Revista Ferroviária Setembro/Outubro - 2018
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suprimentos<br />
truques, bem como o projeto e a instalação<br />
de novos interiores, cabines de comando<br />
e do novo sistema de propulsão<br />
e controle, entre outras reformas.<br />
A empresa chegou a envolver 260 trabalhadores<br />
diretos e indiretos no pico de<br />
produção. Segundo Saccaro, a reforma<br />
estendeu “a vida útil do material rodante<br />
muito além dos 30 anos usuais e aumentou<br />
sua eficiência e o custo de operação”.<br />
O Grupo Tejofran, que desde dezembro de 2012 atua<br />
no setor metroferroviário a partir da subdivisão Trail Infraestrutura,<br />
realizou cerca de 37% do escopo do projeto,<br />
explica o diretor de Engenharia, Andrigo Lobo Chiarotti.<br />
“Coube à Trail toda a logística para retirar as composições<br />
dos pátios em São Paulo e transportá-las até a oficina<br />
em Hortolândia, no interior do estado, e trazer de volta os<br />
trens já reformados”.<br />
A empresa também atuou em 80% das atividades de<br />
compra e montagem, e no fornecimento de materiais e<br />
equipamentos. Além da importação de componentes como<br />
CFTV, conversores, freios e compra de cabos elétricos.<br />
"A modernização dos<br />
TUE´S custou R$ 1,75<br />
bilhão e fez parte do<br />
Plano de Expansão do<br />
Sistema de Transporte<br />
Metropolitano do<br />
Estado de São Paulo,<br />
anunciado em 2007."<br />
MTTrens<br />
Na fábrica da T’Trans, em Três Rios,<br />
no Rio de Janeiro, os trens foram “praticamente<br />
desmontados”, conta Giavina-Bianchi.<br />
“Retiramos o equipamento<br />
elétrico, fizemos o revestimento, o truque,<br />
refizemos todo o piso em base de<br />
alumínio, a instalação de ar condicionado<br />
no teto, reforçamos a estrutura, trocamos<br />
toda a cabine de comando, fizemos um novo layout<br />
da parte interna e uma nova máscara”, relata o executivo.<br />
Ainda de acordo com o presidente da companhia, carros<br />
que tinham problemas de contra-flecha foram recuperados,<br />
além da modernização de bancos, estofamentos,<br />
portas, entre outros. “É um trem novo na parte de<br />
tração, com substituição de motor de corrente contínua<br />
alternada, o que traz ainda mais economia, melhor desempenho,<br />
acarreta menos manutenção e gasta menos<br />
energia”, completa.<br />
Procuradas pela <strong>Revista</strong> <strong>Ferroviária</strong>, a Siemens, o<br />
Grupo MPE e a Temoinsa não detalharam suas participações<br />
no projeto.<br />
Expectativa por novas encomendas<br />
Os fabricantes de carros de passageiros estão apreensivos<br />
com a falta de encomendas no mercado brasileiro. “A instabilidade<br />
econômica e política interferiu em projetos e investimentos de<br />
qualquer empresa e setor no país. O setor ferroviário, diretamente<br />
conectado com as iniciativas de políticas públicas e a capacidade<br />
de financiamento de estados e municípios, não esteve imune a<br />
essa situação, o que causou a redução do número de novos projetos”,<br />
relata o diretor geral da Alstom, Pierre-Emmanuel Bercaire.<br />
“Estamos na expectativa de que o mercado volte a crescer,<br />
prontos para a sua retomada. Mantemos nossas unidades fabris<br />
na região e estamos em busca de oportunidades no Brasil, na<br />
América Latina e em todo o mundo. Especificamente no Brasil,<br />
vemos que é necessário incentivo da esfera pública para a promoção<br />
de políticas de mobilidade urbana e infraestrutura que<br />
possam efetivamente oferecer soluções de transporte de qualidade<br />
para os cidadãos e estimular as soluções sustentáveis de<br />
locomoção. Com a abertura de licitações que estimulem a competitividade<br />
das empresas e com o investimento de bancos públicos,<br />
é possível que o setor continue a se desenvolver”, completa o<br />
executivo da Alstom.<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Setembro</strong>/<strong>Outubro</strong> DE <strong>2018</strong><br />
Para a Trail, o sentimento é parecido. “Hoje esse mercado de<br />
reforma de trens tem menos demanda, porque a maioria das frotas<br />
passou por modernização recente, e ainda existe a necessidade<br />
de investimentos em sinalização e fornecimento de energia. É<br />
um cenário de poucas encomendas”, afirma Chiarotti.<br />
O presidente da T’Trans espera ver a empresa voltar a crescer.<br />
“Hoje não temos nenhum contrato”, revela. Para ele, é nítido que<br />
existe atualmente uma grande necessidade de se investir em mobilidade<br />
urbana. “Falamos muito em transportes alternativos, como<br />
as bicicletas, que são extremamente úteis, mas o Brasil é preciso<br />
também ampliar os investimentos no transporte de massa”, diz.<br />
Ele espera que os próximos governantes invistam em mobilidade<br />
urbana, em sistemas como os VLTs (Veículo Leve sobre<br />
Trilhos), por exemplo. “Em Santos, litoral de São Paulo, esse tipo<br />
de transporte já conduziu cerca de seis milhões de passageiros”,<br />
afirma Giavina-Biachi. “É preciso haver uma diretriz firme [de investimentos<br />
no setor metroferroviário] e não superficial como foi<br />
até hoje”, alerta. Segundo ele, o Brasil já possui a tecnologia e<br />
está totalmente capacitado para atender a essa demanda. “Não é<br />
preciso importar, o que temos aqui é de última geração”, finaliza.