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Revista Ferroviária Setembro/Outubro - 2018

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INNOTRANS<br />

<strong>2018</strong><br />

<strong>Setembro</strong> / <strong>Outubro</strong> <strong>2018</strong> - R$ 31,50<br />

75 anos<br />

de história<br />

Antiga Fábrica Nacional de Vagões<br />

− hoje Greenbrier Maxion e AmstedMaxion −<br />

se reinventou para continuar líder no setor


DORMENTES<br />

DE CONCRETO<br />

Referência no mercado<br />

há 77 anos, presente em<br />

grandes projetos, com<br />

excelência e mobilidade.<br />

www.cavan.com.br<br />

DORMENTES DE CONCRETO<br />

+55 11 3631-4810


editorial<br />

A cada dois anos, a InnoTrans, em Berlim, revela como as ferrovias<br />

estão conectadas e se modernizando em todo o mundo. Os avanços<br />

tecnológicos são cada vez mais significativos num setor que muito<br />

contribui para uma economia sustentável, com baixa emissão de<br />

poluentes. A InnoTrans também nos mostra o quanto precisamos<br />

avançar no Brasil, especialmente no transporte de passageiros. A falta<br />

de uma política nacional para mobilidade urbana e trens de média e<br />

longa distâncias são inegáveis entraves ao desenvolvimento do país.<br />

Tomara que isso seja percebido e entre em pauta no próximo governo.<br />

Anual: R$ 149,00<br />

ASSINE www.revistaferroviaria.com.br<br />

6 edições, newsletter e acesso ao site<br />

CONSELHO EDITORIAL<br />

Alexander Ellwanger<br />

DIRETORA DE REDAÇÃO<br />

Regina Perez<br />

regina@revistaferroviaria.com.br<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Regina Perez - mtb 14.194<br />

Ano 79 - <strong>Setembro</strong> / <strong>Outubro</strong> de <strong>2018</strong><br />

<strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong> é uma publicação da<br />

Editora <strong>Ferroviária</strong> Ltda.<br />

CNPJ: 12.464.344/0001-30<br />

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Antonio Ismael ballan<br />

bento José de Lima<br />

Guilherme Quintella<br />

Guilherme mello<br />

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José Antonio martins<br />

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Valter de Souza<br />

REDAÇÃO<br />

Editora: bianca Rocha<br />

Colaboradores: Adriana de Araújo<br />

marielly Campos<br />

Natali Campos<br />

Tatiane Conceição<br />

Thaise Constancio<br />

redacao@revistaferroviaria.com.br<br />

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Diretor Comercial: Claudinei Carvalho<br />

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CIRCuLAÇÃO<br />

Daniel moreira<br />

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Distribuição Nacional pela<br />

Treelog S.A. Logística e Distribuição<br />

DIAGRAmAÇÃO<br />

Fabio Hirata<br />

contato@fabiohirata.com.br<br />

SEDE<br />

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Tel: (11) 3059-6060<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong> 3


sumário<br />

Ano 79 - <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> <strong>2018</strong><br />

Entrevista<br />

Para especialista<br />

em PPPs Sandro<br />

Cabral, falta clareza<br />

nas regras<br />

14<br />

metrofor<br />

Licitação foi<br />

suspensa e Linha<br />

Leste não sai<br />

do papel<br />

20<br />

Foto histórica<br />

da antiga Fábrica<br />

Nacional de Vagões,<br />

em Cruzeiro (SP).<br />

Foto: Arquivo<br />

Amstedmaxion<br />

Pág. 36


Audiências públicas<br />

Debate em torno da<br />

renovação da EFC e EFVm<br />

26<br />

InnoTrans <strong>2018</strong><br />

O que há de novo no<br />

setor ferroviário mundial 42<br />

Todos os TuEs<br />

Frota nacional é de 888 trens 46<br />

Trem da FTC carregado de carvão mineral próximo à cidade de Tubarão, em Santa Catarina.<br />

Foto: Divulgação/FTC


cartas<br />

Memória <strong>Ferroviária</strong> &<br />

Turismo Férreo<br />

Nos bons tempos da Rede <strong>Ferroviária</strong><br />

Federal S/A-RFFSA (EFCB), existiam<br />

os trens de passageiros Vera Cruz e<br />

Santa Cruz, que circulavam entre Rio-<br />

-São Paulo-Belo Horizonte, diariamente,<br />

levando considerável número de<br />

horas, saindo, simultaneamente, ida e<br />

volta, às 23h de cada gare e chegando<br />

às 8h nas capitais, quando se curtiam as<br />

belas paisagens.<br />

O jornal O Globo do dia 28 de junho<br />

<strong>2018</strong> publicou matéria, no caderno<br />

Copa-<strong>2018</strong>, página 1, sob o título:<br />

“Uma jogada transiberiana”, na qual<br />

fala das “Ferromoças”, revelando que<br />

elas são pouco educadas, ao contrário<br />

das nossas que serviam em nossos<br />

trens daquela época saudosa.<br />

O jornalista Renato Alexandrino, enviado<br />

especial do jornal, comete o mesmo<br />

engano de centenas de outros confrades<br />

de nossa mídia. Pela nomenclatura ferroviária,<br />

o veículo vagão é específico<br />

para transportar cargas; o que transporte<br />

gente, passageiro, é carro. No dizer<br />

do saudoso professor Victor José Ferreira,<br />

trem de passageiro tem alma porque<br />

transporta gente, pessoas.<br />

A página da matéria exibe que nos beliches<br />

dos carros os passageiros ficam<br />

com os pés para o lado de fora do corredor,<br />

ao contrário de nossas cabines privadas,<br />

onde os passageiro sentiam-se<br />

bastante confortáveis durante a viagem<br />

noturna. Diz ele que viajou no trem de<br />

lá, que as ferromoças não têm aquele<br />

feeling das nossas aqui, daqueles bons<br />

tempos.<br />

Há alguns anos, escrevi no Jornal do<br />

Brasil e Tribuna da Imprensa sobre os<br />

nossos saudosos trens Santa Cruz e<br />

Vera Cruz, numa versão de “no tempo e<br />

no espaço” (meu jargão). A equipagem,<br />

as ferromoças, os chefes de trens, todos<br />

6<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />

eram corteses para com os passageiros<br />

famosos: artistas de rádio, teatro, TV,<br />

jogadores de futebol etc. Primavam<br />

pelas boas maneiras em atender.<br />

As linhas ferroviárias, embora mal conservadas,<br />

diga-se de passagem, caso<br />

haja vontade política de nossos dirigentes,<br />

poderiam ser revitalizadas. A via<br />

permanente, os carros de aço recuperados,<br />

entre outras medidas técnico-operacionais,<br />

proporcionariam o retorno<br />

triunfal do Vera Cruz e Santa Cruz,<br />

creio, salvo melhor juízo, com pouco<br />

investimento, desde que as concessionárias<br />

MRS e FCA se disponibilizem a<br />

cooperar e abrir janelas para a circulação<br />

desses trens de passageiro-turismo,<br />

entre as três gares, a nosso juízo, perfeitamente<br />

coexistíveis, sem embargos.<br />

Os ministérios de Transporte, Cidades<br />

e de Turismo, independentes sim,<br />

mas, harmoniosamente, poderão promover<br />

e incrementar a volta do Brasil<br />

aos trilhos, neste naipe e dar a volta por<br />

cima a fim de que se tenha a circulação<br />

desses trens entre as principais capitais<br />

do Sudeste, o que já não é sem tempo,<br />

pois, lá fora, as viagens turísticas são<br />

entre cidades e capitais dos países, que<br />

administram esse ícone de fonte de renda.<br />

Por que não, aqui no Brasil gigante,<br />

deitado em berço esplêndido?<br />

Genésio Pereira dos Santos<br />

gimam@ig.com.br<br />

Projetos da Bahia<br />

Muito boa a entrevista com o diretor-<br />

-presidente da Companhia de Transportes<br />

do Estado da Bahia, Eduardo Copello.<br />

O Brasil precisa acelerar muito<br />

mais no transporte sobre trilhos, tanto<br />

de cargas como de passageiros. Obrigado<br />

por abordarem os projetos ferroviários<br />

voltados para a mobilidade urbana.<br />

Waldir Saram<br />

wsaram53@gmail.com<br />

Congratulações à FNV<br />

Parabéns aos antigos funcionários<br />

desse ícone do mercado ferroviário<br />

que foi e continua, de algum modo,<br />

sendo a Fábrica Nacional de Vagões.<br />

Ainda hoje, centenas de vagões rodam<br />

Brasil afora com a logomarca<br />

inconfundível da FNV.<br />

Renovação antecipada<br />

O grande mal do Brasil é a judicialização<br />

de tudo. As concessionárias<br />

precisam ter a garantia da renovação<br />

antecipada, para poderem continuar<br />

a investir. Se isso não acontecer,<br />

irão parar os investimentos e teremos<br />

o sucateamento das ferrovias.<br />

Parece que o MPF está a serviço do<br />

transporte rodoviário que não gosta<br />

de ferrovia.<br />

Aloizio Barros de Souza<br />

aloiziobarros@gmail.com<br />

Errata:<br />

Diferentemente do apontado na matéria<br />

“Vocação agrícola” (edição Julho/<br />

Agosto), os números de movimentação<br />

de soja em TKU no tramo norte<br />

da Ferrovia Norte-Sul são em bilhões<br />

e não em milhões<br />

(1,8 bilhões e 3,8<br />

bilhões). Já os números<br />

corretos da<br />

Ferrovia Centro-<br />

-Atlântica sobre o<br />

transporte de soja<br />

são 756 milhões<br />

de TKU em 2006<br />

e 7,3 bilhões de<br />

TKU em 2017.<br />

Para escrever para a <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong><br />

mande um email para:<br />

redacao@revistaferroviaria.com.br<br />

ou escreva para:<br />

Rua Pamplona, 1.465 - Cj. 61/62<br />

CEP 01405-002, São Paulo - SP


expressas Bianca Rocha<br />

Direito de passagem para a Norte-Sul<br />

Os termos aditivos aos contratos das concessionárias, que poderão dar ao futuro operador da Ferrovia Norte-Sul acesso aos<br />

portos de Itaqui (MA) e Santos (SP), já foram assinados, segundo a ANTT. No fim de setembro, o Tribunal de Contas da<br />

União (TCU) divulgou suas recomendações para o lançamento do edital de concessão da ferrovia. O Tribunal recomendou à<br />

agência que fossem anexados ao edital os termos aditivos que estabelecem tarifa-teto e reserva de capacidade (garantida por<br />

um prazo de cinco anos) para o direito de passagem dos trens da Norte-Sul. Rumo Malha Paulista, VLI, MRS, EFC e Transnordestina<br />

assinaram os termos (a reserva de volume foi definida de acordo com cada ferrovia).<br />

Por determinação do TCU, a subconcessionária vencedora saberá quais são as condições máximas para o exercício do<br />

direito de passagem, o que pode acarretar, segundo o relatório, “uma maior competitividade e diminuição do desequilíbrio<br />

do certame”. O TCU deixa claro, porém, que os termos aditivos não representam cláusulas de take or pay. Diz<br />

o documento: “Tais instrumentos jurídicos (termos aditivos) garantem unicamente as condições de contorno máximas<br />

– tarifas-teto, quantidade de composições e condições operacionais – que servirão de base para a negociação entre a<br />

futura subconcessionária e cada concessionária adjacente, visando a passagem de cargas nas ferrovias até os portos”.<br />

Os trabalhos<br />

continuam<br />

Abifer e Hidremec quitaram, em setembro,<br />

o pagamento à Accenture – consultoria<br />

que está dando suporte (e rapidez)<br />

à ANTT nos estudos que envolvem a renovação<br />

antecipada dos contratos de concessão<br />

das ferrovias. A consultora estava<br />

prestes a paralisar os trabalhos por conta<br />

de atrasos no repasse. Inicialmente avaliado<br />

em R$ 4 milhões por 12 meses de<br />

serviço, o contrato, assinado em fevereiro<br />

deste ano, acabou sendo renegociado para<br />

R$ 3,6 milhões. Cerca de 50% deste valor<br />

estavam pendentes até a última parcela.<br />

A Accenture foi contratada pelo Movimento<br />

Brasil Competitivo (MBC), por<br />

meio de financiamento de associações<br />

como Abifer, Aprosoja, Ampa (Associação<br />

Mato-grossense dos Produtores de<br />

Algodão) e as empresas Hidremec, Sysfer<br />

e Prumo. Reuniões trimestrais estão<br />

sendo feitas com as associações e as empresas<br />

financiadoras, além de técnicos do<br />

Programa de Parceria de Investimentos<br />

(PPI) e da ANTT, para avaliação do trabalho<br />

da consultoria. Atualmente, a Accenture<br />

está debruçada nos estudos para<br />

a renovação da MRS e FCA. O processo<br />

da Rumo Malha Paulista já está nas mãos<br />

do TCU; as audiências públicas da EFC<br />

e EFVM foram realizadas entre agosto e<br />

outubro deste ano.<br />

8<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />

Fiol e Porto Sul<br />

O futuro subconcessionário da Ferrovia<br />

de Integração Oeste-Leste (Fiol)<br />

pode enfrentar um período de incertezas<br />

antes do início da operação.<br />

De acordo com a minuta do edital,<br />

apresentada pela ANTT durante as<br />

duas audiências públicas realizadas<br />

em setembro, a validade da subconcessão<br />

para exploração do trecho<br />

entre Ilhéus e Caetité, na Bahia, está<br />

atrelada à construção do Porto Sul,<br />

em Ilhéus, por onde a carga (prioritariamente<br />

minério) deverá ser escoada.<br />

Sem o porto, a ferrovia torna-se<br />

inviável. O prazo para o começo das<br />

obras é de 36 meses, prorrogável por<br />

mais 12 meses. Após esse período, o<br />

contrato de concessão pode ser automaticamente<br />

extinto, diz o documento.<br />

Enquanto a construção/subconcessão<br />

da Fiol está sendo tocada pelo<br />

governo federal, o projeto do Porto<br />

Sul é de responsabilidade do governo<br />

do estado da Bahia.<br />

Licitação na Argentina<br />

adiada (de novo)<br />

A megalicitação de trens da Argentina<br />

foi adiada mais uma vez. Antes<br />

prevista para em 11 de outubro, agora<br />

deve acontecer no dia 21 de dezembro<br />

deste ano. Sem encomendas no<br />

Brasil, as fabricantes estão ansiosas<br />

para a data de entrega das propostas.<br />

Governo quer leiloar trecho da Fiol<br />

entre Ilhéus e Caetité (BA)<br />

A licitação é para a compra de 169<br />

trens, com oito carros cada, somando<br />

1.352 unidades. Trata-se de um contrato<br />

de US$ 1,9 bilhão. Outros US$<br />

900 milhões devem ser desembolsados<br />

na manutenção dos equipamentos<br />

por um período de dez anos.<br />

Divulgação/Valec


Dois terminais em menos de um mês<br />

Estão de vento em popa os investimentos<br />

da MRS para incrementar o<br />

transporte de carga geral. A ferrovia<br />

vem intensificando a presença em<br />

terminais, seja por meio de aporte<br />

financeiro, contrato de longo prazo<br />

ou apoio técnico às empresas operadoras.<br />

Dois terminais foram inaugurados<br />

em setembro com o suporte da<br />

concessionária: o Etcons II, em Caçapava<br />

(SP), e o Multitex (que foi ampliado),<br />

em Barra Mansa (RJ), ambos<br />

para o transporte de produtos siderúrgicos<br />

e contêineres. Desde o início de<br />

<strong>2018</strong>, já são seis novos terminais para<br />

a movimentação de carga geral.<br />

Em 2017, 70% do total transportado<br />

pela concessionária foi de minério<br />

de ferro e 30% de carga geral. Segundo<br />

o gerente de Logística e Soluções<br />

Intermodais, Magela Titoneli,<br />

após a greve dos caminhoneiros, novos<br />

clientes se aproximaram. “Queremos<br />

quebrar o paradigma de que<br />

ferrovia é só para quem quer que o<br />

transporte chegue dentro de casa”.<br />

De junho para cá, o gerente diz que<br />

os contatos comerciais por meio do<br />

site da MRS triplicaram. “Ferrovia<br />

não é só para quem tem grandes<br />

volumes e distância. A ideia é conversar<br />

e entender as necessidades de<br />

cada cliente”, ressalta Magela.<br />

Terminal<br />

Multitext, em<br />

Barra Mansa (RJ)<br />

Em setembro a MRS atingiu a marca<br />

histórica de 1,627 milhão de toneladas<br />

de carga geral própria movimentada.<br />

O recorde anterior foi em julho<br />

de 2008 (1,623 milhão de toneladas).<br />

O investimento também se traduz na<br />

compra de vagões. Em <strong>2018</strong>, a empresa<br />

adquiriu um lote de mais de<br />

300 unidades, das quais 200 já foram<br />

entregues. Aproximadamente, 100<br />

deles serão usados para o transporte<br />

de contêineres.<br />

Divulgação/MRS


gente<br />

Em sintonia com a ferrovia<br />

Acarreira do engenheiro civil Ítalo Roppa teve<br />

início nos canteiros de obras que colocariam<br />

de pé o metrô do Rio de Janeiro, na década<br />

de 1970. De lá para cá, a trajetória do executivo,<br />

que assumiu em julho a presidência da CCR Mobilidade<br />

(uma das divisões de negócios do grupo) sempre<br />

esteve atrelada aos mais importantes projetos de infraestrutura<br />

urbana do país. Não por acaso, Roppa tem uma<br />

ligação forte com o transporte sobre<br />

trilhos: “Tem papel fundamental nas<br />

grandes cidades brasileiras", define.<br />

A opinião do executivo está em<br />

sintonia com o apetite do grupo<br />

CCR, que vem apostando forte no<br />

segmento ferroviário. A operação<br />

da companhia já totaliza cerca de<br />

80 km de trilhos em São Paulo, Salvador<br />

e Rio de Janeiro. Acionista<br />

da ViaQuatro (Linha 4-Amarela do<br />

Gente que faz<br />

Há quantos anos na ferrovia<br />

32 anos<br />

Ferrovia significa<br />

Mobilidade<br />

Desafio diário<br />

Disponibilizar equipamentos<br />

auxiliares ferroviários,<br />

máquinas e veículos para<br />

manutenção da via e<br />

estações.<br />

Ítalo Roppa, presidente da CCR Mobilidade<br />

Para ser um bom ferroviário<br />

É preciso ser comprometido e<br />

perspicaz nas tarefas do dia<br />

a dia.<br />

Momento para recordar<br />

Na minha infância, eu e meu<br />

pai ficávamos olhando os trens<br />

sendo manobrados no Pátio<br />

Jabaquara. Em 1986, depois de<br />

ter estagiado no Metrô de São<br />

Paulo, fui admitido no quadro<br />

Metrô SP), a empresa também acabou<br />

de assumir, por meio da ViaMobilidade, a Linha 5-Lilás<br />

e futuramente a Linha 17-Ouro (monotrilho). Com essas<br />

duas linhas, a CCR poderá somar mais 28,8 km de trilhos.<br />

Roppa fala com propriedade sobre Parceria Público Privada<br />

(PPP). Acompanhou de perto as negociações para a primeira<br />

PPP do país (ViaQuatro). Depois dessa, vieram outras<br />

como o VLT Carioca, o Metrô de Salvador e a ViaMobilidade.<br />

“Se há um modelo que pode destravar os projetos de<br />

de funcionários.<br />

Divulgação/Valec<br />

Expectativa profissional<br />

Buscar constante<br />

aprimoramento dos<br />

conhecimentos sobre veículos e<br />

equipamentos ferroviários.<br />

Eliseu Mateus<br />

Técnico de Sistemas Metroviários<br />

do Metrô de São Paulo<br />

transporte sobre trilhos no Brasil, sem<br />

dúvida alguma, é a Parceria Público Privada”,<br />

afirma, assumindo que o projeto<br />

da capital baiana foi um marco: “Nos<br />

deu a oportunidade de um passo adiante".<br />

Ítalo ingressou na CCR em 1995.<br />

Sendo parte da direção da concessionária<br />

CCR NovaDutra. Antes de assumir<br />

a presidência da CCR Mobilidade, foi<br />

presidente da CCR Infra SP, responsável<br />

pela gestão das rodovias administradas<br />

pelo grupo.<br />

A RF dá destaque aos ferroviários que trabalham na operação, com o objetivo<br />

de valorizar aqueles que fazem as ferrovias brasileiras funcionarem.<br />

Passageiros<br />

Há quantos anos na ferrovia<br />

35 anos<br />

Ferrovia significa<br />

Toda minha vida e muita<br />

dedicação! Sonhos,<br />

possibilidades e realizações.<br />

Desafio diário<br />

Contribuir corretivamente e<br />

preventivamente para que a<br />

operação ferroviária flua com<br />

segurança.<br />

Para ser um bom ferroviário<br />

O que tem sangue ferroviário<br />

correndo nas veias, tem<br />

orgulho do que faz, com<br />

comprometimento e paixão.<br />

Momento para recordar<br />

Tudo que vivi aqui dentro é<br />

muito gratificante. Destaco<br />

dois momentos: o recebimento<br />

da placa Valores da Empresa<br />

em 2010 e a indicação para<br />

concorrer ao prêmio funcionário<br />

padrão em <strong>2018</strong>.<br />

Expectativa profissional<br />

Quero atuar sempre de modo<br />

a crescer como pessoa e<br />

profissional, sendo útil e<br />

agregador naquilo que faço.<br />

Marco Jose Dias Cardoso<br />

Especialista Ferroviário III da MRS<br />

Carga<br />

10<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


A TECNOLOGIA QUE MOVIMENTA<br />

AS PESSOAS É A MESMA QUE<br />

LEVA O BRASIL PRA FRENTE.<br />

Para o Grupo CCR, investir em mobilidade urbana só faz sentido se for para<br />

transformar a vida das pessoas. O VLT Carioca é inovador e altamente sustentável,<br />

trazendo conforto, agilidade e integração com outros meios de transporte público.<br />

É o Grupo CCR levando mais qualidade de vida e desenvolvimento para o Rio de Janeiro e o Brasil.<br />

www.grupoccr.com.br<br />

GrupoCCROficial<br />

GrupoCCROficial<br />

CCR S.A.<br />

É por aqui que você chega lá.


agenda<br />

BRASIL<br />

NOVEMBRO<br />

REUNIÕES CB06*<br />

06 a 09/11 – São Paulo, SP<br />

Organizador: Simefre<br />

Site: www.simefre.org.br<br />

M&T EXPO <strong>2018</strong> – FEIRA INTERNACIONAL DE<br />

EQUIPAMENTOS PARA MINERAÇÃO E CONSTRUÇÃO<br />

26 a 29/11 – São Paulo<br />

Organizador: Messe München<br />

Site: www.mtexpo.com.br/<br />

DEZEMBRO<br />

REUNIÃO SESSÃO VII - DE INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA<br />

DOS TRANSPORTES DA CNT - CONFEDERAÇÃO NACIONAL<br />

DO TRANSPORTE<br />

04/12 – Brasília, DF<br />

Organizador: CNT<br />

Site: www.abolbrasil.org.br/<br />

4º Infra Brazil GRI<br />

05 a 06/12 – São Paulo, SP<br />

Organizador: GRI Club<br />

E-mail: melissa.dallarosa@griclub.org<br />

2019<br />

MARÇO<br />

21º NEGÓCIOS NOS TRILHOS<br />

26 a 28/03 – São Paulo, SP<br />

Organizador: UBM<br />

Site: www.ntexpo.com.br<br />

EXTERIOR<br />

NOVEMBRO<br />

RAIL+METRO CHINA <strong>2018</strong><br />

07 a 09/11 – Changai, China<br />

Organizador: Shanghai Intex Exhibition<br />

Ste: www.railmetrochina.com<br />

ALPINE RAIL OPTIMISATION<br />

08/11 – Viena, Áustria<br />

Organizador: Rotaia Media<br />

Site: http://www.alpinerailoptimisation.com/<br />

SMART CITY EXPO WORLD CONGRESS <strong>2018</strong><br />

13 a 15/11 – Barcelona, Espanha<br />

Organizador: Smart City Expo World Congress<br />

Site: www.smartcityexpo.com<br />

WORLD RAIL FESTIVAL <strong>2018</strong><br />

13 e 14/11 – Amsterdã, Holanda<br />

Organizador: Terrapin<br />

E-mail: tayyab.abbasi@terrapinn.com<br />

ACCELERATE RAIL INFRASTRUCTURE<br />

14/11 – Londres, Inglaterra<br />

Organizador: Marketforce Business Media<br />

Site: www.new.marketforce.eu.com<br />

RAIL TRANSIT EXPO<br />

15 a 17/11 – Changsha Hunan, China<br />

Organizador: Cirte<br />

E-mail: elisayiys@163.com/ victoriazhangxiao@163.com<br />

EAST AFRICA RAIL<br />

20 e 21/11 – Nairobi, Quênia<br />

Organizador: Terrapinn<br />

Site: www.terrapinn.com/exhibition/east-africa-rail<br />

AUSRAIL – CONFERENCE & EXHIBITION<br />

27 a 28/11 – Camberra, Austrália<br />

Organizador: Australasian Railway Association<br />

Site: www.ausrail.com<br />

DEZEMBRO<br />

RAIL TRANSIT IT INNOVATION SUMMIT <strong>2018</strong><br />

06 e 07/12 - Chongqing, China<br />

Organizador: Micerail<br />

E-mail: info@micerail.com<br />

2019<br />

ABRIL<br />

EURASIA RAIL 2019<br />

10 a 12/04 – Izmir, Turquia<br />

Organizador: ITE Turkey<br />

Site: www.eurasiarail.eu<br />

JUNHO<br />

RAILLOG KOREA<br />

01/06 – Busan, Coréia do Sul<br />

Organizador: Messe Frankfurt Korea Ltd<br />

Site: www.raillog-korea.kr.messefrankfurt.com<br />

TRANSPORT + LOGISTIK<br />

04 a 07/06 – Munique, Alemanha<br />

Organizador: Messe München<br />

Site: www.transportlogistic.de<br />

*Comitê Brasileiro de Normas Técnicas Metroferroviárias


entrevista<br />

Regras claras para PPPs<br />

Promulgada em dezembro de 2004, a Lei das<br />

Parcerias Público-Privadas (PPPs) foi recebida<br />

à época como solução para os problemas de<br />

infraestrutura no país. Passados quase 14 anos,<br />

o número de contratos assinados sob esse<br />

modelo no Brasil é pouco mais de 100. No que<br />

diz respeito ao setor ferroviário, a quantidade<br />

também é aquém do que se esperava. Temos<br />

exemplos na Linha 4-Amarela, do Metrô de São<br />

Paulo, no VLT do Rio e no Metrô de Salvador. O<br />

Metrô de São Paulo, pioneiro na modalidade,<br />

tem na gaveta outros projetos em parceria com a<br />

iniciativa privada como a PPP da Linha 6-Laranja,<br />

que está em vias de ser relicitada.<br />

Para o coordenador e professor do Insper,<br />

Sandro Cabral, especializado em PPP, o<br />

desinteresse de empresas se justifica, entre<br />

outras coisas, pela falta de bons projetos e,<br />

principalmente, de clareza nas regras do jogo.<br />

A insegurança jurídica continua sendo um dos<br />

principais entraves para a não formalização de<br />

contratos de PPP, admite Cabral. “É preciso ter<br />

bons projetos e rentabilidade também. Mas não<br />

adianta termos um projeto rentável se tivermos um<br />

governo que vai conduzir esse processo de PPP de<br />

uma forma tecnicamente ruim ou corrupta. Os dois<br />

casos tendem a afugentar o bom ator privado, que<br />

sai se as regras do jogo não forem respeitadas.”<br />

O docente, que é baiano, elogia o arranjo feito<br />

para a construção do Metrô de Salvador. Na<br />

opinião de Cabral, PPPs devem sempre buscar o<br />

modelo do ganha-ganha, que nada mais é quando<br />

todos os atores envolvidos no projeto, incluindo<br />

a população, enxergam vantagens na parceria. “O<br />

Metrô de Salvador é um bom exemplo de como<br />

o governo e o setor privado podem, por meio de<br />

incentivos adequados, entregar um obra relevante<br />

para a população. Se conseguirmos reproduzir<br />

esse espírito de ter parcerias público-privadas no<br />

setor ferroviário que eu chamo de ganha-ganha,<br />

teremos o melhor dos mundos, todos vão ganhar<br />

e os incentivos vão estar alinhados.”<br />

Se na área de mobilidade urbana existem<br />

exemplos de projetos ferroviários que<br />

deslancharam na forma de PPP, o mesmo<br />

não pode se dizer quando o assunto é o setor<br />

de carga. Para essas ferrovias, o modelo de<br />

concessão comum foi até agora o único utilizado<br />

em contratos entre os setores público e privado.<br />

“O setor ferroviário de carga depende do nível de<br />

exposição a risco que talvez o setor privado ainda<br />

não esteja disposto a ter.”<br />

Sandro Cabral é doutor em Administração pela<br />

Universidade Federal da Bahia (UFBA). É professor<br />

associado do Insper na área de Estratégia e da<br />

Escola de Administração da UFBA, onde iniciou<br />

em janeiro de 2009. Entre setembro de 2014 e<br />

janeiro de 2015, foi professor visitante da CAPES/<br />

Fulbright na Robert F. Wagner School of Public<br />

Service New York University (NYU). Em 2008, foi<br />

professor do Departamento de Administração da<br />

FEA-USP. Entre 2005 e 2006, realizou seu estágio<br />

de doutoramento na Universidade de Paris 1, em<br />

Sorbonne.<br />

Sandro Cabral<br />

Coordenador do mestrado de Políticas Públicas do Insper<br />

14<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


A implementação de PPPs requer duas coisas:<br />

competência e instituições. Precisamos ter quem assegure<br />

as regras do jogo e pessoas que interajam de forma republicana.<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 15


entrevista<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong> – O senhor poderia nos dar um breve<br />

histórico das Parcerias Público-Privadas (PPPs) na área de infraestrutura<br />

de transportes no Brasil?<br />

Sandro Cabral – Nos anos de 1990 começamos a ver alguns<br />

movimentos do governo para aumentar a participação<br />

do setor privado na economia. Em 1995, foi aprovada<br />

a Lei de Concessões (8.987/95), que passou a dispor sobre<br />

o regime de concessões e permissão da prestação de serviços<br />

públicos. No caso específico do setor ferroviário, foi<br />

iniciado o processo de concessões das ferrovias de carga,<br />

ou seja, da infraestrutura já existente. A questão que se<br />

deu após o período de concessões foi no que tange à viabilização<br />

de novos projetos, ou seja, à infraestrutura não<br />

existente. Era inviável conceder para o setor privado projetos<br />

que dependiam de uma alto volume de investimentos,<br />

que simplesmente não fechava a conta de despesa/<br />

receita. Foi aí que surgiu a necessidade de uma legislação<br />

que possibilitasse contar com aportes públicos e privados<br />

para expansão e construção de novos projetos. As PPPs<br />

surgiram em meio a essa questão, trazendo um nova forma<br />

de compartilhamento de riscos, de receitas e de despesas<br />

para viabilizar novos projetos.<br />

RF – A partir daí, surge uma lei no Brasil para regulamentar<br />

esse novo modelo de parceria...<br />

SC – Isso mesmo. Em dezembro 2004, o governo federal<br />

sancionou a Lei 11.079/2004, que estruturou o arranjo institucional<br />

das parcerias público-privadas, incluindo mecanismos<br />

tanto de atração do interesse privado como de controle<br />

dos riscos ao caixa público. Então temos as parcerias<br />

público-privadas que emergem numa maneira de estimular<br />

o investimento privado. A lei é interessante porque permite<br />

o compartilhamento de riscos, a bonificação e a penalização<br />

também, em função do resultado. Com o resultado<br />

obtido, o poder público pode penalizar o ator privado e dar<br />

um desconto nas contraprestações sob responsabilidade do<br />

governo. Isso porque tem certos empreendimentos que não<br />

são autossustentáveis, no caso de metrô, em que é preciso<br />

um compartilhamento de riscos por parte do governo, porque<br />

muitas vezes com o que se arrecada com a tarifa não<br />

é suficiente para cobrir os custos de construção a curto e<br />

médio prazos. A contrapartida dada pelo governo pode ser<br />

modulada para baixo ou para cima, dependendo da questão<br />

do desempenho do ator privado.<br />

RF – No Brasil, concessão e PPP são conceitos distintos. Quais<br />

são as principais diferenças entre um e outro?<br />

SC – Na verdade, legalmente são dois estatutos jurídicos<br />

diferentes. Para mim e para a definição europeia, qualquer<br />

tipo de participação privada, de interação público-privada,<br />

você pode classificar como uma PPP. Então, está incluída<br />

aí até mesmo a terceirização, em que uma empresa privada<br />

atua dentro de uma empresa pública, via Lei 8.666. A diferença<br />

desses termos aqui no Brasil, a tradição, é de chamar<br />

PPP só aquilo que é regido pela lei de PPPs. Mas lá fora,<br />

por exemplo, uma concessão pode ser encarada como uma<br />

parceria público- privada, em que o ator privado não foi<br />

responsável pela construção, mas é responsável pela operação<br />

do ativo. Então depende de como você quer chamar, eu<br />

particularmente acabei de finalizar um paper internacional<br />

em que eu trato como sinônimos concessões e PPPs, porque<br />

a rigor você pode imaginar que qualquer tipo de interação<br />

público-privada é uma parceria público-privada, em que<br />

entes públicos e privados se juntam e fazem esse tipo de<br />

acordo com maior ou menor grau de interferência e com<br />

finalidades específicas. Mas no Brasil existe essa distinção.<br />

RF – A legislação de cada modelo é diferente uma da outra...<br />

SC – São leis e estatutos diferentes. Uma parceria público-<br />

-privada pressupõe-se o quê? Uma interação entre os atores<br />

público e privado, com a finalidade de prover um bem ou um<br />

serviço que vai beneficiar uma parcela da população. O conceito<br />

que eu gosto de usar para PPP é todo aquele arranjo em<br />

que direito de propriedade e direito de decisão são compartilhados<br />

entre o ente público e o ente privado. A grosso modo,<br />

na privatização o direito de propriedade é repassado para o<br />

ente privado. Já na concessão, o governo repassa um bem<br />

ou serviço para o ator privado, por um tempo determinado<br />

em contrato. Há vários modelos de contrato para concessão,<br />

incluindo aí o pagamento de outorga, tarifas competitivas etc.<br />

O caso do Metrô de Salvador é interessantíssimo,<br />

que merece ser colocado como um arranjo atrativo. Lá conseguiuse<br />

construir num prazo relativamente curto um sistema que gerou<br />

um baita benefício para a população.<br />

16<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


Precisamos de bons projetos e rentabilidade também.<br />

Mas não adianta termos um projeto rentável se tivermos<br />

um governo que vai conduzir esse processo de PPP<br />

de uma forma tecnicamente ruim ou corrupta.<br />

RF – Quantos contratos de PPPs foram implementados no<br />

Brasil desde a promulgação da lei, em 2004, que trata especificamente<br />

sobre esse tema?<br />

SC – Temos no Brasil por volta de 110 contratos de PPPs<br />

assinados ou que vêm sendo implementados no país.<br />

RF – A Linha 4-Amarela, do Metrô de São Paulo, ficou conhecida<br />

como a primeira PPP do Brasil. De lá para cá, o país evoluiu<br />

em termos de legislação e modelo de contrato?<br />

SC – A Linha 4-Amarela foi um marco na história da PPP<br />

no Brasil. Trata-se de um contrato em que a participação<br />

privada ficou circunscrita apenas à operação da linha, já que<br />

a parte da construção foi feita dentro do modelo tradicional<br />

de compras públicas. Bom, primeiramente o que ganhamos<br />

ao longo do tempo foi conhecimento. O governo aprendeu<br />

como fazer, o governo aprendeu como controlar, e aí houve<br />

até muita polêmica no que diz respeito a excessos dos órgãos<br />

de controle, mas se aprendeu muita coisa por parte do<br />

governo e se aprendeu do lado do setor privado também. O<br />

que houve foi uma mudança de paradigma nesse período.<br />

Imagine só para uma construtora, que sai do paradigma de<br />

fazer obra por um preço fixo para o de prestar serviço de<br />

longo prazo, é preciso adaptar as estruturas. Então, o conhecimento<br />

vai sendo gerado e uma nova gama de arranjos<br />

com soluções cada vez mais criativas vão sendo criadas,<br />

sobretudo a questão do fundo garantidor, que é aquele que<br />

vai garantir a viabilidade do setor privado.<br />

RF – No setor ferroviário brasileiro, quais são os principais<br />

exemplos de PPPs?<br />

SC – No caso de Metrô de São Paulo, por exemplo, a primeira<br />

PPP de metrô que teve que foi a da Linha 4-Amarela.<br />

Em Salvador, temos um exemplo interessante de contrato,<br />

que cobre tanto a construção quanto a operação pelo ente<br />

privado. E aí a questão do aprendizado é importante, porque<br />

ao longo do tempo o governo aprende a colocar os incentivos<br />

adequados para o setor privado. Então, um incentivo<br />

interessante para a PPP do Metrô de Salvador foi a questão<br />

do governo começar a pagar contraprestação, ou seja,<br />

remunerar o ator privado pela construção, somente após a<br />

conclusão de um determinado trecho, que no caso de Salvador,<br />

foi quando o metrô chegasse até o Aeroporto. Somente<br />

depois que o metrô chegou ao aeroporto que as contraprestações<br />

começaram a ser pagas pelo estado. E, nesse caso,<br />

gerou um incentivo para que o ator privado não enrolasse a<br />

obra, entregasse as estações o mais rápido possível, e fizesse<br />

a obra o quanto antes para começar a receber. Acho que<br />

o governo está aprendendo como colocar os melhores incentivos<br />

para que o privado dê os seus melhores esforços, e<br />

esses melhores esforços sejam revertidos para a população.<br />

RF – E no caso da Linha 4-Amarela, foi uma PPP que onerou<br />

demais o setor público por conta dessa questão de o estado ter<br />

sido responsável por 100% dos custos das obras?<br />

SC – Você pode me perguntar, teria sido melhor o setor<br />

privado ter feito a construção para depois operar o sistema?<br />

Eu respondo que depende do apetite a risco do setor privado.<br />

Uma coisa é você fazer uma obra complexa com tempo<br />

e orçamento definidos. “Olha, você vai ter tanto aqui para<br />

gastar, se você gastar mais o problema é seu”, com uma<br />

solução de engenharia relativamente simples. O Metrô de<br />

Salvador é um metrô supersimples, basicamente, por ser de<br />

superfície. Não tem grandes túneis, as soluções de engenharia<br />

foram mais fáceis, no sentido de serem menos complexas.<br />

O Metrô de São Paulo tem escavação e uma série<br />

de questões que precisam ser avaliadas pelo setor privado<br />

por conta dos riscos envolvidos. Então, é uma equação que<br />

depende do apetite a risco do setor privado também.<br />

RF – Os riscos que envolvem obras metroferroviárias, de um<br />

modo geral, inibem a iniciativa privada para a concretização de<br />

uma eventual PPP?<br />

SC – Eu não me espantaria se a solução adotada por São<br />

Paulo naquela época, em 2004, tivesse sido pela construção<br />

do metrô da forma convencional. Mas também não me espanta<br />

o governo ter optado pela PPP, porque a construção<br />

da forma tradicional pode abrir espaço para escândalos de<br />

corrupção como o que vimos, inclusive, no próprio Metrô<br />

de São Paulo. Valeria a pena ter feito a construção? Valeria<br />

se o setor privado tivesse o apetite a risco de encarar o risco<br />

de fazer a construção. E aí tem que se pensar em tudo: se<br />

no meio do caminho encontra um sítio arqueológico, a rota<br />

precisaria ser desviada ou projeto modificado, e qual seria a<br />

divisão desse risco? Então esse tipo de questão precisa ser<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 17


entrevista<br />

debatida no caso de metrô e de ferrovias. São questões que<br />

ajudam a explicar um pouco o porquê de não termos tantos<br />

exemplos de PPPs no setor metroferroviário no Brasil.<br />

RF – A legislação vigente hoje facilita a estruturação de contratos<br />

de PPP? Há algum entrave em relação ao isso?<br />

SC – Acho que o nosso problema não é nem tanto a legislação,<br />

mas sim a forma como se interpreta a legislação. E<br />

eventualmente temos hoje um grau de discricionariedade de<br />

alguns agentes que interpretam as leis e acabam gerando incertezas.<br />

Por exemplo, no meio do caminho se faz uma PPP<br />

para um metrô, com a previsão de um determinado valor<br />

gasto para a construção e um certo número de receita tanto<br />

de viajantes como de receitas acessórias com base em publicidade<br />

e exploração de espaços comerciais. E coloca isso<br />

numa equação, para estimar uma projeção de receitas e de<br />

despesas. Se a conta não fecha, o governo coloca uma determinada<br />

contraprestação. Bom, a lei permite isso. Mas e se<br />

no meio do caminho, o Ministério Público fala “não, você<br />

não pode colocar aqui, explorar comercialmente esse espaço<br />

porque você tem que colocar pessoas que eram ambulantes<br />

que foram retiradas da rua, tem que arrumar emprego para<br />

esses ambulantes, então esses ambulantes vão ter barraquinhas<br />

aqui e você vai ter que deixar que eles vendam pra você<br />

aqui dentro”. E aí o ente privado fala “mas essa não era a<br />

receita que eu tinha estimado. Tinha projetado uma receita<br />

colocando aqui, por exemplo, uma franquia que renderia faturamento<br />

capaz de fechar a minha equação de custo. E aí<br />

existe uma interferência externa que frustra isso.<br />

RF – O senhor fala em um ambiente de insegurança jurídica?<br />

SC – Sim. Por exemplo, a exploração de publicidade, que a<br />

empresa projetou colocar nos trens e estações outdoors de<br />

publicidade pra rentabilizar, e vem alguém dizer que não<br />

pode, porque tem uma lei de poluição visual. Digo isso porque<br />

podem surgir no meio do caminho leis que não estavam<br />

previstas na regra do jogo, no momento de assinatura do<br />

contrato. Então não me parece um problema de legislação<br />

e, sim, do governo respeitar os contratos e tudo aquilo que<br />

foi combinado. Se isso não acontece, o setor privado fica na<br />

mão? Então, o grande problema é quando o setor público,<br />

nas suas mais variadas esferas do executivo ao legislativo e<br />

ao judiciário (Ministério Público), não respeita as regras do<br />

jogo. A insegurança jurídica é o grande ponto. A legislação<br />

pode ter um ou outro ajuste. Reduzir o valor da obra, ou<br />

melhor, aumentar um pouquinho o comprometimento das<br />

despesas, é possível fazer regulagens pequenas, mas o grande<br />

problema é a insegurança jurídica gerada hoje.<br />

RF – O que é preciso acontecer para que de fato as PPPs funcionem<br />

de maneira adequada no Brasil?<br />

SC – A implementação de PPPs requer duas coisas: competência<br />

e instituições. Então você precisa ter instituições que<br />

assegurem que as regras do jogo vão funcionar, e precisa ter<br />

competência e pessoas do lado do governo que saibam interagir<br />

com o setor privado de forma republicana, sem corrupção.<br />

É preciso ter profissionais do setor privado que saibam<br />

interagir com o governo, a competência é para os dois<br />

lados, o setor privado também tem que ser capacitado para<br />

lidar com esse ambiente. Então o que vai fazer essa parceria<br />

funcionar são competências e instituições. A presença desses<br />

dois pontos tende a aumentar o apetite do setor privado.<br />

RF – O setor regulatório também é uma peça-chave para que<br />

as PPPs funcionem de maneira adequada para ambos os lados?<br />

SC – A regulação, sem dúvida, é superimportante nesse contexto.<br />

Regulação tem uma parte de instituições, que é a regra<br />

do jogo, a regulação coloca a regra do jogo. E a regra do jogo<br />

tem que ser firme, a agência reguladora não pode ser capturada.<br />

A agência reguladora não pode falar fino com um e falar<br />

grosso com outro. Não posso deixar a agência reguladora investir<br />

nos interesses da empresa A ou da empresa B. Então,<br />

volto a dizer, que é necessário ter pessoas com capacidade<br />

para regular. Mas tem também a questão de competência, o<br />

profissional da agência reguladora precisa ser competente.<br />

Precisa entender e aprender tecnicamente, tem que conhecer<br />

o setor, a célula, tem que saber o que cobrar e como cobrar.<br />

RF – De todas as PPPs na área metroferroviária no Brasil, a do<br />

Metrô de Salvador, na sua opinião, foi o caso mais bem-sucedido?<br />

É preciso ter um fluxo cativo de cargas pra justificar<br />

o investimento. Então, o setor ferroviário depende do nível<br />

de exposição a risco que o ente privado esteja disposto a ter.<br />

18<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


O próximo governo tem que sinalizar claramente<br />

que vê com bons olhos uma agenda de PPP,<br />

que beneficie a geração de valor público, e isso não<br />

significa que público e privado devam ser inimigos.<br />

SC – O caso do Metrô de Salvador é interessantíssimo, que<br />

merece ser colocado aqui como um arranjo atrativo. Lá conseguiu-se<br />

construir num prazo relativamente curto um sistema<br />

que gerou um baita benefício para a população, colocando<br />

os incentivos adequados para o setor privado. O triste do<br />

Metrô de Salvador é que foram quase 13 anos para ser inaugurado.<br />

E, na verdade, só foi entregue quando o setor privado<br />

assumiu os trechos 1 e 2, quando o governo estruturou uma<br />

modelo integrado que fez sentido e fechou a conta. Então, o<br />

Metrô de Salvador é um bom exemplo de como o governo<br />

e o setor privado podem, por meio de incentivos adequados,<br />

entregar um obra relevante para a população. É uma parceria<br />

que chamamos de ganha-ganha, ou seja, ganha a população,<br />

ganha o setor privado que tem o negócio e ganha o político<br />

que está com a camisa. Então, se conseguirmos reproduzir<br />

esse espírito de ter parcerias público-privadas no setor ferroviário<br />

que eu chamo de ganha-ganha, teremos o melhor dos<br />

mundos, todos vão ganhar e os incentivos vão estar alinhados.<br />

RF – Nem todos os projetos metroferroviários do Brasil contam<br />

com PPP. Por que? O que impede a adoção desse modelo?<br />

SC – A conta precisa fechar paro o setor privado, tem que<br />

ter um projeto que seja atrativo. Primeiro, o governo tem<br />

que ser crível a ponto de incentivar o setor privado a entrar<br />

no projeto. O governo precisa mostrar que tem competência<br />

para poder conduzir o processo. As descrições não podem<br />

gerar incertezas. E o projeto em si, a conta tem que fechar, a<br />

base dos benefícios tem que fechar com o setor privado. Se<br />

estas coisas não estão alinhadas, lamento, as coisas tendem<br />

a não funcionar. Então, é preciso ter bons projetos e rentabilidade<br />

também. Mas não adianta termos rentabilidade<br />

se tivermos um governo que vai conduzir esse processo de<br />

PPP de uma forma tecnicamente ruim ou corrupta. Os dois<br />

casos tendem a afugentar o bom ator privado, que sai se as<br />

regras do jogo não forem respeitadas. Então, volto a dizer,<br />

competências do lado do setor público, competências do<br />

lado do setor privado, regras do jogo e instituições claras<br />

tendem a gerar maior número de PPPs. A falta disso pode<br />

explicar o caso que temos hoje, com um número de PPPs<br />

muito aquém do que poderíamos e deveríamos ter.<br />

RF – Como a PPP pode ser vantajosa para o setor ferroviário?<br />

SC – Existe uma demanda reprimida. No caso do setor ferroviário<br />

é um pouco mais complicado, por quê? É preciso<br />

ter um fluxo cativo de cargas pra justificar o investimento.<br />

Então, o setor ferroviário depende do nível de exposição<br />

a risco que o setor privado esteja disposto a ter. Em 2008<br />

fiz um artigo sobre a Ferrovia de Integração Oeste-Leste,<br />

a Fiol, que vai de Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO). Entre<br />

outras coisas, falei que não seria viável uma PPP, fizemos<br />

todas as contas e destrinchamos as incertezas regulatórias<br />

e o volume a ser transportado, chegando à conclusão que<br />

talvez o investimento não valeria a pena para o ente privado.<br />

Concluímos que o projeto só pararia de pé se o governo<br />

colocasse muito dinheiro. Mas é tudo uma questão<br />

de regulação, de direito de passagem em outras malhas etc.<br />

Então é necessário baixar a previsão de risco para que PPPs<br />

deslanchem no setor ferroviário de carga.<br />

RF – Sim, não temos exemplos de PPPs no setor ferroviário<br />

de carga...<br />

SC – Não existe por uma questão de que a conta precisa<br />

fechar para o setor privado, e ao que se aparenta, não tem<br />

nenhum projeto hoje no qual a conta fecha e que abrisse<br />

espaço para arranjos entre governo e empresa, colocando<br />

dinheiro. Aí quando a conta fecha muito a empresa constrói<br />

uma ferrovia que só ela mesma usa. A Vale duplicou a EFC,<br />

mas somente ela vai usar aquela ferrovia. Mas e aí? Como<br />

fica a questão do direito de passagem? São questões que<br />

também precisam ser debatidas.<br />

RF – E como o próximo governo pode agir para incentivar as<br />

PPPs e melhorar esse cenário que apontou?<br />

SC – O próximo governo tem que sinalizar claramente que<br />

vê com bons olhos uma agenda de PPP, que beneficie a geração<br />

de valor público, e a geração de valor público não<br />

significa que público e privado devem ser inimigos. Um governo<br />

que vá brigar por reformas e interlocução com atores<br />

judiciários para que não mude as regras do jogo. O governo<br />

precisa sinalizar o compromisso dele, o conhecimento de<br />

que é preciso ter o ator privado engajado nesses serviços, e<br />

que vai fazer de tudo pra baixar a percepção de risco e aumentar<br />

a credibilidade para que os atores privados queiram<br />

investir. É preciso que o governo seja crível.<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 19


eportagem<br />

Início das<br />

obras<br />

Ordem de serviço para construção<br />

da Linha Leste do Metrofor foi<br />

assinada no início de novembro<br />

Fotos: Divulgação/Metrofor<br />

Por Thaise Constancio<br />

Em Fortaleza, todos os caminhos levam para a região<br />

central da cidade. Pelo menos quando se trata de metrô.<br />

Com duas linhas construídas – Oeste e Sul – e um<br />

sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) operando<br />

parcialmente, os moradores da capital do Ceará aguardam<br />

a conclusão da Linha Leste para usufruírem de uma<br />

melhor integração sobre trilhos.<br />

O início das obras estava previsto para julho, com<br />

prazo de quatro anos a partir da assinatura da ordem<br />

de serviço – que aconteceu no dia 7 de novembro, após<br />

o Tribunal de Contas da União revogar a liminar que<br />

suspendia a licitação para a implementação da Linha<br />

Leste. Desde agosto, o projeto estava na mesa do TCU<br />

para análise de uma ação impetrada pelas empresas Acciona<br />

Infraestructura e Construtora Marquise, vencedoras<br />

na primeira concorrência feita em outubro de 2013.<br />

As duas empresas se envolveram em um imbróglio em<br />

2015, que culminou na paralisação das obras e na rescisão<br />

unilateral do contrato por parte do governo do estado<br />

(ver o box).<br />

A concorrência, realizada em maio deste ano, foi<br />

vencida pelo consórcio FTS Linha Leste, formado pela<br />

construtora Ferreira Guedes e a espanhola Sacyr Construcción,<br />

único a apresentar proposta. O contrato engloba<br />

obras civis e sistemas de alimentação de energia elétrica,<br />

catenária, telecomunicações, sinalização e controle, bilhetagem,<br />

ventilação e equipamentos de oficina para a<br />

primeira fase do projeto.<br />

O governo do estado licitou também, em maio, as obras<br />

do shaft por onde passarão quatro tatuzões (máquinas tuneladoras).<br />

A concorrência recebeu dez propostas e foi<br />

vencido pela Forteks Engenharia e Serviços Especiais<br />

Ltda. A empresa assinou contrato de R$ 5,2 milhões –<br />

abaixo dos R$ 6,5 milhões previstos no processo licitatório<br />

– com a Secretaria estadual de Infraestrutura (Seinfra)<br />

em 16 de agosto, com vigência de 16 meses.<br />

Metrofor tem duas<br />

linhas de trens em<br />

operação (Oeste e Sul)<br />

20<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


Histórico da Linha Leste<br />

A primeira licitação da Linha Leste, feita em 2013, foi vencida<br />

pelas empresas Cetenco Engenharia e Acciona Construccion. As<br />

obras começaram no fi m daquele ano e até hoje, apenas 3% do<br />

total foi executado. Dois anos depois, a Cetenco, líder do consórcio,<br />

solicitou a rescisão unilateral do contrato, argumentando<br />

que o governo estadual não estava arcando com os pagamentos.<br />

A obra foi paralisada e o Ministério Público Federal no Ceará<br />

apresentou três possibilidades à Seinfra: a continuidade das obras<br />

sem a Cetenco, apresentação de outro consórcio com a Acciona<br />

ou nova licitação.<br />

A própria Acciona argumentou ter condições técnicas e fi nanceiras<br />

para continuar as obras sozinha, mas o pedido foi negado pela<br />

Seinfra, argumentando que empresa estrangeira não poderia atuar<br />

sozinha em obras no país. A Procuradoria Geral do Estado do Ceará<br />

(PGE-CE), no entanto, discordou do argumento, uma vez que a Acciona<br />

é uma empresa constituída no Brasil com matriz espanhola.<br />

Ainda assim, a Seinfra notifi cou a Acciona para apresentar outra<br />

empresa para integrar o consórcio. A Marquise Engenharia,<br />

então, foi indicada e aceita pelo governo estadual para compor<br />

o consórcio Linha Leste Metrô Fortaleza. Em março de 2015, a<br />

Cetenco, no entanto, protocolou no TCU, no Tribunal de Contas do<br />

Estado do Ceará (TCE-CE) e no MPF um pedido de nulidade do<br />

aditivo que incluía a Marquise no consórcio. Ainda em fase inicial,<br />

as obras foram paralisadas.<br />

Em 2016, o TCU emitiu um parecer técnico em que apontava<br />

que a substituição da Cetenco pela Marquise era regular. Já<br />

o TCE-CE indicava haver indícios de irregularidade no processo.<br />

O MPF, por sua vez, recomendou que a Acciona substituísse a<br />

Marquise no consórcio, justamente por esta ter participado da<br />

concorrência licitatória integrando o Consórcio Mobilidade Urbana,<br />

com Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, em terceiro lugar no<br />

processo de 2013.<br />

Novamente, a Acciona alegou ao MPF que poderia seguir sozinha<br />

com as obras, mas o governo estadual optou por rescindir<br />

unilateralmente o contrato e iniciar os estudos para realização de<br />

nova licitação (que aconteceu em maio deste ano).<br />

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eportagem<br />

A Linha Leste do Metrofor foi dividida<br />

em duas fases. A primeira tem<br />

7,5 km entre as estações Tirol-Moura<br />

Brasil e Papicu, com quatro estações<br />

subterrâneas e uma de superfície.<br />

Nesta etapa está prevista também a<br />

integração com as linhas Oeste (Tirol-Moura<br />

Brasil) e Sul (Chico da<br />

Silva), com o VLT Parangaba/Mucuripe e com terminal<br />

de ônibus (Papicu). A expectativa para a primeira etapa<br />

do projeto é transportar 150 mil pessoas por dia, em viagens<br />

de 15 minutos entre o centro e o Papicu. Já a segunda<br />

fase, com 5,2 km e oito estações, não tem previsão de<br />

início das obras. Para a nova linha está prevista a compra<br />

de 20 trens, cuja licitação ainda não tem previsão de ser<br />

realizada, segundo o governo do estado.<br />

O imbróglio<br />

As empresas Acciona Infraestructura e Construtora<br />

Marquise, que compunham o consórcio da primeira licitação,<br />

em outubro de 2013, argumentavam que havia<br />

“diversas cláusulas restritivas” no edital que teriam<br />

levado apenas um consórcio a apresentar proposta comercial.<br />

As empresas também questionaram na Justiça<br />

a capacidade do consórcio FTS Linha Leste de atender<br />

alguns itens do edital, como índice de liquidez geral,<br />

autorização do poder executivo para empresa internacional<br />

atuar no Brasil e comprovação da qualificação<br />

técnico-operacional dos profissionais estrangeiros –<br />

que não estariam habilitados pelo Conselho Regional<br />

"A Linha Leste do Metrofor<br />

foi dividida em duas fases.<br />

A primeira tem 7,5 km entre<br />

as estações Tirol-Moura<br />

Brasil e Papicu"<br />

de Engenharia e Agronomia (Crea).<br />

O consórcio teria apresentado profissionais<br />

formados em engenharia<br />

elétrica para atuar em serviços relativos<br />

a engenharia civil e mecânica.<br />

Sobre os questionamentos, o TCU<br />

afirmou no acórdão (emitido no dia<br />

31 de outubro) que não há obrigação<br />

legal de registro prévio no Crea dos atestados emitidos<br />

em nome da Sacyr Construcción e dos profissionais da<br />

empresa. O TCU ressalta que no edital da concorrência<br />

foi pedido a empresas internacionais a apresentação<br />

dos documentos correspondentes do país de origem de<br />

habilitação dos profissionais estrangeiros, desde que<br />

traduzidos para o português por tradutor juramentado.<br />

“Como não há órgão equivalente ao Crea em território<br />

espanhol, foi apresentada certidão de equivalência<br />

emitida pela embaixada espanhola no Brasil”, disse<br />

o TCU no acórdão em relação aos documentos apresentados<br />

pela Sacyr Construcción. Quanto à questão<br />

dos engenheiros elétricos, o Tribunal afirmou que os<br />

documentos apresentados demonstram que o consórcio<br />

habilitado “possui profissionais qualificados para todos<br />

os serviços questionados, não havendo dúvida de que<br />

realizam serviços de complexidade semelhante aos descritos<br />

no edital”.<br />

Financiamento<br />

Para a execução da primeira fase da Linha Leste do<br />

Metrô de Fortaleza, a Seinfra-CE informou que serão<br />

22<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


SISTEMA FERROVIÁRIO DE FORTALEZA<br />

utilizados R$ 1 bilhão do BNDES em financiamento;<br />

R$ 673 milhões como contrapartida<br />

do governo federal; e R$ 186 milhões do<br />

tesouro estadual. O BNDES diz que o contrato<br />

de financiamento de R$ 1 bilhão foi assinado<br />

com o governo do estado em 19 de setembro<br />

de 2014, para construção de 12 km do sistema<br />

e 13 estações, porém o projeto foi encurtado e<br />

o contrato teve que ser alterado.<br />

Em 24 de julho deste ano, a diretoria do<br />

BNDES autorizou alterações do escopo do<br />

projeto (que agora terá 7,5 km e cinco estações),<br />

aquisição dos sistemas fixos e do material<br />

rodante, além da prestação dos serviços<br />

de supervisão e gerenciamento das obras. O<br />

contrato de financiamento tem carência de 12<br />

meses, com prazo de amortização de 29 anos.<br />

Entre as alterações no escopo do projeto<br />

pela Seinfra-CE, estão a priorização do trecho<br />

da Linha Leste de Chico da Silva a Papicu,<br />

propiciando o fechamento do triângulo<br />

formado pelas linhas Sul (trecho Chico da<br />

Silva – Parangaba), VLT (Parangaba-Papicu)<br />

e Leste (Papicu-Chico da Silva); e a exigência<br />

de que os recursos alocados fossem suficientes<br />

para o projeto de forma integral, a partir<br />

da definição de contratações que garantissem<br />

a funcionalidade simultânea das obras, instalações civis,<br />

fornecimento e instalação de sistemas, equipamentos e<br />

material rodante. O contrato anterior abrangia apenas as<br />

obras civis da Linha Leste – fato que causava um risco<br />

maior de inviabilidade das soluções para tornar o sistema<br />

operacional, disse o TCU no acórdão.


evento<br />

Em busca de soluções<br />

Ideias para setor evoluir foram discutidas na 24ª Semana de Tecnologia Metroferroviária<br />

Lideranças<br />

do setor<br />

estiveram<br />

presentes no<br />

evento<br />

Divulgação/Aeamesp<br />

“<br />

OBrasil precisa rever sua matriz de transportes”,<br />

declarou o presidente da Associação dos<br />

Engenheiros e Arquitetos do Metrô (Aeamesp),<br />

Pedro Machado, durante a 24ª Semana<br />

de Tecnologia Metroferroviária, que aconteceu entre os<br />

dias 21 e 24 de agosto, em São Paulo. O evento reuniu<br />

cerca de 120 palestrantes e debatedores para discutir a necessidade<br />

de evolução do setor, principalmente após a greve<br />

dos caminhoneiros, no final de maio e início de junho,<br />

que gerou uma crise no sistema de transportes nacional.<br />

O secretário-geral da Associação Latino-Americana de<br />

Ferrovias (Alaf), Jean Pejo, disse que o setor se afastou<br />

da sociedade. “Não existe pressão popular por mais ferrovias.<br />

Quando se avalia o custo do frete, a solução em<br />

discussão é a compra de mais caminhões”.<br />

Para o gerente setorial de Transportes e Logística do<br />

BNDES, Dalmo Marchetti, setor ferroviário tem a ver<br />

com competitividade. “Esse é um tema caro ao banco",<br />

declarou. Entre os desafios colocados por ele estão inserir<br />

as ferrovias no universo da carga geral e o aumento do<br />

investimento setorial anual do banco para o patamar de<br />

R$ 19 bilhões. Além disso, Marchetti defendeu a devolução<br />

pelas concessionárias de trechos pouco utilizados ou<br />

abandonados.<br />

O tema da renovação antecipada das concessões ferroviárias<br />

esteve presente em diversos painéis. O diretor<br />

de Relações Institucionais da MRS, Gustavo Bambini,<br />

disse que pensar a prorrogação agora é antecipar os investimentos.<br />

“Não se trata de uma aventura regulatória.<br />

É uma grande responsabilidade que traz uma série de<br />

obrigações que vão garantir investimentos de bilhões”.<br />

Para Jean Pejo, além dos benefícios mais conhecidos,<br />

a renovação antecipada geraria a valorização das pessoas<br />

e do conhecimento adquirido na área. “Temos uma das<br />

maiores expertises do mundo no transporte de minério de<br />

ferro”, declarou.<br />

Mobilidade urbana<br />

O secretário dos Transportes Metropolitanos de São<br />

Paulo, Clodoaldo Pelissioni, colocou em sua palestra a<br />

necessidade de realizar cinco “enfrentamentos”. O primeiro<br />

deles é um ajuste fiscal, pois sem ele os investimentos<br />

serão “pífios”. “Empreendimentos de mobilidade<br />

não se pagam com receita própria, diferentemente de ro-<br />

24<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


dovias, portos ou aeroportos. PPPs necessitam de aportes<br />

e contraprestações”.<br />

O presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho, colocou<br />

que a renovação de ativos estratégicos é um dos principais<br />

desafios da empresa. Operando desde os anos 1970,<br />

parte da frota tem cerca de 40 anos. Ele falou ainda sobre<br />

o projeto de extensão da Linha 2 da estação Estácio até<br />

a Carioca, com a construção de uma nova estação (Cruz<br />

Vermelha) e a operação independente da Linha 1.<br />

O evento também contou com palestrantes internacionais.<br />

Entre os presentes estavam o diretor do projeto da<br />

Linha 3 do metrô de Monterrey, no México, Enrique Lozano,<br />

que falou sobre a importância da sustentabilidade<br />

econômica do metrô, uma vez que os custos cresceram de<br />

forma “significativa”. Por lá, a tarifa de metrô é uma das<br />

mais baixas entre os países da Alamys (US$ 0,25).<br />

O gerente de Estudos e Negócio de Transporte do Metrô<br />

de Santiago, no Chile, Roland Zamora, defendeu a<br />

integração entre vários modais. “Os diferentes governos<br />

têm entendido que o sistema de transporte integrado tem<br />

mais eficiência porque, primeiro, reduz a evasão [fraude];<br />

segundo, é possível mobilizar uma grande quantidade<br />

de pessoas; terceiro, quando há integração modal há<br />

o fortalecimento de todo o sistema”. Durante o evento,<br />

a Aeamesp assinou um convênio de cooperação e intercâmbio<br />

com a Alaf.<br />

Eventos paralelos<br />

O evento contou com 66 trabalhos técnicos sobre os<br />

mais diversos temas. Os melhores levaram o 5° Prêmio<br />

Tecnologia & Desenvolvimento Metroferroviários<br />

ANPTrilhos-CBTU, promovido pela ANPTrilhos<br />

e pela CBTU.<br />

Integraram ainda a semana os eventos: 46ª Reunião<br />

do Grupo Permanente de Auto-Ajuda na Área de Manutenção<br />

Metroferroviária (GPAA); o XII Seminário<br />

Metroferroviário da ANTP; o Seminário UITP – Melhores<br />

Práticas de Mobilidade Urbana Comunicação &<br />

Marketing; e o II Seminário Infraestrutura de Transporte<br />

Ferroviário. Um dos eventos paralelos foi a Metroferr<br />

Lounge Experience <strong>2018</strong>, que reuniu fornecedores<br />

de produtos e serviços para o segmento.


eportagem<br />

Renovação em debate<br />

Audiências públicas da EFC e EFVM levaram temas como valor de outorga e construção da Fico<br />

Por Adriana de Araújo<br />

Discordâncias em relação ao valor e à destinação<br />

da outorga foram a tônica das audiências públicas<br />

realizadas para debater a prorrogação antecipada<br />

das concessões da Estrada de Ferro Carajás<br />

(EFC) e da Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM),<br />

ambas operadas pela Vale. Populações das cidades cortadas<br />

pelas vias reivindicaram que os recursos sejam aplicados<br />

para solucionar os impactos ambientais e na saúde dos moradores.<br />

Produtores rurais do Mato Grosso que compareceram<br />

em caravana às audiências em Brasília defenderam<br />

a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste<br />

(Fico), contrapartida que está sendo negociada pelo governo<br />

federal para a prorrogação da EFVM.<br />

A ANTT já realizou, nos dois últimos meses, sete audiências<br />

presenciais para tratar da renovação das concessões.<br />

A primeira delas ocorreu em Belém (PA), em 27 de agosto,<br />

e tratou da concessão da EFC. Também houve audiências<br />

em São Luiz (MA), em 29 de agosto, e em Brasília, em 17<br />

de setembro. Já a proposta para renovação da EFMV foi<br />

debatida pela população de Belo Horizonte (MG), Ipatinga<br />

(MG), Vitória (ES) e Brasília.<br />

As audiências contaram com a média de 200 participantes<br />

e mais de 40 manifestações orais em cada sessão. As<br />

inúmeras críticas ao pouco tempo de discussões motivaram<br />

a ANTT, em 24 de setembro, a estender por mais 30 dias<br />

o prazo de audiência e anunciar a realização de mais duas<br />

sessões presenciais em Governador Valadares (MG) e São<br />

Luiz (MA), em outubro.<br />

Durante as sessões realizadas em Brasília, o superintendente<br />

de Ferrovias da ANTT, Alexandre Porto, reforçou que<br />

a renovação antecipada das concessões é a oportunidade que<br />

a agência reguladora tem de adaptar os contratos às novas<br />

práticas regulatórias, metas e parâmetros de desempenho.<br />

“Os contratos das concessões são da década de 1990, quando<br />

a agência reguladora do setor sequer existia e, portanto, não<br />

preveem obrigação de investimento e matriz de risco”.<br />

Ao todo foram qualificadas pelo Programa de Parceria<br />

de Investimento cinco concessões (incluindo, além dessas,<br />

a malhas da FCA, Rumo Malha Paulista e MRS) para renovação.<br />

No plano da EFVM, são esperados investimentos<br />

de R$ 9 bilhões ao longo de 40 anos, caso o contrato seja<br />

renovado antecipadamente. Parte desse montante seria aplicado<br />

na manutenção da infraestrutura e aquisição de frota.<br />

Também está sendo discutida a duplicação de trecho de 9<br />

km entre os municípios mineiros de Pedreira Rio das Velhas<br />

e Capitão Eduardo.<br />

“A prorrogação dará sustentabilidade e previsibilidade<br />

à indústria ferroviária brasileira. Nosso mercado é uma<br />

montanha russa. Tem ano que fabricamos 120 locomotivas<br />

e tem ano que fabricamos 30, 10”, disse Márcia Gomes,<br />

As audiências contaram<br />

com cerca de 200<br />

participantes e mais de<br />

40 manifestações orais<br />

em cada sessão<br />

Fotos: Divulgação/ANTT<br />

26<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


eportagem<br />

diretora da GE e representante da Abifer.<br />

O diretor executivo da ANTF, Fernando Paes, ressaltou<br />

a melhora dos índices de desempenho das ferrovias brasileiras<br />

após as privatizações. Ele também lembrou que, desde<br />

então, a iniciativa privada já investiu R$ 92 bilhões no<br />

setor. O que permitiu aumento no transporte de cargas de<br />

113% no período. “Queremos prorrogar contratos que estão<br />

dando certo. Em 2017, foram 538 milhões de toneladas. Só<br />

a EFVM é responsável sozinha por 25% de toda a carga<br />

transportada no país. Sem considerar o minério, a via transportou<br />

20% de carga geral nacional”, destacou.<br />

Outorga<br />

Como moeda de troca para a renovação antecipada do<br />

contrato da EFVM, governo federal deve exigir da Vale investimentos<br />

de R$ 2,6 bilhões para a construção da Fico<br />

– conforme proposta da ANTT, que ainda pode ser modificada<br />

em razão dos subsídios colhidos durante às audiências.<br />

A concessionária ainda poderá investir R$ 373 milhões em<br />

obras para solucionar conflitos urbanos em Minas Gerais e<br />

Espírito Santo.<br />

O valor da outorga foi questionado por políticos, representantes<br />

de associações do setor, consultores e advogados,<br />

além de moradores das regiões cortadas pelas vias da EFC e<br />

da EFVM que se manifestaram durante as audiências. “Não<br />

somos contra a renovação desde que se faça pelo preço justo”,<br />

justificou o subsecretário de Transporte do Rio de Janeiro,<br />

Delmo Pinho.<br />

Participantes também apontaram equívocos nos cálculos<br />

de demandas de carga e de tarifa de transporte de minério.<br />

“A MRS não serve de parâmetro para calcular a tarifa de<br />

transporte da Vale, pois tem custos diferentes em razão de<br />

variáveis como a topografia”, ressaltou Pinho.<br />

Apesar de se declarar favorável à renovação antecipada<br />

e aplicação da outorga na construção de novas ferrovias, o<br />

diretor operacional da Anut, Renato Voltaire Araújo, criticou<br />

pontos do relatório que considera equivocados, como<br />

a tarifa de transporte de minério e a demanda futura de carga.<br />

Segundo ele, esses dois pontos contribuem para o baixo<br />

valor da outorga. “A demanda que nos foi apresentada está<br />

estagnada. Saímos de uma carga de 24 milhões de toneladas<br />

e, 39 anos depois, estaremos movimentando praticamente a<br />

mesma quantidade?”, questionou.<br />

Briga por recursos<br />

A aplicação da outorga para construção do trecho da Fico<br />

de 383 km, entre Campinorte (GO) e Água Boa (MT), irritou<br />

mineiros, capixabas e paraenses. “Queremos a outorga<br />

livre e investida em Minas Gerais. É um consenso do governo<br />

e dos parlamentares do estado”, disse o secretário estadual<br />

de Transporte e Obras Pública, Murilo Valadares, em<br />

audiência realizada em Belo Horizonte (MG). O secretário<br />

também considerou baixo o valor da outorga. “Não somos<br />

contra a renovação. Desde que ela seja benéfica para Minas<br />

Gerais. O valor da outorga ficou muito pequeno. Fizemos<br />

uma renovação de 360 km de rodovia no estado por R$ 2<br />

bilhões”, exemplificou.<br />

Ainda na capital mineira, o secretário de Obras, Transporte<br />

e Mobilidade de Itabira, Ronaldo Lott Pires, pediu<br />

mais investimentos para a solução de conflitos urbanos em<br />

Itabira e prevenção de acidentes. “Itabira é a segunda cidade<br />

com maior risco de acidentes, perdendo apenas para<br />

Valadares”, afirmou Pires.<br />

Moradores de Itabira que estiverem presentes às audiências<br />

públicas, realizadas em Belo Horizonte e Brasília, defenderam<br />

mais investimentos para solucionar os impactos e<br />

questionaram o valor da outorga. “Somos nós que sabemos<br />

o que é respirar pó de minério. Não é justo tirar o recurso da<br />

ferrovia para outro estado antes de cuidar dos problemas locais”,<br />

destacou a líder comunitária Claudia Roza Benigna.<br />

Para interceder pela construção da Fico, o Movimento<br />

Pró-Logística de Mato Grosso levou uma comitiva de produtores<br />

do leste do estado para participar das audiências<br />

em Brasília. No evento, falaram da dificuldade de escoar a<br />

produção de grãos do estado. “Nos próximos dez anos, a região<br />

vai produzir cerca de 20 milhões de toneladas de grãos.<br />

Como vamos transportar esse volume se, hoje, já estamos<br />

com dificuldades para escoar 9 milhões de toneladas?”,<br />

questionou o produtor rural, Odir José Nicolau.<br />

“Precisamos da ferrovia para termos um frete mais adequado.<br />

É mais do que justo que a outorga seja destinada<br />

a Fico”, defendeu o diretor do Movimento Pró-Logística,<br />

Edeon Vaz Ferreira.<br />

Carajás<br />

Com a renovação, a EFC prevê no novo período de concessão<br />

investimento de mais de R$ 11,4 bilhões, dos quais<br />

28<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


R$ 243 milhões deverão ser aplicados em obras de resolução<br />

de potenciais conflitos urbanos; R$ 7,6 bilhões serão<br />

destinados à manutenção da infraestrutura e R$ 3,4 bilhões<br />

para a aquisição de frota.<br />

A proposta da ANTT chegou a um valor de R$ 2 bilhões<br />

negativos de outorga, sob a justificativa de que para antecipar<br />

a renovação é necessário amortizar mais de R$ 18 bilhões em<br />

investimentos feitos pela Vale na duplicação da EFC. Pelo relatório<br />

da agência, o valor seria zerado em caso de renovação.<br />

Representantes do governo do Pará questionaram os dados<br />

apontados pela agência reguladora e pediram mais tempo<br />

para debater a questão da outorga da Carajás. “Uma ferrovia<br />

do tamanho da Carajás, com garantia de cargas, terá<br />

outorga negativa? É vantajoso fazer uma renovação assim,<br />

de graça?”, questionou o secretário de Desenvolvimento<br />

Econômico do estado, Eduardo Leão.<br />

Segundo o procurador do estado do Pará, Ophir Cavalcante<br />

Júnior, os investimentos advindos da possível outorga<br />

só poderiam ser investidos na expansão ferroviária local. O<br />

procurador acusou o governo federal de colocar os estados<br />

uns contra os outros na briga por recursos. Disse que faltou<br />

transparência na condução do processo de renovação<br />

feito às pressas. Cavalcante questionou a legitimidade do<br />

governo federal de antecipar em dez anos a renovação de<br />

concessão, ainda mais em fim de gestão.<br />

O governo do Pará entrou como parte interessada na<br />

Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pela<br />

Procuradora-Geral da República Raquel Dodge contra a Lei<br />

13.448, que regula as renovações. O governo estadual pede<br />

a paralisação do processo de concessão até que o Supremo<br />

Tribunal Federal julgue o mérito da ação. “Se as projeções<br />

considerassem o final do contrato em 2027, a Vale não seria<br />

credora, mas sim devedora do estado brasileiro”, ressaltou o<br />

procurador se referindo aos investimentos que precisariam<br />

ser indenizados antes da prorrogação.<br />

Parabéns pelos 75 anos de uma história que<br />

se funde com a história da ferrovia brasileira.<br />

Uma homenagem da Fitassul.


eportagem<br />

Fotos: Divulgação<br />

Investigação<br />

em Manaus<br />

Justiça apura repasse ilegal de verba a<br />

consórcio responsável por monotrilho<br />

que nunca entrou em obras<br />

Por Thaise Constancio<br />

Seis anos depois de terem assinado um contrato<br />

para a elaboração do projeto executivo, construção<br />

e implantação do monotrilho de Manaus –<br />

obra prevista para a Copa do Mundo de 2014<br />

–, o governo do estado do Amazonas e o consórcio Monotrilho<br />

Manaus ainda enfrentam um imbróglio na Justiça. O<br />

motivo é a suspeita de irregularidades no repasse de verbas<br />

ao grupo de empresas formado pela CR Almeida Engenharia<br />

de Obras, Mendes Júnior Trading e Engenharia e Scomi<br />

Engineering BHD. Com base nessa hipótese, o Ministério<br />

Público do Estado do Amazonas (MP-AM) abriu inquérito<br />

civil público em julho deste ano. O contrato, assinado em<br />

janeiro de 2012, foi orçado em R$ 1,46 bilhão (R$ 600 milhões<br />

seriam financiados pela Caixa Econômica Federal e o<br />

restante investidos pelo governo estadual).<br />

A última previsão era que o sistema tivesse 15,5 km<br />

de extensão e nove estações entre o bairro Jorge Teixeira,<br />

na Zona Norte, e o Centro de Manaus, passando pelo entorno<br />

da Arena da Amazônia, estádio construído para os<br />

jogos da Copa. De acordo com o Portal da Transparência<br />

do governo do Amazonas, em 2013, o consórcio chegou<br />

a receber R$ 12,44 milhões para iniciar as obras, que efetivamente<br />

nunca saíram do papel. A Scomi teria recebido<br />

R$ 5,9 milhões; CR Almeida, R$ 3,73 milhões, e Mendes<br />

Júnior R$ 2,8 milhões.<br />

30<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong><br />

O MP-AM afirma no processo, no entanto, que não<br />

houve prestação de serviço que justificasse tal valor. Em<br />

julho deste ano, o promotor Edilson Queiroz Martins instaurou<br />

um Procedimento Preparatório em Inquérito Civil<br />

para apurar eventuais irregularidades na contratação do<br />

consórcio. Na portaria de abertura do inquérito, ele afirma<br />

que apesar do “vultoso valor de R$ 1,46 bilhão”, é<br />

“fato público e notório de que tal obra não foi realizada<br />

(...) e que compete à Promotoria de Justiça Especializada<br />

a apuração de fatos que caracterizem atos de improbidade<br />

administrativa, e dano ao erário”.<br />

Procurado pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>, o consórcio afirmou<br />

que, até outubro de 2013, quando o contrato foi<br />

suspenso pela Justiça Federal do Amazonas, realizou<br />

“sondagens ao longo do traçado [do monotrilho] para<br />

elaboração e detalhamento do projeto executivo das<br />

obras civis e do material rodante”. O consórcio de construtoras<br />

afirma, ainda, que os serviços “foram devidamente<br />

executados, atestados e medidos. Os valores relacionados<br />

aos reajustes [do contrato] e à oitava medição,<br />

encontram-se em aberto. Neste momento não há negociações<br />

para retomada das obras e serviços do contrato”,<br />

finaliza em nota.<br />

Sobre o assunto, o governo do estado prefere se calar.<br />

Por meio de nota, a secretaria de Estado de Infraestrutura


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eportagem<br />

do Amazonas (Seinfra-AM) informou apenas que o projeto<br />

é de gestões passadas e “não foi adiante”, sem especificar<br />

se o contrato encontra-se suspenso ou<br />

cancelado. O monotrilho de Manaus, no<br />

entanto, já foi enterrado pelo governo<br />

federal. Em janeiro de 2017, o Ministério<br />

das Cidades tornou o processo sem<br />

valor e cancelou o acesso do governo do<br />

Amazonas a linhas de crédito do BN-<br />

DES para implantação do monotrilho.<br />

Histórico<br />

A história da construção do monotrilho<br />

de Manaus é repleta de intervenções<br />

judiciais ainda sem soluções definitivas.<br />

A proposta apresentada em 2010 era de que o<br />

sistema seria integrado com corredores de ônibus (BRT),<br />

que seriam implementados pela prefeitura local.<br />

Antes mesmo da assinatura do contrato com o consórcio,<br />

estudos da Controladoria Geral da União (CGU) já<br />

apontavam para a inviabilidade do projeto. Motivo: estado<br />

e prefeitura desenharam os projetos separadamente e não<br />

haviam se dado conta de que os projetos de monotrilho e<br />

BRT deveriam ser integrados para garantir a operacionalização<br />

dos dois sistemas. Apesar das notas técnicas da<br />

CGU apontando a inviabilidade da obra e falhas no projeto<br />

básico, o governo do estado seguiu com a licitação e<br />

assinou o contrato em 2012 – antes mesmo da autorização<br />

para o financiamento da Caixa.<br />

Em outubro de 2013, no entanto, a Justiça Federal do<br />

Amazonas , com base no estudo da Controladoria Geral da<br />

União (CGU), suspendeu o contrato e o repasse de verbas.<br />

Os canteiros para o início das obras nem chegaram a ser<br />

"De acordo com o Portal<br />

da Transparência do<br />

governo do Amazonas,<br />

em 2013, o consórcio<br />

chegou a receber R$<br />

12,44 milhões para<br />

iniciar as obras, que<br />

efetivamente nunca<br />

saíram do papel."<br />

O governo do AM chegou a divulgar imagens de como seria o monotrilho de Manaus<br />

montados pelo consórcio.<br />

As justificativas do juiz Rafael Leite Paulo, da 3ª Vara<br />

Federal, para a suspensão do contrato,<br />

foram as suspeitas de irregularidades no<br />

projeto básico, inviabilidade econômico-<br />

-financeira do modal, ausência de funcionalidade<br />

e capacidade operacional pretendida<br />

e subdimensionamento do custo<br />

de implantação do projeto. Foi apontada<br />

pela ação também a ausência de informações<br />

sobre projetos complementares<br />

necessários para as intervenções e o não<br />

atendimento de diversos requisitos legais<br />

para o início das obras.<br />

Outra preocupação da Justiça era o<br />

impacto e a consequente necessidade de adaptação do<br />

traçado do projeto no Centro Histórico de Manaus, que<br />

também não estavam previstos no documento original. Da<br />

forma como foi elaborado, o projeto poderia, sobretudo,<br />

gerar prejuízos ao patrimônio público por meio de aditivos<br />

contratuais subsequentes.<br />

A proposta apresentada pelo consórcio Monotrilho<br />

Manaus não incluía, por exemplo, de<br />

acordo com a CGU, projeto de eletrificação<br />

e de subestações para a via; projeto<br />

elétrico, estrutural, hidráulico, sanitário,<br />

telefônico, de logística e de refrigeração<br />

para as estações de passageiros. Não<br />

havia detalhamento das fundações, somente<br />

recomendações de forma padrão,<br />

perfis de sondagens e sugestões para<br />

escolha do tipo de fundação para a superestrutura;<br />

além de não ter projeto arquitetônico,<br />

estrutural e de eletrificação<br />

e de subsestações para o pátio de operações<br />

e manutenção.<br />

Consórcio e governo do Amazonas apresentaram, na<br />

época, uma série de documentos que extinguiram algumas<br />

dúvidas da Justiça, mas foram considerados “insuficientes<br />

para caracterizar o serviço que se pretendia executar”. A<br />

Justiça, então, bateu o martelo: União, estado e consórcio<br />

deveriam “se abster de praticar qualquer ato tendente<br />

a concretizar e implantar o monotrilho na cidade de Manaus”.<br />

O caso ainda segue sob análise da Justiça Federal<br />

do Amazonas: uma perita judicial atualmente avalia as<br />

provas apresentadas pelo governo do estado no processo,<br />

sem previsão de conclusão.<br />

32<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


arquivo ferroviário<br />

O VLT autônomo, modelo Siemens<br />

Combino, foi testado em uma via de 6<br />

km em Potsdam, na Alemanha, durante<br />

a Innotrans <strong>2018</strong>. O veículo é equipado<br />

com vários sensores de faixa,<br />

radares e câmeras que servem como<br />

“olhos digitais” do bonde, para a captura<br />

de informações sobre o ambiente<br />

de tráfego. Um complexo sistema de<br />

algoritmos funciona como um “cérebro”,<br />

interpretando e avaliando dados<br />

operacionais e proporcionando prognósticos<br />

para a movimentação do veículo.<br />

A inteligência artificial é a tecnologia<br />

base desse projeto, que está<br />

sendo desenvolvido em parceria com<br />

a alemã ViP Verkehrsbetrieb Potsdam GmbH. O bonde experimental<br />

ainda não é voltado para fins comerciais. O projeto tem o objetivo de<br />

identificar os desafios tecnológicos da condução autônoma em condições<br />

reais, para que testes e soluções sejam aprimorados.<br />

VEJA A FOTO AMPLIADA<br />

Divulgação/Siemens


arquivo ferroviário


capa<br />

Passado,<br />

presente<br />

e futuro<br />

Greenbrier Maxion e AmstedMaxion<br />

comemoram 75 anos da antiga<br />

Fábrica Nacional de Vagões<br />

Por Bianca Rocha<br />

Falar sobre o setor ferroviário brasileiro sem reservar<br />

um capítulo para a trajetória de 75 anos<br />

da antiga Fábrica Nacional de Vagões (FNV) –<br />

hoje Greenbrier Maxion e AmstedMaxion – é<br />

ignorar uma parte importante da história das ferrovias no<br />

país. A FNV, inaugurada incialmente no Rio de Janeiro em<br />

22 de outubro de 1943, é um marco na indústria ferroviária<br />

nacional. Primeira no Brasil dedicada à produção do<br />

material rodante, foi criada por Getulio Vargas, em meio<br />

à Segunda Guerra Mundial, quando as importações de vagões<br />

vindas dos EUA ficaram comprometidas. De lá para<br />

cá, a fábrica, transferida para Cruzeiro (SP) em 1945, se<br />

transformou, acompanhando de perto as mudanças, crises<br />

e retomadas pelas quais as ferrovias no Brasil passaram ao<br />

longo de quase um século.<br />

“Chegar aos 75 anos não é fácil para nenhuma empresa<br />

do mundo. Tem que persistir”, ressalta o presidente da<br />

Greenbrier Maxion, Eduardo Scolari. Um dos motivos<br />

que contribuíram para a vida longa da fábrica foi a diversificação<br />

do negócio, que não ficou restrito à produção de<br />

vagões/componentes ferroviários. Ao longo das décadas,<br />

passou a servir também aos setores automotivo, industrial<br />

e mobilidade urbana (a FNV chegou a fabricar TUEs e<br />

carros de passageiros em parceria com a Cobrasma, na década<br />

de 1960).<br />

Mudanças societárias também foram responsáveis<br />

por dar novo gás à fábrica. Em 1990, a gaúcha Iochpe-<br />

-Maxion assumiu o controle da FNV. Sob o comando<br />

de Ivoncy Iochpe, manteve a aposta na ferrovia, mesmo<br />

diante do esfacelamento do setor na época. Anos depois<br />

Fotos: Divulgação<br />

1943<br />

Fundada em 22 de<br />

outubro de 1943,<br />

no Rio de Janeiro, a<br />

Fábrica Nacional de<br />

Vagões S.A (FNV).<br />

1945<br />

São iniciadas as<br />

operações indústrias da<br />

FNV em Cruzeiro (SP).<br />

1946-1949<br />

Entrega de vagões fechados para EF<br />

Sorocabana; vagões tanque para a<br />

Standard Oil Company, fabricação de<br />

estruturas metálicas e vagões e aço.<br />

1952<br />

FNV passou a<br />

fabricar carros<br />

para trens<br />

elétricos.<br />

1956<br />

Inicia-se o projeto de<br />

fabricação de chassis,<br />

seguido da produção de<br />

rodas para caminhões e<br />

automóveis.<br />

36<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


veio a privatização das ferrovias de carga e uma nova<br />

sócia para a fábrica: a americana Amsted Rail, fornecedora<br />

de sistemas, material rodante e componentes. A<br />

AmstedMaxion nasceu em 2000, dando prosseguimento<br />

à produção de vagões e componentes – a partir de então,<br />

sob encomenda das concessionárias que haviam acabado<br />

de assumir as malhas.<br />

A bagagem acumulada em três quartos de século casou<br />

perfeitamente com a proposta de evolução tecnológica<br />

após a mais recente mudança societária da empresa.<br />

Em 2017, a gigante americana The Greenbrier Companies<br />

(fabricante de vagões) tornou-se acionista majoritária nas<br />

unidades ferroviárias da companhia em Hortolândia (SP),<br />

que passou a se chamar Greenbrier Maxion; e minoritária<br />

em Cruzeiro, onde a instalação – dedicada à fundição e à<br />

fabricação de componentes para truques e de rodas – permaneceu<br />

com o nome AmstedMaxion. A mudança transformou<br />

os dois complexos na maior operação integrada<br />

para o setor ferroviário da América do Sul.<br />

Scolari destaca que essas transformações contribuíram<br />

para que a companhia tivesse acesso a tecnologias<br />

de ponta, desenvolvidas por empresas líderes do mercado<br />

mundial. E também mantivesse a liderança no mercado<br />

brasileiro de vagões. Em 75 anos, a fábrica produziu 63<br />

mil vagões, o que corresponde a mais de 50% da frota que<br />

hoje opera nas malhas brasileiras (segundo o mais recente<br />

levantamento da RF, a frota nacional de vagões é de 121<br />

mil unidades). Em 2017, por exemplo, foi responsável por<br />

entregar 71% dos 2.878 vagões produzidos no ano para<br />

Rumo, MRS, VLI e Vale. O restante foi fabricado pela<br />

única concorrente brasileira hoje no segmento, a Randon.<br />

É na fábrica de Hortolândia que a empresa produz caixas<br />

de todos os tipos de vagões de carga e os monta com<br />

os componentes fundidos (truques e rodas) que chegam<br />

da AmstedMaxion, em Cruzeiro. A capacidade da instalação<br />

em Hortolândia, que também oferece às operadoras<br />

serviços de reforma e manutenção, é de 10 mil vagões,<br />

produzidos tanto para o mercado brasileiro quanto para<br />

os nossos vizinhos. A empresa finalizou há pouco tempo,<br />

por exemplo, o processo de exportação de 50 unidades do<br />

vagão gôndola GDN para o Peru, que estão sendo utilizados<br />

para o transporte de concentrado de cobre. A companhia<br />

também já exportou para o Gabão, Guiné, Venezuela,<br />

Congo, Colômbia Argentina e Arábia Saudita.<br />

Mercado brasileiro<br />

O mercado brasileiro, no entanto, é a meninas dos olhos<br />

da empresa. Com uma malha aquém das necessidades de<br />

transporte, o país não tem outra saída a não ser investir<br />

mais em suas ferrovias, aponta Scolari, que ressalta: “O<br />

setor pode ganhar mais espaço nos planos do governo, especialmente<br />

após a greve dos caminhoneiros, que expôs<br />

a fragilidade da matriz de transporte brasileira”. O executivo<br />

cita como exemplo o Plano Nacional de Logística,<br />

elaborado pelo Ministério dos Transportes em parceria<br />

com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), cuja<br />

pretensão é aumentar de 15% para 31% a participação do<br />

modal ferroviário até 2025.<br />

Outro ponto positivo e que dará gás para a indústria ferroviária<br />

nacional, na opinião de Scolari, é a renovação antecipada<br />

dos contratos de concessões das ferrovias. Desde<br />

o início da privatização, as malhas vêm aumentando o volume<br />

de carga transportada, o que impacta diretamente na<br />

demanda por novos vagões. E a tendência, de acordo com<br />

o executivo, é continuar crescendo. “O desenvolvimento<br />

do agronegócio tem gerado uma demanda importante para<br />

o setor ferroviário, que apesar de ter o minério como prin-<br />

Vagões HTH articulado produzidos pela Greenbrier Maxion<br />

1959<br />

Em 24 de fevereiro as novas<br />

e modernas instalações da<br />

FNV são inauguradas, com a<br />

presença do então presidente<br />

Juscelino Kubitschek.<br />

1965<br />

Enquanto o Brasil ainda assimilava<br />

os efeitos do Golpe Militar de 1964,<br />

a FNV completava 22 anos em<br />

plena prosperidade, com novas<br />

linhas de produtos.<br />

1970<br />

A FNV ingressa no<br />

segmento de fundidos<br />

industriais com a<br />

implantação da<br />

Fundição de Aço.<br />

1973<br />

Contrato firmado com a<br />

ROHR garantiu à empresa<br />

o fornecimento de 300<br />

chassis para os carros do<br />

metrô de Washington.<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 37


capa<br />

cipal produto transportado, está cada vez mais atento ao<br />

segmento de grãos. Sem contar a carga geral, que precisa<br />

ser impulsionada nos trilhos.”<br />

Os vagões gôndola sempre estiveram à frente em termos<br />

de encomendas, mas hopper e plataforma devem<br />

ganhar mais espaço, diz o presidente da Greenbrier Maxion.<br />

Não por acaso, a empresa vem apostando no lançamento<br />

de novos modelos, com o intuito de atender às necessidades<br />

do mercado. O hopper HTH articulado, com<br />

maior capacidade de transporte de grãos comparado com<br />

HPT, é um deles.<br />

Para Scolari, o volume previsto de investimentos com a<br />

renovação dos contratos é imprescindível para a evolução<br />

do setor. De acordo com a ANTF, a estimativa é que as<br />

concessionárias invistam cerca de R$ 25 bilhões ao longo<br />

da vigência dos novos contratos. Boa parte desse volume<br />

seria aplicado na renovação da frota de vagões e locomotivas.<br />

A reforma e substituição de material rodante também<br />

ganhariam espaço, segundo a avaliação de Scolari.<br />

A Greenbrier Maxion estima que 61 mil vagões da frota<br />

brasileira apresentam design obsoleto e 32,5 mil estão sucateados<br />

e precisam ser substituídos. “Pós-renovação de<br />

contratos, a expectativa é que a partir de 2020, até 2025,<br />

19 mil novos vagões sejam encomendados pelas operadoras”,<br />

diz Scolari.<br />

Os truques produzidos na fábrica da AmstedMaxion,<br />

em Cruzeiro, são montados em Hortolândia<br />

1980<br />

A FNV inicia sua<br />

atuação no mercado<br />

de rodas ferroviárias<br />

de aço fundido, com<br />

tecnologia Griffin.<br />

38<br />

1981<br />

Mudança da<br />

razão social para<br />

FNV veículos e<br />

Equipamentos S/A<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />

1983<br />

A FNV é vendida<br />

para o grupo<br />

ENGESA Engenheiros<br />

Especializados S.A.<br />

Rodas e truques de aço<br />

A AmstedMaxion tem capacidade de<br />

30 mil toneladas de peças fundidas por ano<br />

A história da planta industrial da AmstedMaxion se confunde<br />

com a da própria cidade de Cruzeiro, no interior paulista,<br />

que desde a década de 1940, cresceu e apareceu por conta<br />

da presença da fundição. Hoje, o espaço de 200 mil metros<br />

quadrados tem capacidade de produção de 85 mil rodas ferroviárias<br />

por ano e 30 mil toneladas de peças fundidas/ano. Os<br />

produtos servem aos segmentos ferroviários, de mineração e<br />

de máquinas e equipamentos para construção civil. A empresa<br />

conta com 1.087 funcionários.<br />

Ao entrar no complexo, o que chama atenção na área externa<br />

é a pilha de sucatas de aço destinada à fundição. O<br />

material é entregue principalmente por ferro-velho e sucateiros<br />

profissionais. Por dia, a fábrica funde em média 100<br />

toneladas de aço, por meio de um processo dividido em três<br />

fases: aciaria, que conta com fornos com capacidade de 12 a<br />

17 toneladas para fusão de sucatas com ferro ligas; moldagem/vazamento/desmoldagem,<br />

para a produção de moldes de<br />

areia e grafite para componentes de truques, rodas ferroviárias<br />

e equipamentos industriais; e acabamento, responsável por finalizar<br />

o produto por meio de tratamento térmico, e deixá-lo<br />

pronto para ser entregue ao cliente. Da fábrica de Cruzeiro,<br />

alguns produtos seguem para exportação (EUA) e outros são<br />

distribuídos no mercado brasileiro.


capa<br />

O número poderia trazer de volta os recordes de produção<br />

de vagões alcançados nas últimas duas décadas,<br />

como em 2011, quando chegou a 5.525 unidades. “Será<br />

a retomada da indústria ferroviária nacional”, prevê o<br />

executivo que é não é tão antigo no setor. Scolari assumiu<br />

a presidência da Greenbrier Maxion há seis anos.<br />

Acostumado com a precisão exigida quando atuava na<br />

área de tecnologia para componentes industriais, o executivo<br />

chegou a achar o processo de produção de vagões<br />

“grosseiro”. “Foi um engano. Tanto a produção como o<br />

produto final requer tecnologia, inteligência, perspicácia<br />

e eficiência, fatores que determinam o encaixe perfeito<br />

dos componentes do vagão”.<br />

Fundição & Componentes<br />

Diferentemente da fábrica de Hortolândia, visualmente<br />

mais nova em termos de estrutura (seu lançamento foi em<br />

2003), o complexo de fundição e produção de componentes<br />

para truques e rodas, em Cruzeiro, carrega marcas de<br />

Trabalho de gerações<br />

“Estou há quase 40 anos na<br />

empresa. Quando comecei a<br />

trabalhar era Fábrica Nacional de<br />

Vagões (FNV) e acompanhei todas<br />

as mudanças, os altos e baixos.<br />

A empresa esteve presente em<br />

todos os momentos da minha<br />

vida e, ao longo desses anos,<br />

crescemos juntos. Hoje posso<br />

dizer que nossa história caminha<br />

lado a lado e, acordar todos os<br />

dias e vir para Greenbrier Maxion<br />

é um prazer. O setor ferroviário me<br />

encanta, tenho orgulho de saber<br />

que faço os vagões que movem a<br />

economia do pais.”<br />

Paulo Sérgio Pupio<br />

gerente de Produção<br />

Antes e depois de um vagão reformado da Rumo, em Hortolândia<br />

“Estou há 42 anos na<br />

empresa e posso dizer que<br />

aconteceram muitas mudanças<br />

aqui, como por exemplo a<br />

produção de vagões que foi<br />

transferida para Hortolândia. Hoje<br />

sabemos que tudo isso contribuiu<br />

ainda mais para o crescimento<br />

da empresa e posso dizer que<br />

cresci junto. Comecei a trabalhar<br />

aqui quando tinha 18 anos e falo<br />

para todos que a AmstedMaxion<br />

é minha segunda família, porque<br />

promoveu meu crescimento tanto<br />

profi ssional<br />

quanto pessoal.<br />

Maury Ribeiro<br />

supervisor de Produção<br />

1990<br />

O grupo brasileiro<br />

Iochpe-Maxion<br />

assume o controle<br />

da FNV.<br />

2000<br />

De uma joint venture entre<br />

Iochpe-Maxion e o grupo<br />

americano Amsted Industries<br />

Inc., surge a AmstedMaxion.<br />

2003<br />

Início da<br />

produção de<br />

vagões em<br />

Hortolândia (SP).<br />

2007<br />

Toda a produção de<br />

vagão é transferida para<br />

Hortolândia. A unidade de<br />

Cruzeiro passa a ser focada<br />

na produção de fundidos.<br />

2016<br />

A Greenbrier<br />

adquire participação<br />

majoritária na<br />

unidade de<br />

Hortolândia.<br />

2017<br />

É criada a<br />

nova marca<br />

Greenbrier<br />

Maxion.<br />

40<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


Vagão gôndola GDU pronto para ser entregue ao cliente<br />

pouco mais de sete décadas de existência. O aspecto mais<br />

antigo do local, porém, não impede que a inovação tecnológica<br />

seja premissa por lá. Um dos carros-chefes da<br />

AmstedMaxion é o truque Motion Control, provido de<br />

adaptadores especiais de rigidez controlada (Adapter<br />

Plus), que ajudam na dinâmica de volume transportado<br />

por eixo, além de permitir ajustes de suspensão e amortecimento<br />

variável com a lotação dos vagões.<br />

Entre os clientes da AmstedMaxion está a Randon, que<br />

por não ter fundição própria, já chegou a encomendar<br />

componentes para seus vagões. “A solução Motion Control<br />

também já foi fornecida para os vagões da Randon”,<br />

salienta o diretor geral da empresa, José Santos.<br />

Ele cita algumas novidades em testes nas operadoras<br />

atualmente, como rodas fundidas para locomotivas, que<br />

desde o ano passado estão sendo testadas na MRS, VLI<br />

e Vale. Na Rumo, o produto já foi aprovado. “Até então,<br />

esse mercado só oferecia rodas forjadas para as máquinas”,<br />

comenta Santos.<br />

A AmstedMaxion produz hoje 22 mil toneladas de fundidos,<br />

sendo que 16 mil toneladas vão para o setor ferroviário<br />

na forma de componentes de truques e outras<br />

peças para vagões; e 6 mil toneladas são voltadas à área<br />

industrial. A fábrica ainda exporta 2 mil toneladas por ano<br />

para EUA e América Latina. No segmento de rodas ferroviárias,<br />

são 64 mil produzidas por ano (35% para vagões<br />

novos e o restante para reposição).<br />

A Knorr-Bremse tem o prazer de parabenizar<br />

a Greenbrier Maxion pelos seus 75 anos de sucesso.<br />

Knorr-Bremse Sistemas para<br />

Veículos Ferroviários Ltda.<br />

Rodovia Dom Gabriel Bueno Couto, km 75 (SP-300)<br />

Itupeva, SP Brasil<br />

Vendas Cargas +55 11 4593 4093<br />

Vendas Passageiros +55 11 4593 4098<br />

www.knorr-bremse.com.br


InnoTrans<br />

Ferrovia 4.0<br />

Maior feira<br />

ferroviária do<br />

mundo aconteceu<br />

em setembro, na<br />

Alemanha<br />

InnoTrans <strong>2018</strong> expôs o que há de novo e o<br />

que está por vir no setor ferroviário mundial<br />

Por Bianca Rocha*<br />

* Enviada especial<br />

No espaço de 200 mil metros quadrados, que<br />

abrigou 27 pavilhões e recebeu mais de 160<br />

mil visitantes em quatro dias de exposição,<br />

uma mensagem ficou clara: o futuro digital é<br />

o único caminho viável para o crescimento da indústria<br />

ferroviária e maior eficiência do transporte sobre trilhos.<br />

O recado foi dado na InnoTrans <strong>2018</strong>, que aconteceu entre<br />

os dias 18 e 21 de setembro, em Berlim, capital da Alemanha.<br />

O evento expôs o que há de mais moderno em termos<br />

de produtos e serviços, reforçando que inteligência artificial,<br />

Big Data, conectividade, autonomia e aplicativos são<br />

as ferramentas que pautam a inovação tecnológica no setor.<br />

É a ferrovia 4.0 pegando carona no conceito da indústria,<br />

para se tornar cada vez mais inteligente e precisa.<br />

A inovação tecnológica foi destacada pelas autoridades<br />

que estiveram presentes na cerimônia de abertura do<br />

evento. O ministro federal dos Transportes da Alemanha,<br />

Andreas Scheuer, referiu-se à InnoTrans como “Innovation<br />

Trans”. "A Alemanha precisa das ferrovias para poder<br />

atingir seus objetivos climáticos", disse ele, referindo-se<br />

também à questão da sustentabilidade e redução de<br />

emissão de poluentes, outro assunto em pauta no evento.<br />

A digitalização também faz parte desse processo de tornar<br />

a ferrovia mais sustentável , segundo Scheuer, "por<br />

meio do uso de aplicativos, da manutenção preditiva dos<br />

trilhos e do material rodante com o auxílio de tecnologias<br />

digitais", completou.<br />

Assim como as edições anteriores, a deste ano foi repleta<br />

de superlativos, a começar pelo recorde do número<br />

de empresas expositoras: 3.062, vindas de 61 países. No<br />

total, 146 delas foram estreantes. Na área externa, mais<br />

um dado impressionou: 155 veículos expostos, entre locomotivas,<br />

vagões, trens urbanos, de metrô e VLTs, estacionados<br />

sobre trilhos especialmente fixados para a apresentação<br />

ao vivo e a cores do material rodante. Algumas<br />

empresas ofereceram a possibilidade de test drive no local.<br />

Nos estandes<br />

As empresas foram divididas nos pavilhões de acordo<br />

com a sua área de atuação (tecnologia ferroviária; infraestrutura<br />

ferroviária; transporte público; interiores; e construção<br />

de túneis). O espaço que reuniu os fabricantes de<br />

trens de passageiros foi um dos mais concorridos pelo público.<br />

A CRRC, por exemplo, chegou disposta a mostrar<br />

ao mundo a inovação made in China. Entre outros produtos,<br />

a empresa exibiu um carro de metrô, modelo Cetrovo,<br />

o primeiro do mundo a ser fabricado com fibra carbono.<br />

Segundo executivos da chinesa, o material proporciona<br />

redução de 13% do peso da composição comparado<br />

com carros tradicionais de metrô, o que impacta na ve-<br />

42<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


locidade do trem, que pode atingir até 140 km por hora. As<br />

janelas da composição, com telas sensíveis ao toque, foram<br />

outra atração à parte.<br />

“Como um iPad gigante, eles podem ser usados para reservar<br />

ingressos e navegar na internet. Alternativamente, os operadores<br />

de trem podem usar a tela para exibir informações de entretenimento”,<br />

explicaram os gerentes do grupo, que admitem: o<br />

preço do novo modelo pode ser de duas a três vezes mais caro<br />

do que o do modelo tradicional.<br />

O ambiente interno do trem dispõe de ar condicionado e<br />

iluminação que se ajustam automaticamente com base em<br />

condições externas. As composições do modelo Cetrovo podem<br />

acoplar de dois a doze carros por composição. A novidade<br />

chamou a atenção do diretor de Operações do Metrô de São<br />

Paulo, Milton Gioia, que esteve na Alemanha e quis conhecer<br />

de perto a composição. "Ainda vamos demorar a ver esse trem<br />

circulando no Brasil, até porque existe apenas uma empresa<br />

que oferece esse tipo de composição. Mas não tenho dúvida de<br />

que esse é o futuro do transporte sobre trilhos", disse.<br />

A Hyundai-Rotem apresentou uma nova tecnologia que<br />

permite sistemas de VLTs reduzirem raios de curvatura para<br />

15 metros (tradicionalmente, o raio de curvatura de um bonde<br />

é de 25 metros). A tecnologia propõe ajustes no truque e na<br />

mecânica das rodas do trem, além de interferências na conexão<br />

entre os carros para suportar as curvas. "Os custos com<br />

desapropriações podem ser reduzidos", explicou o diretor comercial<br />

da Hyundai-Rotem no Brasil, Edyval Campanelli.<br />

O executivo também falou sobre outros projetos da empresa:<br />

“Estamos desenvolvendo um modelo de VLT movido<br />

a hidrogênio. A tecnologia usada é a mesma do carro a hidrogênio<br />

da Hyundai”.<br />

E por falar em trem movido a hidrogênio, a Alstom comemorou<br />

durante a InnoTrans o início da operação comercial do<br />

primeiro trem movido à célula de hidrogênio do mundo – o<br />

Coradia iLint, na cidade de Rotenburg, na Alemanha. O trem<br />

foi lançado na edição anterior da feira (em 2016).<br />

O abastecimento dos novos trens está sendo feito em uma<br />

estação móvel de hidrogênio, bombeado em estado gasoso<br />

para dentro dos trens a partir de um contêiner de aço de 40 pés<br />

de altura próximo aos trilhos da estação de Bremervörde.<br />

Já a Siemens apresentou na feira o primeiro VLT autônomo<br />

do mundo. A composição conta com radares e<br />

“olhos” digitais e sensores de câmera, capazes de interpretar,<br />

por meio de algoritmos, milhões de informações por<br />

segundo (veja mais informações no Arquivo Ferroviário).<br />

A Stadler e a Siemens, parceiras no consórcio Leader formado<br />

em dezembro de 2015 para a entrega de 106 trens para<br />

Futuro da mobilidade<br />

O desenvolvimento de plataformas para análise<br />

de Big Data no setor ferroviário de passageiros está<br />

sendo a aposta da Siemens. A empresa levou para<br />

a InnoTrans <strong>2018</strong> a Estação Digital, um sistema de<br />

gerenciamento de operações que tem o objetivo de<br />

melhorar a experiência do usuário e fornecer informações<br />

valiosas para o aperfeiçoamento e otimização do<br />

transporte e redução de custos das operadoras.<br />

"Esse sistema tem como diferencial a disponibilização<br />

de dados que permitem desenvolver estratégias<br />

para otimização de energia e segurança<br />

das estações, além de aumentar a capacidade<br />

de previsão do fluxo de passageiros e garantir a<br />

conectividade de usuários dentro e fora das estações",<br />

comentou Alexander Spyra, Head de Vendas<br />

e Sistemas de Gerenciamento para Comunicação<br />

<strong>Ferroviária</strong> da Siemens.<br />

A Siemens também desenvolveu em parceria com<br />

startups um aplicativo para intermodalidade. O app<br />

fornece ao passageiro todas as etapas pré e pós-viagem,<br />

como o planejamento de trajeto, busca pelo melhor<br />

preço, compra de bilhete e validação por meio de<br />

QR Code (assim como acontece no transporte aéreo)<br />

e informações sobre a viagem. A ferramenta já está<br />

sendo utilizada por 100 milhões de pessoas no mundo,<br />

na Europa, EUA e Oriente Médio.<br />

A Alstom também levou para a feira projetos ligados<br />

à digitalização, como o Iconis, que atua como um<br />

centro de controle de segurança; e o Mastria, sistema<br />

de supervisão que se assemelha a um CCO, só que<br />

multimodal, explicou o diretor geral de Sinalização da<br />

Alstom para a América Latina, Luciano Barbieri. “São<br />

dois projetos que têm o intuito de melhorar a experiência<br />

dos passageiros, bem como inovações que<br />

capacitam os operadores, permitindo-lhes aprimorar<br />

suas ofertas de transporte e atender às cidades com<br />

mais eficiência”. O Iconis já está sendo utilizado na<br />

Espanha e na América Latina (Panamá e México). Já<br />

o Maestria está em operação na Itália e França.<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 43


InnoTrans<br />

a S-Bahn Trail de Berlim, apresentou<br />

a composição de 73,6 metros<br />

de comprimento, o primeiro modelo<br />

da S-Bahn equipado com ar-<br />

-condicionado. A Siemens também<br />

expôs no evento o trem de cabine<br />

dupla RRX (Rhi-Ruhr-Express),<br />

cujo diferencial é a conectividade.<br />

As janelas são estrategicamente<br />

pensadas para melhorar o sinal de<br />

celulares durante a viagem.<br />

Segmento de carga<br />

A digitalização também chegou<br />

ao setor de carga. A Progress Rail<br />

apresentou o PR Uptime, um sistema instalado na locomotiva<br />

com o objetivo de otimizar a operação do trem,<br />

aumentar a economia de combustível e reduzir o tempo<br />

de manutenção das máquinas.<br />

A americana Greenbrier chegou à feira com alguns modelos<br />

de material rodante, entre eles um vagão plataforma<br />

fechado com porta sanfonada. O presidente da Greenbrier<br />

Maxion, Eduardo Scolari, esteve em Berlim e explicou a<br />

novidade. “Trata-se de um vagão que pode substituir o telescópico.<br />

O carregamento é por cima e a porta sanfonada<br />

A Abifer assinou com a PFP (Associação da Plataforma <strong>Ferroviária</strong><br />

Portuguesa) no dia 19 de setembro, na InnoTrans, um<br />

Memorando de Entendimento (MoU), cujo objetivo é promover<br />

a cooperação mútua em diferentes áreas do sistema de transporte<br />

ferroviário. “A primeira ação será organizar uma comitiva<br />

portuguesa para a NT Expo 2019, em março, incluindo<br />

visitas a associados da Abifer e possivelmente apresentações<br />

nos auditórios do evento”, informou Bruno Saraiva, diretor de<br />

Desenvolvimento e Pesquisa da Brastan, que participou ativamente<br />

na viabilização do protocolo.<br />

A InnoTrans também foi palco para a assinatura de outro<br />

MoU: a operadora Deutsche Bahn e a Empresa de Planejamento<br />

e Logística (EPL) firmaram acordo de cooperação com o objetivo<br />

de levar a expertise alemã para projetos ferroviários no Brasil.<br />

A ideia é reunir técnicos em seminários e workshops para<br />

discussões sobre mobilidade urbana e transporte de carga.<br />

44<br />

Acordos de cooperação<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />

O estande da China Railway foi um dos mais visitados pelo público<br />

otimiza o processo de vedação".<br />

A GE Transportation apresentou um motor de alta velocidade<br />

para locomotivas, que promete economia de<br />

combustível e redução de custos operacionais. A empresa<br />

anunciou no evento também a parceria com a Qualcomm<br />

Technologies Inc., com o objetivo de equipar locomotivas<br />

com sistemas de comunicação mais avançados em termos<br />

de conectividade.<br />

Novidades em manutenção<br />

A Speno mostrou no evento a família de equipamentos<br />

MRR para correção de trilhos. A solução oferece<br />

tecnologia de medição, incluindo um sensor rotativo<br />

para a detecção de lascas, medição ótica de perfil de<br />

trilho, de perfil longitudinal, ótica de remoção de metal<br />

e de calha contínua.<br />

Os sistemas Medal e Mats foram exibidos pela Matisa.<br />

O primeiro permite o operador gerenciar, acompanhar e<br />

controlar máquinas de manutenção por meio remoto. Já o<br />

segundo, é utilizado em socadoras, para a correção geométrica<br />

da via em absoluto. A Pandrol apresentou a CD200<br />

elétrica, equipamento para fixação e retirada de grampos<br />

que dispensa o uso de combustível; e a esmerilhadora Alfa,<br />

que conta com motor de quatro tempos, que reduz o ruído.<br />

A ART lançou o Virtuos, um computador de bordo para<br />

locomotivas. A Linsinger apresentou duas máquinas de<br />

fresagem de trilhos: a MG11 (para linhas de metrô) e a SF-<br />

02T-FS (para metrôs e vias de bitola estreita). A Frauscher<br />

apresentou o Sensis, um sensor de rodas que, mesmo sob<br />

condições climáticas adversas, é capaz de obter e enviar<br />

dados sobre a via por meio de componentes digitais inspirados<br />

na Internet das Coisas.


Galeria de fotos InnoTrans <strong>2018</strong><br />

Vista aérea do Outdoor Display<br />

155 veículos foram expostos na área externa do evento<br />

Modelo Cetrovo, da CRRC, feito com fibra de carbono Estande da Amsted Rail Público conheceu as novidades na área externa<br />

Vagão tanque sendo levado para exposição<br />

Trem da Stadler/Siemens é o primeiro da S-Bahn com<br />

ar condicionado<br />

Bombardier apresentou o trem ÖBB Cityjet Talent 3<br />

Truque de três eixos da Greenbrier No estande da Talgo, miniaturas dos modelos de TAVs CAF apresentou algumas soluções em mobilidade<br />

Locomotivas híbridas, elétricas e a diesel enfileiradas Knorr-Bremse apresentou seus últimos lançamentos Trem Cetrovo, da CRRC, tem janelas touch screen


estudo de mercado<br />

Brasil tem 888 TUEs<br />

Metrô SP e CPTM contribuíram para o aumento de 5,1% da frota nacional em relação a 2017<br />

Afrota brasileira de TUEs (Trens Unidade Elétricos)<br />

atualmente é composta por 888 unidades<br />

e 4.805 carros. De acordo com o levantamento<br />

feito anualmente pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>,<br />

esses números representam aumento de 5,1% e 6,3% em<br />

relação à quantidade de TUEs e carros, respectivamente,<br />

na comparação com o ano passado. CPTM e Metrô de São<br />

Paulo foram os únicos a apresentar crescimento da frota<br />

entre 2017 e <strong>2018</strong>.<br />

O Metrô de SP passou de 176 para 202 TUEs e de<br />

1.061 para 1.224 carros entre 2017 e este ano. Segundo<br />

informações da companhia, o aumento aconteceu, em<br />

parte, pela chegada das últimas unidades modernizadas<br />

pelo programa do governo estadual, que teve início em<br />

2009 (veja mais na seção Suprimentos, págs. 52 a 55).<br />

A conclusão de algumas encomendas também contribuiu<br />

para o incremento de trens nos pátios da operadora: a<br />

CAF fabricou 26 trens para a linha 5-Lilás e a Bombardier<br />

foi responsável pela produção de 27 monotrilhos<br />

para a Linha 15-Prata.<br />

Os números do Metrô de São Paulo só não são maiores<br />

do que os da CPTM, que continua<br />

contabilizando a maior frota<br />

do país, com 205 TUEs e 1.560<br />

carros. Desde 2016, a companhia<br />

vem recebendo novos trens,<br />

cujas encomendas totalizaram<br />

65 composições (35 da CAF e 30<br />

da Hyundai-Rotem). Atualmente,<br />

faltam chegar dois trens da<br />

CAF, série 8.500, e 13 composições<br />

da Hyundai-Rotem (série<br />

9.500). Em 2019, a CPTM deve<br />

começar a receber oito trens de<br />

oito carros encomendados ao<br />

consórcio Temoinsa/Sifang, para<br />

a Linha 13-Jade.<br />

Outra operadora que espera a<br />

chegada de novos trens é a Super-<br />

Via. Até o fim desse ano, a Alstom<br />

deve concluir a entrega de<br />

seis composições de oito carros<br />

Trem da Alstom, série 5.000, está em testes na SuperVia<br />

CPTM encomendou 30 trens à Hyundai-Rotem (série 9.500)<br />

Fotos: Divulgação<br />

cada, adquiridas pelo governo do Rio. As unidades estão<br />

sendo fabricadas na unidade da Lapa, em São Paulo. Dois<br />

desses trens já estão passando por testes. Essas composições<br />

não foram contabilizadas nas tabelas.<br />

A Trensurb, de Porto Alegre, enfrenta problemas com<br />

a frota de 15 trens entregues pelo consórcio FrotaPoa<br />

(Alstom e CAF). As composições apresentaram problemas<br />

desde abril de 2016, sendo<br />

o principal deles a infiltração de<br />

umidade nas caixas de rolamentos.<br />

As unidades encontram-se<br />

em processo de recall/trabalhos<br />

corretivos cobertos pela garantia<br />

do fornecedor. No momento, a<br />

operadora conta com nove desses<br />

trens liberados para operar. Os<br />

outros seis devem ser liberados<br />

até o fim desse ano.<br />

Sobre os dois trens inativos de<br />

sua frota, o Metrô de Brasília esclareceu<br />

que uma unidade da série<br />

1.000 aguarda a conclusão do<br />

projeto básico para a contratação<br />

de reparos na caixa que sofreu<br />

incêndio. O outro, que é da série<br />

2.000, está fora de operação devido<br />

à necessidade de aquisição<br />

de sobressalentes.<br />

46<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


FROTA NACIONAL DE TRENS UNIDADE ELÉTRICOS (TUEs)<br />

Operadora<br />

Frota Ativa Frota Inativa Frota Total TUEs Frota Total Carros<br />

2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />

Metrô Rio 64 64 0 0 64 64 386 386<br />

CPTM (SP) 184 205 0 0 184 205 1406 1560<br />

Metrô BH (CBTU) 27 30 4 5 35 35 140 140<br />

Metrô DF 31 30 1 2 32 32 128 128<br />

Metrô Recife (CBTU) 31 29 9 11 40 40 160 160<br />

Metrô SP 176 202 0 0 176 202 1061 1224<br />

Metrofor 25 25 0 0 25 25 75 75<br />

Supervia (RJ) 198 193 3 4 201 197 800 788<br />

Trens Urbanos de Salvador 4 4 4 4 8 8 24 24<br />

Trensurb Porto Alegre 26 33 14 7 40 40 160 160<br />

Metrô de Salvador 35 40 5 0 40 40 160 160<br />

Total 801 855 40 33 845 888 4.500 4.805<br />

Fonte: Operadoras<br />

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estudo de mercado<br />

Metrô SP<br />

Modelo/Série Potência Fabricante Origem<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa *<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

108/ 198 – Frota A 3000 kW Mafersa/ Budd Brasil 1974/1978 0 0 0 0<br />

Milênio – Frota E 3552 kW Alstom Brasil 1999 11 0 11 66<br />

Frota D 3360 kW Mafersa Brasil 1984 0 0 0 0<br />

A48 – Frota F 4560 kW Alstom Brasil 2002 8 0 8 48<br />

A96 – Frota G 4320 kW Alstom Brasil 2009 16 0 16 96<br />

Frota H 3360 kW CAF Brasil 2010 17 0 17 102<br />

Frota I 4320 kW<br />

Frota J<br />

Frota L<br />

Frota K<br />

3600 kW<br />

4320 kW<br />

5280 kW<br />

MODERTREM Consórcio das<br />

empresas Alstom e Siemens<br />

BTT Consórcio das<br />

empresas Bombardier,<br />

Tejofran e Termoinsa<br />

REFORMAS METRÔ<br />

Consórcio das empresas<br />

Alstom e IESA<br />

MTTRENS Consórcio das<br />

empresas MPE, Trans e<br />

Termoinsa<br />

Brasil 2011 25 0 25 150<br />

Brasil 2011 26 0 26 156<br />

Brasil 2011 22 0 22 132<br />

Brasil 2010 25 0 25 150<br />

Frota P 4440 kW CAF Brasil 2013 26 0 26 156<br />

Frota M 1589 kW Bombardier Brasil 2013 12 0 12 84<br />

Série Única** 3960 kW Siemens/ Hyudai Rotem<br />

Coreia<br />

do Sul<br />

2009/2010 14 0 14 84<br />

Total 202 0 202 1.224<br />

Fonte: Metrô SP<br />

*O Metrô de SP não tem frota inativa<br />

**Tabela atualizada com exceção da Série Única, que não é de responsabilide do Metrô de SP<br />

Modelo/<br />

Série<br />

Potência<br />

trem (kW)<br />

CPTM<br />

Fabricante Origem Ano Fabricação<br />

Frota Total<br />

Trens -<br />

Operacional<br />

Frota Total<br />

Carros -<br />

Operacional<br />

1100 1.186 Budd / Mafersa EUA 1956 / 1957 0 0<br />

1400 1.192 Budd / Mafersa Brasil 1976 / 1977 0 0<br />

1600 1.157 Budd / Mafersa Brasil 1978 0 0<br />

1700 2.360 Mafersa Brasil 1987 9 72<br />

2000 2.658 CAF / ADTranz / Alstom Espanha 1999 15 120<br />

2070 2.742 Alstom / Bombardier / CAF Brasil 2008 5 40<br />

2100 1.275 CAF Espanha 1974 / 1977 24 144<br />

3000 2.344 Siemens Alemanha 2000 4 32<br />

4400 1.196 FNV / COBRASMA EUA 1965 4 24<br />

5400 864 CCTU França 1978 6 24<br />

5550 2.087 ACEC (Mod. BT Brasil) Portugal 1979 / 1980 0 0<br />

7000 2.414 CAF Espanha / Brasil 2009 37 296<br />

7500 2.414 CAF Brasil 2010 8 64<br />

8000 4.925 CAF Brasil 2011 / 2012 35 280<br />

8500 4.925 CAF Brasil 2015 32 256<br />

9000 4.944 Alstom Brasil 2012 / 2013 9 72<br />

9500 4.928 Hyundai Rotem Brasil 2015 / 2016 17 136<br />

Total 205 1.560<br />

Fonte: CPTM<br />

48<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


Modelo/<br />

Série<br />

Modelo/<br />

Série<br />

Modelo/<br />

Série<br />

200 2200 kW<br />

100 2520 kW<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Consórcio FrotaPoa<br />

(Alstom e CAF)<br />

Consórcio Nippon Shario<br />

Seizo Kaisha, Hitachi e<br />

Kawasaki Heavy Ind.<br />

Trensurb - Porto Alegre<br />

Brasil /<br />

Espanha<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

2012 8 7 15 60<br />

Japão 1983 25 0 25 100<br />

Total 33 7 40 160<br />

Fonte: Trensurb<br />

Metrô DF<br />

Ano de<br />

Frota<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Frota ativa<br />

fabricação<br />

inativa<br />

Frota total<br />

TUEs<br />

Frota total<br />

Carros<br />

1000 2235 Kw Marfesa/Alstom Brasil 1994 19 1 20 80<br />

2000 2880 Kw Alstom Brasil 2010/2011 11 1 12 48<br />

Total 30 2 32 128<br />

Fonte: Metrô DF<br />

Metrô de Belo Horizonte (CBTU)<br />

Ano de Frota<br />

Potência Fabricante Origem<br />

fabricação Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

1000 3120 Kw CAF Brasil / Alstom Brasil Espanha/ Brasil 2015 6 4 10 40<br />

100 3000 Kw Alstom/ Cobrasma França/ Brasil 1985 24 1 25 100<br />

Total 30 5 35 140<br />

Fonte: CBTU<br />

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estudo de mercado<br />

SuperVia<br />

Modelo/Série Potência Fabricante Origem<br />

500<br />

3.000 Vcc ±<br />

20%<br />

Consórcio<br />

Nippon Sharyo<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

Japão 1977 4 4 16<br />

500MP<br />

3.000 Vcc ±<br />

20%<br />

Consórcio<br />

Nippon Sharyo<br />

Japão 1977 15 15 60<br />

700 AC<br />

700TT<br />

900R<br />

900 AC<br />

2005<br />

3000<br />

4000<br />

3000N<br />

3.000 Vcc ±<br />

20%<br />

3.000 Vcc ±<br />

20%<br />

3.000 Vcc ±<br />

20%<br />

3.000 Vcc ±<br />

20%<br />

3000 Vcc +30%<br />

- 33%<br />

2000Vcc~<br />

3900Vcc<br />

2000Vcc~<br />

3600Vcc<br />

2000Vcc~<br />

3900Vcc<br />

Mafersa Brasil 1980 8 8 32<br />

Mafersa Brasil 1980 15 2 17 68<br />

Cobrasma Brasil 1981 4 4 16<br />

Cobrasma Brasil 1982 9 9 36<br />

Rotem Corea 2006 18 2 20 80<br />

CNR China 2012 30 0 30 120<br />

Alstom Brasil 2014 20 0 20 80<br />

CNR China 2015 70 0 70 280<br />

Total 193 4 197 788<br />

Fonte: SuperVia (RJ)<br />

Metrô Rio<br />

Modelo /<br />

Série<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Ano<br />

Fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

ND 560 kW Mafersa/Alstom Brasil 1978/1997 30 0 30 182<br />

ND 620 kW CNR China 2011/2012 34 0 34 204<br />

Total 64 0 64 386<br />

Fonte: MetrôRio<br />

Metrô de Recife (CBTU)<br />

Modelo/<br />

Série<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota ativa<br />

(disponível*)<br />

Frota inativa<br />

(inoperante*)<br />

Frota total<br />

TUEs<br />

Frota total<br />

Carros<br />

CISM<br />

2208 kW<br />

MAN/GEC/<br />

Santa Matilde<br />

Inglaterra/<br />

Alemanha/<br />

Brasil<br />

1985 17 8 25 100<br />

CAF 3120 kW CAF Brasil Brasil 2012 12 3 15 60<br />

Total 29 11 40 160<br />

Fonte: CBTU / Fonte das quantidades de trens disponíveis e inoperantes: GOMAR - Mapa Disponibilidade Material Rodante, consultado em 30/08/<strong>2018</strong> às 11h10min.<br />

*A empresa não usa mais os termos frota ativa e inativa. Usa os termos do manual de indicadores da CBTU: Frota Disponível e Frota Inoperante.<br />

50<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


Metrofor<br />

Modelo/<br />

Série<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

MetroStar 912 Kw Ansaldo Breda Itália 2009 a 2014 25 0 25 75<br />

Total 25 0 25 75<br />

Fonte: Metrofor<br />

Trens Urbanos de Salvador<br />

Modelo/<br />

Série<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

ACF 1000 1408 HP GE EUA 1961 2 3 5 15<br />

RMR 704 HP Toshiba Japão 1958 2 1 3 9<br />

Total 4 4 8 24<br />

Fonte: Companhia de Transportes da Bahia (CTB)<br />

Metrô de Salvador<br />

Modelo/<br />

Série<br />

Potência Fabricante Origem<br />

Ano de<br />

fabricação<br />

Frota<br />

Ativa<br />

Frota<br />

Inativa<br />

Frota Total<br />

TUEs<br />

Frota Total<br />

Carros<br />

1000 2880 KW Hyundai Rotem<br />

Coreia do<br />

Sul<br />

2008 6 0 6 24<br />

2000 2880 KW Hyundai Rotem Brasil 2014/2015 34 0 34 136<br />

Total 40 0 40 160<br />

Fonte: CCR Metrô Bahia<br />

Mapa<br />

das Estradas de<br />

Ferro do Brasil 2017-<strong>2018</strong><br />

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suprimentos<br />

Frota reformada<br />

Dos 98 trens modernizados do Metrô SP, 92 estão em circulação e seis passam por testes<br />

Por Marielly Campos<br />

Divulgação/Alstom<br />

Quatro consórcios participaram do projeto de modernização<br />

Achegada do trem J35 – antigo A35 – ao Pátio<br />

Jabaquara, do Metrô de São Paulo, no último<br />

dia 23 de agosto, marcou o fim do processo de<br />

modernização de 98 trens das frotas A, C e D,<br />

iniciado em 2009. Atualmente, 92 dessas composições<br />

estão em operação e outras seis passam pelo comissionamento,<br />

que envolve uma série de testes estáticos e dinâmicos<br />

pré-operacionais, para garantir a segurança das<br />

operações. A estimativa é que até o fim deste ano todas<br />

as composições estejam em circulação.<br />

A modernização dos TUEs custou R$ 1,75 bilhão e fez<br />

parte do Plano de Expansão do Sistema de Transporte<br />

Metropolitano do Estado de São Paulo, anunciado em<br />

2007 pelo então governador José Serra. A reforma incluiu<br />

a instalação de ar-condicionado, sistema de monitoramento<br />

por câmeras de segurança, novos sistemas de<br />

freio e de iluminação, além da atualização dos softwares<br />

de controle das composições, entre outros.<br />

Dividido em quatro lotes, os consórcios foram formados<br />

pelas principais empresas do setor, que, na época,<br />

driblavam a crise econômica internacional de 2008 com<br />

o aumento da participação no mercado brasileiro, como<br />

foi o caso da T’Trans Sistema de Transportes. “Ao<br />

mesmo tempo que assinamos contrato com o Metrô de<br />

São Paulo, atuamos em projetos do Trem do Subúrbio<br />

de Salvador, da Supervia e do bonde de Santa Teresa,<br />

no Rio de Janeiro. Estávamos também finalizando um<br />

contrato da CPTM”, relembra Massimo Giavina-Bianchi,<br />

presidente da T’Trans.<br />

Os consórcios foram compostos pelas empresas Alstom<br />

e Siemens, que formavam o Modertrem, responsável<br />

pela revitalização de 25 trens. A Bombardier, Tejofran e<br />

Temoinsa formavam o BTT, responsável por 26 composições.<br />

O Grupo MPE, a T’Trans e a Temoinsa se uniram<br />

na aliança MTTRENS, para atuar na modernização de 25<br />

TUEs. E, por fim, a Alstom, em parceria com a IESA Projetos,<br />

Equipamentos e Montagens, formava o Reformas<br />

Metrô, responsável pela renovação de 22 trens.<br />

52<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


De acordo com o Metrô, a reforma de cada trem custou<br />

cerca de 60% do valor de uma composição nova, o<br />

que justificou a opção da companhia pela modernização.<br />

“Os valores estão inseridos<br />

no contexto econômico financeiro<br />

do período em que os<br />

quatro lotes foram licitados.<br />

À época, um novo trem custava<br />

R$ 28 milhões e um trem<br />

modernizado, R$ 17 milhões”,<br />

informou a assessoria de imprensa<br />

da companhia.<br />

Os trens reformados foram<br />

divididos entre a Frota K,<br />

que presta serviços na Linha<br />

3 – Vermelha, a Frota L, que<br />

atua para a Linha 1 – Azul e<br />

as Frotas I e J, que atendem<br />

as Linhas 1 – Azul e 2 – Verde,<br />

mas, a distribuição pode<br />

ser alterada de acordo com as<br />

necessidades de cada linha,<br />

explica a companhia. Em 2017, a média mensal de passageiros<br />

transportados pelo metrô paulistano foi de 91,3<br />

milhões. Ao todo, o número total de<br />

passageiros transportado durante o ano<br />

passado foi de 1.096 bilhão, segundo<br />

informou a empresa.<br />

A título de curiosidade, os trens<br />

reformados que pertenciam às frotas<br />

A e D foram fabricados pela extinta<br />

Material Ferroviário S/A, a Mafersa,<br />

sendo a primeira (A) sob a licença da<br />

norte-americana The Budd Company.<br />

Já as composições da frota C foram<br />

produzidas pela antiga Companhia<br />

Brasileira de Materiais Ferroviários, a Cobrasma, que<br />

também foi desativada.<br />

Modertrem e Reformas Metrô<br />

Nos dois consórcios em que atuou, a Alstom foi responsável<br />

pela modernização de 47 composições. No<br />

primeiro deles, 22 trens da antiga Frota D, que operavam<br />

na Linha 3 – Vermelha, foram restaurados. No<br />

segundo, outros 25 da antiga Frota A que operavam na<br />

Linha 1- Azul, foram reformados.<br />

“No Consórcio Reforma Metrô, em parceria com a<br />

Bombardier, Tejofran e Temoinsa formaram o consórcio BTT, responsável pela reforma de 26 composições<br />

"De acordo com o<br />

Metrô, a reforma de<br />

cada trem custou cerca<br />

de 60% do valor de uma<br />

composição nova, o<br />

que justificou a opção<br />

da companhia pela<br />

modernização."<br />

Divulgação/Metrô SP<br />

IESA, a Alstom realizou a desmontagem, alteração estrutural<br />

dos carros, montagem e fornecimento de equipamentos<br />

e materiais, como revestimento, equipamentos<br />

de tração, computação de bordo e ar condicionado.<br />

No Modertrem, com a Siemens, ficou responsável pelo<br />

projeto de modernização dos trens”,<br />

diz Pierre-Emmanuel Bercaire, diretor<br />

geral da Alstom no Brasil.<br />

Em relação ao Modertrem, “a fabricação<br />

foi dividida em duas etapas: para os<br />

primeiros oito trens, a Alstom atuou na<br />

revisão da estrutura dos carros e forneceu<br />

os equipamentos de tração, portas,<br />

ar condicionado e computação de bordo.<br />

Para os demais 17 trens, realizou a desmontagem,<br />

revisão estrutural dos carros,<br />

montagem e fornecimento de todos equipamentos<br />

e materiais, exceto o revestimento interno”. As<br />

reformas feitas pela Alstom aconteceram na unidade instalada<br />

no bairro da Lapa, em São Paulo.<br />

BTT<br />

A canadense Bombardier foi uma das empresas do<br />

consórcio BTT, que atuou na modernização de 26 trens<br />

da Frota A. De acordo com o diretor comercial da companhia,<br />

Eduardo Saccaro, foram aplicadas tecnologias<br />

para aumentar a confiabilidade e a disponibilidade dos<br />

trens, incluindo melhorias nos sistemas de portas, nos<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 53


suprimentos<br />

truques, bem como o projeto e a instalação<br />

de novos interiores, cabines de comando<br />

e do novo sistema de propulsão<br />

e controle, entre outras reformas.<br />

A empresa chegou a envolver 260 trabalhadores<br />

diretos e indiretos no pico de<br />

produção. Segundo Saccaro, a reforma<br />

estendeu “a vida útil do material rodante<br />

muito além dos 30 anos usuais e aumentou<br />

sua eficiência e o custo de operação”.<br />

O Grupo Tejofran, que desde dezembro de 2012 atua<br />

no setor metroferroviário a partir da subdivisão Trail Infraestrutura,<br />

realizou cerca de 37% do escopo do projeto,<br />

explica o diretor de Engenharia, Andrigo Lobo Chiarotti.<br />

“Coube à Trail toda a logística para retirar as composições<br />

dos pátios em São Paulo e transportá-las até a oficina<br />

em Hortolândia, no interior do estado, e trazer de volta os<br />

trens já reformados”.<br />

A empresa também atuou em 80% das atividades de<br />

compra e montagem, e no fornecimento de materiais e<br />

equipamentos. Além da importação de componentes como<br />

CFTV, conversores, freios e compra de cabos elétricos.<br />

"A modernização dos<br />

TUE´S custou R$ 1,75<br />

bilhão e fez parte do<br />

Plano de Expansão do<br />

Sistema de Transporte<br />

Metropolitano do<br />

Estado de São Paulo,<br />

anunciado em 2007."<br />

MTTrens<br />

Na fábrica da T’Trans, em Três Rios,<br />

no Rio de Janeiro, os trens foram “praticamente<br />

desmontados”, conta Giavina-Bianchi.<br />

“Retiramos o equipamento<br />

elétrico, fizemos o revestimento, o truque,<br />

refizemos todo o piso em base de<br />

alumínio, a instalação de ar condicionado<br />

no teto, reforçamos a estrutura, trocamos<br />

toda a cabine de comando, fizemos um novo layout<br />

da parte interna e uma nova máscara”, relata o executivo.<br />

Ainda de acordo com o presidente da companhia, carros<br />

que tinham problemas de contra-flecha foram recuperados,<br />

além da modernização de bancos, estofamentos,<br />

portas, entre outros. “É um trem novo na parte de<br />

tração, com substituição de motor de corrente contínua<br />

alternada, o que traz ainda mais economia, melhor desempenho,<br />

acarreta menos manutenção e gasta menos<br />

energia”, completa.<br />

Procuradas pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>, a Siemens, o<br />

Grupo MPE e a Temoinsa não detalharam suas participações<br />

no projeto.<br />

Expectativa por novas encomendas<br />

Os fabricantes de carros de passageiros estão apreensivos<br />

com a falta de encomendas no mercado brasileiro. “A instabilidade<br />

econômica e política interferiu em projetos e investimentos de<br />

qualquer empresa e setor no país. O setor ferroviário, diretamente<br />

conectado com as iniciativas de políticas públicas e a capacidade<br />

de financiamento de estados e municípios, não esteve imune a<br />

essa situação, o que causou a redução do número de novos projetos”,<br />

relata o diretor geral da Alstom, Pierre-Emmanuel Bercaire.<br />

“Estamos na expectativa de que o mercado volte a crescer,<br />

prontos para a sua retomada. Mantemos nossas unidades fabris<br />

na região e estamos em busca de oportunidades no Brasil, na<br />

América Latina e em todo o mundo. Especificamente no Brasil,<br />

vemos que é necessário incentivo da esfera pública para a promoção<br />

de políticas de mobilidade urbana e infraestrutura que<br />

possam efetivamente oferecer soluções de transporte de qualidade<br />

para os cidadãos e estimular as soluções sustentáveis de<br />

locomoção. Com a abertura de licitações que estimulem a competitividade<br />

das empresas e com o investimento de bancos públicos,<br />

é possível que o setor continue a se desenvolver”, completa o<br />

executivo da Alstom.<br />

54<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />

Para a Trail, o sentimento é parecido. “Hoje esse mercado de<br />

reforma de trens tem menos demanda, porque a maioria das frotas<br />

passou por modernização recente, e ainda existe a necessidade<br />

de investimentos em sinalização e fornecimento de energia. É<br />

um cenário de poucas encomendas”, afirma Chiarotti.<br />

O presidente da T’Trans espera ver a empresa voltar a crescer.<br />

“Hoje não temos nenhum contrato”, revela. Para ele, é nítido que<br />

existe atualmente uma grande necessidade de se investir em mobilidade<br />

urbana. “Falamos muito em transportes alternativos, como<br />

as bicicletas, que são extremamente úteis, mas o Brasil é preciso<br />

também ampliar os investimentos no transporte de massa”, diz.<br />

Ele espera que os próximos governantes invistam em mobilidade<br />

urbana, em sistemas como os VLTs (Veículo Leve sobre<br />

Trilhos), por exemplo. “Em Santos, litoral de São Paulo, esse tipo<br />

de transporte já conduziu cerca de seis milhões de passageiros”,<br />

afirma Giavina-Biachi. “É preciso haver uma diretriz firme [de investimentos<br />

no setor metroferroviário] e não superficial como foi<br />

até hoje”, alerta. Segundo ele, o Brasil já possui a tecnologia e<br />

está totalmente capacitado para atender a essa demanda. “Não é<br />

preciso importar, o que temos aqui é de última geração”, finaliza.


Recuperação judicial<br />

A IESA Projetos, Equipamentos e Montagens, uma<br />

das subdivisões do Grupo IESA, atuou na colocação de<br />

sistema de ar condicionado com reforço na estrutura do<br />

carro de passageiro, troca do<br />

sistema de tração (de contínua<br />

para alternada), modernização<br />

e revisão geral dos truques<br />

para receber novo sistema de<br />

tração, troca da alimentação<br />

elétrica auxiliar do trem, com<br />

instalação de novos conversores,<br />

implantação de um sistema<br />

de televisão para uso interno<br />

nos carros, colocação de<br />

um sistema de proteção contra<br />

incêndios e modernização do<br />

sistema de portas e suprimento<br />

de ar.<br />

Entretanto, dos 22 trens<br />

que a empresa deveria modernizar,<br />

nem todos foram<br />

finalizados. “Estávamos por<br />

volta do 12º trem, pouco depois da metade desse, mas,<br />

por força da conjuntura nacional e de outros fatores, a<br />

IESA entrou em recuperação judicial”, relata o gerente<br />

Luiz Alvaro Assumpção.<br />

A empresa, que também atua nos setores de geração<br />

Consórcio<br />

Modertrem<br />

BTT<br />

MTTrens<br />

Reformas<br />

Metrô<br />

Empresas<br />

Alstom e<br />

Siemens<br />

Bombardier,<br />

Tejofran e<br />

Temoinsa<br />

Grupo MPE,<br />

a T’Trans e a<br />

Temoinsa<br />

Alstom e IESA<br />

Projetos,<br />

Equipamentos<br />

e Montagens*<br />

de energia, petróleo, óleo e gás, seguiu no consórcio até<br />

2013, quando se iniciou a fase de recuperação. “Atuamos<br />

em três setores básicos que, lamentavelmente, entraram<br />

em dificuldades, por falta de investimentos na indústria<br />

A parte interna dos trens foi reformada e todos ganharam ar condicionado<br />

Divulgação/Metrô SP<br />

pela base governamental. A solução foi sentar com a Alstom,<br />

nossa parceira e especialista no setor, e renunciar ao<br />

projeto”, conta Assumpção. Na época, a IESA contava<br />

com oito mil funcionários, hoje esse número foi reduzido<br />

a 300, segundo o executivo.<br />

Veja como ficou a divisão dos consórcios:<br />

Número<br />

de Trens O que foi feito<br />

modernizados<br />

- Instalação de ar-refrigerado no salão de passageiros e cabine de condução<br />

25<br />

- Modificação da caixa do carro para realocação dos novos equipamentos no<br />

estrado e instalação de ar-refrigerado no teto<br />

26<br />

- Modernização e padronização dos salões, com novo layout de bancos,<br />

pegadores, piso e teto, modernização do sistema de portas automáticas do<br />

salão de passageiros com sistema de comando failsafe e monitoração contínua<br />

25<br />

dos sensores<br />

- Ampliação das cabines de condução e novas máscaras para os carros líderes<br />

- Substituição do sistema de propulsão por sistema inversor e motores em<br />

corrente alternada<br />

- Introdução de inversores estáticos para suprimento elétrico e carregador de<br />

baterias da alimentação de auxiliares<br />

- Introdução de novo sistema de radiocomunicação e de novos sistemas de<br />

informações audiovisuais, com emissão automática de mensagens<br />

22<br />

- Introdução de sistema de comando de controle e monitoração do estado<br />

funcional dos equipamentos por meio de data-bus<br />

- Introdução de sistema de monitoramento remoto de falhas e autodiagnóstico<br />

por meio de tecnologia wireless<br />

- Introdução de circuito fechado de imagens por vídeovigilância com<br />

monitoração remota em tempo real<br />

- Instalação de detectores de incêndio<br />

* Em processo de recuperação judicial desde 2013, a IESA Projetos, Equipamentos e Montagens atuou na reforma de apenas 13 composições<br />

Fonte: Metrô de São Paulo<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 55


nota técnica<br />

Aplicação de sensores de vibração e ruído<br />

nos trilhos para detecção de danos em<br />

rodas ferroviárias<br />

Francisco José Freitas Lopes<br />

Coordenação Operacional – Oficina Eletromecânica<br />

CBTU-STU/BH<br />

Como a maioria dos equipamentos de detecção de danos em rodas utilizados atualmente baseiam-se em<br />

sensores de deflexão dos trilhos, aplicando strain gauges, somente os danos de rodas que causam impactos de<br />

grande intensidade são detectados, os danos superficiais menores como escamações, provocadas pela evolução<br />

de micro trincas, não são detectadas por esses sensores. Este fato motivou a verificação da funcionalidade<br />

dos sensores de vibração e ruído para detectar também danos que causem menores impactos, os quais geram<br />

ruídos característicos nos trilhos. A identificação de danos nas rodas foi realizada pela comparação dos<br />

níveis em amplitude dos dados de rodas com danos, em relação aos dados de rodas sem nenhum dano. Sendo<br />

a confirmação desses danos detectados feita posteriormente pela inspeção visual em vala de manutenção. A<br />

coleta de dados foi executada com a instalação da instrumentação nas linhas ferroviárias da CBTU-STU/<br />

BH - Companhia Brasileira de Trens Urbanos – Superintendência de Tens Urbanos de Belo Horizonte. Ficou<br />

confirmada, que é plenamente viável, a utilização de sensores de vibração e ruído em sistema de detecção de<br />

danos de rodas ferroviárias, com tecnologia simples e de baixo custo.<br />

Palavras-chave: Danos de rodas ferroviárias, detecção de danos em rodas ferroviárias, impacto da roda ferroviária<br />

com danos sobre o trilho, sensores de vibração e ruído.<br />

56<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Para atender as crescentes demandas de carga e de<br />

passageiros as ferrovias estão sendo cada vez mais exigidas,<br />

atingindo valores de carregamento na ordem de<br />

37,5 ton/eixo nas ferrovias de carga, com vagões com<br />

peso bruto de 150 toneladas (NABAIS, 2014). Já nas<br />

ferrovias de passageiros, metrôs e trens metropolitanos,<br />

esses valores chegam à ordem de 21 ton/eixo.<br />

Esse cenário é ainda mais agravado nas ferrovias de<br />

passageiros, quando se leva em conta a necessidade da<br />

expansão dos horários de pico e a redução do tempo de<br />

intervalo entre trens, que acarreta no aumento da frequência<br />

de tráfego, aumentando as exigências do contato<br />

roda/trilho, acelerando os processos de fadiga das<br />

rodas. Outro fator importante na análise é a variação<br />

brusca de temperatura que ocorre na roda, devido ao<br />

aquecimento pela atuação da sapata de freio contra a<br />

superfície de rolamento durante a frenagem e o seu rápido<br />

resfriamento no contato com o trilho. As variações<br />

da temperatura somadas aos esforços exercidos em uma<br />

pequena área de contato entre a roda e o trilho provocam<br />

a alteração da estrutura cristalina dos metais que<br />

compõem tanto as rodas, quanto os trilhos, causando o<br />

endurecimento de suas camadas superficiais, deixando-<br />

-as frágeis.<br />

A detecção de danos em rodas ferroviárias, quando<br />

depende da aplicação de métodos convencionais de inspeção<br />

visual, torna-se muito difícil e trabalhosa, pois os<br />

rodeiros devem ser inspecionados em vala de oficina.<br />

Outra forma convencional de detecção de danos em<br />

rodas é através da identificação de ruídos anormais durante<br />

a operação dos trens, sejam de carga ou de passageiros,<br />

onde o próprio maquinista ou um inspetor de via<br />

percebe a anomalia.<br />

Finalmente, pode-se detectar danos em rodas através<br />

da aplicação dos detectores de carga de impacto de


oda (WILD- Wheel Impact Load Detector), que são<br />

sistemas que funcionam detectando as altas cargas de<br />

impacto que ocorrem quando a área defeituosa de uma<br />

roda entra em contato com o trilho. Os sistemas convencionais<br />

utilizam tipicamente extensômetros (strain<br />

gauges), instalados na alma dos trilhos, para medir a<br />

magnitude das cargas transitórias de rolamento. (MOY-<br />

NIHAN; ENGLISH, 2007).<br />

A detecção precoce de danos nas rodas e nos trilhos<br />

através de sistemas automatizados desperta grande interesse<br />

no meio ferroviário, pois possibilita a correção<br />

com um menor grau de interferência e consequente aumento<br />

da vida útil desses componentes.<br />

Com visão nesse cenário surgiu o interesse e a motivação<br />

de se desenvolver um equipamento para a detecção<br />

automática de danos das rodas dos trens, baseado<br />

na instalação de instrumentação nos trilhos.<br />

A proposta inovadora foi de verificar a funcionalidade<br />

e a viabilidade técnica da aplicação de acelerômetros<br />

MEMS (Micro-Electro-Mechanical System)<br />

capacitivos e de microfone de eletreto, para detecção de<br />

danos da superfície de rolamento das rodas ferroviárias.<br />

Sendo os mesmos acoplados ao trilho, os sinais gerados<br />

processados e armazenados em um equipamento eletrônico,<br />

de forma a possibilitar a detecção não só os calos<br />

de rodas, como os atuais equipamentos existentes no<br />

mercado, mas que também detectasse os demais danos<br />

da superfície de rolamento, que induzam ruídos nos trilhos.<br />

Pois esses danos são igualmente importantes sob<br />

os aspectos da segurança e dos custos de manutenção.<br />

O projeto baseou-se em tecnologia nacional, confiável,<br />

simples e de baixo custo.<br />

2. DIAGNÓSTICO<br />

Os danos em rodas ferroviárias se apresentam com<br />

maior frequência na pista de rolamento, normalmente<br />

com origem em processo de fadiga. A fadiga pode ser<br />

térmica devido à frenagem, mecânica devido à carga,<br />

ou devido a ambas. (MINICUCCI, 2011).<br />

As trincas de fadiga nos materiais metálicos frequentemente<br />

se iniciam na região superficial do material,<br />

podendo em alguns casos ter sua nucleação no interior<br />

do componente devido a inclusões, interfaces e distribuição<br />

de tensões residuais. (OLIVEIRA, 2013).<br />

As tensões presentes em uma roda ferroviária podem<br />

ser causadas pelo carregamento cíclico entre roda e trilho,<br />

chamada tensão de contato, e pela variação cíclica<br />

da temperatura na roda, quando o sistema de freio<br />

de atrito é aplicado diretamente entre a sapata de freio<br />

contra a superfície de rolamento do aro da roda. (MINI-<br />

CUCCI, 2011).<br />

As tensões de contato decorrentes dos esforços<br />

mecânicos da roda contra o trilho provocam o encruamento<br />

do metal, que dá origem a um aumento


nota técnica<br />

de dureza, o que por si só resulta num incremento da<br />

resistência ao desgaste. Todavia, quando o contato<br />

ocorre com baixo deslizamento e são preponderantes<br />

as condições de fadiga de contato, a redução da tenacidade<br />

aumenta a incidência das fissuras subsuperficiais.<br />

(SOARES, 2014).<br />

3. PRINCIPAIS TIPOS DE DANOS DAS RODAS<br />

FERROVIÁRIAS<br />

3.1 Calo na roda<br />

O Calo pode ser caracterizado por uma planicidade<br />

na superfície de rolamento da roda, Figura 1-a, causado<br />

pelo travamento indevido da roda no momento<br />

da frenagem, em função do esforço de frenagem ser<br />

superior ao limite de aderência entre a roda e trilho,<br />

com consequente deslizamento. (BIAN; GU; MUR-<br />

RAY, 2016).<br />

As consequências podem ser maiores, ainda, quando<br />

ocorrem pequenos deslocamentos de giro da roda<br />

durante o travamento, causando diversos calos consecutivos,<br />

como mostrado na Figura 1-b. (DUKKIPATI;<br />

RENGUANG, 1999).<br />

variações bruscas de temperatura, que ocorrem em<br />

frenagens com travamento e pequenos deslizamentos<br />

da roda, que têm como consequência a geração de<br />

grandes quantidades de calor na interface roda-trilho.<br />

(SANTOS, 2000).<br />

Nesta região pode ser encontrada uma fina camada<br />

de martensita não revenida, que é muito mais dura e<br />

frágil do que a perlita. Na interface de ligação entre<br />

estas novas estruturas e a estrutura original mais interna,<br />

podem ser nucleadas trincas que se propagam<br />

até unirem-se umas às outras, de forma que esta nova<br />

estrutura seja expulsa da roda pelo giro normal, causando<br />

uma cavidade, conforme apresentado na Figura<br />

2 (MINICUCCI, 2011).<br />

Figura 2 – Spalling em todo o perímetro da<br />

superfície de rolamento (Fotos do autor)<br />

A outra origem do Spalling é devida à fadiga mecânica,<br />

decorrente dos impactos diversos, que esmagam<br />

algumas partes da pista de rolamento da roda com vários<br />

choques de diferentes intensidades. (MINICUC-<br />

CI, 2011).<br />

Figura 1 – a – Calo na roda ferroviária, b – Calos<br />

múltiplos e consecutivos (Fotos do autor)<br />

Os impactos causados pelos calos de rodas podem<br />

aumentar de três a quatro vezes os esforços normais<br />

sobre o trilho. (THOMPSON, 2009).<br />

3.2 SPALLING - Trincas e escamação localizada<br />

devidas à fadiga termomecânica<br />

O Spalling (escamação ou lascamento), pode ser<br />

caracterizado por uma fadiga superficial devida às<br />

3.3 SHELLING - Trincas e escamação devidas à<br />

fadiga mecânica<br />

O Shelling (descascamento), pode ser caracterizado<br />

por uma fadiga superficial devido ao alto carregamento<br />

mecânico suportado pelas rodas, sendo<br />

identificado pelo arrancamento de uma pequena<br />

parte de material da superfície de rolamento, Figura<br />

3. Esta fadiga gera trincas que ocorrem à baixa<br />

temperatura e que se propagam de forma circunferencial<br />

paralela à pista de rolamento da roda. (MI-<br />

NICUCCI, 2011).<br />

58<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


nos trilhos, foram realizadas inspeções nas rodas desses<br />

veículos, para se relacionar os registros gráficos obtidos<br />

com a situação da superfície de rolamento das rodas.<br />

O microfone e o acelerômetro foram instalados diretamente<br />

na alma do trilho, apoiado em um suporte adaptado<br />

para o teste, preso ao patim, conforme a Figura 4.<br />

Figura 3 – Shelling – Escamação da superfície<br />

de rolamento (Fotos do autor)<br />

4. DESCRIÇÃO DO PROJETO<br />

Foi desenvolvido um equipamento eletrônico, com<br />

a aplicação de um micro controlador, de forma a possibilitar<br />

o armazenamento dos dados gerados pelo acelerômetro,<br />

em uma memória eletrônica. Ao término<br />

de cada registro da passagem de um trem esses dados<br />

foram convertidos em gráfico. Para os dados de ruído,<br />

para simplificação dos testes de aplicação do microfone,<br />

foi utilizado um osciloscópio com memória digital,<br />

onde os registros de ruídos dos diversos veículos foram<br />

armazenados. Estes arquivos de imagens foram transferidos<br />

para um computador, posteriormente, foram analisados<br />

e comparados com os gráficos de aceleração.<br />

Para identificação dos danos foram realizados vários<br />

registros gráficos, de forma a se caracterizar as vibrações<br />

e ruídos causados por rodas sem nenhum dano e<br />

comparados com os registros gráficos de rodas que apresentaram<br />

danos. Para isso, após os registros coletados<br />

Figura 4 - Instrumentação do microfone<br />

e acelerômetro no trilho (Foto do autor)<br />

O microfone adotado foi o de eletreto e os acelerômetros<br />

utilizados foram o MM7361, fabricado pela empresa<br />

Freescale, e o MPU-6050, da InvenSense Inc..<br />

5. RESULTADOS<br />

Cabe lembrar que os TUEs (Trens Unidades Elé-


nota técnica<br />

tricos) da CBTU-STU/BH, são formados por quatro<br />

carros, cada carro com dois truques e cada truque com<br />

dois rodeiros, portanto, os registros de vibração referem-se<br />

à passagem de dezesseis rodeiros. A numeração<br />

aponta para a sequência dos rodeiros por truque,<br />

começando pelos rodeiros 1 e 2 e terminando nos 15 e<br />

16, respectivamente.<br />

A seguir são apresentados apenas alguns exemplos<br />

de registros.<br />

O Gráfico 1 foi gerado a partir de dados obtidos com<br />

o TUE 06 em uma linha não comercial, do Pátio São Gabriel,<br />

com velocidade em torno de 30 km/h. Ficou evidenciado<br />

que os impactos registrados são bastante homogêneos,<br />

com valores de vibração em torno de 0,5 g.<br />

Gráfico 3 – Registro com acelerômetro (MM7361)<br />

das rodas do TUE 01 (Elaborado pelo autor)<br />

O Gráfico 4 foi gerado a partir de dados registrados<br />

com um Veículo Ferroviário, o caminhão de linha VF<br />

002, com dois eixos e com carreta acoplada também de<br />

dois eixos, à velocidade de 15 km/h. Os maiores impactos<br />

foram das rodas da carreta. Após esse registro foi feita<br />

inspeção das rodas em vala e constatou-se calo nas rodas<br />

do último rodeiro da carreta, o que confirmou o gráfico<br />

levantado, Figura 5. Com este teste, também certificamos<br />

a detecção de danos em rodas de veículos leves.<br />

Gráfico 1 - Registro com acelerômetro (MPU6050)<br />

das rodas do TUE 06 (Elaborado pelo autor)<br />

O Gráfico 2 apresenta o registro do microfone, referente<br />

às rodas do mesmo TUE 06.<br />

Gráfico 4- Registro com acelerômetro (MPU6050) das rodas<br />

do VF 002 com carreta acoplada (Elaborado pelo autor)<br />

Gráfico 2 - Registro com microfone das rodas do<br />

TUE 06 (Elaborado pelo autor)<br />

Em uma inspeção feita em seguida, não foram constatados<br />

danos nas rodas desse TUE 06. Esses registros<br />

passaram a ser a referência para a comparação com os<br />

registros dos demais trens.<br />

No Gráfico 3, TUE 01, ficaram evidenciados impactos<br />

com maior intensidade nos rodeiros 5, 7, 9 e 11, com<br />

valor máximo próximo a 1,8 g.<br />

Figura 5 - Calos constatados nas rodas do último rodeiro<br />

da carreta acoplada ao VF 002 (Fotos do autor)<br />

60<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>


6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />

Para os acelerômetros MEMS capacitivos utilizados<br />

ficou comprovado que, independente do modelo, essa<br />

tecnologia pode ser utilizada na aplicação de detecção<br />

de danos grandes e médios, nas rodas ferroviárias, que<br />

provoquem vibrações nos trilhos, como é o caso dos<br />

calos e grandes escamações (Spalling).<br />

Para o microfone de eletreto, foi confirmado que o<br />

princípio de captação de ruído nos trilhos é viável para<br />

a detecção de pequenos danos nas rodas, como é o caso<br />

de escamações menores (Shelling).<br />

Considerando a pesquisa realizada, identificou-se a<br />

necessidade do desenvolvimento de estudos mais detalhados<br />

e aprofundados relacionados à aplicação de<br />

sensores na detecção de danos e falhas em rodas ferroviárias<br />

e na análise da evolução dos danos na superfície<br />

de rolamento. Isso evidencia a necessidade de maior interação<br />

e participação das operadoras ferroviárias com<br />

o meio acadêmico e vice-versa, para se obter maiores e<br />

melhores resultados na análise das causas de problemas<br />

relacionados à ferrovia e na aplicação e geração de novas<br />

tecnologias.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BIAN, J., GU, Y.T., MURRAY, M.. Numerical Study of Impact<br />

Forces on Railway Sleepers under Wheel Flat, SAGE Journals,<br />

Advances in Structural Engineering, Brisbane, Australia,<br />

7 nov. 2016.<br />

DUKKIPATI, Rao V.; DONG, Renguang. Impact Loads due<br />

to Wheel Flats and Shells, University of Illinois at Urbana-Champaign,<br />

Vehicle System Dynamics- 31:1, 1-22, International<br />

Journal of Vehicle Mechanics and Mobility, Illinois,<br />

USA, 1999.<br />

MINICUCCI, Domingos José. Rodas e eixos ferroviários conceitos<br />

básicos. MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda., Caçapava,<br />

Brasil, 2011.<br />

MOYNIHAN, Thomas W.; ENGLISH, G. W.. Railway safety<br />

technologies, Research and Traffic Group, submitted to<br />

Railway Safety Act Review Secretariat, Canadá, 2007.<br />

NABAIS, Rui José da Silva (Org.). Manual básico de Engenharia<br />

<strong>Ferroviária</strong>. São Paulo: Oficina de Textos, Brasil, 2014.<br />

OLIVEIRA, Luiz Gustavo de. Influência do processo de fabricação<br />

no comportamento mecânico de rodas ferroviárias, Tese<br />

de doutorado, UNESP, Guaratinguetá, Brasil, 2013.<br />

SANTOS, Francisco de Carvalho. Análise do Contato Roda-Trilho<br />

e sua Influência na Vida em Serviço de Rodas <strong>Ferroviária</strong>s,<br />

Dissertação de mestrado, UNICAMP, Campinas,<br />

Brasil, 2000.<br />

SOARES, André Roberto. Desenvolvimento de modelo para<br />

previsão de desgaste em contactos roda/carril de veículos<br />

ferroviários, Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências<br />

e Tecnologia, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal,<br />

2014.<br />

THOMPSON, David. Railway Noise and Vibration: Mechanisms,<br />

modelling and Means of Control, Institute of Sound and<br />

Vibration Research, Amsterdam: Elsevier, 2009.


estatísticas<br />

Início do segundo semestre em alta<br />

Transportes de carga e de passageiros apresentaram aumento no acumulado até agosto<br />

Oinício do segundo semestre foi de alta no<br />

transporte de carga por ferrovia. Com relação<br />

à movimentação em TKU, o crescimento no<br />

acumulado do ano até agosto foi 8,1%, comparando<br />

com o mesmo período de 2017. O volume em TU<br />

também apresentou evolução de 4,9% (janeiro a agosto).<br />

A conclusão do projeto de duplicação da Estrada de Ferro<br />

Carajás (EFC) pela Vale, em julho deste ano, contribuiu<br />

para que a ferrovia apresentasse crescimento em volume<br />

transportado no início do segundo semestre: 20,8% em<br />

TKU na comparação com o mesmo período do ano passado.<br />

Com números positivos nos quatro ramais que opera, a<br />

Rumo segue como destaque entre as operadoras de carga.<br />

A Ferroeste também fechou os oito primeiros meses do<br />

ano com alta de 23,9% (em TKU). Apenas três ferrovias<br />

apresentaram variação negativa em TKU no acumulado<br />

até agosto: Transnordestina (-4,3%); MRS Logística<br />

(-3,7% ) e Estrada de Ferro Vitória Minas (-6,8%).<br />

O transporte de passageiros também apresentou números<br />

positivos no início do segundo semestre deste ano. De<br />

janeiro a agosto o crescimento em volume de usuários<br />

transportado foi de 4,9%. A ViaQuatro foi uma das que se<br />

destacaram no período, apresentando evolução de 10,5%.<br />

A CPTM fechou o acumulado do ano até agosto com crescimento<br />

de 4,4%. O Metrô de São Paulo teve 1,4% nos<br />

oito primeiros meses do ano. O Metrô Rio, entretanto, registrou<br />

queda (-6,7%) no volume de passageiros transportados<br />

de janeiro a agosto desse ano.<br />

Fora do eixo Rio-São Paulo, um dos destaques foi o<br />

Metrô de Salvador, operado pela CCR Metrô Bahia, com<br />

aumento de 244%. As linhas operadas pela CBTU em Recife,<br />

Natal, João Pessoa e Salvador também fecharam o<br />

mês de agosto com números positivos. No Ceará, o Metrofor<br />

teve aumento de 31,9%.<br />

Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br<br />

Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas<br />

TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - JULHO <strong>2018</strong><br />

Operadoras<br />

07/17 07/18<br />

Δ% Acumulado no ano até Julho<br />

Jul 18/Jul 17 2017 <strong>2018</strong> Δ%<br />

TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU<br />

Rumo - Malha Sul 2.127,3 1.352,8 2.111,9 1.342,7 (0,7) (0,8) 11.641,9 7.356,1 12.649,2 8.033,1 8,7 9,2<br />

Transnordestina Log. 120,8 62,6 99,6 57,7 (17,5) (7,9) 746,5 372,2 698,5 352,5 (6,4) (5,3)<br />

E.F. Carajás 14.942,2 13.285,1 18.242,1 16.379,6 22,1 23,3 95.121,6 84.167,5 111.206,0 99.738,0 16,9 18,5<br />

E.F.V.M. 11.225,0 6.314,6 10.868,8 6.102,8 (3,2) (3,4) 75.581,3 42.941,4 70.038,0 39.195,6 (7,3) (8,7)<br />

Rumo - Malha Paulista 267,7 255,7 408,9 402,9 52,7 57,6 2.508,3 2.091,1 2.974,7 2.503,1 18,6 19,7<br />

Rumo - Malha Norte 1.853,7 2.882,6 2.187,1 3.347,8 18,0 16,1 10.883,8 16.928,7 12.775,8 19.341,2 17,4 14,3<br />

Ferroeste* 26,6 6,6 36,0 8,7 35,5 31,5 306,6 97,1 323,6 119,6 5,6 23,2<br />

FCA 3.554,1 2.426,7 3.021,0 2.098,0 (15,0) (13,5) 18.783,9 13.468,8 18.651,3 12.873,5 (0,7) (4,4)<br />

FTC 223,0 17,3 236,6 18,3 6,1 5,9 1.564,8 120,2 1.588,5 122,9 1,5 2,2<br />

MRS Logística 11.191,6 5.270,4 12.294,6 5.759,6 9,9 9,3 79.865,0 37.159,5 76.081,2 35.463,4 (4,7) (4,6)<br />

Rumo - Malha Oeste 365,4 81,8 369,4 80,2 1,1 (1,9) 2.268,4 450,3 2.475,3 495,0 9,1 9,9<br />

Ferrovia Norte-Sul 789,4 732,5 948,6 808,0 20,2 10,3 5.029,2 4.632,1 5.319,1 4.941,1 5,8 6,7<br />

Total 46.686,9 32.688,7 50.824,6 36.406,2 8,9 11,4 304.301,2 209.785,1 314.781,1 223.178,8 3,4 6,4<br />

Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />

TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - AGOSTO <strong>2018</strong><br />

Operadoras<br />

08/17 08/18<br />

Δ% Acumulado no ano até Agosto<br />

Ago 18/Ago 17 2017 <strong>2018</strong> Δ%<br />

TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU<br />

Rumo - Malha Sul 2.172,6 1.391,2 2.209,0 1.419,4 1,7 2,0 13.814,5 8.747,3 14.858,2 9.452,5 7,6 8,1<br />

Transnordestina Log. 115,9 52,2 95,7 53,6 (17,4) 2,6 862,3 424,4 794,2 406,1 (7,9) (4,3)<br />

E.F. Carajás 14.613,9 13.005,6 19.602,7 17.629,0 34,1 35,5 109.735,5 97.173,1 130.808,7 117.367,0 19,2 20,8<br />

E.F.V.M. 10.700,5 6.010,7 11.365,6 6.408,8 6,2 6,6 86.281,8 48.952,1 81.403,7 45.604,4 (5,7) (6,8)<br />

Rumo - Malha Paulista 300,9 273,0 418,8 478,6 39,2 75,3 2.809,1 2.364,1 3.393,5 2.981,7 20,8 26,1<br />

Rumo - Malha Norte 1.956,4 3.063,5 2.323,7 3.553,6 18,8 16,0 12.840,2 19.992,3 15.099,5 22.894,8 17,6 14,5<br />

Ferroeste* 13,0 3,1 19,8 4,6 52,8 47,5 319,5 100,2 343,4 124,2 7,5 23,9<br />

FCA 3.245,9 2.313,4 3.716,8 2.788,6 14,5 20,5 22.029,8 15.782,2 22.368,1 15.662,1 1,5 (0,8)<br />

FTC 232,5 18,0 265,4 20,6 14,1 14,6 1.797,3 138,2 1.853,9 143,5 3,1 3,8<br />

MRS Logística 11.879,0 5.584,5 12.102,4 5.694,9 1,9 2,0 91.744,0 42.744,1 88.183,6 41.158,2 (3,9) (3,7)<br />

Rumo - Malha Oeste 373,7 91,3 379,0 84,2 1,4 (7,8) 2.642,1 541,6 2.854,3 579,2 8,0 6,9<br />

Ferrovia Norte-Sul 812,3 770,6 750,1 718,7 (7,7) (6,7) 5.841,6 5.402,7 6.069,2 5.659,8 3,9 4,8<br />

Total 46.416,6 32.577,2 53.249,0 38.854,6 14,7 19,3 350.717,8 242.362,4 368.030,2 262.033,3 4,9 8,1<br />

Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />

Continua<br />

62<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>


Continuação<br />

TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - JULHO <strong>2018</strong><br />

Operadora<br />

07/17 07/18 Δ% Acumulado no ano até Julho Δ%<br />

Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />

Metrô-SP 3.415.019 88.117 3.523.089 89.128 3,2 1,1 627.513 641.193 2,2<br />

Via Quatro 658.132 16.165 711.060 17.862 8,0 10,5 115.201 126.415 9,7<br />

CPTM 2.640.689 68.215 2.735.928 70.092 3,6 2,8 471.608 491.091 4,1<br />

Metrô Rio 900.029 21.752 821.045 19.998 (8,8) (8,1) 150.836 140.874 (6,6)<br />

SuperVia 567.212 13.365 578.706 13.851 2,0 3,6 92.753 93.297 0,6<br />

CBTU Recife 314.216 8.470 307.495 8.068 (2,1) (4,7) 59.273 59.427 0,3<br />

Trensurb 183.510 4.709 163.285 4.240 (11,0) (10,0) 31.082 29.773 (4,2)<br />

CBTU BH 179.575 4.880 188.679 4.908 5,1 0,6 33.707 34.075 1,1<br />

Metrofor 31.170 774 35.907 903 15,2 16,6 4.417 5.943 34,5<br />

CTB Salvador 10.787 258 12.011 292 11,3 13,3 1.793 1.849 3,1<br />

CBTU João Pessoa 6.644 163 7.232 164 8,9 0,9 1.119 1.186 5,9<br />

CBTU Natal 12.982 302 12.876 306 (0,8) 1,3 1.920 2.187 13,9<br />

CBTU Maceió 1.388 31 8.106 215 484,0 589,6 513 1.568 205,8<br />

Metrô DF 116.137 3.020 119.918 3.237 3,3 7,2 21.954 22.173 1,0<br />

VLT do Cariri 1.138 23 1.560 37 37,1 59,9 37 218 485,0<br />

Metrô de Salvador 116.334 2.892 299.835 7.668 157,7 165,1 15.396 56.388 266,2<br />

VLT da Baixada Santista 20.213 562 20.520 543 1,5 (3,4) 3.157 3.881 22,9<br />

VLT de Sobral 414 12 4.410 108 965,2 833,5 64 726 1.042,1<br />

VLT Carioca 40.000 1.002 65.000 1.513 62,5 51,0 5.761 9.815 70,4<br />

Bondes de Santa Teresa 771 22 1.263 28 63,8 26,6 115 163 42,5<br />

Metrô de Teresina 6.100 134 6.700 147 9,8 9,8 931 852 (8,5)<br />

Total 9.222.460 234.868 9.624.625 243.307 4,4 3,6 1.639.145 1.723.059 5,1<br />

Fonte: Operadoras.<br />

TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - AGOSTO <strong>2018</strong><br />

estatísticas<br />

Operadora<br />

08/17 08/18 Δ% Acumulado no ano até Agosto Δ%<br />

Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />

Metrô-SP 3.763.168 99.383 3.621.516 96.011 (3,8) (3,4) 726.896 737.203 1,4<br />

Via Quatro 711.807 18.064 797.470 20.844 12,0 15,4 133.265 147.259 10,5<br />

CPTM 2.798.298 74.170 2.963.958 78.946 5,9 6,4 545.777 570.037 4,4<br />

Metrô Rio 931.013 23.635 859.408 21.891 (7,7) (7,4) 174.471 162.766 (6,7)<br />

SuperVia 585.505 14.706 601.775 15.160 2,8 3,1 107.459 108.457 0,9<br />

CBTU Recife 345.046 9.480 321.104 8.871 (6,9) (6,4) 68.754 68.298 (0,7)<br />

Trensurb 193.181 5.152 179.400 4.804 (7,1) (6,8) 36.234 34.577 (4,6)<br />

CBTU BH 221.936 5.261 203.159 5.308 (8,5) 0,9 38.969 39.383 1,1<br />

Metrofor 32.464 851 38.528 1.007 18,7 18,4 5.268 6.949 31,9<br />

CTB Salvador 12.083 305 12.292 311 1,7 2,0 2.098 2.161 3,0<br />

CBTU João Pessoa 7.196 176 6.912 171 (3,9) (2,7) 1.296 1.357 4,8<br />

CBTU Natal 13.164 345 13.465 347 2,3 0,7 2.265 2.534 11,9<br />

CBTU Maceió 4.510 117 9.696 235 115,0 100,7 630 1.804 186,3<br />

Metrô DF 137.356 3.709 151.362 4.087 10,2 10,2 25.663 26.260 2,3<br />

VLT do Cariri 1.245 34 1.781 43 43,1 28,7 71 261 268,6<br />

Metrô de Salvador 131.154 3.504 323.077 8.713 146,3 148,7 18.901 65.101 244,4<br />

VLT da Baixada Santista 20.429 563 23.398 631 14,5 12,2 3.720 4.512 21,3<br />

VLT de Sobral 635 17 5.474 144 762,0 747,1 81 870 980,0<br />

VLT Carioca 40.000 1.035 65.000 1.637 62,5 58,2 6.796 11.452 68,5<br />

Bondes de Santa Teresa 694 19 1.330 29 91,6 50,2 134 193 43,6<br />

Metrô de Teresina 6.280 138 7.600 160 21,0 15,5 1.069 1.012 (5,4)<br />

Total 9.957.164 260.664 10.207.705 269.351 2,5 3,3 1.899.808 1.992.410 4,9<br />

Fonte: Operadoras.


artigo<br />

O cavalo está<br />

passando selado<br />

VENILTON TADINI,<br />

Presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)<br />

64<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong><br />

OBrasil investe em ferrovias. Mas investe<br />

pouco diante da necessidade. Desde a década<br />

de 1990, quando ocorreu o processo de<br />

concessão e arrendamento da antiga malha<br />

férrea pública, foram aplicados pelas concessionárias<br />

mais de R$ 90 bilhões em valores atualizados. Os recursos<br />

propiciaram crescimento de 173% na produção<br />

ferroviária e de 128 vezes no transporte de contêineres.<br />

Os acidentes caíram 86%.<br />

Esses investimentos claramente não foram suficientes<br />

para transformar definitivamente a matriz de transporte<br />

de cargas. O modelo implantado à época foi exitoso em<br />

estancar prejuízos e endividamento da gestão púbica e em<br />

melhorar a prestação de serviços. Mas não foi suficiente<br />

para compelir agentes públicos e privados a expandir a<br />

malha na dimensão necessária.<br />

Há a necessidade de mudar e o cavalo está passando<br />

selado diante das autoridades públicas. Os atuais contratos<br />

ainda têm validade por mais dez anos, no mínimo, e<br />

há a oportunidade de modernizar o modelo, as regras,<br />

as exigências e os incentivos para o investimento. Em<br />

resumo, a diretriz é se apoiar nas autorizações da Lei<br />

13.448/2017 e na possibilidade de prorrogação prevista<br />

nos atuais contratos.<br />

Com esse arcabouço legal, a política pública propõe<br />

mais um período de concessão às empresas operadoras<br />

mediante novos investimentos que garantam modernização<br />

da malha e da frota atual e expansão da rede, com<br />

a construção de novos trechos ferroviários por meio do<br />

mecanismo de investimento cruzado (investimentos em<br />

ramais fora da área de influência da concessão). Além disso,<br />

os contratos podem ser modernizados, incorporando<br />

regras mais aderentes à realidade setorial e econômica.<br />

O processo decisório para efetivar a prorrogação antecipada<br />

das concessões depende da autorização de diversas<br />

autoridades: agência reguladora, ministério setorial e órgãos<br />

de controle. Audiências públicas colhem avaliações<br />

da sociedade e outros entes públicos e privados contribuem<br />

sistematicamente.<br />

O primeiro caso em avaliação é o da prorrogação da<br />

Malha Paulista. Após três anos e meio e milhares de<br />

páginas de documentos e estudos, a ANTT deu aval favorável<br />

à prorrogação. Ministério e TCU ainda vão deliberar.<br />

Outros processos de prorrogação de concessões<br />

já trilham os procedimentos obrigatórios, como audiências<br />

públicas.<br />

A sociedade não pode ficar à margem deste processo,<br />

que é público, transparente e democrático. Ela é e será,<br />

direta ou indiretamente, a principal beneficiada pelas<br />

prorrogações antecipadas das concessões e pelos novos<br />

investimentos. A mais recente greve dos caminhoneiros<br />

demonstrou as consequências para um país sem ferrovias<br />

para o transporte de bens essenciais.<br />

A prorrogação garante arcabouço regulatório e segurança<br />

jurídica para investimentos privados na malha férrea<br />

que podem superar R$ 40 bilhões. Serão decisivos para<br />

ampliar a participação das ferrovias no transporte de cargas<br />

– de 15% atualmente para 31% até 2025, cenário que<br />

inclui conclusão de outros projetos ferroviários listados no<br />

Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). O custo de<br />

transportes pode ser reduzido em 10,4%. O cavalo está<br />

passando selado. Pode ser que ele não passe outra vez.


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foto do mês<br />

Vagão plataforma, modelo PET, incluído no<br />

primeiro lote produzido na nova fábrica da<br />

Randon, em Araraquara (SP), e entregue para<br />

a mRS, em julho. O modelo PET foi projetado<br />

para o transporte de materiais siderúrgicos<br />

e contêineres de 20 e 40 pés. O vagão tem<br />

Peso bruto Total (PbT) de 130 toneladas e é<br />

voltado para vias de bitola larga.<br />

Foto: m. Scalco

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