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PERSPECTIVAS<br />
É hora de estruturar para crescer<br />
Para Marcos Fava Neves, é preciso trabalhar alguns pontos da cadeia<br />
produtiva de cana e aproveitar o RenovaBio para ter sustentabilidade<br />
Com o RenovaBio, o<br />
PIB da cadeia produtiva<br />
do setor sucroenergético<br />
pode<br />
saltar dos atuais US$ 44 bilhões<br />
para US$ 74 bilhões<br />
em 2030, criando muitas<br />
oportunidades e transformando<br />
o Brasil numa das<br />
matrizes energéticas mais<br />
limpas do mundo, afirmou<br />
Marcos Fava Neves, professor<br />
de Planejamento na Faculdade<br />
de Economia, Administração<br />
e Contabilidade<br />
da Universidade de São Paulo<br />
(FEA/USP), campus de Ribeirão<br />
Preto, com base em<br />
estudo que conduziu para a<br />
Confederação Nacional da<br />
Indústria.<br />
No evento de fechamento<br />
dos quatro anos do projeto<br />
Caminhos da Cana, Marcos<br />
disse que o momento é de<br />
aproveitar a estratégia para<br />
voltar a crescer sustentavelmente.<br />
“É hora de estruturarmos<br />
as trilhas de crescimento<br />
do setor com os<br />
incentivos que virão sem repetir<br />
os erros de outros ciclos<br />
de crescimento”. E<br />
sugeriu alguns pontos de trabalho<br />
que deveriam movimentar<br />
a cadeia produtiva<br />
em <strong>2018</strong>.<br />
Entre eles está gestão por<br />
metro quadrado do canavial,<br />
aumentando a eficiência e<br />
matando o conceito de hectare,<br />
além da inovação de insumos<br />
usados na produção,<br />
do ferramental tecnológico e<br />
de digitalização. Enquanto<br />
outras culturas do agro tiveram<br />
grandes saltos de produtividade,<br />
a de cana continua<br />
a mesma dos últimos 15<br />
anos, citou.<br />
Organizar e integrar<br />
Fortalecer as organizações do<br />
setor é outro ponto considerado<br />
fundamental por Marcos<br />
Fava Neves, assim como<br />
criar a "mesa da cana", onde<br />
agentes de todos os elos da<br />
cadeia sentam periodicamente<br />
para discutir estratégias,<br />
estar atento aos problemas<br />
e ter força política lutando<br />
pelos pontos de convergência.<br />
Da mesma forma,<br />
é preciso integrar a pesquisa<br />
pública e privada, reduzindo<br />
as redundâncias e com foco<br />
em resultados, acrescentou.<br />
Entre várias outras sugestões,<br />
Marcos ainda citou a<br />
necessidade de fortalecer<br />
ainda mais a imagem de sustentabilidade<br />
da cana. “Apesar<br />
dos esforços todos, a comunicação<br />
do setor ainda deixa<br />
a desejar. Toda a carga geradora<br />
de empregos, impostos,<br />
inclusão econômica e social<br />
e todos os benefícios ambientais<br />
da cana ainda são pouco<br />
conhecidos pelos consumidores<br />
finais. É necessário<br />
usar mecanismos criativos<br />
das mídias digitais para inserir<br />
o conhecimento dos benefícios<br />
da cana na sociedade<br />
brasileira”, ressaltou.<br />
Professor diz que há ganhos ao associar cana com outras atividades<br />
Outro ponto defendido pelo<br />
professor é a gestão pela<br />
economia do compartilhamento<br />
de ativos e o melhor<br />
uso destes, seguindo a revolução<br />
ocorrida no ambiente<br />
de negócios. “Estas tecnologias<br />
rapidamente chegam à<br />
agricultura e com a aprovação<br />
da lei da terceirização no<br />
Brasil, temos grandes oportunidades<br />
para mudar já em<br />
<strong>2018</strong> as formas de fazer negócios,<br />
priorizando empresas<br />
especializadas em atividades<br />
produtivas diminuindo<br />
os ativos, reduzindo ociosidades<br />
e ganhando eficiência”,<br />
afirmou.<br />
Para Marcos, o mundo caminha<br />
para valorizar cada<br />
vez mais a economia circular,<br />
sustentável, em nível individual<br />
ou regional. “Existem<br />
grandes ganhos ao integrar<br />
a cana com outras atividades,<br />
como amendoim,<br />
soja, confinamento, aves e<br />
suínos, onde os resíduos de<br />
uma tornam-se insumos de<br />
outra, melhorando os resultados<br />
da região”.<br />
O professor também destacou<br />
que existe um grande<br />
espaço nas usinas para melhoria<br />
de processos e de<br />
equipamentos, entre outros,<br />
visando maior eficiência industrial<br />
e aproveitamento total<br />
dos produtos. Uma tese<br />
de doutorado na FEARP/USP<br />
analisou 33 usinas em cinco<br />
safras e mostrou que se as<br />
outras 32 tivessem o desempenho<br />
da melhor, teriam<br />
sido gerados R$ 2,6 bilhões<br />
a mais em produtos.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 7