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REVISTA AUGE - EDIÇÃO 26

Chegamos à edição 26 da Revista Auge, e nela trouxemos matérias muito interessantes, que, com certeza, vão somar na vida dos nossos leitores. Neste periódico, você terá em mãos um produto repleto de informações. Começando pelos depoimentos de nossos clientes, ainda em comemoração aos cinco anos de Revista Auge no Recôncavo Baiano e demais regiões. Em saúde, vamos falar sobre Check-up Vascular, Menopausa e Dente Siso. Novidade é com a gente. Lançamos duas novas sessões na revista: O Acontece em Saj, mostrando um festival chamado Pint Of Science, que irá acontecer na cidade; e Homenagem, falando sobre o dia internacional da Síndrome de Down. Nesta edição, também teremos duas matérias especiais: Senhoras de Si - dez mulheres notáveis e atuantes em Saj; e Quem dera perpétua, contando a história da Escola Félix Gaspar. Em iCasei, dois casamentos lindos e super emocionantes, não deixem de ler! Como não poderia faltar, nosso parceiro SEBRAE apresentando suas ações em Gestão e Consultoria, tanto na cidade de Santo Antônio de Jesus, como no Morro de São Paulo. Desejamos a todos uma ótima leitura! By Gleyson Silva - Diretor

Chegamos à edição 26 da Revista Auge, e nela trouxemos
matérias muito interessantes, que, com certeza,
vão somar na vida dos nossos leitores. Neste periódico,
você terá em mãos um produto repleto de informações.
Começando pelos depoimentos de nossos clientes, ainda
em comemoração aos cinco anos de Revista Auge no
Recôncavo Baiano e demais regiões. Em saúde, vamos
falar sobre Check-up Vascular, Menopausa e Dente
Siso. Novidade é com a gente. Lançamos duas novas
sessões na revista: O Acontece em Saj, mostrando um
festival chamado Pint Of Science, que irá acontecer na
cidade; e Homenagem, falando sobre o dia internacional
da Síndrome de Down. Nesta edição, também teremos
duas matérias especiais: Senhoras de Si - dez mulheres
notáveis e atuantes em Saj; e Quem dera perpétua, contando
a história da Escola Félix Gaspar. Em iCasei, dois
casamentos lindos e super emocionantes, não deixem
de ler! Como não poderia faltar, nosso parceiro SEBRAE
apresentando suas ações em Gestão e Consultoria, tanto
na cidade de Santo Antônio de Jesus, como no Morro
de São Paulo.
Desejamos a todos uma ótima leitura!

By Gleyson Silva - Diretor

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O QUE VEM A SEGUIR<br />

A docente Maria das Graças<br />

Reis, que cresceu numa casa vizinha<br />

ao Félix, conta que durante<br />

a infância pulava o muro da<br />

escola pra jogar bola no pátio.<br />

Ali era surpreendida pela diretora<br />

Marita Amâncio, mas sempre<br />

encarava o fato na esportiva.<br />

Ela relembra os tempos áureos<br />

em que o Félix realizava desfiles,<br />

competições de quadrilhas<br />

e outras atividades artísticas,<br />

culturais e cívicas.<br />

É também fresca na memória<br />

da professora Maria das<br />

Graças, carinhosamente chamada<br />

de Gal, a lembrança de<br />

já ter ouvido, há pelo menos 20<br />

anos, a ideia de desapropriar o<br />

imóvel, remanejar os alunos e<br />

transformar a escola em sede<br />

do NTE 21. Embora faça sentido,<br />

já que o argumento, ela diz,<br />

seria economizar com o aluguel<br />

do local onde está hoje o NTE<br />

21, no Shopping Itaguari, essa<br />

informação não foi confirmada<br />

pela SEC. O destino do prédio é,<br />

afinal, de responsabilidade do<br />

governo estadual.<br />

Ainda conforme a SEC, o prédio<br />

onde funcionava a escola será<br />

reformado e utilizado pelo Estado,<br />

mas não está claro qual será<br />

o seu uso, nem o Diário Oficial<br />

que descredencia a escola traz,<br />

pistas sobre isso. “Técnicos da<br />

Secretaria da Educação do<br />

Estado já realizaram o levantamento<br />

das necessidades<br />

de infraestrutura do imóvel e<br />

estão trabalhando na elaboração<br />

do projeto para reforma”,<br />

continuou a SEC.<br />

Na última semana de fevereiro,<br />

a escola ainda abrigava livros<br />

didáticos e outros documentos<br />

administrativos, incluindo<br />

um livro ata, considerado raro<br />

registro entre os arquivos que a<br />

escola preserva sobre a própria<br />

história. No entanto, já na<br />

primeira semana de março, a<br />

<strong>AUGE</strong> flagrou descarte de materiais<br />

dentro de envelopes cor<br />

laranja, no pátio da instituição.<br />

Para o professor Clóvis Ezequiel,<br />

é importante que o nome<br />

do prédio possa ser mantido<br />

e, talvez, se tornar um centro<br />

de cultura e arte ou acervo.<br />

“Numa área dessas não vai<br />

faltar quem tenha ideias mirabolantes<br />

para construir um<br />

edifício e é aí que temos que<br />

ter cuidado. Como não há uma<br />

política de conservação, uma<br />

vez abandonado, aumenta o<br />

argumento de quem prefere<br />

a modernidade”, opina. “A<br />

juventude tem que cobrar,<br />

seja do prefeito, ou ver com<br />

o estado o destino”, conclui.<br />

REFERÊNCIA HISTÓRICA<br />

Maria das Graças de Andrade<br />

Leal, doutora em História Social<br />

e docente na Universidade do<br />

Estado da Bahia (Uneb) Campus<br />

V ministra uma disciplina<br />

para alunos do oitavo semestre<br />

do curso de História chamada<br />

“Patrimônio, documento e memória”.<br />

Em sala, sensibiliza os<br />

estudantes para que adensem<br />

o seu olhar para as histórias e<br />

patrimônios locais e irá sugerir<br />

que estudem a história do Félix<br />

Gaspar.<br />

De acordo com Leal, o imóvel<br />

onde funcionava o Félix denota<br />

uma arquitetura de época,<br />

simples e sem grandes rebuscamentos.<br />

“A arquitetura dos<br />

anos 1920 não é considerada<br />

pela tradição como uma arquitetura<br />

a ser tombada, só do<br />

século 19 para trás”, explica.<br />

No entanto, observa que a comunidade<br />

ou a prefeitura pode<br />

requerer ao Instituto do Patrimônio<br />

Artístico e Cultural da<br />

Bahia (IPAC) esse tombamento.<br />

O Félix Gaspar é uma das<br />

marcas duradouras do governo<br />

de Landulfo Alves, nomeado<br />

interventor federal na Bahia em<br />

1938, que fez erguer grande<br />

número de escolas primárias.<br />

Segundo consta na Enciclopédia<br />

dos Municípios de 1958, editada<br />

pelo Instituto Brasileiro de Geografia<br />

e Estatística (IBGE), outras<br />

cidades do interior, naquela<br />

época, possuíam unidades de<br />

ensino com aparência semelhante<br />

a do Félix.<br />

Entretanto, conforme ressaltado<br />

pela professora Maria das Graças<br />

Leal, mesmo não tendo o<br />

valor atribuído a outros equipamentos<br />

arquitetônicos, o imóvel<br />

já é representativo por ter sido<br />

uma escola. “Aquela escola ali<br />

é um marco visual, simbólico,<br />

cultural e representativo para<br />

uma comunidade que vivenciou<br />

aquele espaço e que vivencia<br />

o entorno da cidade”, frisa.<br />

Em sua visão, mesmo não<br />

sendo uma situação exclusiva<br />

de Santo Antônio de Jesus, o<br />

fechamento da escola denota o<br />

descaso político-institucional de<br />

grupos que estão interessados<br />

em transformar aquele espaço<br />

de maneira arbitrária. “Tem dois<br />

sinais: o desmonte da memória<br />

da cidade e o desmonte<br />

da própria educação. Politicamente<br />

falando, [esse acontecimento]<br />

dá subsídio para<br />

[entendermos] o que estamos<br />

vivendo no país”, acentua.<br />

A experiência como professora<br />

do curso de Mestrado em<br />

História Regional e Local (Uneb<br />

– Campus V) vem mostrando à<br />

professora que a memória das<br />

cidades interioranas está se<br />

perdendo nos documentos e ela<br />

alerta para uma dilapidação,<br />

nos últimos 30 anos, do que<br />

existe de memória patrimonial<br />

baiana.<br />

Os cidadãos, ela diz, têm a<br />

autoestima muito baixa, pois<br />

consideram que a referência<br />

de história e de glória está nos<br />

grandes centros. “Por que não<br />

se transforma aquela escola no<br />

arquivo público de Santo Antônio<br />

de Jesus, por exemplo? Por<br />

que não a transforma num centro<br />

de memória da educação,<br />

de documentação?”, indaga.<br />

Embora haja abertura para<br />

questionamentos e espaço para<br />

mobilização das pessoas, a interrupção<br />

das atividades da Escola<br />

Estadual Félix Gaspar abrevia<br />

a existência quase secular<br />

de uma instituição referência em<br />

educação. Isso soa, nas palavras<br />

Maria das Graças, como uma<br />

ofensa moral àqueles e àquelas<br />

que no Félix atuaram.<br />

Com menos escolas abertas,<br />

já que recentemente também<br />

foi fechado o Colégio Estadual<br />

Antônio Olavo Galvão, existente<br />

há mais de 30 anos, adiciona-<br />

-se à situação do Félix Gaspar<br />

justificado sentimento de revolta<br />

da comunidade. Enquanto isso,<br />

lágrimas inundam os olhos e as<br />

manhãs continuam enfadonhas.<br />

QUEM FOI FÉLIX GASPAR<br />

Tamanha a importância atribuída<br />

a Félix Gaspar de Barros e Almeida<br />

(1865-1907), há a própria<br />

escola e um logradouro com o<br />

seu nome: A Praça Félix Gaspar.<br />

Nascido nesta cidade num 15 de<br />

janeiro era filho de Félix Gaspar<br />

de Araújo e Almeida e de Maria<br />

Angelina de Barros. Seu irmão,<br />

Francisco Félix de Barros e<br />

Almeida, se formou médico pela<br />

Faculdade de Medicina da Bahia<br />

e foi líder do Partido Conservador<br />

(PC); mais tarde intendente<br />

em Santo Antônio de Jesus.<br />

Félix Gaspar foi diplomado em<br />

Ciências Jurídicas pela Faculdade<br />

de Direito do Recife em 1886.<br />

Na profissão, ocupou o posto de<br />

juiz de direito no interior do estado.<br />

Eleito para a Câmara dos<br />

Deputados (1900 - 1902 e 1903<br />

- 1905) obteve nomeação como<br />

ministro da Justiça e Negócios<br />

Interiores, em substituição ao<br />

também baiano J. J. Seabra, em<br />

1906. No ano seguinte, no dia<br />

10 de maio, veio a falecer na<br />

cidade do Rio de Janeiro.<br />

*POR EDVAN LESSA<br />

JORNALISTA - DRT 5125/BA<br />

MESTRE EM DIVULGAÇÃO<br />

CIENTÍFICA E CULTURAL PELO<br />

LABJOR - UNICAMP<br />

63 . <strong>AUGE</strong> . <strong>EDIÇÃO</strong> <strong>26</strong> | 2018

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