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Jornal Paraná Março 2018

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PERSPECTIVAS<br />

É hora de estruturar para crescer<br />

Para Marcos Fava Neves, é preciso trabalhar alguns pontos da cadeia<br />

produtiva de cana e aproveitar o RenovaBio para ter sustentabilidade<br />

Com o RenovaBio, o<br />

PIB da cadeia produtiva<br />

do setor sucroenergético<br />

pode<br />

saltar dos atuais US$ 44 bilhões<br />

para US$ 74 bilhões<br />

em 2030, criando muitas<br />

oportunidades e transformando<br />

o Brasil numa das<br />

matrizes energéticas mais<br />

limpas do mundo, afirmou<br />

Marcos Fava Neves, professor<br />

de Planejamento na Faculdade<br />

de Economia, Administração<br />

e Contabilidade<br />

da Universidade de São Paulo<br />

(FEA/USP), campus de Ribeirão<br />

Preto, com base em<br />

estudo que conduziu para a<br />

Confederação Nacional da<br />

Indústria.<br />

No evento de fechamento<br />

dos quatro anos do projeto<br />

Caminhos da Cana, Marcos<br />

disse que o momento é de<br />

aproveitar a estratégia para<br />

voltar a crescer sustentavelmente.<br />

“É hora de estruturarmos<br />

as trilhas de crescimento<br />

do setor com os<br />

incentivos que virão sem repetir<br />

os erros de outros ciclos<br />

de crescimento”. E<br />

sugeriu alguns pontos de trabalho<br />

que deveriam movimentar<br />

a cadeia produtiva<br />

em <strong>2018</strong>.<br />

Entre eles está gestão por<br />

metro quadrado do canavial,<br />

aumentando a eficiência e<br />

matando o conceito de hectare,<br />

além da inovação de insumos<br />

usados na produção,<br />

do ferramental tecnológico e<br />

de digitalização. Enquanto<br />

outras culturas do agro tiveram<br />

grandes saltos de produtividade,<br />

a de cana continua<br />

a mesma dos últimos 15<br />

anos, citou.<br />

Organizar e integrar<br />

Fortalecer as organizações do<br />

setor é outro ponto considerado<br />

fundamental por Marcos<br />

Fava Neves, assim como<br />

criar a "mesa da cana", onde<br />

agentes de todos os elos da<br />

cadeia sentam periodicamente<br />

para discutir estratégias,<br />

estar atento aos problemas<br />

e ter força política lutando<br />

pelos pontos de convergência.<br />

Da mesma forma,<br />

é preciso integrar a pesquisa<br />

pública e privada, reduzindo<br />

as redundâncias e com foco<br />

em resultados, acrescentou.<br />

Entre várias outras sugestões,<br />

Marcos ainda citou a<br />

necessidade de fortalecer<br />

ainda mais a imagem de sustentabilidade<br />

da cana. “Apesar<br />

dos esforços todos, a comunicação<br />

do setor ainda deixa<br />

a desejar. Toda a carga geradora<br />

de empregos, impostos,<br />

inclusão econômica e social<br />

e todos os benefícios ambientais<br />

da cana ainda são pouco<br />

conhecidos pelos consumidores<br />

finais. É necessário<br />

usar mecanismos criativos<br />

das mídias digitais para inserir<br />

o conhecimento dos benefícios<br />

da cana na sociedade<br />

brasileira”, ressaltou.<br />

Professor diz que há ganhos ao associar cana com outras atividades<br />

Outro ponto defendido pelo<br />

professor é a gestão pela<br />

economia do compartilhamento<br />

de ativos e o melhor<br />

uso destes, seguindo a revolução<br />

ocorrida no ambiente<br />

de negócios. “Estas tecnologias<br />

rapidamente chegam à<br />

agricultura e com a aprovação<br />

da lei da terceirização no<br />

Brasil, temos grandes oportunidades<br />

para mudar já em<br />

<strong>2018</strong> as formas de fazer negócios,<br />

priorizando empresas<br />

especializadas em atividades<br />

produtivas diminuindo<br />

os ativos, reduzindo ociosidades<br />

e ganhando eficiência”,<br />

afirmou.<br />

Para Marcos, o mundo caminha<br />

para valorizar cada<br />

vez mais a economia circular,<br />

sustentável, em nível individual<br />

ou regional. “Existem<br />

grandes ganhos ao integrar<br />

a cana com outras atividades,<br />

como amendoim,<br />

soja, confinamento, aves e<br />

suínos, onde os resíduos de<br />

uma tornam-se insumos de<br />

outra, melhorando os resultados<br />

da região”.<br />

O professor também destacou<br />

que existe um grande<br />

espaço nas usinas para melhoria<br />

de processos e de<br />

equipamentos, entre outros,<br />

visando maior eficiência industrial<br />

e aproveitamento total<br />

dos produtos. Uma tese<br />

de doutorado na FEARP/USP<br />

analisou 33 usinas em cinco<br />

safras e mostrou que se as<br />

outras 32 tivessem o desempenho<br />

da melhor, teriam<br />

sido gerados R$ 2,6 bilhões<br />

a mais em produtos.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7

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