Revista Ferroviária Setembro/Outubro - 2018
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INNOTRANS<br />
<strong>2018</strong><br />
<strong>Setembro</strong> / <strong>Outubro</strong> <strong>2018</strong> - R$ 31,50<br />
75 anos<br />
de história<br />
Antiga Fábrica Nacional de Vagões<br />
− hoje Greenbrier Maxion e AmstedMaxion −<br />
se reinventou para continuar líder no setor
DORMENTES<br />
DE CONCRETO<br />
Referência no mercado<br />
há 77 anos, presente em<br />
grandes projetos, com<br />
excelência e mobilidade.<br />
www.cavan.com.br<br />
DORMENTES DE CONCRETO<br />
+55 11 3631-4810
editorial<br />
A cada dois anos, a InnoTrans, em Berlim, revela como as ferrovias<br />
estão conectadas e se modernizando em todo o mundo. Os avanços<br />
tecnológicos são cada vez mais significativos num setor que muito<br />
contribui para uma economia sustentável, com baixa emissão de<br />
poluentes. A InnoTrans também nos mostra o quanto precisamos<br />
avançar no Brasil, especialmente no transporte de passageiros. A falta<br />
de uma política nacional para mobilidade urbana e trens de média e<br />
longa distâncias são inegáveis entraves ao desenvolvimento do país.<br />
Tomara que isso seja percebido e entre em pauta no próximo governo.<br />
Anual: R$ 149,00<br />
ASSINE www.revistaferroviaria.com.br<br />
6 edições, newsletter e acesso ao site<br />
CONSELHO EDITORIAL<br />
Alexander Ellwanger<br />
DIRETORA DE REDAÇÃO<br />
Regina Perez<br />
regina@revistaferroviaria.com.br<br />
JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />
Regina Perez - mtb 14.194<br />
Ano 79 - <strong>Setembro</strong> / <strong>Outubro</strong> de <strong>2018</strong><br />
<strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong> é uma publicação da<br />
Editora <strong>Ferroviária</strong> Ltda.<br />
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Antonio Ismael ballan<br />
bento José de Lima<br />
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Guilherme mello<br />
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REDAÇÃO<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong> 3
sumário<br />
Ano 79 - <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> <strong>2018</strong><br />
Entrevista<br />
Para especialista<br />
em PPPs Sandro<br />
Cabral, falta clareza<br />
nas regras<br />
14<br />
metrofor<br />
Licitação foi<br />
suspensa e Linha<br />
Leste não sai<br />
do papel<br />
20<br />
Foto histórica<br />
da antiga Fábrica<br />
Nacional de Vagões,<br />
em Cruzeiro (SP).<br />
Foto: Arquivo<br />
Amstedmaxion<br />
Pág. 36
Audiências públicas<br />
Debate em torno da<br />
renovação da EFC e EFVm<br />
26<br />
InnoTrans <strong>2018</strong><br />
O que há de novo no<br />
setor ferroviário mundial 42<br />
Todos os TuEs<br />
Frota nacional é de 888 trens 46<br />
Trem da FTC carregado de carvão mineral próximo à cidade de Tubarão, em Santa Catarina.<br />
Foto: Divulgação/FTC
cartas<br />
Memória <strong>Ferroviária</strong> &<br />
Turismo Férreo<br />
Nos bons tempos da Rede <strong>Ferroviária</strong><br />
Federal S/A-RFFSA (EFCB), existiam<br />
os trens de passageiros Vera Cruz e<br />
Santa Cruz, que circulavam entre Rio-<br />
-São Paulo-Belo Horizonte, diariamente,<br />
levando considerável número de<br />
horas, saindo, simultaneamente, ida e<br />
volta, às 23h de cada gare e chegando<br />
às 8h nas capitais, quando se curtiam as<br />
belas paisagens.<br />
O jornal O Globo do dia 28 de junho<br />
<strong>2018</strong> publicou matéria, no caderno<br />
Copa-<strong>2018</strong>, página 1, sob o título:<br />
“Uma jogada transiberiana”, na qual<br />
fala das “Ferromoças”, revelando que<br />
elas são pouco educadas, ao contrário<br />
das nossas que serviam em nossos<br />
trens daquela época saudosa.<br />
O jornalista Renato Alexandrino, enviado<br />
especial do jornal, comete o mesmo<br />
engano de centenas de outros confrades<br />
de nossa mídia. Pela nomenclatura ferroviária,<br />
o veículo vagão é específico<br />
para transportar cargas; o que transporte<br />
gente, passageiro, é carro. No dizer<br />
do saudoso professor Victor José Ferreira,<br />
trem de passageiro tem alma porque<br />
transporta gente, pessoas.<br />
A página da matéria exibe que nos beliches<br />
dos carros os passageiros ficam<br />
com os pés para o lado de fora do corredor,<br />
ao contrário de nossas cabines privadas,<br />
onde os passageiro sentiam-se<br />
bastante confortáveis durante a viagem<br />
noturna. Diz ele que viajou no trem de<br />
lá, que as ferromoças não têm aquele<br />
feeling das nossas aqui, daqueles bons<br />
tempos.<br />
Há alguns anos, escrevi no Jornal do<br />
Brasil e Tribuna da Imprensa sobre os<br />
nossos saudosos trens Santa Cruz e<br />
Vera Cruz, numa versão de “no tempo e<br />
no espaço” (meu jargão). A equipagem,<br />
as ferromoças, os chefes de trens, todos<br />
6<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
eram corteses para com os passageiros<br />
famosos: artistas de rádio, teatro, TV,<br />
jogadores de futebol etc. Primavam<br />
pelas boas maneiras em atender.<br />
As linhas ferroviárias, embora mal conservadas,<br />
diga-se de passagem, caso<br />
haja vontade política de nossos dirigentes,<br />
poderiam ser revitalizadas. A via<br />
permanente, os carros de aço recuperados,<br />
entre outras medidas técnico-operacionais,<br />
proporcionariam o retorno<br />
triunfal do Vera Cruz e Santa Cruz,<br />
creio, salvo melhor juízo, com pouco<br />
investimento, desde que as concessionárias<br />
MRS e FCA se disponibilizem a<br />
cooperar e abrir janelas para a circulação<br />
desses trens de passageiro-turismo,<br />
entre as três gares, a nosso juízo, perfeitamente<br />
coexistíveis, sem embargos.<br />
Os ministérios de Transporte, Cidades<br />
e de Turismo, independentes sim,<br />
mas, harmoniosamente, poderão promover<br />
e incrementar a volta do Brasil<br />
aos trilhos, neste naipe e dar a volta por<br />
cima a fim de que se tenha a circulação<br />
desses trens entre as principais capitais<br />
do Sudeste, o que já não é sem tempo,<br />
pois, lá fora, as viagens turísticas são<br />
entre cidades e capitais dos países, que<br />
administram esse ícone de fonte de renda.<br />
Por que não, aqui no Brasil gigante,<br />
deitado em berço esplêndido?<br />
Genésio Pereira dos Santos<br />
gimam@ig.com.br<br />
Projetos da Bahia<br />
Muito boa a entrevista com o diretor-<br />
-presidente da Companhia de Transportes<br />
do Estado da Bahia, Eduardo Copello.<br />
O Brasil precisa acelerar muito<br />
mais no transporte sobre trilhos, tanto<br />
de cargas como de passageiros. Obrigado<br />
por abordarem os projetos ferroviários<br />
voltados para a mobilidade urbana.<br />
Waldir Saram<br />
wsaram53@gmail.com<br />
Congratulações à FNV<br />
Parabéns aos antigos funcionários<br />
desse ícone do mercado ferroviário<br />
que foi e continua, de algum modo,<br />
sendo a Fábrica Nacional de Vagões.<br />
Ainda hoje, centenas de vagões rodam<br />
Brasil afora com a logomarca<br />
inconfundível da FNV.<br />
Renovação antecipada<br />
O grande mal do Brasil é a judicialização<br />
de tudo. As concessionárias<br />
precisam ter a garantia da renovação<br />
antecipada, para poderem continuar<br />
a investir. Se isso não acontecer,<br />
irão parar os investimentos e teremos<br />
o sucateamento das ferrovias.<br />
Parece que o MPF está a serviço do<br />
transporte rodoviário que não gosta<br />
de ferrovia.<br />
Aloizio Barros de Souza<br />
aloiziobarros@gmail.com<br />
Errata:<br />
Diferentemente do apontado na matéria<br />
“Vocação agrícola” (edição Julho/<br />
Agosto), os números de movimentação<br />
de soja em TKU no tramo norte<br />
da Ferrovia Norte-Sul são em bilhões<br />
e não em milhões<br />
(1,8 bilhões e 3,8<br />
bilhões). Já os números<br />
corretos da<br />
Ferrovia Centro-<br />
-Atlântica sobre o<br />
transporte de soja<br />
são 756 milhões<br />
de TKU em 2006<br />
e 7,3 bilhões de<br />
TKU em 2017.<br />
Para escrever para a <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong><br />
mande um email para:<br />
redacao@revistaferroviaria.com.br<br />
ou escreva para:<br />
Rua Pamplona, 1.465 - Cj. 61/62<br />
CEP 01405-002, São Paulo - SP
expressas Bianca Rocha<br />
Direito de passagem para a Norte-Sul<br />
Os termos aditivos aos contratos das concessionárias, que poderão dar ao futuro operador da Ferrovia Norte-Sul acesso aos<br />
portos de Itaqui (MA) e Santos (SP), já foram assinados, segundo a ANTT. No fim de setembro, o Tribunal de Contas da<br />
União (TCU) divulgou suas recomendações para o lançamento do edital de concessão da ferrovia. O Tribunal recomendou à<br />
agência que fossem anexados ao edital os termos aditivos que estabelecem tarifa-teto e reserva de capacidade (garantida por<br />
um prazo de cinco anos) para o direito de passagem dos trens da Norte-Sul. Rumo Malha Paulista, VLI, MRS, EFC e Transnordestina<br />
assinaram os termos (a reserva de volume foi definida de acordo com cada ferrovia).<br />
Por determinação do TCU, a subconcessionária vencedora saberá quais são as condições máximas para o exercício do<br />
direito de passagem, o que pode acarretar, segundo o relatório, “uma maior competitividade e diminuição do desequilíbrio<br />
do certame”. O TCU deixa claro, porém, que os termos aditivos não representam cláusulas de take or pay. Diz<br />
o documento: “Tais instrumentos jurídicos (termos aditivos) garantem unicamente as condições de contorno máximas<br />
– tarifas-teto, quantidade de composições e condições operacionais – que servirão de base para a negociação entre a<br />
futura subconcessionária e cada concessionária adjacente, visando a passagem de cargas nas ferrovias até os portos”.<br />
Os trabalhos<br />
continuam<br />
Abifer e Hidremec quitaram, em setembro,<br />
o pagamento à Accenture – consultoria<br />
que está dando suporte (e rapidez)<br />
à ANTT nos estudos que envolvem a renovação<br />
antecipada dos contratos de concessão<br />
das ferrovias. A consultora estava<br />
prestes a paralisar os trabalhos por conta<br />
de atrasos no repasse. Inicialmente avaliado<br />
em R$ 4 milhões por 12 meses de<br />
serviço, o contrato, assinado em fevereiro<br />
deste ano, acabou sendo renegociado para<br />
R$ 3,6 milhões. Cerca de 50% deste valor<br />
estavam pendentes até a última parcela.<br />
A Accenture foi contratada pelo Movimento<br />
Brasil Competitivo (MBC), por<br />
meio de financiamento de associações<br />
como Abifer, Aprosoja, Ampa (Associação<br />
Mato-grossense dos Produtores de<br />
Algodão) e as empresas Hidremec, Sysfer<br />
e Prumo. Reuniões trimestrais estão<br />
sendo feitas com as associações e as empresas<br />
financiadoras, além de técnicos do<br />
Programa de Parceria de Investimentos<br />
(PPI) e da ANTT, para avaliação do trabalho<br />
da consultoria. Atualmente, a Accenture<br />
está debruçada nos estudos para<br />
a renovação da MRS e FCA. O processo<br />
da Rumo Malha Paulista já está nas mãos<br />
do TCU; as audiências públicas da EFC<br />
e EFVM foram realizadas entre agosto e<br />
outubro deste ano.<br />
8<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
Fiol e Porto Sul<br />
O futuro subconcessionário da Ferrovia<br />
de Integração Oeste-Leste (Fiol)<br />
pode enfrentar um período de incertezas<br />
antes do início da operação.<br />
De acordo com a minuta do edital,<br />
apresentada pela ANTT durante as<br />
duas audiências públicas realizadas<br />
em setembro, a validade da subconcessão<br />
para exploração do trecho<br />
entre Ilhéus e Caetité, na Bahia, está<br />
atrelada à construção do Porto Sul,<br />
em Ilhéus, por onde a carga (prioritariamente<br />
minério) deverá ser escoada.<br />
Sem o porto, a ferrovia torna-se<br />
inviável. O prazo para o começo das<br />
obras é de 36 meses, prorrogável por<br />
mais 12 meses. Após esse período, o<br />
contrato de concessão pode ser automaticamente<br />
extinto, diz o documento.<br />
Enquanto a construção/subconcessão<br />
da Fiol está sendo tocada pelo<br />
governo federal, o projeto do Porto<br />
Sul é de responsabilidade do governo<br />
do estado da Bahia.<br />
Licitação na Argentina<br />
adiada (de novo)<br />
A megalicitação de trens da Argentina<br />
foi adiada mais uma vez. Antes<br />
prevista para em 11 de outubro, agora<br />
deve acontecer no dia 21 de dezembro<br />
deste ano. Sem encomendas no<br />
Brasil, as fabricantes estão ansiosas<br />
para a data de entrega das propostas.<br />
Governo quer leiloar trecho da Fiol<br />
entre Ilhéus e Caetité (BA)<br />
A licitação é para a compra de 169<br />
trens, com oito carros cada, somando<br />
1.352 unidades. Trata-se de um contrato<br />
de US$ 1,9 bilhão. Outros US$<br />
900 milhões devem ser desembolsados<br />
na manutenção dos equipamentos<br />
por um período de dez anos.<br />
Divulgação/Valec
Dois terminais em menos de um mês<br />
Estão de vento em popa os investimentos<br />
da MRS para incrementar o<br />
transporte de carga geral. A ferrovia<br />
vem intensificando a presença em<br />
terminais, seja por meio de aporte<br />
financeiro, contrato de longo prazo<br />
ou apoio técnico às empresas operadoras.<br />
Dois terminais foram inaugurados<br />
em setembro com o suporte da<br />
concessionária: o Etcons II, em Caçapava<br />
(SP), e o Multitex (que foi ampliado),<br />
em Barra Mansa (RJ), ambos<br />
para o transporte de produtos siderúrgicos<br />
e contêineres. Desde o início de<br />
<strong>2018</strong>, já são seis novos terminais para<br />
a movimentação de carga geral.<br />
Em 2017, 70% do total transportado<br />
pela concessionária foi de minério<br />
de ferro e 30% de carga geral. Segundo<br />
o gerente de Logística e Soluções<br />
Intermodais, Magela Titoneli,<br />
após a greve dos caminhoneiros, novos<br />
clientes se aproximaram. “Queremos<br />
quebrar o paradigma de que<br />
ferrovia é só para quem quer que o<br />
transporte chegue dentro de casa”.<br />
De junho para cá, o gerente diz que<br />
os contatos comerciais por meio do<br />
site da MRS triplicaram. “Ferrovia<br />
não é só para quem tem grandes<br />
volumes e distância. A ideia é conversar<br />
e entender as necessidades de<br />
cada cliente”, ressalta Magela.<br />
Terminal<br />
Multitext, em<br />
Barra Mansa (RJ)<br />
Em setembro a MRS atingiu a marca<br />
histórica de 1,627 milhão de toneladas<br />
de carga geral própria movimentada.<br />
O recorde anterior foi em julho<br />
de 2008 (1,623 milhão de toneladas).<br />
O investimento também se traduz na<br />
compra de vagões. Em <strong>2018</strong>, a empresa<br />
adquiriu um lote de mais de<br />
300 unidades, das quais 200 já foram<br />
entregues. Aproximadamente, 100<br />
deles serão usados para o transporte<br />
de contêineres.<br />
Divulgação/MRS
gente<br />
Em sintonia com a ferrovia<br />
Acarreira do engenheiro civil Ítalo Roppa teve<br />
início nos canteiros de obras que colocariam<br />
de pé o metrô do Rio de Janeiro, na década<br />
de 1970. De lá para cá, a trajetória do executivo,<br />
que assumiu em julho a presidência da CCR Mobilidade<br />
(uma das divisões de negócios do grupo) sempre<br />
esteve atrelada aos mais importantes projetos de infraestrutura<br />
urbana do país. Não por acaso, Roppa tem uma<br />
ligação forte com o transporte sobre<br />
trilhos: “Tem papel fundamental nas<br />
grandes cidades brasileiras", define.<br />
A opinião do executivo está em<br />
sintonia com o apetite do grupo<br />
CCR, que vem apostando forte no<br />
segmento ferroviário. A operação<br />
da companhia já totaliza cerca de<br />
80 km de trilhos em São Paulo, Salvador<br />
e Rio de Janeiro. Acionista<br />
da ViaQuatro (Linha 4-Amarela do<br />
Gente que faz<br />
Há quantos anos na ferrovia<br />
32 anos<br />
Ferrovia significa<br />
Mobilidade<br />
Desafio diário<br />
Disponibilizar equipamentos<br />
auxiliares ferroviários,<br />
máquinas e veículos para<br />
manutenção da via e<br />
estações.<br />
Ítalo Roppa, presidente da CCR Mobilidade<br />
Para ser um bom ferroviário<br />
É preciso ser comprometido e<br />
perspicaz nas tarefas do dia<br />
a dia.<br />
Momento para recordar<br />
Na minha infância, eu e meu<br />
pai ficávamos olhando os trens<br />
sendo manobrados no Pátio<br />
Jabaquara. Em 1986, depois de<br />
ter estagiado no Metrô de São<br />
Paulo, fui admitido no quadro<br />
Metrô SP), a empresa também acabou<br />
de assumir, por meio da ViaMobilidade, a Linha 5-Lilás<br />
e futuramente a Linha 17-Ouro (monotrilho). Com essas<br />
duas linhas, a CCR poderá somar mais 28,8 km de trilhos.<br />
Roppa fala com propriedade sobre Parceria Público Privada<br />
(PPP). Acompanhou de perto as negociações para a primeira<br />
PPP do país (ViaQuatro). Depois dessa, vieram outras<br />
como o VLT Carioca, o Metrô de Salvador e a ViaMobilidade.<br />
“Se há um modelo que pode destravar os projetos de<br />
de funcionários.<br />
Divulgação/Valec<br />
Expectativa profissional<br />
Buscar constante<br />
aprimoramento dos<br />
conhecimentos sobre veículos e<br />
equipamentos ferroviários.<br />
Eliseu Mateus<br />
Técnico de Sistemas Metroviários<br />
do Metrô de São Paulo<br />
transporte sobre trilhos no Brasil, sem<br />
dúvida alguma, é a Parceria Público Privada”,<br />
afirma, assumindo que o projeto<br />
da capital baiana foi um marco: “Nos<br />
deu a oportunidade de um passo adiante".<br />
Ítalo ingressou na CCR em 1995.<br />
Sendo parte da direção da concessionária<br />
CCR NovaDutra. Antes de assumir<br />
a presidência da CCR Mobilidade, foi<br />
presidente da CCR Infra SP, responsável<br />
pela gestão das rodovias administradas<br />
pelo grupo.<br />
A RF dá destaque aos ferroviários que trabalham na operação, com o objetivo<br />
de valorizar aqueles que fazem as ferrovias brasileiras funcionarem.<br />
Passageiros<br />
Há quantos anos na ferrovia<br />
35 anos<br />
Ferrovia significa<br />
Toda minha vida e muita<br />
dedicação! Sonhos,<br />
possibilidades e realizações.<br />
Desafio diário<br />
Contribuir corretivamente e<br />
preventivamente para que a<br />
operação ferroviária flua com<br />
segurança.<br />
Para ser um bom ferroviário<br />
O que tem sangue ferroviário<br />
correndo nas veias, tem<br />
orgulho do que faz, com<br />
comprometimento e paixão.<br />
Momento para recordar<br />
Tudo que vivi aqui dentro é<br />
muito gratificante. Destaco<br />
dois momentos: o recebimento<br />
da placa Valores da Empresa<br />
em 2010 e a indicação para<br />
concorrer ao prêmio funcionário<br />
padrão em <strong>2018</strong>.<br />
Expectativa profissional<br />
Quero atuar sempre de modo<br />
a crescer como pessoa e<br />
profissional, sendo útil e<br />
agregador naquilo que faço.<br />
Marco Jose Dias Cardoso<br />
Especialista Ferroviário III da MRS<br />
Carga<br />
10<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
A TECNOLOGIA QUE MOVIMENTA<br />
AS PESSOAS É A MESMA QUE<br />
LEVA O BRASIL PRA FRENTE.<br />
Para o Grupo CCR, investir em mobilidade urbana só faz sentido se for para<br />
transformar a vida das pessoas. O VLT Carioca é inovador e altamente sustentável,<br />
trazendo conforto, agilidade e integração com outros meios de transporte público.<br />
É o Grupo CCR levando mais qualidade de vida e desenvolvimento para o Rio de Janeiro e o Brasil.<br />
www.grupoccr.com.br<br />
GrupoCCROficial<br />
GrupoCCROficial<br />
CCR S.A.<br />
É por aqui que você chega lá.
agenda<br />
BRASIL<br />
NOVEMBRO<br />
REUNIÕES CB06*<br />
06 a 09/11 – São Paulo, SP<br />
Organizador: Simefre<br />
Site: www.simefre.org.br<br />
M&T EXPO <strong>2018</strong> – FEIRA INTERNACIONAL DE<br />
EQUIPAMENTOS PARA MINERAÇÃO E CONSTRUÇÃO<br />
26 a 29/11 – São Paulo<br />
Organizador: Messe München<br />
Site: www.mtexpo.com.br/<br />
DEZEMBRO<br />
REUNIÃO SESSÃO VII - DE INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA<br />
DOS TRANSPORTES DA CNT - CONFEDERAÇÃO NACIONAL<br />
DO TRANSPORTE<br />
04/12 – Brasília, DF<br />
Organizador: CNT<br />
Site: www.abolbrasil.org.br/<br />
4º Infra Brazil GRI<br />
05 a 06/12 – São Paulo, SP<br />
Organizador: GRI Club<br />
E-mail: melissa.dallarosa@griclub.org<br />
2019<br />
MARÇO<br />
21º NEGÓCIOS NOS TRILHOS<br />
26 a 28/03 – São Paulo, SP<br />
Organizador: UBM<br />
Site: www.ntexpo.com.br<br />
EXTERIOR<br />
NOVEMBRO<br />
RAIL+METRO CHINA <strong>2018</strong><br />
07 a 09/11 – Changai, China<br />
Organizador: Shanghai Intex Exhibition<br />
Ste: www.railmetrochina.com<br />
ALPINE RAIL OPTIMISATION<br />
08/11 – Viena, Áustria<br />
Organizador: Rotaia Media<br />
Site: http://www.alpinerailoptimisation.com/<br />
SMART CITY EXPO WORLD CONGRESS <strong>2018</strong><br />
13 a 15/11 – Barcelona, Espanha<br />
Organizador: Smart City Expo World Congress<br />
Site: www.smartcityexpo.com<br />
WORLD RAIL FESTIVAL <strong>2018</strong><br />
13 e 14/11 – Amsterdã, Holanda<br />
Organizador: Terrapin<br />
E-mail: tayyab.abbasi@terrapinn.com<br />
ACCELERATE RAIL INFRASTRUCTURE<br />
14/11 – Londres, Inglaterra<br />
Organizador: Marketforce Business Media<br />
Site: www.new.marketforce.eu.com<br />
RAIL TRANSIT EXPO<br />
15 a 17/11 – Changsha Hunan, China<br />
Organizador: Cirte<br />
E-mail: elisayiys@163.com/ victoriazhangxiao@163.com<br />
EAST AFRICA RAIL<br />
20 e 21/11 – Nairobi, Quênia<br />
Organizador: Terrapinn<br />
Site: www.terrapinn.com/exhibition/east-africa-rail<br />
AUSRAIL – CONFERENCE & EXHIBITION<br />
27 a 28/11 – Camberra, Austrália<br />
Organizador: Australasian Railway Association<br />
Site: www.ausrail.com<br />
DEZEMBRO<br />
RAIL TRANSIT IT INNOVATION SUMMIT <strong>2018</strong><br />
06 e 07/12 - Chongqing, China<br />
Organizador: Micerail<br />
E-mail: info@micerail.com<br />
2019<br />
ABRIL<br />
EURASIA RAIL 2019<br />
10 a 12/04 – Izmir, Turquia<br />
Organizador: ITE Turkey<br />
Site: www.eurasiarail.eu<br />
JUNHO<br />
RAILLOG KOREA<br />
01/06 – Busan, Coréia do Sul<br />
Organizador: Messe Frankfurt Korea Ltd<br />
Site: www.raillog-korea.kr.messefrankfurt.com<br />
TRANSPORT + LOGISTIK<br />
04 a 07/06 – Munique, Alemanha<br />
Organizador: Messe München<br />
Site: www.transportlogistic.de<br />
*Comitê Brasileiro de Normas Técnicas Metroferroviárias
entrevista<br />
Regras claras para PPPs<br />
Promulgada em dezembro de 2004, a Lei das<br />
Parcerias Público-Privadas (PPPs) foi recebida<br />
à época como solução para os problemas de<br />
infraestrutura no país. Passados quase 14 anos,<br />
o número de contratos assinados sob esse<br />
modelo no Brasil é pouco mais de 100. No que<br />
diz respeito ao setor ferroviário, a quantidade<br />
também é aquém do que se esperava. Temos<br />
exemplos na Linha 4-Amarela, do Metrô de São<br />
Paulo, no VLT do Rio e no Metrô de Salvador. O<br />
Metrô de São Paulo, pioneiro na modalidade,<br />
tem na gaveta outros projetos em parceria com a<br />
iniciativa privada como a PPP da Linha 6-Laranja,<br />
que está em vias de ser relicitada.<br />
Para o coordenador e professor do Insper,<br />
Sandro Cabral, especializado em PPP, o<br />
desinteresse de empresas se justifica, entre<br />
outras coisas, pela falta de bons projetos e,<br />
principalmente, de clareza nas regras do jogo.<br />
A insegurança jurídica continua sendo um dos<br />
principais entraves para a não formalização de<br />
contratos de PPP, admite Cabral. “É preciso ter<br />
bons projetos e rentabilidade também. Mas não<br />
adianta termos um projeto rentável se tivermos um<br />
governo que vai conduzir esse processo de PPP de<br />
uma forma tecnicamente ruim ou corrupta. Os dois<br />
casos tendem a afugentar o bom ator privado, que<br />
sai se as regras do jogo não forem respeitadas.”<br />
O docente, que é baiano, elogia o arranjo feito<br />
para a construção do Metrô de Salvador. Na<br />
opinião de Cabral, PPPs devem sempre buscar o<br />
modelo do ganha-ganha, que nada mais é quando<br />
todos os atores envolvidos no projeto, incluindo<br />
a população, enxergam vantagens na parceria. “O<br />
Metrô de Salvador é um bom exemplo de como<br />
o governo e o setor privado podem, por meio de<br />
incentivos adequados, entregar um obra relevante<br />
para a população. Se conseguirmos reproduzir<br />
esse espírito de ter parcerias público-privadas no<br />
setor ferroviário que eu chamo de ganha-ganha,<br />
teremos o melhor dos mundos, todos vão ganhar<br />
e os incentivos vão estar alinhados.”<br />
Se na área de mobilidade urbana existem<br />
exemplos de projetos ferroviários que<br />
deslancharam na forma de PPP, o mesmo<br />
não pode se dizer quando o assunto é o setor<br />
de carga. Para essas ferrovias, o modelo de<br />
concessão comum foi até agora o único utilizado<br />
em contratos entre os setores público e privado.<br />
“O setor ferroviário de carga depende do nível de<br />
exposição a risco que talvez o setor privado ainda<br />
não esteja disposto a ter.”<br />
Sandro Cabral é doutor em Administração pela<br />
Universidade Federal da Bahia (UFBA). É professor<br />
associado do Insper na área de Estratégia e da<br />
Escola de Administração da UFBA, onde iniciou<br />
em janeiro de 2009. Entre setembro de 2014 e<br />
janeiro de 2015, foi professor visitante da CAPES/<br />
Fulbright na Robert F. Wagner School of Public<br />
Service New York University (NYU). Em 2008, foi<br />
professor do Departamento de Administração da<br />
FEA-USP. Entre 2005 e 2006, realizou seu estágio<br />
de doutoramento na Universidade de Paris 1, em<br />
Sorbonne.<br />
Sandro Cabral<br />
Coordenador do mestrado de Políticas Públicas do Insper<br />
14<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
A implementação de PPPs requer duas coisas:<br />
competência e instituições. Precisamos ter quem assegure<br />
as regras do jogo e pessoas que interajam de forma republicana.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 15
entrevista<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong> – O senhor poderia nos dar um breve<br />
histórico das Parcerias Público-Privadas (PPPs) na área de infraestrutura<br />
de transportes no Brasil?<br />
Sandro Cabral – Nos anos de 1990 começamos a ver alguns<br />
movimentos do governo para aumentar a participação<br />
do setor privado na economia. Em 1995, foi aprovada<br />
a Lei de Concessões (8.987/95), que passou a dispor sobre<br />
o regime de concessões e permissão da prestação de serviços<br />
públicos. No caso específico do setor ferroviário, foi<br />
iniciado o processo de concessões das ferrovias de carga,<br />
ou seja, da infraestrutura já existente. A questão que se<br />
deu após o período de concessões foi no que tange à viabilização<br />
de novos projetos, ou seja, à infraestrutura não<br />
existente. Era inviável conceder para o setor privado projetos<br />
que dependiam de uma alto volume de investimentos,<br />
que simplesmente não fechava a conta de despesa/<br />
receita. Foi aí que surgiu a necessidade de uma legislação<br />
que possibilitasse contar com aportes públicos e privados<br />
para expansão e construção de novos projetos. As PPPs<br />
surgiram em meio a essa questão, trazendo um nova forma<br />
de compartilhamento de riscos, de receitas e de despesas<br />
para viabilizar novos projetos.<br />
RF – A partir daí, surge uma lei no Brasil para regulamentar<br />
esse novo modelo de parceria...<br />
SC – Isso mesmo. Em dezembro 2004, o governo federal<br />
sancionou a Lei 11.079/2004, que estruturou o arranjo institucional<br />
das parcerias público-privadas, incluindo mecanismos<br />
tanto de atração do interesse privado como de controle<br />
dos riscos ao caixa público. Então temos as parcerias<br />
público-privadas que emergem numa maneira de estimular<br />
o investimento privado. A lei é interessante porque permite<br />
o compartilhamento de riscos, a bonificação e a penalização<br />
também, em função do resultado. Com o resultado<br />
obtido, o poder público pode penalizar o ator privado e dar<br />
um desconto nas contraprestações sob responsabilidade do<br />
governo. Isso porque tem certos empreendimentos que não<br />
são autossustentáveis, no caso de metrô, em que é preciso<br />
um compartilhamento de riscos por parte do governo, porque<br />
muitas vezes com o que se arrecada com a tarifa não<br />
é suficiente para cobrir os custos de construção a curto e<br />
médio prazos. A contrapartida dada pelo governo pode ser<br />
modulada para baixo ou para cima, dependendo da questão<br />
do desempenho do ator privado.<br />
RF – No Brasil, concessão e PPP são conceitos distintos. Quais<br />
são as principais diferenças entre um e outro?<br />
SC – Na verdade, legalmente são dois estatutos jurídicos<br />
diferentes. Para mim e para a definição europeia, qualquer<br />
tipo de participação privada, de interação público-privada,<br />
você pode classificar como uma PPP. Então, está incluída<br />
aí até mesmo a terceirização, em que uma empresa privada<br />
atua dentro de uma empresa pública, via Lei 8.666. A diferença<br />
desses termos aqui no Brasil, a tradição, é de chamar<br />
PPP só aquilo que é regido pela lei de PPPs. Mas lá fora,<br />
por exemplo, uma concessão pode ser encarada como uma<br />
parceria público- privada, em que o ator privado não foi<br />
responsável pela construção, mas é responsável pela operação<br />
do ativo. Então depende de como você quer chamar, eu<br />
particularmente acabei de finalizar um paper internacional<br />
em que eu trato como sinônimos concessões e PPPs, porque<br />
a rigor você pode imaginar que qualquer tipo de interação<br />
público-privada é uma parceria público-privada, em que<br />
entes públicos e privados se juntam e fazem esse tipo de<br />
acordo com maior ou menor grau de interferência e com<br />
finalidades específicas. Mas no Brasil existe essa distinção.<br />
RF – A legislação de cada modelo é diferente uma da outra...<br />
SC – São leis e estatutos diferentes. Uma parceria público-<br />
-privada pressupõe-se o quê? Uma interação entre os atores<br />
público e privado, com a finalidade de prover um bem ou um<br />
serviço que vai beneficiar uma parcela da população. O conceito<br />
que eu gosto de usar para PPP é todo aquele arranjo em<br />
que direito de propriedade e direito de decisão são compartilhados<br />
entre o ente público e o ente privado. A grosso modo,<br />
na privatização o direito de propriedade é repassado para o<br />
ente privado. Já na concessão, o governo repassa um bem<br />
ou serviço para o ator privado, por um tempo determinado<br />
em contrato. Há vários modelos de contrato para concessão,<br />
incluindo aí o pagamento de outorga, tarifas competitivas etc.<br />
O caso do Metrô de Salvador é interessantíssimo,<br />
que merece ser colocado como um arranjo atrativo. Lá conseguiuse<br />
construir num prazo relativamente curto um sistema que gerou<br />
um baita benefício para a população.<br />
16<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
Precisamos de bons projetos e rentabilidade também.<br />
Mas não adianta termos um projeto rentável se tivermos<br />
um governo que vai conduzir esse processo de PPP<br />
de uma forma tecnicamente ruim ou corrupta.<br />
RF – Quantos contratos de PPPs foram implementados no<br />
Brasil desde a promulgação da lei, em 2004, que trata especificamente<br />
sobre esse tema?<br />
SC – Temos no Brasil por volta de 110 contratos de PPPs<br />
assinados ou que vêm sendo implementados no país.<br />
RF – A Linha 4-Amarela, do Metrô de São Paulo, ficou conhecida<br />
como a primeira PPP do Brasil. De lá para cá, o país evoluiu<br />
em termos de legislação e modelo de contrato?<br />
SC – A Linha 4-Amarela foi um marco na história da PPP<br />
no Brasil. Trata-se de um contrato em que a participação<br />
privada ficou circunscrita apenas à operação da linha, já que<br />
a parte da construção foi feita dentro do modelo tradicional<br />
de compras públicas. Bom, primeiramente o que ganhamos<br />
ao longo do tempo foi conhecimento. O governo aprendeu<br />
como fazer, o governo aprendeu como controlar, e aí houve<br />
até muita polêmica no que diz respeito a excessos dos órgãos<br />
de controle, mas se aprendeu muita coisa por parte do<br />
governo e se aprendeu do lado do setor privado também. O<br />
que houve foi uma mudança de paradigma nesse período.<br />
Imagine só para uma construtora, que sai do paradigma de<br />
fazer obra por um preço fixo para o de prestar serviço de<br />
longo prazo, é preciso adaptar as estruturas. Então, o conhecimento<br />
vai sendo gerado e uma nova gama de arranjos<br />
com soluções cada vez mais criativas vão sendo criadas,<br />
sobretudo a questão do fundo garantidor, que é aquele que<br />
vai garantir a viabilidade do setor privado.<br />
RF – No setor ferroviário brasileiro, quais são os principais<br />
exemplos de PPPs?<br />
SC – No caso de Metrô de São Paulo, por exemplo, a primeira<br />
PPP de metrô que teve que foi a da Linha 4-Amarela.<br />
Em Salvador, temos um exemplo interessante de contrato,<br />
que cobre tanto a construção quanto a operação pelo ente<br />
privado. E aí a questão do aprendizado é importante, porque<br />
ao longo do tempo o governo aprende a colocar os incentivos<br />
adequados para o setor privado. Então, um incentivo<br />
interessante para a PPP do Metrô de Salvador foi a questão<br />
do governo começar a pagar contraprestação, ou seja,<br />
remunerar o ator privado pela construção, somente após a<br />
conclusão de um determinado trecho, que no caso de Salvador,<br />
foi quando o metrô chegasse até o Aeroporto. Somente<br />
depois que o metrô chegou ao aeroporto que as contraprestações<br />
começaram a ser pagas pelo estado. E, nesse caso,<br />
gerou um incentivo para que o ator privado não enrolasse a<br />
obra, entregasse as estações o mais rápido possível, e fizesse<br />
a obra o quanto antes para começar a receber. Acho que<br />
o governo está aprendendo como colocar os melhores incentivos<br />
para que o privado dê os seus melhores esforços, e<br />
esses melhores esforços sejam revertidos para a população.<br />
RF – E no caso da Linha 4-Amarela, foi uma PPP que onerou<br />
demais o setor público por conta dessa questão de o estado ter<br />
sido responsável por 100% dos custos das obras?<br />
SC – Você pode me perguntar, teria sido melhor o setor<br />
privado ter feito a construção para depois operar o sistema?<br />
Eu respondo que depende do apetite a risco do setor privado.<br />
Uma coisa é você fazer uma obra complexa com tempo<br />
e orçamento definidos. “Olha, você vai ter tanto aqui para<br />
gastar, se você gastar mais o problema é seu”, com uma<br />
solução de engenharia relativamente simples. O Metrô de<br />
Salvador é um metrô supersimples, basicamente, por ser de<br />
superfície. Não tem grandes túneis, as soluções de engenharia<br />
foram mais fáceis, no sentido de serem menos complexas.<br />
O Metrô de São Paulo tem escavação e uma série<br />
de questões que precisam ser avaliadas pelo setor privado<br />
por conta dos riscos envolvidos. Então, é uma equação que<br />
depende do apetite a risco do setor privado também.<br />
RF – Os riscos que envolvem obras metroferroviárias, de um<br />
modo geral, inibem a iniciativa privada para a concretização de<br />
uma eventual PPP?<br />
SC – Eu não me espantaria se a solução adotada por São<br />
Paulo naquela época, em 2004, tivesse sido pela construção<br />
do metrô da forma convencional. Mas também não me espanta<br />
o governo ter optado pela PPP, porque a construção<br />
da forma tradicional pode abrir espaço para escândalos de<br />
corrupção como o que vimos, inclusive, no próprio Metrô<br />
de São Paulo. Valeria a pena ter feito a construção? Valeria<br />
se o setor privado tivesse o apetite a risco de encarar o risco<br />
de fazer a construção. E aí tem que se pensar em tudo: se<br />
no meio do caminho encontra um sítio arqueológico, a rota<br />
precisaria ser desviada ou projeto modificado, e qual seria a<br />
divisão desse risco? Então esse tipo de questão precisa ser<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 17
entrevista<br />
debatida no caso de metrô e de ferrovias. São questões que<br />
ajudam a explicar um pouco o porquê de não termos tantos<br />
exemplos de PPPs no setor metroferroviário no Brasil.<br />
RF – A legislação vigente hoje facilita a estruturação de contratos<br />
de PPP? Há algum entrave em relação ao isso?<br />
SC – Acho que o nosso problema não é nem tanto a legislação,<br />
mas sim a forma como se interpreta a legislação. E<br />
eventualmente temos hoje um grau de discricionariedade de<br />
alguns agentes que interpretam as leis e acabam gerando incertezas.<br />
Por exemplo, no meio do caminho se faz uma PPP<br />
para um metrô, com a previsão de um determinado valor<br />
gasto para a construção e um certo número de receita tanto<br />
de viajantes como de receitas acessórias com base em publicidade<br />
e exploração de espaços comerciais. E coloca isso<br />
numa equação, para estimar uma projeção de receitas e de<br />
despesas. Se a conta não fecha, o governo coloca uma determinada<br />
contraprestação. Bom, a lei permite isso. Mas e se<br />
no meio do caminho, o Ministério Público fala “não, você<br />
não pode colocar aqui, explorar comercialmente esse espaço<br />
porque você tem que colocar pessoas que eram ambulantes<br />
que foram retiradas da rua, tem que arrumar emprego para<br />
esses ambulantes, então esses ambulantes vão ter barraquinhas<br />
aqui e você vai ter que deixar que eles vendam pra você<br />
aqui dentro”. E aí o ente privado fala “mas essa não era a<br />
receita que eu tinha estimado. Tinha projetado uma receita<br />
colocando aqui, por exemplo, uma franquia que renderia faturamento<br />
capaz de fechar a minha equação de custo. E aí<br />
existe uma interferência externa que frustra isso.<br />
RF – O senhor fala em um ambiente de insegurança jurídica?<br />
SC – Sim. Por exemplo, a exploração de publicidade, que a<br />
empresa projetou colocar nos trens e estações outdoors de<br />
publicidade pra rentabilizar, e vem alguém dizer que não<br />
pode, porque tem uma lei de poluição visual. Digo isso porque<br />
podem surgir no meio do caminho leis que não estavam<br />
previstas na regra do jogo, no momento de assinatura do<br />
contrato. Então não me parece um problema de legislação<br />
e, sim, do governo respeitar os contratos e tudo aquilo que<br />
foi combinado. Se isso não acontece, o setor privado fica na<br />
mão? Então, o grande problema é quando o setor público,<br />
nas suas mais variadas esferas do executivo ao legislativo e<br />
ao judiciário (Ministério Público), não respeita as regras do<br />
jogo. A insegurança jurídica é o grande ponto. A legislação<br />
pode ter um ou outro ajuste. Reduzir o valor da obra, ou<br />
melhor, aumentar um pouquinho o comprometimento das<br />
despesas, é possível fazer regulagens pequenas, mas o grande<br />
problema é a insegurança jurídica gerada hoje.<br />
RF – O que é preciso acontecer para que de fato as PPPs funcionem<br />
de maneira adequada no Brasil?<br />
SC – A implementação de PPPs requer duas coisas: competência<br />
e instituições. Então você precisa ter instituições que<br />
assegurem que as regras do jogo vão funcionar, e precisa ter<br />
competência e pessoas do lado do governo que saibam interagir<br />
com o setor privado de forma republicana, sem corrupção.<br />
É preciso ter profissionais do setor privado que saibam<br />
interagir com o governo, a competência é para os dois<br />
lados, o setor privado também tem que ser capacitado para<br />
lidar com esse ambiente. Então o que vai fazer essa parceria<br />
funcionar são competências e instituições. A presença desses<br />
dois pontos tende a aumentar o apetite do setor privado.<br />
RF – O setor regulatório também é uma peça-chave para que<br />
as PPPs funcionem de maneira adequada para ambos os lados?<br />
SC – A regulação, sem dúvida, é superimportante nesse contexto.<br />
Regulação tem uma parte de instituições, que é a regra<br />
do jogo, a regulação coloca a regra do jogo. E a regra do jogo<br />
tem que ser firme, a agência reguladora não pode ser capturada.<br />
A agência reguladora não pode falar fino com um e falar<br />
grosso com outro. Não posso deixar a agência reguladora investir<br />
nos interesses da empresa A ou da empresa B. Então,<br />
volto a dizer, que é necessário ter pessoas com capacidade<br />
para regular. Mas tem também a questão de competência, o<br />
profissional da agência reguladora precisa ser competente.<br />
Precisa entender e aprender tecnicamente, tem que conhecer<br />
o setor, a célula, tem que saber o que cobrar e como cobrar.<br />
RF – De todas as PPPs na área metroferroviária no Brasil, a do<br />
Metrô de Salvador, na sua opinião, foi o caso mais bem-sucedido?<br />
É preciso ter um fluxo cativo de cargas pra justificar<br />
o investimento. Então, o setor ferroviário depende do nível<br />
de exposição a risco que o ente privado esteja disposto a ter.<br />
18<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
O próximo governo tem que sinalizar claramente<br />
que vê com bons olhos uma agenda de PPP,<br />
que beneficie a geração de valor público, e isso não<br />
significa que público e privado devam ser inimigos.<br />
SC – O caso do Metrô de Salvador é interessantíssimo, que<br />
merece ser colocado aqui como um arranjo atrativo. Lá conseguiu-se<br />
construir num prazo relativamente curto um sistema<br />
que gerou um baita benefício para a população, colocando<br />
os incentivos adequados para o setor privado. O triste do<br />
Metrô de Salvador é que foram quase 13 anos para ser inaugurado.<br />
E, na verdade, só foi entregue quando o setor privado<br />
assumiu os trechos 1 e 2, quando o governo estruturou uma<br />
modelo integrado que fez sentido e fechou a conta. Então, o<br />
Metrô de Salvador é um bom exemplo de como o governo<br />
e o setor privado podem, por meio de incentivos adequados,<br />
entregar um obra relevante para a população. É uma parceria<br />
que chamamos de ganha-ganha, ou seja, ganha a população,<br />
ganha o setor privado que tem o negócio e ganha o político<br />
que está com a camisa. Então, se conseguirmos reproduzir<br />
esse espírito de ter parcerias público-privadas no setor ferroviário<br />
que eu chamo de ganha-ganha, teremos o melhor dos<br />
mundos, todos vão ganhar e os incentivos vão estar alinhados.<br />
RF – Nem todos os projetos metroferroviários do Brasil contam<br />
com PPP. Por que? O que impede a adoção desse modelo?<br />
SC – A conta precisa fechar paro o setor privado, tem que<br />
ter um projeto que seja atrativo. Primeiro, o governo tem<br />
que ser crível a ponto de incentivar o setor privado a entrar<br />
no projeto. O governo precisa mostrar que tem competência<br />
para poder conduzir o processo. As descrições não podem<br />
gerar incertezas. E o projeto em si, a conta tem que fechar, a<br />
base dos benefícios tem que fechar com o setor privado. Se<br />
estas coisas não estão alinhadas, lamento, as coisas tendem<br />
a não funcionar. Então, é preciso ter bons projetos e rentabilidade<br />
também. Mas não adianta termos rentabilidade<br />
se tivermos um governo que vai conduzir esse processo de<br />
PPP de uma forma tecnicamente ruim ou corrupta. Os dois<br />
casos tendem a afugentar o bom ator privado, que sai se as<br />
regras do jogo não forem respeitadas. Então, volto a dizer,<br />
competências do lado do setor público, competências do<br />
lado do setor privado, regras do jogo e instituições claras<br />
tendem a gerar maior número de PPPs. A falta disso pode<br />
explicar o caso que temos hoje, com um número de PPPs<br />
muito aquém do que poderíamos e deveríamos ter.<br />
RF – Como a PPP pode ser vantajosa para o setor ferroviário?<br />
SC – Existe uma demanda reprimida. No caso do setor ferroviário<br />
é um pouco mais complicado, por quê? É preciso<br />
ter um fluxo cativo de cargas pra justificar o investimento.<br />
Então, o setor ferroviário depende do nível de exposição<br />
a risco que o setor privado esteja disposto a ter. Em 2008<br />
fiz um artigo sobre a Ferrovia de Integração Oeste-Leste,<br />
a Fiol, que vai de Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO). Entre<br />
outras coisas, falei que não seria viável uma PPP, fizemos<br />
todas as contas e destrinchamos as incertezas regulatórias<br />
e o volume a ser transportado, chegando à conclusão que<br />
talvez o investimento não valeria a pena para o ente privado.<br />
Concluímos que o projeto só pararia de pé se o governo<br />
colocasse muito dinheiro. Mas é tudo uma questão<br />
de regulação, de direito de passagem em outras malhas etc.<br />
Então é necessário baixar a previsão de risco para que PPPs<br />
deslanchem no setor ferroviário de carga.<br />
RF – Sim, não temos exemplos de PPPs no setor ferroviário<br />
de carga...<br />
SC – Não existe por uma questão de que a conta precisa<br />
fechar para o setor privado, e ao que se aparenta, não tem<br />
nenhum projeto hoje no qual a conta fecha e que abrisse<br />
espaço para arranjos entre governo e empresa, colocando<br />
dinheiro. Aí quando a conta fecha muito a empresa constrói<br />
uma ferrovia que só ela mesma usa. A Vale duplicou a EFC,<br />
mas somente ela vai usar aquela ferrovia. Mas e aí? Como<br />
fica a questão do direito de passagem? São questões que<br />
também precisam ser debatidas.<br />
RF – E como o próximo governo pode agir para incentivar as<br />
PPPs e melhorar esse cenário que apontou?<br />
SC – O próximo governo tem que sinalizar claramente que<br />
vê com bons olhos uma agenda de PPP, que beneficie a geração<br />
de valor público, e a geração de valor público não<br />
significa que público e privado devem ser inimigos. Um governo<br />
que vá brigar por reformas e interlocução com atores<br />
judiciários para que não mude as regras do jogo. O governo<br />
precisa sinalizar o compromisso dele, o conhecimento de<br />
que é preciso ter o ator privado engajado nesses serviços, e<br />
que vai fazer de tudo pra baixar a percepção de risco e aumentar<br />
a credibilidade para que os atores privados queiram<br />
investir. É preciso que o governo seja crível.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 19
eportagem<br />
Início das<br />
obras<br />
Ordem de serviço para construção<br />
da Linha Leste do Metrofor foi<br />
assinada no início de novembro<br />
Fotos: Divulgação/Metrofor<br />
Por Thaise Constancio<br />
Em Fortaleza, todos os caminhos levam para a região<br />
central da cidade. Pelo menos quando se trata de metrô.<br />
Com duas linhas construídas – Oeste e Sul – e um<br />
sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) operando<br />
parcialmente, os moradores da capital do Ceará aguardam<br />
a conclusão da Linha Leste para usufruírem de uma<br />
melhor integração sobre trilhos.<br />
O início das obras estava previsto para julho, com<br />
prazo de quatro anos a partir da assinatura da ordem<br />
de serviço – que aconteceu no dia 7 de novembro, após<br />
o Tribunal de Contas da União revogar a liminar que<br />
suspendia a licitação para a implementação da Linha<br />
Leste. Desde agosto, o projeto estava na mesa do TCU<br />
para análise de uma ação impetrada pelas empresas Acciona<br />
Infraestructura e Construtora Marquise, vencedoras<br />
na primeira concorrência feita em outubro de 2013.<br />
As duas empresas se envolveram em um imbróglio em<br />
2015, que culminou na paralisação das obras e na rescisão<br />
unilateral do contrato por parte do governo do estado<br />
(ver o box).<br />
A concorrência, realizada em maio deste ano, foi<br />
vencida pelo consórcio FTS Linha Leste, formado pela<br />
construtora Ferreira Guedes e a espanhola Sacyr Construcción,<br />
único a apresentar proposta. O contrato engloba<br />
obras civis e sistemas de alimentação de energia elétrica,<br />
catenária, telecomunicações, sinalização e controle, bilhetagem,<br />
ventilação e equipamentos de oficina para a<br />
primeira fase do projeto.<br />
O governo do estado licitou também, em maio, as obras<br />
do shaft por onde passarão quatro tatuzões (máquinas tuneladoras).<br />
A concorrência recebeu dez propostas e foi<br />
vencido pela Forteks Engenharia e Serviços Especiais<br />
Ltda. A empresa assinou contrato de R$ 5,2 milhões –<br />
abaixo dos R$ 6,5 milhões previstos no processo licitatório<br />
– com a Secretaria estadual de Infraestrutura (Seinfra)<br />
em 16 de agosto, com vigência de 16 meses.<br />
Metrofor tem duas<br />
linhas de trens em<br />
operação (Oeste e Sul)<br />
20<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
Histórico da Linha Leste<br />
A primeira licitação da Linha Leste, feita em 2013, foi vencida<br />
pelas empresas Cetenco Engenharia e Acciona Construccion. As<br />
obras começaram no fi m daquele ano e até hoje, apenas 3% do<br />
total foi executado. Dois anos depois, a Cetenco, líder do consórcio,<br />
solicitou a rescisão unilateral do contrato, argumentando<br />
que o governo estadual não estava arcando com os pagamentos.<br />
A obra foi paralisada e o Ministério Público Federal no Ceará<br />
apresentou três possibilidades à Seinfra: a continuidade das obras<br />
sem a Cetenco, apresentação de outro consórcio com a Acciona<br />
ou nova licitação.<br />
A própria Acciona argumentou ter condições técnicas e fi nanceiras<br />
para continuar as obras sozinha, mas o pedido foi negado pela<br />
Seinfra, argumentando que empresa estrangeira não poderia atuar<br />
sozinha em obras no país. A Procuradoria Geral do Estado do Ceará<br />
(PGE-CE), no entanto, discordou do argumento, uma vez que a Acciona<br />
é uma empresa constituída no Brasil com matriz espanhola.<br />
Ainda assim, a Seinfra notifi cou a Acciona para apresentar outra<br />
empresa para integrar o consórcio. A Marquise Engenharia,<br />
então, foi indicada e aceita pelo governo estadual para compor<br />
o consórcio Linha Leste Metrô Fortaleza. Em março de 2015, a<br />
Cetenco, no entanto, protocolou no TCU, no Tribunal de Contas do<br />
Estado do Ceará (TCE-CE) e no MPF um pedido de nulidade do<br />
aditivo que incluía a Marquise no consórcio. Ainda em fase inicial,<br />
as obras foram paralisadas.<br />
Em 2016, o TCU emitiu um parecer técnico em que apontava<br />
que a substituição da Cetenco pela Marquise era regular. Já<br />
o TCE-CE indicava haver indícios de irregularidade no processo.<br />
O MPF, por sua vez, recomendou que a Acciona substituísse a<br />
Marquise no consórcio, justamente por esta ter participado da<br />
concorrência licitatória integrando o Consórcio Mobilidade Urbana,<br />
com Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, em terceiro lugar no<br />
processo de 2013.<br />
Novamente, a Acciona alegou ao MPF que poderia seguir sozinha<br />
com as obras, mas o governo estadual optou por rescindir<br />
unilateralmente o contrato e iniciar os estudos para realização de<br />
nova licitação (que aconteceu em maio deste ano).<br />
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eportagem<br />
A Linha Leste do Metrofor foi dividida<br />
em duas fases. A primeira tem<br />
7,5 km entre as estações Tirol-Moura<br />
Brasil e Papicu, com quatro estações<br />
subterrâneas e uma de superfície.<br />
Nesta etapa está prevista também a<br />
integração com as linhas Oeste (Tirol-Moura<br />
Brasil) e Sul (Chico da<br />
Silva), com o VLT Parangaba/Mucuripe e com terminal<br />
de ônibus (Papicu). A expectativa para a primeira etapa<br />
do projeto é transportar 150 mil pessoas por dia, em viagens<br />
de 15 minutos entre o centro e o Papicu. Já a segunda<br />
fase, com 5,2 km e oito estações, não tem previsão de<br />
início das obras. Para a nova linha está prevista a compra<br />
de 20 trens, cuja licitação ainda não tem previsão de ser<br />
realizada, segundo o governo do estado.<br />
O imbróglio<br />
As empresas Acciona Infraestructura e Construtora<br />
Marquise, que compunham o consórcio da primeira licitação,<br />
em outubro de 2013, argumentavam que havia<br />
“diversas cláusulas restritivas” no edital que teriam<br />
levado apenas um consórcio a apresentar proposta comercial.<br />
As empresas também questionaram na Justiça<br />
a capacidade do consórcio FTS Linha Leste de atender<br />
alguns itens do edital, como índice de liquidez geral,<br />
autorização do poder executivo para empresa internacional<br />
atuar no Brasil e comprovação da qualificação<br />
técnico-operacional dos profissionais estrangeiros –<br />
que não estariam habilitados pelo Conselho Regional<br />
"A Linha Leste do Metrofor<br />
foi dividida em duas fases.<br />
A primeira tem 7,5 km entre<br />
as estações Tirol-Moura<br />
Brasil e Papicu"<br />
de Engenharia e Agronomia (Crea).<br />
O consórcio teria apresentado profissionais<br />
formados em engenharia<br />
elétrica para atuar em serviços relativos<br />
a engenharia civil e mecânica.<br />
Sobre os questionamentos, o TCU<br />
afirmou no acórdão (emitido no dia<br />
31 de outubro) que não há obrigação<br />
legal de registro prévio no Crea dos atestados emitidos<br />
em nome da Sacyr Construcción e dos profissionais da<br />
empresa. O TCU ressalta que no edital da concorrência<br />
foi pedido a empresas internacionais a apresentação<br />
dos documentos correspondentes do país de origem de<br />
habilitação dos profissionais estrangeiros, desde que<br />
traduzidos para o português por tradutor juramentado.<br />
“Como não há órgão equivalente ao Crea em território<br />
espanhol, foi apresentada certidão de equivalência<br />
emitida pela embaixada espanhola no Brasil”, disse<br />
o TCU no acórdão em relação aos documentos apresentados<br />
pela Sacyr Construcción. Quanto à questão<br />
dos engenheiros elétricos, o Tribunal afirmou que os<br />
documentos apresentados demonstram que o consórcio<br />
habilitado “possui profissionais qualificados para todos<br />
os serviços questionados, não havendo dúvida de que<br />
realizam serviços de complexidade semelhante aos descritos<br />
no edital”.<br />
Financiamento<br />
Para a execução da primeira fase da Linha Leste do<br />
Metrô de Fortaleza, a Seinfra-CE informou que serão<br />
22<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
SISTEMA FERROVIÁRIO DE FORTALEZA<br />
utilizados R$ 1 bilhão do BNDES em financiamento;<br />
R$ 673 milhões como contrapartida<br />
do governo federal; e R$ 186 milhões do<br />
tesouro estadual. O BNDES diz que o contrato<br />
de financiamento de R$ 1 bilhão foi assinado<br />
com o governo do estado em 19 de setembro<br />
de 2014, para construção de 12 km do sistema<br />
e 13 estações, porém o projeto foi encurtado e<br />
o contrato teve que ser alterado.<br />
Em 24 de julho deste ano, a diretoria do<br />
BNDES autorizou alterações do escopo do<br />
projeto (que agora terá 7,5 km e cinco estações),<br />
aquisição dos sistemas fixos e do material<br />
rodante, além da prestação dos serviços<br />
de supervisão e gerenciamento das obras. O<br />
contrato de financiamento tem carência de 12<br />
meses, com prazo de amortização de 29 anos.<br />
Entre as alterações no escopo do projeto<br />
pela Seinfra-CE, estão a priorização do trecho<br />
da Linha Leste de Chico da Silva a Papicu,<br />
propiciando o fechamento do triângulo<br />
formado pelas linhas Sul (trecho Chico da<br />
Silva – Parangaba), VLT (Parangaba-Papicu)<br />
e Leste (Papicu-Chico da Silva); e a exigência<br />
de que os recursos alocados fossem suficientes<br />
para o projeto de forma integral, a partir<br />
da definição de contratações que garantissem<br />
a funcionalidade simultânea das obras, instalações civis,<br />
fornecimento e instalação de sistemas, equipamentos e<br />
material rodante. O contrato anterior abrangia apenas as<br />
obras civis da Linha Leste – fato que causava um risco<br />
maior de inviabilidade das soluções para tornar o sistema<br />
operacional, disse o TCU no acórdão.
evento<br />
Em busca de soluções<br />
Ideias para setor evoluir foram discutidas na 24ª Semana de Tecnologia Metroferroviária<br />
Lideranças<br />
do setor<br />
estiveram<br />
presentes no<br />
evento<br />
Divulgação/Aeamesp<br />
“<br />
OBrasil precisa rever sua matriz de transportes”,<br />
declarou o presidente da Associação dos<br />
Engenheiros e Arquitetos do Metrô (Aeamesp),<br />
Pedro Machado, durante a 24ª Semana<br />
de Tecnologia Metroferroviária, que aconteceu entre os<br />
dias 21 e 24 de agosto, em São Paulo. O evento reuniu<br />
cerca de 120 palestrantes e debatedores para discutir a necessidade<br />
de evolução do setor, principalmente após a greve<br />
dos caminhoneiros, no final de maio e início de junho,<br />
que gerou uma crise no sistema de transportes nacional.<br />
O secretário-geral da Associação Latino-Americana de<br />
Ferrovias (Alaf), Jean Pejo, disse que o setor se afastou<br />
da sociedade. “Não existe pressão popular por mais ferrovias.<br />
Quando se avalia o custo do frete, a solução em<br />
discussão é a compra de mais caminhões”.<br />
Para o gerente setorial de Transportes e Logística do<br />
BNDES, Dalmo Marchetti, setor ferroviário tem a ver<br />
com competitividade. “Esse é um tema caro ao banco",<br />
declarou. Entre os desafios colocados por ele estão inserir<br />
as ferrovias no universo da carga geral e o aumento do<br />
investimento setorial anual do banco para o patamar de<br />
R$ 19 bilhões. Além disso, Marchetti defendeu a devolução<br />
pelas concessionárias de trechos pouco utilizados ou<br />
abandonados.<br />
O tema da renovação antecipada das concessões ferroviárias<br />
esteve presente em diversos painéis. O diretor<br />
de Relações Institucionais da MRS, Gustavo Bambini,<br />
disse que pensar a prorrogação agora é antecipar os investimentos.<br />
“Não se trata de uma aventura regulatória.<br />
É uma grande responsabilidade que traz uma série de<br />
obrigações que vão garantir investimentos de bilhões”.<br />
Para Jean Pejo, além dos benefícios mais conhecidos,<br />
a renovação antecipada geraria a valorização das pessoas<br />
e do conhecimento adquirido na área. “Temos uma das<br />
maiores expertises do mundo no transporte de minério de<br />
ferro”, declarou.<br />
Mobilidade urbana<br />
O secretário dos Transportes Metropolitanos de São<br />
Paulo, Clodoaldo Pelissioni, colocou em sua palestra a<br />
necessidade de realizar cinco “enfrentamentos”. O primeiro<br />
deles é um ajuste fiscal, pois sem ele os investimentos<br />
serão “pífios”. “Empreendimentos de mobilidade<br />
não se pagam com receita própria, diferentemente de ro-<br />
24<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
dovias, portos ou aeroportos. PPPs necessitam de aportes<br />
e contraprestações”.<br />
O presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho, colocou<br />
que a renovação de ativos estratégicos é um dos principais<br />
desafios da empresa. Operando desde os anos 1970,<br />
parte da frota tem cerca de 40 anos. Ele falou ainda sobre<br />
o projeto de extensão da Linha 2 da estação Estácio até<br />
a Carioca, com a construção de uma nova estação (Cruz<br />
Vermelha) e a operação independente da Linha 1.<br />
O evento também contou com palestrantes internacionais.<br />
Entre os presentes estavam o diretor do projeto da<br />
Linha 3 do metrô de Monterrey, no México, Enrique Lozano,<br />
que falou sobre a importância da sustentabilidade<br />
econômica do metrô, uma vez que os custos cresceram de<br />
forma “significativa”. Por lá, a tarifa de metrô é uma das<br />
mais baixas entre os países da Alamys (US$ 0,25).<br />
O gerente de Estudos e Negócio de Transporte do Metrô<br />
de Santiago, no Chile, Roland Zamora, defendeu a<br />
integração entre vários modais. “Os diferentes governos<br />
têm entendido que o sistema de transporte integrado tem<br />
mais eficiência porque, primeiro, reduz a evasão [fraude];<br />
segundo, é possível mobilizar uma grande quantidade<br />
de pessoas; terceiro, quando há integração modal há<br />
o fortalecimento de todo o sistema”. Durante o evento,<br />
a Aeamesp assinou um convênio de cooperação e intercâmbio<br />
com a Alaf.<br />
Eventos paralelos<br />
O evento contou com 66 trabalhos técnicos sobre os<br />
mais diversos temas. Os melhores levaram o 5° Prêmio<br />
Tecnologia & Desenvolvimento Metroferroviários<br />
ANPTrilhos-CBTU, promovido pela ANPTrilhos<br />
e pela CBTU.<br />
Integraram ainda a semana os eventos: 46ª Reunião<br />
do Grupo Permanente de Auto-Ajuda na Área de Manutenção<br />
Metroferroviária (GPAA); o XII Seminário<br />
Metroferroviário da ANTP; o Seminário UITP – Melhores<br />
Práticas de Mobilidade Urbana Comunicação &<br />
Marketing; e o II Seminário Infraestrutura de Transporte<br />
Ferroviário. Um dos eventos paralelos foi a Metroferr<br />
Lounge Experience <strong>2018</strong>, que reuniu fornecedores<br />
de produtos e serviços para o segmento.
eportagem<br />
Renovação em debate<br />
Audiências públicas da EFC e EFVM levaram temas como valor de outorga e construção da Fico<br />
Por Adriana de Araújo<br />
Discordâncias em relação ao valor e à destinação<br />
da outorga foram a tônica das audiências públicas<br />
realizadas para debater a prorrogação antecipada<br />
das concessões da Estrada de Ferro Carajás<br />
(EFC) e da Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM),<br />
ambas operadas pela Vale. Populações das cidades cortadas<br />
pelas vias reivindicaram que os recursos sejam aplicados<br />
para solucionar os impactos ambientais e na saúde dos moradores.<br />
Produtores rurais do Mato Grosso que compareceram<br />
em caravana às audiências em Brasília defenderam<br />
a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste<br />
(Fico), contrapartida que está sendo negociada pelo governo<br />
federal para a prorrogação da EFVM.<br />
A ANTT já realizou, nos dois últimos meses, sete audiências<br />
presenciais para tratar da renovação das concessões.<br />
A primeira delas ocorreu em Belém (PA), em 27 de agosto,<br />
e tratou da concessão da EFC. Também houve audiências<br />
em São Luiz (MA), em 29 de agosto, e em Brasília, em 17<br />
de setembro. Já a proposta para renovação da EFMV foi<br />
debatida pela população de Belo Horizonte (MG), Ipatinga<br />
(MG), Vitória (ES) e Brasília.<br />
As audiências contaram com a média de 200 participantes<br />
e mais de 40 manifestações orais em cada sessão. As<br />
inúmeras críticas ao pouco tempo de discussões motivaram<br />
a ANTT, em 24 de setembro, a estender por mais 30 dias<br />
o prazo de audiência e anunciar a realização de mais duas<br />
sessões presenciais em Governador Valadares (MG) e São<br />
Luiz (MA), em outubro.<br />
Durante as sessões realizadas em Brasília, o superintendente<br />
de Ferrovias da ANTT, Alexandre Porto, reforçou que<br />
a renovação antecipada das concessões é a oportunidade que<br />
a agência reguladora tem de adaptar os contratos às novas<br />
práticas regulatórias, metas e parâmetros de desempenho.<br />
“Os contratos das concessões são da década de 1990, quando<br />
a agência reguladora do setor sequer existia e, portanto, não<br />
preveem obrigação de investimento e matriz de risco”.<br />
Ao todo foram qualificadas pelo Programa de Parceria<br />
de Investimento cinco concessões (incluindo, além dessas,<br />
a malhas da FCA, Rumo Malha Paulista e MRS) para renovação.<br />
No plano da EFVM, são esperados investimentos<br />
de R$ 9 bilhões ao longo de 40 anos, caso o contrato seja<br />
renovado antecipadamente. Parte desse montante seria aplicado<br />
na manutenção da infraestrutura e aquisição de frota.<br />
Também está sendo discutida a duplicação de trecho de 9<br />
km entre os municípios mineiros de Pedreira Rio das Velhas<br />
e Capitão Eduardo.<br />
“A prorrogação dará sustentabilidade e previsibilidade<br />
à indústria ferroviária brasileira. Nosso mercado é uma<br />
montanha russa. Tem ano que fabricamos 120 locomotivas<br />
e tem ano que fabricamos 30, 10”, disse Márcia Gomes,<br />
As audiências contaram<br />
com cerca de 200<br />
participantes e mais de<br />
40 manifestações orais<br />
em cada sessão<br />
Fotos: Divulgação/ANTT<br />
26<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
eportagem<br />
diretora da GE e representante da Abifer.<br />
O diretor executivo da ANTF, Fernando Paes, ressaltou<br />
a melhora dos índices de desempenho das ferrovias brasileiras<br />
após as privatizações. Ele também lembrou que, desde<br />
então, a iniciativa privada já investiu R$ 92 bilhões no<br />
setor. O que permitiu aumento no transporte de cargas de<br />
113% no período. “Queremos prorrogar contratos que estão<br />
dando certo. Em 2017, foram 538 milhões de toneladas. Só<br />
a EFVM é responsável sozinha por 25% de toda a carga<br />
transportada no país. Sem considerar o minério, a via transportou<br />
20% de carga geral nacional”, destacou.<br />
Outorga<br />
Como moeda de troca para a renovação antecipada do<br />
contrato da EFVM, governo federal deve exigir da Vale investimentos<br />
de R$ 2,6 bilhões para a construção da Fico<br />
– conforme proposta da ANTT, que ainda pode ser modificada<br />
em razão dos subsídios colhidos durante às audiências.<br />
A concessionária ainda poderá investir R$ 373 milhões em<br />
obras para solucionar conflitos urbanos em Minas Gerais e<br />
Espírito Santo.<br />
O valor da outorga foi questionado por políticos, representantes<br />
de associações do setor, consultores e advogados,<br />
além de moradores das regiões cortadas pelas vias da EFC e<br />
da EFVM que se manifestaram durante as audiências. “Não<br />
somos contra a renovação desde que se faça pelo preço justo”,<br />
justificou o subsecretário de Transporte do Rio de Janeiro,<br />
Delmo Pinho.<br />
Participantes também apontaram equívocos nos cálculos<br />
de demandas de carga e de tarifa de transporte de minério.<br />
“A MRS não serve de parâmetro para calcular a tarifa de<br />
transporte da Vale, pois tem custos diferentes em razão de<br />
variáveis como a topografia”, ressaltou Pinho.<br />
Apesar de se declarar favorável à renovação antecipada<br />
e aplicação da outorga na construção de novas ferrovias, o<br />
diretor operacional da Anut, Renato Voltaire Araújo, criticou<br />
pontos do relatório que considera equivocados, como<br />
a tarifa de transporte de minério e a demanda futura de carga.<br />
Segundo ele, esses dois pontos contribuem para o baixo<br />
valor da outorga. “A demanda que nos foi apresentada está<br />
estagnada. Saímos de uma carga de 24 milhões de toneladas<br />
e, 39 anos depois, estaremos movimentando praticamente a<br />
mesma quantidade?”, questionou.<br />
Briga por recursos<br />
A aplicação da outorga para construção do trecho da Fico<br />
de 383 km, entre Campinorte (GO) e Água Boa (MT), irritou<br />
mineiros, capixabas e paraenses. “Queremos a outorga<br />
livre e investida em Minas Gerais. É um consenso do governo<br />
e dos parlamentares do estado”, disse o secretário estadual<br />
de Transporte e Obras Pública, Murilo Valadares, em<br />
audiência realizada em Belo Horizonte (MG). O secretário<br />
também considerou baixo o valor da outorga. “Não somos<br />
contra a renovação. Desde que ela seja benéfica para Minas<br />
Gerais. O valor da outorga ficou muito pequeno. Fizemos<br />
uma renovação de 360 km de rodovia no estado por R$ 2<br />
bilhões”, exemplificou.<br />
Ainda na capital mineira, o secretário de Obras, Transporte<br />
e Mobilidade de Itabira, Ronaldo Lott Pires, pediu<br />
mais investimentos para a solução de conflitos urbanos em<br />
Itabira e prevenção de acidentes. “Itabira é a segunda cidade<br />
com maior risco de acidentes, perdendo apenas para<br />
Valadares”, afirmou Pires.<br />
Moradores de Itabira que estiverem presentes às audiências<br />
públicas, realizadas em Belo Horizonte e Brasília, defenderam<br />
mais investimentos para solucionar os impactos e<br />
questionaram o valor da outorga. “Somos nós que sabemos<br />
o que é respirar pó de minério. Não é justo tirar o recurso da<br />
ferrovia para outro estado antes de cuidar dos problemas locais”,<br />
destacou a líder comunitária Claudia Roza Benigna.<br />
Para interceder pela construção da Fico, o Movimento<br />
Pró-Logística de Mato Grosso levou uma comitiva de produtores<br />
do leste do estado para participar das audiências<br />
em Brasília. No evento, falaram da dificuldade de escoar a<br />
produção de grãos do estado. “Nos próximos dez anos, a região<br />
vai produzir cerca de 20 milhões de toneladas de grãos.<br />
Como vamos transportar esse volume se, hoje, já estamos<br />
com dificuldades para escoar 9 milhões de toneladas?”,<br />
questionou o produtor rural, Odir José Nicolau.<br />
“Precisamos da ferrovia para termos um frete mais adequado.<br />
É mais do que justo que a outorga seja destinada<br />
a Fico”, defendeu o diretor do Movimento Pró-Logística,<br />
Edeon Vaz Ferreira.<br />
Carajás<br />
Com a renovação, a EFC prevê no novo período de concessão<br />
investimento de mais de R$ 11,4 bilhões, dos quais<br />
28<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
R$ 243 milhões deverão ser aplicados em obras de resolução<br />
de potenciais conflitos urbanos; R$ 7,6 bilhões serão<br />
destinados à manutenção da infraestrutura e R$ 3,4 bilhões<br />
para a aquisição de frota.<br />
A proposta da ANTT chegou a um valor de R$ 2 bilhões<br />
negativos de outorga, sob a justificativa de que para antecipar<br />
a renovação é necessário amortizar mais de R$ 18 bilhões em<br />
investimentos feitos pela Vale na duplicação da EFC. Pelo relatório<br />
da agência, o valor seria zerado em caso de renovação.<br />
Representantes do governo do Pará questionaram os dados<br />
apontados pela agência reguladora e pediram mais tempo<br />
para debater a questão da outorga da Carajás. “Uma ferrovia<br />
do tamanho da Carajás, com garantia de cargas, terá<br />
outorga negativa? É vantajoso fazer uma renovação assim,<br />
de graça?”, questionou o secretário de Desenvolvimento<br />
Econômico do estado, Eduardo Leão.<br />
Segundo o procurador do estado do Pará, Ophir Cavalcante<br />
Júnior, os investimentos advindos da possível outorga<br />
só poderiam ser investidos na expansão ferroviária local. O<br />
procurador acusou o governo federal de colocar os estados<br />
uns contra os outros na briga por recursos. Disse que faltou<br />
transparência na condução do processo de renovação<br />
feito às pressas. Cavalcante questionou a legitimidade do<br />
governo federal de antecipar em dez anos a renovação de<br />
concessão, ainda mais em fim de gestão.<br />
O governo do Pará entrou como parte interessada na<br />
Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pela<br />
Procuradora-Geral da República Raquel Dodge contra a Lei<br />
13.448, que regula as renovações. O governo estadual pede<br />
a paralisação do processo de concessão até que o Supremo<br />
Tribunal Federal julgue o mérito da ação. “Se as projeções<br />
considerassem o final do contrato em 2027, a Vale não seria<br />
credora, mas sim devedora do estado brasileiro”, ressaltou o<br />
procurador se referindo aos investimentos que precisariam<br />
ser indenizados antes da prorrogação.<br />
Parabéns pelos 75 anos de uma história que<br />
se funde com a história da ferrovia brasileira.<br />
Uma homenagem da Fitassul.
eportagem<br />
Fotos: Divulgação<br />
Investigação<br />
em Manaus<br />
Justiça apura repasse ilegal de verba a<br />
consórcio responsável por monotrilho<br />
que nunca entrou em obras<br />
Por Thaise Constancio<br />
Seis anos depois de terem assinado um contrato<br />
para a elaboração do projeto executivo, construção<br />
e implantação do monotrilho de Manaus –<br />
obra prevista para a Copa do Mundo de 2014<br />
–, o governo do estado do Amazonas e o consórcio Monotrilho<br />
Manaus ainda enfrentam um imbróglio na Justiça. O<br />
motivo é a suspeita de irregularidades no repasse de verbas<br />
ao grupo de empresas formado pela CR Almeida Engenharia<br />
de Obras, Mendes Júnior Trading e Engenharia e Scomi<br />
Engineering BHD. Com base nessa hipótese, o Ministério<br />
Público do Estado do Amazonas (MP-AM) abriu inquérito<br />
civil público em julho deste ano. O contrato, assinado em<br />
janeiro de 2012, foi orçado em R$ 1,46 bilhão (R$ 600 milhões<br />
seriam financiados pela Caixa Econômica Federal e o<br />
restante investidos pelo governo estadual).<br />
A última previsão era que o sistema tivesse 15,5 km<br />
de extensão e nove estações entre o bairro Jorge Teixeira,<br />
na Zona Norte, e o Centro de Manaus, passando pelo entorno<br />
da Arena da Amazônia, estádio construído para os<br />
jogos da Copa. De acordo com o Portal da Transparência<br />
do governo do Amazonas, em 2013, o consórcio chegou<br />
a receber R$ 12,44 milhões para iniciar as obras, que efetivamente<br />
nunca saíram do papel. A Scomi teria recebido<br />
R$ 5,9 milhões; CR Almeida, R$ 3,73 milhões, e Mendes<br />
Júnior R$ 2,8 milhões.<br />
30<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong><br />
O MP-AM afirma no processo, no entanto, que não<br />
houve prestação de serviço que justificasse tal valor. Em<br />
julho deste ano, o promotor Edilson Queiroz Martins instaurou<br />
um Procedimento Preparatório em Inquérito Civil<br />
para apurar eventuais irregularidades na contratação do<br />
consórcio. Na portaria de abertura do inquérito, ele afirma<br />
que apesar do “vultoso valor de R$ 1,46 bilhão”, é<br />
“fato público e notório de que tal obra não foi realizada<br />
(...) e que compete à Promotoria de Justiça Especializada<br />
a apuração de fatos que caracterizem atos de improbidade<br />
administrativa, e dano ao erário”.<br />
Procurado pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>, o consórcio afirmou<br />
que, até outubro de 2013, quando o contrato foi<br />
suspenso pela Justiça Federal do Amazonas, realizou<br />
“sondagens ao longo do traçado [do monotrilho] para<br />
elaboração e detalhamento do projeto executivo das<br />
obras civis e do material rodante”. O consórcio de construtoras<br />
afirma, ainda, que os serviços “foram devidamente<br />
executados, atestados e medidos. Os valores relacionados<br />
aos reajustes [do contrato] e à oitava medição,<br />
encontram-se em aberto. Neste momento não há negociações<br />
para retomada das obras e serviços do contrato”,<br />
finaliza em nota.<br />
Sobre o assunto, o governo do estado prefere se calar.<br />
Por meio de nota, a secretaria de Estado de Infraestrutura
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do Amazonas (Seinfra-AM) informou apenas que o projeto<br />
é de gestões passadas e “não foi adiante”, sem especificar<br />
se o contrato encontra-se suspenso ou<br />
cancelado. O monotrilho de Manaus, no<br />
entanto, já foi enterrado pelo governo<br />
federal. Em janeiro de 2017, o Ministério<br />
das Cidades tornou o processo sem<br />
valor e cancelou o acesso do governo do<br />
Amazonas a linhas de crédito do BN-<br />
DES para implantação do monotrilho.<br />
Histórico<br />
A história da construção do monotrilho<br />
de Manaus é repleta de intervenções<br />
judiciais ainda sem soluções definitivas.<br />
A proposta apresentada em 2010 era de que o<br />
sistema seria integrado com corredores de ônibus (BRT),<br />
que seriam implementados pela prefeitura local.<br />
Antes mesmo da assinatura do contrato com o consórcio,<br />
estudos da Controladoria Geral da União (CGU) já<br />
apontavam para a inviabilidade do projeto. Motivo: estado<br />
e prefeitura desenharam os projetos separadamente e não<br />
haviam se dado conta de que os projetos de monotrilho e<br />
BRT deveriam ser integrados para garantir a operacionalização<br />
dos dois sistemas. Apesar das notas técnicas da<br />
CGU apontando a inviabilidade da obra e falhas no projeto<br />
básico, o governo do estado seguiu com a licitação e<br />
assinou o contrato em 2012 – antes mesmo da autorização<br />
para o financiamento da Caixa.<br />
Em outubro de 2013, no entanto, a Justiça Federal do<br />
Amazonas , com base no estudo da Controladoria Geral da<br />
União (CGU), suspendeu o contrato e o repasse de verbas.<br />
Os canteiros para o início das obras nem chegaram a ser<br />
"De acordo com o Portal<br />
da Transparência do<br />
governo do Amazonas,<br />
em 2013, o consórcio<br />
chegou a receber R$<br />
12,44 milhões para<br />
iniciar as obras, que<br />
efetivamente nunca<br />
saíram do papel."<br />
O governo do AM chegou a divulgar imagens de como seria o monotrilho de Manaus<br />
montados pelo consórcio.<br />
As justificativas do juiz Rafael Leite Paulo, da 3ª Vara<br />
Federal, para a suspensão do contrato,<br />
foram as suspeitas de irregularidades no<br />
projeto básico, inviabilidade econômico-<br />
-financeira do modal, ausência de funcionalidade<br />
e capacidade operacional pretendida<br />
e subdimensionamento do custo<br />
de implantação do projeto. Foi apontada<br />
pela ação também a ausência de informações<br />
sobre projetos complementares<br />
necessários para as intervenções e o não<br />
atendimento de diversos requisitos legais<br />
para o início das obras.<br />
Outra preocupação da Justiça era o<br />
impacto e a consequente necessidade de adaptação do<br />
traçado do projeto no Centro Histórico de Manaus, que<br />
também não estavam previstos no documento original. Da<br />
forma como foi elaborado, o projeto poderia, sobretudo,<br />
gerar prejuízos ao patrimônio público por meio de aditivos<br />
contratuais subsequentes.<br />
A proposta apresentada pelo consórcio Monotrilho<br />
Manaus não incluía, por exemplo, de<br />
acordo com a CGU, projeto de eletrificação<br />
e de subestações para a via; projeto<br />
elétrico, estrutural, hidráulico, sanitário,<br />
telefônico, de logística e de refrigeração<br />
para as estações de passageiros. Não<br />
havia detalhamento das fundações, somente<br />
recomendações de forma padrão,<br />
perfis de sondagens e sugestões para<br />
escolha do tipo de fundação para a superestrutura;<br />
além de não ter projeto arquitetônico,<br />
estrutural e de eletrificação<br />
e de subsestações para o pátio de operações<br />
e manutenção.<br />
Consórcio e governo do Amazonas apresentaram, na<br />
época, uma série de documentos que extinguiram algumas<br />
dúvidas da Justiça, mas foram considerados “insuficientes<br />
para caracterizar o serviço que se pretendia executar”. A<br />
Justiça, então, bateu o martelo: União, estado e consórcio<br />
deveriam “se abster de praticar qualquer ato tendente<br />
a concretizar e implantar o monotrilho na cidade de Manaus”.<br />
O caso ainda segue sob análise da Justiça Federal<br />
do Amazonas: uma perita judicial atualmente avalia as<br />
provas apresentadas pelo governo do estado no processo,<br />
sem previsão de conclusão.<br />
32<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
arquivo ferroviário<br />
O VLT autônomo, modelo Siemens<br />
Combino, foi testado em uma via de 6<br />
km em Potsdam, na Alemanha, durante<br />
a Innotrans <strong>2018</strong>. O veículo é equipado<br />
com vários sensores de faixa,<br />
radares e câmeras que servem como<br />
“olhos digitais” do bonde, para a captura<br />
de informações sobre o ambiente<br />
de tráfego. Um complexo sistema de<br />
algoritmos funciona como um “cérebro”,<br />
interpretando e avaliando dados<br />
operacionais e proporcionando prognósticos<br />
para a movimentação do veículo.<br />
A inteligência artificial é a tecnologia<br />
base desse projeto, que está<br />
sendo desenvolvido em parceria com<br />
a alemã ViP Verkehrsbetrieb Potsdam GmbH. O bonde experimental<br />
ainda não é voltado para fins comerciais. O projeto tem o objetivo de<br />
identificar os desafios tecnológicos da condução autônoma em condições<br />
reais, para que testes e soluções sejam aprimorados.<br />
VEJA A FOTO AMPLIADA<br />
Divulgação/Siemens
arquivo ferroviário
capa<br />
Passado,<br />
presente<br />
e futuro<br />
Greenbrier Maxion e AmstedMaxion<br />
comemoram 75 anos da antiga<br />
Fábrica Nacional de Vagões<br />
Por Bianca Rocha<br />
Falar sobre o setor ferroviário brasileiro sem reservar<br />
um capítulo para a trajetória de 75 anos<br />
da antiga Fábrica Nacional de Vagões (FNV) –<br />
hoje Greenbrier Maxion e AmstedMaxion – é<br />
ignorar uma parte importante da história das ferrovias no<br />
país. A FNV, inaugurada incialmente no Rio de Janeiro em<br />
22 de outubro de 1943, é um marco na indústria ferroviária<br />
nacional. Primeira no Brasil dedicada à produção do<br />
material rodante, foi criada por Getulio Vargas, em meio<br />
à Segunda Guerra Mundial, quando as importações de vagões<br />
vindas dos EUA ficaram comprometidas. De lá para<br />
cá, a fábrica, transferida para Cruzeiro (SP) em 1945, se<br />
transformou, acompanhando de perto as mudanças, crises<br />
e retomadas pelas quais as ferrovias no Brasil passaram ao<br />
longo de quase um século.<br />
“Chegar aos 75 anos não é fácil para nenhuma empresa<br />
do mundo. Tem que persistir”, ressalta o presidente da<br />
Greenbrier Maxion, Eduardo Scolari. Um dos motivos<br />
que contribuíram para a vida longa da fábrica foi a diversificação<br />
do negócio, que não ficou restrito à produção de<br />
vagões/componentes ferroviários. Ao longo das décadas,<br />
passou a servir também aos setores automotivo, industrial<br />
e mobilidade urbana (a FNV chegou a fabricar TUEs e<br />
carros de passageiros em parceria com a Cobrasma, na década<br />
de 1960).<br />
Mudanças societárias também foram responsáveis<br />
por dar novo gás à fábrica. Em 1990, a gaúcha Iochpe-<br />
-Maxion assumiu o controle da FNV. Sob o comando<br />
de Ivoncy Iochpe, manteve a aposta na ferrovia, mesmo<br />
diante do esfacelamento do setor na época. Anos depois<br />
Fotos: Divulgação<br />
1943<br />
Fundada em 22 de<br />
outubro de 1943,<br />
no Rio de Janeiro, a<br />
Fábrica Nacional de<br />
Vagões S.A (FNV).<br />
1945<br />
São iniciadas as<br />
operações indústrias da<br />
FNV em Cruzeiro (SP).<br />
1946-1949<br />
Entrega de vagões fechados para EF<br />
Sorocabana; vagões tanque para a<br />
Standard Oil Company, fabricação de<br />
estruturas metálicas e vagões e aço.<br />
1952<br />
FNV passou a<br />
fabricar carros<br />
para trens<br />
elétricos.<br />
1956<br />
Inicia-se o projeto de<br />
fabricação de chassis,<br />
seguido da produção de<br />
rodas para caminhões e<br />
automóveis.<br />
36<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
veio a privatização das ferrovias de carga e uma nova<br />
sócia para a fábrica: a americana Amsted Rail, fornecedora<br />
de sistemas, material rodante e componentes. A<br />
AmstedMaxion nasceu em 2000, dando prosseguimento<br />
à produção de vagões e componentes – a partir de então,<br />
sob encomenda das concessionárias que haviam acabado<br />
de assumir as malhas.<br />
A bagagem acumulada em três quartos de século casou<br />
perfeitamente com a proposta de evolução tecnológica<br />
após a mais recente mudança societária da empresa.<br />
Em 2017, a gigante americana The Greenbrier Companies<br />
(fabricante de vagões) tornou-se acionista majoritária nas<br />
unidades ferroviárias da companhia em Hortolândia (SP),<br />
que passou a se chamar Greenbrier Maxion; e minoritária<br />
em Cruzeiro, onde a instalação – dedicada à fundição e à<br />
fabricação de componentes para truques e de rodas – permaneceu<br />
com o nome AmstedMaxion. A mudança transformou<br />
os dois complexos na maior operação integrada<br />
para o setor ferroviário da América do Sul.<br />
Scolari destaca que essas transformações contribuíram<br />
para que a companhia tivesse acesso a tecnologias<br />
de ponta, desenvolvidas por empresas líderes do mercado<br />
mundial. E também mantivesse a liderança no mercado<br />
brasileiro de vagões. Em 75 anos, a fábrica produziu 63<br />
mil vagões, o que corresponde a mais de 50% da frota que<br />
hoje opera nas malhas brasileiras (segundo o mais recente<br />
levantamento da RF, a frota nacional de vagões é de 121<br />
mil unidades). Em 2017, por exemplo, foi responsável por<br />
entregar 71% dos 2.878 vagões produzidos no ano para<br />
Rumo, MRS, VLI e Vale. O restante foi fabricado pela<br />
única concorrente brasileira hoje no segmento, a Randon.<br />
É na fábrica de Hortolândia que a empresa produz caixas<br />
de todos os tipos de vagões de carga e os monta com<br />
os componentes fundidos (truques e rodas) que chegam<br />
da AmstedMaxion, em Cruzeiro. A capacidade da instalação<br />
em Hortolândia, que também oferece às operadoras<br />
serviços de reforma e manutenção, é de 10 mil vagões,<br />
produzidos tanto para o mercado brasileiro quanto para<br />
os nossos vizinhos. A empresa finalizou há pouco tempo,<br />
por exemplo, o processo de exportação de 50 unidades do<br />
vagão gôndola GDN para o Peru, que estão sendo utilizados<br />
para o transporte de concentrado de cobre. A companhia<br />
também já exportou para o Gabão, Guiné, Venezuela,<br />
Congo, Colômbia Argentina e Arábia Saudita.<br />
Mercado brasileiro<br />
O mercado brasileiro, no entanto, é a meninas dos olhos<br />
da empresa. Com uma malha aquém das necessidades de<br />
transporte, o país não tem outra saída a não ser investir<br />
mais em suas ferrovias, aponta Scolari, que ressalta: “O<br />
setor pode ganhar mais espaço nos planos do governo, especialmente<br />
após a greve dos caminhoneiros, que expôs<br />
a fragilidade da matriz de transporte brasileira”. O executivo<br />
cita como exemplo o Plano Nacional de Logística,<br />
elaborado pelo Ministério dos Transportes em parceria<br />
com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), cuja<br />
pretensão é aumentar de 15% para 31% a participação do<br />
modal ferroviário até 2025.<br />
Outro ponto positivo e que dará gás para a indústria ferroviária<br />
nacional, na opinião de Scolari, é a renovação antecipada<br />
dos contratos de concessões das ferrovias. Desde<br />
o início da privatização, as malhas vêm aumentando o volume<br />
de carga transportada, o que impacta diretamente na<br />
demanda por novos vagões. E a tendência, de acordo com<br />
o executivo, é continuar crescendo. “O desenvolvimento<br />
do agronegócio tem gerado uma demanda importante para<br />
o setor ferroviário, que apesar de ter o minério como prin-<br />
Vagões HTH articulado produzidos pela Greenbrier Maxion<br />
1959<br />
Em 24 de fevereiro as novas<br />
e modernas instalações da<br />
FNV são inauguradas, com a<br />
presença do então presidente<br />
Juscelino Kubitschek.<br />
1965<br />
Enquanto o Brasil ainda assimilava<br />
os efeitos do Golpe Militar de 1964,<br />
a FNV completava 22 anos em<br />
plena prosperidade, com novas<br />
linhas de produtos.<br />
1970<br />
A FNV ingressa no<br />
segmento de fundidos<br />
industriais com a<br />
implantação da<br />
Fundição de Aço.<br />
1973<br />
Contrato firmado com a<br />
ROHR garantiu à empresa<br />
o fornecimento de 300<br />
chassis para os carros do<br />
metrô de Washington.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 37
capa<br />
cipal produto transportado, está cada vez mais atento ao<br />
segmento de grãos. Sem contar a carga geral, que precisa<br />
ser impulsionada nos trilhos.”<br />
Os vagões gôndola sempre estiveram à frente em termos<br />
de encomendas, mas hopper e plataforma devem<br />
ganhar mais espaço, diz o presidente da Greenbrier Maxion.<br />
Não por acaso, a empresa vem apostando no lançamento<br />
de novos modelos, com o intuito de atender às necessidades<br />
do mercado. O hopper HTH articulado, com<br />
maior capacidade de transporte de grãos comparado com<br />
HPT, é um deles.<br />
Para Scolari, o volume previsto de investimentos com a<br />
renovação dos contratos é imprescindível para a evolução<br />
do setor. De acordo com a ANTF, a estimativa é que as<br />
concessionárias invistam cerca de R$ 25 bilhões ao longo<br />
da vigência dos novos contratos. Boa parte desse volume<br />
seria aplicado na renovação da frota de vagões e locomotivas.<br />
A reforma e substituição de material rodante também<br />
ganhariam espaço, segundo a avaliação de Scolari.<br />
A Greenbrier Maxion estima que 61 mil vagões da frota<br />
brasileira apresentam design obsoleto e 32,5 mil estão sucateados<br />
e precisam ser substituídos. “Pós-renovação de<br />
contratos, a expectativa é que a partir de 2020, até 2025,<br />
19 mil novos vagões sejam encomendados pelas operadoras”,<br />
diz Scolari.<br />
Os truques produzidos na fábrica da AmstedMaxion,<br />
em Cruzeiro, são montados em Hortolândia<br />
1980<br />
A FNV inicia sua<br />
atuação no mercado<br />
de rodas ferroviárias<br />
de aço fundido, com<br />
tecnologia Griffin.<br />
38<br />
1981<br />
Mudança da<br />
razão social para<br />
FNV veículos e<br />
Equipamentos S/A<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
1983<br />
A FNV é vendida<br />
para o grupo<br />
ENGESA Engenheiros<br />
Especializados S.A.<br />
Rodas e truques de aço<br />
A AmstedMaxion tem capacidade de<br />
30 mil toneladas de peças fundidas por ano<br />
A história da planta industrial da AmstedMaxion se confunde<br />
com a da própria cidade de Cruzeiro, no interior paulista,<br />
que desde a década de 1940, cresceu e apareceu por conta<br />
da presença da fundição. Hoje, o espaço de 200 mil metros<br />
quadrados tem capacidade de produção de 85 mil rodas ferroviárias<br />
por ano e 30 mil toneladas de peças fundidas/ano. Os<br />
produtos servem aos segmentos ferroviários, de mineração e<br />
de máquinas e equipamentos para construção civil. A empresa<br />
conta com 1.087 funcionários.<br />
Ao entrar no complexo, o que chama atenção na área externa<br />
é a pilha de sucatas de aço destinada à fundição. O<br />
material é entregue principalmente por ferro-velho e sucateiros<br />
profissionais. Por dia, a fábrica funde em média 100<br />
toneladas de aço, por meio de um processo dividido em três<br />
fases: aciaria, que conta com fornos com capacidade de 12 a<br />
17 toneladas para fusão de sucatas com ferro ligas; moldagem/vazamento/desmoldagem,<br />
para a produção de moldes de<br />
areia e grafite para componentes de truques, rodas ferroviárias<br />
e equipamentos industriais; e acabamento, responsável por finalizar<br />
o produto por meio de tratamento térmico, e deixá-lo<br />
pronto para ser entregue ao cliente. Da fábrica de Cruzeiro,<br />
alguns produtos seguem para exportação (EUA) e outros são<br />
distribuídos no mercado brasileiro.
capa<br />
O número poderia trazer de volta os recordes de produção<br />
de vagões alcançados nas últimas duas décadas,<br />
como em 2011, quando chegou a 5.525 unidades. “Será<br />
a retomada da indústria ferroviária nacional”, prevê o<br />
executivo que é não é tão antigo no setor. Scolari assumiu<br />
a presidência da Greenbrier Maxion há seis anos.<br />
Acostumado com a precisão exigida quando atuava na<br />
área de tecnologia para componentes industriais, o executivo<br />
chegou a achar o processo de produção de vagões<br />
“grosseiro”. “Foi um engano. Tanto a produção como o<br />
produto final requer tecnologia, inteligência, perspicácia<br />
e eficiência, fatores que determinam o encaixe perfeito<br />
dos componentes do vagão”.<br />
Fundição & Componentes<br />
Diferentemente da fábrica de Hortolândia, visualmente<br />
mais nova em termos de estrutura (seu lançamento foi em<br />
2003), o complexo de fundição e produção de componentes<br />
para truques e rodas, em Cruzeiro, carrega marcas de<br />
Trabalho de gerações<br />
“Estou há quase 40 anos na<br />
empresa. Quando comecei a<br />
trabalhar era Fábrica Nacional de<br />
Vagões (FNV) e acompanhei todas<br />
as mudanças, os altos e baixos.<br />
A empresa esteve presente em<br />
todos os momentos da minha<br />
vida e, ao longo desses anos,<br />
crescemos juntos. Hoje posso<br />
dizer que nossa história caminha<br />
lado a lado e, acordar todos os<br />
dias e vir para Greenbrier Maxion<br />
é um prazer. O setor ferroviário me<br />
encanta, tenho orgulho de saber<br />
que faço os vagões que movem a<br />
economia do pais.”<br />
Paulo Sérgio Pupio<br />
gerente de Produção<br />
Antes e depois de um vagão reformado da Rumo, em Hortolândia<br />
“Estou há 42 anos na<br />
empresa e posso dizer que<br />
aconteceram muitas mudanças<br />
aqui, como por exemplo a<br />
produção de vagões que foi<br />
transferida para Hortolândia. Hoje<br />
sabemos que tudo isso contribuiu<br />
ainda mais para o crescimento<br />
da empresa e posso dizer que<br />
cresci junto. Comecei a trabalhar<br />
aqui quando tinha 18 anos e falo<br />
para todos que a AmstedMaxion<br />
é minha segunda família, porque<br />
promoveu meu crescimento tanto<br />
profi ssional<br />
quanto pessoal.<br />
Maury Ribeiro<br />
supervisor de Produção<br />
1990<br />
O grupo brasileiro<br />
Iochpe-Maxion<br />
assume o controle<br />
da FNV.<br />
2000<br />
De uma joint venture entre<br />
Iochpe-Maxion e o grupo<br />
americano Amsted Industries<br />
Inc., surge a AmstedMaxion.<br />
2003<br />
Início da<br />
produção de<br />
vagões em<br />
Hortolândia (SP).<br />
2007<br />
Toda a produção de<br />
vagão é transferida para<br />
Hortolândia. A unidade de<br />
Cruzeiro passa a ser focada<br />
na produção de fundidos.<br />
2016<br />
A Greenbrier<br />
adquire participação<br />
majoritária na<br />
unidade de<br />
Hortolândia.<br />
2017<br />
É criada a<br />
nova marca<br />
Greenbrier<br />
Maxion.<br />
40<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
Vagão gôndola GDU pronto para ser entregue ao cliente<br />
pouco mais de sete décadas de existência. O aspecto mais<br />
antigo do local, porém, não impede que a inovação tecnológica<br />
seja premissa por lá. Um dos carros-chefes da<br />
AmstedMaxion é o truque Motion Control, provido de<br />
adaptadores especiais de rigidez controlada (Adapter<br />
Plus), que ajudam na dinâmica de volume transportado<br />
por eixo, além de permitir ajustes de suspensão e amortecimento<br />
variável com a lotação dos vagões.<br />
Entre os clientes da AmstedMaxion está a Randon, que<br />
por não ter fundição própria, já chegou a encomendar<br />
componentes para seus vagões. “A solução Motion Control<br />
também já foi fornecida para os vagões da Randon”,<br />
salienta o diretor geral da empresa, José Santos.<br />
Ele cita algumas novidades em testes nas operadoras<br />
atualmente, como rodas fundidas para locomotivas, que<br />
desde o ano passado estão sendo testadas na MRS, VLI<br />
e Vale. Na Rumo, o produto já foi aprovado. “Até então,<br />
esse mercado só oferecia rodas forjadas para as máquinas”,<br />
comenta Santos.<br />
A AmstedMaxion produz hoje 22 mil toneladas de fundidos,<br />
sendo que 16 mil toneladas vão para o setor ferroviário<br />
na forma de componentes de truques e outras<br />
peças para vagões; e 6 mil toneladas são voltadas à área<br />
industrial. A fábrica ainda exporta 2 mil toneladas por ano<br />
para EUA e América Latina. No segmento de rodas ferroviárias,<br />
são 64 mil produzidas por ano (35% para vagões<br />
novos e o restante para reposição).<br />
A Knorr-Bremse tem o prazer de parabenizar<br />
a Greenbrier Maxion pelos seus 75 anos de sucesso.<br />
Knorr-Bremse Sistemas para<br />
Veículos Ferroviários Ltda.<br />
Rodovia Dom Gabriel Bueno Couto, km 75 (SP-300)<br />
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InnoTrans<br />
Ferrovia 4.0<br />
Maior feira<br />
ferroviária do<br />
mundo aconteceu<br />
em setembro, na<br />
Alemanha<br />
InnoTrans <strong>2018</strong> expôs o que há de novo e o<br />
que está por vir no setor ferroviário mundial<br />
Por Bianca Rocha*<br />
* Enviada especial<br />
No espaço de 200 mil metros quadrados, que<br />
abrigou 27 pavilhões e recebeu mais de 160<br />
mil visitantes em quatro dias de exposição,<br />
uma mensagem ficou clara: o futuro digital é<br />
o único caminho viável para o crescimento da indústria<br />
ferroviária e maior eficiência do transporte sobre trilhos.<br />
O recado foi dado na InnoTrans <strong>2018</strong>, que aconteceu entre<br />
os dias 18 e 21 de setembro, em Berlim, capital da Alemanha.<br />
O evento expôs o que há de mais moderno em termos<br />
de produtos e serviços, reforçando que inteligência artificial,<br />
Big Data, conectividade, autonomia e aplicativos são<br />
as ferramentas que pautam a inovação tecnológica no setor.<br />
É a ferrovia 4.0 pegando carona no conceito da indústria,<br />
para se tornar cada vez mais inteligente e precisa.<br />
A inovação tecnológica foi destacada pelas autoridades<br />
que estiveram presentes na cerimônia de abertura do<br />
evento. O ministro federal dos Transportes da Alemanha,<br />
Andreas Scheuer, referiu-se à InnoTrans como “Innovation<br />
Trans”. "A Alemanha precisa das ferrovias para poder<br />
atingir seus objetivos climáticos", disse ele, referindo-se<br />
também à questão da sustentabilidade e redução de<br />
emissão de poluentes, outro assunto em pauta no evento.<br />
A digitalização também faz parte desse processo de tornar<br />
a ferrovia mais sustentável , segundo Scheuer, "por<br />
meio do uso de aplicativos, da manutenção preditiva dos<br />
trilhos e do material rodante com o auxílio de tecnologias<br />
digitais", completou.<br />
Assim como as edições anteriores, a deste ano foi repleta<br />
de superlativos, a começar pelo recorde do número<br />
de empresas expositoras: 3.062, vindas de 61 países. No<br />
total, 146 delas foram estreantes. Na área externa, mais<br />
um dado impressionou: 155 veículos expostos, entre locomotivas,<br />
vagões, trens urbanos, de metrô e VLTs, estacionados<br />
sobre trilhos especialmente fixados para a apresentação<br />
ao vivo e a cores do material rodante. Algumas<br />
empresas ofereceram a possibilidade de test drive no local.<br />
Nos estandes<br />
As empresas foram divididas nos pavilhões de acordo<br />
com a sua área de atuação (tecnologia ferroviária; infraestrutura<br />
ferroviária; transporte público; interiores; e construção<br />
de túneis). O espaço que reuniu os fabricantes de<br />
trens de passageiros foi um dos mais concorridos pelo público.<br />
A CRRC, por exemplo, chegou disposta a mostrar<br />
ao mundo a inovação made in China. Entre outros produtos,<br />
a empresa exibiu um carro de metrô, modelo Cetrovo,<br />
o primeiro do mundo a ser fabricado com fibra carbono.<br />
Segundo executivos da chinesa, o material proporciona<br />
redução de 13% do peso da composição comparado<br />
com carros tradicionais de metrô, o que impacta na ve-<br />
42<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
locidade do trem, que pode atingir até 140 km por hora. As<br />
janelas da composição, com telas sensíveis ao toque, foram<br />
outra atração à parte.<br />
“Como um iPad gigante, eles podem ser usados para reservar<br />
ingressos e navegar na internet. Alternativamente, os operadores<br />
de trem podem usar a tela para exibir informações de entretenimento”,<br />
explicaram os gerentes do grupo, que admitem: o<br />
preço do novo modelo pode ser de duas a três vezes mais caro<br />
do que o do modelo tradicional.<br />
O ambiente interno do trem dispõe de ar condicionado e<br />
iluminação que se ajustam automaticamente com base em<br />
condições externas. As composições do modelo Cetrovo podem<br />
acoplar de dois a doze carros por composição. A novidade<br />
chamou a atenção do diretor de Operações do Metrô de São<br />
Paulo, Milton Gioia, que esteve na Alemanha e quis conhecer<br />
de perto a composição. "Ainda vamos demorar a ver esse trem<br />
circulando no Brasil, até porque existe apenas uma empresa<br />
que oferece esse tipo de composição. Mas não tenho dúvida de<br />
que esse é o futuro do transporte sobre trilhos", disse.<br />
A Hyundai-Rotem apresentou uma nova tecnologia que<br />
permite sistemas de VLTs reduzirem raios de curvatura para<br />
15 metros (tradicionalmente, o raio de curvatura de um bonde<br />
é de 25 metros). A tecnologia propõe ajustes no truque e na<br />
mecânica das rodas do trem, além de interferências na conexão<br />
entre os carros para suportar as curvas. "Os custos com<br />
desapropriações podem ser reduzidos", explicou o diretor comercial<br />
da Hyundai-Rotem no Brasil, Edyval Campanelli.<br />
O executivo também falou sobre outros projetos da empresa:<br />
“Estamos desenvolvendo um modelo de VLT movido<br />
a hidrogênio. A tecnologia usada é a mesma do carro a hidrogênio<br />
da Hyundai”.<br />
E por falar em trem movido a hidrogênio, a Alstom comemorou<br />
durante a InnoTrans o início da operação comercial do<br />
primeiro trem movido à célula de hidrogênio do mundo – o<br />
Coradia iLint, na cidade de Rotenburg, na Alemanha. O trem<br />
foi lançado na edição anterior da feira (em 2016).<br />
O abastecimento dos novos trens está sendo feito em uma<br />
estação móvel de hidrogênio, bombeado em estado gasoso<br />
para dentro dos trens a partir de um contêiner de aço de 40 pés<br />
de altura próximo aos trilhos da estação de Bremervörde.<br />
Já a Siemens apresentou na feira o primeiro VLT autônomo<br />
do mundo. A composição conta com radares e<br />
“olhos” digitais e sensores de câmera, capazes de interpretar,<br />
por meio de algoritmos, milhões de informações por<br />
segundo (veja mais informações no Arquivo Ferroviário).<br />
A Stadler e a Siemens, parceiras no consórcio Leader formado<br />
em dezembro de 2015 para a entrega de 106 trens para<br />
Futuro da mobilidade<br />
O desenvolvimento de plataformas para análise<br />
de Big Data no setor ferroviário de passageiros está<br />
sendo a aposta da Siemens. A empresa levou para<br />
a InnoTrans <strong>2018</strong> a Estação Digital, um sistema de<br />
gerenciamento de operações que tem o objetivo de<br />
melhorar a experiência do usuário e fornecer informações<br />
valiosas para o aperfeiçoamento e otimização do<br />
transporte e redução de custos das operadoras.<br />
"Esse sistema tem como diferencial a disponibilização<br />
de dados que permitem desenvolver estratégias<br />
para otimização de energia e segurança<br />
das estações, além de aumentar a capacidade<br />
de previsão do fluxo de passageiros e garantir a<br />
conectividade de usuários dentro e fora das estações",<br />
comentou Alexander Spyra, Head de Vendas<br />
e Sistemas de Gerenciamento para Comunicação<br />
<strong>Ferroviária</strong> da Siemens.<br />
A Siemens também desenvolveu em parceria com<br />
startups um aplicativo para intermodalidade. O app<br />
fornece ao passageiro todas as etapas pré e pós-viagem,<br />
como o planejamento de trajeto, busca pelo melhor<br />
preço, compra de bilhete e validação por meio de<br />
QR Code (assim como acontece no transporte aéreo)<br />
e informações sobre a viagem. A ferramenta já está<br />
sendo utilizada por 100 milhões de pessoas no mundo,<br />
na Europa, EUA e Oriente Médio.<br />
A Alstom também levou para a feira projetos ligados<br />
à digitalização, como o Iconis, que atua como um<br />
centro de controle de segurança; e o Mastria, sistema<br />
de supervisão que se assemelha a um CCO, só que<br />
multimodal, explicou o diretor geral de Sinalização da<br />
Alstom para a América Latina, Luciano Barbieri. “São<br />
dois projetos que têm o intuito de melhorar a experiência<br />
dos passageiros, bem como inovações que<br />
capacitam os operadores, permitindo-lhes aprimorar<br />
suas ofertas de transporte e atender às cidades com<br />
mais eficiência”. O Iconis já está sendo utilizado na<br />
Espanha e na América Latina (Panamá e México). Já<br />
o Maestria está em operação na Itália e França.<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 43
InnoTrans<br />
a S-Bahn Trail de Berlim, apresentou<br />
a composição de 73,6 metros<br />
de comprimento, o primeiro modelo<br />
da S-Bahn equipado com ar-<br />
-condicionado. A Siemens também<br />
expôs no evento o trem de cabine<br />
dupla RRX (Rhi-Ruhr-Express),<br />
cujo diferencial é a conectividade.<br />
As janelas são estrategicamente<br />
pensadas para melhorar o sinal de<br />
celulares durante a viagem.<br />
Segmento de carga<br />
A digitalização também chegou<br />
ao setor de carga. A Progress Rail<br />
apresentou o PR Uptime, um sistema instalado na locomotiva<br />
com o objetivo de otimizar a operação do trem,<br />
aumentar a economia de combustível e reduzir o tempo<br />
de manutenção das máquinas.<br />
A americana Greenbrier chegou à feira com alguns modelos<br />
de material rodante, entre eles um vagão plataforma<br />
fechado com porta sanfonada. O presidente da Greenbrier<br />
Maxion, Eduardo Scolari, esteve em Berlim e explicou a<br />
novidade. “Trata-se de um vagão que pode substituir o telescópico.<br />
O carregamento é por cima e a porta sanfonada<br />
A Abifer assinou com a PFP (Associação da Plataforma <strong>Ferroviária</strong><br />
Portuguesa) no dia 19 de setembro, na InnoTrans, um<br />
Memorando de Entendimento (MoU), cujo objetivo é promover<br />
a cooperação mútua em diferentes áreas do sistema de transporte<br />
ferroviário. “A primeira ação será organizar uma comitiva<br />
portuguesa para a NT Expo 2019, em março, incluindo<br />
visitas a associados da Abifer e possivelmente apresentações<br />
nos auditórios do evento”, informou Bruno Saraiva, diretor de<br />
Desenvolvimento e Pesquisa da Brastan, que participou ativamente<br />
na viabilização do protocolo.<br />
A InnoTrans também foi palco para a assinatura de outro<br />
MoU: a operadora Deutsche Bahn e a Empresa de Planejamento<br />
e Logística (EPL) firmaram acordo de cooperação com o objetivo<br />
de levar a expertise alemã para projetos ferroviários no Brasil.<br />
A ideia é reunir técnicos em seminários e workshops para<br />
discussões sobre mobilidade urbana e transporte de carga.<br />
44<br />
Acordos de cooperação<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
O estande da China Railway foi um dos mais visitados pelo público<br />
otimiza o processo de vedação".<br />
A GE Transportation apresentou um motor de alta velocidade<br />
para locomotivas, que promete economia de<br />
combustível e redução de custos operacionais. A empresa<br />
anunciou no evento também a parceria com a Qualcomm<br />
Technologies Inc., com o objetivo de equipar locomotivas<br />
com sistemas de comunicação mais avançados em termos<br />
de conectividade.<br />
Novidades em manutenção<br />
A Speno mostrou no evento a família de equipamentos<br />
MRR para correção de trilhos. A solução oferece<br />
tecnologia de medição, incluindo um sensor rotativo<br />
para a detecção de lascas, medição ótica de perfil de<br />
trilho, de perfil longitudinal, ótica de remoção de metal<br />
e de calha contínua.<br />
Os sistemas Medal e Mats foram exibidos pela Matisa.<br />
O primeiro permite o operador gerenciar, acompanhar e<br />
controlar máquinas de manutenção por meio remoto. Já o<br />
segundo, é utilizado em socadoras, para a correção geométrica<br />
da via em absoluto. A Pandrol apresentou a CD200<br />
elétrica, equipamento para fixação e retirada de grampos<br />
que dispensa o uso de combustível; e a esmerilhadora Alfa,<br />
que conta com motor de quatro tempos, que reduz o ruído.<br />
A ART lançou o Virtuos, um computador de bordo para<br />
locomotivas. A Linsinger apresentou duas máquinas de<br />
fresagem de trilhos: a MG11 (para linhas de metrô) e a SF-<br />
02T-FS (para metrôs e vias de bitola estreita). A Frauscher<br />
apresentou o Sensis, um sensor de rodas que, mesmo sob<br />
condições climáticas adversas, é capaz de obter e enviar<br />
dados sobre a via por meio de componentes digitais inspirados<br />
na Internet das Coisas.
Galeria de fotos InnoTrans <strong>2018</strong><br />
Vista aérea do Outdoor Display<br />
155 veículos foram expostos na área externa do evento<br />
Modelo Cetrovo, da CRRC, feito com fibra de carbono Estande da Amsted Rail Público conheceu as novidades na área externa<br />
Vagão tanque sendo levado para exposição<br />
Trem da Stadler/Siemens é o primeiro da S-Bahn com<br />
ar condicionado<br />
Bombardier apresentou o trem ÖBB Cityjet Talent 3<br />
Truque de três eixos da Greenbrier No estande da Talgo, miniaturas dos modelos de TAVs CAF apresentou algumas soluções em mobilidade<br />
Locomotivas híbridas, elétricas e a diesel enfileiradas Knorr-Bremse apresentou seus últimos lançamentos Trem Cetrovo, da CRRC, tem janelas touch screen
estudo de mercado<br />
Brasil tem 888 TUEs<br />
Metrô SP e CPTM contribuíram para o aumento de 5,1% da frota nacional em relação a 2017<br />
Afrota brasileira de TUEs (Trens Unidade Elétricos)<br />
atualmente é composta por 888 unidades<br />
e 4.805 carros. De acordo com o levantamento<br />
feito anualmente pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>,<br />
esses números representam aumento de 5,1% e 6,3% em<br />
relação à quantidade de TUEs e carros, respectivamente,<br />
na comparação com o ano passado. CPTM e Metrô de São<br />
Paulo foram os únicos a apresentar crescimento da frota<br />
entre 2017 e <strong>2018</strong>.<br />
O Metrô de SP passou de 176 para 202 TUEs e de<br />
1.061 para 1.224 carros entre 2017 e este ano. Segundo<br />
informações da companhia, o aumento aconteceu, em<br />
parte, pela chegada das últimas unidades modernizadas<br />
pelo programa do governo estadual, que teve início em<br />
2009 (veja mais na seção Suprimentos, págs. 52 a 55).<br />
A conclusão de algumas encomendas também contribuiu<br />
para o incremento de trens nos pátios da operadora: a<br />
CAF fabricou 26 trens para a linha 5-Lilás e a Bombardier<br />
foi responsável pela produção de 27 monotrilhos<br />
para a Linha 15-Prata.<br />
Os números do Metrô de São Paulo só não são maiores<br />
do que os da CPTM, que continua<br />
contabilizando a maior frota<br />
do país, com 205 TUEs e 1.560<br />
carros. Desde 2016, a companhia<br />
vem recebendo novos trens,<br />
cujas encomendas totalizaram<br />
65 composições (35 da CAF e 30<br />
da Hyundai-Rotem). Atualmente,<br />
faltam chegar dois trens da<br />
CAF, série 8.500, e 13 composições<br />
da Hyundai-Rotem (série<br />
9.500). Em 2019, a CPTM deve<br />
começar a receber oito trens de<br />
oito carros encomendados ao<br />
consórcio Temoinsa/Sifang, para<br />
a Linha 13-Jade.<br />
Outra operadora que espera a<br />
chegada de novos trens é a Super-<br />
Via. Até o fim desse ano, a Alstom<br />
deve concluir a entrega de<br />
seis composições de oito carros<br />
Trem da Alstom, série 5.000, está em testes na SuperVia<br />
CPTM encomendou 30 trens à Hyundai-Rotem (série 9.500)<br />
Fotos: Divulgação<br />
cada, adquiridas pelo governo do Rio. As unidades estão<br />
sendo fabricadas na unidade da Lapa, em São Paulo. Dois<br />
desses trens já estão passando por testes. Essas composições<br />
não foram contabilizadas nas tabelas.<br />
A Trensurb, de Porto Alegre, enfrenta problemas com<br />
a frota de 15 trens entregues pelo consórcio FrotaPoa<br />
(Alstom e CAF). As composições apresentaram problemas<br />
desde abril de 2016, sendo<br />
o principal deles a infiltração de<br />
umidade nas caixas de rolamentos.<br />
As unidades encontram-se<br />
em processo de recall/trabalhos<br />
corretivos cobertos pela garantia<br />
do fornecedor. No momento, a<br />
operadora conta com nove desses<br />
trens liberados para operar. Os<br />
outros seis devem ser liberados<br />
até o fim desse ano.<br />
Sobre os dois trens inativos de<br />
sua frota, o Metrô de Brasília esclareceu<br />
que uma unidade da série<br />
1.000 aguarda a conclusão do<br />
projeto básico para a contratação<br />
de reparos na caixa que sofreu<br />
incêndio. O outro, que é da série<br />
2.000, está fora de operação devido<br />
à necessidade de aquisição<br />
de sobressalentes.<br />
46<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
FROTA NACIONAL DE TRENS UNIDADE ELÉTRICOS (TUEs)<br />
Operadora<br />
Frota Ativa Frota Inativa Frota Total TUEs Frota Total Carros<br />
2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong> 2017 <strong>2018</strong><br />
Metrô Rio 64 64 0 0 64 64 386 386<br />
CPTM (SP) 184 205 0 0 184 205 1406 1560<br />
Metrô BH (CBTU) 27 30 4 5 35 35 140 140<br />
Metrô DF 31 30 1 2 32 32 128 128<br />
Metrô Recife (CBTU) 31 29 9 11 40 40 160 160<br />
Metrô SP 176 202 0 0 176 202 1061 1224<br />
Metrofor 25 25 0 0 25 25 75 75<br />
Supervia (RJ) 198 193 3 4 201 197 800 788<br />
Trens Urbanos de Salvador 4 4 4 4 8 8 24 24<br />
Trensurb Porto Alegre 26 33 14 7 40 40 160 160<br />
Metrô de Salvador 35 40 5 0 40 40 160 160<br />
Total 801 855 40 33 845 888 4.500 4.805<br />
Fonte: Operadoras<br />
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Modelo/Série Potência Fabricante Origem<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa *<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
108/ 198 – Frota A 3000 kW Mafersa/ Budd Brasil 1974/1978 0 0 0 0<br />
Milênio – Frota E 3552 kW Alstom Brasil 1999 11 0 11 66<br />
Frota D 3360 kW Mafersa Brasil 1984 0 0 0 0<br />
A48 – Frota F 4560 kW Alstom Brasil 2002 8 0 8 48<br />
A96 – Frota G 4320 kW Alstom Brasil 2009 16 0 16 96<br />
Frota H 3360 kW CAF Brasil 2010 17 0 17 102<br />
Frota I 4320 kW<br />
Frota J<br />
Frota L<br />
Frota K<br />
3600 kW<br />
4320 kW<br />
5280 kW<br />
MODERTREM Consórcio das<br />
empresas Alstom e Siemens<br />
BTT Consórcio das<br />
empresas Bombardier,<br />
Tejofran e Termoinsa<br />
REFORMAS METRÔ<br />
Consórcio das empresas<br />
Alstom e IESA<br />
MTTRENS Consórcio das<br />
empresas MPE, Trans e<br />
Termoinsa<br />
Brasil 2011 25 0 25 150<br />
Brasil 2011 26 0 26 156<br />
Brasil 2011 22 0 22 132<br />
Brasil 2010 25 0 25 150<br />
Frota P 4440 kW CAF Brasil 2013 26 0 26 156<br />
Frota M 1589 kW Bombardier Brasil 2013 12 0 12 84<br />
Série Única** 3960 kW Siemens/ Hyudai Rotem<br />
Coreia<br />
do Sul<br />
2009/2010 14 0 14 84<br />
Total 202 0 202 1.224<br />
Fonte: Metrô SP<br />
*O Metrô de SP não tem frota inativa<br />
**Tabela atualizada com exceção da Série Única, que não é de responsabilide do Metrô de SP<br />
Modelo/<br />
Série<br />
Potência<br />
trem (kW)<br />
CPTM<br />
Fabricante Origem Ano Fabricação<br />
Frota Total<br />
Trens -<br />
Operacional<br />
Frota Total<br />
Carros -<br />
Operacional<br />
1100 1.186 Budd / Mafersa EUA 1956 / 1957 0 0<br />
1400 1.192 Budd / Mafersa Brasil 1976 / 1977 0 0<br />
1600 1.157 Budd / Mafersa Brasil 1978 0 0<br />
1700 2.360 Mafersa Brasil 1987 9 72<br />
2000 2.658 CAF / ADTranz / Alstom Espanha 1999 15 120<br />
2070 2.742 Alstom / Bombardier / CAF Brasil 2008 5 40<br />
2100 1.275 CAF Espanha 1974 / 1977 24 144<br />
3000 2.344 Siemens Alemanha 2000 4 32<br />
4400 1.196 FNV / COBRASMA EUA 1965 4 24<br />
5400 864 CCTU França 1978 6 24<br />
5550 2.087 ACEC (Mod. BT Brasil) Portugal 1979 / 1980 0 0<br />
7000 2.414 CAF Espanha / Brasil 2009 37 296<br />
7500 2.414 CAF Brasil 2010 8 64<br />
8000 4.925 CAF Brasil 2011 / 2012 35 280<br />
8500 4.925 CAF Brasil 2015 32 256<br />
9000 4.944 Alstom Brasil 2012 / 2013 9 72<br />
9500 4.928 Hyundai Rotem Brasil 2015 / 2016 17 136<br />
Total 205 1.560<br />
Fonte: CPTM<br />
48<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
Modelo/<br />
Série<br />
Modelo/<br />
Série<br />
Modelo/<br />
Série<br />
200 2200 kW<br />
100 2520 kW<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Consórcio FrotaPoa<br />
(Alstom e CAF)<br />
Consórcio Nippon Shario<br />
Seizo Kaisha, Hitachi e<br />
Kawasaki Heavy Ind.<br />
Trensurb - Porto Alegre<br />
Brasil /<br />
Espanha<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
2012 8 7 15 60<br />
Japão 1983 25 0 25 100<br />
Total 33 7 40 160<br />
Fonte: Trensurb<br />
Metrô DF<br />
Ano de<br />
Frota<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Frota ativa<br />
fabricação<br />
inativa<br />
Frota total<br />
TUEs<br />
Frota total<br />
Carros<br />
1000 2235 Kw Marfesa/Alstom Brasil 1994 19 1 20 80<br />
2000 2880 Kw Alstom Brasil 2010/2011 11 1 12 48<br />
Total 30 2 32 128<br />
Fonte: Metrô DF<br />
Metrô de Belo Horizonte (CBTU)<br />
Ano de Frota<br />
Potência Fabricante Origem<br />
fabricação Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
1000 3120 Kw CAF Brasil / Alstom Brasil Espanha/ Brasil 2015 6 4 10 40<br />
100 3000 Kw Alstom/ Cobrasma França/ Brasil 1985 24 1 25 100<br />
Total 30 5 35 140<br />
Fonte: CBTU<br />
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Modelo/Série Potência Fabricante Origem<br />
500<br />
3.000 Vcc ±<br />
20%<br />
Consórcio<br />
Nippon Sharyo<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
Japão 1977 4 4 16<br />
500MP<br />
3.000 Vcc ±<br />
20%<br />
Consórcio<br />
Nippon Sharyo<br />
Japão 1977 15 15 60<br />
700 AC<br />
700TT<br />
900R<br />
900 AC<br />
2005<br />
3000<br />
4000<br />
3000N<br />
3.000 Vcc ±<br />
20%<br />
3.000 Vcc ±<br />
20%<br />
3.000 Vcc ±<br />
20%<br />
3.000 Vcc ±<br />
20%<br />
3000 Vcc +30%<br />
- 33%<br />
2000Vcc~<br />
3900Vcc<br />
2000Vcc~<br />
3600Vcc<br />
2000Vcc~<br />
3900Vcc<br />
Mafersa Brasil 1980 8 8 32<br />
Mafersa Brasil 1980 15 2 17 68<br />
Cobrasma Brasil 1981 4 4 16<br />
Cobrasma Brasil 1982 9 9 36<br />
Rotem Corea 2006 18 2 20 80<br />
CNR China 2012 30 0 30 120<br />
Alstom Brasil 2014 20 0 20 80<br />
CNR China 2015 70 0 70 280<br />
Total 193 4 197 788<br />
Fonte: SuperVia (RJ)<br />
Metrô Rio<br />
Modelo /<br />
Série<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Ano<br />
Fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
ND 560 kW Mafersa/Alstom Brasil 1978/1997 30 0 30 182<br />
ND 620 kW CNR China 2011/2012 34 0 34 204<br />
Total 64 0 64 386<br />
Fonte: MetrôRio<br />
Metrô de Recife (CBTU)<br />
Modelo/<br />
Série<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota ativa<br />
(disponível*)<br />
Frota inativa<br />
(inoperante*)<br />
Frota total<br />
TUEs<br />
Frota total<br />
Carros<br />
CISM<br />
2208 kW<br />
MAN/GEC/<br />
Santa Matilde<br />
Inglaterra/<br />
Alemanha/<br />
Brasil<br />
1985 17 8 25 100<br />
CAF 3120 kW CAF Brasil Brasil 2012 12 3 15 60<br />
Total 29 11 40 160<br />
Fonte: CBTU / Fonte das quantidades de trens disponíveis e inoperantes: GOMAR - Mapa Disponibilidade Material Rodante, consultado em 30/08/<strong>2018</strong> às 11h10min.<br />
*A empresa não usa mais os termos frota ativa e inativa. Usa os termos do manual de indicadores da CBTU: Frota Disponível e Frota Inoperante.<br />
50<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
Metrofor<br />
Modelo/<br />
Série<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
MetroStar 912 Kw Ansaldo Breda Itália 2009 a 2014 25 0 25 75<br />
Total 25 0 25 75<br />
Fonte: Metrofor<br />
Trens Urbanos de Salvador<br />
Modelo/<br />
Série<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
ACF 1000 1408 HP GE EUA 1961 2 3 5 15<br />
RMR 704 HP Toshiba Japão 1958 2 1 3 9<br />
Total 4 4 8 24<br />
Fonte: Companhia de Transportes da Bahia (CTB)<br />
Metrô de Salvador<br />
Modelo/<br />
Série<br />
Potência Fabricante Origem<br />
Ano de<br />
fabricação<br />
Frota<br />
Ativa<br />
Frota<br />
Inativa<br />
Frota Total<br />
TUEs<br />
Frota Total<br />
Carros<br />
1000 2880 KW Hyundai Rotem<br />
Coreia do<br />
Sul<br />
2008 6 0 6 24<br />
2000 2880 KW Hyundai Rotem Brasil 2014/2015 34 0 34 136<br />
Total 40 0 40 160<br />
Fonte: CCR Metrô Bahia<br />
Mapa<br />
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suprimentos<br />
Frota reformada<br />
Dos 98 trens modernizados do Metrô SP, 92 estão em circulação e seis passam por testes<br />
Por Marielly Campos<br />
Divulgação/Alstom<br />
Quatro consórcios participaram do projeto de modernização<br />
Achegada do trem J35 – antigo A35 – ao Pátio<br />
Jabaquara, do Metrô de São Paulo, no último<br />
dia 23 de agosto, marcou o fim do processo de<br />
modernização de 98 trens das frotas A, C e D,<br />
iniciado em 2009. Atualmente, 92 dessas composições<br />
estão em operação e outras seis passam pelo comissionamento,<br />
que envolve uma série de testes estáticos e dinâmicos<br />
pré-operacionais, para garantir a segurança das<br />
operações. A estimativa é que até o fim deste ano todas<br />
as composições estejam em circulação.<br />
A modernização dos TUEs custou R$ 1,75 bilhão e fez<br />
parte do Plano de Expansão do Sistema de Transporte<br />
Metropolitano do Estado de São Paulo, anunciado em<br />
2007 pelo então governador José Serra. A reforma incluiu<br />
a instalação de ar-condicionado, sistema de monitoramento<br />
por câmeras de segurança, novos sistemas de<br />
freio e de iluminação, além da atualização dos softwares<br />
de controle das composições, entre outros.<br />
Dividido em quatro lotes, os consórcios foram formados<br />
pelas principais empresas do setor, que, na época,<br />
driblavam a crise econômica internacional de 2008 com<br />
o aumento da participação no mercado brasileiro, como<br />
foi o caso da T’Trans Sistema de Transportes. “Ao<br />
mesmo tempo que assinamos contrato com o Metrô de<br />
São Paulo, atuamos em projetos do Trem do Subúrbio<br />
de Salvador, da Supervia e do bonde de Santa Teresa,<br />
no Rio de Janeiro. Estávamos também finalizando um<br />
contrato da CPTM”, relembra Massimo Giavina-Bianchi,<br />
presidente da T’Trans.<br />
Os consórcios foram compostos pelas empresas Alstom<br />
e Siemens, que formavam o Modertrem, responsável<br />
pela revitalização de 25 trens. A Bombardier, Tejofran e<br />
Temoinsa formavam o BTT, responsável por 26 composições.<br />
O Grupo MPE, a T’Trans e a Temoinsa se uniram<br />
na aliança MTTRENS, para atuar na modernização de 25<br />
TUEs. E, por fim, a Alstom, em parceria com a IESA Projetos,<br />
Equipamentos e Montagens, formava o Reformas<br />
Metrô, responsável pela renovação de 22 trens.<br />
52<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
De acordo com o Metrô, a reforma de cada trem custou<br />
cerca de 60% do valor de uma composição nova, o<br />
que justificou a opção da companhia pela modernização.<br />
“Os valores estão inseridos<br />
no contexto econômico financeiro<br />
do período em que os<br />
quatro lotes foram licitados.<br />
À época, um novo trem custava<br />
R$ 28 milhões e um trem<br />
modernizado, R$ 17 milhões”,<br />
informou a assessoria de imprensa<br />
da companhia.<br />
Os trens reformados foram<br />
divididos entre a Frota K,<br />
que presta serviços na Linha<br />
3 – Vermelha, a Frota L, que<br />
atua para a Linha 1 – Azul e<br />
as Frotas I e J, que atendem<br />
as Linhas 1 – Azul e 2 – Verde,<br />
mas, a distribuição pode<br />
ser alterada de acordo com as<br />
necessidades de cada linha,<br />
explica a companhia. Em 2017, a média mensal de passageiros<br />
transportados pelo metrô paulistano foi de 91,3<br />
milhões. Ao todo, o número total de<br />
passageiros transportado durante o ano<br />
passado foi de 1.096 bilhão, segundo<br />
informou a empresa.<br />
A título de curiosidade, os trens<br />
reformados que pertenciam às frotas<br />
A e D foram fabricados pela extinta<br />
Material Ferroviário S/A, a Mafersa,<br />
sendo a primeira (A) sob a licença da<br />
norte-americana The Budd Company.<br />
Já as composições da frota C foram<br />
produzidas pela antiga Companhia<br />
Brasileira de Materiais Ferroviários, a Cobrasma, que<br />
também foi desativada.<br />
Modertrem e Reformas Metrô<br />
Nos dois consórcios em que atuou, a Alstom foi responsável<br />
pela modernização de 47 composições. No<br />
primeiro deles, 22 trens da antiga Frota D, que operavam<br />
na Linha 3 – Vermelha, foram restaurados. No<br />
segundo, outros 25 da antiga Frota A que operavam na<br />
Linha 1- Azul, foram reformados.<br />
“No Consórcio Reforma Metrô, em parceria com a<br />
Bombardier, Tejofran e Temoinsa formaram o consórcio BTT, responsável pela reforma de 26 composições<br />
"De acordo com o<br />
Metrô, a reforma de<br />
cada trem custou cerca<br />
de 60% do valor de uma<br />
composição nova, o<br />
que justificou a opção<br />
da companhia pela<br />
modernização."<br />
Divulgação/Metrô SP<br />
IESA, a Alstom realizou a desmontagem, alteração estrutural<br />
dos carros, montagem e fornecimento de equipamentos<br />
e materiais, como revestimento, equipamentos<br />
de tração, computação de bordo e ar condicionado.<br />
No Modertrem, com a Siemens, ficou responsável pelo<br />
projeto de modernização dos trens”,<br />
diz Pierre-Emmanuel Bercaire, diretor<br />
geral da Alstom no Brasil.<br />
Em relação ao Modertrem, “a fabricação<br />
foi dividida em duas etapas: para os<br />
primeiros oito trens, a Alstom atuou na<br />
revisão da estrutura dos carros e forneceu<br />
os equipamentos de tração, portas,<br />
ar condicionado e computação de bordo.<br />
Para os demais 17 trens, realizou a desmontagem,<br />
revisão estrutural dos carros,<br />
montagem e fornecimento de todos equipamentos<br />
e materiais, exceto o revestimento interno”. As<br />
reformas feitas pela Alstom aconteceram na unidade instalada<br />
no bairro da Lapa, em São Paulo.<br />
BTT<br />
A canadense Bombardier foi uma das empresas do<br />
consórcio BTT, que atuou na modernização de 26 trens<br />
da Frota A. De acordo com o diretor comercial da companhia,<br />
Eduardo Saccaro, foram aplicadas tecnologias<br />
para aumentar a confiabilidade e a disponibilidade dos<br />
trens, incluindo melhorias nos sistemas de portas, nos<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 53
suprimentos<br />
truques, bem como o projeto e a instalação<br />
de novos interiores, cabines de comando<br />
e do novo sistema de propulsão<br />
e controle, entre outras reformas.<br />
A empresa chegou a envolver 260 trabalhadores<br />
diretos e indiretos no pico de<br />
produção. Segundo Saccaro, a reforma<br />
estendeu “a vida útil do material rodante<br />
muito além dos 30 anos usuais e aumentou<br />
sua eficiência e o custo de operação”.<br />
O Grupo Tejofran, que desde dezembro de 2012 atua<br />
no setor metroferroviário a partir da subdivisão Trail Infraestrutura,<br />
realizou cerca de 37% do escopo do projeto,<br />
explica o diretor de Engenharia, Andrigo Lobo Chiarotti.<br />
“Coube à Trail toda a logística para retirar as composições<br />
dos pátios em São Paulo e transportá-las até a oficina<br />
em Hortolândia, no interior do estado, e trazer de volta os<br />
trens já reformados”.<br />
A empresa também atuou em 80% das atividades de<br />
compra e montagem, e no fornecimento de materiais e<br />
equipamentos. Além da importação de componentes como<br />
CFTV, conversores, freios e compra de cabos elétricos.<br />
"A modernização dos<br />
TUE´S custou R$ 1,75<br />
bilhão e fez parte do<br />
Plano de Expansão do<br />
Sistema de Transporte<br />
Metropolitano do<br />
Estado de São Paulo,<br />
anunciado em 2007."<br />
MTTrens<br />
Na fábrica da T’Trans, em Três Rios,<br />
no Rio de Janeiro, os trens foram “praticamente<br />
desmontados”, conta Giavina-Bianchi.<br />
“Retiramos o equipamento<br />
elétrico, fizemos o revestimento, o truque,<br />
refizemos todo o piso em base de<br />
alumínio, a instalação de ar condicionado<br />
no teto, reforçamos a estrutura, trocamos<br />
toda a cabine de comando, fizemos um novo layout<br />
da parte interna e uma nova máscara”, relata o executivo.<br />
Ainda de acordo com o presidente da companhia, carros<br />
que tinham problemas de contra-flecha foram recuperados,<br />
além da modernização de bancos, estofamentos,<br />
portas, entre outros. “É um trem novo na parte de<br />
tração, com substituição de motor de corrente contínua<br />
alternada, o que traz ainda mais economia, melhor desempenho,<br />
acarreta menos manutenção e gasta menos<br />
energia”, completa.<br />
Procuradas pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>, a Siemens, o<br />
Grupo MPE e a Temoinsa não detalharam suas participações<br />
no projeto.<br />
Expectativa por novas encomendas<br />
Os fabricantes de carros de passageiros estão apreensivos<br />
com a falta de encomendas no mercado brasileiro. “A instabilidade<br />
econômica e política interferiu em projetos e investimentos de<br />
qualquer empresa e setor no país. O setor ferroviário, diretamente<br />
conectado com as iniciativas de políticas públicas e a capacidade<br />
de financiamento de estados e municípios, não esteve imune a<br />
essa situação, o que causou a redução do número de novos projetos”,<br />
relata o diretor geral da Alstom, Pierre-Emmanuel Bercaire.<br />
“Estamos na expectativa de que o mercado volte a crescer,<br />
prontos para a sua retomada. Mantemos nossas unidades fabris<br />
na região e estamos em busca de oportunidades no Brasil, na<br />
América Latina e em todo o mundo. Especificamente no Brasil,<br />
vemos que é necessário incentivo da esfera pública para a promoção<br />
de políticas de mobilidade urbana e infraestrutura que<br />
possam efetivamente oferecer soluções de transporte de qualidade<br />
para os cidadãos e estimular as soluções sustentáveis de<br />
locomoção. Com a abertura de licitações que estimulem a competitividade<br />
das empresas e com o investimento de bancos públicos,<br />
é possível que o setor continue a se desenvolver”, completa o<br />
executivo da Alstom.<br />
54<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
Para a Trail, o sentimento é parecido. “Hoje esse mercado de<br />
reforma de trens tem menos demanda, porque a maioria das frotas<br />
passou por modernização recente, e ainda existe a necessidade<br />
de investimentos em sinalização e fornecimento de energia. É<br />
um cenário de poucas encomendas”, afirma Chiarotti.<br />
O presidente da T’Trans espera ver a empresa voltar a crescer.<br />
“Hoje não temos nenhum contrato”, revela. Para ele, é nítido que<br />
existe atualmente uma grande necessidade de se investir em mobilidade<br />
urbana. “Falamos muito em transportes alternativos, como<br />
as bicicletas, que são extremamente úteis, mas o Brasil é preciso<br />
também ampliar os investimentos no transporte de massa”, diz.<br />
Ele espera que os próximos governantes invistam em mobilidade<br />
urbana, em sistemas como os VLTs (Veículo Leve sobre<br />
Trilhos), por exemplo. “Em Santos, litoral de São Paulo, esse tipo<br />
de transporte já conduziu cerca de seis milhões de passageiros”,<br />
afirma Giavina-Biachi. “É preciso haver uma diretriz firme [de investimentos<br />
no setor metroferroviário] e não superficial como foi<br />
até hoje”, alerta. Segundo ele, o Brasil já possui a tecnologia e<br />
está totalmente capacitado para atender a essa demanda. “Não é<br />
preciso importar, o que temos aqui é de última geração”, finaliza.
Recuperação judicial<br />
A IESA Projetos, Equipamentos e Montagens, uma<br />
das subdivisões do Grupo IESA, atuou na colocação de<br />
sistema de ar condicionado com reforço na estrutura do<br />
carro de passageiro, troca do<br />
sistema de tração (de contínua<br />
para alternada), modernização<br />
e revisão geral dos truques<br />
para receber novo sistema de<br />
tração, troca da alimentação<br />
elétrica auxiliar do trem, com<br />
instalação de novos conversores,<br />
implantação de um sistema<br />
de televisão para uso interno<br />
nos carros, colocação de<br />
um sistema de proteção contra<br />
incêndios e modernização do<br />
sistema de portas e suprimento<br />
de ar.<br />
Entretanto, dos 22 trens<br />
que a empresa deveria modernizar,<br />
nem todos foram<br />
finalizados. “Estávamos por<br />
volta do 12º trem, pouco depois da metade desse, mas,<br />
por força da conjuntura nacional e de outros fatores, a<br />
IESA entrou em recuperação judicial”, relata o gerente<br />
Luiz Alvaro Assumpção.<br />
A empresa, que também atua nos setores de geração<br />
Consórcio<br />
Modertrem<br />
BTT<br />
MTTrens<br />
Reformas<br />
Metrô<br />
Empresas<br />
Alstom e<br />
Siemens<br />
Bombardier,<br />
Tejofran e<br />
Temoinsa<br />
Grupo MPE,<br />
a T’Trans e a<br />
Temoinsa<br />
Alstom e IESA<br />
Projetos,<br />
Equipamentos<br />
e Montagens*<br />
de energia, petróleo, óleo e gás, seguiu no consórcio até<br />
2013, quando se iniciou a fase de recuperação. “Atuamos<br />
em três setores básicos que, lamentavelmente, entraram<br />
em dificuldades, por falta de investimentos na indústria<br />
A parte interna dos trens foi reformada e todos ganharam ar condicionado<br />
Divulgação/Metrô SP<br />
pela base governamental. A solução foi sentar com a Alstom,<br />
nossa parceira e especialista no setor, e renunciar ao<br />
projeto”, conta Assumpção. Na época, a IESA contava<br />
com oito mil funcionários, hoje esse número foi reduzido<br />
a 300, segundo o executivo.<br />
Veja como ficou a divisão dos consórcios:<br />
Número<br />
de Trens O que foi feito<br />
modernizados<br />
- Instalação de ar-refrigerado no salão de passageiros e cabine de condução<br />
25<br />
- Modificação da caixa do carro para realocação dos novos equipamentos no<br />
estrado e instalação de ar-refrigerado no teto<br />
26<br />
- Modernização e padronização dos salões, com novo layout de bancos,<br />
pegadores, piso e teto, modernização do sistema de portas automáticas do<br />
salão de passageiros com sistema de comando failsafe e monitoração contínua<br />
25<br />
dos sensores<br />
- Ampliação das cabines de condução e novas máscaras para os carros líderes<br />
- Substituição do sistema de propulsão por sistema inversor e motores em<br />
corrente alternada<br />
- Introdução de inversores estáticos para suprimento elétrico e carregador de<br />
baterias da alimentação de auxiliares<br />
- Introdução de novo sistema de radiocomunicação e de novos sistemas de<br />
informações audiovisuais, com emissão automática de mensagens<br />
22<br />
- Introdução de sistema de comando de controle e monitoração do estado<br />
funcional dos equipamentos por meio de data-bus<br />
- Introdução de sistema de monitoramento remoto de falhas e autodiagnóstico<br />
por meio de tecnologia wireless<br />
- Introdução de circuito fechado de imagens por vídeovigilância com<br />
monitoração remota em tempo real<br />
- Instalação de detectores de incêndio<br />
* Em processo de recuperação judicial desde 2013, a IESA Projetos, Equipamentos e Montagens atuou na reforma de apenas 13 composições<br />
Fonte: Metrô de São Paulo<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong> 55
nota técnica<br />
Aplicação de sensores de vibração e ruído<br />
nos trilhos para detecção de danos em<br />
rodas ferroviárias<br />
Francisco José Freitas Lopes<br />
Coordenação Operacional – Oficina Eletromecânica<br />
CBTU-STU/BH<br />
Como a maioria dos equipamentos de detecção de danos em rodas utilizados atualmente baseiam-se em<br />
sensores de deflexão dos trilhos, aplicando strain gauges, somente os danos de rodas que causam impactos de<br />
grande intensidade são detectados, os danos superficiais menores como escamações, provocadas pela evolução<br />
de micro trincas, não são detectadas por esses sensores. Este fato motivou a verificação da funcionalidade<br />
dos sensores de vibração e ruído para detectar também danos que causem menores impactos, os quais geram<br />
ruídos característicos nos trilhos. A identificação de danos nas rodas foi realizada pela comparação dos<br />
níveis em amplitude dos dados de rodas com danos, em relação aos dados de rodas sem nenhum dano. Sendo<br />
a confirmação desses danos detectados feita posteriormente pela inspeção visual em vala de manutenção. A<br />
coleta de dados foi executada com a instalação da instrumentação nas linhas ferroviárias da CBTU-STU/<br />
BH - Companhia Brasileira de Trens Urbanos – Superintendência de Tens Urbanos de Belo Horizonte. Ficou<br />
confirmada, que é plenamente viável, a utilização de sensores de vibração e ruído em sistema de detecção de<br />
danos de rodas ferroviárias, com tecnologia simples e de baixo custo.<br />
Palavras-chave: Danos de rodas ferroviárias, detecção de danos em rodas ferroviárias, impacto da roda ferroviária<br />
com danos sobre o trilho, sensores de vibração e ruído.<br />
56<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
1. INTRODUÇÃO<br />
Para atender as crescentes demandas de carga e de<br />
passageiros as ferrovias estão sendo cada vez mais exigidas,<br />
atingindo valores de carregamento na ordem de<br />
37,5 ton/eixo nas ferrovias de carga, com vagões com<br />
peso bruto de 150 toneladas (NABAIS, 2014). Já nas<br />
ferrovias de passageiros, metrôs e trens metropolitanos,<br />
esses valores chegam à ordem de 21 ton/eixo.<br />
Esse cenário é ainda mais agravado nas ferrovias de<br />
passageiros, quando se leva em conta a necessidade da<br />
expansão dos horários de pico e a redução do tempo de<br />
intervalo entre trens, que acarreta no aumento da frequência<br />
de tráfego, aumentando as exigências do contato<br />
roda/trilho, acelerando os processos de fadiga das<br />
rodas. Outro fator importante na análise é a variação<br />
brusca de temperatura que ocorre na roda, devido ao<br />
aquecimento pela atuação da sapata de freio contra a<br />
superfície de rolamento durante a frenagem e o seu rápido<br />
resfriamento no contato com o trilho. As variações<br />
da temperatura somadas aos esforços exercidos em uma<br />
pequena área de contato entre a roda e o trilho provocam<br />
a alteração da estrutura cristalina dos metais que<br />
compõem tanto as rodas, quanto os trilhos, causando o<br />
endurecimento de suas camadas superficiais, deixando-<br />
-as frágeis.<br />
A detecção de danos em rodas ferroviárias, quando<br />
depende da aplicação de métodos convencionais de inspeção<br />
visual, torna-se muito difícil e trabalhosa, pois os<br />
rodeiros devem ser inspecionados em vala de oficina.<br />
Outra forma convencional de detecção de danos em<br />
rodas é através da identificação de ruídos anormais durante<br />
a operação dos trens, sejam de carga ou de passageiros,<br />
onde o próprio maquinista ou um inspetor de via<br />
percebe a anomalia.<br />
Finalmente, pode-se detectar danos em rodas através<br />
da aplicação dos detectores de carga de impacto de
oda (WILD- Wheel Impact Load Detector), que são<br />
sistemas que funcionam detectando as altas cargas de<br />
impacto que ocorrem quando a área defeituosa de uma<br />
roda entra em contato com o trilho. Os sistemas convencionais<br />
utilizam tipicamente extensômetros (strain<br />
gauges), instalados na alma dos trilhos, para medir a<br />
magnitude das cargas transitórias de rolamento. (MOY-<br />
NIHAN; ENGLISH, 2007).<br />
A detecção precoce de danos nas rodas e nos trilhos<br />
através de sistemas automatizados desperta grande interesse<br />
no meio ferroviário, pois possibilita a correção<br />
com um menor grau de interferência e consequente aumento<br />
da vida útil desses componentes.<br />
Com visão nesse cenário surgiu o interesse e a motivação<br />
de se desenvolver um equipamento para a detecção<br />
automática de danos das rodas dos trens, baseado<br />
na instalação de instrumentação nos trilhos.<br />
A proposta inovadora foi de verificar a funcionalidade<br />
e a viabilidade técnica da aplicação de acelerômetros<br />
MEMS (Micro-Electro-Mechanical System)<br />
capacitivos e de microfone de eletreto, para detecção de<br />
danos da superfície de rolamento das rodas ferroviárias.<br />
Sendo os mesmos acoplados ao trilho, os sinais gerados<br />
processados e armazenados em um equipamento eletrônico,<br />
de forma a possibilitar a detecção não só os calos<br />
de rodas, como os atuais equipamentos existentes no<br />
mercado, mas que também detectasse os demais danos<br />
da superfície de rolamento, que induzam ruídos nos trilhos.<br />
Pois esses danos são igualmente importantes sob<br />
os aspectos da segurança e dos custos de manutenção.<br />
O projeto baseou-se em tecnologia nacional, confiável,<br />
simples e de baixo custo.<br />
2. DIAGNÓSTICO<br />
Os danos em rodas ferroviárias se apresentam com<br />
maior frequência na pista de rolamento, normalmente<br />
com origem em processo de fadiga. A fadiga pode ser<br />
térmica devido à frenagem, mecânica devido à carga,<br />
ou devido a ambas. (MINICUCCI, 2011).<br />
As trincas de fadiga nos materiais metálicos frequentemente<br />
se iniciam na região superficial do material,<br />
podendo em alguns casos ter sua nucleação no interior<br />
do componente devido a inclusões, interfaces e distribuição<br />
de tensões residuais. (OLIVEIRA, 2013).<br />
As tensões presentes em uma roda ferroviária podem<br />
ser causadas pelo carregamento cíclico entre roda e trilho,<br />
chamada tensão de contato, e pela variação cíclica<br />
da temperatura na roda, quando o sistema de freio<br />
de atrito é aplicado diretamente entre a sapata de freio<br />
contra a superfície de rolamento do aro da roda. (MINI-<br />
CUCCI, 2011).<br />
As tensões de contato decorrentes dos esforços<br />
mecânicos da roda contra o trilho provocam o encruamento<br />
do metal, que dá origem a um aumento
nota técnica<br />
de dureza, o que por si só resulta num incremento da<br />
resistência ao desgaste. Todavia, quando o contato<br />
ocorre com baixo deslizamento e são preponderantes<br />
as condições de fadiga de contato, a redução da tenacidade<br />
aumenta a incidência das fissuras subsuperficiais.<br />
(SOARES, 2014).<br />
3. PRINCIPAIS TIPOS DE DANOS DAS RODAS<br />
FERROVIÁRIAS<br />
3.1 Calo na roda<br />
O Calo pode ser caracterizado por uma planicidade<br />
na superfície de rolamento da roda, Figura 1-a, causado<br />
pelo travamento indevido da roda no momento<br />
da frenagem, em função do esforço de frenagem ser<br />
superior ao limite de aderência entre a roda e trilho,<br />
com consequente deslizamento. (BIAN; GU; MUR-<br />
RAY, 2016).<br />
As consequências podem ser maiores, ainda, quando<br />
ocorrem pequenos deslocamentos de giro da roda<br />
durante o travamento, causando diversos calos consecutivos,<br />
como mostrado na Figura 1-b. (DUKKIPATI;<br />
RENGUANG, 1999).<br />
variações bruscas de temperatura, que ocorrem em<br />
frenagens com travamento e pequenos deslizamentos<br />
da roda, que têm como consequência a geração de<br />
grandes quantidades de calor na interface roda-trilho.<br />
(SANTOS, 2000).<br />
Nesta região pode ser encontrada uma fina camada<br />
de martensita não revenida, que é muito mais dura e<br />
frágil do que a perlita. Na interface de ligação entre<br />
estas novas estruturas e a estrutura original mais interna,<br />
podem ser nucleadas trincas que se propagam<br />
até unirem-se umas às outras, de forma que esta nova<br />
estrutura seja expulsa da roda pelo giro normal, causando<br />
uma cavidade, conforme apresentado na Figura<br />
2 (MINICUCCI, 2011).<br />
Figura 2 – Spalling em todo o perímetro da<br />
superfície de rolamento (Fotos do autor)<br />
A outra origem do Spalling é devida à fadiga mecânica,<br />
decorrente dos impactos diversos, que esmagam<br />
algumas partes da pista de rolamento da roda com vários<br />
choques de diferentes intensidades. (MINICUC-<br />
CI, 2011).<br />
Figura 1 – a – Calo na roda ferroviária, b – Calos<br />
múltiplos e consecutivos (Fotos do autor)<br />
Os impactos causados pelos calos de rodas podem<br />
aumentar de três a quatro vezes os esforços normais<br />
sobre o trilho. (THOMPSON, 2009).<br />
3.2 SPALLING - Trincas e escamação localizada<br />
devidas à fadiga termomecânica<br />
O Spalling (escamação ou lascamento), pode ser<br />
caracterizado por uma fadiga superficial devida às<br />
3.3 SHELLING - Trincas e escamação devidas à<br />
fadiga mecânica<br />
O Shelling (descascamento), pode ser caracterizado<br />
por uma fadiga superficial devido ao alto carregamento<br />
mecânico suportado pelas rodas, sendo<br />
identificado pelo arrancamento de uma pequena<br />
parte de material da superfície de rolamento, Figura<br />
3. Esta fadiga gera trincas que ocorrem à baixa<br />
temperatura e que se propagam de forma circunferencial<br />
paralela à pista de rolamento da roda. (MI-<br />
NICUCCI, 2011).<br />
58<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
nos trilhos, foram realizadas inspeções nas rodas desses<br />
veículos, para se relacionar os registros gráficos obtidos<br />
com a situação da superfície de rolamento das rodas.<br />
O microfone e o acelerômetro foram instalados diretamente<br />
na alma do trilho, apoiado em um suporte adaptado<br />
para o teste, preso ao patim, conforme a Figura 4.<br />
Figura 3 – Shelling – Escamação da superfície<br />
de rolamento (Fotos do autor)<br />
4. DESCRIÇÃO DO PROJETO<br />
Foi desenvolvido um equipamento eletrônico, com<br />
a aplicação de um micro controlador, de forma a possibilitar<br />
o armazenamento dos dados gerados pelo acelerômetro,<br />
em uma memória eletrônica. Ao término<br />
de cada registro da passagem de um trem esses dados<br />
foram convertidos em gráfico. Para os dados de ruído,<br />
para simplificação dos testes de aplicação do microfone,<br />
foi utilizado um osciloscópio com memória digital,<br />
onde os registros de ruídos dos diversos veículos foram<br />
armazenados. Estes arquivos de imagens foram transferidos<br />
para um computador, posteriormente, foram analisados<br />
e comparados com os gráficos de aceleração.<br />
Para identificação dos danos foram realizados vários<br />
registros gráficos, de forma a se caracterizar as vibrações<br />
e ruídos causados por rodas sem nenhum dano e<br />
comparados com os registros gráficos de rodas que apresentaram<br />
danos. Para isso, após os registros coletados<br />
Figura 4 - Instrumentação do microfone<br />
e acelerômetro no trilho (Foto do autor)<br />
O microfone adotado foi o de eletreto e os acelerômetros<br />
utilizados foram o MM7361, fabricado pela empresa<br />
Freescale, e o MPU-6050, da InvenSense Inc..<br />
5. RESULTADOS<br />
Cabe lembrar que os TUEs (Trens Unidades Elé-
nota técnica<br />
tricos) da CBTU-STU/BH, são formados por quatro<br />
carros, cada carro com dois truques e cada truque com<br />
dois rodeiros, portanto, os registros de vibração referem-se<br />
à passagem de dezesseis rodeiros. A numeração<br />
aponta para a sequência dos rodeiros por truque,<br />
começando pelos rodeiros 1 e 2 e terminando nos 15 e<br />
16, respectivamente.<br />
A seguir são apresentados apenas alguns exemplos<br />
de registros.<br />
O Gráfico 1 foi gerado a partir de dados obtidos com<br />
o TUE 06 em uma linha não comercial, do Pátio São Gabriel,<br />
com velocidade em torno de 30 km/h. Ficou evidenciado<br />
que os impactos registrados são bastante homogêneos,<br />
com valores de vibração em torno de 0,5 g.<br />
Gráfico 3 – Registro com acelerômetro (MM7361)<br />
das rodas do TUE 01 (Elaborado pelo autor)<br />
O Gráfico 4 foi gerado a partir de dados registrados<br />
com um Veículo Ferroviário, o caminhão de linha VF<br />
002, com dois eixos e com carreta acoplada também de<br />
dois eixos, à velocidade de 15 km/h. Os maiores impactos<br />
foram das rodas da carreta. Após esse registro foi feita<br />
inspeção das rodas em vala e constatou-se calo nas rodas<br />
do último rodeiro da carreta, o que confirmou o gráfico<br />
levantado, Figura 5. Com este teste, também certificamos<br />
a detecção de danos em rodas de veículos leves.<br />
Gráfico 1 - Registro com acelerômetro (MPU6050)<br />
das rodas do TUE 06 (Elaborado pelo autor)<br />
O Gráfico 2 apresenta o registro do microfone, referente<br />
às rodas do mesmo TUE 06.<br />
Gráfico 4- Registro com acelerômetro (MPU6050) das rodas<br />
do VF 002 com carreta acoplada (Elaborado pelo autor)<br />
Gráfico 2 - Registro com microfone das rodas do<br />
TUE 06 (Elaborado pelo autor)<br />
Em uma inspeção feita em seguida, não foram constatados<br />
danos nas rodas desse TUE 06. Esses registros<br />
passaram a ser a referência para a comparação com os<br />
registros dos demais trens.<br />
No Gráfico 3, TUE 01, ficaram evidenciados impactos<br />
com maior intensidade nos rodeiros 5, 7, 9 e 11, com<br />
valor máximo próximo a 1,8 g.<br />
Figura 5 - Calos constatados nas rodas do último rodeiro<br />
da carreta acoplada ao VF 002 (Fotos do autor)<br />
60<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong>
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />
Para os acelerômetros MEMS capacitivos utilizados<br />
ficou comprovado que, independente do modelo, essa<br />
tecnologia pode ser utilizada na aplicação de detecção<br />
de danos grandes e médios, nas rodas ferroviárias, que<br />
provoquem vibrações nos trilhos, como é o caso dos<br />
calos e grandes escamações (Spalling).<br />
Para o microfone de eletreto, foi confirmado que o<br />
princípio de captação de ruído nos trilhos é viável para<br />
a detecção de pequenos danos nas rodas, como é o caso<br />
de escamações menores (Shelling).<br />
Considerando a pesquisa realizada, identificou-se a<br />
necessidade do desenvolvimento de estudos mais detalhados<br />
e aprofundados relacionados à aplicação de<br />
sensores na detecção de danos e falhas em rodas ferroviárias<br />
e na análise da evolução dos danos na superfície<br />
de rolamento. Isso evidencia a necessidade de maior interação<br />
e participação das operadoras ferroviárias com<br />
o meio acadêmico e vice-versa, para se obter maiores e<br />
melhores resultados na análise das causas de problemas<br />
relacionados à ferrovia e na aplicação e geração de novas<br />
tecnologias.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BIAN, J., GU, Y.T., MURRAY, M.. Numerical Study of Impact<br />
Forces on Railway Sleepers under Wheel Flat, SAGE Journals,<br />
Advances in Structural Engineering, Brisbane, Australia,<br />
7 nov. 2016.<br />
DUKKIPATI, Rao V.; DONG, Renguang. Impact Loads due<br />
to Wheel Flats and Shells, University of Illinois at Urbana-Champaign,<br />
Vehicle System Dynamics- 31:1, 1-22, International<br />
Journal of Vehicle Mechanics and Mobility, Illinois,<br />
USA, 1999.<br />
MINICUCCI, Domingos José. Rodas e eixos ferroviários conceitos<br />
básicos. MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda., Caçapava,<br />
Brasil, 2011.<br />
MOYNIHAN, Thomas W.; ENGLISH, G. W.. Railway safety<br />
technologies, Research and Traffic Group, submitted to<br />
Railway Safety Act Review Secretariat, Canadá, 2007.<br />
NABAIS, Rui José da Silva (Org.). Manual básico de Engenharia<br />
<strong>Ferroviária</strong>. São Paulo: Oficina de Textos, Brasil, 2014.<br />
OLIVEIRA, Luiz Gustavo de. Influência do processo de fabricação<br />
no comportamento mecânico de rodas ferroviárias, Tese<br />
de doutorado, UNESP, Guaratinguetá, Brasil, 2013.<br />
SANTOS, Francisco de Carvalho. Análise do Contato Roda-Trilho<br />
e sua Influência na Vida em Serviço de Rodas <strong>Ferroviária</strong>s,<br />
Dissertação de mestrado, UNICAMP, Campinas,<br />
Brasil, 2000.<br />
SOARES, André Roberto. Desenvolvimento de modelo para<br />
previsão de desgaste em contactos roda/carril de veículos<br />
ferroviários, Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências<br />
e Tecnologia, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal,<br />
2014.<br />
THOMPSON, David. Railway Noise and Vibration: Mechanisms,<br />
modelling and Means of Control, Institute of Sound and<br />
Vibration Research, Amsterdam: Elsevier, 2009.
estatísticas<br />
Início do segundo semestre em alta<br />
Transportes de carga e de passageiros apresentaram aumento no acumulado até agosto<br />
Oinício do segundo semestre foi de alta no<br />
transporte de carga por ferrovia. Com relação<br />
à movimentação em TKU, o crescimento no<br />
acumulado do ano até agosto foi 8,1%, comparando<br />
com o mesmo período de 2017. O volume em TU<br />
também apresentou evolução de 4,9% (janeiro a agosto).<br />
A conclusão do projeto de duplicação da Estrada de Ferro<br />
Carajás (EFC) pela Vale, em julho deste ano, contribuiu<br />
para que a ferrovia apresentasse crescimento em volume<br />
transportado no início do segundo semestre: 20,8% em<br />
TKU na comparação com o mesmo período do ano passado.<br />
Com números positivos nos quatro ramais que opera, a<br />
Rumo segue como destaque entre as operadoras de carga.<br />
A Ferroeste também fechou os oito primeiros meses do<br />
ano com alta de 23,9% (em TKU). Apenas três ferrovias<br />
apresentaram variação negativa em TKU no acumulado<br />
até agosto: Transnordestina (-4,3%); MRS Logística<br />
(-3,7% ) e Estrada de Ferro Vitória Minas (-6,8%).<br />
O transporte de passageiros também apresentou números<br />
positivos no início do segundo semestre deste ano. De<br />
janeiro a agosto o crescimento em volume de usuários<br />
transportado foi de 4,9%. A ViaQuatro foi uma das que se<br />
destacaram no período, apresentando evolução de 10,5%.<br />
A CPTM fechou o acumulado do ano até agosto com crescimento<br />
de 4,4%. O Metrô de São Paulo teve 1,4% nos<br />
oito primeiros meses do ano. O Metrô Rio, entretanto, registrou<br />
queda (-6,7%) no volume de passageiros transportados<br />
de janeiro a agosto desse ano.<br />
Fora do eixo Rio-São Paulo, um dos destaques foi o<br />
Metrô de Salvador, operado pela CCR Metrô Bahia, com<br />
aumento de 244%. As linhas operadas pela CBTU em Recife,<br />
Natal, João Pessoa e Salvador também fecharam o<br />
mês de agosto com números positivos. No Ceará, o Metrofor<br />
teve aumento de 31,9%.<br />
Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br<br />
Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - JULHO <strong>2018</strong><br />
Operadoras<br />
07/17 07/18<br />
Δ% Acumulado no ano até Julho<br />
Jul 18/Jul 17 2017 <strong>2018</strong> Δ%<br />
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 2.127,3 1.352,8 2.111,9 1.342,7 (0,7) (0,8) 11.641,9 7.356,1 12.649,2 8.033,1 8,7 9,2<br />
Transnordestina Log. 120,8 62,6 99,6 57,7 (17,5) (7,9) 746,5 372,2 698,5 352,5 (6,4) (5,3)<br />
E.F. Carajás 14.942,2 13.285,1 18.242,1 16.379,6 22,1 23,3 95.121,6 84.167,5 111.206,0 99.738,0 16,9 18,5<br />
E.F.V.M. 11.225,0 6.314,6 10.868,8 6.102,8 (3,2) (3,4) 75.581,3 42.941,4 70.038,0 39.195,6 (7,3) (8,7)<br />
Rumo - Malha Paulista 267,7 255,7 408,9 402,9 52,7 57,6 2.508,3 2.091,1 2.974,7 2.503,1 18,6 19,7<br />
Rumo - Malha Norte 1.853,7 2.882,6 2.187,1 3.347,8 18,0 16,1 10.883,8 16.928,7 12.775,8 19.341,2 17,4 14,3<br />
Ferroeste* 26,6 6,6 36,0 8,7 35,5 31,5 306,6 97,1 323,6 119,6 5,6 23,2<br />
FCA 3.554,1 2.426,7 3.021,0 2.098,0 (15,0) (13,5) 18.783,9 13.468,8 18.651,3 12.873,5 (0,7) (4,4)<br />
FTC 223,0 17,3 236,6 18,3 6,1 5,9 1.564,8 120,2 1.588,5 122,9 1,5 2,2<br />
MRS Logística 11.191,6 5.270,4 12.294,6 5.759,6 9,9 9,3 79.865,0 37.159,5 76.081,2 35.463,4 (4,7) (4,6)<br />
Rumo - Malha Oeste 365,4 81,8 369,4 80,2 1,1 (1,9) 2.268,4 450,3 2.475,3 495,0 9,1 9,9<br />
Ferrovia Norte-Sul 789,4 732,5 948,6 808,0 20,2 10,3 5.029,2 4.632,1 5.319,1 4.941,1 5,8 6,7<br />
Total 46.686,9 32.688,7 50.824,6 36.406,2 8,9 11,4 304.301,2 209.785,1 314.781,1 223.178,8 3,4 6,4<br />
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - AGOSTO <strong>2018</strong><br />
Operadoras<br />
08/17 08/18<br />
Δ% Acumulado no ano até Agosto<br />
Ago 18/Ago 17 2017 <strong>2018</strong> Δ%<br />
TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU TU (10³) TKU (10 6 ) TU (10³) TKU (10 6 ) TU TKU<br />
Rumo - Malha Sul 2.172,6 1.391,2 2.209,0 1.419,4 1,7 2,0 13.814,5 8.747,3 14.858,2 9.452,5 7,6 8,1<br />
Transnordestina Log. 115,9 52,2 95,7 53,6 (17,4) 2,6 862,3 424,4 794,2 406,1 (7,9) (4,3)<br />
E.F. Carajás 14.613,9 13.005,6 19.602,7 17.629,0 34,1 35,5 109.735,5 97.173,1 130.808,7 117.367,0 19,2 20,8<br />
E.F.V.M. 10.700,5 6.010,7 11.365,6 6.408,8 6,2 6,6 86.281,8 48.952,1 81.403,7 45.604,4 (5,7) (6,8)<br />
Rumo - Malha Paulista 300,9 273,0 418,8 478,6 39,2 75,3 2.809,1 2.364,1 3.393,5 2.981,7 20,8 26,1<br />
Rumo - Malha Norte 1.956,4 3.063,5 2.323,7 3.553,6 18,8 16,0 12.840,2 19.992,3 15.099,5 22.894,8 17,6 14,5<br />
Ferroeste* 13,0 3,1 19,8 4,6 52,8 47,5 319,5 100,2 343,4 124,2 7,5 23,9<br />
FCA 3.245,9 2.313,4 3.716,8 2.788,6 14,5 20,5 22.029,8 15.782,2 22.368,1 15.662,1 1,5 (0,8)<br />
FTC 232,5 18,0 265,4 20,6 14,1 14,6 1.797,3 138,2 1.853,9 143,5 3,1 3,8<br />
MRS Logística 11.879,0 5.584,5 12.102,4 5.694,9 1,9 2,0 91.744,0 42.744,1 88.183,6 41.158,2 (3,9) (3,7)<br />
Rumo - Malha Oeste 373,7 91,3 379,0 84,2 1,4 (7,8) 2.642,1 541,6 2.854,3 579,2 8,0 6,9<br />
Ferrovia Norte-Sul 812,3 770,6 750,1 718,7 (7,7) (6,7) 5.841,6 5.402,7 6.069,2 5.659,8 3,9 4,8<br />
Total 46.416,6 32.577,2 53.249,0 38.854,6 14,7 19,3 350.717,8 242.362,4 368.030,2 262.033,3 4,9 8,1<br />
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.<br />
Continua<br />
62<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong>
Continuação<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - JULHO <strong>2018</strong><br />
Operadora<br />
07/17 07/18 Δ% Acumulado no ano até Julho Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.415.019 88.117 3.523.089 89.128 3,2 1,1 627.513 641.193 2,2<br />
Via Quatro 658.132 16.165 711.060 17.862 8,0 10,5 115.201 126.415 9,7<br />
CPTM 2.640.689 68.215 2.735.928 70.092 3,6 2,8 471.608 491.091 4,1<br />
Metrô Rio 900.029 21.752 821.045 19.998 (8,8) (8,1) 150.836 140.874 (6,6)<br />
SuperVia 567.212 13.365 578.706 13.851 2,0 3,6 92.753 93.297 0,6<br />
CBTU Recife 314.216 8.470 307.495 8.068 (2,1) (4,7) 59.273 59.427 0,3<br />
Trensurb 183.510 4.709 163.285 4.240 (11,0) (10,0) 31.082 29.773 (4,2)<br />
CBTU BH 179.575 4.880 188.679 4.908 5,1 0,6 33.707 34.075 1,1<br />
Metrofor 31.170 774 35.907 903 15,2 16,6 4.417 5.943 34,5<br />
CTB Salvador 10.787 258 12.011 292 11,3 13,3 1.793 1.849 3,1<br />
CBTU João Pessoa 6.644 163 7.232 164 8,9 0,9 1.119 1.186 5,9<br />
CBTU Natal 12.982 302 12.876 306 (0,8) 1,3 1.920 2.187 13,9<br />
CBTU Maceió 1.388 31 8.106 215 484,0 589,6 513 1.568 205,8<br />
Metrô DF 116.137 3.020 119.918 3.237 3,3 7,2 21.954 22.173 1,0<br />
VLT do Cariri 1.138 23 1.560 37 37,1 59,9 37 218 485,0<br />
Metrô de Salvador 116.334 2.892 299.835 7.668 157,7 165,1 15.396 56.388 266,2<br />
VLT da Baixada Santista 20.213 562 20.520 543 1,5 (3,4) 3.157 3.881 22,9<br />
VLT de Sobral 414 12 4.410 108 965,2 833,5 64 726 1.042,1<br />
VLT Carioca 40.000 1.002 65.000 1.513 62,5 51,0 5.761 9.815 70,4<br />
Bondes de Santa Teresa 771 22 1.263 28 63,8 26,6 115 163 42,5<br />
Metrô de Teresina 6.100 134 6.700 147 9,8 9,8 931 852 (8,5)<br />
Total 9.222.460 234.868 9.624.625 243.307 4,4 3,6 1.639.145 1.723.059 5,1<br />
Fonte: Operadoras.<br />
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - AGOSTO <strong>2018</strong><br />
estatísticas<br />
Operadora<br />
08/17 08/18 Δ% Acumulado no ano até Agosto Δ%<br />
Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2016 Passag.(10³)2017 Passag.(10³)<br />
Metrô-SP 3.763.168 99.383 3.621.516 96.011 (3,8) (3,4) 726.896 737.203 1,4<br />
Via Quatro 711.807 18.064 797.470 20.844 12,0 15,4 133.265 147.259 10,5<br />
CPTM 2.798.298 74.170 2.963.958 78.946 5,9 6,4 545.777 570.037 4,4<br />
Metrô Rio 931.013 23.635 859.408 21.891 (7,7) (7,4) 174.471 162.766 (6,7)<br />
SuperVia 585.505 14.706 601.775 15.160 2,8 3,1 107.459 108.457 0,9<br />
CBTU Recife 345.046 9.480 321.104 8.871 (6,9) (6,4) 68.754 68.298 (0,7)<br />
Trensurb 193.181 5.152 179.400 4.804 (7,1) (6,8) 36.234 34.577 (4,6)<br />
CBTU BH 221.936 5.261 203.159 5.308 (8,5) 0,9 38.969 39.383 1,1<br />
Metrofor 32.464 851 38.528 1.007 18,7 18,4 5.268 6.949 31,9<br />
CTB Salvador 12.083 305 12.292 311 1,7 2,0 2.098 2.161 3,0<br />
CBTU João Pessoa 7.196 176 6.912 171 (3,9) (2,7) 1.296 1.357 4,8<br />
CBTU Natal 13.164 345 13.465 347 2,3 0,7 2.265 2.534 11,9<br />
CBTU Maceió 4.510 117 9.696 235 115,0 100,7 630 1.804 186,3<br />
Metrô DF 137.356 3.709 151.362 4.087 10,2 10,2 25.663 26.260 2,3<br />
VLT do Cariri 1.245 34 1.781 43 43,1 28,7 71 261 268,6<br />
Metrô de Salvador 131.154 3.504 323.077 8.713 146,3 148,7 18.901 65.101 244,4<br />
VLT da Baixada Santista 20.429 563 23.398 631 14,5 12,2 3.720 4.512 21,3<br />
VLT de Sobral 635 17 5.474 144 762,0 747,1 81 870 980,0<br />
VLT Carioca 40.000 1.035 65.000 1.637 62,5 58,2 6.796 11.452 68,5<br />
Bondes de Santa Teresa 694 19 1.330 29 91,6 50,2 134 193 43,6<br />
Metrô de Teresina 6.280 138 7.600 160 21,0 15,5 1.069 1.012 (5,4)<br />
Total 9.957.164 260.664 10.207.705 269.351 2,5 3,3 1.899.808 1.992.410 4,9<br />
Fonte: Operadoras.
artigo<br />
O cavalo está<br />
passando selado<br />
VENILTON TADINI,<br />
Presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib)<br />
64<br />
REVISTA FERROVIÁRIA | SETEmbRO/OuTubRO DE <strong>2018</strong><br />
OBrasil investe em ferrovias. Mas investe<br />
pouco diante da necessidade. Desde a década<br />
de 1990, quando ocorreu o processo de<br />
concessão e arrendamento da antiga malha<br />
férrea pública, foram aplicados pelas concessionárias<br />
mais de R$ 90 bilhões em valores atualizados. Os recursos<br />
propiciaram crescimento de 173% na produção<br />
ferroviária e de 128 vezes no transporte de contêineres.<br />
Os acidentes caíram 86%.<br />
Esses investimentos claramente não foram suficientes<br />
para transformar definitivamente a matriz de transporte<br />
de cargas. O modelo implantado à época foi exitoso em<br />
estancar prejuízos e endividamento da gestão púbica e em<br />
melhorar a prestação de serviços. Mas não foi suficiente<br />
para compelir agentes públicos e privados a expandir a<br />
malha na dimensão necessária.<br />
Há a necessidade de mudar e o cavalo está passando<br />
selado diante das autoridades públicas. Os atuais contratos<br />
ainda têm validade por mais dez anos, no mínimo, e<br />
há a oportunidade de modernizar o modelo, as regras,<br />
as exigências e os incentivos para o investimento. Em<br />
resumo, a diretriz é se apoiar nas autorizações da Lei<br />
13.448/2017 e na possibilidade de prorrogação prevista<br />
nos atuais contratos.<br />
Com esse arcabouço legal, a política pública propõe<br />
mais um período de concessão às empresas operadoras<br />
mediante novos investimentos que garantam modernização<br />
da malha e da frota atual e expansão da rede, com<br />
a construção de novos trechos ferroviários por meio do<br />
mecanismo de investimento cruzado (investimentos em<br />
ramais fora da área de influência da concessão). Além disso,<br />
os contratos podem ser modernizados, incorporando<br />
regras mais aderentes à realidade setorial e econômica.<br />
O processo decisório para efetivar a prorrogação antecipada<br />
das concessões depende da autorização de diversas<br />
autoridades: agência reguladora, ministério setorial e órgãos<br />
de controle. Audiências públicas colhem avaliações<br />
da sociedade e outros entes públicos e privados contribuem<br />
sistematicamente.<br />
O primeiro caso em avaliação é o da prorrogação da<br />
Malha Paulista. Após três anos e meio e milhares de<br />
páginas de documentos e estudos, a ANTT deu aval favorável<br />
à prorrogação. Ministério e TCU ainda vão deliberar.<br />
Outros processos de prorrogação de concessões<br />
já trilham os procedimentos obrigatórios, como audiências<br />
públicas.<br />
A sociedade não pode ficar à margem deste processo,<br />
que é público, transparente e democrático. Ela é e será,<br />
direta ou indiretamente, a principal beneficiada pelas<br />
prorrogações antecipadas das concessões e pelos novos<br />
investimentos. A mais recente greve dos caminhoneiros<br />
demonstrou as consequências para um país sem ferrovias<br />
para o transporte de bens essenciais.<br />
A prorrogação garante arcabouço regulatório e segurança<br />
jurídica para investimentos privados na malha férrea<br />
que podem superar R$ 40 bilhões. Serão decisivos para<br />
ampliar a participação das ferrovias no transporte de cargas<br />
– de 15% atualmente para 31% até 2025, cenário que<br />
inclui conclusão de outros projetos ferroviários listados no<br />
Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). O custo de<br />
transportes pode ser reduzido em 10,4%. O cavalo está<br />
passando selado. Pode ser que ele não passe outra vez.
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foto do mês<br />
Vagão plataforma, modelo PET, incluído no<br />
primeiro lote produzido na nova fábrica da<br />
Randon, em Araraquara (SP), e entregue para<br />
a mRS, em julho. O modelo PET foi projetado<br />
para o transporte de materiais siderúrgicos<br />
e contêineres de 20 e 40 pés. O vagão tem<br />
Peso bruto Total (PbT) de 130 toneladas e é<br />
voltado para vias de bitola larga.<br />
Foto: m. Scalco