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VÍTOR RAMALHO<br />
21 Julho 2018
Querido Vítor<br />
Há vidas ‘cheias’! A tua é!<br />
Numa dualidade entre o trato fácil e o recato do espaço solitário para<br />
o pensamento, permitiste que te conhecessem. É por isso que os<br />
testemunhos acolhidos nesta publicação identificam denominadores<br />
comuns que te traçam com precisão.<br />
Este não é um livro de familiares e amigos. Ou melhor, não é só…!<br />
Este é um testemunho exemplificativo da tua vida e do que tu és. É um<br />
livro de pessoas que, à semelhança de tantas e tantas outras, que<br />
aqui não estão representadas, contigo se cruzaram, e cruzam, nas<br />
mais diversificadas circunstâncias e que te registam com respeito. É<br />
o espelho da intensidade e plenitude com que vives os teus tempos.<br />
Tal como a tua vida também este livro tem espaço para continuar.<br />
As páginas não terminam.<br />
Este ‘baú’ é uma obra de cumplicidades. Das muitas dezenas de<br />
depoentes e, em particular, da Sara, da Osita e do Carlos Luiz, que,<br />
com amizade e dedicação, prestaram uma colaboração inestimável.<br />
Na essência, tod@s nós, queremos felicitar-te pelo teu aniversário e<br />
desejar, do coração, que sejas feliz.<br />
Eurídice
Eu nasci numa terra que é já ali, muito perto daqui.<br />
Era assim que as gentes da minha terra respondiam quando<br />
lhes perguntava se era perto ou longe aquela onde eu desejava<br />
ir. A minha terra é, por isso, mesmo perto daqui, a cerca de<br />
nove mil quilómetros de distância, apenas porque no país da<br />
minha terra o clima mediterrâneo coabita com o equatorial e<br />
tudo é próximo, muito próximo, na grandeza do território. “<br />
- 4 -
- 5 -
- 6 -<br />
Francisco
Ao Vítor. Para que conste<br />
Fomos ao cinema Cangonjo ver o filme Capas<br />
Negras. No dia seguinte, pelas oito<br />
horas, tive sinais de parto. A parteira foi o<br />
Pai Faustino, porque nem deu tempo para<br />
se chamar uma, como era hábito na altura.<br />
Apareceu depois o Dr. Venâncio, um toca<br />
a tudo, apelidado de João Semana. Foi o<br />
meu segundo filho. Bebé normal, sossegado,<br />
saudável. Terminou a primária com uma<br />
pequena festa em que foi orador, mostrando<br />
atributos.<br />
Fez a admissão ao liceu no Liceu Camões,<br />
onde entrou para o primeiro ano, finalizando<br />
o Liceu de Nova Lisboa. Aqui, no sexto ano,<br />
aquando da visita do Prof. Adriano Moreira<br />
a Angola, que levou consigo o pai, a pedido<br />
do Reitor Serpa Neves, com a certeza<br />
de que se sairia bem, fez uma alocução de<br />
boas-vindas.<br />
Em Lisboa cursou a Faculdade de Direito,<br />
encarando a profissão com entusiasmo e<br />
determinação. Especializou-se em Direito<br />
no Trabalho.<br />
Eu e o Pai sentimo-nos felizes, por os filhos<br />
terem correspondido aos nossos anseios e<br />
desejos, alcançando a meta como pessoas<br />
e profissionais. Isso aconteceu, com a nota<br />
da particular queda pela entrega do Vítor<br />
aos outros e em fazer amizades.<br />
Agora, com os netos Sara e Marcos, não<br />
está o Avô presente, para poder aproveitar<br />
momentos de alegria, restando-me também<br />
pouco tempo para contemplar o meu bisneto<br />
Francisco. Os anos passam. Só peço a<br />
Deus que todos ajude, com a melhor saúde.<br />
Deixo aqui à Sara e ao Marcos o meu desejo<br />
para que sejam sempre muito amigos,<br />
como irmãos.<br />
Agradeço aos meus filhos tudo o que me<br />
têm proporcionado e o carinho com que<br />
olham pela mãe e para o Rei dos Vítores,<br />
como vezes sem conta o Pai o apelidava,<br />
muitos Parabéns, pelo dia de hoje.<br />
As maiores Felicidades e Venturas,<br />
com o carinho de sempre<br />
e um beijinho da mãe,<br />
Ivone<br />
- 7 -
Querido pai,<br />
Escrevo-lhe agora, numa pausa de duas grandes<br />
“lutas”, para celebrar os 70 anos do homem<br />
mais importante da minha vida! Em ambas,<br />
foi o pai quem me ensinou como se segura<br />
no cravo lá bem no alto e como se enfrentam as<br />
dificuldades de cara levantada.<br />
Foi o pai que esteve sempre ao meu lado, com<br />
toda a coragem e toda a sabedoria, porque como<br />
o pai sempre diz: “a experiencia é o superior<br />
conhecimento da razão”. Não obstante das suas<br />
próprias preocupações, da sua própria dor, do<br />
seu próprio sofrimento, não me deixou nem por<br />
um segundo. Não descansou (literalmente)<br />
enquanto sentiu que havia ainda caminho para<br />
andar... Que lição de vida, meu pai! Que banho<br />
de amor e dedicação!<br />
Páro agora para reviver as minhas memórias<br />
de 35 anos de vida em conjunto (teria o pai<br />
a idade que tenho hoje quando eu nasci) e<br />
pergunto-me...“O que é ser sua filha?”<br />
É ter um orgulho e uma admiração<br />
sem fim. É sentir uma enorme<br />
responsabilidade em não<br />
falhar na passagem dos valores<br />
que o pai me transmite a cada<br />
palavra e a cada gesto. Amizade,<br />
honestidade, coragem, determinação.<br />
Orgulho esse que<br />
sei que será partilhado com<br />
o Francisco, quando ele souber o que o avô<br />
construiu ao longo da vida, o que o avô fez por<br />
Portugal, pela Lusofonia, pelo mundo, e por ele<br />
próprio, Francisco, quando ainda começava a<br />
dar os seus primeiros passos... E fê-lo sempre<br />
por convicção e por paixão à vida, ao mundo<br />
e às gentes!<br />
Pensar no pai é sentir toda essa paixão...<br />
É recordar os almoços de História do mundo,<br />
em que o pai me falava da História como se<br />
de um conto se tratasse e em que no final,<br />
tudo fazia sentido! É lembrar as músicas que<br />
tocavam no carro, porque o fado é a “alma<br />
portuguesa”. É reviver os poemas na voz da<br />
Dra. Maria Barroso, que tantas vezes sentimos<br />
em silêncio. É emocionar-me com o riso fácil<br />
do pai e as gargalhadas sem fim...<br />
Obrigada por ser o meu Homem de<br />
referência e o melhor pai do mundo!<br />
Sara<br />
- 8 -
Pai,<br />
Na falta de melhores palavras,<br />
escolhi este poema para ti.<br />
Obrigada por estares aí.<br />
Um beijinho,<br />
Susana<br />
Como eu queria poder contar-te<br />
Era para ti que eu corria<br />
Tu eras o lugar onde eu sempre poderia<br />
descansar minha cabeça<br />
Quando meu mundo se desfazia<br />
Porque eu tenho lutado com meus demónios<br />
Eles dizem-me que não tenho escolha<br />
Como eu gostaria de poder me apoiar agora<br />
No meio do caos e do barulho<br />
Tua luz enterrou o escuro<br />
Um coração constante inabalável<br />
Tu fizeste o bem para esfriar minha fúria<br />
E acalmar as águas sentem<br />
As tuas palavras calmas, uma pomada<br />
para acalmar minha alma rebelde<br />
Foi lá que aprendi a curar<br />
Tua luz enterrou o escuro<br />
Um coração constante inabalável<br />
Espero que me possas ouvir<br />
Através dos estragos do tempo<br />
Tu apoiaste-me mais do que poderias saber<br />
Eu ainda sinto a tua mão na minha<br />
Tua luz enterrou o escuro<br />
Um coração constante inabalável<br />
Sarah McLachlan<br />
“Song for my Father”<br />
- 9 -
Olá Avô Vítor,<br />
Quando pediram que lhe escrevesse um texto devido ao seu<br />
aniversário todas as memórias que ao longo dos anos fui criando<br />
consigo vieram-me à memória.<br />
Assim, posso sinceramente dizer-lhe que sempre foi um grande<br />
exemplo para mim, desde a sua grande aptidão para o desenho<br />
e pintura até à sua paixão pela politica tudo me foi, ao longo dos<br />
anos, inspirando a tornar-me numa pessoa melhor.<br />
Deste modo, posso apenas agradecer-lhe pela grande inspiração<br />
e exemplo que foi e é para mim.<br />
Muitos parabéns.<br />
Um grande abraço.<br />
Pedro<br />
- 10 -
O avô sempre foi para mim um grande exemplo de perseverança,<br />
trabalho e dedicação. Assim, começaremos pela minha infância.<br />
A primeira memória consciente que tenho de si foi um natal em<br />
que o presente que mais me fez feliz foi um conjunto das bonecas<br />
“Monster High”, o presente que o avô me deu. Mas esta<br />
é só uma das muitas memórias que fui experienciando da sua<br />
generosidade.<br />
Por demais vezes fui alvo tanto da sua generosidade como da<br />
sua paciência, com esta foi ao longo dos anos transmitido algumas<br />
sábias lições fundamentais que ajudaram a formar o meu<br />
carácter.<br />
Assim só posso desejar lhe um felicíssimo septuagésimo aniversário<br />
e esperar que conte muitos mais com a companhia dos<br />
de quem mais estima.<br />
Um grande beijinho da sua neta.<br />
Mariana<br />
- 11 -
Uma noite sem estudo<br />
Quando o meu irmão Vítor veio para Lisboa estudar, já eu aqui estava há três<br />
anos. Lógico que tenha herdado amigos meus, que frequentavam o Café Império,<br />
onde próximo vivia e ficámos a viver. Com esses amigos saía por vezes<br />
em diversão. Um deles dizia – atiramos a moeda ao ar – coroa, vamos ao cinema,<br />
cara, vamos à Feira Popular e se ficar de pé vamos estudar.<br />
Decidimos ir ao Clube Ritz, dizendo um de nós – é o baptismo do “Puto”,<br />
sinónimo do mais novo. Sentámo-nos bem frente ao palco, cada um com uma<br />
cerveja de litro, para durar toda a noite, pelo custo de vinte escudos.<br />
Assistimos ao Striptease. Passado algum tempo, a artista saiu dos bastidores,<br />
dirigiu-se à nossa mesa, cumprimentou o Vítor com um beijinho e sentou-se<br />
connosco. Os meus amigos ainda estavam de boca aberta, quando o Vítor<br />
apresentou a artista, dizendo – conhecemo-nos e viajámos juntos no barco da<br />
minha recente de vinda de Angola.<br />
Esta foi uma deixa, para ao longo dos anos, todos reconhecidamente constatarmos<br />
o atributo do Vítor em estabelecer contactos e fazer amizades, de comunicação<br />
abrangente, agradecendo-lhe por o colocar em favor da comunidade<br />
e de todos, para além do profissional. Bem-haja!<br />
Muitos Parabéns e muitas Felicidades, em dia tão especial.<br />
Marvi<br />
- 12 -
Tio,<br />
Quando a Sara me fez este<br />
pedido para escrever algumas<br />
palavras acerca destas<br />
“70 primaveras”, confesso<br />
que fiquei algo estarrecido,<br />
uma vez que é sempre complicado<br />
escrever para uma<br />
personalidade que representa<br />
tanto para o país, para<br />
a nossa família, e para mim<br />
próprio como Tio no seu 70º<br />
aniversário.<br />
Para o país, o Tio é sinónimo<br />
de luta pela democracia, de<br />
lealdade, integridade, pelo<br />
acreditar em principios e valores<br />
como a liberdade, pela amizade e lealdade a Mário Soares, e acima de tudo pelo<br />
respeito e dignidade com que encara toda e qualquer situação da vida. Enquanto<br />
escrevia este texto, veio-me à cabeça o longínquo dia 1º de Maio de 2009, dia em<br />
que liguei a televisão e vi “o meu Tio” a puxar e a proteger Vital Moreira de agressões<br />
bárbaras durante um evento da CGTP. Há 9 anos, e tal como hoje, senti um orgulho<br />
enorme em ser sobrinho de quem sou!<br />
Para a família, mantendo os atributos mencionados no parágrafo anterior, o Tio é acima<br />
de tudo uma referência inequívova de altruismo e estabilidade em que todos podem<br />
confiar. São inúmeras as situações em que o Tio nunca nos deixou sós, dando-nos a<br />
confiança que necessitamos, e ensinando-nos que apesar das dificuldades nunca<br />
devemos desistir, sempre com a máxima dignidade seja em que situação for.<br />
Por último, e abordando neste parágrafo a minha própria pessoa, o Tio tem sido um<br />
2º, para não dizer muitas vezes um 1º Pai, fazendo sempre questão de acompanhar<br />
os meus passos nas mais diversas situações desde os primeiros anos. Na minha adolescência,<br />
altura de grande turbulência pessoal, o Tio contribuiu grandemente para a<br />
minha estabilidade emocional. Agora, e apesar do “sucesso” profissional e pessoal<br />
que tenho, sei que muito desse “sucesso” o devo ao Tio. Se não tivesse tido o devido<br />
acompanhamento na altura certa, teria passado parte da minha adolescência mais<br />
só e desprotegido, não atingindo assim o nível que hoje tenho por razões que ambos<br />
sabemos.<br />
Por tudo isto, parabéns por estes 70 anos é pouco, muito pouco. Parabéns pela pessoa<br />
que o Tio é, como nos inspira, e como apesar da dimensão que tem mantêm essa<br />
humildade característica que só os grandes possuem. O Tio deixa, a mim e à Sara,<br />
um legado forte que temos de ser capazes de manter e transmitir, nomeadamente ao<br />
Francisquinho, e aos elementos da família que, entretanto, virão. Esse legado será<br />
intemporal, incontestável e inequívoco.<br />
Parabéns pela pessoa que és.<br />
Um abraço,<br />
Marcos<br />
- 14 -
Vítor,<br />
Quando conhecemos alguém, raras vezes acertamos. Assim não aconteceu<br />
connosco. Aliás, não poderia ser doutro modo, com a ajuda que tive e tenho, de<br />
quem é tão próximo. No entanto, não posso deixar de dizer que estou sempre<br />
a ser surpreendida. Não pela capacidade de entrega e conhecimento, sobejamente<br />
entendidos, mas pela diversidade que passa também pelo gosto do desenho<br />
e pintura, praticados e pela escrita, como recentemente mostrou, dando<br />
melhora a conhecer uma amizade tão fixe. Diversidade, mas apenas possível<br />
por alguém que vive franca e apaixonadamente as pessoas e as situações.<br />
Vítor os meus votos de PARABÉNS e muitas FELICIDADES em data tão marcante,<br />
continuando eu a beneficiar das suas lições de vida.<br />
Beijinhos,<br />
Jeanette<br />
- 15 -
Vítor,<br />
É com enorme prazer e alegria que o felicitamos pelo seu 70º aniversário e desejamos a continuação<br />
de uma vida repleta de felicidade, saúde, amizade e muita sabedoria como até aqui e<br />
porque tem Alma e Coração divididos, entre Portugal e a sua bela Angola (cujas cores de luz<br />
e sangue resvalam dos pincéis para as telas que pinta), receba um pouco de Luanda, pelas<br />
palavras do Poeta…<br />
Cláudio e Joana<br />
Romance de Luanda<br />
Coqueiros esguios — leques ao vento<br />
abanando a Ilha.<br />
Um dongo flutua<br />
na baía.<br />
E ela, a negra maravilha<br />
condecorada com reflexos de prata<br />
Com que o céu a está beijando,<br />
com que o céu a está vestindo,<br />
— adormeceu sonhando<br />
placidamente sorrindo.<br />
Nas águas verdes da baía calma,<br />
caem pétalas vermelhas<br />
de uma linda flor de onix!<br />
E o timoneiro, um preto atleta,<br />
jovem pescador<br />
e um brutal Cupido,<br />
— é o Deus do Amor<br />
em bronze reproduzido!<br />
Nas águas verdes da baía calma,<br />
caem pétalas de sangue,<br />
duma flor já desfolhada...<br />
Um dongo flutua<br />
na baía.<br />
Vai rompendo a madrugada!<br />
Tomaz Vieira da Cruz<br />
In “Tatuagem”(1941)<br />
- 16 -
Vítor,<br />
Nesta data tão especial para si gostava<br />
de o felicitar pelos 70 anos cumpridos.<br />
Digo-lhe, em tom de carinho e respeito,<br />
que foi um prazer recebê-lo na minha<br />
vida e queria desejar felicidade e harmonia<br />
no caminho que ainda tiver que percorrer.<br />
Gostava de dedicar-lhe um pequeno poema<br />
sobre a busca do auto conhecimento.<br />
Foi escrito por um artista que, à semelhança<br />
do Vítor, se exprimia em diferentes formas<br />
de arte; Almada Negreiros, “futurista e<br />
tudo”, também nasceu em África, foi uma<br />
personalidade controversa e um artista<br />
bastante multifacetado: desenhador, pintor<br />
e escritor exímio, criou um universo literário<br />
onde escreveu sem igual sobre um mundo<br />
fantástico e irónico muito próximo dele<br />
próprio e de Portugal.<br />
Rita<br />
“Momento de Poesia”<br />
Se me ponho a trabalhar<br />
e escrevo ou desenho,<br />
logo me sinto tão atrasado<br />
no que devo à eternidade,<br />
que começo a empurrar pra diante o tempo<br />
e empurro-o, empurro-o à bruta<br />
como empurra um atrasado,<br />
até que cansado me julgo satisfeito;<br />
e o efeito da fadiga<br />
é muito igual à ilusão da satisfação!<br />
Em troca, se vou passear por aí<br />
sou tão inteligente a ver tudo o que não é comigo,<br />
compreendo tão bem o que não me diz respeito,<br />
sinto-me tão chefe do que é fora de mim,<br />
dou conselhos tão bíblicos aos aflitos<br />
de uma aflição que não é minha,<br />
dou-me tão perfeitamente conta do que<br />
se passa fora das minhas muralhas<br />
como sou cego ao ler-me ao espelho,<br />
que, sinceramente não sei qual<br />
seja melhor,<br />
se estar sozinho em casa<br />
a dar à manivela do mundo,<br />
se ir por aí a ser o rei invisível<br />
de tudo o que não é meu.<br />
José Almada Negreiros<br />
- 17 -
- 18 -<br />
Toffee
Elegia ao Amor<br />
Lembras-te, meu amor,<br />
Das tardes outonais,<br />
Em que íamos os dois,<br />
Sozinhos, passear,<br />
Para fora do Povo<br />
Alegre e dos casais,<br />
Onde só deus pudesse<br />
Ouvir-nos conversar?<br />
Tu levavas, na mão,<br />
Um lírio enamorado,<br />
E davas-me o teu braço;<br />
(…)<br />
Aprendo contigo que o amor se constrói. Que o tempo lhe empresta crescimento.<br />
Identifico em ti a honradez da vida. Que não abala com as circunstâncias do acaso.<br />
Vivo a tua rebeldia feita coragem. Que o status quo não faz desvanecer.<br />
Gosto de ti generoso, solidário e livre. O que tu és.<br />
Nesta data especial, parabéns Vítor.<br />
Longa vida com o reconhecimento e carinho merecidos<br />
Beijo,<br />
Eurídice<br />
- 19 -
BASTA!<br />
A bandeira ondula hipotecada<br />
soprada por credores sem escrúpulos<br />
com rostos de vigança<br />
adestrados em artes ancestrais<br />
de capitulação pelo medo.<br />
O deserto das ideias conquista o espaço<br />
e o próprio tempo<br />
em terra agora sob protetorado<br />
penhorada para garantia de usuários<br />
ao som do uivo das hienas<br />
que aguardam o assalto final<br />
salivando o próprio sangue<br />
enquanto bandos de abutres<br />
espreitam a carcaça do cadáver<br />
Há também carpideiras<br />
que desmaiam no festim<br />
forjando a encenação<br />
enquanto pregadores fazem e desfazem<br />
com mesma veste professora!<br />
comentários pagãos<br />
que se servem em horas nobres<br />
sobretudo no dia do Senhor<br />
para que nada fique por dizer<br />
no tempo da salvação do défice<br />
alimentando por cortes no salário mínimo de famintos<br />
que dizem não o merecerem.<br />
O maestro sem rosto<br />
maneja com destreza a batuta<br />
seguinto à letra a partitura<br />
da sinfonia encomendada<br />
aos donos dos mercados<br />
para aquietar os pobres<br />
a quem mandam chacais<br />
transvertidos de fiscais<br />
conceder-lhes a salvação<br />
pelo sacrifício da austeridade.<br />
Há depois uma covardia lavrar<br />
que afeta princípios e valores<br />
fazendo correr juros usuários<br />
que caem nas contas de mercados insaciados.<br />
A terra hoje sob protetorado<br />
é leiloada a retalho<br />
a mandatários dos credores<br />
negando-se a livre escolha<br />
sob o mando de perfídia.<br />
Neste lugar que está amedrontado<br />
existe porém um oceano largo<br />
que nos inunda e não esconde a memória<br />
pelo que o tempo é sempre relativo<br />
e atrás de tempo tempo virá<br />
não sendo o futuro dos chacais<br />
tranvertidos de fiscais.<br />
E preciso acreditar<br />
porque é tempo de lutar<br />
e dizer - basta!
- 23 -
Conhecemos o<br />
Vítor Ramalho<br />
há muitos e<br />
muitos anos.<br />
É uma daquelas pessoas que entrou directamente nas nossas vidas, sem necessidade<br />
de apresentar passaporte, como mais um familiar chegado. Desde sempre, é o que sentimos<br />
e que com o passar dos anos se foi agigantando esta relação.<br />
Falar de Vítor Ramalho é falar de amizade pura, camaradagem, solidariedade, carinho.<br />
Amigo do seu amigo, sempre atento ao “nosso” mundo. Quando é necessário defender<br />
valores e causas, aí está o Vítor a defender e a mobilizar, com entusiasmo, crença e energia<br />
que nos contagia: a Constituição, os Direitos Humanos, os mais desfavorecidos, a<br />
Lusofonia (não fosse ele português e angolano).<br />
Mas temos que confessar que há um impulsionador desta Amizade, que com todo o<br />
carinho e respeito lembramos: Mário Soares! A quem o Vítor carinhosamente chamava “O<br />
Nosso Mais Velho”. E assim, será sempre lembrado entre nós.<br />
É, pois, com enorme prazer e sentido de dever de gratidão que te desejamos, querido<br />
Vítor, um aniversário fantástico e os melhores votos de felicidades e muita saúde. E que<br />
te reconfirmamos que podes contar connosco para as batalhas que queiras abraçar… as<br />
tuas batalhas serão sempre, também, as nossas.<br />
Obrigada por existires e contribuíres para o aquecimento dos nossos corações, o<br />
espaço que ocuparás sempre. Precisaremos sempre de ti!<br />
Obrigado, Grande Vítor!<br />
Adelaide, Carla e Osita<br />
- 24 -
Nos setenta anos do nosso<br />
camarada e amigo Vítor Ramalho,<br />
recordamos com alguma emoção, a maneira empenhada e solidária como agiu nos<br />
acontecimentos de finais de 94, Janeiro de 95 – manifestações dos trabalhadores<br />
da Manuel Pereira Roldão - que em defesa dos seus postos de trabalho, enfrentavam<br />
as forças policiais enviadas pelo governo de Cavaco Silva à Marinha Grande.<br />
Solidariedade activa que exprimiu na elaboração de ferramentas jurídicas, permitindo<br />
à Câmara Municipal intervir directamente na gestão da empresa.<br />
Continuámos a encontrar-nos nos em defesa da liberdade e dos direitos sociais,<br />
nomeadamente, quando foi preciso fazer frente aos governos da direita. Sublinhamos<br />
o seu papel na organização de importantes sessões unitárias, que culminaram na<br />
Aula Magna, caminho aberto para pôr termo ao ciclo Passos Coelho e às políticas<br />
então seguidas.<br />
Na passagem deste aniversário e com votos fraternos que se repita, saudamos a<br />
coerência com que continua a defender valores de Abril, entre os quais os do<br />
Serviço Nacional de Saúde, garantindo estar sempre ao seu lado na defesa<br />
desses mesmos valores.<br />
Álvaro Neto Órfão<br />
Aires Rodrigues<br />
- 25 -
Cruzámo-nos na Faculdade de Direito da Universidade<br />
Clássica de Lisboa, mas diferentes anos e percursos<br />
distintos impediram a aproximação.<br />
O seu nome, referência na vida associativa e, em<br />
particular, no tema da descolonização, face à sua<br />
origem e ligação à casa dos Estudantes do Império<br />
circulava já quando, meio deslumbrado, aportei à<br />
Faculdade, vindo do interior.<br />
Viria a ser, sobretudo, na vida política e partidária,<br />
que o nosso relacionamento se estabelece, cresce e<br />
se consolida.<br />
Como membro do governo de António Guterres e<br />
a sua permanente atenção aos problemas sociais<br />
iniciámos uma convivência próxima, no exercício das<br />
funções de ambos, que deu origem a uma partilha de<br />
ideias e sentimentos que nos aproximaram e que vão,<br />
estou certo, resistir à espuma dos tempos.<br />
A sua integração nas listas do Círculo Eleitoral de<br />
Setúbal, a cuja Federação eu presidia, cimenta a<br />
amizade que, então, se intensifica e ganha raízes.<br />
Foi aí que com ele mais tive oportunidade de lidar e<br />
continuar a descobrir toda a dimensão da sua personalidade<br />
e a visão universalista, afetiva e preocupada<br />
dos dias que correm.<br />
Travámos, em conjunto, batalhas comuns que a riqueza da sua multifacetada personalidade me<br />
viria a contagiar e que, estou certo, terão contribuído para um enriquecimento mútuo que irá<br />
perdurar ao longo da vida.<br />
Segue-se a fase do meu distanciamento da atividade política e partidária. Altura propícia não<br />
só à reflexão, mas ainda a uma mais cuidada ponderação e avaliação dos amigos próximos.<br />
Guardo, assim, do Vítor Ramalho, a memória de um contacto a que apetece sempre<br />
voltar e que, espero, perdure.<br />
Foi para mim muito reconfortante que, no meu distanciamento da vida política ativa e<br />
partidária, em Setúbal, eu tivesse tido a felicidade de constatar que os meus objetivos de<br />
luta pelo desenvolvimento do distrito, correção das assimetrias, valorização da atividade<br />
partidária local, tivessem encontrado no Vítor Ramalho não só um continuador, mas<br />
alguém que, com bonomia e à vontade, os soube ultrapassar.<br />
Para ele vai, assim, a minha homenagem e o voto que a riqueza da sua personalidade e o<br />
exemplo das suas fortes e profundas convicções continuem presentes por muito tempo.<br />
Alberto Antunes<br />
- 26 -
Antes de conhecer pessoalmente<br />
o Vítor Ramalho já o conhecia<br />
como o homem de causas.<br />
Lembro-me do seu papel<br />
na gestão do complexo processo<br />
da Lisnave e de o ver como<br />
Secretário de Estado do Trabalho<br />
nos primeiros governos da<br />
democracia.<br />
Desde cedo me habituei a reconhecer<br />
no Vítor Ramalho um<br />
homem tolerante e apaixonado<br />
pelas suas causas. Fazedor e<br />
cultivador de amizades sabendo<br />
manter relações com todos,<br />
independentemente das inserções<br />
partidárias e ideológicas.<br />
Um fazedor de pontes porque<br />
sabe que a vida não é monocolor<br />
e que todos têm o seu lugar.<br />
Fiel às suas ideias, nunca escondendo<br />
as suas opções, em que isso impedisse<br />
a construção de pontes. A frontalidade não sectária<br />
é uma das suas características que o torna<br />
respeitado por todos.<br />
Cruzamo-nos em vários registos, do governo à vida partidária, e construímos amizade e uma<br />
relação de respeito mútuo. Sempre me senti a aprender com ele. Talvez ele também tenha aprendido<br />
alguma coisa comigo.<br />
Nem sempre estivemos de acordo, mas os desacordos não foram nunca em coisas essenciais.<br />
Por vezes discordâncias táticas e de forma. Mas que nunca puseram em causa o entendimento<br />
que temos sobre as questões fundamentais e sobre o nosso olhar sobre os desafios da sociedade<br />
actual.<br />
A crença nos valores centrais do socialismo democrático e na necessidade da refundação da<br />
agenda socialista e da esquerda são elementos que nos aproximam.<br />
Tive o prazer de integrar a comissão distrital de Setúbal do PS, que Vítor Ramalho dirigiu em três<br />
mandatos. Testemunhei a forma dedicada e incansável com que assumiu essa liderança e com<br />
as transformações que operou naquela estrutura partidária. Não fez tudo bem, como é natural.<br />
Mas marcou a Federação de Setúbal com a sua passagem.<br />
Saindo da vida política activa nunca abandonou a intervenção cívica que continua a ocupar um<br />
lugar central na sua vida e forma de estar.<br />
Quero por tudo isto testemunhar, neste lugar e nesta justíssima homenagem que lhe fazem os<br />
seus amigos e camaradas, aminha amizade e profunda estima e consideração que tenho pelo Vítor<br />
Ramalho e pela forma como se dedica à causa pública e aos seus ideais, que também são<br />
os meus.<br />
Um grande abraço e votos de que continues a ser como és.<br />
Alexandre Rosa<br />
- 27 -
Já passaram muitos anos. Nesse tempo, não nos restava seriamente outra opção que<br />
não fosse a de militar clandestinamente contra o regime fascista. E assim, para além da Faculdade,<br />
encontrámo-nos na organização da resistência anticolonial, seguros de que essa<br />
era a batalha essencial contra a ditadura, o campo onde tudo se decidia – como veio, de<br />
facto, a acontecer.<br />
Quando o Vítor foi preso, a minha situação não era também muito segura. Por essa e por outras<br />
razões, não voltámos a encontrar-nos durante algum tempo e, lembro-me, foi no funeral<br />
de um amigo e camarada que estivemos de novo juntos, já depois do 25 de abril de 1974.<br />
A partir daí e até hoje nunca deixámos de percorrer caminhos que, embora diversos, não nos<br />
separaram, porque a amizade franca ultrapassa diferenças e completa escolhas.<br />
A partir de 1996, trabalhei nos arquivos da Fundação criada pelo Dr. Mário Soares e aí,<br />
naturalmente, dada a amizade que os ligava, cruzámo-nos amiúde, quase sempre<br />
duvidosos de caminhos fáceis que em volta víamos crescer com demasiada frequência.<br />
Não concordávamos em tudo mas nunca abandonámos o sonho comum de viver em<br />
liberdade e de pensar sem submissões neoliberais e convictos de que era preciso trilhar<br />
outros caminhos, ultrapassando temores reverenciais. Assim foi, designadamente, quando<br />
Mário Soares encabeçou as manifestações contra a invasão do Iraque ou, mais tarde,<br />
quando apelou na Aula Magna para “Libertar Portugal da Austeridade” e “Em defesa<br />
da Constituição, da Democracia e do Estado Social”.<br />
Não esqueço também quanto o Vítor Ramalho e o Carlos Luís apoiaram diariamente o<br />
Dr. Mário Soares, sobretudo quando este se encontrou doente e fisicamente diminuído.<br />
Por tudo isso, e ainda pelo trabalho desenvolvido com a UCCLA,<br />
espero que o Vítor não se aposente.<br />
Alfredo Caldeira<br />
- 28 -
Conheci pessoalmente o Vítor nas vésperas<br />
de umas eleições, à porta da sede do Largo<br />
do Rato. “Ouça lá, como é que está a ver<br />
isto?” Perguntou o Vítor, dando de imediato<br />
a resposta: “está mau, não vamos ganhar”.<br />
Certeiro, como sempre. Realista e conhecedor<br />
da vida política, com uma intuição, inteligência<br />
e compreensão invejáveis. Assim é o Vítor<br />
Ramalho, perdemos essas eleições (não por<br />
muito, mas perdemos).<br />
Iniciamos aí a amizade que fomos construindo<br />
ao longo dos anos. O Vítor foi eleito deputado<br />
por Setúbal nessas eleições, desde então<br />
firmamos uma cumplicidade na diferença<br />
de idades que nos separa. Eu àvida por<br />
conhecer, o Vítor com a sua serenidade<br />
explica tudo como se tivesse sido fácil construir<br />
o Portugal Democrático.<br />
Devemo-lo também a si.<br />
A paixão pela Lusofonia deixa-me sempre<br />
com vontade de fazer mais qualquer coisa,<br />
o sonho da total união entre os povos ainda<br />
não é uma realidade. E o Vítor fala longamente<br />
dos afectos africanos, da sua origem e<br />
de como conhece bem esses países e onde<br />
Portugal deve ser a ponte para um futuro<br />
melhor.<br />
São muitas as coisas que posso dizer do<br />
Vítor Ramalho.<br />
Na comemoração dos seus setenta anos<br />
quero celebrar a Amizade e a Solidariedade<br />
que sempre sabe honrar.<br />
Obrigada por ser meu Amigo<br />
e me ensinar tanto.<br />
Um beijinho muito grande de Parabéns<br />
Ana Catarina Mendes<br />
- 29 -
Comecei a admirar o Vítor Ramalho muito antes<br />
de ter o privilégio da proximidade.<br />
O Vítor sempre marcou a diferença na sua<br />
intervenção política pública. Pela grandeza<br />
das análises, pela cidadania atenta, por ir<br />
além da pequenez do momento.<br />
Mais perto, reconhece-se um homem de valores,<br />
um homem culto, que dá sentido à lusofonia<br />
e que, mesmo no frenesim do dia a<br />
dia, evidencia com simplicidade que as artes<br />
são bens intemporais que nos enriquecem<br />
enquanto seres humanos e cidadãos.<br />
Para o Vítor a amizade não é uma palavra banal<br />
ou de circunstância, é lealdade e generosidade,<br />
é compromisso.<br />
Enquanto escrevo este texto sobrevoo a nossa<br />
África, a África que o marcou com uma<br />
serenidade desassossegada que lhe dá a<br />
capacidade de olhar mais longe e a ânsia da<br />
luta pelas grandes causas.<br />
Os amigos que admiramos marcam o nosso<br />
caminho. O Vítor é uma referência como democrata<br />
e cidadão empenhado.<br />
Ana Paula Vítorino<br />
- 30 -
Diz-se distinto daquilo que não se confunde, que<br />
é gentil e ilustre. Quiçá por este singelo motivo, o<br />
ímpeto primordial de quem se aventura em escrever<br />
sobre os homens imensos seja, de imediato,<br />
desistir. Todavia, se o cota merece bué de<br />
respeito, merece também o risco e deferência<br />
deste perigoso exercício.<br />
Para falar do Vítor, tomarei sem licença da sua<br />
voz. De timbre distinto, mesclado de mundo e<br />
mundividência, a voz do Vítor não é uma mera<br />
voz. É a voz do Vítor. São os sons da igualdade<br />
e da fraternidade, alinhados em melódica lusofilia.<br />
É afinal, o veículo da palavra avisada, da luta sempre travada, ora perdida, ora triunfada,<br />
mas sempre corajosamente não olvidada.<br />
Todavia, para além da voz e da palavra, o Vítor Ramalho é também sinónimo de gesto em<br />
cada alvorada. Vanguardismo humanista. Um homem imenso com o qual tive, tenho e terei<br />
o privilégio de divergir e convergir em Liberdade. Em resumo, aquilo que é distinto não se<br />
confunde.<br />
André Pinotes Batista<br />
- 31 -
Falar sobre o<br />
Vítor Ramalho é,<br />
entre outras, lembrar o seu<br />
profundo sentido humanitário,<br />
a sua “quási” devoção à causa<br />
da CPLP e perceber o seu<br />
empenhamento nas questões<br />
políticas, económicas e sociais.<br />
A sua filiação partidária e a particular<br />
intimidade com o fundador<br />
do PS nunca o coibiram de estabelecer<br />
amizade com múltiplas<br />
pessoa que, pensando diferentemente,<br />
partilhavam com ele<br />
preocupações, anseios ou espaços<br />
comuns.<br />
Conheci-o quando de 1983 a<br />
1985 apoiava então directamente<br />
o Primeiro Ministro Mário Soares,<br />
acudindo às permanentes emergências<br />
laborais ou politicas,<br />
procurando encontrar soluções<br />
institucionais para colmatar vulnerabilidades,<br />
ouvindo criticas<br />
ou sugestões.<br />
Trabalho gigantesco feito com<br />
convicção e empenhamento, virtudes que reencontrei quando no Governo de António<br />
Guterres ase ocupava de tarefas semelhantes.<br />
Dele retive e reterei a “força de vontade”, dedicação e argúcia, que lhe permitia inúmeras<br />
vezes ler a realidade melhor e mais rapidamente que a maioria da “classe política”.<br />
Angola é um pilar decisivo na sua vida e empenho que pôs e põe nos problemas de<br />
cooperação quer bilateral, quer no âmbito da CPLP.<br />
Sem ele, a UCLA não teria a projecção externa que evidencia, sem ele, saberíamos menos<br />
do que são e pensam os dirigentes e povos que se integram naquela organização.<br />
O Vítor merece a amizade e o afecto dos que, com ele, partilham os valores da tolerância,<br />
respeito, dignidade e coerência. As singelas palavras que constituem este texto são<br />
por isso uma pálida imagem do que dele se poderia e deveria dizer ou escrever.<br />
Ângelo Correia<br />
- 32 -
Dedicado ao meu amigo Vítor Ramalho<br />
A amizade é dos sentimentos mais nobres do ser humano.<br />
Ela é posta á prova nos momentos mais difíceis.<br />
O Vítor Ramalho é disso um exemplo.<br />
A minha amizade e admiração pelo Vítor nasce pela amizade que o<br />
ligava a Mário Soares.<br />
Amigo do meu maior amigo, meu amigo tinha que ser.<br />
Foi nos momentos difíceis de Mário Soares que distante de Lisboa telefonava<br />
ao Vítor ou ele tinha a gentileza de me telefonar para me informar<br />
da evolução do seu estado de saúde, com quem praticamente se<br />
encontrava todos os dias.<br />
Para mim foi uma ajuda preciosa porque quem estava distante ter informações<br />
do meu maior amigo era um alívio.<br />
Só cidadãos, hoje raros, que nos momentos mais difíceis quando mais<br />
se precisa do carinho dos amigos eles não falham, além da amizade<br />
nasce a admiração.<br />
O que me liga hoje ao Vítor é uma amizade e uma admiração profunda.<br />
Espero tê-lo como amigo por muitos e muitos anos.<br />
António Campos<br />
- 33 -
Caro amigo Vítor Ramalho,<br />
É uma grande honra poder participar nesta festividade, o seu septuagésimo<br />
aniversário, dirigindo-lhe umas módicas palavras mas com uma enorme<br />
carga emocional.<br />
O Vítor sabe bem o apreço, estima, amizade, respeito e consideração<br />
que tenho por si. Sentimentos que foram naturalmente crescendo desde<br />
que nos conhecemos e quando digo naturalmente é porque não houve<br />
nada forçado, o seu carisma é impulsionador, responsável de alavancar<br />
tais sentimentos.<br />
Amigo e companheiro Vítor, vibrei com as vitórias, aprendi com a sua sapiência<br />
e agradeço-lhe todos os saberes e emoções que partilhou e que<br />
continuará a aquinhoar comigo.<br />
Desejo-lhe um feliz aniversário e que a próxima década seja tão boa ou<br />
melhor que a que termina.<br />
Um forte abraço,<br />
António Caracol<br />
- 34 -
É com satisfação que participo na celebração do aniversário do meu amigo Vítor Ramalho.<br />
Falar dele, é referir-me a um homem multifacetado e de uma enorme grandeza de alma.<br />
Trata-se de um cidadão virtuoso na sua essência, que procura viver segundo princípios<br />
e valores que o levam a que seja reconhecido como um ser íntegro e bom. Já Nietzsche<br />
afirmava que a grandeza de alma era inseparável da grandeza intelectual e, de facto,<br />
Vítor Ramalho também possui uma dimensão intelectual fora do comum. Sempre me<br />
surpreendeu a transparência do seu pensamento, a sua capacidade de análise e a sua<br />
incomensurável sensibilidade para abordar assuntos que tivessem a ver com os outros.<br />
Já como politico, impressiona-me a sua visão prospetiva da política, do Pais e do Mundo.<br />
Lembro-me de o ouvir, antes da crise, traçar cenários cinzentos sobre o que aí vinha.<br />
Nem todos aceitaram as suas teses. Contudo, sempre que lançava uma ideia acerca do<br />
que julgava aproximar-se, ele era assertivo.<br />
Uma faceta que muito aprecio na sua pessoa é a sensibilidade artística. Discreto, nunca<br />
escolheu a visibilidade, por vezes tão vazia, do meio artístico. No seu dom de pintar<br />
transmite uma postura ética perante a vida. É por isso, pelo significado que continua a<br />
gerar, que avalio, afinal, a sua dimensão enquanto fazedor de arte.<br />
António Chaínho<br />
- 35 -
A minha relação com o Vítor Ramalho iniciou-se na inesquecível<br />
primeira campanha de apoio à Candidatura de Mário Soares a<br />
Presidente da República, o MASP I.<br />
A partir daí houve, até aos dias de hoje, uma continuidade natural.<br />
Um dia, Mário Soares ligou-me dando-me conhecimento da viagem<br />
que sua Mulher, Maria de Jesus Barroso, iria fazer a Moçambique,<br />
onde me encontrava. De regresso a Portugal marcado, fiquei, claro,<br />
para dar todo o apoio que pudesse. Essa viagem tinha como objetivo<br />
a tentativa de entendimento entre as duas partes em guerra.<br />
E lá estava, ao lado de Maria Barroso, o Vítor Ramalho. Não posso<br />
esquecer o encontro com o Presidente Joaquim Chissano, que<br />
muito contribui para clarificar e dar um contributo positivo ao trabalho<br />
para a Paz em Moçambique.<br />
Embora distante fisicamente, não quero deixar de dar os parabéns<br />
e enviar um forte abraço ao Vítor Ramalho,<br />
António Dias da Cunha<br />
- 36 -
É com enorme prazer que de Nova Iorque envio um grande abraço de<br />
parabéns ao Vítor Ramalho nesta data tão significativa de uma vida de<br />
grande riqueza e sucesso.<br />
Foi para mim sempre extremamente grato poder conviver e trabalhar<br />
com o Vítor Ramalho sempre em defesa dos mesmos ideais e em muitos<br />
momentos mais significativos da nossa vida democrática.<br />
Nele encontrei permanentemente enorme entusiasmo e dedicação e<br />
generosidade no seu comprometimento com o socialismo democrático.<br />
Vítor Ramalho sempre esteve ao lado de Mário Soares, figura central do<br />
Portugal nascido com a Revolução de Abril. Esta celebração representa<br />
uma homenagem profundamente merecida.<br />
Um grande abraço de amizade e reconhecimento,<br />
António Guterres<br />
- 38 -
Falar do Vítor Ramalho é falar de firmeza<br />
nas convicções. É ter presente<br />
que os valores são o suporte da<br />
nossa ação e que os mesmos não<br />
cedem nem se moldam em nenhuma<br />
circunstância. Mas falar do Vítor<br />
é também falar de amizade fraterna.<br />
Uma amizade que se funda no companheirismo<br />
e na solidariedade. Na<br />
disponibilidade para ajudar, mesmo<br />
quando ajudar passe por não dizer<br />
aquilo que se quer dizer no momento.<br />
Conheci o Vítor na política, em<br />
2002, era o Vítor candidato a Deputado<br />
pelo círculo de Setúbal. Acompanhei<br />
depois toda a sua liderança<br />
no PS distrital e testemunhei a sua<br />
enorme capacidade de fazer e de<br />
transformar. Muitas vezes não estive de acordo, a maior parte das vezes<br />
acompanhei as suas decisões. Mas o que sempre me impressionou, em<br />
qualquer das circunstâncias, foi a coragem com que sempre assumiu<br />
as suas posições, inclusive coragem física. Com o tempo tornámo-nos<br />
amigos e, quantas vezes, o conselho sábio me é tão importante.<br />
Parabéns Vítor. Gosto de ser seu Amigo.<br />
António Mendes<br />
- 39 -
Falar de quem gostamos muito, por quem temos<br />
admiração, a quem nos ligam memórias dos melhores<br />
e dos piores momentos da nossa vida é<br />
fácil. É só deixar correr a pena e falar o coração.<br />
Pede-me a Eurídice breves palavras sobre o Vítor<br />
e eu direi, de rajada, como ele gosta, solidariedade,<br />
amizade, fraternidade, sabedoria, tenacidade,<br />
cumplicidade, entrega e despojamento, admiração,<br />
consideração, exemplo.<br />
Jovem licenciado em Direito, tive o enorme privilegio<br />
de ser apresentado ao Vítor que me adotou<br />
em Lisboa, vindo e Trás-os-Montes, como ele<br />
também fora adotado, vindo da Nova-Lisboa.<br />
Dois estrangeiros em Lisboa, presos por laços<br />
da diáspora, e abertos para o mundo. Sem calculismo,<br />
sem atitudes materialistas, separados<br />
por oito anos que não eram nada. Admirei-lhe<br />
logo a escrita e a palavra, a oratória e a densidade,<br />
o verbo e a ação. Soube, de imediato, que a<br />
palavra só tinha sentido se o exemplo fosse consequente.<br />
O exemplo de uma vida a lutar pela liberdade,<br />
pela igualdade de todos, sem critérios materialistas<br />
que ofuscassem a fraternidade que nasceu<br />
daquele encontro, numa manhã de segunda-feira,<br />
na Rua Braamcamp.<br />
Fiquei encantado com a destreza com que vertia<br />
para o papel a síntese de uma história de vida que<br />
um trabalhador despedido lhe enunciara e com<br />
a consistência da peça jurídica que em poucos<br />
minutos elaborou, quase sem rasurar o que quer<br />
que fosse.<br />
Falar do Vítor é falar da vida política portuguesa,<br />
falar da nossa intervenção como cidadãos de<br />
entrega à causa pública e é falar da defesa intransigente<br />
da liberdade e consequentemente do<br />
regime democrático.<br />
É falar de um grande amor à língua portuguesa e<br />
aos povos irmãos que a partilham. O Vítor é um<br />
exemplo de intervenção na vida do nosso Portugal.<br />
Posso dar testemunho da sua intervenção<br />
quer como advogado, como governante, como<br />
parlamentar, como professor, como líder partidário<br />
e como alto responsável de uma organização<br />
internacional.<br />
Fui seu colega na advocacia, na universidade e<br />
no parlamento e sei da sua frontalidade no uso<br />
da palavra, essa arma que qualquer deputado<br />
tem de utilizar sem freios ou condicionamentos<br />
de outra natureza.<br />
Espirito livre, frontal e respeitado, nunca vacilou<br />
nem se submeteu a lógicas aparelhísticas mas<br />
sempre esteve atento a concertação social e<br />
económica lutando por uma sociedade em que<br />
todos tenham as mesmas oportunidades.<br />
Está preparado para o futuro, porque sempre esteve<br />
à frente na leitura dos melhores caminhos a<br />
trilhar pelo povo português, cuja história conhece<br />
profundamente. Impressiona a sua capacidade<br />
de trabalho, a sua inteligência prática e o respeito<br />
que granjeou entre todos os povos falantes da<br />
língua portuguesa.<br />
Tenho o privilégio de ser seu amigo e companheiro<br />
e isso contribui para fazer de mim um homem<br />
melhor.<br />
Um abraço Vítor.<br />
António Ramos Preto<br />
- 40 -
Vítor Ramalho:<br />
Um Bom Cidadão<br />
Exerceu as mais diversas funções na vida política, tendo<br />
sempre presente a ideia de serviço público.<br />
Quando o conheci era Secretário de Estado do Trabalho,<br />
tendo sido, mais tarde, Secretário de Estado Adjunto<br />
do Ministro da Economia e Consultor da Casa<br />
Civil do Presidente da República.<br />
Foi, ainda, um parlamentar, particularmente, dinâmico<br />
e um bom Presidente do Fórum dos Parlamentares<br />
de Língua Portuguesa.<br />
Testemunhei o papel, altamente, positivo que desempenhou<br />
na pacificação de Moçambique, quando eu<br />
era Presidente do Movimento para a Paz e a Democracia<br />
naquele país, ajudando a promover o diálogo entre<br />
a Frelimo e a Renamo.<br />
Tendo sido, desde sempre, um apaixonado pela vida,<br />
soube, nos momentos críticos, adoptar uma postura<br />
lúcida e, por isso mesmo, realista.<br />
Com o passar dos tempos, fui desenvolvendo com o<br />
Vítor uma amizade sincera e profunda.<br />
Sempre se moveu pelos ideais da Tolerância, da Democracia<br />
e da Liberdade.<br />
Volvidos muitos anos, é legítimo concluir-se que tê-lo<br />
como amigo é motivo de orgulho.<br />
Não é só porque se trata de um bom amigo, de um<br />
bom cidadão, de alguém de bem, de um defensor da<br />
lusofonia, de alguém que ama a liberdade.<br />
É, também, porque se trata de um verdadeiro patriota,<br />
com orgulho na nossa História, enfim, de um Bom<br />
Português.<br />
António Rebelo de Sousa<br />
- 41 -
Nos 70 anos de Vítor Ramalho<br />
A vida leva-nos por muitos caminhos. Por escolha, por obrigação ou tão-só<br />
por acaso. Em cada lugar, há pessoas à nossa espera, ou somos nós que<br />
as procuramos. No fim, o que ficam são os seus gestos, com tudo o que<br />
representam.<br />
Na reitoria da Universidade de Lisboa, aprendi a distinguir dois tipos de<br />
professores: os que entravam no meu gabinete apenas, e unicamente,<br />
para resolverem problemas pessoais; e aqueles que vinham sempre para<br />
resolver assuntos da própria universidade.<br />
Na política tive uma experiência semelhante. Uma campanha, e mais ainda<br />
uma campanha presidencial, é uma longa maratona, com altos e baixos,<br />
momentos de euforia e de desalento. Aprendi a distinguir dois tipos de<br />
pessoas: as que se aproximavam, e se mostravam, nos momentos fáceis,<br />
mas logo se tornavam invisíveis nos momentos difíceis; e aquelas que apareciam<br />
quando mais precisávamos de uma palavra ou apenas de um olhar.<br />
A campanha presidencial permitiu-me conhecer melhor Vítor Ramalho. Vi<br />
nele uma dedicação profunda a causas, a ideais, que vão muito para além<br />
de nós, e dos nossos interesses. Pude sempre contar com a sua presença,<br />
principalmente nos momentos mais duros, quando se percebe bem o calculismo<br />
de uns e a generosidade de outros.<br />
Quero dizer-lhe que não esqueço estes gestos e tudo o que representam.<br />
No fim, são eles que ficam. Para sempre.<br />
Muito obrigado.<br />
António Sampaio da Nóvoa<br />
- 42 -
Conheci Vítor Ramalho<br />
há mais de 15 anos<br />
Estabeleci com ele uma relação<br />
mais próxima quando<br />
exerci as funções de presidente<br />
da Comissão Política Concelhia<br />
de Santiago do Cacém do<br />
Partido Socialista. Era então<br />
Vítor Ramalho presidente da<br />
Federação de Setúbal do PS.<br />
Para além da inteligência, reconheço nele uma forte determinação<br />
nas causas que abraça, sempre balizadas pelos princípios<br />
da liberdade e da tolerância. Recordo com gratidão a solidariedade<br />
e disponibilidade manifestadas aquando da minha<br />
candidatura à presidência da Câmara Municipal de Santiago<br />
do Cacém. Elas marcaram, pela positiva, um tempo de combate<br />
político que teve tanto de difícil quanto de entusiasmante.<br />
Trata-se de um homem de livre pensamento e de voz presente<br />
com quem tive o grato prazer e trabalhar e que aqui felicito pela<br />
passagem de mais um aniversário.<br />
Arnaldo Frade<br />
- 43 -
Um homem bom define-se pelo seu carácter<br />
Esta é a forma que encontro para definir<br />
o Vítor Ramalho, um grande homem<br />
com uma personalidade bem<br />
vincada e gestos maiores ainda.<br />
Quando iniciei o trabalho no Partido<br />
Socialista dando apoio à sua presidência<br />
na Federação de Setúbal comecei<br />
por conhecer o homem para além da<br />
imagem que dele tinha criado.<br />
Confesso que tinha algum receio pois<br />
o perfil que tracei no meu imaginário<br />
era de alguém muito inflexível.<br />
Verifiquei logo desde o início que se<br />
tratava de um homem muito cordial,<br />
compreensivo e justo.<br />
Tenho sempre presente esta lição,<br />
que não obstante os cargos que possamos<br />
ocupar nunca devemos perder<br />
a nossa essência nem tão pouco o<br />
nosso humanismo.<br />
Recordo-me de todas as vezes que<br />
de forma verdadeira me perguntou a<br />
minha opinião e a escutou, transmitindo-me<br />
a sua capacidade de aceitar a<br />
crítica.<br />
Jamais esquecerei este Homem que<br />
me ajudou a ser um homem melhor.<br />
Obrigado Vítor.<br />
Bruno Carapinha<br />
- 44 -
O meu Amigo<br />
Vítor Ramalho<br />
Conheci o Vítor Ramalho através do<br />
meu marido, Rodrigues Maximiano,<br />
(Max) já lá vão muitos anos.<br />
E confesso que, por ser amigo do<br />
Max, desde logo o aceitei como amigo<br />
também, porque o meu marido<br />
era exigente nos afetos e se considerava<br />
alguém como Amigo(a) é porque<br />
esse Alguém era um Humanista,<br />
Leal, Solidário, defensor de grandes<br />
causas…<br />
Assim se revelou o meu amigo Vítor<br />
Ramalho.<br />
E se é fácil falar do Vítor, maior a dificuldade<br />
em resumir em poucas linhas<br />
a admiração e o carinho que por ele<br />
sinto, as razões porque o considero<br />
um Ser Humano fantástico!<br />
Excelente político, dedicou-se à Causa<br />
Pública com o denodo e vontade de Servir e Fazer Bem.<br />
Admirável na sua personalidade Humanista, sempre se bateu por causas, defendendo a<br />
Justiça, pugnando por uma melhor e mais solidária repartição da riqueza.<br />
Passeia-se com destreza de Artista na pintura e escreve com o coração nas mãos.<br />
O último dos seus livros, dedicado ao Sr. Presidente Mário Soares, é um hino à ternura,<br />
à amizade e ao respeito por um Grande Estadista, visto por dentro, no interior dos seus<br />
pensamentos, das suas ideias, nos projectos do Futuro sonhado por dois grandes Amigos,<br />
dois Grandes Homens, em conversas intimistas, esculpindo, pela utopia um Portugal<br />
melhor, de progresso, liberdade e democracia.<br />
Adorei!<br />
Mas é sobretudo do Ser Humano de excelência que o Vítor é, que quero falar agora.<br />
A amizade que nos une é um dos patrimónios que me importa preservar. De uma inteligência<br />
ágil e emocional está atento a tudo o que o rodeia, sempre bem-disposto, com a<br />
sua voz suave que nunca se altera, transmite o conforto e a tranquilidade de alguém que<br />
não falhará quando dele precisarmos. Nas boas e nas más horas. É um prazer falar com<br />
ele e a sua conversa é sempre uma aprendizagem que nos torna maiores e melhores. A<br />
dignidade da pessoa humana, a defesa dos mais necessitados, os ideais do seu socialismo<br />
democrático, brotam-lhe do seu Pensamento até à palavra escrita e oral.<br />
Sinto-me orgulhosa de o conhecer, de ser sua amiga e por saber que os mais ignorados,<br />
anónimos e desafortunados dos cidadãos do Mundo têm nele um Defensor convicto,<br />
intrépido e inquebrável.<br />
O Vítor é um Grande Homem, um Grande Político e, sobretudo, um Grande Amigo, um<br />
Amigo meu que não dispenso.<br />
Maria Cândida Almeida<br />
- 45 -
Dr. Vítor Ramalho o meu muito obrigada<br />
por me permitir que faça parte do seu<br />
grupo estreito de amigos sinceros. Serei<br />
sua amiga para toda a vida. Obrigada<br />
por ter feito parte do meu grande e maior evento que<br />
foi casar no qual o Dr. quis marcar presença e muito<br />
obrigada por me continuar a fazer acreditar que a classe<br />
política em geral é integra e digna da função que exerce<br />
na sociedade.<br />
O Dr. fez parte integrante de grandes acontecimentos<br />
na nossa sociedade portuguesa assim como fez parte<br />
da minha, profissional e pessoal.<br />
Os meus muitos parabéns.<br />
Carla Jobling<br />
- 46 -
No dizer de Almeida Santos, Vítor Ramalho é o<br />
africano mais português e o português mais africano<br />
e, se me é permitido , a par de José Aparecido<br />
de Oliveira, o mais lusófono.<br />
Nascido em Angola, seria em Lisboa, enquanto<br />
estudante na Faculdade de Direito, que adere ao<br />
movimento de revolta estudantil para derrubar a<br />
ditadura e pela autodeterminação e independência<br />
das ex-colónias portuguesas. Por tais actos<br />
viria a ser punido severamente pela PIDE. Derrubada<br />
a ditadura, participou activamente na consolidação<br />
da liberdade e da democracia e não<br />
tardou a ser uma figura de referência no mundo<br />
sindical e político. Vítor Ramalho, sempre que foi<br />
chamado a desempenhar funções públicas quer<br />
a nível do governo, do parlamento ou de outras<br />
instituições, sempre se pautou por um escrupuloso<br />
rigor de servidor público “ blindado à prova de<br />
bala “ e com uma enorme capacidade de trabalho<br />
- por onde passou deixou obra feita.<br />
Enquanto governante, Vítor Ramalho recuperou<br />
dezenas e dezenas de empresas falidas, entre<br />
elas a emblemática “ LISNAVE “; na INATEL recuperou<br />
e modernizou as unidades hoteleiras e outros<br />
equipamentos da instituição; presentemente,<br />
na UCCLA, não só está a fazer obra como<br />
já fez história ao convocar figuras históricas dos<br />
movimentos de libertação dos países de língua<br />
portuguesa para participarem em duas conferências<br />
( Coimbra e Lisboa ) subordinadas ao tema<br />
“ A luta pela independência “. Neste evento estiveram<br />
presentes cerca de 100 ex-combatentes,<br />
entre eles 14 ex-primeiros ministros e 4 ex-chefes<br />
de estado. As intervenções dos conferencistas<br />
foram publicadas constituindo, assim, um acervo<br />
de indispensável consulta para quem queira conhecer<br />
a história da luta pela independência das<br />
ex-colónias portuguesas.<br />
Passados 44 anos após a descolonização, nenhum<br />
organismo português teve o arrojo e visão<br />
estratégica para levar a cabo um evento desta<br />
natureza. Só a determinação, a coragem e,<br />
sobretudo, a ligação afectiva que Vítor Ramalho<br />
tem e cultiva com os povos do mundo lusófono<br />
tornou possível este acontecimento.<br />
Pela forma urbana, culta e livre como se exprime,<br />
sem abdicar dos seus valores e princípios, é<br />
chamado com frequência pelos órgãos de comunicação<br />
social para se pronunciar relativamente a<br />
noticias do país e do mundo e, muito em particular,<br />
dos países de língua oficial portuguesa.<br />
Não foi por acaso que Mário Soares o chamou<br />
para seu colaborador na presidência da república.<br />
Mário Soares sabia que podia contar com o<br />
seu amigo. Entre os muitos eventos que levaram<br />
a cabo, realço o último: as duas Aulas Magnas.<br />
Mário Soares sonhou e Vítor Ramalho executou.<br />
Quem tem o privilégio de conhecer e conviver<br />
com Vítor Ramalho sabe que é um homem solidário<br />
e que está sempre presente nos bons e<br />
nos maus momentos. A nossa relação de amizade<br />
com o Vítor leva-nos a considerá-lo como um<br />
elemento da família.<br />
Obrigado, Vítor Ramalho<br />
Carlos Luiz e Maria de Jesus<br />
- 47 -
Quem conhece o Vítor Ramalho<br />
sabe que ele é um Ser Humano<br />
pertencente àquele pequeno e<br />
muito restrito grupo de pessoas<br />
extraordinárias que qualquer um<br />
de nós tem o privilégio de contar<br />
no seu ciclo de vida.<br />
O Vítor é um Homem de carácter,<br />
determinado e solidário. Também é romântico, apaixonado e guerreiro pelas<br />
suas causas. O Vítor é uma Pessoa que abraça e empenha pelo futuro, sem<br />
esquecer tudo o que foi o passado.<br />
Para o Vítor não há fronteiras nem obstáculos impossíveis - qualquer que seja<br />
a dimensão em que estes se apresentam, pessoal ou profissional - pois todo o<br />
seu percurso de vida foi derrubar problemas e alcançar soluções, servindo, por<br />
isso, de referência para todos nós.<br />
O Vítor é o amigo que nunca falha, em especial nos momentos mais adversos.<br />
É simples e generoso, preocupado e atento, genuíno e leal. O Vítor é tudo isto<br />
e muito mais. Que a estes 70 anos do Vítor que agora celebramos, muitos mais<br />
se somem. E que a esta nova década que agora surge, o Vítor saiba que pode<br />
contar connosco, como sempre contou.<br />
Carlos Manuel Castro<br />
- 48 -
Caro Vítor tive a honra de ser convidado para escrever umas palavras<br />
neste dia tão especial em que comemoras os teus 70 anos de idade.<br />
A primeira frase que me veio à cabeça foi a do filósofo Immanuel Kant - “A<br />
amizade é semelhante a um bom café; uma vez frio, não se aquece sem<br />
perder bastante do primeiro sabor.”<br />
O facto é que a nossa amizade nunca arrefeceu antes pelo contrário ao<br />
longo dos anos tem-se apurado, tem ganho o sabor do tempo. Um “café”<br />
que está permanentemente quente.<br />
Afinal o que nos tornou amigos?<br />
Esse valor social que identifica, qualifica e guia princípios universais; esse<br />
teu sentimento de identificação em relação ao sofrimento dos outros; essa<br />
tua ausência de submissão e de servidão; esse teu amor à Liberdade.<br />
Como é bom ter-te como Amigo.<br />
Um abraço fraterno<br />
Carlos Mendes<br />
- 49 -
Caríssimo<br />
Vítor Ramalho,<br />
Neste meu despretensioso testemunho,<br />
agora que comemoras o teu 70º aniversário,<br />
não quero deixar de relevar a tua dimensão<br />
humanista, certamente cimentada<br />
pelas tuas multifacetadas experiências<br />
de vida, muitas já dignamente louvadas.<br />
Mais que enaltecer o teu reconhecido<br />
currículo profissional e político, deixa-me<br />
que realce o teu lado fraterno e o teu apego<br />
à democracia na defesa intransigente<br />
dos valores da liberdade e da solidariedade.<br />
Na tua preocupação em visualizar a evolução<br />
dos tempos, a forma como as tuas<br />
inquietações te impelem a manifestá-las,<br />
independentemente dos poderes que<br />
possam eventualmente estar em causa.<br />
Das vivências tidas em conjunto, permito-<br />
-me realçar a tua capacidade de, não só<br />
saber ouvir, respeitando diferenças, mas<br />
também de potenciar causas e projetos<br />
assentes na congregação das vontades em que te incluis como par.<br />
Tem sido um privilégio a consideração e estima que sempre me tens dispensado<br />
e que espero ter retribuído da mesma maneira.<br />
Parabéns Vítor. Um dia (de muitos, muitos mais) com o que mais te provier e<br />
faz o favor de ser feliz.<br />
Forte abraço,<br />
Carlos Martins Pires<br />
- 50 -
Conheci o Dr. Vítor Ramalho na secção do PS de Sacavém, na<br />
apresentação da sua candidatura à Câmara Municipal de Loures<br />
em 1985.<br />
Retirei daquele primeiro contacto a sua eloquência, determinação,<br />
capacidade de intervenção e as profundas convicções que<br />
o têm acompanhado ao longo do seu percurso político.<br />
Sempre lhe admirei a sua amizade por Mário Soares, figura lendária<br />
da Democracia e lutador incansável pela Liberdade, tendo partilhado<br />
com ambos alguns momentos de maior intimidade quando<br />
me lancei para a aventura da UGT. Só um verdadeiro democrata<br />
e socialista convicto poderia partilhar a amizade profunda do Pai<br />
da democracia portuguesa.<br />
E julgo não me ter equivocado.<br />
A passagem de Vítor Ramalho por várias funções ligadas ao mundo do Trabalho acabaram<br />
por enraizar em mim a admiração que nutro por ele (fosse na pasta do Trabalho enquanto<br />
Secretário de Estado, fosse na liderança da Fundação INATEL, fosse ainda como advogado<br />
de sindicatos, ao serviço dos trabalhadores), facto que me levou a aceitar a gentileza do<br />
convite para escrever algumas linhas sobre o percurso de vida deste camarada militante<br />
activo e apaixonado do PS, mas também de causas e valores.<br />
Termino por elogiar a sua paixão a África e ao mundo da Língua portuguesa, tarefas que<br />
têm granjeado, através da sua acção e intervenção permanente, um reforço dos laços que<br />
unem as nossos pátrias irmãs.<br />
Desejo a Vítor Ramalho as maiores venturas para o futuro, mas acima de tudo transmito-lhe<br />
a minha sincera admiração pelo seu passado e por tudo quanto a sua acção em prol da<br />
Democraia e da Liberdade ajudou a consolidar o nosso Portugal.<br />
Bem Haja por estes 70 anos de uma vida cheia.<br />
Com amizade e muita estima.<br />
Carlos Silva<br />
- 51 -
Vítor Ramalho, um Homem<br />
sempre no seu tempo!<br />
A imagem que tenho do Vítor é a de um<br />
Homem a agir sempre no tempo certo!<br />
Acompanhei o seu percurso quando, nos<br />
anos oitenta, ele foi advogado sindical em<br />
dois sindicatos – o dos Escritórios de Lisboa,<br />
um dos baluartes da UGT então dirigido<br />
pelo António Janeiro, e o dos Capitães e<br />
Oficiais Náuticos, na altura dirigido pelo Ruben<br />
Rolo, um dos principais dirigentes da<br />
CGTP-IN e da Corrente Sindical Socialista<br />
desta confederação e, depois, quando foi Secretário de Estado do Trabalho.<br />
Mais tarde, já nos anos noventa, num grande conflito laboral em que eu estava<br />
profundamente envolvido, o Vítor tentou fazer a “ponte” entre a empresa e<br />
o “meu” sindicato no sentido de o solucionar – o que não foi possível concretizar<br />
devido à rigidez da administração.<br />
E fui acompanhando, ao longo dos anos, o seu percurso politico, desde a sua<br />
assessoria ao Presidente Mário Soares até à sua excelente presidência do<br />
INATEL, passando pela presidência da Federação de Setúbal do PS ou pelos<br />
artigos que vai publicando amiúde na imprensa.<br />
A percepção que construi sobre o Vítor (e do pouco que, infelizmente, tenho<br />
convivido com ele), é o de um Homem portador de um conselho sábio, reflectido<br />
e moderado mas, simultaneamente, de um Homem de acção, mesmo se<br />
agindo de forma discreta, que deixa marcas indeléveis por onde passa.<br />
Há, porém, um sinal que é a imagem de marca de Vítor Ramalho, e que é fundamental<br />
sublinhar – o seu grande Amor a África, muito particularmente a dos<br />
países de expressão portuguesa, do legado de Portugal depois da descolonização,<br />
da importância da CPLP como plataforma estratégica para projectar<br />
mais a Língua Portuguesa (e o nosso País) no Mundo.<br />
O Vítor é um “militante da causa africana e da CPLP” – este é um justo título<br />
para quem fez sua esta causa, como aliás se demonstra actualmente, pelo notável<br />
trabalho que vem realizando como Secretário-geral da UCCLA, União da<br />
Cidades Capitais de Língua Portuguesa.<br />
E este é o tempo certo (e necessário) para valorizar África e dignificar os cidadãos<br />
africanos – nestes tempos em que o racismo e a xenofobia vagueiam<br />
à solta em discursos de lideres mundiais, mais uma vez o Vítor está no seu<br />
tempo!!<br />
Parabéns Vítor – e força!!!<br />
Carlos Trindade<br />
- 52 -
Nos 70 anos do meu amigo e companheiro Vítor Ramalho,<br />
destaco alguns traços da sua personalidade que mais admiro.<br />
Em primeiro lugar, a coragem. Contido na sua intrínseca<br />
modéstia, o Vítor leva uma vida inteira de profundo<br />
empenhamento em causas nobres e de risco. O seu ‘animus<br />
conspirandi’ e a militância antifascista e anticolonial<br />
cedo o levaram aos tribunais plenários. O Vítor faz parte<br />
de uma geração ambiciosa que soube aliar-se com humildade<br />
aos mais experientes. Para com eles lutar, aprender<br />
e evoluir. A sua amizade com Mário Soares tornou-se lendária.<br />
Um símbolo da capacidade de os belos espíritos se<br />
encontrarem. A iluminada sabedoria em eleger aliados e<br />
mestres fez deles amigos certos para sempre. Coragem e<br />
generosidade são porventura as duas marcas de carácter<br />
mais salientes do cidadão Vítor Ramalho. O amor a Portugal,<br />
sem esquecer a África-mãe, balizaram sempre a sua<br />
intensa acção política e cívica. Estou-te muito grato, meu<br />
querido e eternamente jovem Vítor.<br />
Carlos Vargas<br />
- 53 -
Conheci o Dr. Vítor Ramalho, por quem nutro grande estima e admiração, no âmbito<br />
das actividades da Fundação Mário Soares, da qual tive o prazer e honra de ser colaboradora<br />
durante 20 anos.<br />
Foi todavia em 2005 que tive a oportunidade de privar e trabalhar de perto com o Dr.<br />
Vítor Ramalho, quando integrei o MASP III e colaborei na Sede Nacional de Campanha<br />
para as Eleições Presidenciais. Nesses intensos meses de trabalho, o profissionalismo,<br />
empenho e dedicação com que coordenou a “equipa do Éden”, levou-nos a abraçar,<br />
com espírito de missão, energia e entusiasmo, toda a nossa actividade.<br />
Embora os resultados eleitorais não fossem os desejáveis, não tendo o nosso candidato<br />
passado à segunda volta, guardo gratas recordações desses meses em que trabalhámos<br />
arduamente para uma mesma meta, eleger o Dr. Mário Soares Presidente pela<br />
terceira vez. Acima de tudo, desenvolvi laços de amizade que ainda hoje perduram.<br />
Por tudo o que me deu a aprender,<br />
Dr. Vítor Ramalho, o meu muito obrigada.<br />
Catarina Delaunay<br />
- 54 -
O Vítor Ramalho é uma pessoa a quem não ficamos, nunca, indiferentes. Por vezes<br />
até nos desconcerta pela sua atitude conciliatória e dialogante, outras vezes pelo<br />
seu desalinho e vivacidade na defesa de ideias e posições.<br />
Político, escritor, artista plástico, sempre com uma alma lusa e africana que se misturam<br />
na sua natureza e na sua vivencia, que o marcam enquanto homem da lusofonia.<br />
O Vítor Ramalho gosta da vida por todas as coisas que a vida oferece – as ideias, as<br />
palavras, as pessoas, as amizades, as artes, a comida, as viagens, os arrebatamentos<br />
como o ouvi afirmar numa entrevista dada na inauguração de uma exposição<br />
das suas pinturas.<br />
Conheci-o na política em Setúbal e com ele travei fortes e difíceis batalhas que, apesar<br />
de podermos não ter estado sempre de acordo, a verdade é que estivemos sempre<br />
do mesmo lado da barricada, porque nos valores e nos princípios o Vítor é um<br />
homem que defende e ama a democracia, a liberdade, a igualdade e a fraternidade.<br />
Catarina Marcelino<br />
- 56 -
A Amizade é como uma<br />
criança que nasce, cresce<br />
e se vai fortalecendo com<br />
o correr dos anos....<br />
Parabéns querido Amigo<br />
Vítor Ramalho!<br />
Clotilde Fava<br />
- 57 -
Tenho de fazer uma declaração de<br />
princípio que é ser reconhecido<br />
público que sou muito amigo do Dr. Vítor<br />
Ramalho e que este tem tido para<br />
comigo, sempre e ao longo dos anos,<br />
um reconhecimento de mútuo de amizade<br />
que urge enaltecer.<br />
Ao longo dos tempos, estive sempre<br />
em sintonia com o mesmo, e em iniciativas<br />
e decisões partidárias que o<br />
tempo se encarregou de vir publicitar<br />
como corretas e pois urge enaltecer<br />
o seu sentido cívico nas diversas iniciativas<br />
politico partidárias e outras<br />
demonstrativas do Dr. Vítor Ramalho<br />
ser um Comandante de navio, que via<br />
sempre, e antes dos demais, para onde soprava o vento e daí é justo referir a sua<br />
coerência e entendimento cívico, hoje nacional e internacionalmente reconhecido,<br />
não sendo por mero acaso os múltiplos cargos que ocupou, e ainda ocupa,<br />
e estes sejam não um crédito cobra, mas sim um reconhecimento da sua grande<br />
estatura como interventor público sempre coerente e incontroversamente também,<br />
que para além da sua reconhecida aderência partidária ao PS, este é um<br />
verdadeiro cidadão dedicado às causas cívicas, não sendo de esquecer a sua<br />
ligação às questões da sua terra natal de além mar, de Angola.<br />
Ainda recentemente estive com ele, a propósito da crónica de “Uma Amizade<br />
Fixe”, onde quis realçar e legar, para os vindouros, a sua dedicação a um dos<br />
maiores da nossa história democrática, o Dr. Mário Soares, com quem conjuntamente<br />
tiveram iniciativas que marcaram o aspeto político e demonstrativas de<br />
ser o Vítor Ramalho, para além do mais, um verdadeiro Amigo que urge realçar<br />
e, pois, devo concluir dizendo, que muito para além das questões cívicas e do<br />
seu percurso político, muito mais me honra a sua amizade, e é por isso que quero<br />
que ela perdure sempre como “Uma Amizade Fixe”.<br />
Forte e grande Abraço Vítor Ramalho<br />
Costa Amorim<br />
- 58 -
A nossa amizade faz setenta anos! Brindemos!<br />
Querido Vítor,<br />
Da nossa infância na Cáala, recordo as brincadeiras na rua, as goiabeiras a que trepávamos<br />
nos quintais, sem medo das cobras e lagartos com que os europeus imaginam África. Liberdade<br />
e prazer dos desafios. Grandes horizontes, naquele planalto a dois mil metros, tão perto<br />
das estrelas que nos convidavam a sonhar o céu como limite.<br />
Mas recordo também as matinées de domingo no cinema, a que nós, meninos brancos, assistíamos,<br />
confortavelmente instalados, aos filmes do Roy Rogers, enquanto os meninos pretos<br />
eram empurrados para as traseiras do écran. Ou a estação do caminho de ferro, construída pelos<br />
ingleses, com o grande mural de azulejos a deturpar o nome da terra: Vila Robert Williams.<br />
Cáala era o nome dos “indígenas”, a quem eram impostas instalações sanitárias à parte: “Homens”,<br />
“Senhoras”, “Indígenas”, como se o “sim senhor” dos negros fosse diferente do nosso.<br />
Primeiras mas indeléveis impressões de injustiça, o sentido da justiça a crescer dentro de nós.<br />
Na adolescência e juventude, a “Metrópole” não é a pequena vila que nos aproxima, o sentimento<br />
de “família” reacende-se em cada encontro, mas, a pouco e pouco, a vida foi-nos<br />
separando e fomos seguindo à distância os precursos um do outro.<br />
Reencontrámo-nos improvavelmente, já na maturidade, quando confiaste em mim para dirigir<br />
o Teatro da Trindade, tutelado pela Fundação Inatel, a que presidias.<br />
Se tivesse que resumir as qualidades da tua liderança, que são, afinal, os grandes pilares da<br />
tua vida, iria buscar os valores que aprendemos na Caála da nossa infância: a liberdade para<br />
ver mais longe, o prazer do desafio, o sonho por grandes horizontes, o sentido da justiça, a<br />
solidariedade.<br />
Como cantava o Brel da nossa juventude:<br />
Il nous fallut bien du talent<br />
Pour être vieux sans être adultes !!!<br />
Um grande beijo de parabéns.<br />
Cucha Carvalheiro<br />
- 59 -
Lanço mão desta oportunidade para<br />
confessar a minha mágoa de me não<br />
ter sido possível anuir ao convite do<br />
Senhor Dr. Vítor Ramalho para apresentar<br />
o seu livro sobre a pessoa do<br />
Senhor Dr. Mário Soares.<br />
Tendo-lhe respondido com a verdade<br />
(estava convidado para Paris, onde teria<br />
lugar, nos princípios de Dezembro<br />
de 2017, um encontro/simpósio sobre<br />
migrações e lusofonia, cabendo-me<br />
uma Comunicação sobre diálogo inter-religioso),<br />
vim a tomar conhecimento,<br />
de forma indirecta, que o tema<br />
proposto era dispensado de entrar em<br />
cena. Coisas que acontecem…<br />
Guardo na lembrança (irmã-gémea da esperança segundo Leonardo da<br />
Vinci) a sensibilidade do Senhor Dr. Vítor Ramalho às carências sociais,<br />
às dificuldades comuns da existência e aos magnos problemas do mundo<br />
e concomitantemente, o seu empenhamento por via de opções políticas<br />
bem concretas, desde a sua vida de estudante universitário, acolhendo,<br />
sem pausa, responsabilidades sempre na luta pelo bem comum.<br />
A Lusofonia, e, singularmente, a sua “herança” angolana, as diferenças<br />
culturais e a sua convergência, a defesa da Dignidade humana, o pesar,<br />
indisfarçável em não poucas ocasiões, por não ter sido seguida uma ponte<br />
mais sólida entre o Portugal democrático e outros domínios estratégicos,<br />
a coragem sempre a tempo contra injustiças e desvarios, estes e tantos<br />
outros, constituíram ingredientes de uma personalidade desassossegada,<br />
inteligente e comprometida.<br />
Mas, na multidão de afazeres, gostos, ofícios e canseiras, destaco a sua<br />
vinculação estreita, senão familiar, com Maria Barroso e Mário Soares, num<br />
misto de estima e respeito, de proximidade e consideração, de independência<br />
e fidelidade, de militância por causas e convicções.<br />
Confesso que, vivendo longe no Porto, minha terra natal, sinto, amiúde,<br />
saudades fundas de Maria Barroso e Mário Soares, tão amigos, tão confidentes,<br />
tão batalhadores, e, nesse convívio e diálogo, lá me surge sempre,<br />
afável e fraterno, o Dr. Vítor Ramalho.<br />
No confluir de críticas e ideias tinham que estar sempre presentes as aspirações<br />
por um Portugal sem estigmas de injustiça e pobreza, sem intolerância<br />
nem tiques inquisitoriais. Nesta fonte da velha ágora deve ter-se<br />
sempre dessedentado o Dr. Vítor Ramalho, tal a sede que se lhe pressentia<br />
por soluções a serem assumidas, de forma inequívoca, por um Estado de<br />
Direito.<br />
Neste mesmo cambiante nunca foram dispensadas a Justiça e a Amizade,<br />
da sua prática, nos jantares de Domingo ou de dias feriado, de pareceria<br />
com um outro casal, fazendo sempre companhia aos residentes do 3º andar<br />
da Rua Dr. João Soares, nº 2, em Lisboa.<br />
Ao saudar-se uma Vida com sentido, fica-se com outro sabor!<br />
Januário Torgal Ferreira<br />
- 60 -
Há entre nós cerca de um<br />
ano e quatro centenas<br />
de quilómetros – é bem<br />
maior que Portugal a terra<br />
onde nascemos – mas<br />
aproximaram-nos o amor<br />
por essa terra – que nos fez<br />
passar pela mesma prisão<br />
e até partilhar o mesmo<br />
advogado – e o respeito<br />
pela memória daqueles<br />
que lutaram para que ela, e<br />
nós, fôssemos livres.<br />
Na verdade, embora vivamos ambos em Portugal, os temas Angola<br />
e Casa de Estudantes do Império surgem normalmente ligados aos<br />
nossos encontros, sejam o I congresso dos Quadros Angolanos no<br />
Exterior, o Cinquentenário do fecho da Casa dos Estudantes do Império<br />
– cujo programa coordenou – ou um Encontro de Escritores de Língua<br />
Portuguesa, dinamizado pela UCCLAA.<br />
Não sei se por ser um ano mais novo, se por disposição genética, o Vítor<br />
mostra-se, quase sempre, mais optimista do que eu sobre os temas que<br />
nos unem. Mas creio que, no fundo, se trata apenas de silabar mais forte<br />
“não foi isto que nós combinámos” ou “a luta continua”. Porque, num<br />
caso ou noutro, do que nunca se trata é de desistir. Nem da luta, nem da<br />
memória, que faz parte dela.<br />
Septuagenários, sim, mas não amnésicos.<br />
Diana Andringa<br />
- 61 -
Tenho o Vítor Ramalho, a quem quero felicitar vivamente pela celebração<br />
do seu 70º aniversário, como uma voz incontornável, que tem de<br />
ser escutada com atenção por todos aqueles que partilham do nosso<br />
ideário, o do socialismo democrático. A sua experiência, que lhe confere<br />
uma assinalável objetividade e também uma dose extra de serenidade,<br />
o seu saber, o seu sentido de responsabilidade, mas também o<br />
apego às causas que assume como suas, são indiscutíveis mais-valias<br />
para todos nós, os seus camaradas. Todos os partidos, na continuidade<br />
da sua história, precisam de pessoas assim – talvez possamos chamar-<br />
-lhes de consciências - e o PS tem muita sorte em poder contar com o<br />
Vítor Ramalho. Espero que continue por muitos anos, atento e atuante,<br />
a dar-nos a felicidade de escutar a sua voz e o seu conhecimento, ajudando-nos<br />
a pensar e a decidir melhor.<br />
Obrigado, Vítor Ramalho.<br />
Duarte Cordeiro<br />
- 62 -
Ao longo da vida cruzamo-<br />
-nos com pessoas muito especiais<br />
que nos marcam por<br />
terem os valores mais nobres<br />
como programa de vida, a<br />
generosidade como padrão<br />
de conduta e a solidariedade<br />
como forma de respirar.<br />
Vítor Ramalho é um desses seres raros. Foi uma amizade feita na<br />
idade adulta com a frescura juvenil de quem tem sempre um coração<br />
a transbordar de paixão pelas causas em que se envolve.<br />
Cosmopolita, sofredor pelos males do mundo, com uma veia de enciclopedista<br />
que espraia o sonho pela escrita e pela pintura tem o<br />
dom invulgar de aliar a reflexão intemporal à capacidade de ação<br />
sobre os desafios próximos e as misérias do quotidiano.<br />
Já o admirava quando nos cruzamos nos caminhos de Setúbal e<br />
pude testemunhar a permanente revolta com a injustiça, a intolerância<br />
com a hipocrisia e um olhar até bem longe de português de todos<br />
os mares com um coração angolano e a lusofonia como paixão.<br />
Eduardo Cabrita<br />
- 63 -
Há pessoas de quem nos sentimos amigos ou próximos até antes de as<br />
conhecer e de privar com elas. Foi o caso com Vítor Ramalho. Cruzei-me<br />
com ele vagamente quando ele era secretário de Estado e eu jornalista,<br />
já com algumas responsabilidades. Deixou-me boa impressão, porque era<br />
cordato, inteligente e bem-disposto. Só muitos anos mais tarde começámos<br />
a relacionar-nos e a construir uma amizade, feita de trocas de impressões,<br />
de estórias e de histórias, de opiniões fundamentadas que ele exprime sem<br />
peneiras e sem maneirismos. Sempre que ouvia falar do Vítor como pessoa,<br />
como político, como gestor vinham e vêm elogios em catadupa, isto no meio<br />
jornalístico onde ferve a maledicência.<br />
Já na política a coisa é diferente. A frontalidade, as análises fora de rebanhos<br />
valeram e valem-lhe, alguns amargos de boca e a circunstância de ser<br />
muitas vezes preterido por seguidistas, coisa que ele definitivamente não é.<br />
Vítor Ramalho é, porém, altamente respeitado em todo o espaço CPLP onde<br />
é ouvido e respeitado, como um sábio mais velho, digno dos da sua Angola<br />
natal. Há seres humanos que vale a pena ter conhecido. Vítor Ramalho é<br />
um deles. Se estivesse entre nós Mário Soares seria certamente a primeira<br />
e maior testemunha disso mesmo. Eu sei, porque estive várias vezes com<br />
eles e vi bem a amizade e a cumplicidade genuína e desinteressada que os<br />
ligava. Um abraço e parabéns, caro Vítor.<br />
Eduardo Oliveira e Silva<br />
- 64 -
Quis a vida que nos cruzássemos.<br />
Ainda bem!<br />
Têm sido anos de pura amizade que até<br />
hoje perdura.<br />
Por tudo isso lhe estou grata.<br />
Emília Santana<br />
- 65 -
Vítor Ramalho também é fixe<br />
Convivi com o Vítor Ramalho os anos em que na AR fomos os dois deputados.<br />
Aqui aprendi a conhecer melhor a sua personalidade .<br />
Profundamente preocupado com as causas sociais, com a pobreza, com<br />
as injustiças do país, Vítor Ramalho é um homem de valores democráticos,<br />
humanista e justiça social . Vítor é também um homem livre, não<br />
se eximindo de discordar sempre que considera que estamos perante<br />
situações erradas e injustas.<br />
Tem um Curriculum politico e profissional extensíssimo, que me escuso<br />
de relatar e só o refiro para relevar os muitos serviços que o Vítor prestou<br />
e continua a prestar ao país.<br />
Tendo integrado dois governos, Presidente do Inatel, atualmente a<br />
desempenhar as funções de Secretário Geral das UCLA – União das<br />
Cidades Capitais de Lingua Portuguesa, o Vítor Ramalho, nascido em<br />
Caalá, no Planalto central de Huambo , em Angola, é ainda um homem<br />
culto, com várias obras publicadas, a última das quais “ Cronica de Uma<br />
amizade fixe” de leitura obrigatória para quem pretender aprofundar os<br />
conhecimentos e a vida dessa personalidade impar como foi o nosso<br />
eternamente saudoso Mário Soares.<br />
No momento em que completas 70 anos, meu caro Vítor, desejo-te muitas<br />
felicidades e que a saúde não te falte para continuares a dedicar-te<br />
às causas que sempre abraçaste.<br />
Com muita estima e amizade,<br />
Fernando Jesus<br />
- 66 -
Conheci o Vítor Ramalho aquando da sua candidatura à presidência<br />
da Federação de Setúbal do Partido Socialista, já lá vão uns bons anos.<br />
Foi neste contexto que tive o privilégio de com ele trabalhar, emergindo<br />
daí uma ligação de respeito, admiração e amizade que se foi consolidando<br />
com o passar dos anos.<br />
Ao distrito de Setúbal o Vítor trouxe uma nova forma de fazer política,<br />
dando uma dimensão e projecção nacional ao PS local.<br />
Na hora da decisão, sempre o vi determinado, nunca o vi voltar as costas<br />
às dificuldades e sempre o vi agir de forma pragmática na busca<br />
de soluções.<br />
Foi assim, que em 2009 aceitou ser candidato à Assembleia Municipal<br />
de Setúbal, assumindo até ao fim o mandato para o qual foi eleito.<br />
E foi dessa mesma forma que acompanhei o seu desempenho na Fundação<br />
INATEL, onde deixou uma marca de competência pelo ambicioso<br />
projecto levado a efeito.<br />
Um Homem de convicções, que acredita nas pessoas e que luta por<br />
ideais. Um político para quem a ética e a palavra são valores de base.<br />
Um exemplo do que é estar ao serviço da comunidade, em missão de<br />
serviço público.<br />
Pelo seu percurso de vida e cidadania, o Vítor Ramalho não é só uma<br />
referência no Partido Socialista, o Vítor é um nome maior da nossa sociedade<br />
e das relações entre Portugal e os países da CPLP.<br />
Que venham mais 70 anos, de pensamento livre e lutas por convicções.<br />
Estaremos cá para o que der e vier!<br />
Parabéns camarada e amigo.<br />
Fernando José<br />
- 67 -
Caríssimo Dr. Vítor Ramalho.<br />
Com grande honra aceitei o desafio de lhe poder desta forma dirigir algumas palavras,<br />
sendo elas poucas para expressar a admiração que sinto por si.<br />
Apesar de termos partilhado por escassos anos a sua presidência do INATEL/Fundação<br />
INATEL, desde logo reconheci o caráter profissional do bom gestor, ponderado<br />
líder e gratificante cidadão que esta “casa”, onde trabalho à quase cinquenta<br />
anos, teve a honra de acolher.<br />
Não posso deixar de lhe agradecer o gratificante que foi trabalhar com um Presidente<br />
que soube partilhar conhecimentos, ouvir e burilar opiniões e decidir de<br />
forma sábia mas nunca invasiva dos terceiros.<br />
Honra enorme em o conhecer, prazer imenso em ter trabalhado sob a sua direção e<br />
orientação e eterna gratificação por me permitir poder trata-lo como grande amigo.<br />
Um eterno bem-haja<br />
Fernando Marques<br />
- 68 -
Neste momento especial de celebração quero deixar<br />
ao Vítor Ramalho um forte abraço de parabéns<br />
e amizade.<br />
Mas como político e homem público que ele é, quero<br />
hoje falar aqui do que ele representa para nós.<br />
Na sua já longa vida cívica e política, onde nos conhecemos,<br />
o Vítor tem sido a voz mais convicta,<br />
mais forte e mais constante da importância da lusofonia<br />
para o nosso futuro.<br />
Para o Vítor a ligação de Portugal aos países de expressão portuguesa deve<br />
ser o elemento central da nossa estratégia nacional. Centro de uma visão<br />
autónoma (face a um europeísmo tantas vezes acrítico e vazio), fundada na<br />
história e na cultura (e não tanto na geografia próxima), polo de construção<br />
de um futuro de identidades partilhadas (e não de interesses de circustância).<br />
Hoje na UCCLA sou testemunha directa disto mesmo.<br />
O Vítor bate-se por esta visão com a persistência e a convicção dos verdadeiros<br />
políticos. Aqueles que escasseiam mas que fazem a diferença.<br />
Forte abraço amigo Vítor! Obrigado. Contes muitos!<br />
Fernando Medna<br />
- 69 -
Caro Vítor, 70 anos de juventude é uma data especial. Mais do que<br />
fazer balanços sobre o passado (também eles importantes), terá<br />
que se agir no presente para preparar o futuro.<br />
O Vítor foi, ao longo de uma amizade que já vem de uma certa candidatura<br />
presidencial (2005/2006), de uma lealdade e fraternidade<br />
à prova de bala.<br />
Já é muito tempo de amizade, troca de ideias e posso dizer que<br />
tenho apreendido muito com o Vítor, não só do ponto de vista político,<br />
mas como ser humano. É uma pessoa especial, a quem tenho<br />
a Honra de chamar de Amigo.<br />
Um grande Amigo.<br />
Um Amigo Fixe.<br />
Conta sempre comigo.<br />
Um abraço de Filipe Barroso.<br />
- 70 -
Vítor ou a Paixão do Social<br />
Vítor Ramalho é um incansável militante cívico. E nesta palavra associo as<br />
ideias de serviço público, de empenhamento em causas e de paixão pelo<br />
diálogo entre culturas diferentes. Encontrei-o sempre preocupado com as injustiças<br />
e as desigualdades. Quando trabalhámos juntos com Mário Soares<br />
(referência inesquecível!) foi sempre um homem atento aos mais pequenos<br />
sinais que pudessem pôr em causa a concertação e a coesão social. Trabalhador<br />
incansável, multiplicava-se em contactos e na recolha criteriosa de<br />
informações.<br />
A justiça social não é para Vítor uma abstração. É um combate diário e sem<br />
tréguas – e o Estado democrático apenas pode afirmar-se e consolidar-se<br />
se não perder o horizonte da liberdade e da equidade. Mas esta militância<br />
prolongou-se no amor e na consciência das raízes. Sempre lhe ouvi as melhores<br />
invocações da sua Angola e das potencialidades fantásticas desse país<br />
irmão. Daí o seu empenhamento na lusofonia – não numa ideia paternalista ou<br />
uniforme, mas numa encruzilhada viva e partilhada de diferenças e complementaridades.<br />
Eis por que a militância é um culto permanente da amizade!<br />
Guilherme d’Oliveira Martins<br />
- 72 -
Há quanto tempo conheço Vítor Ramalho?<br />
Não sei, não tem importância.<br />
Conhecemo-nos na Fundação Mário Soares<br />
e simplesmente ficámos amigos, era<br />
lá que estava o nosso venerado Dr. Mário<br />
Soares, éramos três companheiros e facilmente<br />
o riso e a alegria contaminavam as<br />
palavras e as conversas.<br />
Observei-lhe a generosidade e a gentileza dos homens de bem, admirei-lhe<br />
o empenho e a concretização de um último grande ideário do Dr.<br />
Mário Soares (as duas assembleias na Aula Magna). Tão importantes.<br />
Publicar-lhe “Crónica de Uma Amizade Fixe” foi um prazer e uma honra.<br />
A amizade é intemporal.<br />
Guilhermina Gomes<br />
- 73 -
Numa jornada de trabalho da minha<br />
empresa, assistia às apresentações<br />
e interações com o interesse que a<br />
relevante matéria em análise exigia.<br />
A dado momento, no entanto, a pequena<br />
pausa sugerida aguçou em<br />
mim um conjunto de reflexões que<br />
me iam sobressaltando. Pensava<br />
eu: que tempos estes(!) onde o ‘ditador’<br />
ASAP (as soon as possible)<br />
invade ritmos, retalha a ponderação,<br />
bloqueia qualquer tentativa de digestão<br />
dos diferentes momentos e<br />
atropela o nosso modo de comunicar,<br />
de conversarmos. Ato contínuo,<br />
vejo-me a cruzar tudo isto com o<br />
desafio-depoimento sobre o, permitam-me,<br />
‘nosso’ Vítor Ramalho que a<br />
minha ‘Presidenta’ de sempre (como<br />
carinhosamente gosto de tratar a<br />
Eurídice) gentilmente me lançou.<br />
E porquê? Porque o Vítor tem essa<br />
rara capacidade de ser um homem<br />
que agrega em si a afirmação viva<br />
do presente, a maturidade e experiência<br />
de um riquíssimo passado e a audácia de pensar e agir com os olhos<br />
no futuro! E tudo isto de modo incrivelmente simples, natural!<br />
Politicamente falando, ‘conheci-o ao vivo e a cores’, numa sessão de esclarecimento<br />
junto da Associação de Moradores da Barra Cheia, no quadro da<br />
Campanha Autárquica do PS de 2005 no Concelho da Moita, onde o Vítor<br />
chegara para ajudar e somar. E o que se iria seguir marcou-me. Cabia-me<br />
pois iniciar a sessão, tendo contudo tomado um rumo que o Vítor sabia não<br />
ser o melhor para aquela plateia. Sábia e calmamente levantou-se da mesa,<br />
a partir da qual nos dirigíamos àquele público, e com a sua mão direita pressionou<br />
o meu braço esquerdo, apertando-o levemente tendo assim, como<br />
que num combinado abrir e fechar de olhos, tomado as rédeas da sessão!<br />
Compreendi, naturalmente acedi e muito aprendi! Sem uma palavra, o gesto<br />
certo no momento certo e até parecia fácil… Nos tempos de hoje onde sobra<br />
microfone para tão gastas matérias e oradores é importante respeitarmos,<br />
valorizarmos e aprendermos com seres humanos tão gigantes como o é o<br />
Vítor. De empatia fácil, sempre disponível para partilhar e ajudar o próximo,<br />
que ensina desinteressadamente, sempre mostrando uma invulgar humildade<br />
nessa sua capacidade inata de agir, nesse seu modo de ser genialmente<br />
claro e assertivo. Alguém que torna simples e dá cor a esta vida sem tempo,<br />
neste tempo, muitas vezes, sem vida.<br />
Obrigado e Forte Abraço Vítor.<br />
Hélder Pinhão<br />
- 74 -
Na vida, vamo-nos cruzando com muita gente, mas<br />
desses encontros circunstanciais poucos evoluem<br />
para laços de consideração e estima e, menos ainda,<br />
os que se transformam em amizade.<br />
O Vítor Ramalho, que conheci há muitos anos já, no<br />
âmbito da profissão que abracei, é um dos casos em<br />
que os contactos foram evoluindo até ao estabelecimento<br />
desse último e precioso estádio das relações<br />
humanas.<br />
Solidário é um atributo que lhe assenta bem.<br />
Abraço do Henrique Garcia<br />
- 75 -
A minha caminhada na política activa é relativamente<br />
recente. Poucos eram os que conhecia bem. Aos poucos<br />
de forma discreta, o Vítor foi impondo-se como a<br />
presença fiel, amiga, disponível. E hoje sei que nesta<br />
vida louca que todos levamos, há alguém que está sempre<br />
atento. Com quem posso contar. E isso é precioso.<br />
Obrigada Vítor e muitos parabéns.<br />
Inês de Medeiros<br />
- 76 -
Pediram-me que escrevesse um<br />
breve texto sobre Vítor Ramalho.<br />
Tarefa fácil, pensei eu, a única<br />
dificuldade residirá na brevidade.<br />
Estava completamente<br />
enganada. Há pessoas cujo espírito<br />
não é passível de ser capturado<br />
pelas palavras.<br />
Conheci, pessoalmente, o Vítor<br />
Ramalho, quando cheguei<br />
á Assembleia da República em<br />
2005. Integrámos, nessa altura, a Comissão de Trabalho<br />
e Segurança Social. Ele assumiu as funções<br />
de Presidente da Comissão e eu, uma neófita nas<br />
lides parlamentares, lá fui fazendo o meu caminho.<br />
Tenho bem presente a memória do desassombro e<br />
da determinação, com que o Vítor Ramalho enfrentava<br />
os momentos críticos, mas também da bonomia<br />
e da generosidade com que sempre me acolheu e<br />
nos acolheu a todos.<br />
Foram dias e até noites infindáveis de grandes debates<br />
e ele sempre atento, hábil, imperturbável, um<br />
verdadeiro “homem do leme”.<br />
A dimensão física que caracteriza Vítor Ramalho<br />
é largamente ultrapassada pela grandeza da sua<br />
alma singular de cidadão do mundo, homem de<br />
causas justas, de bem com a vida.<br />
Obrigada, Vítor Ramalho!<br />
Isabel Santos<br />
- 77 -
Parabéns amigo Vítor Ramalho,<br />
O Vítor é para mim uma das grandes referências, políticas e pessoais, que tenho colecionado<br />
ao longo da minha vida!<br />
Foi assim durante os anos de trabalho na Fundação INATEL, como foi nos anos de actividade<br />
política intensa que vivemos na Federação de Setúbal.<br />
Aprendi consigo o verdadeiro significado das palavras solidariedade e camaradagem, como<br />
não devemos trair aquilo em que acreditamos e que em política não vale tudo.<br />
Consigo vivi uma aula constante de vida, aplicando os valores da liberdade, da igualdade e<br />
da fraternidade. Na conquista da liberdade intelectual, na procura da igualdade de oportunidades<br />
e no respeito pelos outros.<br />
Obrigado pelo privilégio que foi e que é poder trabalhar e aprender consigo desta maneira…<br />
Um forte abraço com estima e amizade pelos seus 70 anos!<br />
João Barata<br />
PS: Junto uma foto tirada em 25-08-2009, num C130 da Força Aérea Portuguesa, numa das muitas aventuras<br />
que realizámos juntos.<br />
- 78 -
Homenagem a Um Homem de Bem<br />
e Amigo Sem Falhas<br />
Na esfera das convivências variadas que me trazem o sal da<br />
vida e ajudam a sustentar a esperança nas razões da minha<br />
visão do mundo, Vítor Ramalho tem lugar aparte. O Vítor tem<br />
também lugar aparte entre os que me fizeram compreender e<br />
amar os valores supremos da amizade generosa e solidária. No<br />
nosso caso, uma amizade velha, e sempre nova, vivida desde<br />
os primeiros tempos de Abril, crescentemente reforçada pelo<br />
melhor entendimento que dele fui tendo ao longo de mais de<br />
quatro décadas, tão fúteis em mudanças e continuidades, que<br />
foram moldando o quadro das nossas vidas. Não só no período<br />
do PREC, mas também para além dele, até aos dias de hoje.<br />
Aprecio o Vítor Ramalho como homem público e como amigo.<br />
O que nele se espelha e o que dele emana num e noutro campo<br />
têm rara unidade fundacional. Tanto do lado dos princípios que<br />
o movem como do lado das atitudes e comportamentos que<br />
dão propósito à sua presença constante entre nós.<br />
As intervenções públicas de Vítor Ramalho definem-no incontroversamente<br />
como clarividente e empenhado partidário de<br />
mudanças libertadoras e, ao mesmo tempo, tenaz adversário<br />
de continuidades indignas. Assim, a sua vida foi naturalmente,<br />
e continua sendo, uma saga de combates políticos e sociais,<br />
também culturais, por um lado, a bem da democracia e do<br />
florescimento das imensas capacidades libertadoras que ela<br />
encerra e, por outro, contra importantes situacionismos enraizados<br />
numa imensa teia de interesses a-sociais muito poderosos<br />
em Portugal. Uma luta permanente que a todo o tempo exige<br />
sageza, determinação, jogo de cintura e coragem para dar a<br />
cara, custe o que custar. Uma luta que também exige sempre<br />
paciência, frontalidade, risco e audácia na iniciativa.<br />
Um conjunto de qualidade que justamente têm sido as suas ao<br />
serviço das transformações da sociedade portuguesa numa<br />
perspectiva de aprofundamento da democracia, da justiça e da<br />
solidariedade responsável.<br />
Cedo se distinguiu pela prática, ao mais alto nível das suas possibilidades,<br />
dessa regra de vida.<br />
Recordo aqui, logo na Universidade, o seu profundo empenho<br />
no fortalecimento do movimento estudantil em defesa das liberdades<br />
académicas e cívicas e contra o viso autoritário e anti-democrático<br />
do regime salazarista, irremediavelmente opressivo<br />
tanto no fundo da sua governação como nas suas intervenções<br />
dia a dia. O Vítor foi à luta de tal modo que os seus pares o elegeram<br />
Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade<br />
de Direito de Lisboa em 1969.<br />
Sei muito bem o significado que tal eleição tinha no contexto<br />
da época. Nos meus 6 anos universitários participei, tão activamente<br />
quanto pude, na Associação de Estudantes do Técnico,<br />
em cuja direcção me envolvi de alma e coração, com particular<br />
incidência no período da crise académica desencadeada pela<br />
publicação do Dec-Lei n.º 40900 (Dezembro de 1956). Esta foi<br />
a primeira crise de contestação do regime que obrigou Salazar<br />
a recuar, retirando publica e definitivamente essa legislação.<br />
Acabado o Técnico, continuei a acompanhar o movimento es-<br />
tudantil-<br />
Na década de 60, as Associações de Estudantes ganharam assinalável<br />
relevo e notoriedade à escala nacional. Atesta-o bem<br />
a repercussão das crises de 1962 e 1969 em Lisboa e Coimbra.<br />
No termo da década a exigência de mudança de regime crescia<br />
manifestamente em extensão e força. A guerra colonial tinha-se<br />
tornado uma chaga fatal para o regime. O país ia tomando<br />
plena consciência de que o regime não tinha nem solução<br />
militar que pudesse ser esmagadoramente Vítoriosa em toda a<br />
extensão do território colonial, nem solução política que pudesse<br />
pôr fim à intervenção armada..<br />
Ninguém mais desesperadamente consciente desse impasse<br />
absoluto que os jovens de todas as origens e condições, na<br />
generalidade dos casos largamente acompanhados pelos seus<br />
familiares. O espectro da sucessão sem fim das mobilizações<br />
militares maciças, destinadas a guarnecer as frentes de combate<br />
e a quadrícula de ocupação das colónias, fez cair uma<br />
pesada cortina de chumbo aniquiladora dos horizontes tipicamente<br />
esperançosos da juventude. Sem surpresa, nesse contexto<br />
a grande maioria dos estudantes universitários tornou-se<br />
acérrima adversária do regime e abriu-se consequetemente a<br />
frontal e permanente pró-actividade. Do mesmo passo, também<br />
assumiu, inevitavelmente, a politização em vários graus do seu<br />
combate por um futuro livre do espectro da guerra colonial.<br />
Nestas condições, as Associações de Estudantes não poderiam<br />
deixar de ser solicitados a estender e a aprofundar as suas<br />
responsabilidades e actividades segundo os mais variados<br />
planos. Alguns deles novos e de grande complexidade, face à<br />
natural diversidade do corpo estudantil. Em correspondência,<br />
cresceu enormemente o acervo de qualidade relacionai, de solidez<br />
de carácter e de fundamentada cultura política, no mais<br />
nobre sentido do termo, exigido aos líderes das Associações<br />
de Estudantes. Só se enfrenta eficazmente a complexidade<br />
mediante dinâmicas globais assentes em princípios claros e<br />
eticamente compulsivos, em flexível pensamento e acção, no<br />
espírito de aberta cooperação e mobilização, na força e subtileza<br />
de propósitos habilmente trabalhados no terreno a golpes<br />
de equipas motivadas.<br />
Tudo atributos que têm tido singular manifestação ao longo da<br />
vida do Vítor.<br />
Porque razão chamei à colação a trajectória do movimento estudantil<br />
nos anos 60 e dei especial relevo ao fim dessa década?<br />
Porque penso que foi a inserção prestigiosa do Vítor nesse movimento<br />
que lhe forneceu o cadinho essencial do apuramento<br />
do seu carácter, da sua personalidade pró-activa, da sua fidelidade<br />
ao culto de princípios e de valores fundamentais da democracia,<br />
da justiça e da solidariedade-. Tenho para mim que aí<br />
se forjou muito do Homem de Bem a que devemos homenagem.<br />
O CV de Vítor Ramalho na vida pública é vasto e diversificado:<br />
advogado sindical nos anos de brasa, membro do Governo por<br />
duas vezes, no Trabalho e na Economia, influente consultor do<br />
Presidente da República, deputado e Presidente de Comissão<br />
Parlamentar, membro de reconhecido mérito, assim oficialmente<br />
designado, do Conselho Económico e Social, lúcido e<br />
desassombrado interveniente na política nacional como dirigente<br />
do PS, dirigente da Cruz Vermelha, do INATEL e da UCCLA,<br />
activista maior da lusofonia e do relacionamento de Portugal<br />
com Angola, dirigente de várias associações e promotor de fundamentais<br />
iniciativas nesse dominio.<br />
São inúmeros e relevantes os serviços que a todos prestou, bem<br />
acima dos habituais oportunismos partidários.<br />
Nunca esquecerei a determinação e eficácia que, no Governo,<br />
soube pôr ao serviço da salvação de milhares postos de trabalho<br />
em empresas em dificuldades. Recordarei sempre a profunda<br />
pedagogia e acerto estratégico de tantas intervenções suas<br />
no Parlamento e no PS. Tal como terei também presente o largo<br />
horizonte e a paixão sem limites que conduziram e continuam<br />
conduzindo os seus combates pela lusofonia, com particular<br />
ênfase no que diz respeito a Angola, terra do seu nascimento e<br />
centro de um dos seus dois mundos.<br />
A tudo isto acresce a marca forte do Vítor como homem de cultura<br />
aberto à promoção dos mais diversos projectos criativos..<br />
No plano pessoal, ofereceu-nos, com a maior das simplicidades,<br />
contributos da sua sensibilidade artística, como a exposição<br />
da sua pintura, e a sua capacidade de enquadrar ideias,<br />
valorizar factos e relevar comportamentos através de extensa<br />
comunicação escrita. A sua última obra, Crónica de Uma Amizade<br />
Fixe, é exemplar a esse título.<br />
Não poderia terminar o meu testemunho sem agradecer ao<br />
Vítor a amizade sem falha que nos une. Uma amizade como<br />
não conheço outra. De dupla raiz, espelho de uma afeição indefectivelmente<br />
enraizada tanto no melhor que os portugueses<br />
são capazes de oferecer, como na honra de “mais velho” que o<br />
Vítor generosamente me faz de acordo com o melhor da cultura<br />
angolana. Também nasci em Angola: somos patrícios. E isso<br />
esteve sempre presente na nossa amizade sem igual.<br />
- 79 -<br />
Longa Vida a Vítor Ramalho,<br />
Homem de Bem e Amigo sem Falha.<br />
João Cravinho
Temo-lo prosseguido continuadamente e trilharemos o mesmo caminho no futuro<br />
– espero - de muitos anos.<br />
Mas quem, o quê e como?<br />
O quem?, é simples - Vítor Ramalho e eu próprio. O quê?, uma bagatela – salvar<br />
a Pátria.<br />
Como ? – conversando.<br />
São conversas de uma ironia amarga. Como muitos outros, fomos assistindo<br />
impotentes à decadência moral e política do país. Nunca tivemos grandes ilusões<br />
sobre o que ia suceder - nem um nem outro. Fizemos algumas tentativas<br />
de mobilizar vontades - sem êxito. Resta-nos o humor que em profusão lançamos<br />
sobre a tragédia portuguesa, de um país que tudo vende ao estrangeiro e<br />
que todos os dias vai perdendo a sua tradição universalista.<br />
Mas o mais importante, mantém-se. Uma sólida amizade, um entendimento<br />
vivo de quem, apesar de tudo, lá no fundo, continua a ter esperança e não se<br />
considera batido.<br />
Nem mesmo pelos 70 anos, a que também vou chegar no tempo de um fósforo.<br />
Um grande abraço, Vítor!<br />
João Ferreira do Amaral<br />
- 80 -
Conheci Vítor Ramalho na sua primeira eleição para a Federação<br />
Distrital de Setúbal, acompanhei-o nos 3 mandatos à frente<br />
da Federação, vi nele um politico defensor, de causas justas,<br />
com ideologia assente nos princípios Fundamentais do Partido<br />
Socialista, um elemento congregador, centrou os seus mandatos,<br />
na sua dimensão política e social como uma atividade<br />
e não como uma mera função de representatividade, uma luta<br />
constante, pela defesa intransigente dos valores republicanos,<br />
democráticos e da solidariedade, foi com Ele e por Ele que,<br />
iniciei funções a nível concelhio. Daqui nasceu uma forte amizade,<br />
uma amizade reciproca, sem cobrar, é aquele ombro amigo<br />
que está sempre ao dispor, aquela linha que quando ligo, está<br />
sempre aberta e sempre disponível para ouvir e dar uma palavra<br />
de conforto, uma amizade que, se prolonga até aos dias de<br />
hoje. Muito mais havia para dizer do Vítor, porém tudo o que eu<br />
escreva será pouco para definir o político e o homem que ele é.<br />
Muitos Parabéns caro Vítor Ramalho.<br />
Um forte abraço do amigo<br />
Quinito<br />
- 81 -
Querido amigo,<br />
e camarada Vítor Ramalho<br />
Conhecemo-nos no famoso “Franjinhas” do SITESE, onde tu e o nosso amigo e<br />
camarada António Janeiro, figura maior da nossa história sindical, se batiam pelo<br />
Sindicalismo Democrático em Portugal, sendo que estas vitórias eram comemoradas<br />
no almoço anual do 1º de Maio, no qual o nosso querido e saudoso amigo,<br />
camarada Mário Soares, estava sempre presente.<br />
De então para cá foram inúmeros os cargos e desafios que prestaste ao País e a<br />
várias Instituições, sempre com enorme competência, e dedicação,<br />
com que desempenhavas esta funções, bem como a generosidade, e uma grande<br />
amizade, para com todos que estavam à tua volta<br />
Como Presidente da UCCLA és, provavelmente, o maior defensor e promotor da<br />
Lusofonia<br />
Obrigado por seres meu amigo<br />
Joaquim Sabino<br />
- 82 -
Conheci o Vítor, já lá vão<br />
mais de três décadas, nos<br />
tempos do chamado bloco<br />
central, era ele Secretário de<br />
Estado do Trabalho e iniciava-me<br />
eu, muito mais jovem,<br />
nas funções de Deputado à<br />
Assembleia da República.<br />
Quem viveu esses tempos<br />
guarda deles a memória de<br />
um ciclo de grandes dificuldades<br />
sociais, expressões<br />
de muitos desajustamentos,<br />
contradições e insuficiências<br />
resultantes do processo<br />
de ajustamento do país<br />
às novas lógicas da democracia,<br />
da sociedade aberta, do fim do paternalismo de Estado, da descolonização, da<br />
necessidade de encontrar novos desígnios para Portugal no espaço europeu.<br />
Tempos assim são por natureza propícios à desmotivação e ao desalento e, não raro, à<br />
fuga para projetos populistas à sombra de soluções políticas musculadas, à esquerda ou<br />
à direita. Em contrapartida, situar no tempo pessoas disponíveis para assumir o essencial<br />
das suas convicções ao mesmo tempo com radicalidade de alma e disponibilidade<br />
prática para o compromisso realista é sempre uma oportunidade para engrandecer o<br />
melhor da condição humana.<br />
O Vítor é dessas pessoas permanentemente comprometidas com o concreto da vida e<br />
nela sempre disponíveis para dar o seu melhor. E conhecendo-o um pouco melhor ainda,<br />
o Vítor revela a natureza de um sonhador, um artista, um cultor da palavra, um amante<br />
da liberdade existencial e um combatente permanente pelos ideais da solidariedade e<br />
da generosidade.<br />
Como todos os amantes da liberdade, o Vítor é, a seu modo e ao modo de muitos de nós,<br />
um conspirador – no sentido de quem procura insistentemente a mobilização de vontades<br />
para alcançar conjuntamente os objetivos que de outro modo não seriam possíveis.<br />
Foi assim que ao longo dos anos o fomos encontrando na frente de tantos combates decisivos<br />
para a nossa democracia. Tinha escolhido, de um modo inequívoco, o seu campo<br />
de luta e preservação – o da esquerda democrática, moderada, europeia, defensora dos<br />
valores do pluralismo e da tolerância sem nunca abdicar do combate permanente pela<br />
justiça social.<br />
Com tais lemas, o Vítor encontrou o seu grande inspirador político na grande figura de<br />
Mário Soares. Ele e muitos outros que, de um modo ou de outro, partilhando das mesmas<br />
convicções, se mantiveram constantemente na linha da frente, seja em funções institucionais<br />
seja no testemunho cívico e na tomada de posição política.<br />
Os percursos públicos do Vítor são, de resto, por demais conhecidos para não carecerem<br />
nem de descrição nem de exaltação da minha parte. Lembro apenas, com especial<br />
destaque, o que foram as lutas comuns no MASP para a eleição de Mário Soares à<br />
presidência da República (e o que isso representou de decisivo para a consolidação<br />
da democracia pluralista no nosso país) ou o seu empenhamento na concretização dos<br />
encontros da reitoria, nos anos de chumbo da intervenção da troika, quando o génio de<br />
Mário Soares se esforçou por deixar testemunho de que alternativas eram possíveis ao<br />
clima de abdicação então tão disseminado no cenário político português.<br />
Além de tudo isso, o Vítor é um mensageiro constante do multiculturalismo português e<br />
da aproximação entre os povos de língua portuguesa.<br />
O Vítor Ramalho é, acima de tudo, o conversador das longas tertúlias, o contador de<br />
histórias, o amigo solidário, aquele com quem podemos contar até ao fim.<br />
Para o Vítor deixo o meu abraço, o testemunho da minha amizade e os meus votos de<br />
vida longa.<br />
Jorge Lacão<br />
- 83 -
É com muito gosto que me associo a esta homenagem ao meu amigo Vítor Ramalho<br />
pelo seu septagésimo aniversário. As nossas vidas têm vários pontos em comum<br />
– desde já frequentámos ambos a Universidade de Direito de Lisboa, embora com<br />
quase uma década de intervalo; depois partilhámos opções políticas idênticas;<br />
por último, ao longo da nossa já longa existência pública, os nossos percursos<br />
profissionais cruzaram-se em inúmeras ocasiões, tantas vezes à volta de causas<br />
comuns, como sejam as actividades da UCCLA e o relacionamento especial com<br />
os países de língua portuguesa por que sempre nos batemos, ambos. A tudo isto<br />
se soma uma respeitosa e muito cordial estima mútua, que o correr do tempo foi<br />
sedimentando em amizade certa.<br />
Parabéns Vítor por este aniversário redondo,<br />
a que me associo com muito gosto, com um<br />
forte abraço e votos de felicidades!<br />
Jorge Sampaio<br />
- 84 -
A nossa amizade parece-me mais antiga que o início da nossa proximidade. Ganhou<br />
raízes, em muito consequência de dois espíritos joviais, dados a valorizar<br />
as coisas belas da vida, irrequietos na procura que alimenta a criação artística.<br />
Foi a descoberta da sua pintura, do seu traço rápido decifrador da natureza das<br />
coisas, da sua escrita escorreita e cristalina, que me levaram a reforçar uma<br />
proximidade apetecida, dele recebendo em troca o apreço pela minha escrita e<br />
pela minha poesia.<br />
Aquilo que começou por ser uma colaboração ativa no campo da militância política,<br />
num trabalho inigualável realizado sob a sua liderança numa época em que<br />
era preciso reafirmar o projeto socialista, depressa se estabeleceu num patamar<br />
que nos levou a uma amizade, daquelas que resistirá à erosão do tempo, que<br />
será revisitada com agrado nos caminhos da memória.<br />
O Vítor é um cidadão do mundo, um português falante que luta inefavelmente pela<br />
firmação da sua língua, espírito aberto e criativo, um ser convivente e sem idade.<br />
José António Contradanças<br />
- 85 -
A amizade vive de se dar e receber o melhor<br />
de cada um de nós. Por isso desejamos-lhe<br />
um feliz aniversário.<br />
Um abraço e um beijo dos seus amigos.<br />
José e Ofélia Carvalho<br />
- 86 -
Já lá vão 33 anos!<br />
Concorríamos na mesma lista, embora<br />
por partidos diferentes, à Câmara<br />
Municipal de Loures. Decorria o mês<br />
de dezembro de 1985.<br />
Foi neste contexto que eu e o Vítor<br />
Ramalho nos encontrámos pela 1ª<br />
vez. Passámos então a ter um convívio<br />
frequente, por vezes diário, e a<br />
pouco e pouco nasceu uma sólida<br />
amizade.<br />
É um homem íntegro, competente e<br />
preocupado que tem dedicado a sua<br />
vida ao bem comum e à causa pública tendo sempre demonstrado,<br />
com o seu conhecimento das questões políticas e sociais, que para ele<br />
a política é um meio para servir, promovendo os direitos e o bem estar<br />
das pessoas.<br />
O Vítor Ramalho é, para além de tudo,<br />
um homem com invulgares qualidades humanas.<br />
Sinto-me assim agradecido e privelígiado<br />
pelo facto de me poder considerar seu Amigo.<br />
José Moreira Marques<br />
- 88 -
Grande Vítor!<br />
Chegou a tua vez de comemorar a bonita idade<br />
de 70 anos. Parabéns bom amigo! Com a tua<br />
raiz africana que te acalma a vida e te dá alma<br />
artística, quem contigo partilhou algum pedaço<br />
de tempo, guarda de ti a imagem de um homem<br />
justo, solidário, honesto e corajoso.<br />
A vida corre e o nosso dia-a-dia é cada vez<br />
mais ocupado com as recordações que nos alimentam<br />
o trajecto que fomos efectuando. Nessa<br />
caminhada vêm à memória os lugares e as<br />
pessoas que fomos conhecendo e o que nos<br />
ficou de cada momento vivido.<br />
Recordo bem o meu primeiro contacto contigo.<br />
Não sei o dia, nem o mês, mas recordo que<br />
foi ao fim de um dia, numa daquelas reuniões,<br />
que a pedido teu, ou das entidades sindicais,<br />
tu tentavas perceber para ajudar a resolver<br />
gravíssimos problemas laborais que, naquele<br />
tempo, nos enchiam de sofrimento. Eras, então,<br />
membro do governo, e eu um ativista sindical e<br />
dirigente de base do nosso partido.<br />
A actividade política e sindical em todo o país,<br />
mas com especial ênfase no Distrito de Setúbal,<br />
era determinada pelo combate à fome,<br />
ao desemprego, aos ordenados em atraso e<br />
à intolerância que tantas vezes terminava em<br />
violência, verbal e física. Nesses tempos, meu<br />
querido amigo, não havia ninguém no mundo<br />
laboral que não conhecesse ou tivesse ouvido<br />
falar do Dr. Vítor Ramalho. A determinação e a competência técnica era por todos admirada<br />
e disputada como garantia na salvação da empresa ou posto de trabalho, em reuniões até<br />
às tantas. No governo ou nas empresas, tu foste a esperança de muitos trabalhadores e<br />
patrões, e em muitos casos conseguiste salvá-los já com o fim à vista.<br />
Aqueles que como eu vivemos esses tempos temos para contigo uma divida de gratidão,<br />
porque sabemos bem da importância do trabalho que desenvolves-te no governo de então.<br />
Passados esses tempos, quer no exercício de cargos políticos, como foi por exemplo o de<br />
Presidente do PS em Setúbal, ou ao serviço de instituições, como o INATEL ou a UCCLA,<br />
a tua marca, fica para além do mandato, porque dele fica, o trabalho feito e a recordação<br />
fraterna do Vítor Ramalho.<br />
Sabes Vítor, já me começa a “chatear” recordar as coisas, porque às tantas, dou por mim a<br />
pensar que já não nos vemos tantas vezes, em volta de um petisco, em amena cavaqueira<br />
conspirativa, ouvindo-te falar do Partido, do País e do Mundo, e onde também havia lugar á<br />
analise a alguns convencidos da sua importância, e que por isso mesmo, ali se comentava<br />
com a importância que mereciam.<br />
Acho que já abusei, vou por fim a esta conversa, sem que antes te peça desculpa, por não<br />
conseguir passar melhor para o papel o que ao meu espírito ocorreu.<br />
PARABÉNS Vítor. Longa Vida!<br />
És um Amigo do peito. OBRIGADO Vítor.<br />
Um fortíssimo abraço<br />
José Reis.<br />
- 89 -
Um homem às direitas<br />
Sei bem que o Vítor Ramalho não leva a mal a pequena provocação do título<br />
e sorrirá de genuíno prazer.<br />
Não me lembro há quantos anos o conheço, nem da primeira vez que nos<br />
cruzámos. Fomo-nos conhecendo, fomo-nos estimando. Primeiro, na vida pública.<br />
Depois, pessoalmente. Sempre o vi como o leal, próximo e fiel amigo<br />
de Mário Soares. Nada yes man, mas daqueles que mantêm a companhia<br />
e solidariedade mesmo quando discordam e não usam a divergência para<br />
romper e abandonar. Construí grande admiração por ele, pela sua discrição e<br />
capacidade de construir. A amizade também se desenvolve – é o nosso caso.<br />
O Vítor Ramalho é, além do mais, um angolano português, daqueles que, com<br />
Chico Buarque, estamos sempre a sonhar com o tal “imenso Portugal”, essa<br />
quimera maravilhosa ao vento do “Fado tropical”. Parabéns! Lá chegaremos.<br />
José Ribeiro e Castro<br />
- 90 -
Meu amigo<br />
Meu Camarada<br />
Durante os anos que fiz parte do seu grupo de trabalho político, vivenciámos<br />
várias dificuldades e alguns contratempos mas a política é feita de desafios e<br />
obstáculos, que só são ultrapassáveis quando temos pessoas que acreditam e<br />
nos fazem acreditar na capacidade de sairmos Vítoriosos, ao mesmo tempo que<br />
nos desafia para outras realidades, e o Vítor é uma dessas pessoas.<br />
É uma honra conviver com um ser humano capaz de ver o outro em toda a sua<br />
individualidade, respeitando suas escolhas, mesmo que essas sejam diferentes<br />
das suas. É uma honra ser sua amiga.<br />
Com amizade<br />
Lídia Marrelha Henriques<br />
- 91 -
Conheci o Vítor Ramalho em 2004 como Presidente<br />
da Federação Distrital de Setúbal, acompanhei o seu<br />
mandato da Federação, vi nele um politico defensor<br />
de causas justas, de uma ideologia clara e princípios<br />
fundamentais do Partido Socialista, uma pessoa de<br />
consensos na sua dimensão política e social, numa<br />
luta constante da defesa de valores republicanos e democráticos.<br />
Uma referência no universo político e uma<br />
influência no meu trajeto político inspirando e levando-<br />
-me a trabalhar em prol do meu concelho de Alcácer<br />
do Sal.<br />
Construí uma forte amizade com o Vítor estando sempre<br />
disponível e aconselhando-me, não há palavras para<br />
tudo o que possa escrever sobre este grande amigo e<br />
personalidade deste nosso Portugal.<br />
Saudações Socialistas<br />
Um grande beijo da sua amiga<br />
Maria Lucinda Mira<br />
- 92 -
Conheci o Dr. Vítor Ramalho através de outro grande amigo<br />
o Dr. Medina Carreira.<br />
Discutia naquela altura a venda da minha participação na<br />
Sociedade de computadores time sharing aonde era accionista<br />
e também director geral.<br />
Graças à intervenção do Vítor Ramalho ganhámos o processo,<br />
mas o mais importante foi o facto de nos termos tornado grandes<br />
amigos.<br />
Tínhamos tatuagens comuns, ambos naturais de Angola,<br />
estudantes universitários em Lisboa e frequentadores assíduos<br />
da Casa dos Estudantes do Império ,embora em épocas diferentes,<br />
sou bem mais velho que o Vítor.<br />
Assim sendo e com amigos comuns, como por exemplo a Judite<br />
Correia, a nossa amizade cresceu e sedimentou-se facilmente.<br />
Ainda me lembro do almoço de Moamba, prato Angolano, que<br />
lhe ofereci em minha casa, já que o Vítor é um grande apreciador.<br />
Angola está-lhe no sangue e por isso é um grande conhecedor<br />
da vida política, económica e social da nossa Terra.<br />
Muitas felicidades meu querido Amigo, foi uma grande honra<br />
mas também uma grande alegria ter-me cruzado contigo.<br />
Luís Alves Costa<br />
- 93 -
O homem que falava com “Deus”<br />
Foi nos Governos, Congressos, Jornais e Televisões que conheci Vítor<br />
Ramalho. Hoje um amigo. Uma voz sempre a escutar e a respeitar.<br />
Pelas suas candidaturas a presidente da Federação de Setúbal passámos<br />
a conhecermo-nos melhor.<br />
A leitura política face a tudo o que acontece na sociedade e o que propõe<br />
é de um homem de esquerda, um socialista, um democrata atento, lúcido<br />
e prospetivo, para quem os direitos, bem-estar, segurança e igualdade<br />
dos cidadãos sempre foi prioridade.<br />
Senhor de vistas largas e verbo fácil, analista dos detalhes que disseca<br />
para depois os fundir numa alquimia de resultado certo, sempre previu o<br />
futuro político do Mundo, da Europa, da sua África, do Partido e do País<br />
com elevada margem de sucesso.<br />
Amante de uma boa tertúlia, pintor de cores fortes, voz incómoda sempre<br />
que necessário, construtor de pontes de arquitetura quase impossível,<br />
teve o dom de privar com “Deus” com quem manteve uma amizade “Fixe”.<br />
Aceite caro Vítor Ramalho um grande abraço deste que muito o respeita.<br />
Luís Chula<br />
- 94 -
Vítor,<br />
Não é fácil escrever sobre alguns amigos e tu és o meu melhor exemplo.<br />
Foram tantas as situações e os contextos em que nos encontrámos, da<br />
forma descontínua em que tantas vezes se formam as melhores amizades,<br />
que não consigo ter de ti uma imagem só.<br />
Lembro-me bem de como te conheci, há cerca de 30 anos. Foi em acção,<br />
na barra de um tribunal, onde patrocinavas uma causa que parecia difícil<br />
e se revelou fácil pelas qualidades que evidenciaste – simplicidade, inteligência<br />
e assertividade. Cito muitas vezes este exemplo aos meus alunos.<br />
Desde então, multiplicámos os encontros, as solidariedades, os momentos<br />
em que, entre rodas de amigos, nos deliciaste com as tuas histórias<br />
de vida, polvilhadas com aquela sábia mistura de universalidade e tropicalismo.<br />
Percebo bem porque admiras Leonard Cohen. Tu também tens um lado<br />
de trovador. E de cidadão do mundo. Tolerante e solidário. Dance Me é<br />
mesmo o teu tema.<br />
Forte abraço.<br />
Luís Nazaré<br />
- 95 -
Nas crises laborais que se<br />
seguiram ao 25 de Abril conheci<br />
o Dr. Vítor Ramalho.<br />
Embora em lados opostos,<br />
ele como advogado dos trabalhadores<br />
da indústria do<br />
entretenimento, eu como representante<br />
duma entidade<br />
patronal, tornámo-nos amigos<br />
dado o seu fair-play e o<br />
seu talento negocial.<br />
No início dos anos 80 fui apanhado numa complexa situação<br />
familiar que punha em causa a sobrevivência, entre outras<br />
coisas, da empresa que dirigia, a Lusomundo. Depois de<br />
cerca de 2 anos de negociações que envolviam um conjunto<br />
de bons advogados lembrei-me de pedir a colaboração do<br />
Dr. Ramalho.<br />
A sua extraordinária capacidade de criar entendimentos e<br />
a sua competência profissional rápidamente permitiram o<br />
acordo que deu oportunidade a que a Lusomundo continuasse<br />
a desenvolver os seus projetos e se tornasse numa<br />
das grandes empresas do País que foi, no início deste século,<br />
integrada no que na altura era considerada como a maior<br />
e melhor empresa portuguesa - a PT.<br />
Além disso foi ele que me criou a oportunidade de conhecer<br />
um dos grandes portugueses, o Dr. Mário Soares, que todos<br />
recordamos.<br />
Neste dia felicito o meu querido Amigo pelo seu 70º aniversário.<br />
Desejo-lhe e à sua estimada Família as maiores venturas.<br />
Luís Silva<br />
- 96 -
Vítor Ramalho<br />
“O meu irmão do Huambo”<br />
Nascemos ambos em Angola,<br />
estudamos no Liceu do Huambo<br />
e viemos para Lisboa para a<br />
Universidade, o Vítor para Direito<br />
e eu para o Técnico.<br />
Nunca deixamos de nos encontrar.<br />
Convivemos, sempre, com este privilégio das<br />
duas culturas, angolana e portuguesa, que nos<br />
permitem uma diferente compreensão do mundo<br />
que nos rodeia.<br />
O Vítor é generoso, alegre, solidário, sensível,<br />
companheiro e amigo.<br />
Temos partilhado momentos únicos de companheirismo,<br />
reflexão, inter-ajuda e boa disposição.<br />
O Vítor é o “Meu Irmão do Huambo”.<br />
Luís Todo Bom<br />
- 98 -
Conhecer Vítor Ramalho<br />
foi uma bênção.<br />
Homem sério, amigo do seu amigo do seu amigo, respeitador.<br />
Homem de valores. Grande Mestre na Política. Defensor de ideais.<br />
Trabalhar com Vítor Ramalho é um ensinamento de vida.<br />
Pela sua sabedoria. Pelos valores que transmite.<br />
Que orgulho tenho.<br />
Obrigada Presidente Vítor Ramalho<br />
Lurdes Cunha<br />
- 99 -
Ao estimado<br />
Vítor Ramalho<br />
Todos os portugueses e<br />
portuguesas da nossa geração<br />
que tiveram a ousadia,<br />
ou o privilégio, de<br />
despertar para a intervenção social e política muito jovens, têm registos propiciadores<br />
de um sorriso bem largo e de profundo prazer: com as nossas limitações,<br />
fomos atores em processos de grande transformação social e política.<br />
O Vítor Ramalho pode orgulhar-se de um percurso político e de cidadania que<br />
contribuiu para que a vida de todos seja hoje bem mais feliz.<br />
Partilhei consigo muitas discussões. O Vítor foi, em regra, um interlocutor qualificado,<br />
dedicado e leal, quer quando sabíamos que nos íamos confrontar, quer<br />
quando estávamos conscientes de convergir.<br />
Momentos relevantes da Presidência do Dr. Mário Soares, e mais tarde da luta<br />
contra o avanço da direita e do belicismo, foram pontuados pela ação do Vítor.<br />
Esse empenho esteve também na busca de saídas para situações sócio<br />
laborais delicadas em meados dos anos oitenta e na década seguinte. Estes e<br />
outros contributos merecem um,<br />
Grande Abraço de Parabéns!<br />
Manuel Carvalho da Silva<br />
- 100 -
Vítor Ramalho<br />
um homem no seu tempo<br />
Nasceu e cresceu na Angola profunda, no<br />
Huambo. Vem desembarcar na Faculdade<br />
de Direito da Universidade Clássica de<br />
Lisboa, que frequenta no fim dos anos 60<br />
e no princípio dos anos 70. Entra frontal e<br />
decididamente na luta contra o fascismo<br />
e o colonialismo. Foi presidente da Associação<br />
Académica em 1969.<br />
Eram tempos conturbados, cheios de<br />
contradições. A guerra colonial, em três<br />
frentes, as condenações de Portugal na ONU, os conflitos ideológicos resultantes da crise<br />
entre a China Popular e a URSS, as lutas estudantis. E por isso comeu o pão que diabo<br />
amassou.<br />
Preso pela PIDE, teve o tratamento que os nossos “brandos costumes” recomendavam:<br />
“internado” em Caxias, beneficiou da hospitalidade que a Pátria reservava aos insubmissos.<br />
Foi julgado e condenado no tribunal plenário. Chegada a hora de servir nas armas, foi<br />
mandado, como soldado raso, varrer os pátios e as casernas. E neste fadário andou até ao<br />
25 de Abril.<br />
Pertencendo a uma geração anterior à minha e tendo eu ido parar à Guiné em comissão<br />
por imposição, não nos encontrámos nessa altura, mas frequentámos lugares paralelos.<br />
Recordo-me de ter fixado o seu nome pelos estudos de Direito de Trabalho que publicou<br />
e eu consultei com proveito. A diferença de idades, as experiências e os acasos da vida<br />
fizeram com que só já tarde viéssemos a conviver e nos tornássemos bons amigos.<br />
Viemos a trabalhar juntos, anos depois, no distrito de Setúbal. Apreciei a sua visão do que<br />
era esse distrito, dividido tão nitidamente em duas partes: o Norte, de Almada a Setúbal e<br />
o Sul, o Litoral alentejano, tão diferentes na sua composição social e nas suas especificidades<br />
políticas.<br />
Não se cansa nem descansa. Nem deixa descansar. Conhece as pessoas e os lugares do<br />
nosso distrito: de Canha ao Torrão, do Bairro do Pica-Pau Amarelo ao Bairro da Belavista,<br />
de Porto Brandão a Porto Covo. Com uma inesgotável paciência para ouvir e capacidade<br />
para se fazer ouvir, insistir, argumentar...<br />
A sua estatura de “bom gigante” diz isso mesmo. Dignidade, respeito pelos outros, generosidade<br />
e firmeza nas convicções e nas ações.<br />
Foi e é um combatente pela liberdade e pelo socialismo, fiel a ideais de progresso e humanismo<br />
que constituem desde há muito a bússola pela qual se orienta. Neste momento<br />
em que atinge a idade dos “Senadores” da República, Vítor Ramalho bem merece ser reconhecido<br />
como um dos que lutou e luta pela liberdade, pelo progresso e pelo bem-estar dos<br />
portugueses, nomeadamente no Distrito de Setúbal.<br />
Na UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) a sua experiência anterior<br />
em Angola e nas questões africanas veio dar um novo impulso a essa associação, com<br />
particular realce para os aspetos culturais.<br />
Juvante Jove, o seu idealismo temperado por uma intuição brilhante e um sentido racional<br />
e pragmático continuará, por muitos e bons anos, a marcar a sua ação.<br />
Manuel Macaísta Malheiro<br />
- 101 -
Mais uma<br />
vez a querida<br />
Osita tocou a<br />
reunir o estimável clã de Belém, os antigos colaboradores<br />
e amigos do Amigo Maior – Mário Soares. A missão é,<br />
agora, mimar o Vítor Ramalho, por altura do seu aniversário,<br />
imprimindo em papel a nossa presença amiga.<br />
Eis-me pois, meu prezado amigo, a expressar a minha<br />
consideração e admiração por quem sempre vimos,<br />
quando trabalhámos juntos, numa atitude de simpatia,<br />
bonomia e camaradagem, e a minha especial gratidão pela<br />
sua enorme dedicação e disponibilidade ao acompanhar<br />
até ao último momento aquele Senhor – Mário Soares –<br />
que tanto admiramos e é causa maior danossa união.<br />
Bem-haja Vítor Ramalho.<br />
Manuel Soares Monge<br />
- 102 -
- 103 -
A Vítor Ramalho ligam-me factos, ideias e<br />
amizades comuns. O primeiro dos factos<br />
não acontece durante a oposição à ditadura,<br />
que não foi simultânea, pelo meu exílio<br />
de doze anos. Acontece quando ele, como<br />
advogado, representava sindicatos de trabalhadores<br />
da RTP e eu, enquanto Presidente, negociávamos o primeiro<br />
acordo coletivo de trabalho. Num período difícil, tive de imediato a noção<br />
da sua competência e equilibrada seriedade sobre o que era preciso fazer.<br />
No campo das ideias, são elas que nos ligam a princípios e modos de ver<br />
os interesses da nossa comunidade, que nos fazem camaradas, do Partido<br />
Socialista. Mas há uma especial: a ênfase ao valor da/das cultura/s faladas<br />
pela língua portuguesa, por mares navegados em várias latitudes e<br />
nos dois hemisférios do mundo, creio que devido ao facto de eu ter vivido<br />
alguns anos no Brasil e ele em Angola.<br />
As amizades comuns são numerosas. Mas a de Mário Soares salienta o<br />
exemplo de amizade dedicada que o Vítor nos soube dar.<br />
Manuel Pedroso Marques<br />
- 104 -
Vítor é Liberdade<br />
Já não me recordo quem me apresentou o Vítor, mas sei que foi dos poucos na<br />
minha vida que ficou desde logo e para sempre amigo.<br />
Nele admiro a juventude de quem diz sempre o que pensa, sem medo nem tibiezas.<br />
É duro na análise e certeiro nas convicções e valores, mas amacia sempre<br />
tudo com o seu humor único e um ligeiro, mas prolongado, sorriso nos lábios.<br />
Diz sempre presente nas horas mais difíceis e<br />
mal se faz ver nos momentos de sucesso.<br />
O País precisava mesmo de muitos Vítores.<br />
Mas este é raro. Mas é meu amigo.<br />
E é um FIXE!<br />
Marcos Sá<br />
- 105 -
Vítor Ramalho: o mesmo e o outro<br />
Conheci Vítor Ramalho numa exposição das suas pinturas por intermédio dos<br />
seus amigos Maria de Jesus Barroso e Mário Soares. Pintor, homem de uma<br />
sensibilidade e doçura invulgares, albergando ecos de Africa na pintura e em si.<br />
Muitos anos mais tarde vim a vê-lo com regularidade na casa dos mesmos<br />
amigos, nos últimos anos de vida, primeiro de Maria Barroso e depois de Màrio<br />
Soares. Sempre a mesma afabilidade, doçura, e no último ano de vida de Mário<br />
Soares, companheiro fiel, de todos os dias, por vezes a diferentes horas durante<br />
um dia, frequentemente alvo de piadas e brincadeiras de Mário Soares que<br />
recebia sempre com bonomia, boa disposição, extrema boa educação, sorriso<br />
nos lábios e nos olhos. Com a morte de Mário Soares, o Vítor Ramalho que celebramos<br />
hoje nos seus 70 anos, parece o mesmo mas é outro.<br />
Maria de Sousa<br />
- 106 -
Vítor Ramalho<br />
“Crónica de uma amizade fixe”, que Vítor Ramalho (VR) publicou em dezembro<br />
de 2017, diz muito sobre a personalidade do seu autor, de quem celebramos<br />
agora o 70º aniversário. É um relato pleno de sensibilidade e humanidade, que<br />
preza a memória, neste caso em particular a da relação singular que VR manteve<br />
com Mário Soares ao longo de várias décadas. É ao mesmo tempo um testemunho<br />
vivo, um hino, diria, à amizade e a valores que cimentaram a estima e o<br />
companheirismo entre ambos numa luta coerente e persistente pela liberdade,<br />
pela igualdade e pelo bem-comum.<br />
Foi com emoção que li as páginas que VR dedica neste livro à grande amizade<br />
que ligou Mário Soares e Mário Ruivo desde os tempos do MUD Juvenil até à<br />
partida de ambos, ao convívio do próprio VR com o Mário (Ruivo), com quem<br />
partilhou gabinete na Fundação Mário Soares, aos jantares “conspirativos” nos<br />
quais estes e outros amigos, que nunca se “reformaram”, debatiam a situação<br />
política do país.<br />
Exemplos de vida para as gerações de hoje e de amanhã.<br />
Parabéns, Vítor!<br />
Maria Eduarda Gonçalves<br />
- 107 -
O bom gigante<br />
O Vítor Ramalho tem qualquer coisa do bom gigante das<br />
histórias de fadas, bruxas, elfos e ogres: grande mas afável,<br />
forte mas afectuoso, poderoso mas cúmplice e solidário. E<br />
sempre com um sorriso amigo, um amigo para sempre.<br />
Com um grande abraço – em meu nome pessoal e em memória<br />
do teu amigo José Medeiros Ferreira que, nas vossas<br />
longas conversas telefónicas pela noite dentro, gostava de<br />
imaginar o teu sorriso tranquilizador e meio brincalhão. O<br />
tal sorriso amigo de um amigo para sempre.<br />
Maria Emília Brederode Santos<br />
- 108 -
Acolhi o Vítor, em Bruxelas, numa visita que fez acompanhando<br />
a Dra. Maria Barroso na preparação de um projecto para<br />
Moçambique.<br />
Aí descobri o Vítor, a sua generosidade, a sua disponibilidade,<br />
a sua sensibilidade,<br />
O tempo vai passando e hoje, no aniversário dos seus setenta<br />
anos, quero renovar a minha estima, desejando-lhe as maiores<br />
Felicidades, as maiores Realizações e toda a Sabedoria para<br />
melhor gerir este nosso tempo.<br />
Maria Helena Neves<br />
- 109 -
Conheci o Vítor Ramalho durante a 1ª campanha eleitoral para a Presidência da Republica<br />
do Dr. Mário Soares! Tempos felizes e estimulantes!!!<br />
Excelente dinamizador, sempre com uma palavra amiga de incentivo ao trabalho!!<br />
A seguir aos Acordos de Bicesse, em 1990, o Dr. Mário Soares, como Presidente da Republica,<br />
patrocinou duas viagens a Angola com o objectivo de mandar a Angola bens<br />
alimentares que muita falta faziam as dois signatários dos Acordos de Bicesse - UNITA e<br />
MPLA, sendo o Vítor Ramalho o principal responsável pela sua excelente organização.<br />
Estas viagens foram emocionantes e exaltantes pois fomos encontrar um País em Paz,<br />
depois de tantos anos de guerra!<br />
Foram convidados a participar nestas viagens, num C-130 da Força Aérea Portuguesa,<br />
um excelente grupo dos mais importantes orgãos da comunicação social Portuguesa,<br />
uma equipe da Cruz Vermelha Portuguesa e 3 membros do Forum Português<br />
para a Paz e Democracia em Angola, Maria Antónia Palla, Margarida Lima Mayer e eu.<br />
As duas viagens correram muito bem - a 1ª a Benguela, com aterragem no aeroporto<br />
da Catumbela (ainda cheia de Cubanos!!!) mas a “diplomacia” do Vítor Ramalho levou<br />
tudo a “bom porto” e a 2ª a Luanda onde também tudo se passou da melhor forma. As<br />
duas viagens tiveram ampla cobertura da comunicação social angolana e portuguesa.<br />
Ficámos amigos, mas nem sempre de acordo quanto à Politica Nacional em relação<br />
a Angola!!!<br />
Muitos parabéns, Vítor, e desejos das maiores felicidades!<br />
Maria João Sande Lemos<br />
- 110 -
Prezado Amigo<br />
Vítor Ramalho<br />
É uma honra prestar-lhe a minha<br />
homenagem na qualidade de<br />
Amiga, conterrânea e correligionária,<br />
visto que muito o admiro<br />
pelo seu brilhante e não menos<br />
trabalhoso percurso de vida no<br />
interesse do País, sem jamais<br />
esquecer África e a sua Magia.<br />
Apesar de não nos termos conhecido<br />
em Angola, nossa terra<br />
natal, de onde veio aos 18 anos<br />
a fim de Estudar Direito – findo<br />
o curso e o estágio de advocacia<br />
distinguiu-se logo como<br />
Causídico dedicando-se ao Direito<br />
do Trabalho –, viemos a conhecer-nos<br />
em Portugal graças<br />
ao nosso ideal político, lutando<br />
primeiro pela Liberdade e “pós<br />
25 de Abril”,juntos, pela estabilidade<br />
e consolidação da tão<br />
ambicionada democracia.<br />
Acompanhei sempre com muito<br />
interesse a sua actuação, quer<br />
nos relevantes cargos governamentais, quer no Partido Socialista, na<br />
INATEL, na Cruz Vermelha Portuguesa e presentemente na UCCLA,<br />
onde, devido à sua reconhecida inteligência aliada à extraordinária capacidade<br />
de trabalho e natural sociabilidade, conseguiu unir muitas cidades<br />
dos Países Lusófonos. Assim, desde Portugal a Timor-Leste, passando<br />
pelo Brasil, Macau e os PALOP todos em colaboração procuram<br />
desenvolver a economia e o bem-estar social das suas populações.<br />
Apraz-me registar o apreço que tenho pela UCCLA, de que Vítor Ramalho<br />
é seu prestigiado e muito considerado Secretário-Geral.<br />
Vítor Ramalho celebra hoje 70 anos e com um fraternal abraço de amizade<br />
expresso-lhe os meus parabéns, fazendo votos das maiores felicidades<br />
e que continue a sua Missão de índole marcadamente Social.<br />
Maria José Carvalho dos Santos de Calheiros da Gama<br />
- 111 -
Caro amigo e camarada Vítor Ramalho, há coisas que não se explicam<br />
sentem-se.<br />
Desde o primeiro dia que entrei em contacto consigo, na Universidade<br />
de Verão, na Universidade Moderna, em Setúbal, que entrou no<br />
grupo de pessoas que eu mais considero, pela sua disponibilidade<br />
de ouvir, de ajudar, de ser amigo para além de ser um dos socialistas<br />
que mais sabem de política.<br />
A sua coragem e determinação para as causas que abraça, tornam-<br />
-no num dos mais nobres parceiros que qualquer camarada deve<br />
desejar ter. Obrigada por ter estado sempre presente pelo PS, por a<br />
minha Alcácer do Sal e pela nossa amizade.<br />
Bem-haja pelo seu conhecimento.<br />
Grande e fraterno abraço de uma sua camarada amiga.<br />
Mariana Caixeirinho<br />
- 112 -
A Amizade<br />
Algures, em nós, – não sei se na mente, se no coração – existe um espaço em branco, uma espécie<br />
de vazio, que só o percurso da vida nos ensina a preencher.<br />
É um recôndito onde se guarda a Amizade, algo próximo de um refúgio, tão escasso na dimensão,<br />
quão exegético no conteúdo.<br />
E assim nasce a verdadeira Amizade, a que só se alcança quando a vida nos faz maduros.<br />
Tal como esse sentimento profundo que me liga ao Vítor Ramalho.<br />
Um sentimento que não nasceu na infância, nem sequer na juventude. Porventura, nenhum de<br />
nós saberá ao certo como e quando aconteceu.<br />
Porque, na identidade de valores, na comunhão de princípios, aprendemos a partilhar os frutos<br />
de uma Amizade fundada na admiração.<br />
E Vítor Ramalho é um Homem de excepção: pela carreira política, pela coerência de postura,<br />
pelo apego à causa lusófona e, mais que tudo, pelo indefectível culto aos valores da solidariedade<br />
e lealdade à causa da Amizade.<br />
Daí que esse nosso sentimento seja o de uma Amizade autêntica, vertida no sentimento, cerzida<br />
na cumplicidade, sazonada na razão.<br />
Uma Amizade, enfim, que é como a sombra que se projecta em sereno entardecer: sempre crescente<br />
até que, ao longe, chegue o ocaso das nossas vidas!<br />
Mário Assis Ferreira<br />
- 113 -
Talvez seja a única maneira de se ser um<br />
grande português. De facto, talvez seja<br />
a única maneira de se ser um grande angolano.<br />
Ser como o Vítor Ramalho. Conjuga<br />
na sua personalidade cordial todos<br />
os elementos de generosa abertura e coragem<br />
física que se herdam das vivências<br />
africanas. Num percurso que é marcado<br />
por um empenhado envolvimento<br />
na vida publica têm sido constantes as<br />
ocasiões em que essa cordialidade e<br />
arrojo conseguiram resultados práticos<br />
bem visíveis.<br />
Como jornalista da RTP fiz a cobertura<br />
do I Congresso de Quadros Angolanos<br />
no Exterior. Foi uma iniciava que o Vítor<br />
Ramalho imaginou quando o conflito em<br />
Angola, parecia irremediavelmente cristalizado numa guerra sem quartel em que as superpotências iam medindo<br />
forças à custa do povo angolano. Vítor Ramalho, usando sem receios os poderosos meios diplomáticos que lhe<br />
conferia ser um dos mais próximos conselheiros do Presidente Mário Soares, organizou sob o engenhoso titulo<br />
de um “Encontro” no “Exterior” o mais amplo e consequente debate sobre o que estava a acontecer no “Interior”<br />
de Angola. O Congresso dos Quadros Angolanos em Abril de 1990 foi, provavelmente, o mais decisivo acontecimento<br />
na preparação do terreno para a paz entre o MPLA e a UNITA.<br />
Nessa altura o cenário nos campos de batalha era caótico e inconclusivo. Progressos e regressos dos combatentes<br />
no terreno mediam-se pelo poder do armamento que Moscovo e Washington canalizavam para a UNITA<br />
e MPLA via Cuba e África do Sul. As forças governamentais ostentavam poderosas máquinas de guerra soviéticas<br />
mobilizando em batalhas cada vez mais de guerra clássica tanques T 62 de modelo idêntico aos que<br />
guarneciam na altura as fronteiras do Pacto de Varsóvia. Angola era um campo de testes de armamento letal<br />
com soviéticos e americanos num constante braço de ferro. Washington ia equipando Savimbi com armamento<br />
cada vez mais sofisticado. Os misseis anti-aéreos Stinger passaram a ser usados com regularidades abatendo<br />
cargueiros Antonov e o ocasional MIG 23 enquanto a Norte do Cuíto Cadaval artilheiros sulafricanos iam explorando<br />
os alcances das suas mais recentes peças de artilharia pesada de campanha as G5 que chegaram a<br />
enviar obuses a cinquenta quilómetros de distancia para dentro das fronteiras angolanas. A Angola ocupada por<br />
Russos, cubanos e sul-africanos era um mundo distópico e perigoso onde se matava e morria com facilidade e<br />
sem saber ao certo porquê.<br />
Poucos tiveram a imaginação e o empenho para vislumbrar uma possibilidade de poder haver um dialogo<br />
de paz naquele inferno. MPLA e UNITA não se falavam nessa altura. Desde as matanças mútuas em Luanda<br />
no pós independência na década de 70 que o Norte e o sul de Angola se tinham dividido. Angolanos dos dois<br />
lados reivindicavam legitimidades que a história viria a provar que só poderiam ser afirmadas em conjunto. Vítor<br />
Ramalho entendeu isso e com o esprito de iniciativa que lhe é característico actuou empenhando-se a fundo na<br />
busca de pontes de entendimento entre as duas partes. É da mais elementar justiça reconhecer que muito do<br />
que correu bem no processo de pacificação de Angola se deve à diplomacia de envolvimento empenhado desenvolvida<br />
por Vítor Ramalho. Seria lúcido procurar o seu conselho e aplicar num terreno diplomático que ainda<br />
é movediço os seus conhecimentos, que têm pouco paralelo em Portugal e na Europa.<br />
Já como Presidente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, Vítor Ramalho organizou em Lisboa<br />
um monumental encontro de dirigentes africanos dos países africanos de língua portuguesa que tinham como<br />
elemento comum a passagem pela Casa dos Estudantes do Império onde, na verdade, nos anos 50 e 60 nas<br />
universidades de uma capital imperial a viver na ditadura nasceram as energias intelectuais que levariam à<br />
descolonização.<br />
Depois há o Vítor Ramalho amigo e camarada. Nada exemplifica melhor a sua coragem como a maneira enérgica<br />
com que se interpôs entre manifestantes da CGTP e Vital Moreira. 2009 foi um ano quente para o Partido<br />
Comunista Português com as deserções de militantes distintos, entre os quais, o mais destacado era seguramente<br />
o constitutionalista de Coimbra. Não fora a ação de Vítor Ramalho que fisicamente desencorajou os mais<br />
aguerridos sindicalistas comunistas, o incidente não se teria ficado pela boçalidade dos insultos de um bando<br />
ululante dirigidos a Vital Moreira. Mas ficou. Vendo as imagens do incidente do Primeiro de Maio de 2009 entende-se<br />
porquê. O meu amigo, Vítor Ramalho é um Homem mesmo muito grande.<br />
Mário Crespo<br />
- 114 -
Ao meu muito estimado amigo Vítor Ramalho, companheiro de<br />
muitas e nobres lutas , os meus calorosos parabéns por este<br />
marcante aniversário.<br />
O percurso destas décadas de vida, devem ser motivo de um<br />
enorme orgulho porque se caracteriza por um permanente envolvimento<br />
na luta por causas sociais e humanistas, na luta pela<br />
Democracia e a Liberdade e na luta por avanços civilizacionais.<br />
O Brecht escreveu um dia que:<br />
Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;<br />
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;<br />
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;<br />
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.<br />
O Vítor Ramalho tem lutado toda a vida, muitas vezes em condições<br />
bem adversas.<br />
É um dos imprescindíveis!!!<br />
Para ele, um grande e fraterno abraço de amizade.<br />
Mário Jorge Neves<br />
- 115 -
Dear Vítor,<br />
My best wishes for a very happy birthday<br />
and many more.<br />
It’s always a pleasure to discuss politics<br />
with you as a committed and open-minded<br />
Socialist. In fact, you are one of the<br />
most knowledgeable persons I know on<br />
Portuguese, African and world events.<br />
Then there’s your humanity, how as a<br />
close companion of the late President<br />
Mario Soares, you kept him abreast of<br />
the daily developments and managed to<br />
make him laugh in his time of need.<br />
Warmest regards,<br />
Marvine Howe<br />
- 116 -
Conheci o Vítor há já mais de 50 anos. Eu<br />
frequentava engenharia na Universidade de<br />
Luanda e ele estava quase de “abalada” para<br />
Portugal. Iria estudar Direito em Lisboa. Foi<br />
num “Campo de Férias” de estudantes católicos<br />
que reuniu jovens de Portugal e de Angola.<br />
O Vítor deixou marca como pessoa muito interessada,<br />
com uma boa base cultural e, sobretudo,<br />
extremamente simpático e de espírito<br />
aberto.<br />
Seguimos as nossas vidas, cada um para seu<br />
lado, e voltamos a ver-nos mais tarde. Até que,<br />
por força das circunstâncias, ambos parlamentares,<br />
obviamente de bancadas diferentes,<br />
fomos mantendo conversas muito mais<br />
frequentes, sobre quase tudo mas com natural<br />
preponderância sobre Africa.<br />
Sempre achámos que as necessidades dos<br />
Partidos em alimentarem certa militância os<br />
levavam a procurar mais as diferenças e a fixarem-se<br />
nelas, em vez de procurarem aproximar-se,<br />
(o que facilitaria a adopção das politicas…).<br />
Balizavam-se nas diferenças. Não é<br />
de unanimismos que falávamos, mas sim de<br />
diálogo com consequências…<br />
Africa e a Lusofonia eram naturalmente áreas em que surgiam no mesmo espírito a necessidade<br />
da prática dum bom relacionamento, que respeitasse as memórias comuns, mas que fosse<br />
ousado e ambicioso, quanto ao futuro.<br />
Foi essa a idéia de lutar por um consenso político na relação com África que me levou a aceitar<br />
o convite do actual Primeiro-ministro, para ser Secretário-geral da UCCLA.<br />
A UCCLA perdera o fulgor que tivera no passado com o Eng. Abecassis. Entretanto, surgiram,<br />
felizmente, numerosas organizações lusófilas e a CPLP já se havia criado…<br />
A Vítor Ramalho deve-se uma constante defesa em artigos, entrevistas etc., de pontos de vista<br />
positivos, não recriminatórios nem discriminatórios em prol de posições lusófonas.<br />
E deve-se também um trabalho marcante na organização dum congresso da diáspora angolana,<br />
que reuniu muitos angolanos do exterior e que a cada dia que passa, mais me convenço<br />
de que foi antes do tempo…. Nota-se cada vez mais a falta que essa gente fez a Angola…<br />
Porque em recente livro, o Vítor, revelou esse facto, foi para mim normal ter sido grande defensor<br />
da nomeação do Vítor como meu sucessor para Secretário-geral da UCCLA.<br />
Acho que se fiz um trabalho na “frente” interna, ao Vítor cabe o grande mérito de ter voltado a<br />
projectar a UCCLA na opinião pública. Veja-se a grande realização que constituiu, a evocação<br />
do papel que a Casa dos Estudantes do Império teve no processo para a emancipação dos<br />
povos e no conhecimento mútuo e amigo entre os dirigentes desses países.<br />
Em suma: Um grande e leal camarada, a quem envio um “candando” desejando longa vida<br />
de muito sucesso.<br />
Miguel Anacoreta Correia<br />
- 117 -
Caro Amigo Dr. Vítor Ramalho,Tudo o que fazemos guardamos no coração.<br />
É eterno. Estou agradecido por pertencer ao grupo dos seus amigos. Dizer-<br />
-lhe obrigado não é suficiente. Não sei neste momento como retribuir tanta<br />
amizade.<br />
Recordo com saudades as conversas tidas entre nós e o nosso saudoso<br />
Amigo Dr. Mário Soares.<br />
Um abraço do Amigo,<br />
Branquinho<br />
Um abraço com os votos de felicidades pelo aniversário!<br />
Gonçalves<br />
Ao Vítor Ramalho, amigo de longa data, nos bons e maus momentos, sempre<br />
pronto a ajudar o próximo, grande defensor de consensos e liberdades,<br />
nos dois países que estão no seu coração: Angola e Portugal.<br />
Os votos de parabéns e um grande abraço do<br />
Américo<br />
Conheci o Dr. Vítor Ramalho em casa do Dr. Mário Soares. Gostei logo muito<br />
dele, pela sua simpatia e generosidade. Não me esqueço da sua ajuda, que<br />
precisei, como imigrante.<br />
É um Homem bom! Tenho muitas saudades!<br />
Vou, em breve, procurá-lo para que me assine o seu livro CRÓNICA DE UMA<br />
AMIZADE FIXE.<br />
Desejo-lhe muitas felicidades pelo seu aniversário e envio-lhe um beijinho<br />
Tatiana<br />
Anos de trabalho, anos de amizade e muita saudade.<br />
Com um beijinho da sempre amiga,<br />
Maria José<br />
- 118 -
Porque será Vítor Ramalho que foi o primeiro poema<br />
que me veio à cabeça, este PORQUE da Sophia?<br />
Um abraço muito solidário,<br />
Natividade Coelho<br />
PORQUE<br />
Porque os outros se mascaram, mas tu não<br />
Porque os outros usam a virtude<br />
Para comprar o que não tem perdão<br />
Porque os outros têm medo, mas tu não<br />
Porque os outros são os túmulos caiados<br />
Onde germina calada a podridão.<br />
Porque os outros se calam, mas tu não.<br />
Porque os outros se compram e se vendem<br />
E os seus gestos dão sempre dividendo.<br />
Porque os outros são hábeis, mas tu não.<br />
Porque os outros vão à sombra dos abrigos<br />
E tu vais de mãos dadas com os perigos.<br />
Porque os outros calculam, mas tu não.<br />
Sophia de Mello Breyner Andresen<br />
- 120 -
O Vinicius dizia que era o branco mais negro do Brasil. Por cá, não há português<br />
com o coração mais angolano que o Vítor Ramalho. E também não há angolano<br />
com o coração mais português que o Vítor Ramalho. Ele ama profundamente os<br />
dois povos e os dois países. Explica as diferenças, apazigua os ânimos, procura<br />
entendimentos, derruba obstáculos, estende lianas. Gosta de longos almoços<br />
com os amigos à volta de uma muamba com funji, mas não recusa a boa gastronomia<br />
portuguesa. Organiza debates, conferências, exposições para explicar<br />
Angola ao mundo. Traz amigos até cá e leva outros até lá pois a conversar é que<br />
a gente se entende. É por isso que ele há-de ser sempre a maior ponte de afectos<br />
alguma vez construída entre Portugal e Angola. É bué de vijú esse kota! Brincas,<br />
não? Um enorme kandando e longa vida ao cidadão mais ilustre da Caála!<br />
Nicolau Santos<br />
- 121 -
Caro Vítor,<br />
Quando a Sara me pediu para escrever algumas linhas, acerca da nossa longa amizade, fiquei feliz por<br />
poder expressar o que penso sobre ti.<br />
És uma pessoa das mais altruísta e honestas que conheço. Nunca ouvi, de nenhum dos amigos comuns,<br />
um único comentário menos abonatório, pelo contrário, quando se falava de ti, era comum seres elogiado<br />
e embora mais novo que nós, todos te respeitavam.<br />
Como me foi pedido que relembrar-se uma ou outra história vivida, há algumas que não se esquecem.<br />
Recordo que quando nos juntavamos a tomar café no Império e tu chegares com os livros debaixo do braço,<br />
eu notei uma vez, que a parte do livro que já havias lido, tinha o dobro da espessura que as paginas<br />
ainda virgens. Motivo, os sublinhados em quase TODAS, as linhas, método que usavas para melhor fixar.<br />
Quando eu lia 2 ou 3 palavras do inicio de uma página, tu conseguias reproduzir fielmente todas as outras,<br />
até ao fim da mesma. Memória de elefante!<br />
Uma outra inesquecível historia.<br />
Viagem à Serra Nevada; há mais de 20 anos: Como era de esperar, um angolano não é propriamente um<br />
esquiador. Neste caso era mesmo a primeira vez que o Vítor ia esquiar. Não tendo feito nenhuma lição,<br />
colocou os esquis ao ombro e começou a subir a pé a montanha de neve. Quando pensou estar já a uma<br />
altura suficiente, voltou-se para traz para colocar os esquis, mas alguém com poder ! , mandou-o subir<br />
mais. Depois de 2 ou 3 tentativas para começar a descida foi aceite, que o podia fazer. Como principiante,<br />
não colocou os esquis em posição de ir travando a velocidade, regra básica, mas sim na direcção da maior<br />
inclinação da pista. De longe ainda fiz sinal para não tentar iniciar a descida daquela forma, mas não compreendeu.<br />
Claro que passados 10 metros de descida, deu uma queda espectacular, levantando nuvens de<br />
neve de um e outro lado.<br />
Quando chegou ao hotel, ainda tinha neve dentro da roupa.<br />
Foi a primeira lição de esqui.<br />
Termino felicitando-te pelos 70 anos e fazendo votos que por cá continues muito mais tempo, pois pessoas<br />
como Tu fazem falta a Todos.<br />
Abraços<br />
Norberto Marques<br />
- 122 -
Corria o ano de 1998, quando pela primeira vez<br />
tive contacto com o Dr. Vítor Ramalho. Desempenhava<br />
ele o cargo de Secretário de Estado da Indústria<br />
e por essa ocasião visitou as instalações<br />
da EXPORPLAS S.A., para proceder à inauguração<br />
de um novo investimento produtivo que a<br />
empresa acabava de realizar. Fiquei agradavelmente surpreendido<br />
nessa ocasião pois notei no Dr. Vítor Ramalho uma pessoa de carácter,<br />
conhecedora dos problemas, vicissitudes e desafios que se<br />
deparavam ao tecido empresarial Português. Comprendi que estava<br />
na presença da pessoa certa para ocupar tão destacado cargo<br />
no sistema governativo. Notei que estava preocupado em escutar e<br />
entender as preocupações dos empresários e empenhar-se na tentativa<br />
de encontrar soluções e implementar politicas que possibilitassem<br />
que as empresas se fortalecessem e podessem salientar-se<br />
num espaço Europeu cada vez mais competitivo.<br />
Fui mantendo contacto com o Dr. Vítor Ramalho não só enquanto<br />
mantinha funções Governativas, e talvez até mais frequentemente<br />
depois de este ter abandonado essas funções. Nutro por ele uma<br />
grande amizade, respeito e gratidão, por sempre se mostrar interessado<br />
em saber da evolução da empresa que conheceu e que<br />
felizmente hoje, vinte anos passados, está completamente mudada<br />
e multiplicou várias vezes a sua dimensão e volume de negócios.<br />
Considero que estou na presença de um amigo, a quem quero manifestar<br />
o meu agradecimento e felicitar pela passagem de mais um<br />
aniversário, aproveitando para desejar os maiores sucessos quer<br />
ao nível pessoal quer ao nível profissional.<br />
Um bem haja Dr. Vítor Ramalho<br />
Orlando Sá<br />
- 123 -
Caro Amigo e Camarada<br />
Doutor Vítor Manuel Sampaio<br />
Caetano Ramalho, embora<br />
seja na política que nos conhecemos,<br />
a consideração e<br />
estima que sinto, a amizade<br />
mutua que partilhamos é, de<br />
facto, o essencial na relação<br />
entre as pessoas que na vida<br />
se cruzam na busca de um<br />
mundo melhor e mais justo.<br />
A minha participação na<br />
política mais activa é de<br />
apenas cerca de 30 anos<br />
– entrei para a Assembleia<br />
Municipal em 1989.<br />
A figura de Vítor Ramalho,<br />
face à sua envolvência na<br />
política e o ter participado em Governos, era já muito conhecida a nível Nacional.<br />
Mas, naturalmente, conhecemo-nos pessoalmente e mais de perto com a sua forte presença e<br />
grande contributo que deu ao nosso Distrito como Presidente da Federação de Setúbal.<br />
É muito difícil para mim, apesar da vivência social, profissional e política, falar de uma pessoa<br />
como o Vítor - como carinhosamente o trato - de reconhecida inteligência, enormes capacidades<br />
e dimensão cultural de um nível superior.<br />
O Vítor, ao longo de todos estes anos, as suas intervenções, tinham sempre presente os alertas<br />
e ensinamentos que, inevitavelmente, nos obrigavam a refletir.<br />
As suas intervenções têm sempre bem presente a situação politica, económica / financeira, envolvente<br />
social do nosso País, da União Europeia, dos nossos principais parceiros e o contexto<br />
Internacional, carregadas de muito conteúdo, com muita lucidez dos efeitos de contágio no presente,<br />
mas, acima de tudo, com a visão e a prevenção do futuro.<br />
Muito antes da mais recente crise, por que passámos e ainda não ultrapassámos completamente<br />
– se é que vamos ultrapassar e quando –, já o Vítor, nas suas intervenções (autênticas aulas com<br />
muita matéria, muito trabalho de casa, muito úteis e oportunas), de forma serena e preocupada,<br />
alertava para a grave crise de que todos fomos alvos.<br />
Sendo uma pessoa de conhecimentos muito abrangentes e de carga cultural, aliados à sua enorme<br />
capacidade de orador e brilhantes discursos, com característica bem presentes de um Líder<br />
e mesmo de um Estadista, tornam as suas intervenções uma delicia e com vontade de mais.<br />
Mas se os valores e estas qualidades o tornam uma pessoa de referência, a enorme vontade, a<br />
preparação e disponibilidade para uma maior abrangência de gerações, raças e crenças, revelam<br />
a carga humanista que transporta e coloca em prática.<br />
Na apresentação do livro “cronica de uma amizade fixe”, a transversalidade dos presentes na<br />
plateia e dos oradores, que tornavam um ambiente muito agradável, de pertença, de partilha e<br />
de amizade, eram o retrato disso.<br />
É uma honra e um privilegio que a vida nos dá, cruzarmo-nos com pessoas como o Vítor.<br />
É, naturalmente, para mim uma enorme alegria e honra ter o Vítor como Camarada e Amigo, que<br />
apoiei e apoio sempre que necessário, que gosto de escutar e tenho aprendido muito.<br />
E por que há alguém que esteve sempre no pensamento em cada palavra que escrevia e em<br />
memória do inesquecível Líder e Estadista Mário Soares:<br />
- “Até logo Vítor. Olhe para essa barriguinha”.<br />
O Vítor Sorriu-lhe mais uma vez<br />
- Até logo doutor Mário Alberto.<br />
(crónica de uma amizade fixe)<br />
Óscar Domingues Ramos<br />
- 124 -
Um dia em conversa disse ao Vítor Ramalho que se calhar<br />
sou um tanto ingénuo, mas ainda continuo um romântico<br />
na política, ao que ele me respondeu “continua assim,<br />
cada vez são menos os românticos e tão necessários”.<br />
Quando isso me é dito pelo maior exemplo de salvaguarda<br />
da Liberdade e da Democracia, que mais poderei eu<br />
acrescentar? Apenas um Obrigado Vítor Ramalho por seres<br />
quem és e como és.<br />
Paulo Viegas<br />
- 125 -
Há muitos anos que a minha vida política se cruza com<br />
a do Vítor Ramalho, em face das suas inúmeras responsabilidades<br />
nacionais. Mas recordo sobretudo com muita satisfação o momento em que, com<br />
um conjunto de camaradas do distrito de Setúbal, lhe lançamos o desafio de se tornar o Presidente<br />
da Federação Distrital de Setúbal do Partido Socialista.<br />
O PS era Governo, e as oportunidades para o distrito de Setúbal eram enormes. Exigia-se uma<br />
voz combativa pelos interesses do distrito, mas também quem pudesse organizar o Partido e<br />
ajudar a dar voz aos militantes junto do Governo.<br />
A dedicação do Vítor Ramalho ao distrito foi impressionante, de inesgotável que sempre foi<br />
na luta pelas ambições de cada um dos nossos concelhos. A visão que apresentava para um<br />
distrito que liderasse o processo de desenvolvimento do país foi contagiante, de modo que<br />
naqueles anos inúmeros projetos de investimento público foram apontados para o distrito,<br />
também em resultado da luta da nossa Federação e do seu Presidente.<br />
Naqueles anos, foi também possível estabilizar as estruturas dirigentes do partido, e aproximar<br />
mais os militantes, acabando com a “balcanização” contínua das estruturas partidárias,<br />
que por vezes tinha impedido a concretização das legítimas aspirações que o PS em Setúbal<br />
ia sendo capaz de gizar, em nome dos cidadãos do Distrito.<br />
Fui encontrando sempre o Vítor Ramalho nas suas diversas facetas, na defesa de uma prioridade<br />
clara à Lusofonia, projeto de uma vida, ou na defesa apaixonada de um projeto de<br />
esquerda do PS para Portugal. Em cada um destes momentos, como também na organização<br />
ao lado de Mário Soares das grandes lutas contra as políticas da Troika, a paixão mas também<br />
a visão política foram sempre marcas claras da sua atuação.<br />
Ao Vítor Ramalho, como aqueles que fazem política com razão e coração, não conseguimos<br />
ficar indiferentes. No Distrito de Setúbal, devemos sempre recordar que foi naquele tempo em<br />
que fomos Governo e em que o Vítor Ramalho foi Presidente da nossa Federação, que se estabeleceram<br />
os projetos de desenvolvimento que ainda hoje marcam e marcarão as políticas<br />
públicas que vão transformando o rosto do Distrito.<br />
- 126 -<br />
Pedro Marques
Homem de convicções, experiências<br />
e conhecimentos<br />
muito bem definidos!<br />
Vítor Ramalho representa a<br />
amizade, a solidariedade, a<br />
compreensão e a própria humanização da sociedade. Homem de<br />
visão abrangente e alargada, de carácter e correção, quer nas<br />
decisões, quer na lidação com os demais. Pessoa que aprendi<br />
a admirar pela sua própria natureza, o Vítor é alguém por quem<br />
tenho um forte sentimento de amizade! Ao meu Amigo Vítor Ramalho,<br />
o sincero desejo de um Feliz Aniversário! Que esta bonita<br />
idade venha acompanhada de muita saúde e felicidades junto de<br />
todos os que por si têm estima!<br />
Um forte abraço ao grande Amigo Vítor Ramalho!<br />
Com muita amizade,<br />
Pedro Mesquita<br />
- 127 -
Ao Amigo Vítor Ramalho,<br />
Hoje, aos setenta anos vive-se um tempo de maturidade bastante promissor. De um lado, tem-se<br />
acumulado uma rica e vasta experiência de vida, de vivências várias e de passagem por situações<br />
fecundantes de diversa natureza, incluindo os desaires e as vitórias, e, de outro lado, tem-se ainda pela<br />
frente tempo e energia bastantes para acalentar a concretização de novos projectos ou de completar<br />
realizações idealizadas, ainda, por materializar. No meu entendimento, o nosso aniversariante encontra-se<br />
na posição generosa e desafiante de quem já fez muito e, contudo, deseja fazer muito mais ao<br />
serviço das causas justas que abraçou.<br />
Entrevejo na pessoa do nosso amigo alguém que está na fronteira entre as realizações corajosas e míticas<br />
do passado, que ainda é recente, e o desejo de construir novas pontes ao serviço de um futuro de<br />
progresso, de colaboração, de solidariedade e de amizade entre gentes e povos. Da confluência dessas<br />
duas vontades, enxergo a sua preocupação em dar a conhecer a história da incubação patriótica<br />
gerada pelo convívio e pela utopia dos jovens associados da antiga Casa dos Estudantes do Império e,<br />
agora, a sua intenção generosa e aglutinadora na União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.<br />
Com efeito, foi notável o empenho de Vítor Ramalho em trazer ao conhecimento público e dos mais<br />
jovens, em particular, a trajectória invulgar dos jovens associados da Casa dos Estudantes do Império.<br />
Para além das mensagens de que foram portadores, mostraram-se fisicamente enquanto gente simples<br />
e generosa, animada de ideais muito firmes de libertação dos respectivos povos. Trata-se de um<br />
notável trabalho de memória que merece ser relevado.<br />
Agora, enquanto Secretário-Geral da UCCLA, incumbiu-se de novas tarefas e desafios, igualmente,<br />
nobres e ambiciosos ao serviço dos ideais da amizade, da solidariedade e da cooperação amistosa e<br />
profícua entre as cidades-membros e as suas gentes.<br />
Meu caro Vítor Ramalho,<br />
A nova lavra que escolheu é virtuosa e promissora. Pois, nada é mais belo que o combate sincero pela<br />
causa nobre da amizade e da cooperação solidária entre as pessoas e os Povos!<br />
Quando vai celebrar os seus setenta anos de uma vida, fecunda em trabalho e em aspirações, desejo-lhe<br />
muita saúde e muita energia para a materialização dos projectos e ambições que espera concretizar,<br />
além disso, na companhia de amigos e cúmplices bastantes nesta bela aventura que é a vida.<br />
Que passe o Dia no conforto da Feliz companhia da sua Família!<br />
- 128 -<br />
Cordialmente,<br />
Pedro Pires
Vítor Ramalho,<br />
Fue Mario Soares quien nos presentó un medio día en la Fundación en la que el Presidente oficiaba<br />
jornada tras jornada porque, decía, ese era su lugar. De pronto apareció un hombre alto,<br />
bien vestido, sonriente y cortés del que retuve el nombre por el afecto que Mario Soares le manifestó,<br />
de modo que cuando fechas más tarde me llamó por teléfono pude ubicarle y seguir la<br />
conversación como si siguiéramos en la Rua Sam Bento comentando proyectos que nunca eran<br />
pequeños. Por aquellos días las políticas de austeridad se instalaban en Portugal y Mario Soares<br />
se erigía en azote de decisiones economicistas que desde una posición ética no podía aceptar,<br />
de modo que se puso a convocar a ciudadanos e instituciones para un acto de expresión cívica<br />
en el Aula Magna de la Universidad de Lisboa. Durante los preparativos para esa sesión Vítor<br />
Ramalho fue un imprescindible que coordinó con primor lo que tal vez ni los partidos de izquierdas<br />
supieran ver, la fuerza de una manifestación ciudadana que señala caminos para transitar en<br />
compañía. Así se dijo aquella noche histórica, así nos manifestamos en las calles de todo Portugal<br />
en la mayores manigestaciones desde el 25 de abril. Luego, él cerca, otros en la distancia,<br />
acompañamos las vicisitudes de la salud de Mario Soares, su empeño en el 40 aniversario de<br />
la Revolución de Abril, las causas de una Europa que necesitaba una insurrección ética. Vítor<br />
Ramalho era para mí la persona que estaba con Mario Soares en los que fueron los últimos años<br />
de vida pública del Presidente más activo y rotundo.<br />
Hasta que escribió su “Crónica de uma amizade fixe”: en la lectura del libro descubrí otras dimensiones<br />
que el bosque florido que era Mario Soares no me dejaron percibir. Le vi político y activista,<br />
miembros de gobiernos que exigían responsabilidad y entrega, empeñado en acuerdos sociales<br />
difíciles que, sin embargo, harían más fáciles las vidas de miles de trabajadores. Sin duda ocupaba<br />
un lugar en el Portugal moderno desde la certeza de conocer el propio lugar. Y qué lugar<br />
es ese? En la presentación de la crónica de su amistad con Mario Soares lo entendí: había nacido<br />
en Angola, sumaba, en cada una de sus expresiones, dos continentes, lo que significa un valor<br />
inconmensurable. Por eso me emocionaron tanto unas palabras que pronunció en la presentación<br />
de su libro: “En el país de mi tierra…” Su tierra, así lo entendí, es el mundo, Angola y Portugal<br />
pertenecen al mismo universo. Entonces sumé otra condición a su estatura, elegancia y cortesía,<br />
la universalidad imprescindible para entenderse con sus semejantes. Y me felicité por el camino<br />
que juntos hemos recorrido y por tener su número de teléfono en mi agenda de imprescindibles.<br />
Pilar Del Rio<br />
- 129 -
Por ocasião do Aniversário do Dr. Vítor Ramalho, associo-me<br />
à merecida homenagem, desejando-lhe, as<br />
maiores felicidades pessoais, familiares e no domínio<br />
dos seus interesses profissionais, com muita estima e<br />
amizade, recordando com satisfação os momentos e<br />
as reflexões em que, sobre a defesa da cidadania e as<br />
preocupações acerca do País, tivemos oportunidade de<br />
conversar e, na maioria das vezes, concordar.<br />
Tivemos um primeiro contacto para esclarecer uma<br />
percepção pública, de uma relação familiar que não<br />
existia, mas que foi o princípio do estabelecimento<br />
de uma grande cumplicidade, respeito e confiança<br />
mutua; foi essa confiança que nos levou a assumir as<br />
mesmas atitudes, em momentos de grande significado.<br />
Desejo ao Amigo Vítor Ramalho um excelente Dia de<br />
Aniversário, junto dos que lhe são mais queridos.<br />
Com um Abraço Amigo,<br />
Pinto Ramalho<br />
- 130 -
Conheci o Vítor quando a AD chegou ao poder, tempos<br />
vibrantes e pouco favoráveis ao recolhimento. Ambos partilhavamos<br />
o building press da Praça da Alegria, por cima<br />
do Maxime, prédio bem frequentado com quase todas as<br />
grandes agências de notícias internacionais, da Reuters à<br />
desaparecida UPI, passando pela AP e a minha IPS.<br />
No elevador da Praça da Alegria trocamos os primeiros sinais<br />
de cumplicidade e a sintonia entre nós alumbrou uma<br />
sólida e granítica amizade, muito forjada sobre um centro<br />
de gravidade que já perdemos. Refiro-me à figura de Mário<br />
Soares, universo ao que Vítor terá dado um contributo que<br />
ninguém apagará e no qual acabei por merecer um diminuto<br />
e privilegiado lugar.<br />
Este território comum, espaço da nossa convergência, valeu<br />
para saber o que vale a lealdade, a honestidade e a lisura.<br />
Ah! Grande Vítor!<br />
Orgulho-me da amizade dum homem de carácter.<br />
Ramon Font<br />
- 131 -
Amigo de longa data, sempre vi o<br />
Vítor RAMALHO como um homem<br />
fraterno e frontal, de boa vontade,<br />
defensor de boas causas e sempre<br />
pronto para ajudar aqueles que, por<br />
dificuldades nos encontros e desencontros<br />
da vida, a ele recorreram.<br />
A sua grande disponibilidade com os amigos<br />
leva-me a integrá-lo no GRUPO DOS AMIGOS<br />
FIXES, dos raros com quem podemos contar.<br />
Raul Capela<br />
- 132 -
Falar de um cidadão com a vida e a riqueza humana de Vítor Ramalho é ao mesmo tempo<br />
difícil e desafiador, mas significa uma honra que espero estar à altura, de forma simples, agradecer<br />
a amizade e os conhecimentos transmitidos.<br />
Conheci o Vítor Ramalho na 1º Universidade de Verão, que enquanto presidente da Federação<br />
Distrital de Setúbal organizou e que continuou, por mais duas edições, a desenvolver durante<br />
o seu mandato.<br />
Estas Universidades, com oradores de diferentes quadrantes ideológicos constituíram-se<br />
como Fóruns de partilha, de conhecimento e de valorização da acção politica e da democracia,<br />
aberto aos militantes e simpatizantes do Partido Socialista do distrito.<br />
Vítor Ramalho é um cidadão que torna intervenção cívica num ato de pura liberdade, consistente<br />
e nobre.<br />
Lutador antifascista e cidadão da liberdade, não esgota a sua acção cívica na política, é um<br />
homem de grande qualidade humana, é um escritor de palavras sentidas e um pintor de cores<br />
fortes que transmitem as suas origens africanas que nunca esquece.<br />
Socialista e democrata tem ocupado diferentes cargos públicos com a constante preocupação<br />
de valorizar a ligação às pessoas que trabalham, construindo espaços de diálogo e de justiça<br />
social.<br />
Amigo do seu amigo, preocupado com o outro e o colectivo, vê nas amizades uma forma de<br />
enriquecimento humano, privilegiando, nestas, a dimensão ética e humanista.<br />
As suas intervenções, enriquecidas pelas suas vivências e sólida formação intelectual, têm<br />
sempre a preocupação de nos obrigar a pensar, a reflectir e constituem momentos de coerência<br />
e verticalidade ideológica.<br />
O seu exemplo na forma como acompanhou o seu grande amigo Mário Soares nos momentos<br />
difíceis dos seus últimos anos de vida, dá-nos bem a dimensão solidária e fraterna como vive<br />
a vida e se preocupa com o outro.<br />
Obrigado Vítor Ramalho por me permitir ser seu amigo e me ter dado a oportunidade de continuar<br />
a crescer consigo e com os seus ensinamentos.<br />
Que esteja entre nós por muitos e bons anos, precisamos de si e a democracia, a liberdade e<br />
o nosso PS agradecem que continue a ser o ser humano que é.<br />
Forte abraço de parabéns<br />
Raul Cristovão<br />
- 133 -
A sensibilidade<br />
incontida de um<br />
Homem bom<br />
Conheci Vítor Ramalho numa época de grande turbulência pública. Daquelas em que só<br />
os grandes homens as conseguem dobrar. Vivíamos a excepcional crise de 93 do século<br />
passado e o Vítor detinha a tutela do Trabalho, como secretário de Estado de Mário Soares.<br />
Foram momentos de coragem, mas também de sofrimento, obrigando o governo a reagir<br />
com medidas drásticas perante a contestação caída nas ruas e do ambiente de gincana<br />
partidária que empurrou o país para quase setecentas greves num só ano. Conheci e<br />
reconheci a sua maestria política e a sua hábil gestão do diálogo e da concertação sem<br />
amarras que não fossem as do interesse da comunidade e das convicções.<br />
Tivemos e temos outras proximidades. Uma das mais fortes foi Mário Soares. Ele, que partilhou<br />
quase todas as façanhas do Soarista; Eu, que arranquei para o mundo do trabalho<br />
ao serviço desse Enorme Estadista.<br />
Vítor Ramalho veio, depois, chegar-se ainda mais ao distrito de Setúbal. E, aqui, fez também<br />
história, enquanto presidente da federação socialista. Acompanhei-o de perto e, não<br />
raramente, me pedia esta e aquela opinião. Ouvia-me por saber que partilhamos as mesmas<br />
causas, que não traímos. Mas também porque somos ambos livres-pensadores, que<br />
negam os dogmas, qualquer ‘verdade absoluta’, cegueiras ou seguidismos.<br />
Depois, no que cabe neste pequeno escrito, reafirmar a sua sensibilidade incontida, porque<br />
expressa nas suas pinturas e na sua literatura.<br />
Recebe deste amigo de sempre e para sempre uns abraços fraternos, dos que nos unem<br />
como legado de vida e depois dela.<br />
Raul Tavares<br />
- 134 -
Conheci Vítor Ramalho, já lá vão muitos anos, como militante empenhado nos valores<br />
do socialismo democrático.<br />
Nem sempre estivemos de acordo e algumas vezes até em lados opostos, mas sempre<br />
mantivemos um relacionamento politico e pessoal de respeito mútuo.<br />
Cruzamos-nos em combates, em nome de projetos em que ambos acreditamos, no<br />
parlamento, no PS e em outros espaços de intervenção cívica e politica e sempre vi<br />
em Vítor Ramalho inteligência e lucidez na abordagem dos temas em discussão.<br />
Fomos em simultâneo Presidentes das Federações do PS, ele em Setúbal e eu no<br />
Porto e muitas vezes trocávamos opiniões sobre o aprofundamento da nossa ação<br />
politica.<br />
Acreditávamos e acreditamos na regionalização como a reforma indispensável ao<br />
desenvolvimento e coesão do nosso País, assim, participamos e subscrevemos a declaração<br />
de Évora, que tinha como propósito e fundamento a luta pela regionalização.<br />
Vítor Ramalho nunca desistiu dos valores e princípios em que acredita, resistente e<br />
lutador pela liberdade e por uma República em toda a sua dimensão humana.<br />
Vi sempre em Vítor Ramalhos um resiliente à volta de duas causas que abraçou com<br />
determinação, as relações laborais e causas da sua terra – Angola.<br />
Pela sua personalidade, pelo seu caráter e por se revelar continuamente amigo do<br />
seu amigo e sempre solidário, hoje posso dizer – Vítor Ramalho é meu amigo<br />
Renato Sampaio<br />
- 136 -
Caro Vítor Ramalho,<br />
Meu Querido Amigo<br />
Sei-te como olhas da tua humildade e carinho para toda a tua amizade pelos teus<br />
amigos…<br />
Sei-te meu amigo durante todo o dia, disponível em todo o teu olhar atento, por amigos<br />
que fizes-te em todos os teus jardins.<br />
Plantas-te amigos ao sol e na presença da lua, que sempre testemunhou, a verdade<br />
da tua amizade pelo mundo.<br />
Tenho-te como um Homem de pertença, de desafios sem vitórias definidas… aliás, os<br />
desafios são isso mesmo, e os teus, sempre foram aceites com verdade, sentimento<br />
de justiça e profunda gratidão por todos aqueles que neles te acompanharam…<br />
A verdade, é que nem sequer imaginas, que o privilégio é deles!<br />
Homem de honra e palavra, humanista profundo, Homem que se construiu de várias<br />
cores, cada uma de culturas, filosofias e mundos longínquos e diferentes, justo na<br />
sua forma tolerante de viver o seu mundo.<br />
É um privilégio absoluto e irrepetível, fazer parte do teu universo de constelações<br />
imensas, e estrelas que brilham também, com a força da tua crença na verdadeira<br />
amizade.<br />
Ensinas sem medo, a tua coragem franca, fraterna e humilde de abraçar a vida.<br />
Obrigado meu querido Amigo Vítor Ramalho!<br />
Ricardo Ribeiro<br />
- 137 -
Caro Vítor,<br />
Conhecemo-nos há uns anos atrás aquando da tua candidatura à Federação do PS de Setúbal.<br />
Fui dos que, contrariando a posição oficial da minha secção de residência, estive ao<br />
teu lado e lutei pela tua vitória. Desde essa altura fomos solidificando uma relação através<br />
das diversas “lutas” em que fomos participando ao longo destes últimos anos, não só na<br />
vertente política, mas em especial a grande batalha que foi a Fundação Inatel. Procurei durante<br />
este tempo estar ao teu lado, defendendo-te no que pude, apoiando-te na minha área<br />
de especialização, e não deixando o barco adornar mesmo quando as vagas estavam<br />
altas. Fi-lo porque considerei que o merecias. Fi-lo porque apesar de teres “as tuas coisas”<br />
não deixas de ser um Grande Homem (por falar nisso, toma lá cuidado com essa barriga) <br />
As grandes lutas são as que deixam, invariavelmente, feridas. Não sei se já conseguimos<br />
sarar as feridas que fomos recolhendo ao longo deste tempo – porque há aquelas que<br />
nunca saram, apenas estão disfarçadas –, mas a vida é feita de amanheceres de renovada<br />
esperança e é isso que temos que ter presente no dia-a-dia: ter os olhos presos ao futuro<br />
e ir tentando suavizar o lastro do passado.<br />
Caro Vítor, os meus Sinceros Votos de um Feliz Aniversário. Contes muitos, com os olhos<br />
num esperançoso futuro!<br />
Abraço,<br />
Rogério Fernandes<br />
- 138 -
Caro Vítor,<br />
É para mim um enorme prazer e uma enorme<br />
honra poder dirigir-me a ti neste momento.<br />
Enquanto escrevo visualizo o teu sorriso e<br />
ouço o som das tuas contagiantes gargalhadas.<br />
Sempre te admirei pela forma como<br />
sempre te entregas aos outros, por teres<br />
sempre uma palavra amiga e, sobretudo,<br />
por teres o dom de saberes ouvir.<br />
Humanista, defensor de causas, dedicado,<br />
solidário… Amigo, meu amigo, e como eu<br />
gosto de ser tua amiga.<br />
Beijinhos,<br />
Rosa Maria Albernaz<br />
- 139 -
Eu e o Vítor Ramalho conhecemo-nos<br />
há mais de<br />
20 anos.<br />
Mantivemos sempre, desde então,<br />
um relacionamento muito<br />
amistoso, infelizmente não tão<br />
próximo como eu gostaria. Os meus interesses pessoais,<br />
pouco coincidentes com a maioria dos portugueses, e o<br />
facto de vivermos longe um do outro a tal nos obriga.<br />
Contudo, alguns amigos em comum, e um posicionamento<br />
político próximo, têm sido mais que suficientes para<br />
mantermos ao longo destes anos o estatuto de bons amigos.<br />
Apesar de gostar imenso de conviver o meu agitado<br />
estilo de vida não me deixa muito tempo para os amigos.<br />
Mas para mim, um amigo, mais do que alguém com quem<br />
eu convivo muito, é aquele que eu sei que diz presente se<br />
eu precisar dele.<br />
E eu sinto isto em relação ao Vítor e penso<br />
que ele sente o mesmo em relação a mim.<br />
Rosa Mota<br />
- 140 -
Vítor Ramalho, parafraseando o saudoso poeta Brasileiro, Vinícios de<br />
Morais, que se intitulava o branco mais preto do Brasil, nós poderíamos<br />
dizer, que Vítor Ramalho é o Português mais Angolano de Portugal.<br />
Vítor Ramalho, é um amigo, uma pessoa de bem, de princípios, de honestidade<br />
e solidariedade, que conhece os seus amigos e os apoia, e<br />
espera o melhor para todos, e espera sempre um mundo melhor para<br />
todos, que muitas vezes o atraiçoa e o desaponta, como é natural nos<br />
dias de hoje em que o supérfluo e material se sobrepõem ás qualidades<br />
e princípios.<br />
Quando falamos de uma pessoa como Vítor Ramalho, Português Angolano,<br />
temos de refletir sobre o que é Portugal e a sua historia, com<br />
as suas grandezas e misérias, coisa que hoje não interessa a ninguém,<br />
e que hoje em dia ninguém se lembra, que houve alguém que<br />
escreveu uma epopeia chamada Lusiadas, Luís de Camões , onde lá<br />
está tudo o que somos e não somos, a grandeza e as mediocridades<br />
que se projetam nos dias de hoje.<br />
O amigo Vítor Ramalho, felizmente representa o que há de bom nessa<br />
epopeia histórica Portuguesa, pelo que o seu amor a Angola, como<br />
espaço e a projeção da sua personalidade, que é Portuguesa, ai tem<br />
seu refugio.<br />
É com muito agrado e muita amizade que deixo aqui o tributo a um<br />
amigo que muito prezo, Vítor Ramalho<br />
Rosalina Machado<br />
- 141 -
O Doutor Vítor Ramalho tem um currículo<br />
muito diversificado e riquíssimo, e é uma<br />
personalidade de grandes méritos profissionais<br />
e humanos. Tive com ele numerosos<br />
contactos, sobretudo nos domínios<br />
sócio-políticos, o que consolidou uma<br />
forte admiração e uma sólida amizade.<br />
Aqui lhe renovo estes sentimentos, num<br />
apertado abraço.<br />
Rui Alarcão<br />
- 142 -
Dr. Vítor Ramalho, foi um enorme privilégio tê-lo como meu Presidente na Fundação<br />
INATEL, no período de 2008 a 2012.<br />
Não foram momentos fáceis para o Presidente de uma Instituição com praticamente<br />
oito décadas de história, num momento em que o País mergulhou numa crise tão<br />
profunda e quando eram impostas medidas tão duras a todos os setores do estado.<br />
Embora, já reconhecesse algumas das suas qualidades profissionais, politicas, intelectuais<br />
e humanas, houve uma que, embora não me surpreendesse, me marcou.<br />
A SUA CORAGEM e a sua capacidade de assumir riscos.<br />
Num momento em que ninguém pestanejava quando a ordem era cortar salários e<br />
medidas que prejudicavam a vida dos trabalhadores, mesmo que tal tivesse o selo<br />
de inconstitucionalidade, o Dr. Vítor Ramalho, meu Presidente, não teve dúvidas em<br />
não aplicar essa medida aos trabalhadores da Fundação INATEL.<br />
Admito que nunca ninguém lhe tenha transmitido o reconhecimento desse ato de<br />
coragem, mas pode crer que foi, pois muito melhor do que eu, o Senhor sabe muito<br />
bem que correu um enorme risco.<br />
Da minha parte, ainda vai a tempo o meu muito obrigado.<br />
Com um abraço amigo de,<br />
Rui Máximo<br />
- 143 -
MENSAGEM DE FELICITAÇÃO<br />
Meu Caro Vítor Ramalho, desta minha e tua Angola, País de tanta luta e<br />
tanto luto, quero expressar a minha profunda satisfação em colaborar<br />
através de uma singela mensagem e saudar-te num momento particular<br />
de tua vida em que completas 70 anos.<br />
Guardo de ti, uma recordação saudável pela forma amiga como sempre<br />
me trataste, sinal de um sentimento de reciprocidade.<br />
Desejo-te um feliz aniversário.<br />
Do sempre amigo,<br />
Ruy Mingas<br />
- 144 -
Na minha vida, em particular no percurso político que vou trilhando, muitas pessoas se cruzaram<br />
e continuam a passar por mim, dia após dia. Mas somente algumas dessas pessoas<br />
irão permanecer para sempre. Essas pessoas são mais que camaradas, são minhas amigas.<br />
E são minhas amigas porque, num determinado momento desse caminho comum, souberam<br />
protagonizar o verdadeiro significado da palavra camarada.<br />
O Vítor Ramalho é um desses camaradas. Porque ser camarada não é só ter em comum a<br />
militância no mesmo partido, para se ser camarada é preciso saber também o que significa ser<br />
amigo num verdadeiro espírito fraterno.<br />
Vítor Ramalho é, para mim e para muitos, um exemplo da verdadeira ética republicana, um<br />
verdadeiro democrata. Um Homem que faz política com memória, com valores e com paixão.<br />
Que pensa primeiro nos outros e só depois em si mesmo. Um verdadeiro Socialista.<br />
No distrito de Setúbal, onde nos cruzámos pela primeira vez, deu por diversas vezes provas<br />
disso mesmo. Entregou e sacrificou pessoalmente vários anos da sua vida, sem nunca pedir<br />
nada em troca, a não ser, o que merece por direito, respeito e amizade dos camaradas.<br />
Guardarei para sempre comigo um escrito que me dirigiu com palavras de amizade, reconhecimento<br />
do meu mérito e incentivo, num momento difícil para mim. Espero continuar a estar<br />
sempre à altura daquilo que pensa sobre mim e continuar a ser merecedora da sua amizade.<br />
Tudo farei para isso.<br />
Sofia Cabral<br />
- 145 -
Poderei sintetizar a postura e pensamento<br />
do Vítor, numa frase de<br />
“amigo do seu amigo, com um<br />
enorme respeito aos mais velhos”!<br />
Um misto de um intelectual forjado<br />
nas lutas contra o regime fascista,<br />
contra a guerra colonial, transportando<br />
a imensidão de África, do seu<br />
sonho de independência, da cultura<br />
e história de uma população com<br />
uma enorme devoção ao saber adquirido<br />
das gerações mais velhas.<br />
Que prazer foi, para mim, ouvir, debater e aprender com as muitas reflexões e<br />
histórias que o Vítor nos proporcionou num largo período de tempo em que esteve<br />
à frente da Federação Distrital de Setúbal.<br />
Deu-me a honra de ser o candidato à Presidência da Assembleia Municipal de<br />
Setúbal, aquando da minha candidatura à Câmara Municipal em 2009.<br />
Mas o que mais me fascinou, me emociona e aprecio, é a sua amizade fixe a<br />
Mário Soares!<br />
Em vida, seguramente, mas após a sua morte a persistência em perpetuar o<br />
seu nome como enorme estadista, pensador, revolucionário, homem de bem, de<br />
família e, igualmente, muito amigo do seu amigo.<br />
Teresa Almeida<br />
- 146 -
Que dizer sobre o Vítor Ramalho?<br />
Em primeiro lugar, é um Amigo.<br />
Um amigo com quem nem sempre terei estado de acordo ao longo da vida - nomeadamente<br />
quando estava em causa a situação de Angola, mas aí tenho de aceitar que ele tinha um<br />
conhecimento de tudo melhor que o meu.<br />
Isso não impediu que a mútua consideração aumentasse e se consolidasse. Fazendo-nos<br />
aproximar e tornar amigos. Para isso contribuiu bastante, terá sido mesmo o factor principal,<br />
um Amigo comum, Mário Soares, com quem aliás também tive algumas divergências, por<br />
vezes mais fortes que o nosso próprio desejo.<br />
Com o avançar dos tempos, habituei-me a ver no Vítor Ramalho um grande activista cívico,<br />
sempre na luta pelos valores em que acredita. E, normalmente, estamos do mesmo lado da<br />
barreira.<br />
Assim ganhei um Amigo, sentindo-me honrado por saber que o Vítor me corresponde de<br />
igual maneira.<br />
Neste momento, meu caro Vítor, certo de que a nossa amizade se manterá, estou a desejar-te<br />
muitos anos de vida (um de cada vez), com muita saúde.<br />
Com um forte abraço, de estima, consideração e amizade.<br />
Vasco Lourenço<br />
- 147 -
Amigo Vítor Ramalho, tive o grande privilégio<br />
de te conhecer quando desempenhavas as importantes<br />
funções de assessor da Casa Civil do<br />
Presidente Mário Soares. Diversas vezes tivemos<br />
conversas muito interessantes, criando em mim<br />
uma empatia, admiração e amizade por ti que<br />
perdura até aos dias de hoje.<br />
Por ocasião do teu aniversário, não poderia deixar<br />
de te desejar muitos Parabéns e votos de<br />
muitas Felicidades, extensivos à tua família.<br />
Ao grande lutador pela Liberdade e Democracia<br />
um fraterno abraço do amigo,<br />
Vasco Valdez<br />
- 148 -
São muitos anos de amizade, admiração e companheirismo os que me ligam ao Vítor<br />
Nele admiro a capacidade de iniciativa, de trabalho no terreno em tantas funções difíceis,<br />
mas também a preocupação com a integração dessas funções, muitas delas<br />
ligadas ao seu profundo empenhamento no universo das relações de Portugal com os<br />
países de língua oficial portuguesa, numa visão estratégica para o País.<br />
Há um termo que o Vítor muito usa, ainda recentemente em artigo publicado no Expresso,<br />
que é bem demonstrativo dessa atenção à visão estratégica. Esse termo é “desígnio”.<br />
Desígnio nacional integrativo da visão das, ainda não totalmente exploradas,<br />
capacidades de desenvolvimento e aprofundamento da CPLP.<br />
O seu conhecimento, ligação e amor ao País de seu nascimento- a sua Angola- não é<br />
desligado das relações que sempre manteve com várias gerações de dirigentes das<br />
antigas colónias que têm sido e continuarão a ser, um activo da política externa de Portugal<br />
nesse eixo tão decisivo.<br />
Mas para além disto tudo o Vítor é um amigo com que se pode contar; demonstrou-o<br />
em vários momentos e situações ao longo da vida.<br />
E eu espero poder continuar pelo tempo que me resta de vida dessa tão preciosa amizade.<br />
Assim como ele sabe poder contar com a minha.<br />
Muitos anos de vida tão cheia como a que tens tido é o que te desejo querido amigo e<br />
companheiro.<br />
Teu sempre amigo<br />
José Vera Jardim<br />
- 150 -
A publicação do livro “Justiça do Trabalho”,<br />
editada por “Perspectivas & Realidades”,<br />
em Julho de 1980, teve na sua origem o incentivo<br />
e o apoio do Vítor Ramalho, que o<br />
prefaciou, e com quem partilhei os serviços jurídicos do SITESE. Foi o António<br />
Janeiro quem nos apresentou, permitindo-me assim enveredar por uma área<br />
do Direito que sempre foi e continua a ser a da minha especialidade. Embora<br />
formalmente o meu patrono fosse o Dr. Francisco Marcelo Curto, foi com o Vítor<br />
Ramalho que me iniciei na profissão, foi com ele que aprendi a redigir um requerimento<br />
e a minutar uma peça processual, foi com ele que tive o meu baptismo<br />
de fogo num julgamento em que o acompanhei ao Tribunal de Sintra. Coisa<br />
simples, diga-se, limitada ao “ofereço o merecimento dos autos” mas que, não<br />
obstante, ficou registada para sempre. A disponibilidade para ajudar os outros<br />
e a dedicação à causa pública são qualidades que fazem do Vítor Ramalho<br />
credor da minha admiração e respeito. É um privilégio poder ser seu amigo.<br />
Vítor Marques<br />
- 151 -
Um amigo em comum<br />
O meu convívio com Vítor Ramalho foi sempre caracterizado, ao longo de décadas,<br />
pela amizade e admiração partilhada por Mário Soares. Foi sempre ele - antes, durante<br />
e após as suas presidências - quem nos juntou em torno de múltiplas iniciativas.<br />
Sempre ligadas a causas públicas, a debates de interesse nacional e global,<br />
à apreciação de obras que visavam alargar o conhecimento e aprofundar a justiça.<br />
Recordo-mo particularmente, do meu convívio com Vítor Ramalho em Arco de Valdevez,<br />
em 2010, no âmbito de uma homenagem nacional a Mário Soares. Nesses<br />
dias, sem a marca do poder e das instituições, numa relação humana despida de<br />
agendas e condicionamentos, apreciei em Vítor Ramalho essa capacidade nobre de<br />
alimentar uma amizade generosa e desinteressada. A nossa amizade foi e é também<br />
uma das heranças de Mário Soares.<br />
Viriato Soromenho-Marques<br />
- 152 -
Meu Caro Vítor Ramalho,<br />
É uma alegria pessoal muito grande poder colaborar nos parabéns pelo 70º aniversário.<br />
Conhecemo-nos desde 1978, quando começas-te a colaborar com o Sitese a convite<br />
do então Presidente António Janeiro.<br />
Foi uma amizade pura e sincera que criámos, cultivamos e desenvolvemos até aos<br />
dias de hoje. Nunca houve uma pequena discordância que tenha ocorrido entre nós ao<br />
longo destas quatro décadas de convívio são e cooperação.<br />
O Sitese deve-te muito, nomeadamente no teu empenho aquando da constituição do<br />
Citeforma e pelo desempenho como jurista nos nossos serviços jurídicos laborais. São<br />
muitas as centenas de trabalhadores que te devem a reposição dos direitos legais que<br />
muitas entidades patronais lhes pretendiam negar e foi também no seguimento das<br />
tuas opiniões e conselhos que o Sitese no desenvolvimento da sua actividade saiu Vítorioso<br />
e prestigiado nas pugnas que o envolviam.<br />
Pessoalmente é um orgulho ter, ainda hoje, um amigo a quem quero muito e que estou<br />
certo também me retribui com estima.<br />
Foste um Secretário de Estado do Trabalho que não cultivou quezílias com os agentes<br />
económicos e sociais foste um militante socialista que a discrição fez de ti um exemplo.<br />
Na Fundação Mário Soares a tua colaboração é o cerne do prestigio e dos valores por<br />
esta cultivados bem com nas demais entidades e organizações pelas quais tens sido<br />
responsável e onde ainda hoje te empenhas.<br />
Meu Caro Vítor Ramalho<br />
Muito certamente ficará por dizer a teu respeito mas eu faço votos que nos reencontros<br />
futuros pessoais que ainda nos aguardam no futuro teremos oportunidade de prosseguir<br />
a nossa amizade.<br />
Meu grande amigo Vítor Ramalho, o Vítor Hugo Sequeira envia-te um grande abraço de<br />
parabéns e estará sempre contigo e ao teu dispor.<br />
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Vítor Hugo Sequeira
Com que então 70 Mano?!<br />
Dentro de dias faz setenta anos, vejam lá<br />
quem. O Vitinho.<br />
Assim escrito e assim sentido, porque é assim<br />
que mutuamente nos tratamos desde<br />
os bancos da Faculdade, onde, neste caso<br />
com o Carlos Paisana, o Chagas, o depois<br />
Cardeal Alexandre do Nascimento e tantos<br />
outros, à entrada da sala de exames e na<br />
partilha solidária de sonhosde juventude<br />
e cumplicidades de libertação, se gerou e<br />
cimentou, para a vida e mesmo para além<br />
dela, uma daquelas amizades, que em momentos<br />
como este não podem deixar de se<br />
festejar.<br />
Temos que celebrar o dom da vida. Temos<br />
que festejar o que nela nos une. Temos que<br />
celebrar os 70, tão ricos e preciosos, do Vítor<br />
Ramalho. Com ronco e tudo, à boa maneira<br />
luso-angolana.<br />
Sim, luso-angolana, porque Angola, onde ele<br />
nasceu e aprendeu o abecedário da vida, tem<br />
no Vítor Ramalho um dos seus mais dedicado<br />
filhos, um verdadeiro angolano de “alma,<br />
coração e vida”, assim como Portugal tem<br />
nele um dos portugueses da melhor estirpe<br />
e dedicação.<br />
Coração generoso em inteligência farta, o<br />
Vítor Ramalho é um daqueles angolanos e<br />
portugueses que dão sentido a que dois povos<br />
se chamem povos irmãos.<br />
Na variedade dos muitos talentos, que dele<br />
fizeram um excelente jurista, um governante<br />
prestigiado, um respeitado dirigente político,<br />
parlamentar e assessor de Presidentes<br />
e vulto maior na dinamização de instituições<br />
sociais e de defesa dos trabalhadores e<br />
dos seus direitos, o Vítor, além da amizade,<br />
deu-me o privilégio de com ele participar<br />
em inesquecíveis missões de cooperação<br />
e solidariedade a Angola e outros países<br />
da lusofonia promovidas por essa excelsa<br />
Senhora, que foi a Drª Maria Barroso, bem<br />
como de com ela, por muitos anos, darmos<br />
apoio à fundação e administração da Pro<br />
Dignitate em defesa dos Direitos Humanos<br />
e, em amizade paradigmaticamente fixe,<br />
darmos ao Dr. Mário Soares o melhor da<br />
nossa colaboração, estima e veneração.<br />
Por tudo isto e por tudo o mais que Deus te<br />
deu, louvado seja Ele e festejado sejas tu.<br />
Parabéns, Vitinho. Ad multos annos, porque<br />
Portugal, Angola, a lusofonia e o mundo precisam<br />
de ti.<br />
Com amizade fixe,<br />
Vítor Melícias<br />
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Foi em 1984, que fomos apresentados por<br />
um amigo em comum, que ficará sempre nos<br />
nossos corações (António Janeiro).<br />
O Vítor foi nomeado Secretário de Estado do<br />
Trabalho e eu fui secretaria-lo naquele período<br />
governativo muito complicado.<br />
Ali, demonstrou ser um líder, mantendo aquela<br />
equipa muito unida e muito coesa.<br />
Como pessoa, o Vítor é um homem de grandes<br />
princípios morais, generoso e afectivo.<br />
Da minha carreira profissional recordo aquele<br />
período como o melhor de todos e por isso o<br />
meu agradecimento e um bem haja.<br />
Zelmira Costa<br />
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