Revista Ferroviária Setembro/Outubro - 2018
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cartas<br />
Memória <strong>Ferroviária</strong> &<br />
Turismo Férreo<br />
Nos bons tempos da Rede <strong>Ferroviária</strong><br />
Federal S/A-RFFSA (EFCB), existiam<br />
os trens de passageiros Vera Cruz e<br />
Santa Cruz, que circulavam entre Rio-<br />
-São Paulo-Belo Horizonte, diariamente,<br />
levando considerável número de<br />
horas, saindo, simultaneamente, ida e<br />
volta, às 23h de cada gare e chegando<br />
às 8h nas capitais, quando se curtiam as<br />
belas paisagens.<br />
O jornal O Globo do dia 28 de junho<br />
<strong>2018</strong> publicou matéria, no caderno<br />
Copa-<strong>2018</strong>, página 1, sob o título:<br />
“Uma jogada transiberiana”, na qual<br />
fala das “Ferromoças”, revelando que<br />
elas são pouco educadas, ao contrário<br />
das nossas que serviam em nossos<br />
trens daquela época saudosa.<br />
O jornalista Renato Alexandrino, enviado<br />
especial do jornal, comete o mesmo<br />
engano de centenas de outros confrades<br />
de nossa mídia. Pela nomenclatura ferroviária,<br />
o veículo vagão é específico<br />
para transportar cargas; o que transporte<br />
gente, passageiro, é carro. No dizer<br />
do saudoso professor Victor José Ferreira,<br />
trem de passageiro tem alma porque<br />
transporta gente, pessoas.<br />
A página da matéria exibe que nos beliches<br />
dos carros os passageiros ficam<br />
com os pés para o lado de fora do corredor,<br />
ao contrário de nossas cabines privadas,<br />
onde os passageiro sentiam-se<br />
bastante confortáveis durante a viagem<br />
noturna. Diz ele que viajou no trem de<br />
lá, que as ferromoças não têm aquele<br />
feeling das nossas aqui, daqueles bons<br />
tempos.<br />
Há alguns anos, escrevi no Jornal do<br />
Brasil e Tribuna da Imprensa sobre os<br />
nossos saudosos trens Santa Cruz e<br />
Vera Cruz, numa versão de “no tempo e<br />
no espaço” (meu jargão). A equipagem,<br />
as ferromoças, os chefes de trens, todos<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
eram corteses para com os passageiros<br />
famosos: artistas de rádio, teatro, TV,<br />
jogadores de futebol etc. Primavam<br />
pelas boas maneiras em atender.<br />
As linhas ferroviárias, embora mal conservadas,<br />
diga-se de passagem, caso<br />
haja vontade política de nossos dirigentes,<br />
poderiam ser revitalizadas. A via<br />
permanente, os carros de aço recuperados,<br />
entre outras medidas técnico-operacionais,<br />
proporcionariam o retorno<br />
triunfal do Vera Cruz e Santa Cruz,<br />
creio, salvo melhor juízo, com pouco<br />
investimento, desde que as concessionárias<br />
MRS e FCA se disponibilizem a<br />
cooperar e abrir janelas para a circulação<br />
desses trens de passageiro-turismo,<br />
entre as três gares, a nosso juízo, perfeitamente<br />
coexistíveis, sem embargos.<br />
Os ministérios de Transporte, Cidades<br />
e de Turismo, independentes sim,<br />
mas, harmoniosamente, poderão promover<br />
e incrementar a volta do Brasil<br />
aos trilhos, neste naipe e dar a volta por<br />
cima a fim de que se tenha a circulação<br />
desses trens entre as principais capitais<br />
do Sudeste, o que já não é sem tempo,<br />
pois, lá fora, as viagens turísticas são<br />
entre cidades e capitais dos países, que<br />
administram esse ícone de fonte de renda.<br />
Por que não, aqui no Brasil gigante,<br />
deitado em berço esplêndido?<br />
Genésio Pereira dos Santos<br />
gimam@ig.com.br<br />
Projetos da Bahia<br />
Muito boa a entrevista com o diretor-<br />
-presidente da Companhia de Transportes<br />
do Estado da Bahia, Eduardo Copello.<br />
O Brasil precisa acelerar muito<br />
mais no transporte sobre trilhos, tanto<br />
de cargas como de passageiros. Obrigado<br />
por abordarem os projetos ferroviários<br />
voltados para a mobilidade urbana.<br />
Waldir Saram<br />
wsaram53@gmail.com<br />
Congratulações à FNV<br />
Parabéns aos antigos funcionários<br />
desse ícone do mercado ferroviário<br />
que foi e continua, de algum modo,<br />
sendo a Fábrica Nacional de Vagões.<br />
Ainda hoje, centenas de vagões rodam<br />
Brasil afora com a logomarca<br />
inconfundível da FNV.<br />
Renovação antecipada<br />
O grande mal do Brasil é a judicialização<br />
de tudo. As concessionárias<br />
precisam ter a garantia da renovação<br />
antecipada, para poderem continuar<br />
a investir. Se isso não acontecer,<br />
irão parar os investimentos e teremos<br />
o sucateamento das ferrovias.<br />
Parece que o MPF está a serviço do<br />
transporte rodoviário que não gosta<br />
de ferrovia.<br />
Aloizio Barros de Souza<br />
aloiziobarros@gmail.com<br />
Errata:<br />
Diferentemente do apontado na matéria<br />
“Vocação agrícola” (edição Julho/<br />
Agosto), os números de movimentação<br />
de soja em TKU no tramo norte<br />
da Ferrovia Norte-Sul são em bilhões<br />
e não em milhões<br />
(1,8 bilhões e 3,8<br />
bilhões). Já os números<br />
corretos da<br />
Ferrovia Centro-<br />
-Atlântica sobre o<br />
transporte de soja<br />
são 756 milhões<br />
de TKU em 2006<br />
e 7,3 bilhões de<br />
TKU em 2017.<br />
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