aeroportos entram nos trilhos<br />
CCR Metrô Bahia<br />
• MARÇO é a previsão de conclusão da<br />
Estação Aeroporto<br />
• Extensão da Linha 2 do CCR Metrô Bahia<br />
• 35 minutos do Aeroporto ao centro de Salvador<br />
• Trens das séries 1000 e 2000 da Hyundai-Rotem<br />
monitoramento da Polícia Militar do Estado. O “cérebro”<br />
do metrô possui um videowall de 44 telas LCD de 55 polegadas<br />
e, a partir delas, é possível monitorar mais 1.600<br />
câmeras distribuídas pelo sistema metroviário, que opera<br />
com o sistema de sinalização CBTC em suas duas linhas.<br />
Características<br />
A Estação Aeroporto tem 5.983 metros quadrados de<br />
área construída e será equipada com escadas rolantes, piso<br />
tátil, elevadores, sanitários, dois bicicletários e câmeras de<br />
monitoramento integradas à sala de supervisão operacio-<br />
SISTEMA METROVIÁRIO DE SALVADOR E LAURO DE FREITAS<br />
CPTM<br />
• PRIMEIRO SEMESTRE DESSE ANO é a previsão<br />
de conclusão da Estação Aeroporto-Guarulhos<br />
• Linha 13-Jade<br />
• 35 minutos do Aeroporto à Estação da Luz<br />
• Trens estão sendo produzidos pelo consórcio<br />
Temoinsa-Sifang. Previsão de entrega em 2019<br />
Trens da<br />
série 2000 da<br />
Hyundai-Rotem<br />
fazem o percurso<br />
da Linha 2 do<br />
CCR Metrô Bahia<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 43
eportagem<br />
As obras da Estação Aeroporto do CCR Metrô Bahia estão praticamente concluídas<br />
nal de cada estação e ao CCO. Os usuários poderão acessar<br />
a estação de metrô, localizada a 2,5 quilômetros de<br />
distância do aeroporto, por um serviço do ônibus circular<br />
gratuito e climatizado, que terá intervalos programados a<br />
cada 10 minutos.<br />
Futuramente, a expectativa é a ampliação de mais 3,5<br />
quilômetros da Linha 2 – seguindo o contrato de concessão,<br />
quando a Estação Aeroporto atingir o pico de seis mil<br />
usuários por dia por seis meses consecutivos, começarão<br />
os estudos para a construção de uma nova estação, localizada<br />
no município de Lauro de Freitas, a 15 quilômetros<br />
da capital. De acordo com Valença, com a conclusão total<br />
do projeto de expansão da malha ferroviária, o número de<br />
usuários atendidos por dia na capital baiana deve aumentar<br />
de 270 mil para 500 mil. Apesar do salto, o diretor-presidente<br />
da CCR Metrô Bahia garante que a empresa está<br />
preparada para o aumento da demanda:<br />
“Atualmente, o sistema metroviário de Salvador e Lauro<br />
de Freitas está operando com um movimento aquém da capacidade<br />
de oferta. Todos os equipamentos já estão disponíveis<br />
e estamos preparados para oferecer um transporte público de<br />
qualidade internacional para todo esse contingente”.<br />
Guarulhos sobre trilhos<br />
Após décadas de planejamento e tentativas do governo do estado<br />
de iniciar uma obra que ligasse a maior cidade do Brasil ao seu<br />
aeroporto internacional, São Paulo vai ganhar no primeiro semestre<br />
desse ano a Linha 13-Jade, que vai se somar às outras seis<br />
já existentes e operadas pela CTPM. A expectativa é que o novo<br />
trecho, de 12,2 quilômetros de extensão e três estações – duas<br />
delas construídas do zero (Aeroporto-Guarulhos e Guarulhos-Cecap),<br />
e a Engenheiro Goulart – atenda os 35 mil funcionários do<br />
aeroporto e os moradores de Guarulhos (veja mais nas págs. 36<br />
a 41). O projeto engloba ainda um terminal de integração com a<br />
Linha 12-Safira que foi totalmente reconstruído.<br />
A Estação Aeroporto-Guarulhos fica localizada a 450 metros do<br />
Terminal 1 e os usuários poderão acessá-la por uma passarela<br />
equipada com escadas rolantes e elevadores. A GRU Airport, consórcio responsável pelo aeroporto desde 2012,<br />
fará o trajeto dos passageiros até os Terminais 2 e 3 por meio de ônibus gratuitos, que sairão a cada 15 minutos.<br />
A CTPM planeja oferecer outros dois tipos de viagem: o Airport Express vai fazer uma conexão direta entre<br />
o aeroporto e a Estação da Luz em cerca de 35 minutos, em horários programados e com tarifa diferenciada.<br />
Já o Connect contará com um trem parador saindo da Estação Brás até o ponto final da Linha 13-Jade e vai<br />
funcionar nos horários de pico, sem tarifa diferenciada.<br />
Divulgação/CPTM<br />
As obras da<br />
Linha 13 estão<br />
a todo vapor<br />
e devem ser<br />
inauguradas<br />
até junho<br />
44<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
todas as locomotivas<br />
Frota de locomotivas cresce em 2017<br />
Entre o ano passado e 2016, 58 novas máquinas entraram em operação nas ferrovias<br />
Marcelo Coelho<br />
Locomotiva ES58ACI (Evolution), da GE, transportando minério na EFC. Das 277 máquinas que operam na ferrovia, apenas uma está inativa<br />
Olevantamento realizado anualmente pela<br />
Revista Ferroviária revela que houve um aumento<br />
de 58 novas locomotivas na frota nacional,<br />
o que corresponde a um crescimento<br />
de 1,6% na comparação com o número fechado de 2016.<br />
A frota total de 2017 é composta por 3.682 máquinas,<br />
contra 3.624 em 2016. Rumo, Estrada de Ferro Carajás<br />
(EFC), Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e Ferrovia Norte-Sul<br />
(FNS), com aquisições no último ano, contribuíram<br />
para esse resultado.<br />
A Rumo adquiriu 22 locomotivas novas do modelo<br />
ES43BBi (bitola métrica) e 26 novas máquinas AC44<br />
(bitola larga), ambas da General Electric (GE). As locomotivas<br />
adquiridas pela operadora no último triênio<br />
fazem parte do plano de investimentos da empresa que se<br />
estende até 2020. Além disso, no último ano a empresa<br />
aposentou locomotivas antigas: 18 de modelo SD40 nas<br />
Operações Sul e cinco SD70 nas Operações Norte. Com<br />
isso, o saldo total da empresa ficou em 25 máquinas.<br />
A EFC acrescentou 23 novas locomotivas à frota, todas<br />
modelo Dash-9, fabricadas pela GE. A Vale informou<br />
que o aumento no número de locomotivas está diretamente<br />
relacionado com a expectativa de crescimento do<br />
volume de produção. Em 2019, a pretensão da empresa<br />
46<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
é transportar 230 milhões de toneladas de minérios pela<br />
EFC ― hoje a produção é de aproximadamente 175 milhões<br />
de toneladas/ano.<br />
A VLI também investiu pesado em material rodante nos<br />
últimos anos. A empresa acrescentou à frota da FCA 23<br />
locomotivas SD70BB EMD, e cinco máquinas foram destinadas<br />
à FNS (todas do modelo GM SD70). Além disso, a<br />
VLI informou que aposentou quatro máquinas com idades<br />
avançadas, que constavam ano passado na frota da FCA<br />
(modelos ALCO MX, GE U20, GT26 e GT3).<br />
A MRS fechou 2017 com oito locomotivas a menos<br />
que em 2016. A empresa informou que vendeu máquinas<br />
do modelo AC44 para a Vale. A Ferroeste perdeu<br />
uma locomotiva na comparação entre 2016 e 2017. Trata-se<br />
de uma EMD modelo G12 alugada da FTC. Já<br />
a Transnordestina tem hoje cinco locomotivas G12 a<br />
menos que em 2016 – as máquinas foram alugadas e<br />
devolvidas. As demais operadoras mantiveram a mesma<br />
frota nos períodos comparados. Os dados das frotas<br />
inativas da Rumo e da FCA, de 2016, foram revisados e<br />
alterados pelas operadoras.<br />
Frota ativa atual é menor<br />
A Rumo é a concessionária que tem maior frota ativa<br />
(864 locomotivas) e também a que tem a maior frota<br />
inativa (357 locomotivas). A operadora conta com uma<br />
frota relativamente nova, a maioria das máquinas (296)<br />
foi fabricada a partir de 1998. Destas, apenas nove são<br />
consideradas inativas pela concessionária. É importante<br />
ressaltar que do total de 3.682 locomotivas da frota<br />
atual, 114 não tiveram a data de fabricação especificada<br />
pelas empresas.<br />
Outro destaque são as ferrovias da Vale, que praticamente<br />
não têm frota inativa. Das 280 locomotivas da Estrada<br />
de Ferro Vitoria a Minas (EFVM), apenas duas estão<br />
inativas, e das 277 locomotivas da Estrada de Ferro Carajás<br />
(EFC), apenas uma está em oficina. A EFC, além disso,<br />
destaca-se por contar com uma frota nova: 246 locomotivas<br />
foram fabricadas nesse século.<br />
Estrada de Ferro Jari, EF Juruti, EF Trombetas, Ferroeste<br />
e Ferrovia Tereza Cristina também não contam com<br />
frota inativa. Já a EF Amapá está desativada desde 2015 e<br />
todas as locomotivas (12) estão inativas.
todas as locomotivas<br />
Operadora<br />
Rumo (Operações Sul +<br />
Operações Norte)<br />
Frota de Locomotivas<br />
Taxa de inatividade<br />
Frota Ativa Frota Inativa Frota Total<br />
(%)<br />
2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017<br />
898 864 298 357 1.196 1.221 24,9 29,2<br />
EF Amapá 0 0 12 12 12 12 100,0 100,0<br />
EF Carajás 254 276 0 1 254 277 0,0 0,4<br />
EF Jari 2 2 0 0 2 2 0,0 0,0<br />
EF Juruti 2 2 0 0 2 2 0,0 0,0<br />
EF Trombetas 6 6 0 0 6 6 0,0 0,0<br />
EF Vitória a Minas 279 278 1 2 280 280 0,4 0,7<br />
Ferrovia Centro-Atlântica 623 609 156 189 779 798 20,0 23,7<br />
Ferroeste 15 14 0 0 15 14 0,0 0,0<br />
Ferrovia Norte-Sul 62 66 0 1 62 67 0,0 1,5<br />
Ferrovia Tereza Cristina 16 16 0 0 16 16 0,0 0,0<br />
MRS 804 796 76 76 880 872 8,6 8,7<br />
Transnordestina (FTL + TLSA) 101 96 19 19 120 115 15,8 16,5<br />
Total 3.062 3.025 562 657 3.624 3.682 15,5 17,8<br />
Fonte: Operadoras de carga<br />
Modelo<br />
Estrada de Ferro Trombetas (EFT) 2017<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) 2017<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
G12 EMD 1310 1954 3 0 3<br />
C22-7i GE 2200 2001 3 0 3<br />
Total 6 0 6<br />
Fonte: MRN<br />
GEU5B GE 450 1961 12 0 12<br />
GEU8B GE 810 1961 2 4 6<br />
GEU10B GE 810/950 1970 20 4 24<br />
GM-G12 EMD 1.310 1958 24 3 27<br />
ALCO-RSD8 ALCO 950 1958 27 4 31<br />
Modelo<br />
Estrada de Ferro Carajás (EFC) 2017<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
C36 GE 3.600 1986 27 0 27<br />
DASH-8 GE 4.000 1990 4 0 4<br />
DASH-9 GE 4.380 2004 111 1 112<br />
ES58ACI<br />
(EVO)<br />
GE 5.800 2013 72 0 72<br />
SD70 EMD 4.100 2006 55 0 55<br />
SD18 EMD 1.800 1961 4 0 4<br />
SD38 EMD 2.000 1966 2 0 2<br />
Total 91 15 106<br />
Fonte: Transnordestina<br />
Transnordestina Logística S.A. (TLSA) 2017<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
SD40 EMD 3.400 1982 5 4 9<br />
Frota<br />
Total<br />
SD80AC EMD 5.300 2012 7 0 7<br />
Total 276 1 277<br />
Fonte: Vale.<br />
Total 5 4 9<br />
Fonte: Transnordestina<br />
*Projeto em implantação. Locomotivas vinculadas à montagem da superestrutura<br />
– trens de serviço.<br />
48<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Rumo - Operações Norte 2017<br />
Rumo - Operações Sul 2017<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
AC44 GE 4.400 1998-2017 197 0 197<br />
C30 GE 3.000 1976-84 67 66 133<br />
C307A GE 3.000 1976-84 2 14 16<br />
C30MA GE 3.000 1976-84 2 1 3<br />
C30MP GE 3.000 1976-84 56 26 82<br />
C36 GE 3.000 1978-85 1 1 2<br />
DASH9 GE 4.400 1998-99 19 8 27<br />
G12 EMD 1.310 1957 1 10 11<br />
GP18 EMD 1.050 1957-60 2 2 4<br />
GP9 EMD 1.749 1957-60 0 2 2<br />
LEW LEW 1.050 1968 0 5 5<br />
GE70 GE 600 1972 0 16 16<br />
TOSHIBA Toshiba 1.050 1975 0 1 1<br />
HITACHI Hitachi 540 1970 0 4 4<br />
SD70 EMD 4.350 2012-2013 6 1 7<br />
U20C GE 2.000 1974 9 9 18<br />
U26 GE 2.600 1981 2 2 4<br />
Total 364 168 532<br />
Fonte: Rumo<br />
Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) 2017<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
BB36 GE 3.600 1983 1 0 1<br />
DASH-8 GE 4.000 1991 6 0 6<br />
DASH-9 GE 4.000 2003 210 0 210<br />
SD45 EMD 3.600 1972 4 0 4<br />
DDM EMD 3.600 1972 0 1 1<br />
G12 EMD 1.310 1958 24 0 24<br />
G16 EMD 1.800 1964 32 1 33<br />
U26 GE 1.310 1983 1 0 1<br />
Total 278 2 280<br />
Fonte: Vale<br />
B12 GM 1.000 1955 0 1 1<br />
BB33 GE 3.300 1983 1 0 1<br />
C30-2 GE 3.000 1984 22 7 29<br />
C30 GE 3.000 1981 17 5 22<br />
C30MA GE 3.000 1981 3 3 6<br />
C30MP GE 3.000 1982 1 0 1<br />
D9BB GE 3.990 2011 19 0 19<br />
ES43BBi GE 4.300 2016 46 0 46<br />
ELÉT GE 2.300 1947 0 2 2<br />
G12 GM 1.310 1962 36 11 47<br />
G22MP Macosa 1.500 1973 0 0 0<br />
G22UB Macosa 1.500 1973 71 13 84<br />
G22UC Macosa 1.500 1972 10 10 20<br />
G26 GM 2.000 1977 2 7 9<br />
GL8 GM-EMD 875 1962 22 12 34<br />
GT-18 GM 1.450 1976 7 6 13<br />
GT-1 Villares 2.250 1982 45 4 49<br />
GT-26 GM 2.600 1977 8 1 9<br />
GT-2 Villares 2.250 1986 7 3 10<br />
LEW LEW 960 1970 0 4 4<br />
RSD8 ALCO - G.E. 900 1958 0 1 1<br />
SD40 GM 3.000 1976 64 28 92<br />
U12B GE 1.200 1973 1 11 12<br />
U20C1 GE 2.150 1970 5 13 18<br />
U20C GE 2.000 1978 46 25 71<br />
U20MP GE 2.150 1978 7 3 10<br />
U5B GE 600 1963 1 5 6<br />
U6C GE 600 1959 0 3 3<br />
UG-M1 Macosa 1.500 1973 35 1 36<br />
UG-M2 GM 2.000 1977 11 1 12<br />
Estrada de Ferro Jari 2017<br />
UL-M1 ALL Brasil 1.452 1966 13 4 17<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
UL-M2 ALL Brasil 1.650 1972 0 4 4<br />
SD 38-2 GM 2.000 1978 2 0 2<br />
Total 2 0 2<br />
Fonte: EF Jari<br />
UMM GE 2.100 1979 0 1 1<br />
TOTAL 500 189 689<br />
Fonte: Rumo<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 49
todas as locomotivas<br />
Modelo<br />
E300 CUN<br />
Estrada de Ferro Juruti 2017<br />
Fabricante<br />
NREC<br />
(USA)<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
3300 2005 2 0 2<br />
Modelo<br />
MRS Logística 2017<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
ALCO RS3 ALCO 1.750 1952 0 3 3<br />
Frota<br />
Total<br />
Total 2 0 2<br />
Fonte: Alcoa<br />
Modelo<br />
ALCO MX-<br />
620<br />
Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) 2017<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
MX 2.150 1984 7 43 50<br />
ALCO SD8 Ziyang 2.762 2011 1 1 2<br />
AC44 GE 4.400 2013 32 0 32<br />
GE BB-36 GE 4.000 1979 49 14 63<br />
GE C36 GE 3.950 1988 0 5 5<br />
GE Dash<br />
9-40<br />
GE 4.100 2013 81 0 81<br />
GE U10 GE 1.050 1974 3 4 7<br />
GE U13 GE 1.420 1969 17 7 24<br />
GE U15 GE 1.500 1969 1 1 2<br />
GE U2 GE - - 5 1 6<br />
GE U20 GE 2.150 1980 131 21 152<br />
GE U22 GE 2.408 1987 8 1 9<br />
GE U23 GE 2.400 1976 0 16 16<br />
GE U5 GE 600 1963 1 4 5<br />
GE U6 GE - - 0 2 2<br />
GE U8 GE 900 1963 2 2 4<br />
GM DDM 45 EMD 3.900 1974 0 33 33<br />
GM G12 EMD 1.425 1952 20 11 31<br />
GM G16 EMD 1.950 1966 0 1 1<br />
GM G8 EMD 950 1960 26 13 39<br />
GM GT26 EMD 3.000 1978 0 6 6<br />
GM GT3 EMD 3000 - 0 2 2<br />
GM SD40 EMD 3.300 1986 109 0 109<br />
GM SD70 EMD 4.400 2013 5 0 5<br />
GT46AC EMD 4.350 2014 49 0 49<br />
SD70BB -<br />
EMD<br />
SKO -<br />
VAPOR<br />
EMD 4.400 2014 62 0 62<br />
- - - 0 1 1<br />
Total 609 189 798<br />
Fonte: VLI<br />
ALCO RSD12 ALCO 1.750 1962 0 3 3<br />
CREMALHEIRA<br />
ADERÊNCIA<br />
ELÉTRICA HE<br />
4/4<br />
STADLER 4.158 2012 7 13 20<br />
EFCB - 1,60M EFCB 170 1969 3 0 3<br />
GE 720 GE 720 1955 10 11 21<br />
GE AC44-9<br />
DASH 9<br />
GE 4.500<br />
2008-<br />
2015<br />
247 1 248<br />
GE AC44i GE 4.500 2015 18 0 18<br />
GE C26 7MP GE 2.835 1975 35 0 35<br />
GE C30-7 GE 3.150 1974 28 0 28<br />
GE C30-8 GE 3.850 1979 15 0 15<br />
GE C36 GE 3.900 1984 70 0 70<br />
GE C36-7 GE 3.600 1982 21 0 21<br />
GE C38 EMI GE 4.600 2009 1 0 1<br />
GE C44-9<br />
DASH 9<br />
GE 4.500 2014 2 0 2<br />
GE MX30 GE 3.300 - 18 0 18<br />
GE MX36 GE 3.840 - 26 0 26<br />
GE SF30 GE 3.150 - 10 0 10<br />
GE U20 GE 2.150 1981 26 0 26<br />
GE U23 GE 2.400 1975 108 20 128<br />
GE U30 GE 3.300 - 3 0 3<br />
GE U5 GE 600 1961 4 5 9<br />
GE U6 GE 700 1967 6 2 8<br />
GE-AC44MIL GE 4.500 - 30 1 31<br />
GM SD18 EMD 2.000 1961 10 7 17<br />
GM SD38 EMD 2.300 1967 34 2 36<br />
GM SD40 EMD 3.300 1967 50 3 53<br />
HITACHI<br />
CREMA. -<br />
DIESEL ELET.<br />
ALCO 251B<br />
HITACHI<br />
CREMALHEIRA<br />
- ELÉTRICA<br />
HITACHI 1.050 1980 2 0 2<br />
HITACHI 4.158 1972 12 1 13<br />
HITACHI DI HITACHI 1.050 1980 0 1 1<br />
SD70ACe - - - 0 3 3<br />
Total 796 76 872<br />
Fonte: MRS<br />
50<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Estrada de Ferro Amapá (EFA) 2017<br />
Ferrovia Norte -Sul (FNS) 2017<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
C30 GE 3.000 - 0 7 7<br />
SW EMD 1.200 - 0 4 4<br />
SW EMD 1.500 - 0 1 1<br />
GE C36 GE 3.950 1988 12 1 13<br />
GM SD40 EMD 3.300 1986 7 0 7<br />
GM SD70 EMD 4.400 2013 47 0 47<br />
Total 0 12 12<br />
Fonte: Governo do Estado do Amapá<br />
Total 66 1 67<br />
Fonte: VLI<br />
Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste) 2017<br />
Modelo<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
Modelo<br />
Ferrovia Tereza Cristina (FTC) 2017<br />
Fabricante<br />
Potência<br />
(HP)<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota<br />
Total<br />
GL08 EMD 875 1960 1 0 1<br />
MX-620* CAF-EMAQ 2.000 1984 7 0 7<br />
G12 EMD 1.350 1960 6 0 6<br />
GMG12 EMD 1.425 1958 12 0 12<br />
GMG22 EMD 1.650 1971 1 0 1<br />
GMGL8 EMD 950 1961 3 0 3<br />
Total 14 0 14<br />
*Só as MX-620 são propriedade da Ferroeste. As EMD são alugadas da FTC.<br />
Fonte: Ferroeste<br />
Total 16 0 16<br />
Fonte: FTC<br />
pub_2_8-6-14.pdf 1 7/8/2014 3:31:50 PM<br />
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suprimentos<br />
A escolha da MRS<br />
Empresa faz internamente a manutenção de componentes eletrônicos de locomotivas<br />
MRS investiu na capacitação<br />
de colaboradores da área de<br />
manutenção<br />
Em 2012, a equipe de manutenção da MRS chegou<br />
a cogitar a possibilidade de terceirizar a manutenção<br />
de componentes eletrônicos das locomotivas<br />
Dash-9 e AC44 (ambas da GE), em regime full<br />
service, mas a decisão foi por internalizar o processo. Acertou.<br />
Dos resultados mais recentes, a MRS prevê para este<br />
ano uma redução de 54% nos gastos nessa área, na comparação<br />
com o custo em 2014, além de um aumento de confiabilidade<br />
de ativos eletrônicos na ordem de 20% entre 2014<br />
e 2017. Quem explica o processo e a escolha da empresa é<br />
Renato Mota, gerente de PCM (Planejamento e Controle de<br />
Manutenção) e Materiais.<br />
Desde 2008, quando a empresa passou a investir na compra<br />
de novas locomotivas, a equipe de manutenção precisou<br />
se reciclar em termos de tecnologia. As máquinas mais<br />
recentes utilizam tecnologia embarcada, diferentemente das<br />
locomotivas mais antigas, que dependem menos da parte<br />
eletrônica. Nesse processo de adaptação, alguns percalços<br />
surgiram pelo caminho: aumento de falhas em componentes<br />
e consequente redução da confiabilidade na operação. A estratégia<br />
da empresa para mitigar esses riscos foi investir em<br />
conhecimento e capacitação dos colaboradores envolvidos<br />
na área de manutenção.<br />
“Investimos muito em laboratório, em mão de obra e treinamento.<br />
Hoje contamos com um processo de recuperação<br />
de componentes eletrônicos eficiente e desenvolvemos novos<br />
procedimentos”, explica o gerente.<br />
A MRS conta com quatro laboratórios de manutenção de<br />
componentes eletrônicos para locomotivas. O maior deles é<br />
o P01-7, localizado no início da descida da Ferrovia do Aço,<br />
em Jeceaba (MG), ponto estratégico para a manutenção do<br />
material rodante da empresa e também para a operação da<br />
companhia. Além desse laboratório, Barra do Piraí (RJ), Raiz<br />
da Serra (Cubatão, SP) e Juiz de Fora (MG) também contam<br />
com infraestrutura capacitada para a realização do serviço.<br />
Há cinco anos, a MRS não ultrapassa o limite de gastos<br />
com a manutenção de componentes eletrônicos. Antes disso,<br />
o custo era considerado alto, informa Mota. “Se considerarmos<br />
que as máquinas não são mais novas, já que elas têm<br />
uma idade média de seis a oito anos, era para estar aumentando<br />
[o custo] e, pelo contrário, estamos conseguindo reduzir<br />
os gastos com manutenção a cada ano”.<br />
As locomotivas Dash-9 e as AC44, que demandam o serviço<br />
de manutenção de componentes eletrônicos, são modelos<br />
que representam hoje cerca de um terço da frota da empresa<br />
e são responsáveis por pelo menos 70% do transporte de carga<br />
feito pela ferrovia. Os componentes eletrônicos são basicamente<br />
os painéis de controle da máquina; placas de rede,<br />
painéis digitais, cartões que fazem todo gerenciamento das<br />
funções da locomotiva, tração, corrente, eficiência energética<br />
etc. “Todo o cérebro da máquina hoje é eletrônico. Trata-se de<br />
uma estrutura densa de software e hardware", explica Mota.<br />
Fotos: Divulgação<br />
52<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Se um componente eletrônico apresenta falhas e não está<br />
mais sendo comercializado no mercado, a empresa – sem o<br />
conhecimento do processo de manutenção – se veria obrigada,<br />
por exemplo, a fazer um upgrade oferecido pelas fabricantes,<br />
com um custo considerado alto e fora do orçamento<br />
previsto para a máquina. A ideia da MRS é justamente a contrária:<br />
com o conhecimento dos colaboradores, a possibilidade<br />
de a locomotiva manter a performance por mais tempo<br />
aumenta consideravelmente.<br />
Essencialmente corretiva<br />
A manutenção de componentes eletrônicos de uma locomotiva<br />
tem características diferentes daquela realizada<br />
nos demais itens. “Porque você não sabe quando a falha vai<br />
acontecer, diferentemente de componentes mecânicos, em<br />
que o desgaste é previsível. Na parte eletrônica, a maior parte<br />
[da manutenção] é corretiva”, explica Renato Mota.<br />
Segundo ele, somente há manutenção preventiva quando<br />
é feita a revisão geral nas locomotivas, momento em que se<br />
aproveita para retirar os painéis eletrônicos e fazer a limpeza<br />
dos componentes.<br />
A respeito da manutenção geral das locomotivas, o gerente<br />
explica que nas mais novas a manutenção costuma acontecer<br />
em intervalos menores, porque são máquinas mais exigidas<br />
e utilizadas. O trem-tipo de minério da MRS é formado por<br />
duas locomotivas AC44 e 136 vagões, enquanto locomotivas<br />
mais antigas costumam ser utilizadas em trens de carga geral,<br />
em que a necessidade de força de tração é muito menor e<br />
não valeria a pena utilizar modelos mais novos. Outro fator<br />
importante é o consumo de diesel, já que as locomotivas mais<br />
novas consomem menos, impactando no custo de operação<br />
da empresa, e têm menor emissão de gases também. Os ciclos<br />
de manutenção são programados em intervalos de milhões<br />
de litros de diesel. Uma máquina que trabalha mais tem<br />
intervalos de manutenção menores, portanto.<br />
Locomotivas antigas:<br />
mais tempo nas oficinas<br />
A Ferroeste conta hoje com uma frota de sete máquinas fabricadas<br />
em 1960 e outras sete datadas de 1984. Segundo a<br />
empresa, é aplicado o mesmo programa de manutenção para<br />
todas as locomotivas, sem diferenciação. O setor de manutenção<br />
da Ferroeste, localizado no terminal de Guarapuava (PR), realiza<br />
continuamente a manutenção preventiva de seus ativos e,<br />
quando necessário, as oficinas da empresa executam também a<br />
manutenção corretiva. Ao final de cada deslocamento operacional,<br />
as locomotivas são submetidas a uma ‘inspeção de viagem’.<br />
A frota da FTC também é composta por máquinas antigas,<br />
de 1958, 1961 e 1971. A operadora não diferencia por idade<br />
o programa de manutenção das locomotivas, que é revisado<br />
anualmente, apesar de sofrer poucas alterações. O período de<br />
parada de uma máquina para a manutenção varia entre 30 minutos<br />
e oito dias. Locomotivas mais antigas precisam de uma<br />
maior reposição de peças e componentes, e, para minimizar estes<br />
efeitos, a FTC realiza o processo de overhaul das máquinas,<br />
que consiste em um grande reparo com substituição de todas as<br />
peças de desgaste bem como de componentes que não estejam<br />
mais no padrão standard.<br />
Já a VLI, que tem uma frota de máquinas novas (fabricadas em<br />
2013 e 2014) e antigas (a maioria das décadas de 1970 e 1980),<br />
dispõe de processos diferentes de manutenção. Enquanto uma locomotiva<br />
nova, dotada de tecnologias de monitoramento, traciona<br />
trens até 180 dias antes de entrar em uma oficina, as locomotivas<br />
com mais de 30 anos passam por inspeções preventivas em<br />
oficinas a cada 21 dias, pois assim é possível detectar qualquer<br />
princípio de avaria, corrigir uma anomalia de forma padronizada e<br />
com ferramentas e estruturas corretas. Segundo a VLI, as locomotivas<br />
mais antigas apresentam maior tempo de imobilização, em<br />
razão das atividades preventivas e da complexidade das atividades<br />
corretivas mapeadas nas inspeções.<br />
A VLI ressaltou também que busca sempre<br />
desenvolver fornecedores de materiais, peças e<br />
serviços de recuperação competitivos, visando<br />
confiabilidade, custo e tempo de reparação. A<br />
empresa tem entre seus fornecedores a Kintel<br />
Engenharia e Comércio, a MWL Brasil Rodas e<br />
Eixos e a Vedaflex Vedações Industriais.<br />
Locomotivas das décadas de 1960 e<br />
1980 da Ferroeste são submetidas a<br />
inspeções periódicas<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 53
nota técnica<br />
Maglev metropolitano<br />
Eduardo Gonçalves David<br />
Engenheiro civil, pós-graduado em Engenharia Econômica; Doutor em Ciência na área de Engenharia de Transportes;<br />
e pós-doutorado em Dresden, Alemanha. Este artigo é uma síntese do livro técnico “Maglev Metropolitano”,<br />
que pode ser adquirido na seção books no site da amazon.com<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Devido ao aumento da taxa de motorização e da concentração<br />
populacional nas cidades, que no Brasil chega<br />
a 86,5%, a disputa pelo espaço público torna-se cada vez<br />
maior. Com a tendência atual de ciclovias, faixas exclusivas<br />
para os coletivos e algumas linhas de VLT (o bonde<br />
moderno), o trânsito piora, só aliviando nos momentos de<br />
recessão. Porém, basta uma pequena recuperação da economia<br />
para que o noticiário passe a acompanhar os recordes<br />
quilométricos de congestionamento de tráfego diário.<br />
É o que está começando a acontecer no país.<br />
Fig. 1 – Tendência da velocidade<br />
média ônibus e autos [ANTP, 2016]<br />
Estudo recente da Associação Nacional de Transporte<br />
Público (ANTP) mostra um gráfico antigo (até 2005) da<br />
involução velocidade média de automóveis e ônibus na<br />
cidade de São Paulo, em que ficava clara a tendência de<br />
redução da velocidade média do transporte de superfície.<br />
A implantação de corredores de ônibus, os BRT (Bus<br />
Rapid Transit) é uma solução barata e fácil (às vezes basta<br />
usar tinta), mas nada de rápida (Rapid). Melhora em 20%.<br />
ou seja, a velocidade média passa de 12 para 14,4 km/h.<br />
É uma solução temporária. Cidades como Curitiba (onde<br />
surgiu Ligeirinho) e Bogotá (com o Transmilênio) desenvolvem<br />
projetos metroviários.<br />
Quem mais sofre com esta situação do trânsito é a população<br />
obrigada a fazer uso do transporte público, que<br />
no Brasil é predominante sobre pneus. Apesar da perda de<br />
tempo ser igual para todos, esteja o usuário exprimido em<br />
um ônibus quente e superlotado,<br />
ou confortável em seu<br />
automóvel com ar-condicionado,<br />
é a camada menos favorecida<br />
economicamente a<br />
grande sofredora.<br />
A indústria automotiva<br />
tem priorizado o veículo elétrico<br />
e até a condução automática,<br />
pedindo subsídios.<br />
Mas é pura balela, todos ficarão<br />
presos nos engarrafamentos,<br />
que é uma realidade<br />
em qualquer país do mundo<br />
com elevada taxa de motorização<br />
por superfície. A<br />
saída tem sido a utilização<br />
do transporte sobre duas rodas, sendo as motos de baixa<br />
potência com motor elétrico uma tendência forte – embora<br />
ainda não tenha chegado de fato no Brasil. Mas, até isto é<br />
uma solução temporária, pois logo os “corredores” (espaço<br />
entre os carros), ficarão também congestionados.<br />
A única saída para o transporte de massa de qualidade é<br />
a segregação: aérea e subterrânea, sendo o metrô o sonho<br />
de todos. Porém, “metrô é muito caro!”. É uma verdade.<br />
No Brasil, em São Paulo, a rede avança a 1,8 km/ano des-<br />
54<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
de 1974, com custos crescentes. Se na capital do estado<br />
que é economicamente “a locomotiva do trem Brasil” esta<br />
é a realidade, o que dirá em outras?<br />
Porém esta não uma premissa verdadeira, caso se esteja<br />
disposto a quebrar paradigmas e apostar no avanço tecnológico.<br />
O Maglev Metropolitano, vencendo aclives de 7%<br />
e se inscrevendo em curvas de 50m de raio é, no momento,<br />
a solução, para cidades acima de 300 mil habitantes.<br />
2 - CUSTO CONSTRUTIVO<br />
O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba<br />
(IPPUC) concluiu em 2014 o projeto de um metrô convencional,<br />
com a assessoria de experimentados técnicos do<br />
Metrô de São Paulo, que ainda é a principal referência brasileira.<br />
Trata-se de um material muito rico e disponível de forma<br />
praticamente completa no site da instituição. Por ser um<br />
documento de qualidade<br />
e público, será a referência<br />
para realizar a comparação<br />
tecnológica com<br />
a levitação magnética.<br />
Como seria esperado,<br />
quase 2/3 dos custos<br />
são devidos à engenharia<br />
civil, sendo túneis e<br />
estações representando<br />
91% do custo total. Redução<br />
de custo é uma necessidade primordial para viabilizar<br />
a dupla perfeita capaz de viabilizar economicamente<br />
qualquer projeto de transporte: demanda alta com custo<br />
baixo. Portanto, reduzir o custo da engenharia civil deve<br />
ser a primeira meta. Entretanto, na maioria das vezes, o<br />
engenheiro civil é o último a ser convocado em um projeto<br />
de transporte feito às pressas para atender prioridades eleitorais.<br />
Primeiro surgem os urbanistas, que riscam a rede,<br />
depois os arquitetos são chamados para dar a beleza necessária.<br />
Compete ao engenheiro civil a missão de tornar a<br />
solução edificável e segura, custe o que custar. O resultado<br />
são obras lentas que extrapolam o orçamento, objeto de<br />
paralisações judiciais e que se transformam em telhado<br />
de vidro para o político patrocinador ansioso por divulgar<br />
seu projeto.<br />
Mas esta realidade pode mudar totalmente se houver<br />
disposição para repensar a tecnologia tradicional, começando<br />
pelo item mais oneroso de um projeto metroviário:<br />
a perfuração dos túneis.<br />
Fig. 2 – Custos Construtivos do Projeto do Metrô de<br />
Curitiba [IPPUC, 2014]
nota técnica<br />
A geometria euclidiana, devida ao matemático grego<br />
Euclides (325 aC – 265 aC), ensina que a área de um círculo<br />
é proporcional ao quadrado do seu diâmetro. Logo,<br />
se reduzirmos o diâmetro de um circulo em 1/3 (digamos<br />
de 12m para 4m), a sua área fica reduzida em 1/9 [(1/3)2].<br />
Resultado, um túnel de 12m de diâmetro para linha dupla<br />
exige 4,5 vezes mais escavação do que dois túneis de 4m<br />
de diâmetro. Os ingleses, sabem disso há mais de um século;<br />
em Londres o metrô é apelidado de The Tube. Até o<br />
leitor que detesta geometria sabe que embora a diferença<br />
de diâmetro entre uma pizza “brotinho” e média seja visualmente<br />
pequena, o peso equivale à metade – devido a<br />
Euclides.<br />
Mas, argumenta o “especialista” em túneis, um trem de<br />
metrô não cabe em um túnel de 4m de diâmetro. É verdade.<br />
No projeto da Linha 5 (Lilás) do metrô paulista, por<br />
problemas de suporte do maciço a ser escavado, os projetistas<br />
foram obrigados a usar duas tuneladoras de 6,9m de<br />
diâmetro. Logo depois voltaram ao diâmetro do túnel para<br />
linha dupla, de 10,5m, com um aumento de 15% no volume<br />
escavado em comparação com dois túneis de linha<br />
singela, seguindo o desenho clássico.<br />
Ocorre que, na levitação magnética o trem não tem rodeiro<br />
e molas embutidas no truque e o motor linear é de<br />
menor dimensão, gerando uma expressiva redução na altura<br />
do veículo, embora no seu interior, a altura de ocupação<br />
do passageiro seja a mesma. Portanto, abandonando<br />
a tecnologia roda, trilho e motor de tração rotativo, tudo<br />
muda de figura na abertura dos<br />
túneis.<br />
Comparando túneis com as<br />
dimensões do Maglev utilizado<br />
na China, na interligação entre<br />
a estação do trem de alta velocidade<br />
e o aeroporto de Changsha<br />
(2.000 km ao sul de Pequim),<br />
fabricado pela CRRC, verifica-se<br />
uma redução expressiva<br />
no volume escavado no túnel<br />
simples e uma grande superfície<br />
inútil acima e abaixo dos trens<br />
no túnel para linha dupla.<br />
Na Tese de Doutorado defendida na Universidade Politécnica<br />
da Catalunha (Barcelona Tech), em 2007, o engenheiro<br />
Ignacio Sáenz de Santa María Gatón, demonstra<br />
que um túnel para cada linha, portanto dois túneis, é mais<br />
vantajoso do que um túnel único para linha dupla. Dois<br />
túneis de 5,20m de diâmetro, num trecho de 6 km com<br />
quatro variações de solo, apresentam um custo total de<br />
100 milhões de Euros (2x50); um túnel único de 11 m o<br />
custo sobe para 150 milhões de Euros (50% mais caro).<br />
Isto numa comparação grosseira, porque há economia de<br />
mão de obra (item responsável por cerca de 40% do custo<br />
total). Na última linha aberta do metrô londrino duas<br />
tuneladoras exigiam 50 operários cada. Na mesma época,<br />
a perfuração da Linha 4 do Metrô Rio a tuneladora de<br />
11,6m de diâmetro exigia 300 operários.<br />
Entretanto, o “especialista” continuaria a insistir, que<br />
o preço de uma tuneladora de 4m é pouco menor do que<br />
uma de 12m. É verdade. Por quê? A resposta pouco conhecida<br />
é esta: o “negócio” dos fabricantes das tuneladoras<br />
não é vender o equipamento, mas os componentes que<br />
se desgastam, em função do volume de material escavado.<br />
Como os fabricantes de impressoras e de aparelhos de<br />
barbear, estão mais interessados em comercializar o tôner<br />
(ou cartuchos de jato de tinta) e as lâminas, do que o próprio<br />
equipamento. As empreitas, por sua vez, estão interessadas<br />
em disputar (ou formar cartel) com um projeto<br />
maior caro possível.<br />
O “especialista” que vai operar a tuneladora recebe<br />
Fig. 3 – Comparação de área<br />
de túneis para o Maglev da<br />
CRRC em túnel para linha<br />
dupla e singela<br />
56<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
projetos prontos, cabendo-lhes<br />
administrar o serviço sem questionamento.<br />
O político, cercado<br />
de aliados supostamente competentes,<br />
aceita os argumentos<br />
técnicos Além disso, as empreiteiras<br />
conseguem quase<br />
sempre empurrar para o governante<br />
contratante a aquisição<br />
do equipamento, como foi o<br />
caso dos estados do Rio de <strong>Janeiro</strong><br />
e do Ceará, que depois da<br />
obra metroviária paralisada por falta de recursos, seguem<br />
arcando com os custos de conservação. Portanto, antes de<br />
ser um problema de engenharia a origem do mal é de natureza<br />
política. Um engenheiro civil competente trabalha<br />
bem com equipamentos de qualquer diâmetro e, como cita<br />
Gatón em sua Tese e confirma a Linha Lilás, “é a partir do<br />
diâmetro de 6,50m que os problemas aparecem”.<br />
O segundo item de maior custo numa obra metroviária<br />
são as estações. Arquitetos renomados são convidados e<br />
todos dão um toque pessoal ao projeto, o que contribui<br />
para aumentar o custo total da obra. As estações devem e<br />
podem ser padronizadas, de preferência para que o passageiro<br />
sempre embarque pelo centro e desembarque pelas<br />
laterais – como na estação Carioca do Metrô Rio, a mais<br />
movimentada da rede. Isso evita o conflito observado entre<br />
os passageiros querendo sair do trem, enquanto outros<br />
querem entrar. Se o usuário sabe que em toda estação desembarcará<br />
sempre do mesmo lado, naturalmente se posicionará<br />
próximo da porta de saída. Isto pode representar<br />
uma redução de 5 segundos em cada parada, equivalente a<br />
25% de ganho em relação aos 20 segundos, que é o tempo<br />
médio observado em quase todos os metrôs.<br />
Fig. 4 – Estação padrão para o Maglev Metropolitano:<br />
embarque pelo centro e saída nas laterais<br />
Estações são locais de grande movimentação de pessoas,<br />
portanto com um grande apelo comercial. Uma rede<br />
metroviária moderna seria formada por estações shopping,<br />
onde o passageiro sempre ingressa pelo centro, percorre<br />
metade da área comercial e embarca nas extremidades.<br />
Os projetos das estações nascem com esta dupla finalidade:<br />
transferência de passageiros e centro de compras; não<br />
como simples aproveitamento da área da estação para fins<br />
comerciais.<br />
Simulações realizadas em três cidades onde o projeto<br />
conceitual do Maglev Metropolitano mais avançou no<br />
Brasil indica que a contribuição do aluguel do espaço comercial<br />
representa um ingresso equivalente a 15% de toda<br />
a amortização do investimento. Além disso, dada a grande<br />
movimentação, estas estações shopping atrairiam para o<br />
transporte público investidores do segmento de Shopping<br />
Centers, muito capitalizados. Como vantagem adicional<br />
para o usuário, além da facilidade de realizar compras, todas<br />
estações teriam WC, aproveitando uma exigência que<br />
se faz ao comercio de alimentação.<br />
Fig. 5 – Andar comercial<br />
da Estação Shopping<br />
do Maglev Metropolitano<br />
O terceiro maior item de custo de<br />
engenharia civil corresponde à via<br />
permanente. Embora os trens de levitação<br />
magnética sejam enquadrados<br />
na categoria dos monotrilhos, na verdade<br />
o veículo levita sobre um par de<br />
trilho de material ferromagnético. No<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 57
nota técnica<br />
caso do trem chinês visitado pelo autor em julho de 2017,<br />
cada base de levitação de 3m de comprimento dotada de<br />
eletroímãs inferiores, levita a 10mm de uma barra em forma<br />
de U invertida, que a faz a função de trilhos, sendo<br />
dotada de uma ranhura onde se encaixam quatro rodinhas<br />
de aço de cada base, usadas quando o veículo não está<br />
levitando; ou seja, numa oficina ou em uma paralisação<br />
de emergência.<br />
Durante a levitação sensores medem a distância ao trilho<br />
ferromagnético e a eletrônica de potência da base energiza<br />
os eletroímãs, fechando o circuito magnético quando<br />
a distância é superior a 12mm do trilho e, ao contrário,<br />
cortando a energia, permitindo que a ação da gravidade<br />
atue, afastando o veículo quando a distância é inferior a<br />
8mm. Como este controle é realizado 10 mil vezes por<br />
segundo, na percepção humana o trem fica estável, paralisado,<br />
a 10mm.<br />
Como não há fricção (contato físico), não há desgaste<br />
deste trilho, que realiza na parte superior o papel de secundário<br />
do motor linear, localizado na base de levitação,<br />
caracterizando, portando, um motor linear de “primário<br />
curto”. Nos trens de levitação eletromagnética de alta velocidade,<br />
o motor linear está na linha, sendo de construção<br />
mais cara, sendo um motor linear de “primário longo”.<br />
Como a necessidade de potência cresce com o cubo da<br />
velocidade, fica viável velocidades acima de 600 km/h,<br />
pois não há contato físico para a transmissão de energia<br />
da via para o veículo. A pequena parcela necessária para<br />
controle, iluminação e refrigeração não suportado pelas<br />
baterias é transmitida por indução, sem atrito.<br />
Nos trens convencionais<br />
de alta velocidade<br />
(TAV), o contato físico<br />
do pantógrafo e o cabo<br />
de energia é o grande<br />
gargalo da velocidade<br />
acima de 400km/h.<br />
Logo depois dos recordes<br />
quebrados é preciso<br />
inspecionar atentamente<br />
a rede aérea abalada.<br />
Fig. 6 – Detalhe da<br />
Via Permanente<br />
do Maglev Metropolitano<br />
Fig. 7 – Nova<br />
distribuição do<br />
custo de engenharia<br />
civil do Metrô<br />
de Curitiba<br />
sendo Maglev<br />
58<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
3 – CUSTO OPERACIONAL<br />
No longo prazo, mais importante no transporte público<br />
do que o custo construtivo é o custo operacional,<br />
principalmente sobre trilhos, inclusive “trilhos magnéticos”.<br />
Tanto no transporte sobre pneus como sobre<br />
trilho, o custo operacional total converge para 50%<br />
predominante fixo, ou seja independe da quantidade de<br />
passageiros transportados e a outra metade variável, associado<br />
à movimentação. Na realidade o que existe são<br />
custos fixos, variáveis e semi-variáveis (ou semi-fixos),<br />
embora a classificação contábil sempre seja arbitrária;<br />
portanto, discutível.<br />
Fig. 8 – Estimativa do Custo Operacional<br />
do Transporte Público<br />
O consumo de energia para levitar é o principal questionamento<br />
que se faz com relação à tecnologia de levitação<br />
eletromagnética. Para demonstrar suas vantagens<br />
nada melhor do que recorrer à Física Clássica, destacando<br />
o conceito de Resistência ao Rolamento, uma<br />
grandeza facilmente percebível por qualquer pessoa<br />
em um experimento simples: empurre um automóvel<br />
em uma superfície plana com os pneus à pressão máxima,<br />
digamos 30 libras; em seguida esvazie os pneus à<br />
metade e o empurre novamente. O leitor vai perceber<br />
que embora a massa (peso) do veículo não tenha se alterado,<br />
precisa fazer mais força, crescente à medida em<br />
que a pressão pneumática diminui. Trata-se do efeito da<br />
resistência ao rolamento, cujos coeficientes estão indicados<br />
na Tabela 1, em Newton por tonelada, unidades<br />
do SI (Sistema Internacional).<br />
Tabela 1 – Coeficiente de Resistência ao Rolamento (N/t)<br />
Especificação<br />
Coeficiente<br />
Ônibus (ou BRT), pneu sobre asfalto 0,03<br />
Monotrilho Paulista, pneu sobre concreto 0,015<br />
VLT, roda de aço sobre trilho de bonde 0,0075<br />
Metroferroviário, roda de aço sobre trilho 0,005<br />
Maglev, levitação eletromagnética 0,0005<br />
Fonte: pesquisas acadêmicas na Internet organizadas pelo autor<br />
Simulações indicam que a baixíssima resistência ao rolamento<br />
da levitação magnética compensa o consumo de<br />
energia de 1,6 kW/t necessário para levitar 10mm. Além<br />
disso, todo transporte público<br />
tem períodos de grande solicitação<br />
na hora do “rush” estabelecido<br />
pelo horário comercial de<br />
entrada e saída do serviço e das<br />
escolas, entremeados por “vales”<br />
de baixa demanda.<br />
Quando o veículo está lotado,<br />
em média, cada passageiro<br />
“leva”, além de si próprio, um<br />
peso morto dado pela divisão da<br />
tara (peso vazio) do veículo pela<br />
quantidade de ocupantes; grandeza<br />
que aumenta à medida em<br />
que o veículo transporta menos<br />
pessoas. Novamente, uma comparação<br />
simples permite qualquer<br />
leitor compreender este<br />
conceito. Imagine um automóvel,<br />
com massa (peso) de 1.500 kg. Transportando um<br />
único passageiro, digamos de 70 kg (que é o peso padrão<br />
pessoal nos elevadores brasileiros), a energia consumida<br />
em um quilômetro é a necessária para locomover 1.570<br />
kg/passageiro. Imagine o mesmo automóvel lotado com<br />
cinco passageiros, o consumo de energia unitário será o<br />
necessário para movimentar 370 kg por passageiro.<br />
Esta abordagem permite a elaboração da Tabela 2, do<br />
consumo de energia, dado em mil Joule por passageiro-quilômetro,<br />
em função da taxa de ocupação em cada<br />
modalidade de transporte, sem outras considerações do<br />
que os dados comerciais de cada veículo e os conceitos<br />
de nível médio da Física Clássica. Levando em conta o<br />
rendimento dos motores de combustão interna (ônibus a<br />
diesel) em relação aos motores elétricos os resultados seriam<br />
ainda mais discrepantes.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong> 59
nota técnica<br />
Tabela 2 – Consumo de Energia em Função da Taxa de Ocupação (kJ/pkm)<br />
Modalidade 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%<br />
Ônibus comum 5,5 6,6 6,7 6,7 6,9 7,0 7,2 7,6 8,4 10,7<br />
BRT (articulado) 5,5 5,5 5,5 5,6 5,6 5,7 5,8 6,1 6,5 7,8<br />
Monotrilho s/pneu 2,1 2,2 2,2 2,3 2,3 2,4 2,6 2,8 3,3 4,9<br />
VLT 2,5 2,6 2,6 2,7 2,8 3,0 3,2 3,5 4,3 6,4<br />
Metroferroviário 1,2 1,2 1,3 1,4 1,5 1,7 2,0 2,4 3,3 6,1<br />
Maglev 1,3 1,4 1,4 1,4 1,5 1,6 1,7 2,0 2,5 3,9<br />
Fonte: Elaboração do autor<br />
Observa-se que um veículo de levitação eletromagnética<br />
deixa longe os veículos a diesel, mas tem um desempenho<br />
muito próximo do metroferroviário na faixa<br />
de ocupação ótima, porém é mais vantajoso quando a<br />
demanda se reduz; fenômeno que ocorrem em metade do<br />
horário operacional.<br />
Como não há fricção, não existe o desgastes das inexistentes<br />
rodas (ou pneus), rolamentos, rotativos elétricos<br />
e mesmo dos trilhos, que não precisam ser substituídos.<br />
O resultado final, no caso da comparação com o<br />
projeto do metrô de Curitiba é uma apreciável redução<br />
de custo operacional.<br />
Fig. 9 – Redução do Custo Operacional na Levitação Eletromagnética no projeto Curitiba<br />
4 – CONCLUSÕES<br />
É inútil lutar contra o desenvolvimento tecnológico.<br />
Quem poderia imaginar que a Kodak perderia seu principal<br />
negócio? Que a Olivetti, IBM e Remington, presentes<br />
em todos os escritórios se tornariam hoje peças de museu?<br />
Que em três décadas depois da necessidade de alugar linhas<br />
de telefone fixo, a comunicação estivesse disponível<br />
e a baixo custo para todas as camadas sociais?<br />
A área de transporte é conservadora. Não tem ainda<br />
dois séculos e o única forma de locomoção terrestre era<br />
usando a força muscular, humana ou animal. Desde então,<br />
associando o apogeu do desenvolvimento das várias alternativas<br />
de transporte com os chamados “ciclos longos”<br />
das curvas elaboradas pelo economista russo Nicolai Kondratieff,<br />
o prof. Raschbichler (2006), organizou um gráfico<br />
onde na quinta e atual onda, indaga: não seria a hora da<br />
levitação magnética?<br />
A levitação eletromagnética evoluiu desde 1936 na<br />
Alemanha, mas hoje está em desenvolvimento apenas nos<br />
países asiáticos: China, Japão e Coreia do Sul – na Europa<br />
não existe mais. É uma tecnologia que não ameaça as<br />
empreiteiras da construção civil, pois com o mesmo orçamento<br />
farão mais quilometragem, aumentando o potencial<br />
de atrair demanda, viabilizando os projetos e estimulando<br />
mais investimentos. Tampouco ameaça os empresários do<br />
transporte rodoviário, que não fabricam pneus, ônibus ou<br />
vendem combustível; ao contrário, se associando às linhas<br />
metroviárias como complementadores farão seus ônibus<br />
girarem mais, rateando os custos fixos e compartilhando<br />
da tarifa integrada.<br />
60<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Fig. 10 – Ciclos de<br />
Kondratieff e as taxas<br />
de crescimento das<br />
modalidades de transporte<br />
A levitação eletromagnética é ideal para o Brasil, onde<br />
tudo ainda estar por fazer no âmbito do transporte público<br />
de qualidade. É uma oportunidade para novos fabricantes,<br />
aqueles capazes de quebrar paradigmas e pensar de forma<br />
inovadora. Mas, não deixa de ser um risco para os conservadores,<br />
que acreditam que tudo vai continuar como está,<br />
bastando copiar o que já foi feito há décadas em outros<br />
países. Tal premissa desmentida pelos avanços tecnológicos<br />
proporcionado pela eletrônica e computação; é possível<br />
dar saltos tecnológicos.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ANTP, 2015 – Associação Nacional de Transportes Públicos,<br />
Sistema de Informações da Mobilidade Urbana: Relatório<br />
Geral 2013, 96pp.<br />
IEMA, 2016 – Instituto de Energia e Meio Ambiente: “Estudo<br />
sobre Faixas Exclusivas São Paulo/SP”, Maio 2017, 62pp.<br />
IPEA, 2011 – SIPS (Sistema de Indicadores de Percepção Social),<br />
“Mobilidade Urbana”, janeiro 2011, 21pp.<br />
O grande beneficiado do Maglev Metropolitano é o<br />
passageiro do transporte público, que poderá ver reduzida<br />
a ¼ o tempo que atualmente dispende no ir e vir urbano,<br />
pela maior velocidade média do transporte segregado,<br />
que passa dos 15 km/h em média para 60 km/h. Ao longo<br />
de toda uma vida profissional quantos anos de vida útil a<br />
mais isso representa? Tempo é a única igualdade da natureza<br />
na dimensão humana; é o mesmo para todos: sempre<br />
24 horas por dia. O que diferencia as pessoas é como usam<br />
este tempo.<br />
IPEA, 2012 – Comunicados do IPEA: “Indicadores de Mobilidade<br />
Urbana da PNDAD 2012”, 24/10/2013, 17pp.<br />
IPPUC 2014, acesso em 11/07/2017, site: http://www.curitiba.<br />
pr.gov.br/conteudo/metro-curitibano/740<br />
RASCHBICHLER, 2006 “Transrapid in the context of urban<br />
and regional Transport Planning” - Anais da Conferência<br />
MAGLEV'2006 – Dresden, Alemanha.
estatísticas<br />
Transporte de carga continua em alta<br />
Setor de passageiros apresenta leve recuperação no acumulado de janeiro a outubro de 2017<br />
Otransporte de carga por ferrovias brasileiras<br />
segue crescendo, de acordo com a análise<br />
estatística feita pela Revista Ferroviária de<br />
janeiro a outubro de 2017. Na comparação<br />
com o mesmo período de 2016, o volume total de<br />
toneladas úteis (TU) transportadas cresceu 6,3%. Em<br />
relação à quantidade de toneladas por quilômetro útil<br />
(TKU), a evolução foi de 8,6%. A Estrada de Ferro Carajás,<br />
com mais de 141 milhões de TU contabilizadas<br />
no acumulado do ano até outubro, é a ferrovia no topo<br />
do ranking em termos de volume. Os destaques são as<br />
malhas Sul, Norte e Oeste (Rumo), Ferrovia Centro-<br />
-Atlântica (FCA) e a Ferrovia Norte-Sul (FNS), ambas<br />
operadas pela VLI, que cresceram em quantidade de<br />
carga transportada de janeiro a outubro do ano passado<br />
em relação ao mesmo período de 2016. FCA e FNS,<br />
por exemplo, tiveram ganhos de 34,8% e 55,3% em<br />
TU, respectivamente. Por outro lado, Malha Paulista<br />
(Rumo), Ferroeste, Ferrovia Tereza Cristina (FTC) e<br />
Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br<br />
MRS registraram queda de volume transportado entre<br />
janeiro e outubro de 2017, na comparação com o mesmo<br />
período de 2016.<br />
As operadoras de passageiros, que vêm acumulando<br />
resultados negativos no que diz respeito ao número de<br />
usuários transportados por dia útil, apresentaram leve<br />
recuperação no balanço total entre janeiro e outubro de<br />
2017: foram 2 bilhões e 397 milhões passageiros movimentados<br />
no período, o que correspondeu a um aumento<br />
de 0,1% na comparação com o volume registrado entre<br />
janeiro e outubro de 2016. Na análise feita por operadora,<br />
no entanto, os resultados continuam negativos para<br />
algumas empresas: nos sistemas de passageiros que operam<br />
no eixo Rio-São Paulo, apenas a CPTM registrou<br />
resultado positivo na comparação entre os acumulados<br />
de 2017 e 2016. Os sistemas de Recife, Belo Horizonte<br />
e Maceió, a Trensurb, a CTB Salvador, o VLT do Cariri<br />
e os Bondes de Santa Teresa registraram volume inferior<br />
de transporte na comparação entre os períodos.<br />
Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - SETEMBRO 2017<br />
Operadoras<br />
09/16 09/17<br />
Δ% Acumulado no ano até Setembro<br />
Set 17/Set 16 2016 2017 Δ%<br />
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 1.669,8 1.082,9 2.161,1 1.386,4 29,4 28,0 14.300,0 9.276,0 15.975,6 10.133,7 11,7 9,2<br />
Transnordestina Log. 103,1 48,5 120,3 53,4 16,7 10,1 975,2 486,6 982,6 477,8 0,8 (1,8)<br />
E.F. Carajás 13.911,5 12.180,3 15.108,0 13.421,3 8,6 10,2 113.657,2 99.787,8 124.843,5 110.594,5 9,8 10,8<br />
E.F.V.M. 11.269,8 6.513,1 10.937,5 6.164,8 (2,9) (5,3) 95.811,9 55.072,5 97.219,3 55.117,0 1,5 0,1<br />
Rumo - Malha Paulista 534,7 429,5 298,3 268,1 (44,2) (37,6) 3.886,0 3.107,4 3.107,4 2.632,2 (20,0) (15,3)<br />
Rumo - Malha Norte 1.448,4 2.216,4 1.807,1 2.831,1 24,8 27,7 12.650,3 19.733,7 14.647,3 22.823,3 15,8 15,7<br />
Ferroeste* 15,1 5,4 19,1 4,8 26,8 (10,5) 399,0 114,7 338,6 105,1 (15,1) (8,4)<br />
FCA 2.224,3 1.600,0 3.972,4 2.897,4 78,6 81,1 19.617,2 15.339,2 26.002,3 18.679,7 32,5 21,8<br />
FTC 231,5 17,7 228,0 17,5 (1,5) (1,2) 2.218,5 171,6 2.025,4 155,7 (8,7) (9,3)<br />
MRS Logística 12.115,3 5.651,9 12.077,2 5.699,1 (0,3) 0,8 107.116,6 49.747,2 103.821,2 48.443,1 (3,1) (2,6)<br />
Rumo - Malha Oeste 312,8 70,6 361,9 84,9 15,7 20,3 2.659,8 606,7 3.004,0 626,5 12,9 3,3<br />
Ferrovia Norte-Sul 245,4 199,9 631,7 604,2 157,4 202,3 4.434,6 3.981,5 6.473,3 6.006,9 46,0 50,9<br />
Total 44.081,6 30.016,1 47.722,6 33.433,2 8,3 11,4 377.726,4 257.425,0 398.440,4 275.795,6 5,5 7,1<br />
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - OUTUBRO 2017<br />
Operadoras<br />
10/16 10/17<br />
Δ% Acumulado no ano até Outubro<br />
Out 17/Out 16 2016 2017 Δ%<br />
TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 1.458,1 928,5 2.005,2 1.272,1 37,5 37,0 15.758,1 10.204,5 17.980,8 11.405,8 14,1 11,8<br />
Transnordestina Log. 126,1 58,8 120,6 60,6 (4,4) 3,1 1.101,3 545,4 1.103,2 538,4 0,2 (1,3)<br />
E.F. Carajás 13.270,0 11.627,4 16.590,4 14.776,2 25,0 27,1 126.927,2 111.415,3 141.433,9 125.370,7 11,4 12,5<br />
E.F.V.M. 11.909,1 6.894,5 11.541,9 6.487,5 (3,1) (5,9) 107.721,0 61.967,0 108.761,2 61.604,5 1,0 (0,6)<br />
Rumo - Malha Paulista 848,9 580,0 314,1 280,9 (63,0) (51,6) 4.734,9 3.687,4 3.421,5 2.913,1 (27,7) (21,0)<br />
Rumo - Malha Norte 758,6 1.080,2 2.039,0 3.153,0 168,8 191,9 13.409,0 20.813,9 16.686,3 25.976,3 24,4 24,8<br />
Ferroeste* 9,1 3,2 27,6 10,6 205,1 235,2 408,1 117,9 366,3 115,6 (10,2) (1,9)<br />
FCA 1.968,4 1.311,1 3.094,9 2.209,9 57,2 68,5 21.585,6 16.650,4 29.097,2 20.889,6 34,8 25,5<br />
FTC 239,2 18,4 228,6 17,5 (4,4) (4,8) 2.457,7 190,0 2.253,9 173,2 (8,3) (8,8)<br />
MRS Logística 11.947,7 5.548,6 11.941,1 5.595,8 (0,1) 0,8 119.064,3 55.295,8 115.762,3 54.038,9 (2,8) (2,3)<br />
Rumo - Malha Oeste 295,0 70,9 348,5 77,9 18,1 10,0 2.954,8 677,6 3.352,5 704,5 13,5 4,0<br />
Ferrovia Norte-Sul 213,5 171,9 743,1 689,6 248,1 301,1 4.648,1 4.153,4 7.216,4 6.696,5 55,3 61,2<br />
Total 43.043,6 28.293,6 48.995,0 34.631,6 13,8 22,4 420.770,0 285.718,5 447.435,4 310.427,2 6,3 8,6<br />
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />
Continua<br />
62<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>
Continuação<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - SETEMBRO 2017<br />
Operadora<br />
09/16 09/17 Δ% Acumulado no ano até Setembro Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.817.203 94.960 3.875.092 93.007 1,5 (2,1) 830.579 819.903 (1,3)<br />
Via Quatro 696.106 17.091 726.238 16.625 4,3 (2,7) 150.758 149.890 (0,6)<br />
CPTM 2.777.532 69.156 2.870.040 70.337 3,3 1,7 610.263 616.114 1,0<br />
Metrô Rio 852.665 20.683 958.642 22.536 12,4 9,0 206.577 197.007 (4,6)<br />
SuperVia 657.105 15.634 606.097 13.665 (7,8) (12,6) 137.835 121.124 (12,1)<br />
CBTU Recife 400.000 8.886 343.765 8.726 (14,1) (1,8) 80.017 77.480 (3,2)<br />
Trensurb 193.773 4.723 194.808 4.684 0,5 (0,8) 42.122 40.918 (2,9)<br />
CBTU BH 200.058 5.023 205.467 5.010 2,7 (0,3) 44.707 43.978 (1,6)<br />
Metrofor 26.264 631 34.428 824 31,1 30,6 5.470 6.092 11,4<br />
CTB Salvador 10.517 236 12.012 276 14,2 16,9 2.481 2.375 (4,3)<br />
CBTU João Pessoa 5.720 140 7.498 169 31,1 21,0 1.256 1.465 16,6<br />
CBTU Natal 10.989 266 13.469 310 22,6 16,2 2.291 2.574 12,3<br />
CBTU Maceió 4.994 111 5.912 128 18,4 15,1 1.526 758 (50,3)<br />
Metrô DF 128.608 3.344 136.912 3.423 6,5 2,4 26.175 29.085 11,1<br />
VLT do Cariri 1.623 34 1.500 33 (7,6) (4,5) 308 103 (66,4)<br />
Metrô de Salvador 45.396 1.159 173.982 4.406 283,3 280,0 6.387 23.307 264,9<br />
VLT da Baixada Santista 2.390 64 20.745 539 768,0 736,2 237 4.259 1.697,0<br />
VLT de Sobral* 1.420 36 #DIV/0! #DIV/0! 0 110 #DIV/0!<br />
VLT Carioca 26.000 772 43.000 1.002 65,4 29,9 2.732 7.799 185,5<br />
Bondes de Santa Teresa 1.110 29 830 23 (25,2) (19,7) 199 157 (21,0)<br />
Metrô de Teresina 5.840 129 6.450 142 10,4 10,4 1.012 1.211 19,7<br />
Total 9.863.893 243.073 10.238.307 245.901 3,8 1,2 2.152.931 2.145.710 (0,3)<br />
Fonte: Operadoras. *O VLT de Sobral iniciou operação comercial em dezembro de 2016.<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - OUTUBRO 2017<br />
estatísticas<br />
Operadora<br />
10/16 10/17 Δ% Acumulado no ano até Outubro Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.801.292 94.211 3.867.138 95.464 1,7 1,3 924.790 915.367 (1,0)<br />
Via Quatro 696.502 16.917 730.402 17.365 4,9 2,6 167.675 167.255 (0,3)<br />
CPTM 2.792.205 69.302 2.855.256 71.515 2,3 3,2 679.565 687.629 1,2<br />
Metrô Rio 916.546 21.041 934.204 21.967 1,9 4,4 227.618 218.974 (3,8)<br />
SuperVia 633.777 14.242 598.027 13.646 (5,6) (4,2) 152.078 134.770 (11,4)<br />
CBTU Recife 400.000 9.098 346.412 8.874 (13,4) (2,5) 89.115 86.354 (3,1)<br />
Trensurb 192.058 4.828 189.662 4.762 (1,2) (1,4) 46.950 45.680 (2,7)<br />
CBTU BH 198.712 4.960 203.072 5.083 2,2 2,5 49.667 49.061 (1,2)<br />
Metrofor 26.275 599 33.971 824 29,3 37,4 6.069 6.916 13,9<br />
CTB Salvador 10.464 245 12.892 303 23,2 23,7 2.725 2.677 (1,8)<br />
CBTU João Pessoa 6.900 156 7.789 179 12,9 15,1 1.411 1.644 16,5<br />
CBTU Natal 11.311 261 10.667 303 (5,7) 15,8 2.553 2.877 12,7<br />
CBTU Maceió 2.979 69 5.905 141 98,2 103,4 1.595 899 (43,7)<br />
Metrô DF 127.022 3.303 134.074 3.486 5,6 5,6 29.478 32.571 10,5<br />
VLT do Cariri 1.691 35 1.682 36 (0,5) 1,2 343 139 (59,4)<br />
Metrô de Salvador 49.326 1.143 224.837 5.629 355,8 392,5 7.530 28.936 284,3<br />
VLT da Baixada Santista 4.225 115 20.803 555 392,4 382,5 352 4.814 1.267,6<br />
VLT de Sobral* 2.904 73 #DIV/0! #DIV/0! 0 182 #DIV/0!<br />
VLT Carioca 23.000 609 45.000 1.104 95,7 81,2 3.341 8.903 166,5<br />
Bondes de Santa Teresa 1.138 31 750 22 (34,1) (29,9) 230 179 (22,2)<br />
Metrô de Teresina 6.140 135 6.400 141 4,2 4,2 1.147 1.352 17,9<br />
Total 9.901.563 241.300 10.231.847 251.472 3,3 4,2 2.394.231 2.397.182 0,1<br />
Fonte: Operadoras. *O VLT de Sobral iniciou operação comercial em dezembro de 2016.
artigo<br />
Trem de passageiros:<br />
por que não?<br />
PEDRO MACHADO,<br />
Engenheiro civil e presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp)<br />
Arecente recomendação do Ministério Público<br />
Federal (MPF) para anulação das Audiências<br />
Públicas agendadas pela Agência Nacional de<br />
Transportes Terrestres (ANTT) sobre a “Ferrogrão”<br />
(EF-170), trouxe à luz questões muito relevantes<br />
acerca da governança da nossa sociedade, bem colocadas<br />
em recente artigo publicado por Frederico Bussinger<br />
(‘Ferrogrão’ traz à baila uma governança engripada<br />
- www.antp.org.br em 18/11/2017).<br />
Gostaria de explorar rapidamente aqui outra questão<br />
igualmente importante e que necessariamente deve ser enfrentada,<br />
quando se trata dos grandes empreendimentos<br />
ferroviários atualmente na ordem do dia, sejam eles green<br />
field ou sejam renovações de concessões em curso.<br />
Tais empreendimentos devem ser previamente dotados<br />
de uma clara e inequívoca demonstração de seus benefícios<br />
a toda sociedade, em especial às suas respectivas<br />
partes interessadas lindeiras – aqueles que já vivem nas<br />
proximidades da ferrovia ou da futura ferrovia – que serão<br />
por elas, espera-se, positivamente afetados.<br />
Para os moradores das localidades lindeiras à Ferrogrão,<br />
Ferrovia Paraense, Ferrovia Norte-Sul ou da Malha<br />
Paulista, só para citar alguns exemplos, quais são os benefícios<br />
palpáveis e diretos trazidos pela sua implantação ou<br />
renovação da concessão do serviço?<br />
Isto precisa ser claramente demonstrado. Não basta divulgar<br />
a diminuição do “custo Brasil” com o aumento da<br />
eficiência logística ou com economia de energia e o crescimento<br />
econômico induzido por estes empreendimentos.<br />
64<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong><br />
Na visão de muitos moradores lindeiros, que não possuem<br />
cereais ou minérios para transportar, eles vão apenas ganhar<br />
uma barreira física.<br />
Porém, existe a possibilidade de agregar a esses empreendimentos<br />
um benefício real muitas vezes esquecido.<br />
Na minha opinião, todas estas novas ferrovias deveriam<br />
trazer um par diário de trens de passageiros, numa modalidade<br />
de serviço similar ao existente na Estrada de Ferro<br />
Carajás ou na Estrada de Ferro Vitória a Minas – ambas da<br />
Vale – já no nascedouro do projeto.<br />
A Vale compreendeu muito bem o valor desses serviços<br />
como marketing social/empresarial, tanto é que não descuida<br />
deles. O recente investimento, na casa da centena de<br />
milhão de dólares, para renovar a frota de carros de passageiros<br />
nessas duas ferrovias, ao que se sabe, não foi fruto<br />
de obrigação contratual ou exigência do poder concedente.<br />
O trem de passageiros tem o condão de converter adversários<br />
em aliados que poderiam ir ao MPF ou ao poder<br />
concedente para pressionar favoravelmente a implantação<br />
desses importantes projetos ferroviários dos quais nosso<br />
país tanto necessita.<br />
E, do ponto de vista da racionalização do uso dos recursos<br />
para investimento, tem todo o sentido. Pois uma<br />
mesma infraestrutura pode e deve atender duas demandas,<br />
ou seja, o transporte de carga e o transporte de passageiros.<br />
Ainda mais num país como o nosso, com tantas<br />
carências, é descabido imaginar que teremos duas malhas<br />
ferroviárias segregadas, sendo uma para cargas e<br />
outra para passageiros.
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foto do mês<br />
Foto: Divulgação/Brightline<br />
Trem modelo Charger SC-44, da Siemens, entrou em operação no trecho Miami,<br />
Fort Lauderdale e West Palm Beach, inaugurado em janeiro deste ano, nos EUA.<br />
As três estações fazem parte da primeira fase do projeto da ferrovia Miami-Orlando,<br />
de 379 quilômetros, que deve ficar pronta em 2019. A Brightline, concessionária da<br />
via, comprou cinco trens daquele modelo (de quatro carros cada), que podem chegar<br />
à velocidade máxima de 201 km/hora.