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Edição Janeiro/Fevereiro - 2018

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expressas Regina Perez<br />

Faltam projetos<br />

O BNDES tem uma linha para<br />

financiar projetos de mobilidade<br />

urbana. É a linha que<br />

tem as melhores condições: o<br />

financiamento pode chegar a<br />

80% do projeto, os prazos são<br />

mais elásticos. São as chamadas<br />

linhas prioritárias: além<br />

de mobilidade, saneamento e<br />

a geração de energias renováveis,<br />

como a eólica. Ainda assim,<br />

a demanda junto ao banco<br />

financiador é baixa. Faltam<br />

projetos, como constata Anie<br />

Amicci, gerente do Departamento<br />

de Mobilidade Urbana<br />

e Logística do BNDES:<br />

“Tem uma retração do mercado. Houve uma redução de<br />

procura. A nossa curva subiu com a chamada de projetos<br />

olímpicos e também os da Copa. E agora, por conta tanto<br />

de restrição na capacidade de endividamento dos Estados,<br />

como por conta dos grandes atores nessas questões de<br />

Lava-Jato. Isso teve um impacto na mobilidade.”<br />

O Rio de <strong>Janeiro</strong> se beneficiou das Olimpíadas e aqueceu a<br />

carteira da área de mobilidade do BNDES com a expansão do<br />

Metrô, o VLT e os corredores de BRT. Mas o estado quebrou e<br />

por falta de garantias não consegue contratar R$ 989 milhões de<br />

financiamento já aprovado para a Linha 4, que leva à Barra da Tijuca.<br />

Poderia ser usado na estação Gávea que não foi construída?<br />

“O financiamento era para a Linha 4 como todas as<br />

vias e estações. O Estado é que priorizou a ligação que<br />

ele chamava de Olímpica, que era da General Osório<br />

até o Jardim Oceânico. Foi uma decisão do Estado<br />

priorizar esse trecho, porque era o que ia ser utilizado<br />

pelos turistas para chegar ao Parque Olímpico. Mas o<br />

que ficou faltando contratar é porque não foi viabilizada<br />

a garantia da União. Então, existe um financiamento<br />

que foi aprovado e não foi contratado.”<br />

A concessionária que opera o Metrô Rio, liderada pela<br />

Invepar, não tem nada na carteira do banco?<br />

Foto: André Telles<br />

Anie Amicci, gerente de Mobilidade do BNDES<br />

A Supervia, concessionária da Odebrecht<br />

Transport que opera o sistema de trens no Rio,<br />

também recebeu trens chineses comprados pelo<br />

governo do Estado. E paralelamente, pegou no<br />

BNDES um financiamento de R$ 1,6 bilhão.<br />

O valor foi usado na aquisição de trens Alstom<br />

com conteúdo local e permitiu a renovação do<br />

contrato de concessão por mais 25 anos.<br />

“É um contrato antigo. Já foi liberado mais<br />

de 1 bilhão, mas ainda tem investimento a ser<br />

feito, tem uma parte do financiamento que<br />

não foi desembolsada. As estações precisam<br />

de reformas, a segregação da via é precária<br />

porque as pessoas derrubam os muros, invadem.<br />

Eles sofrem muito com as passagens em<br />

nível, o povo desrespeita muito. Ali realmente<br />

o trabalho é árduo e precisa de uma intervenção<br />

do governo do Estado, a rede passa<br />

por muitas áreas de risco.”<br />

O BNDES também está financiando o Metrô de<br />

Salvador, que ficou vários anos paralisado e avançou<br />

em tempo recorde graças à PPP com a CCR. A<br />

mesma que opera com sucesso a Linha 4-Amarela<br />

de São Paulo e acabou de vencer a licitação para as<br />

linhas 5-Lilás e 17-Ouro (monotrilho) do Metrô SP,<br />

pagando R$ 553,88 milhões por 20 anos de concessão<br />

da operação. A obra fica a cargo do governo<br />

de São Paulo, que é o estado com relação mais<br />

constante na área de mobilidade do BNDES.<br />

“Nós temos um relacionamento de longo<br />

prazo com o Estado de São Paulo, que está<br />

sempre buscando investir nessa área. Então,<br />

a maioria das linhas de metrô e a CPTM têm<br />

financiamento do BNDES. A questão do transporte<br />

é complicada principalmente nesse momento<br />

de baixa capacidade de endividamento<br />

do Estado. E não é uma coisa que você diga<br />

que o privado precisa investir e vai dar conta.<br />

Não vai. No mundo inteiro, não é só o privado<br />

que investe. No Brasil não vai ser diferente.<br />

Uma parte da conta é paga pelo setor público.<br />

É importante a vinda do investidor privado,<br />

mas é importante a participação do ente<br />

público, por meio de subsídios, às vezes, nas<br />

passagens, como é comum, não só no Brasil.”<br />

“A estação Cidade Nova, a estação Uruguai, projeto de sinalização, de bilhetagem, tudo isso foi financiado<br />

pelo banco no passado. Hoje, não temos um contrato de desembolso com a concessionária. O Metrô precisa em<br />

breve renovar a frota antiga, porque ele tem uma frota nova que é a dos chineses e uma frota antiga. Os trens<br />

chineses a gente não tinha como financiar por conta do conteúdo local. Agora a frota antiga tem vida útil contada<br />

e não temos nenhum contrato ativo com eles.”<br />

8<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | JANEIRO/FEVEREIRO DE <strong>2018</strong>

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