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Murillo Constantino/<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

mobile.brasileconomico.com.br<br />

Relatório do Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio obtido pelo<br />

BRASIL ECONÔMICO aponta intensa recuperação<br />

nos investimentos para atividade<br />

QUINTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO, 2010 | ANO 2 | Nº 244 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 3,00<br />

produtiva no primeiro semestre do ano,<br />

em relação à mesma base de 2009. Os recursos<br />

declarados pelas <strong>empresas</strong> saltou<br />

de US$ 66,2 bilhões para US$ 289 bilhões<br />

Gulfstream<br />

terá centro de<br />

manutenção de<br />

jatos no <strong>Brasil</strong><br />

Bolsas perto de<br />

queda histórica<br />

Esta é a opinião da americana<br />

Elliott Wave International, que<br />

recomenda sair do mercado. ➥ P36<br />

Eleições Aliados reclamam<br />

da falta de voz nos conselhos<br />

políticos dos presidenciáveis. ➥ P12<br />

entre os períodos. Na comparação com o<br />

segundo semestre do ano passado, quando<br />

a economia já havia retomado o fôlego,<br />

o crescimento se sustenta em 6,5%. ➥ P4<br />

Publicidade Novas quebras de patentes<br />

elevam investimentos de fabricantes<br />

de genéricos em mídia. ➥ P34<br />

Investimento das <strong>empresas</strong><br />

quadruplica e vai a US$ 289 bi<br />

Dados do Ministério do Desenvolvimento apontam que, além da alta na indústria, capital para serviços cresceu 20 vezes<br />

Ferrovias podem entrar<br />

em colapso até 2012<br />

Dos 28 mil quilômetros de malha, 10 mil têm<br />

algum tipo de inadequação. O investimento<br />

na extensão e na melhoria é considerado<br />

imprescindível para evitar apagão nos trilhos. ➥ P16<br />

Sony encara importadoras<br />

e traz Playstation 3 ao país<br />

Desafio da fabricante é ter preço mais alto, mas<br />

conta com garantia maior. Meta da empresa é<br />

vender também mais jogos e acessórios. ➥ P28<br />

Bancos usam SMS para<br />

cobrar dívida de jovens<br />

Temendo aumento da inadimplência em cenário<br />

mais concorrido, instituições financeiras recorrem<br />

a novas técnicas para receber dívidas. ➥ P40<br />

Pescados Sidnei Rosa lançará no<br />

país a marca Robinson Crusoe, do<br />

grupo espanhol Jealsa-Rianxeira. ➥ P32<br />

Joe Lombardo, presidente da fabricante<br />

americana de jatos executivos, disse<br />

que a intenção é ter no <strong>Brasil</strong> uma<br />

unidade especializada em serviços<br />

pesados programados, hoje realizados<br />

apenas nos Estados Unidos. ➥ P30<br />

INDICADORES<br />

Henrique Manreza<br />

TAXAS DE CÂMBIO COMPRA<br />

11.8.2010<br />

VENDA<br />

▲ Dólar Ptax (R$/US$) 1,7655 1,7663<br />

▲ Dólar comercial (R$/US$) 1,7680 1,7700<br />

▼ Euro (R$/€)<br />

2,2750 2,2764<br />

▼ Euro (US$/€)<br />

1,2886 1,2888<br />

▲ Peso argentino (R$/$) 0,4487 0,4491<br />

JUROS META EFETIVA<br />

■ Selic (a.a.)<br />

10,75% 10,66%<br />

BOLSAS VAR. % ÍNDICES<br />

▼ Bovespa - São Paulo -2,13 65.790,29<br />

▼ Dow Jones - Nova York -2,49 10.378,83<br />

▼ Nasdaq - Nova York -3,01 2.208,63<br />

▼ S&P 500 - Nova York -2,82 1.089,47<br />

▼ FTSE 100 - Londres -2,44 5.245,21<br />

▼ Hang Seng - Hong Kong -0,83 21.294,54<br />

BNDES emprestou R$ 72,6 bilhões<br />

de janeiro a julho, 3% menos<br />

que nos sete meses de 2009.<br />

Amyris abre<br />

capital nos EUA<br />

para captar<br />

US$ 100 milhões<br />

A empresa que detém tecnologia para transformar<br />

o açúcar em diesel e em outras fórmulas químicas<br />

pretende garantir recursos para financiar a primeira<br />

unidade de escala comercial que será construída<br />

no <strong>Brasil</strong>. A abertura de capital também visa<br />

dar liquidez às ações da Amyris. ➥ P22<br />

Registro on-line de cobrança<br />

do Banco do <strong>Brasil</strong>.<br />

Facilidade para você.<br />

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para sua empresa.<br />

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Financeiro para permitir ao sacado a consulta<br />

do boleto no Portal BB e a apresentação<br />

eletrônica desse boleto no DDA*.<br />

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Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088 ou acesse bb.com.br/empresarial<br />

*Para os sacados eletrônicos cadastrados nesse serviço.


2 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

Em alta<br />

Marcio Fernandes/AE<br />

Amyris vai produzir diesel<br />

a partir da cana-de-açúcar<br />

Empresa americana de biotecnologia,<br />

que tem como sócios os grupos brasileiros<br />

Votorantim e Cornélio Brennand, fará<br />

oferta pública de ações nos Estados Unidos<br />

para captar US$ 100 milhões que serão<br />

aplicados na construção da unidade de<br />

produção de químicos anexa à Usina<br />

São Martinho, em Padópolis (SP). Antes<br />

mesmo do início de produção, grupos<br />

como Cosan, Shell e Procter & Gamble<br />

comprometeram-se a comprar o combustível<br />

verde da Amyris. A unidade terá capacidade<br />

para transformar 1 milhão de toneladas<br />

de cana em farneseno, combustível<br />

tido como superior ao diesel. ➥ P22<br />

Empréstimos do BNDES<br />

somam R$ 135 bilhões<br />

As liberações se referem ao período agosto<br />

de 2009 a julho de 2010 e representam<br />

aumento de 11% em relação aos 12 meses<br />

anteriores. De janeiro a julho de 2010,<br />

o total de desembolsos somou R$ 72,6<br />

bilhões, 3% abaixo do mesmo período<br />

de 2009, queda atribuída por Luciano<br />

Coutinho, presidente do banco, à distorção<br />

do financiamento de R$ 25 bilhões à<br />

Petrobras. Excluindo-se essa operação,<br />

que infla os dados de 2009, a expansão<br />

em 2010 teria sido de 48% em relação<br />

ao mesmo período de 2009. As micro,<br />

pequenas e médias <strong>empresas</strong> receberam<br />

R$ 21,45 bilhões no primeiro semestre,<br />

o que representa 36,17% no total. ➥ P9<br />

Murillo Constantino<br />

Robinson Crusoe contra<br />

Gomes da Costa e Coqueiro<br />

O grupo espanhol Jealsa-Rianxeira,<br />

da tradicional marca de pescados em<br />

conserva chega ao <strong>Brasil</strong> produzindo atum<br />

enlatado na fábrica de Rio Grande (RS),<br />

mas já tem planos de construir outra<br />

unidade em 2011, cuja localização está<br />

entre o Nordeste e o Centro-Oeste.<br />

“A meta é faturar R$ 50 milhões no final<br />

do próximo ano, mas estou otimista e<br />

considero que conseguiremos ir além”,<br />

afirma Sidnei Rosa, dirigente da Crusoe<br />

Foods, nome da empresa no <strong>Brasil</strong> e que<br />

vai comandar a disputa com as marcas<br />

Coqueiro, Gomes da Costa, Pescador<br />

e Alcyon pelo mercado de sardinha, atum,<br />

salmão e mexilhão em conserva. ➥ P32<br />

NESTA EDIÇÃO<br />

Murillo Constantino<br />

Estanplaza adere à longa permanência<br />

Rebatizada como Concivil — Estanplaza, a empresa de<br />

hotelaria, planeja desenvolver projetos em que a<br />

hospedagem tenha a duração de, no mínimo, um mês. ➥ P27<br />

Carro elétrico dá a largada no Ceará<br />

O projeto da fábrica que produzirá, em escala industrial,<br />

o primeiro veículo do gênero no estado será concluído até<br />

outubro. Limoeiro do Norte (CE) sediará a unidade. ➥ P20<br />

Suzano atribui lucro menor ao câmbio<br />

No segundo trimestre, o lucro da produtora de papel e<br />

celulose foi de R$ 135 milhões, menos 69% em relação aos<br />

R$ 439 milhões do período abril a junho de 2009. ➥ P24<br />

Mata Atlântica ganha US$ 5 milhões<br />

Amélia da Silva Netto, pedagoga e revendedora da Avon,<br />

comprou 220 de 1 bilhão de árvores do programa da TNC de<br />

arrecadação fundos para o plantio nesta área no país. ➥ P18<br />

Triple A amplia ganhos da Brookfield<br />

A venda do edifício na Av. Faria Lima, na capital paulista,<br />

foi decisiva para que o lucro da incorporadora aumentasse<br />

92% no semestre, atingindo a R$ 185,2 milhões. ➥ P26<br />

A FRASE<br />

Marcela Beltrão<br />

“Até agora não tivemos um sistema<br />

simples, nem um sistema preciso”<br />

Joseph Blatter, presidente da Fifa, ao confirmar que a adoção<br />

de uma tecnologia que informa quando a bola entrou no gol estará<br />

em pauta na reunião de outubro do International Board da entidade.<br />

“Mas precisamos de um sistema preciso e simples”, alertou.<br />

Gulfstream fará manutenção pesada<br />

A fabricante de jatos executivos de grande porte vai<br />

ampliar seu centro de manutenção em Sorocaba (SP), onde<br />

hoje realiza apenas reparos leves em aeronaves. ➥ P30<br />

Júlio Simões começa a operar terminal<br />

O projeto do terminal rodoferroviário de Itaquaquecetuba<br />

(SP) previa operação em 2011, mas contrato com a Usiminas<br />

para transportar bobinas de aço forçou a antecipação. ➥ P31<br />

União pelo maior consumo de pescado<br />

Acordo com a rede Walmart tenta facilitar a venda pelos<br />

pescadores e, com isso, elevar a produção brasileira de 1,1<br />

milhão de toneladas para 1,4 milhão de toneladas/ano. ➥ P33<br />

Sony lança Playstation 3 por RS 1.999<br />

O preço é subsidiado pelo fabricante, que pretende inibir a<br />

venda do produto importado sem embalagem e sem manual em<br />

português, diz Anderson Gracias, presidente no <strong>Brasil</strong>. ➥ P28<br />

Laboratórios apelam para a criatividade<br />

Limites impostos pela Anvisa não impedem ações de<br />

comunicação, como a da NeoQuímica, da Hypermarcas, que<br />

patrocina o Corinthians, Botafogo, Ceará e Criciúma. ➥ P34<br />

Apreensão com o recuo das bolsas<br />

“O declínio de 1929 levou à deflação e à depressão,<br />

e o de agora fará o mesmo”, alerta o analista técnico Brian<br />

Whitmer, da consultoria americana Elliott Wave. ➥ P36<br />

Valor se refere ao movimento anual no país.<br />

Perfil básico do devedor é do jovem universitário<br />

que esta ingressando no mercado de trabalho. ➥ P40<br />

Thiago Teixeira<br />

Recuperação de crédito soma R$ 8,6 bi<br />

Lucro do Banrisul é de R$ 183,1 milhões<br />

Banco conciliou aumento da receita das operações de<br />

crédito com redução de despesas. Mateus Bandeira,<br />

presidente, diz que o resultado deve se manter no ano. ➥ P39<br />

Gianluigi Guercia/AFP


CARLOS HENRIQUE TESTOLINI, PRESIDENTE DA SONDA PROCKWORK<br />

Presidente do Conselho de Administração<br />

Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos<br />

Diretor-Presidente José Mascarenhas<br />

Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro<br />

Diretores Executivos<br />

Alexandre Freeland e Ricardo Galuppo<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

BRASIL ECONÔMICO é uma publicação<br />

da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A.<br />

Redação, Administração e Publicidade<br />

Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar,<br />

CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP),<br />

Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158<br />

Diretor de Redação Ricardo Galuppo<br />

Diretor Adjunto Costábile Nicoletta<br />

Editores Executivos Arnaldo Comin, Fred Melo Paiva, Gabriel<br />

de Sales, Jiane Carvalho, Thaís Costa Produção Editorial<br />

Clara Ywata Editores Fabiana Parajara e Rita Karam<br />

(Empresas), Carla Jimenez (<strong>Brasil</strong>), Cristina Ramalho<br />

(Outlook e FS), Laura Knapp (Destaque), Marcel Salim<br />

(On-line), Márcia Pinheiro (Finanças) Subeditores<br />

Marcelo Cabral (<strong>Brasil</strong>), Estela Silva, Isabelle Moreira Lima<br />

(Empresas), Luciano Feltrin (Finanças), Maeli Prado (Projetos<br />

Especiais), Phydia de Athayde (Outlook e FS) Repórteres<br />

Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, Ana Paula<br />

Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carlos Eduardo Valim, Carolina<br />

Alves, Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli,<br />

Conrado Mazzoni, Daniela Paiva, Denise Barra,<br />

Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Elaine Cotta, Fabiana<br />

Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, Françoise Terzian,<br />

Gabriel Penna, João Paulo Freitas, Juliana Elias, Karen<br />

Busic, Luiz Henrique Ligabue, Luiz Silveira, Lurdete Ertel,<br />

Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle, Mariana Segala, Marina<br />

Gomara, Martha S. J. França, Michele Loureiro, Micheli<br />

Rueda, Natália Flach, Natália Mazzoni, Nivaldo Sou-<br />

za, Paulo Justus, Pedro Venceslau, Priscila Machado, Regiane<br />

de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego, Vanessa<br />

Correia Brasília Simone Cavalcanti, Sílvio Ribas<br />

Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro<br />

Arte Pena Placeres (Diretor),BettoVaz(Editor), Cassiano<br />

de O. Araujo, Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon<br />

Silva, Paulo Argento, Renata Rodrigues, Renato<br />

B. Gaspar, Tania Aquino, (Paginadores) Infografia Alex<br />

Silva (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Fotografia<br />

Antonio Milena (Editor), Marcela Beltrão (Subeditora),<br />

Evandro Monteiro, Henrique Manreza, Murillo<br />

Constantino, Rafael Neddermeyer (Fotógrafos),<br />

Angélica Bueno, Carlos Henrique, Fabiana Nogueira,<br />

Thais Moreira (Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves<br />

Tratamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos<br />

Costa Secretaria/Produção Shizuka Matsuno<br />

Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo<br />

Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Júlio<br />

César Ferreira (Diretor de Publicidade), Wilson<br />

Haddad, Valquiria Rezende e Juliana Farias (Gerentes<br />

Executivos), Alisson Castro, Bárbara de Sá, Celeste Vi-<br />

Marcela Beltrão<br />

O grupo chileno Sonda IT se estrutura para competir com grandes <strong>empresas</strong> brasileiras de<br />

tecnologia, como Tivit e CPM Braxis. “Queremos convencer clientes a reduzir custos em um<br />

único fornecedor”, afirma Carlos Henrique Testolini, presidente da Sonda Prockwork. ➥ P29<br />

veiros, Edson Ramão e Vinícius Rabello (Executivos de<br />

Negócios), Andréia Luiz (Assistente Comercial), Heitor<br />

Pontes (Diretor de Projetos Especiais), Márcia Abreu<br />

(Gerente de Projetos Especiais); Renato Frioli (Gerente<br />

Mercados), Solange Santos (Assistente Executiva)<br />

Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade<br />

Legal e Financeira), Marco Aleixo , Carlos Flores,<br />

Ana Alves e Adriana Araújo (Executivos de Negócios),<br />

Alcione Santos (Assistente Comercial)<br />

Departamento de Marketing Evanise Santos (Diretora),<br />

Samara Ramos (Coordenadora)<br />

Operações Cristiane Perin (Diretora)<br />

Departamento de Mercado Leitor Flávio Cordeiro (Diretor),<br />

Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria),<br />

Carlos Madio (Gerente Negócios), Rodrigo Louro (Gerente<br />

MktD e Internet), Giselle Leme (Coordenadora<br />

MktD e Internet), Silvana Chiaradia (Coordenadora<br />

Tmkt ativo), Alexandre Rodrigues (Gerente de Processos),<br />

Denes Miranda (Coordenador de Planejamento)<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 3<br />

EDITORIAL<br />

A multiplicação<br />

dos recursos no<br />

setor produtivo<br />

A base e o motivo todos conhecem: emprego,<br />

renda maior e crédito, que levaram ao<br />

fortalecimento do mercado interno brasileiro.<br />

O resultado é que, fortalecidas e estimuladas,<br />

as <strong>empresas</strong> voltaram a abrir seu<br />

caixa e neste ano estão investindo quatro<br />

vezes e meia a mais do que em 2009. Os dados<br />

foram repassados ao BRASIL ECONÔMICO<br />

com exclusividade pelo Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior<br />

(MDIC). No primeiro semestre, houve<br />

desembolsos de US$ 289 bilhões para o setor<br />

produtivo. No mesmo período do ano<br />

passado, eles foram de apenas US$ 66,2 bilhões.<br />

Os investimentos referem-se à expansão<br />

de instalações, modernização e<br />

aquisição de bens de capital.<br />

É certo que o primeiro semestre de<br />

2009 está sendo descartado de várias<br />

comparações econômicas, dada a peculiaridade<br />

da situação vivida pelo mundo<br />

— e refletida no <strong>Brasil</strong> — durante o período.<br />

Porém, comparado ao segundo semestre<br />

de 2009, os investimentos também<br />

aumentaram e caminham para repetir<br />

o desempenho de 2008, como mostramos<br />

a partir da página 4.<br />

Estimuladas, as <strong>empresas</strong><br />

abriram o caixa e estão<br />

investindo quatro vezes e<br />

meia a mais do que em 2009<br />

Os setores que mais investiram foram a<br />

indústria extrativa, com quase R$ 130 bilhões<br />

e a de transformação, com R$ 104<br />

bilhões. A única cujos investimentos<br />

cresceram mais no período do que os das<br />

<strong>empresas</strong> de transformação, com aumento<br />

de 26%, foram as de alojamento e<br />

alimentação, que subiram 30%.<br />

Nos 12 meses encerrados em julho de<br />

2010, o Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

<strong>Econômico</strong> e Social (BNDES) desembolsou<br />

R$ 134,9 bilhões em financiamentos,<br />

11% a mais do que no período<br />

anterior. Rebatendo críticas sobre as<br />

finalidades desse recursos, Luciano<br />

Coutinho, presidente do banco, informou<br />

que os financiamentos feitos às micro,<br />

pequenas e médias <strong>empresas</strong>, de<br />

25,7%, superaram o volume emprestado<br />

aos dez maiores clientes (21,8%) entre<br />

janeiro de 2008 e junho de 2010. Neste<br />

primeiro semestre, eles chegaram a<br />

36,17% do total, quando a participação<br />

dos dez maiores clientes foi de 15,6%.<br />

A fim de se capitalizar, este ano o<br />

BNDES captará R$ 1 bilhão em debêntures<br />

e recorrerá às letras financeiras<br />

somente em 2011. ■<br />

Central de atendimento e venda de assinaturas<br />

4007 1127 (capitais) 0800 600 1127 (demais localidades).<br />

De segunda a sexta-feira, das 7h às 20h.<br />

atendimento@brasileconomico.com.br<br />

Jornalista Responsável Ricardo Galuppo<br />

TABELA DE PREÇOS<br />

Assinatura Nacional<br />

Trimestral Semestral Anual<br />

R$ 147,50 R$ 288,00 R$ 548,00<br />

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(circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)<br />

Auditado pela BDO -<br />

Auditores Independentes<br />

Impressão:<br />

Editora O Dia S.A. (RJ)<br />

Oceano Ind. Gráfica e Editora Ltda. (SP/MG/PR/RJ)<br />

FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO)<br />

RBS - Zero Hora Editora Jornalística S.A. (RS/SC)


4 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

DESTAQUE CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />

Quadruplica o<br />

investimento das<br />

<strong>empresas</strong> no ano<br />

Estimulados pelo aquecimento do consumo, desembolsos<br />

anunciados no primeiro semestre superam US$ 289 bilhões<br />

Carolina Alves<br />

calves@brasileconomico.com.br<br />

Passada a “marolinha” — que<br />

teve efeito de tsunami para diversos<br />

setores da economia brasileira<br />

— as <strong>empresas</strong> retomaram<br />

o fôlego para investir e já anunciaram<br />

desembolsos quatro vezes<br />

e meia maiores este ano. Segundo<br />

levantamento do Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior<br />

(MDIC), obtido com exclusividade<br />

pelo BRASIL ECONÔMICO, os<br />

investimentos programados<br />

pelo setor produtivo para 2010 já<br />

atingiram US$ 289 bilhões no<br />

primeiro semestre. No mesmo<br />

período do ano passado, o montante<br />

foi de US$ 66,2 bilhões. Os<br />

dados abrangem expansão de<br />

instalações, modernização e<br />

aquisição de bens de capital.<br />

De fato, os primeiros seis<br />

meses de 2009 foram muito críticos<br />

para a economia, o que<br />

torna a base de comparação deprimida.<br />

Se observarmos, porém,<br />

o segundo semestre do ano<br />

passado, quando os investimentos<br />

anunciados foram de<br />

US$ 271,2 bilhões, chegaremos a<br />

um resultado também surpreendente:<br />

alta de 6,55% de<br />

um semestre para o outro.<br />

“Isso é reflexo do fortalecimento<br />

do mercado interno, que<br />

vem estimulando as <strong>empresas</strong> a<br />

investir novamente, mais confiantes<br />

em relação à economia”,<br />

explica Eduardo Celino, coordenador<br />

geral da Rede Nacional de<br />

Informações Sobre Investimento<br />

(Renai), banco de dados do MDIC.<br />

Visto que o cenário internacional<br />

é ainda incerto, tomar o mercado<br />

interno como base do crescimento<br />

se tornou uma estratégia<br />

anticíclica indispensável. “Muitos<br />

desembolsos reprimidos durante a<br />

crise estão se realizando apenas<br />

agora, quando indicadores de renda,<br />

emprego e crédito apontam<br />

para um ótimo ano para o consumo<br />

doméstico”, complementa.<br />

Prato cheio<br />

Além do real valorizado, que desestimula<br />

exportações e, portanto,<br />

volta as atenções das <strong>empresas</strong><br />

para o mercado consumidor local,<br />

mais de 30 milhões de brasi-<br />

“Para sustentar<br />

o crescimento<br />

de 6,5% esperado<br />

pelo governo,<br />

precisamos<br />

de investimentos<br />

acima de<br />

25% do PIB<br />

Celso Grisi,<br />

diretor-presidente do<br />

Instituto de Pesquisa Fractal<br />

leiros ganharam acesso ao crédito<br />

nos últimos três anos, segundo<br />

estimativas da Associação Comercial<br />

de São Paulo (ACSP). Isso,<br />

somado ao rendimento mensal<br />

do trabalhador — que chegou ao<br />

seu maior patamar desde 1990 - e<br />

ao índice de emprego, torna o<br />

<strong>Brasil</strong> um “prato cheio”.“Mesmo<br />

com a perspectiva de desaceleração<br />

do crescimento até o fim do<br />

ano, as <strong>empresas</strong> não deixarão de<br />

investir”, enfatiza.<br />

Ele lembra que a economia<br />

teve um primeiro trimestre muito<br />

forte, passando por um arrefecimento<br />

natural no segundo.<br />

“Até os segmentos mais afetados<br />

pela crise, como a indústria, já<br />

estão retomando os patamares<br />

pré-crise”, avalia Rogério César<br />

de Souza, economista-chefe do<br />

Instituto de Estudos para o Desenvolvimento<br />

Industrial (Iedi).<br />

Copo meio vazio<br />

Se há consenso de o país está a<br />

caminho de repetir os desempenhos<br />

recordes de 2008, por<br />

outro lado é preciso notar que o<br />

nível de investimentos produtivos<br />

está em alta, mas ainda não<br />

é suficiente para promover um<br />

crescimento econômico acima<br />

de 5% ao ano sem inflação.<br />

Segundo estimativas do Ministério<br />

da Fazenda, divulgadas<br />

na última terça-feira, a formação<br />

bruta de capital fixo (FBKF), indicador<br />

oficial dos investimentos<br />

do setor produtivo (públicos e<br />

privados), deve atingir 20,4% do<br />

Produto Interno Bruto (PIB) este<br />

ano - maior índice desde 1994.<br />

“Para sustentar o crescimento<br />

de 6,5% esperado pelo governo,<br />

precisamos de investimentos<br />

acima de 25% do PIB”, calcula o<br />

economista Celso Grisi, diretorpresidente<br />

do Instituto de Pesquisa<br />

Fractal. Seria necessária<br />

poupança na casa dos 3% do<br />

PIB. A estimativa do ministério,<br />

porém, é de que chegue a 0,7%<br />

do PIB. “A única maneira de melhorar<br />

esse quadro é por meio de<br />

reformas há muito evitadas,<br />

como a tributária, previdenciária<br />

e administrativa. Mesmo que<br />

os investimentos do governo tenham<br />

crescido substancialmente,<br />

é preciso tornar a máquina<br />

pública mais eficiente”, diz. ■<br />

DA LINHA DE PRODUÇÃO AO CARRINHO DE COMPRAS<br />

Fortalecimento do mercado<br />

interno eleva apostas<br />

do setor produtivo<br />

COMÉRCIO<br />

ÍNDICES* - 2003 = 100<br />

Vendas do varejo aceleram<br />

170<br />

154<br />

138<br />

Aumento de renda, emprego e<br />

crédito apontam para crescimento<br />

do consumo doméstico<br />

122<br />

105,94<br />

106<br />

161,16<br />

90<br />

2000<br />

2001/2 2002200320042005200622007220082009/<br />

2010 2<br />

Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

*Com ajuste sazonal<br />

EM ALTA<br />

FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO<br />

EM % DO PIB<br />

Investimentos devem chegar a 20% do PIB este ano<br />

24,0<br />

22,15<br />

21,2<br />

Investimentos previstos são 4,5 vezes maiores<br />

PRINCIPAIS<br />

SETORES<br />

Alojamento e alimentação<br />

Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às <strong>empresas</strong><br />

Comércio<br />

Construção<br />

Indústria de transformação<br />

Indústria extrativa<br />

Outros serviços<br />

Produção e distribuição de eletricidade, gás e água<br />

Saúde<br />

Transporte, armazenagem e comunicações<br />

TOTAL<br />

Fonte: MDIC *Comparação entre os primeiros semestres de 2009 e 2010<br />

18,4<br />

15,6<br />

12,8<br />

20,40<br />

10,0<br />

1994<br />

199199 199919<br />

199199<br />

199199<br />

199920<br />

20020<br />

20020<br />

200200<br />

2000200<br />

2000200<br />

2000200<br />

2000200<br />

200200<br />

20008/<br />

2010*<br />

Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

*Projeção do Ministério da Fazenda<br />

INVESTIMENTO<br />

EM US$ BILHÕES<br />

1,72<br />

0,43<br />

6,98<br />

2,29<br />

104<br />

129<br />

4,47<br />

16,2<br />

1,23<br />

18,9<br />

289<br />

CRESCIMENTO*<br />

2.994%<br />

-51%<br />

657%<br />

553%<br />

177%<br />

2.496%<br />

818%<br />

-2%<br />

502%<br />

354%<br />

337%


EMPREGO*<br />

EM MILHÕES DE TRABALHADORES**<br />

Taxa ultrapassa patamar pré-crise<br />

23,0<br />

20,8<br />

18,6<br />

16,4<br />

14,2<br />

16,74<br />

LEIA MAIS<br />

21,65<br />

12,0<br />

20012002/2<br />

2003/2 2004/2 2005/2 2006/22007/2<br />

2008/2 2009/ 2010<br />

Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

*São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,<br />

Salvador e Porto Alegre **População ocupada<br />

Após o forte crescimento<br />

apresentado no começo<br />

deste ano, o Índice de<br />

Atividade Econômica (IBC-Br)<br />

subiu apenas 0,23% desde<br />

março, segundo dados do<br />

Banco Central divulgados<br />

ontem. Já na comparação<br />

entre o primeiro trimestre,<br />

a alta foi de 1,32%.<br />

Somente em junho de 2010,<br />

o IBC-Br registrou elevação<br />

de 0,02% frente a maio.<br />

Ainda assim, economistas<br />

Com US$ 40 bilhões<br />

estimados em<br />

investimentos até 2016,<br />

siderurgia tem papel de<br />

destaque. O foco agora é<br />

agregar valor às commodities.<br />

MASSA SALARIAL REAL*<br />

EM R$ BILHÕES DE JUL/2010**<br />

Rendimento do brasileiro é o maior desde 1990<br />

35<br />

31,11<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15,65<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

JUN/91<br />

JUN/10<br />

Fontes: IBGE e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

*São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,<br />

Salvador e Porto Alegre **Corrigidos pelo INPC<br />

ouvidos pelo BRASIL<br />

ECONÔMICO acreditam que essa<br />

tendência de desaceleração<br />

do crescimento econômico<br />

não deverá interferir na<br />

decisão de investimento<br />

dos empresários brasileiros.<br />

Isso porque o consumo<br />

manterá uma trajetória<br />

de alta este ano.<br />

Dados do Ministério da<br />

Fazenda, divulgados na última<br />

terça-feira pelo ministro<br />

Guido Mantega, apontam que<br />

BNDES prepara<br />

captação de R$ 1 bilhão em<br />

debêntures este ano para dotar<br />

o BNDESPar e investir em novas<br />

<strong>empresas</strong>. Letras financeiras<br />

só serão usadas em 2011.<br />

PIB PER CAPITA<br />

EM MIL US$/ANO<br />

Novo patamar histórico<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

3,05<br />

Marcela Beltrão<br />

Infografia: Anderson Cattai<br />

9,84<br />

0<br />

1990 199199 1991 199 1991 199 1991 199 1991 199 1991199<br />

1991 199 1991 199 1992 200 2002 20 20220<br />

20220<br />

20220<br />

20220<br />

202200<br />

2002 20 20220<br />

202 200 20009/ 2010* 201 2<br />

Fontes: Banco Central e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

* Estimativa<br />

Economia dá sinais de desaceleração, mas não desestimula mercado<br />

o consumo das famílias deve<br />

atingir patamar de 6,6% do<br />

Produto Interno Bruto (PIB)<br />

em 2010. Levando-se em<br />

consideração que o PIB deve<br />

chegar a R$ 3,5 trilhões,<br />

caso cresça os 6,5% previstos<br />

pelo governo, o consumo<br />

das famílias será equivalente<br />

a R$ 231 bilhões este ano.<br />

Os investimentos de 20,4%<br />

do PIB, fomentarão também<br />

as importações, que podem<br />

chegar a 29,6% do PIB. C.A.<br />

De janeiro a julho, BNDES<br />

financiou R$ 72,6 bilhões,<br />

3% a menos do que em igual<br />

período de 2009. Sem empréstimo<br />

de R$ 25 bilhões à Petrobras,<br />

montante cresceria 48%.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 5<br />

Recurso para<br />

serviços é<br />

20 vezes maior<br />

Capital destinado a hotelaria e<br />

alimentação salta de US$ 55,7<br />

milhões para US$ 1,7 bilhão<br />

no primeiro semestre de 2010<br />

Liderado por nomes como Accor<br />

Hotels, BSH International e<br />

Fleury, o setor de serviços é o<br />

que mais deve elevar investimentos<br />

este ano, segundo levantamento<br />

do Ministério de<br />

Desenvolvimento, Indústria e<br />

Comércio Exterior (MDIC). De<br />

janeiro a junho de 2010, o segmento<br />

de alojamento e alimentação<br />

deve desembolsar US$ 1,7<br />

bilhão, valor cerca de trinta vezes<br />

superior aos US$ 55,7 milhões<br />

registrados no primeiro<br />

semestre de 2009. Já saúde deve<br />

investir US$ 1,2 bilhão, seis vezes<br />

mais (veja tabela ao lado).<br />

“As <strong>empresas</strong> de serviços já<br />

estão se preparando para os<br />

eventos esportivos de 2014 e<br />

2016, ampliando instalações,<br />

principalmente”, explica Eduardo<br />

Celino, coordenador geral da<br />

Rede Nacional de Informações<br />

sobre investimento (Renai), do<br />

Mdic. O aumento da renda do<br />

brasileiro também justifica as<br />

apostas para este ano. “O perfil<br />

de consumo está se elevando,<br />

seguindo o movimento de ascensão<br />

de classes. Isso faz com<br />

que a população demande mais<br />

serviços”, complementa.<br />

O mercado de trabalho, que<br />

vem atingindo patamares históricos,<br />

eleva o otimismo também<br />

das <strong>empresas</strong> que atuam no ramo<br />

de saúde. “O crescimento econômico<br />

eleva a população ocupada<br />

e os investimentos das <strong>empresas</strong><br />

em planos de saúde, que<br />

respondem por 90% da clientela<br />

dos hospitais privados”, afirma<br />

Henrique Salvador, presidente<br />

da Associação Nacional de Hospitais<br />

Privados (Anahp).<br />

Impulsionado pelos mesmos<br />

indicadores econômicos, o varejo<br />

deve elevar investimentos<br />

em mais de sete vezes este ano.<br />

Dados do Mdic apontam que o<br />

setor anunciou, até junho, projeção<br />

de desembolsos de US$ 6,9<br />

bilhões — contra US$ 922 milhões<br />

divulgados no primeiro<br />

semestre do ano passado. Dentre<br />

os maiores investidores estão<br />

nomes como Pão de Açúcar,<br />

Carrefour e Multiplan.<br />

“Mais de 40% do consumo<br />

hoje vem das classes C e D. Para<br />

os próximos anos, porém, os<br />

grandes grupos devem investir<br />

mais em participação de mercado”,<br />

diz Marcel Solimeo, economista-chefe<br />

da Associação Comercial<br />

de São Paulo (ASCSP).<br />

“O perfil de consumo<br />

está se elevando,<br />

seguindo o<br />

movimento de<br />

ascensão de classes.<br />

Isso faz com que a<br />

população demande<br />

mais serviços<br />

Eduardo Celino,<br />

coordenador-geral do<br />

Renais/MDIC<br />

Titãs<br />

A maior parte dos investimentos<br />

previstos para este ano, porém,<br />

vem da indústria: US$ 235<br />

bilhões, segundo anúncios feitos<br />

até junho. O valor é quatro<br />

vezes superior aos US$ 60 bilhões<br />

registrados no primeiro<br />

semestre de 2009. O destaque<br />

vai para a indústria extrativa. “A<br />

recuperação do preço das<br />

commodities explica esse movimento,<br />

impulsionado pela<br />

atuação chinesa”, afirma Renato<br />

da Fonseca, gerente executivo<br />

de Pesquisa da Confederação<br />

Nacional das Indústrias (CNI).<br />

Enquanto em 2009 o foco dos<br />

investimentos estava na produtividade,<br />

vista a necessidade de<br />

contenção de custos com a crise,<br />

a tendência agora é de expandir<br />

a capacidade produtiva.<br />

Com um índice de utilização<br />

da capacidade instalada de<br />

87%, a indústria de construção<br />

civil deve apostar mais nessa<br />

estratégia, segundo Melvyn<br />

Fox, presidente da Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira de Materiais de Construção<br />

(Abramat). “O segmento<br />

espera dobrar seu faturamento<br />

até 2016, atingindo R$ 188,7 bilhões.”<br />

Somente os investimentos<br />

anunciados este ano<br />

chegam a US$ 2,3 bilhões, um<br />

volume 6,5 vezes superior ao<br />

registrado no primeiro semestre<br />

de 2009. ■ C.A.


6 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

DESTAQUE CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />

Siderurgia diversifica<br />

para não depender<br />

de commodity<br />

Com R$ 3,3 bilhões para novas usinas, CSN está entre as<br />

<strong>empresas</strong> que apostam em produtos com maior valor agregado<br />

Nivaldo Souza<br />

nsouza@brasileconomico.com.br<br />

A siderurgia ocupa papel de destaque<br />

na onda de investimentos<br />

previstos para o país, com US$ 40<br />

bilhões estimados pelo Instituto<br />

Aço <strong>Brasil</strong> (IABr) até 2016. O número<br />

é robusto, mas não revela a<br />

estratégia adotada por parte do<br />

setor para agregar valor a seus<br />

produtos. Caso da investida recente<br />

da Usiminas, que criou<br />

uma divisão para atender as exigências<br />

de seus clientes finais —<br />

em especial, os segmentos de petróleo,<br />

gás e construção civil.<br />

Orientação que passa pela<br />

oferta de produtos sob medida,<br />

uma forma de lucrar mais e conquistar<br />

contratos de longo prazo.<br />

É disposta a ocupar um papel relevante<br />

nessa oferta especializada<br />

que a Companhia Siderúrgica<br />

Nacional (CSN) se reposiciona<br />

para entregar itens dentro das<br />

necessidades da indústria. Para<br />

isso, a companhia pretende ampliar<br />

a qualidade de seu portfólio<br />

de aço para os setores automotivo,<br />

construção civil e embalagens.<br />

O plano é pular os distribuidores,<br />

que retrabalham o produto<br />

para os compradores.<br />

“O cliente paga por aquilo que<br />

tem valor, o preço é um detalhe.<br />

Ele está mais preocupado com o<br />

custo total do que com o preço da<br />

commodity. A proposta é mudar<br />

a maneira de atuar, de modo a<br />

atingir cada vez mais o cliente final”,<br />

observou ontem o diretor<br />

comercial da CSN, Luis Fernando<br />

Martinez, ao comentar os resultados<br />

financeiros da empresa no<br />

segundo trimestre.<br />

A diversificação do cardápio<br />

de produtos passa pelo que o<br />

executivo classificou como a<br />

“descommoditização” do aço.<br />

Ele apontou como passo essencial<br />

ter soluções completas para<br />

indústria, principalmente ante<br />

ao aumento das importações.<br />

“O mercado é soberano. Não<br />

compra preço, compra valor<br />

(agregado). Daqui para o final<br />

do ano, ele vai ficar mais apertado<br />

e interessado em produtos<br />

com maior valor agregado.”<br />

Novas usinas<br />

A CSN executa este ano um<br />

aporte de R$ 400 milhões na<br />

construção de uma nova usina<br />

de aços longos — cuja capacidade<br />

será de 500 mil toneladas<br />

anuais a partir de 2011, em Volta<br />

Redonda (RJ). O montante inte-<br />

“O mercado é soberano.<br />

Não compra preço,<br />

compra valor<br />

agregado. Daqui<br />

para o final do ano,<br />

o mercado vai ficar<br />

mais apertado<br />

e interessado em<br />

produtos de maior<br />

valor agregado<br />

Luis Fernando Martinez,<br />

diretor comercial da CSN<br />

Temos planos de<br />

ter maior presença<br />

internacional.<br />

Nossa preferência<br />

geográfica é oeste da<br />

Europa e os Estados<br />

Unidos. Mas não<br />

queremos comprar<br />

problemas, nem<br />

ativos ruins ou que<br />

comprovadamente<br />

não têm tido uma<br />

boa performance.<br />

Se fizermos algum<br />

movimento,<br />

será em ativos<br />

muito selecionados<br />

Paulo Penido,<br />

diretor executivo da CSN<br />

gra um volume total de R$ 3,3<br />

bilhões reservados para levantar<br />

três novas usinas — duas delas<br />

ainda sem local definido.<br />

A meta é atingir, até 2013, capacidade<br />

total de 1,5 milhão de<br />

toneladas de longos, produto<br />

usado principalmente pela construção<br />

civil. “Todos os investimentos<br />

previstos para obras de<br />

infraestrutura para os jogos de<br />

2014 e 2016, mais as obras portuárias,<br />

vão demandar aço. Acreditamos<br />

que o mercado vai ter<br />

capacidade de sustentar a nossa<br />

expansão e a de nossos concorrentes.<br />

Todas as projeções apresentam<br />

crescimento”, avalia o<br />

diretor financeiro, Paulo Penido.<br />

Aço por metro<br />

O aporte é feito visando a atuação<br />

combinada em serviços e<br />

produtos. Segundo o diretor comercial<br />

da CSN, o objetivo é ter<br />

soluções específicas para um<br />

mercado em vias de se tornar<br />

cada vez mais exigente. “O Benjamin<br />

(Steinbruch, presidente da<br />

empresa) gosta de dizer que ao<br />

invés de vender aço por tonelada<br />

ele quer vender por quilo (ao varejo).<br />

Eu ouso falar que vamos vender<br />

aço por metro quando entrarmos<br />

em longos”, indica Martinez.<br />

As indústrias automotiva e de<br />

embalagens também estão na<br />

mira. A CSN vende hoje cerca de<br />

650 mil toneladas anuais de folhas<br />

metálicas para embalagens.<br />

Volume abaixo da capacidade de<br />

1 milhão de toneladas da usina<br />

Presidente Vargas, em Volta Redonda.<br />

Martinez apontou os fabricantes<br />

de tintas e alimentos<br />

como alvos. “Existe um espaço<br />

muito forte para combatermos<br />

outros materiais, como o plástico.<br />

O plano é criar novas aplicações,<br />

novos formatos, e recuperar<br />

parte do que foi perdido no<br />

mix dos clientes (para a indústria<br />

de plástico).”<br />

Para o segmento automobilístico,<br />

a siderúrgica concentrará<br />

esforços para vender chapas recortadas.<br />

Foi com esse foco que a<br />

Galvasud, empresa do grupo fabricante<br />

de chapas galvanizadas<br />

utilizadas nas carrocerias de carros,<br />

recebeu R$ 100 milhões para<br />

ampliar sua capacidade produtiva<br />

de 3 mil para 12 toneladas<br />

anuais. “Vamos deixar de ser<br />

vendedor de bobinas para vender<br />

peças sob medida, entregando ao<br />

mercado uma solução totalmente<br />

diferente do que ele está acostumado<br />

a receber”, diz o diretor. ■<br />

Siderurgia se estrutura para<br />

reverter perda de mercado a outras<br />

matérias-primas, como o plástico<br />

■ LUCRO LÍQUIDO<br />

No 2º trimestre, as três maiores<br />

siderúrgicas movimentaram<br />

R$2,1 bi<br />

■ GERDAU<br />

Reverteu prejuízo de R$ 329<br />

milhões verificado nos três<br />

primeiros meses do ano<br />

R$856 mi<br />

■ CSN<br />

Lucratividade da empresa<br />

cresceu 85,6%, para<br />

R$894 mi<br />

■ USIMINAS<br />

Ampliou ganho líquido em<br />

3% sobre o volume alcançado<br />

no 2° trimestre de 2009<br />

R$347 mi


INTERNACIONALIZAÇÃO<br />

Caixa robusto pode levar CSN para Europa ou EUA<br />

A CSN encerrou o semestre<br />

com R$ 9,7 bilhões em caixa.<br />

Embora a empresa não<br />

confirme interesse de ir às<br />

compras nos próximos meses,<br />

o montante revela fôlego<br />

para fazer oferta. Paulo<br />

Penido, diretor financeiro,<br />

sinalizou os mercados que<br />

mais interessam à CSN.<br />

“Temos planos de ter maior<br />

presença internacional. Nossa<br />

preferência geográfica é oeste<br />

da Europa e os Estados Unidos,<br />

se possível do lado leste, onde<br />

nossas placas, semiacabados<br />

e minério levam vantagens<br />

competitivas. Mas não queremos<br />

comprar problemas, nem ativos<br />

ruins ou que comprovadamente<br />

não têm boa performance”, diz.<br />

Ele reafirmou que em cimento<br />

o plano é crescer organicamente<br />

até atingir produção de 6,4<br />

milhões toneladas anuais em<br />

2016. Com isso, a CSN deve<br />

Rich Press/Bloomberg<br />

ir a 10% do mercado brasileiro.<br />

Mas após travar disputa<br />

acirrada pela portuguesa<br />

Cimpor no início do ano,<br />

CSN indicou que pode fazer<br />

nova investida no mercado<br />

internacional de cimento. “Se<br />

houver oportunidade de comprar<br />

alguma coisa, claro que vamos<br />

analisar. A internacionalização<br />

pode passar por cimentos, se<br />

encontrarmos oportunidades<br />

atrativas”, afirma Penido.<br />

Depois de frear investimentos<br />

em 2009, companhias retomam<br />

aportes para correr atrás do<br />

prejuízo e dar conta da demanda<br />

Michele Loureiro<br />

mloureiro@brasileconomico.com.br<br />

Os mercados de petróleo e mineração<br />

— que também inclui<br />

recursos para siderurgia — lideram<br />

os investimentos previstos<br />

para 2010. Dados do Ministério<br />

do Desenvolvimento, Indústria<br />

e Comércio Exterior (MDIC)<br />

apontam aportes de US$ 129,7<br />

bilhões na chamada indústria<br />

extrativa. Petrobras, Vale e Usiminas<br />

encabeçam a lista das<br />

<strong>empresas</strong> com montantes maiores<br />

de investimentos. No plano<br />

de negócios da petrolífera estão<br />

previstos US$ 224 bilhões até<br />

2014, US$ 44,8 bilhões por ano.<br />

Segundo Walter de Vitto,<br />

analista de petróleo e energia<br />

da Tendências Consultoria, a<br />

retomada dos investimentos na<br />

indústria extrativista deve durar<br />

alguns anos. “Há muita demanda<br />

para ser suprida, ainda<br />

mais depois da descoberta do<br />

pré-sal. Mas temos de tomar<br />

cuidado, pois o setor pode estar<br />

sendo usado como uma<br />

forma de política fiscal”, disse,<br />

citando os aportes expressivos<br />

da Petrobras. “Precisamos nos<br />

perguntar se a qualidade desses<br />

investimentos é a ideal e<br />

também ficar atentos com a<br />

dificuldade da companhia na<br />

hora de se financiar. Será que<br />

precisamos mesmo de construir<br />

quatro refinarias no<br />

país?”, questiona.<br />

No caso da Vale, os investimentos<br />

devem alcançar US$ 12,9<br />

bilhões este ano. No segundo<br />

trimestre, a Vale realizou aporte,<br />

excluindo aquisições, de<br />

US$ 2,37 bilhões, dos quais<br />

US$ 1,69 bilhão para desenvolvimentos<br />

de projetos de crescimento<br />

orgânico, US$ 273 milhões<br />

em P&D, e US$ 407 milhões<br />

para manutenção das<br />

operações existentes.<br />

Segundo o analista da Link<br />

Investimentos, Leonardo Alves<br />

a retomada dos investimentos<br />

nos segmentos de siderurgia<br />

e mineração é justificada<br />

pela consolidação da<br />

economia chinesa. “Comparar<br />

os investimentos de 2009 com<br />

os de 2010 é forçar a base de<br />

comparação, mas é importante<br />

ressaltar que a retomada de<br />

aportes vem para suprir um<br />

déficit sofrido no ano passado,<br />

uma vez que o mercado chinês<br />

teve boa performance mesmo<br />

durante a crise e não houve investimentos<br />

brasileiros para<br />

acompanhar a demanda crescente.<br />

Agora é a hora de correr<br />

atrás do lucro.”<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 7<br />

Petrobras,<br />

Vale e Usiminas<br />

investem mais<br />

A Usiminas, por sua vez, prevê<br />

aporte de R$ 3,2 bilhões para<br />

este ano. “Nosso plano de investimentos<br />

permitirá adicionar<br />

2,6 milhões de toneladas<br />

de produtos acabados para<br />

atender ao crescimento de setores<br />

estratégicos, como óleo e<br />

gás e automotivo, que demandam<br />

aços de alto valor agregado”,<br />

afirmou o vice-presidente<br />

de Negócios da Usiminas, Sergio<br />

Leite. O aporte é o maior<br />

dos últimos dez anos e são voltados<br />

principalmente para o<br />

aumento da capacidade de laminação<br />

e galvanização e devem<br />

ser concluídos dentro dos<br />

próximos dois anos. ■<br />

PETRÓLEO<br />

US$ 44,8 bi<br />

é a parte dos investimentos da<br />

Petrobras até 2014 desembolsada<br />

este ano. O montante total<br />

é de US$ 224 bilhões e 95%<br />

são destinados ao <strong>Brasil</strong>.<br />

MINÉRIO<br />

US$ 12,9 bi<br />

é o montante previsto para<br />

ser investido na Vale<br />

neste ano, em decorrência<br />

do aumento da demanda<br />

global por minério de ferro.<br />

AÇO<br />

R$ 3,2 bi<br />

é o aporte previsto pela Usiminas<br />

para este ano em capacidade<br />

de laminação e galvanização,<br />

maior valor anual investido pela<br />

companhia nos últimos dez anos.


8 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

DESTAQUE CRESCIMENTO ECONÔMICO<br />

BNDES<br />

vai emitir<br />

R$1biem<br />

debêntures<br />

Capitalização da Petrobras deixa para<br />

2011 lançamento de letras financeiras<br />

Ricardo Rego Monteiro<br />

rmonteiro@brasileconomico.com.br<br />

O Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

<strong>Econômico</strong> e Social<br />

(BNDES) só vai recorrer em 2011<br />

às novas letras financeiras (LFs)<br />

como meio de reforçar o caixa.<br />

Para os próximos meses, a instituição<br />

financeira prepara uma<br />

nova captação em debêntures,<br />

superior a R$ 1 bilhão. Sem data<br />

definida ainda, a operação terá<br />

por objetivo dotar a BNDESPar,<br />

a empresa de participações da<br />

instituição, de recursos para investir<br />

em novas <strong>empresas</strong>. Com<br />

a captação, o banco poderá liberar<br />

os recursos aportados<br />

pelo Tesouro Nacional no ano<br />

passado e em 2010 para projetos<br />

de infraestrutura.<br />

A nova emissão tornou-se<br />

necessária para os compromissos<br />

deste ano da BNDESPar,<br />

apesar do aporte de R$ 180 bilhões<br />

do Tesouro. A operação,<br />

de acordo com o governo, também<br />

servirá para medir a temperatura<br />

do mercado para as<br />

captações dos novos papéis a<br />

partir de 2011. As LFs – criadas<br />

em maio último para, inicialmente,<br />

dotar os bancos privados<br />

de recursos de longo prazo –<br />

receberam do BNDES a alcunha<br />

provisória de Letras do Desenvolvimento<br />

<strong>Econômico</strong> (LDEs).<br />

Com as debêntures, justifica<br />

o governo, o banco poderá “tatear”<br />

a receptividade do mercado<br />

a papéis do banco estatal.<br />

Dependendo do interesse dos<br />

investidores, o resultado será<br />

útil, como teste, para as futuras<br />

LDEs. A decisão de postergar o<br />

lançamento dos novos papéis<br />

deveu-se não só a detalhes técnicos<br />

da emissão, mas também<br />

ao cenário marcado por outras<br />

operações de vulto, como a capitalização<br />

da Petrobras. Representantes<br />

do governo acrescentam,<br />

ainda, que as LDEs também<br />

estão atreladas à definição<br />

eleitoral e ao tamanho que o<br />

novo presidente da República<br />

vislumbrar para o BNDES.<br />

“As novas letras representam<br />

alternativa de funding só para o<br />

próximo ano. Para 2010, os aportes<br />

do Tesouro e as debêntures já<br />

serão suficientes para honrar os<br />

compromissos”, diz uma fonte.<br />

Operação com<br />

debêntures, de<br />

acordo com o<br />

governo, também<br />

servirá para medir<br />

a temperatura<br />

do mercado para<br />

as captações<br />

dos novos papéis<br />

a partir de 2011<br />

Luciano Coutinho, presidente do<br />

BNDES: taxas de investimento devem<br />

chegar a 19% até o fim do ano<br />

Para o economista Antonio<br />

Correia de Lacerda, professor da<br />

Pontifícia Universidade Católica<br />

de São Paulo (PUC-SP), boa parte<br />

da indefinição sobre as novas<br />

LDEs — ou LFs — também pode<br />

ser atribuída ao atual patamar da<br />

taxa de juro de longo prazo (Selic).<br />

Hoje em 10,75% ao ano,<br />

uma das maiores do mundo, a<br />

Selic em alta reduz a atratividade<br />

de outras opções de investimento,<br />

como os títulos de longo<br />

prazo. Daí, avalia o economista,<br />

a tendência de postergação da<br />

emissão dos novos papéis.<br />

A capitalização da Petrobras<br />

também representa obstáculo<br />

para o lançamento das LDEs, de<br />

acordo com a fonte do governo.<br />

Isso porque os mesmos técnicos<br />

que trabalham na estruturação<br />

dos novos papéis têm participado<br />

das discussões para a operação<br />

da petrolífera estatal. Pre-<br />

vista para setembro, a capitalização<br />

corre riscos, na avaliação<br />

do mercado, devido às pressões<br />

dos bancos contratados para estruturá-la.<br />

As instituições advertem<br />

para a possibilidade de<br />

insucesso devido à crise e à proximidade<br />

com outras operações<br />

OBSTÁCULOS<br />

de porte semelhante na China.<br />

“Qualquer decisão sobre a<br />

participação do BNDES nessa capitalização<br />

será tomada de forma<br />

coordenada com o Tesouro Nacional”,<br />

revela a fonte do governo.<br />

“Só depois é que será possível<br />

olhar para 2011.” ■<br />

Alta do juro atrapalha emissão de LDEs<br />

O atual patamar da Selic<br />

representa obstáculo para as<br />

emissões de títulos privados,<br />

como letras financeiras e bônus,<br />

ao aumentar a exigência dos<br />

investidores. Dessa forma, torna-se<br />

interessante para o BNDES<br />

esperar o próximo ano, quando<br />

o Banco Central deverá retomar<br />

a trajetória de redução da taxa<br />

básica de juro do país, para lançar<br />

Antonio Milena<br />

as novas letras. Pesa ainda<br />

contra a operação a capitalização<br />

da Petrobras, prevista para o<br />

próximo mês. “A tendência, no<br />

longo prazo, é de convergência<br />

da Selic com a TJLP (taxa de juro<br />

de longo prazo), o que favorece<br />

operações com os novos papéis<br />

de longo prazo”, argumenta<br />

o economista Antonio Correia<br />

de Lacerda, professor da PUC-SP.


Banco fez desembolsos totais<br />

deR$ 72,6 bilhões no primeiro<br />

semestre, 3% a menos do<br />

que em igual período de 2009<br />

Alvo de críticas à política do<br />

governo de estímulo ao crescimento,<br />

o Banco Nacional de<br />

Desenvolvimento <strong>Econômico</strong> e<br />

Social (BNDES) divulgou números,<br />

ontem, que tentam<br />

contestar as acusações de uma<br />

suposta opção nos financiamentos<br />

para os maiores grupos<br />

do país. O presidente da instituição,<br />

Luciano Coutinho,<br />

anunciou que, excluindo-se o<br />

financiamento de R$ 25 bilhões<br />

para a Petrobras em<br />

2009, a proporção de desembolsos<br />

do banco para micro,<br />

pequenas e médias <strong>empresas</strong><br />

(25,7%) superou a fatia destinada<br />

aos dez maiores clientes<br />

(21,8%), entre janeiro de 2008<br />

e junho deste ano.<br />

“Sabemos que, em períodos<br />

eleitorais, as torcidas ficam<br />

muito animadas. Isso é natural.<br />

Mas trabalhamos seriamente e<br />

temos números para embasar o<br />

que dizemos”, justificou Coutinho,<br />

durante a apresentação dos<br />

números do banco referentes<br />

aos meses de junho e julho deste<br />

ano. “Mostramos esses dados<br />

não com o objetivo de polemizar,<br />

mas de prestar contas à sociedade.<br />

O BNDES tem contribuído<br />

para descentralizar os investimentos<br />

no <strong>Brasil</strong>.”<br />

Fôlego maior<br />

A fatia de desembolsos do banco<br />

para as micro, pequenas e médias<br />

empresa cresceu de 17,54%<br />

do total, no primeiro semestre<br />

de 2009, para 36,17%, nos primeiros<br />

seis meses deste ano – o<br />

que resultou em liberações de R$<br />

21,45 bilhões. No mesmo período,<br />

a participação dos dez maiores<br />

grupos alcançou 15,6%.<br />

Entre janeiro e julho de 2010,<br />

o total de desembolsos do banco<br />

somou R$ 72,6 bilhões, volume<br />

3% inferior ao registrado no<br />

mesmo período do ano passado.<br />

Nos últimos 12 meses encerrados<br />

em julho de 2010, as liberações<br />

(R$ 134,9 bilhões) aumentaram<br />

11%. A queda nos primei-<br />

ros sete meses deste ano foi atribuída<br />

por Coutinho à distorção<br />

provocada pelo financiamento à<br />

Petrobras. Não fosse a operação,<br />

que eleva os dados de 2009, os<br />

desembolsos do BNDES teriam<br />

aumentado 48% frente aos sete<br />

primeiros meses de 2009.<br />

Sem benefícios<br />

Coutinho aproveitou a ocasião<br />

para lembrar que o financiamento<br />

à estatal — também<br />

muito criticado por beneficiar<br />

uma empresa com acesso a recursos<br />

do mercado internacional<br />

— não envolveu qualquer<br />

forma de subsídio. O executivo<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 9<br />

Micro e pequenas <strong>empresas</strong> ganham<br />

espaço nos financiamentos do banco<br />

Entre janeiro de 2008<br />

e junho de 2010,<br />

desembolsos para as<br />

menores respondeu<br />

por 25,7% do total<br />

de financiamentos<br />

CAPTAÇÃO<br />

R$ 1 bilhão<br />

O BNDES trabalha em uma<br />

emissão de mais de R$ 1 bilhão<br />

em debêntures para dotar<br />

a BNDESPar de recursos para<br />

investir em novas participações<br />

acionárias. A operação, prevista<br />

para este ano, servirá para<br />

medir o interesse do mercado.<br />

DESEMBOLSOS<br />

R$ 25 bi<br />

Foi o empréstimo concedido<br />

em 2009 à Petrobras. O valor<br />

acabou tendo reflexos sobre<br />

o resultado de 2010. Se o<br />

empréstimo à estatal for<br />

descontado, os financiamentos<br />

de 2010 seriam 47% maiores do<br />

que os de igual período de 2009.<br />

argumentou que, ao contrário<br />

dos empréstimos tradicionais<br />

da instituição, remunerados<br />

pela Taxa de Juro de Longo Prazo<br />

(TJLP, mais barata que a média),<br />

os recursos para a Petrobras<br />

foram corrigidos por taxas<br />

de mercado.<br />

Para Coutinho, os dados do<br />

primeiro semestre projetam uma<br />

taxa de investimento, ao fim<br />

deste ano, de 19%. Apesar de<br />

ainda abaixo do necessário para<br />

assegurar um crescimento sustentável<br />

para o país — com baixa<br />

inflação — indica, segundo Coutinho,<br />

a perspectiva de chegar a<br />

22,2% em 2014. ■ R.R.M.<br />

MICROEMPRESAS<br />

36,17%<br />

A participação das micro,<br />

pequenas e médias <strong>empresas</strong><br />

alcançou 36,17% nos primeiros<br />

seis meses de 2010. Tal fatia<br />

superou a proporção de<br />

15,6% dos dez maiores grupos<br />

empresariais no total de<br />

financiamentos da instituição.


10 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

OPINIÃO<br />

José Dirceu<br />

Advogado e ex-ministro da Casa Civil<br />

Jogo de “ganha-ganha”<br />

Tornou-se corriqueira a preocupação alarmista sobre<br />

“gargalos de infraestrutura” para a próxima década,<br />

em movimento cujo interesse é responsabilizar o governo<br />

federal pelos entraves ao crescimento vindouro.<br />

Em primeiro lugar, trata-se de uma inversão de lógica,<br />

afinal, não fossem as medidas do governo Lula, não<br />

haveria necessidade de aprimoramento logístico porque<br />

o país não estaria crescendo de forma estruturada<br />

—entre 6% e 7%, nas previsões para 2010. As carências<br />

em infraestrutura advêm, portanto, de políticas bem<br />

sucedidas de fortalecimento da economia, e por isso<br />

devem antes ser encaradas como grandes desafios.<br />

O lugar comum às críticas é o setor de aeroportos,<br />

termômetro do crescimento porque revela os avanços<br />

com a marca da maior inclusão social, ampliação da<br />

renda e aumento do poder de compra. Vale o preceito<br />

de que o brasileiro tem viajado mais, para dentro ou<br />

fora do país, porque reúne hoje melhores condições do<br />

que há uma década, assim como há hoje maior movimentação<br />

de cargas aéreas do que há dez anos.<br />

A alternativa é fazer as concessões<br />

de grandes aeroportos pelo critério<br />

de maior outorga, viabilizando<br />

a presença do setor privado<br />

Esse aumento da demanda deve se intensificar, puxado<br />

de um lado pela continuidade do crescimento<br />

(desde que mantidas as atuais políticas federais) e, de<br />

outro lado, pela atração dos dois maiores eventos esportivos<br />

do mundo —a Copa de 2014 e a Olimpíada de<br />

2016. Calcula-se algo em torno de R$ 6 bilhões de investimentos<br />

em aeroportos nos próximos quatro anos<br />

para que consigamos atender ao fluxo crescente. O governo<br />

já liberou R$ 5,5 bilhões para 13 aeroportos, em<br />

reformas que se encerram em 2013. É mais uma mostra<br />

do esforço de reestruturação do setor. Desde 2003, foram<br />

25 obras em 19 aeroportos, além de obras de menor<br />

porte em diversos terminais. Alguns exemplos:<br />

Santos Dumont (RJ), Congonhas e Cumbica (SP), Marechal<br />

Rondon (MT), Eduardo Gomes (AM), Juscelino<br />

Kubitschek (DF), César Bombonato (MG), Lauro Carneiro<br />

de Loyola (SC) e Senador Nilo Coelho (PE).<br />

Hoje, a Infraero gerencia 67 aeroportos, 80 unidades<br />

de apoio e 32 terminais de carga. Impossível manter a<br />

atual estrutura, dada a necessidade de rápida expansão.<br />

Urge, então, atrair a iniciativa privada para vencermos<br />

o desafio dos aeroportos. Como o setor é estratégico,<br />

faz-se imprescindível descartar as privatizações.<br />

O caminho é aprovar um novo marco legal que<br />

permita tanto o modelo de concessões, como o de Parcerias<br />

Público-Privadas (PPPs), ainda que o primeiro<br />

revele-se mais factível, dada a premência de prazos.<br />

A alternativa é fazer as concessões de grandes aeroportos<br />

(cerca de dez) pelo critério de maior outorga,<br />

viabilizando a presença do setor privado na modernização<br />

dos aeroportos e garantindo o investimento<br />

público nos outros terminais. As concessões<br />

são positivas porque darão à sociedade: um sistema<br />

mais extenso, moderno e interiorizado; a dissolução<br />

de gargalos; a participação privada, sem viés predatório-privatista;<br />

o fortalecimento da Infraero e a garantia<br />

de que a Copa do Mundo e a Olimpíada serão de<br />

alto nível, dentro e fora da esfera esportiva. O resultado<br />

evidente é um jogo de “ganha-ganha”. ■<br />

Adriano Pires<br />

Diretor do Centro <strong>Brasil</strong>eiro<br />

de Infraestrutura<br />

Declarações importantes<br />

Na semana passada tivemos declarações muito importantes<br />

sobre o setor de energia no <strong>Brasil</strong>. A primeira foi<br />

do presidente da Vale, respondendo se a empresa teria<br />

interesse em investir em nitrogenados. A resposta não<br />

poderia ser mais clara: “Para produzir nitrogenados é<br />

preciso usar gás natural. E a Petrobras se acha dona do<br />

gás. Então, ela que invista”. O presidente da Vale tem<br />

toda a razão, já que, além de ser a dona do gás, a Petrobras<br />

também é a dona de toda a rede de transporte, é a<br />

única importadora, tem participação na maioria das<br />

distribuidoras e é monopolista na produção de todos os<br />

derivados de petróleo substitutos do gás natural.<br />

Ou seja, no gás natural a Petrobras é um monopólio<br />

desregulado. E como monopólio desregulado decide para<br />

quem e como vai vender o gás natural. Isso acaba inviabilizando<br />

o aumento da participação do gás na matriz<br />

energética. O mercado e a política de gás natural no <strong>Brasil</strong><br />

apresentaram nos últimos cinco anos um comportamento<br />

ciclotímico. O mercado alternou momentos de<br />

grande sobra de gás e escassez e a política usada para enfrentar<br />

essa realidade ora era pragmática e se utilizava de<br />

heterodoxias, como subsídio ao preço, ora era ortodoxa e<br />

seguia o preço do petróleo no mercado internacional.<br />

A perspectiva no <strong>Brasil</strong> é de uma grande oferta de<br />

gás natural no futuro. O que explica esse otimismo é o<br />

pré-sal. Esse cenário obriga que seja desenvolvida uma<br />

política para criar novos mercados e aumentar o consumo.<br />

A própria produção de petróleo do pré-sal pode<br />

ser prejudicada pelo gás natural. É fundamental dar<br />

um destino comercial para o gás, porque caso contrário<br />

será queimado, o que em termos ambientais é crime.<br />

O desenvolvimento do gás shale (extraído de rochas)<br />

nos EUA tornará o país menos dependente da<br />

importação de gás, o que significa uma redução do<br />

mercado externo para o gás do pré-sal.<br />

Discutir modicidade tarifária é falar<br />

de carga tributária e encargos setoriais.<br />

O setor elétrico não deve ser<br />

encarado como coletor de impostos<br />

A outra declaração foi de um executivo da Votorantim,<br />

sobre a tarifa de energia elétrica. O executivo chamou<br />

a atenção para o fato de que a tarifa no <strong>Brasil</strong> é<br />

mais elevada do que na Europa e na China. Segundo o<br />

executivo, a razão são os impostos e os encargos setoriais<br />

que incidem na tarifa final. O preço da energia é<br />

mais baixo no <strong>Brasil</strong>, porém quando são acrescentados<br />

os impostos e os encargos tornam a tarifa brasileira<br />

mais cara do que na Europa e na China. Não faz sentido<br />

existir uma carga tributária que, somada aos encargos<br />

setoriais, representam hoje 45,1% da tarifa final. É<br />

bom lembrar que em 2002, último ano do governo<br />

FHC, esse total era de 35,9%. Hoje a tarifa de energia<br />

elétrica no <strong>Brasil</strong> acaba tirando competitividade da indústria<br />

nacional e faz com que o investidor desloque<br />

seus projetos para países que têm menores tarifas.<br />

Discutir modicidade tarifária a sério significa discutir<br />

a carga tributária e os encargos setoriais. O setor elétrico<br />

não pode e não deve ser encarado como um setor coletor<br />

de impostos. Ambas as declarações deveriam merecer<br />

um posicionamento dos candidatos à Presidência da República.<br />

Pois, a persistirem essas políticas, o <strong>Brasil</strong> estará<br />

indo na direção de um país exportador de matérias-primas,<br />

ou seja, virando uma economia extrativista. ■<br />

CARTAS<br />

O CAOS AÉREO DO PAÍS EM TOM DE<br />

DESABAFO — COLUNA DE RICARDO GALUPPO<br />

O <strong>Brasil</strong> sofre com o caos aéreo assim como<br />

um corpo em processo de crescimento<br />

acelerado não consegue suportar o próprio peso.<br />

Nos últimos anos, o <strong>Brasil</strong> teve um destaque<br />

no enfoque mundial, destaque que, devido<br />

à crise econômica internacional, chama a<br />

atenção para um mercado de capitais onde<br />

há espaço para grandes oportunidades<br />

de negócios e investimentos. Sendo direto,<br />

o <strong>Brasil</strong> como um todo precisa de uma<br />

reformulação de valores e estruturas<br />

urgentemente. Mas, como toda mudança,<br />

isso exige determinação e vontade,<br />

e nos acostumamos a ser chamados de país<br />

de terceiro mundo. Acabamos vestindo<br />

a carapuça. Entretanto, nós crescemos,<br />

nos destacamos, portanto devemos pensar<br />

e agir de acordo com o nosso tamanho.<br />

Somos bem grandinhos e devemos mostrar<br />

aos responsáveis pelo caos aéreo e ao mundo<br />

que devem nos tratar com o respeito que<br />

merecemos. Somos brasileiros, e não desistimos<br />

nunca porque unidos sempre seremos.<br />

Renan Viana<br />

Rio de Janeiro (RJ)<br />

INVESTIMENTO EM MINERAÇÃO<br />

ALCANÇARÁ US$ 62 BI ATÉ 2014<br />

Precisamos urgentemente que o Congresso<br />

aprove um marco regulatório para mineração.<br />

Estão levando nossas riquezas minerais<br />

a preço de banana. E ao invés de as<br />

<strong>empresas</strong> mineradoras se unirem em uma<br />

grande holding nacional, estão vendendo<br />

seus ativos para a China, perdendo em breve<br />

o controle dos seus negócios para<br />

estrangeiros, que determinarão os preços que<br />

bem entenderem para essas commodities.<br />

Marcelo Luiz<br />

Santos (SP)<br />

AMBEV REVITALIZA FÁBRICA<br />

DA BOHEMIA EM PETRÓPOLIS<br />

A revitalização da antiga fábrica da Bohemia<br />

é a melhor estratégia de marketing que<br />

a AmBev poderia adotar. A marca está<br />

intimamente ligada à cidade de Petrópolis, e o<br />

resgate da memória da cerveja certamente trará<br />

grandes benefícios para a imagem da empresa.<br />

Luiz Claudio Scudese de Almeida<br />

Caxias do Sul (RS)<br />

FRANQUIA DA COCA INVESTE<br />

NO NORDESTE<br />

Qual o horizonte para uma empresa com<br />

números tão impressionantes? A elevação da<br />

renda e expansão da classe média, aliadas às<br />

mudanças de hábitos de consumo das classes<br />

C e D, devem gerar oportunidades ainda maiores.<br />

Paulo Mottola<br />

Vinhedo (SP)<br />

CLASSE C E EDUCAÇÃO<br />

A classe social brasileira de menor renda<br />

está crescendo, mudando de patamar. Essa<br />

é uma constatação de especialistas, configurada<br />

no aumento da renda a partir de melhoria<br />

nos níveis salariais, o que se reflete na produção<br />

em vários setores. Mas é preciso, por outro<br />

lado, que se criem formas de crescimento<br />

também no campo educacional, de maneira<br />

que essa mudança de classe social traga um<br />

equilíbrio muito necessário. São procedimentos<br />

que ajudarão a mudar o quadro em termos<br />

de políticas assistencialistas, que são<br />

importantes, mas não podem ser usadas<br />

como solução. A conclusão da opinião<br />

de especialistas diante desse quadro<br />

é de que as perspectivas brasileiras são<br />

muito positivas para os próximos anos.<br />

Uriel Villas Boas<br />

Santos (SP)<br />

Cartas para Redação - Av. das Nações Unidas, 11.633 –<br />

8º andar – CEP 04578-901 – Brooklin – São Paulo (SP).<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

As mensagens devem conter nome completo, endereço<br />

e telefone e assinatura. Em razão de espaço ou<br />

clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar<br />

as cartas recebidas.<br />

Mais cartas em www.brasileconomico.com.br.


Vidal Cavalcante/AE<br />

O CERRADO VIROU SERTÃO<br />

Empresa de impressão e<br />

gerenciamento de mercadoria<br />

quer expandir atuação nas áreas<br />

de governo e varejo no <strong>Brasil</strong><br />

Carolina Pereira<br />

cpereira@brasileconomico.com.br<br />

A americana Zebra Technologies,<br />

que atua em áreas como<br />

impressão de etiquetas, identificação,<br />

rastreamento e gerenciamento<br />

de ativos, quer expandir<br />

os negócios no país. A empresa<br />

faturou cerca de R$ 1,4 bi-<br />

Superbactéria chega à Grã-Bretanha<br />

Um novo supermicrorganismo pode se espalhar pelo mundo após viajar<br />

da Índia à Grã-Bretanha, e cientistas afirmam que quase não há drogas<br />

para combatê-lo. Pesquisadores anunciaram ontem no jornal de medicina<br />

The Lancet que detectaram a chamada NDM-1, resistente a praticamente<br />

todos os tipos de antibióticos, em pacientes de hospitais britânicos.<br />

A bactéria instala-se no aparelho digestivo e provoca infecções<br />

no organismo, principalmente nos sistemas urinário e respiratório.<br />

Uma árvore seca emoldura a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Depois de dois meses sem chuva na capital,<br />

a umidade relativa do ar caiu para cerca de 8% na cidade. O nível de umidade abaixo de 12%, de acordo<br />

com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), já é considerado como uma situação de emergência.<br />

ENTREVISTA ANDERS GUSTAFSSON Presidente mundial da Zebra Technologies<br />

lhão em 2009, e 10% da sua receita,<br />

atualmente, vêm de países<br />

da América Latina.<br />

Qual a importância do mercado<br />

brasileiro para a Zebra?<br />

Apesar dos EUA serem o principal<br />

mercado, responsável por<br />

45% da receita, <strong>Brasil</strong>, China Índia<br />

e Oriente Médio são os países<br />

em que a receita mais cresce. No<br />

<strong>Brasil</strong>, nossa meta é focar no setor<br />

de saúde, varejo e governo,<br />

por isso acabamos de abrir escritório<br />

em Brasília. No primeiro<br />

semestre, o crescimento da receita<br />

no país foi de 163%. Esperamos<br />

que o percentual seja<br />

mantido no segundo.<br />

Que tecnologias de<br />

gerenciamento de mercadorias<br />

devem crescer no país?<br />

Pretendemos expandir os produtos<br />

com tecnologia RFID (sigla<br />

para Radio-Frequency<br />

Identification). No último trimestre,<br />

tivemos a maior receita<br />

vinda dessa área da história da<br />

empresa. Os mercados que<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 11<br />

Zebra Technologies cresce 163% no país<br />

Divulgação<br />

“<strong>Brasil</strong>, China,<br />

Índia e Oriente<br />

Médio são os<br />

mercados em<br />

que a receita<br />

da empresa<br />

mais cresce<br />

no mundo”<br />

Evaristo SA/AFP<br />

mais têm se interessado são<br />

manufaturados e varejo.<br />

Mas o varejo, no <strong>Brasil</strong>, ainda<br />

não utiliza tanto RFID, certo?<br />

Aqui o conceito é difundido em<br />

setores com linhas de produção<br />

muito complexas, como o automotivo,<br />

por exemplo. À medida<br />

que o preço da etiqueta com<br />

essa tecnologia for reduzido, a<br />

adoção vai expandir. ■<br />

Leia versão completa em<br />

www.brasileconomico.com.br


12 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

BRASIL<br />

Campanhas ainda ignoram os<br />

Acirramento da disputa leva partidos a centralizarem as decisões. Aliados de Dilma reclamam de “blindagem”<br />

Pedro Venceslau<br />

pvenceslau@brasileconomico.com.br<br />

ELEIÇÕES<br />

2010<br />

Faltando 52 dias<br />

para o primeiro<br />

turno da eleição<br />

presidencial, os<br />

comandos das<br />

campanhas de<br />

Dilma Rousseff<br />

(PT) e José Serra<br />

(PSDB) estão centralizando<br />

cada vez mais suas decisões.<br />

Os chamados “conselhos<br />

políticos”, formados por representantes<br />

dos partidos aliados,<br />

perderam espaço e, hoje, jogam<br />

papel meramente decorativo no<br />

processo eleitoral. Enquanto<br />

membros dos núcleos duros das<br />

campanhas alegam que a dinâmica<br />

do processo exige decisões<br />

rápidas, os dirigentes das<br />

legendas que compõem a coligação<br />

pedem acesso mais direto<br />

aos candidatos.<br />

“Nós achamos que a candidata<br />

tem que representar a coligação<br />

e não só o PT. O PCdoB<br />

tem levantado essa questão<br />

dentro no conselho político da<br />

campanha. Ela (Dilma) está<br />

blindada em torno de um grupo<br />

muito pequeno do PT. Se o conselho<br />

não cumprir seu papel, ele<br />

não tem função. Ninguém está<br />

ali para ser figura decorativa”,<br />

reclama Renato Rabelo, presidente<br />

nacional do PCdoB, instituição<br />

aliada histórica de Lula e<br />

primeiro partido a entrar oficialmente<br />

na campanha da candidata<br />

da situação.<br />

Para o líder do partido, o<br />

ideal seria que as reuniões entre<br />

os aliados tivessem um caráter<br />

Valter Campanato/ABr Antonio Cruz/ABr<br />

Renato Rabelo:<br />

fuga do papel de<br />

figura decorativa<br />

Moreira Franco: conselhos<br />

servem justamente<br />

para resolver conflitos<br />

mais “operativo”. Reclamação<br />

parecida foi feita recentemente<br />

pelo deputado Luciano Castro,<br />

do PR, que afirmou existir um<br />

“sentimento de preocupação”<br />

com a pouca participação dos<br />

partidos da base nas decisões da<br />

campanha de Dilma.<br />

Procurada pelo BRASIL ECONÔ-<br />

MICO, a assessoria institucional<br />

do PR informou que recebeu<br />

“ordens sumárias” do presidente<br />

do partido, o ex-ministro dos<br />

Transportes, Alfredo Nascimento,<br />

para não comentar nenhum<br />

assunto relativo à campanha<br />

com jornalistas. Representante<br />

do PMDB no conselho político e<br />

no grupo do programa de governo<br />

de Dilma, o ex-governador<br />

do Rio de Janeiro Moreira<br />

Franco minimiza as críticas.<br />

“Nos reunimos semanalmente.<br />

Criados para<br />

contemplar a<br />

participação de<br />

partidos aliados<br />

na campanha,<br />

os conselhos<br />

políticos de Serra<br />

e Dilma têm tido<br />

papel irrelevante<br />

nos rumos da eleição<br />

Os possíveis conflitos são justamente<br />

resolvidos nessas reuniões.<br />

Todas as sugestões são repassadas<br />

para o comando da<br />

campanha”, garante.<br />

Veterano em disputas eleitorais,<br />

Moreira Franco, que comanda<br />

o PMDB fluminense,<br />

pondera que campanhas são<br />

“processos dinâmicos”, onde<br />

as decisões precisam ser tomadas<br />

com rapidez. “É preciso que<br />

haja uma certa autonomia”.<br />

Candidato a vice de Dilma, o<br />

deputado peemedebista Michel<br />

Temer é o “não-petista” com<br />

mais influência no núcleo duro<br />

da campanha.<br />

O conselho político de Dilma<br />

foi oficialmente instalado em<br />

abril, com o objetivo de afinar o<br />

discurso com os partidos aliados,<br />

resolver divergências entre


Evandro Monteiro<br />

Serra ao lado de Rodrigo Maia,<br />

do DEM: disputa em torno de<br />

Gabeira gera crise na aliança<br />

Marina e seu vice, Guilherme<br />

Leal: o comando partidário<br />

é quem dá as cartas no PV<br />

Agronegócio tem superávit de US$ 6,2 bi<br />

As exportações do agronegócio brasileiro aumentaram 16,6%, para<br />

US$ 7,329 bilhões em julho, ante o mesmo período em 2009 de acordo<br />

com o Ministério da Agricultura. As importações cresceram 42%, para<br />

US$ 1,13 bilhão. Com isso, o superávit foi de US$ 6,2 bilhões, 12,87% superior<br />

ao registrado em julho do ano passado. As exportações do agronegócio<br />

representaram 41,5% do total exportado pelo País no mês passado.<br />

No acumulado do ano, o saldo do setor aumentou para US$ 35,09 bilhões.<br />

conselhos políticos<br />

da candidata, enquanto o grupo tucano ainda não se reuniu<br />

caciques e opinar na agenda da<br />

candidata governista. Fazem<br />

parte do grupo, além do PT,<br />

PMDB, PR, PDT, PCdoB e PP.<br />

Simbolismo<br />

A recente crise deflagrada entre<br />

o PSDB e o DEM, que reclama do<br />

pouco apoio oferecido pelo aliado,<br />

também trouxe à tona a falta<br />

de diálogo entre as duas principais<br />

siglas que compõe a aliança<br />

em torno de José Serra.<br />

O deputado Rodrigo Maia,<br />

presidente do DEM, cobrou publicamente<br />

o candidato tucano<br />

pela falta de apoio a Fernando<br />

Gabeira (PV), que disputa o governo<br />

do Rio em nome da<br />

aliança de oposição. Criado em<br />

julho por pressão dos aliados, o<br />

conselho político do PSDB reúne<br />

um grupo de “notáveis”: Fer-<br />

nando Henrique Cardoso, Aécio<br />

Neves, Jorge Bornhausen,<br />

Tasso Jereissati, Roberto Freire,<br />

além do vice Indio da Costa e<br />

do próprio Serra.<br />

Na prática, a formação desse<br />

time teve caráter meramente<br />

simbólico. “O conselho não se<br />

reuniu ainda porque não houve<br />

necessidade. A Dilma é que precisa<br />

de um conselho, já que ela<br />

sozinha tem dificuldade formular”,<br />

provoca Roberto Freire,<br />

presidente do PPS. A prática<br />

mais comum na campanha de<br />

Serra em casos de problemas<br />

localizados são reuniões bilaterais<br />

entre as partes envolvidas.<br />

“A nossa dinâmica de trabalho<br />

é boa e está funcionando. O<br />

conselho só vai se reunir se<br />

houver uma grande crise”, finaliza<br />

Roberto Freire. ■<br />

Dida Sampaio/AE<br />

Marcio Fernandes/AE<br />

CONSELHOS ELEITORAIS<br />

● O conselho político de<br />

Dilma Rousseff (PT) foi criado<br />

em abril para afinar o discurso<br />

entre os partidos aliados.<br />

● O grupo de José Serra (PSDB)<br />

foi formado em julho, depois da<br />

primeira crise com o DEM, devido<br />

ao processo de escolha do vice.<br />

● A campanha de Marina<br />

Silva (PV) tem um conselho,<br />

montado no ano passado, que<br />

reúne 21 membros. Metade<br />

do grupo foi indicada por ela.<br />

Comando da campanha de Marina<br />

é dividido entre dirigentes do PV<br />

e aliados de confiança da senadora<br />

O PV de Marina Silva, que concorre<br />

sozinho à Presidência,<br />

também centralizou suas decisões<br />

em um pequeno grupo, ao<br />

invés de dividir as responsabilidades<br />

com o conselho político<br />

criado no ato da filiação da candidata<br />

ao partido. Montado por<br />

exigência de Marina, o grupo é<br />

formado por 21 membros: 10<br />

indicados por ela e 10 pelo partido.<br />

A vigésima primeira vaga<br />

é do presidente da instituição,<br />

José Penna. Segundo um membro<br />

dessa coordenação ouvido<br />

pelo BRASIL ECONÔMICO, a instância<br />

“é uma ficção” que não é<br />

acionada devido aos acertos regionais<br />

feitos à revelia pelo comando<br />

partidário.<br />

Na prática, o grupo de 21 reduziu-se<br />

a um núcleo operacional<br />

misto formado por dirigentes<br />

verdes históricos — com<br />

Alfredo Sirkis, do Rio, e Marco<br />

Mroz, de São Paulo, à frente — e<br />

nomes de confiança da ex-ministra,<br />

como Luciano Zica,<br />

Guilherme Leal e João Paulo<br />

Capobianco, além do publicitário<br />

Paulo de Tarso Santos.<br />

“Não é verdade que o conselho<br />

é uma ficção. Quem disse isso<br />

está ressentido. O que acontece<br />

é que não é possível reunir<br />

sempre os 21 membros. Isso inclusive<br />

custaria muito caro”,<br />

afirma Marco Mroz, secretário<br />

de relações internacionais do<br />

PV. Na última segunda, nove<br />

membros da conselho original<br />

participaram de uma reunião<br />

em São Paulo. Mroz diz que, no<br />

início da campanha, os encontros<br />

eram mais frequentes e foram<br />

decisivos para definir a situação<br />

nos estados.<br />

Para o cientista político Ruda<br />

Ricci, que coordenou várias<br />

campanhas eleitorais, entre elas<br />

a de Plínio de Arruda Sampaio<br />

(hoje candidato à Presidência<br />

pelo Psol) ao governo de São<br />

Paulo pelo PT nos anos 90, as reclamações<br />

de aliados tem outra<br />

finalidade. “As demandas de<br />

partidos aliados por espaço na<br />

campanha são metáforas. O que<br />

se disputa nas entrelinhas é mais<br />

espaço no futuro governo.”<br />

Ricci lembra que, antes das<br />

reclamações do PR e do PCdoB,<br />

aliados de Dilma, foi o PP quem<br />

demandou mais poder nos ru-<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 13<br />

Grupo pequeno<br />

dita o ritmo da<br />

disputa no PV<br />

mos da campanha. “Ou o PCdoB<br />

faz essa disputa por espaço agora,<br />

ou corre o risco de perder o<br />

Ministério dos Esportes e a Autoridade<br />

Pública Olímpica lá na<br />

frente”, diz A pasta dos esportes,<br />

hoje ocupada por Orlando<br />

Silva, era a menos cobiçada no<br />

começo do governo Lula, mas<br />

ganhou status com a Copa da<br />

Mundo e a Olimpíada no <strong>Brasil</strong>.<br />

“JáoPSDBtemamarcado<br />

centralismo do José Serra. As<br />

reclamações são sempre direcionadas<br />

a ele, e não ao partido”,<br />

diz o sociólogo. ■ P.V.<br />

“As demandas de<br />

partidos aliados por<br />

espaço na campanha<br />

são metáforas.<br />

O que se disputa<br />

nas entrelinhas<br />

é mais espaço no<br />

futuro governo<br />

Ruda Ricci,<br />

cientista político


14 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

BRASIL MOSAICO ELEITORAL<br />

Debate aquece<br />

campanha<br />

nos estados<br />

Ao todo, 69 candidatos de 14 estados e Distrito<br />

Federal discutem propostas hoje à noite na Band<br />

Paulo Justus<br />

pjustus@brasileconomico.com.br<br />

ELEIÇÕES<br />

2010<br />

A campanha para<br />

governador entra<br />

hoje em nova fase<br />

com a realização<br />

do primeiro debate<br />

transmitido<br />

entre candidatos<br />

pela televisão. Ao<br />

todo, 69 candidatos vão participar<br />

das discussões nas afiliadas<br />

da Rede Bandeirantes nos estados<br />

de São Paulo, Rio de Janeiro,<br />

Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia,<br />

Paraná, Santa Catarina, Rio<br />

Grande do Sul, Pernambuco, Rio<br />

Grande do Norte, Goiás, Mato<br />

Grosso, Tocantins e Amazonas e<br />

no Distrito Federal.<br />

De olho na mídia, os candidatos<br />

reservaram tempo suficiente<br />

para se preparar e procurar<br />

sair bem no confronto. Em<br />

São Paulo, o candidato do PSDB,<br />

Geraldo Alckmin, passa a tarde<br />

com assessores para discutir estratégias<br />

a serem aplicadas no<br />

debate. O tucano vai defender<br />

os 16 anos da administração do<br />

PSDB em São Paulo, mas começa<br />

em posição confortável, com<br />

a liderança de 50% nas intenções<br />

de voto no estado, segundo<br />

o instituto Ibope.<br />

Já Aloizio Mercadante (PT),<br />

com 14% das intenções de voto,<br />

deve ir para o ataque. Entre os<br />

temas explorados pelo petista<br />

estão as falhas da administração<br />

tucana em Transportes, Saúde e<br />

Educação. O debate paulista<br />

também terá participação de<br />

Celso Russomanno (PP), Paulo<br />

Skaf (PSB), Paulo Bufalo (PSOL),<br />

e Fabio Feldmann (PV).<br />

No Paraná, o candidato do<br />

PDT, Osmar Dias, abriu uma<br />

seção em seu site para receber<br />

sugestões de perguntas de internautas<br />

para o debate de<br />

hoje. Já seu adversário, Beto<br />

Richa, alterna sua agenda entre<br />

gravações de programa<br />

eleitoral e reuniões de preparação<br />

para o debate. Os sete<br />

candidatos paranaenses vão<br />

participar do debate. Do lado<br />

de fora da TV, o bruxo e tarólo-<br />

No Paraná, Osmar<br />

Dias (PDT) abriu<br />

uma seção em<br />

seu site para receber<br />

sugestões de<br />

perguntas para serem<br />

usadas hoje na TV<br />

go Chik Jeitoso, que teve sua<br />

candidatura pelo PPS indeferida<br />

pelo Tribunal Regional Eleitoral,<br />

fará greve de fome.<br />

Já no Rio de Janeiro, o candidato<br />

à reeleição, Sérgio Cabral<br />

(PMDB), que chegou a desistir<br />

do debate, comparece para defender<br />

sua gestão e a liderança<br />

isolada de 58% da intenção de<br />

votos no estado. O candidato<br />

Fernando Gabeira (PV) passou o<br />

dia em reunião com aliados para<br />

afinar o discurso de críticas a<br />

Cabral. A coligação levantou os<br />

principais indicadores da evolução<br />

do orçamento estadual de<br />

2000 a 2010 para comparar as<br />

finanças dos últimos três governos.<br />

■ Colaborou Daniel Haidar<br />

ELE TAMBÉM SOFRE COM PROMESSA DE CAMPANHA<br />

Elton Bonfim/Agência Câmara<br />

O deputado João Almeida (PSDB-BA) se notabilizou pelo projeto que disciplina as<br />

doações de campanha, dando mais transparência ao processo. Porém, ele brinca que<br />

é vítima da sua própria lei: as <strong>empresas</strong> estariam reticentes a fazer doações para sua<br />

campanha. Ele já amealhou R$ 80 mil. “Tenho promessas que não se materializam.<br />

Deixam a gente aflito para depois aparecer”, diz ele com a experiência de sete eleições.<br />

BOCA DE URNA<br />

JOSÉ EDUARDO CARDOZO<br />

Brito Júnior<br />

Deputado federal do PT-SP e<br />

coordenador da campanha de Dilma<br />

Queremos comparar<br />

os governos de Lula<br />

e Fernando Henrique<br />

O deputado federal petista<br />

José Eduardo Martins Cardozo,<br />

homem cada vez mais forte na<br />

campanha de Dilma Rousseff,<br />

quer trazer a gestão de<br />

Fernando Henrique Cardoso para<br />

o centro do debate eleitoral.<br />

Os debates serão decisivos para<br />

a candidatura de Dilma Rousseff?<br />

Todo dia na campanha é um<br />

novo desafio. Não podemos<br />

superestimar, nem subestimar<br />

os debates. Eles são importantes<br />

e têm significado. Dilma saiu<br />

fortalecida do último, na Band.<br />

Qual é a estratégia para<br />

os próximos?<br />

Vamos levar nossas propostas e<br />

fazer comparações entre os<br />

governos Fernando Henrique e<br />

Lula. Nesse debate, nós ganhamos<br />

com larga margem de folga.<br />

A Dilma recusou muitos<br />

convites para debater?<br />

Criou-se um mito. Não sei de onde<br />

tiraram isso.<br />

Está satisfeito com a<br />

arrecadação da campanha<br />

até agora?<br />

A arrecadação seguiu um ritmo<br />

normal até o momento.<br />

Está tudo dentro do previsto.


Reprodução<br />

É débito ou crédito?<br />

FUNDO DO BAÚ<br />

Após um problema com a redação<br />

da resolução do Tribunal Superior<br />

Eleitoral (TSE), que autoriza<br />

doações eleitorais por meio de<br />

cartões de crédito e débito, as<br />

operadoras de cartão<br />

começaram, efetivamente, a<br />

credenciar partidos políticos.<br />

A chancela havia sido dada pelo<br />

TSE no dia 2 de março, mas o<br />

texto da lei tinha uma<br />

inconsistência com o sistema<br />

das operadoras. As regras foram<br />

adequadas e a Cielo, maior<br />

operadora de cartões do <strong>Brasil</strong>,<br />

anunciou ontem que está<br />

credenciando os comitês<br />

políticos, que podem escolher<br />

entre receber as doações pela<br />

internet ou com a instalar uma<br />

A arrecadação do PT foi<br />

maior que a do PSDB.<br />

Sentiu um gosto de vitória?<br />

Seria deselegante falar de outras<br />

arrecadações. Quem achou que<br />

não arrecadou o necessário é que<br />

deve buscar as causas.<br />

Por que a Reforma<br />

Política não foi feita<br />

no governo Lula?<br />

Dificilmente um poder constituído<br />

se auto–reforma sem uma força<br />

que venha de fora para dentro.<br />

Essa força é a sociedade.<br />

Não há governo que faça isso<br />

sem pressão social. O governo<br />

Lula tentou, mas não foi possível.<br />

Eleição direta para governador foi destaque em 1982<br />

Na segunda quinzena de Novembro de 1982, a capa<br />

da revista Manchete estampava, ao lado da morte<br />

do líder comunista Leonid Brejnev e da anulação<br />

do casamento de Caroline de Mônaco pelo papa,<br />

os resultados da primeira eleição direta para<br />

governador de estado no <strong>Brasil</strong> desde os anos<br />

US$500 milhões<br />

foi quanto a campanha de Barack Obama arrecadou<br />

em doações de pessoas físicas pela internet, por<br />

cartão de crédito e por telefone na campanha para a<br />

Presidência da República nos Estados Unidos em 2008.<br />

Temos que fazer um diálogo<br />

com todos os setores em<br />

busca de um pacto social.<br />

Marcela Beltrão<br />

“maquininha” em sua sede. Os<br />

que optarem pela internet, devem<br />

criar uma página para as pessoas<br />

físicas fazerem as doações, que<br />

podem ser feitas a partir deste<br />

mês até a data da eleição. Os<br />

partidos devem ter uma conta<br />

bancária única para a captação<br />

dos recursos de todos os meios<br />

de pagamento: cartão, dinheiro<br />

ou boleto. Eles também são<br />

responsáveis por garantir que as<br />

doações não sejam provenientes<br />

de cartões empresariais ou<br />

emitidos no exterior, situações<br />

vetadas pela lei do TSE. Até<br />

agora, as campanhas de Marina<br />

Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT)<br />

recebem doações pelas bandeiras<br />

Visa e Mastercard.<br />

Qual a melhor forma<br />

de a próxima legislatura<br />

avançar nessa proposta?<br />

A melhor maneira seria uma<br />

reforma em que os parlamentares<br />

eleitos pela regra atual do jogo<br />

não fossem os mesmos que vão<br />

mudá–la. A Constituição de 1988<br />

foi bem avançada, mas manteve<br />

os pilares políticos da época da<br />

ditadura. Ela não foi inovadora<br />

porque não houve uma<br />

assembleia constituinte.<br />

Pedro Venceslau<br />

Jose Jorge<br />

sessenta. Na época, o voto vinculado exigia que o<br />

eleitor votasse em candidatos de um mesmo partido<br />

para todos os cargos em disputa — o descumprimento<br />

anulava o voto. Em São Paulo foi eleito o governador<br />

Franco Montoro (PMDB); No Rio Leonel Brizola (PDT);<br />

e em Minas Tancredo Neves (PMDB).<br />

VUVUZELA<br />

“Quando o governo acerta, tem<br />

o meu apoio, como foi no caso<br />

do aumento do Bolsa Família.<br />

Mas se fizer besteira, como<br />

querer manter a CPMF, aí vão<br />

me encontrar pela frente”<br />

José Agripino Maia, senador do DEM-RN, candidato<br />

à reeleição em entrevista à rádio local.<br />

“Nós achávamos que ele seria<br />

candidato. Cheguei a dizer<br />

que, se ele tomasse uma<br />

decisão, seria o candidato<br />

do presidente Lula. Faltou<br />

desprendimento político,<br />

para não dizer coragem”<br />

Hélio Costa, candidato ao governo de Minas,<br />

sugerindo que Aécio poderia ter saído do PSDB para<br />

se filiar ao PMDB, em entrevista ao portal UOL.<br />

“Coragem na vida pública<br />

é honrar compromissos<br />

com a população. É priorizar<br />

coerência e lealdade”<br />

Aécio Neves, candidato tucano ao Senado por MG,<br />

em resposta à provocação de Hélio Costa.<br />

“Está mesmo difícil escolher.<br />

Não sei se voto no Ibope,<br />

na Lei Eleitoral ou no Bonner”<br />

Millôr, humorista.<br />

“Uma forma moderna de<br />

participação política, chamada<br />

‘democracia digital’”<br />

Xico Graziano, coordenador<br />

da campanha do tucano<br />

José Serra, em vídeo no<br />

Youtube convidando as<br />

pessoas a oferecerem<br />

ideias para o plano de<br />

governo do candidato.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 15<br />

FALTAM<br />

DIAS PARA O 1º TURNO<br />

DAS ELEIÇÕES<br />

NANICAS<br />

1 2 3<br />

4 5 6<br />

7 8 9<br />

0<br />

BRANCO CORRIGE<br />

CONFIRMA<br />

Dossiê vai para o Senado<br />

● O líder do Democratas no<br />

Senado, ACM Júnior, mobilizou<br />

sua bancada e aprovou, na<br />

Comissão de Constituição e<br />

Justiça, convite para que Sérgio<br />

Rosa, ex-presidente da Previ,<br />

e Gerardo Santiago, ex-diretor,<br />

prestem depoimento no próximo<br />

dia 31. ACM Júnior informou<br />

que os senadores vão cobrar<br />

esclarecimentos sobre “dossiês<br />

contra adversários do governo”,<br />

que teriam sido montadps no<br />

gabinete da presidência da Previ,<br />

segundo denúncia de Santiago.<br />

José Cruz/ABr<br />

Contrataque<br />

● A candidata do PT à Presidência,<br />

Dilma Rousseff, rebateu ontem<br />

críticas de adversários que<br />

apontam erros nos números de<br />

investimentos do governo Lula na<br />

área social apresentados por ela<br />

em debates e entrevistas. “Tenho<br />

sido até muito elegante quando<br />

comparo o que a administração<br />

atual tem feito em saneamento<br />

básico em relação à anterior”,<br />

disse. As críticas começaram<br />

quando Dilma afirmou segundafeira<br />

no Jornal Nacional, que o<br />

governo investiu R$ 276 milhões<br />

na favela da Rocinha, no Rio,<br />

em saneamento e urbanização.<br />

Estudantes no governo<br />

● O governador do Rio, candidato<br />

à reeleição, Sérgio Cabral, disse<br />

que incluirá representantes<br />

da UNE e da Ubes no Conselho<br />

Estadual de Educação para<br />

a criação de políticas públicas.<br />

Cabral recebeu ontem propostas<br />

das duas entidades para a área.<br />

Paulo Araujo/O Dia<br />

Editada por Carla Jimenez e<br />

Paulo Justus, com Sílvio Ribas,<br />

Eva Rodrigues e Thais Folego<br />

redacao@brasileconomico.com.br


16 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

BRASIL<br />

RELAÇÕES EXTERIORES<br />

Amorim diz que <strong>Brasil</strong> pode voltar<br />

a discutir questão nuclear com o Irã<br />

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não descartou a<br />

possibilidade de o <strong>Brasil</strong> voltar a discutir com o Irã a questão nuclear,<br />

depois do jejum do mês do Ramadã, que começou ontem. Amorim<br />

justificou a participação do <strong>Brasil</strong> na região alegando que o país está<br />

engajado em favor da paz e que o programa nuclear iraniano é<br />

“potencialmente uma das maiores ameaças” ao mundo, nos dias atuais.<br />

Governo adia novo<br />

marco regulatório<br />

das ferrovias<br />

Expectativa era que decreto fosse assinado ontem por Lula,<br />

mas propostas serão apresentadas antes às concessionárias<br />

Sílvio Ribas e Simone Cavalcanti<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

O governo decidiu submeter à<br />

avaliação das concessionárias de<br />

ferrovias as suas propostas de<br />

mudança na legislação do setor,<br />

adiando para o fim do ano a edição<br />

do decreto que cria novo<br />

marco regulatório. O ministro<br />

dos Transportes, Paulo Sérgio<br />

Passos, informou ontem em Brasília<br />

que, “apesar do frisson no<br />

meio ferroviário dos últimos<br />

dias” gerado pela expectativa da<br />

assinatura do decreto pelo presidente<br />

Lula, será feito primeiro<br />

um debate com os interessados.<br />

“Serão conversas como as que já<br />

ocorreram em outras situações<br />

semelhantes”, disse ele durante<br />

sua participação em seminário<br />

organizado pela Associação Nacional<br />

dos Transportadores Ferroviários<br />

(ANTF).<br />

O ministro acrescentou que<br />

não há cronograma para a edição<br />

do marco legal, mas que o pacote<br />

sairá “no atual governo”. Passos<br />

explicou que há pontos que<br />

precisam ser discutidos com o<br />

setor, como a política tarifária.<br />

“O governo respeita contratos e<br />

nenhuma medida implica em<br />

tabelamento ou fixação prévia<br />

de preços”, ressaltou.<br />

Passos lembrou que, no caso<br />

do Trem de Alta Velocidade<br />

(TAV), entre Campinas (SP), São<br />

Paulo e Rio de Janeiro, os prazos<br />

da licitação estão mantidos e nenhum<br />

investidor interessado se<br />

queixou de falta de tempo para<br />

apresentar propostas. “Grandes<br />

projetos são sempre polêmicos,<br />

mas o governo se apoiou em estudos<br />

fornecidos pelo Banco Nacional<br />

de Desenvolvimento <strong>Econômico</strong><br />

e Social (BNDES) e o<br />

Banco Mundial para apresentar<br />

uma obra factível e necessária.”<br />

Ao apresentar dados do Plano<br />

Nacional de Logística e Transportes<br />

(PNLT), do governo, com horizonte<br />

até 2025 e investimentos<br />

de R$ 300 bilhões, o ministro<br />

destacou uma série de obras de<br />

“O governo respeita<br />

contratos e nenhuma<br />

medida implica<br />

tabelamento<br />

ou fixação prévia<br />

de preços<br />

Paulo Sérgio Passos,<br />

ministro dos Transportes<br />

VOLUME<br />

56%<br />

Foi o quanto cresceu o volume de<br />

carga movimentada em ferrovias<br />

desde a desestatização, em 1997,<br />

passando de 253 milhões para<br />

395 milhões de toneladas.<br />

SEGURANÇA<br />

80%<br />

Foi o tamanho da redução no<br />

índice de acidentes na malha no<br />

mesmo período, recuando de<br />

75,5 para 15 acidentes para cada<br />

milhão de quilômetros de linhas.<br />

Divulgação<br />

trechos ferroviários, como a Norte-Sul,<br />

a Oeste-Leste, a Trans-<br />

Nordestina e a Trans-Oceânica.<br />

Vicente Abate, presidente da<br />

Associação <strong>Brasil</strong>eira da Indústria<br />

Ferroviária (Abifer), acredita que<br />

o setor registra avanços, como a<br />

linha de financiamento criada<br />

pelo BNDES com juros reduzidos<br />

e voltada para a continuidade de<br />

investimentos. “Passamos de<br />

uma produção de mil vagões<br />

anuais para três mil e chegaremos<br />

logo a 5 mil”, ilustra. A candidata<br />

à Presidência Dilma Rousseff (PT)<br />

declarou no seminário que o setor<br />

ferroviário vive uma “ressurreição”<br />

e ganhará novo desenho nos<br />

próximos anos, com prioridade<br />

para o transporte de cargas a longas<br />

distâncias cargas.<br />

Mais vendas, menos custos<br />

A expansão e melhoria da malha<br />

ferroviária, coordenada com a<br />

ampliação dos portos, reduziria<br />

os custos e impulsionaria as exportações<br />

brasileiras. O transporte<br />

de mercadorias pela via<br />

férrea custa de um terço a um<br />

quarto do que se gasta por meio<br />

das rodovias, em média.<br />

A soja produzida no estado do<br />

Mato Grosso é um exemplo. Seu<br />

processo de produção é um dos<br />

mais competitivos do mundo,<br />

mais, inclusive, que o dos EUA.<br />

No entanto, por conta da maneira<br />

como é transportada até o embarque,<br />

chega muito mais cara ao<br />

mercado internacional.<br />

Mas ainda há longo percurso a<br />

ser percorrido para que haja de<br />

fato essa melhora. Hoje, a participação<br />

das ferrovias no deslocamento<br />

de cargas representa apenas<br />

25% do total movimentado<br />

no país. Deste volume, 75% corresponde<br />

a minério de ferro<br />

transportado pela Vale por suas<br />

linhas. Do total das vendas ao exterior,<br />

os países sul-americanos<br />

compram do <strong>Brasil</strong> de 16% a<br />

18%. Mas, de tudo o que as <strong>empresas</strong><br />

brasileiras exportam para<br />

a região, apenas 0,2% chega ao<br />

destino por trem. ■<br />

FINANCIAMENTO<br />

Crédito imobiliário sobe 77% e atinge<br />

patamar de R$ 23 bilhões no semestre<br />

O financiamento imobiliário com recursos da poupança cresceu 77%<br />

no primeiro semestre, para R$ 23,8 bilhões, de acordo com a Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).<br />

Entre janeiro e junho foram financiadas 187,6 mil unidades, indicando<br />

expansão de 51,5%. No mês de junho, o valor atingiu R$ 5,27 bilhões,<br />

com o financiamento de 40,8 mil unidades, novo recorde histórico.<br />

Trem da Vale: setor ferroviário espera aumento<br />

da malha para 40 mil quilômetros em dez anos<br />

Integração com<br />

Empresas de transporte<br />

ferroviário veem cenário de<br />

esgotamento em dois anos<br />

A Associação Nacional dos<br />

Transportadores Ferroviários<br />

(ANTF) listou as principais reivindicações<br />

e propostas do setor<br />

para o sucessor do presidente<br />

Luiz Inácio Lula da Silva. O documento<br />

divulgado ontem, em<br />

Brasília, pede a continuidade na<br />

expansão das linhas de ferrovias,<br />

lembrando que 10 mil quilômetros<br />

dos atuais 28 mil quilômetros<br />

apresentam diversas<br />

inadequações. A entidade também<br />

quer que o próximo governo<br />

priorize a modernização da<br />

malha ferroviária, incluindo a<br />

forma como são elaborados seus<br />

contratos comerciais. “Além da<br />

expansão, não é menos importante<br />

a integração, inclusive<br />

com outros sistemas. Ferrovia<br />

não se viabiliza sem porto eficiente”,<br />

disse Marcello Spinelli,<br />

presidente da ANTF.<br />

O documento da associação<br />

aos três principais candidatos à<br />

Presidência alerta para a necessidade<br />

de desoneração do setor,<br />

de modo a equilibrar sua competição<br />

com outros meios de<br />

transporte, sobretudo o rodoviário.<br />

“Sem enfrentar os mesmos<br />

rigores de fiscalização, o<br />

frete nas rodovias fica apenas<br />

5% mais caro do que o nosso.<br />

Esperamos que o marco regulatório<br />

garanta a competitividade<br />

real”, acrescenta Spinelli.


MERCADO DE TRABALHO<br />

Indústria paulista registra terceira<br />

alta seguida no nível de emprego<br />

O emprego na indústria paulista cresceu pela terceira vez seguida<br />

em julho, informou ontem a Federação das Indústrias do Estado<br />

de São Paulo (Fiesp). A expansão foi de 0,4% em julho ante junho,<br />

segundo dados com ajuste sazonal, o equivalente à abertura de 12.500<br />

vagas. Os destaques do mês foram os segmentos de equipamentos<br />

de informática e produtos eletrônicos, com avanço de 1,9%.<br />

AQUECIMENTO ECONÔMICO<br />

BC vê atividade econômica desacelerando<br />

no 2º trimestre; no ano, alta é de quase 10%<br />

A atividade econômica desacelerou no segundo trimestre, de acordo<br />

com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).<br />

No período houve crescimento de 1,32% ante o primeiro trimestre, com<br />

ajuste sazonal. Na comparação do primeiro trimestre do ano em relação<br />

aos últimos três meses de 2009, a economia havia registrado crescimento<br />

de 2,45%. Em junho a alta foi de 0,02%, e no ano acumula alta de 9,9%.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 17<br />

Ag. Vale<br />

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portos e rodovias para evitar colapso<br />

Investimentos das<br />

concessionárias<br />

na malha ferroviária<br />

este ano podem<br />

chegar a R$ 3 bilhões;<br />

extensão hoje é de<br />

28 mil quilômetros<br />

Para o executivo, as inovações<br />

na legislação do segmento<br />

para atrair investimento e novos<br />

negócios é bem-vinda, desde<br />

que seja garantida no novo modelo<br />

a preservação dos contratos<br />

atuais. Os ministros dos<br />

Transportes, Paulo Sérgio Passos,<br />

e da Casa Civil, Erenice<br />

Guerra, garantiram ao dirigente<br />

que estão abertos às sugestões<br />

dos empresários e de que não há<br />

risco jurídico para os atuais<br />

contratos de concessões.<br />

Segundo cálculos da ANTF,<br />

se o governo não acelerar os investimentos<br />

na expansão da<br />

malha ferroviária nacional, o<br />

setor chegará a um colapso, já<br />

em 2012, seguindo os mesmos<br />

padrões de expensão de hoje.<br />

Investimentos em portos também<br />

são vistos como necessários<br />

para compatibilizar o movimento<br />

das cargas através do<br />

país. O diretor executivo da<br />

entidade, Rodrigo Vilaça, acredita<br />

que, até 2015, a malha poderá<br />

atingir 35 mil quilômetros,<br />

ante os 28,5 mil quilômetros<br />

atuais. Até 2020, a expectativa<br />

é que as linhas possam<br />

chegar a 40 mil quilômetros.<br />

Produtividade<br />

Os investimentos das concessionárias<br />

este ano devem chegar<br />

a R$ 3 bilhões. “Com a ampliação<br />

da malha e com os recursos<br />

disponíveis das concessionárias,<br />

esperamos dar um salto na<br />

produtividade”, diz o executivo<br />

da ANTF. Spinelli lembra que o<br />

setor vem reinvestindo normalmente<br />

na sua operação. Se<br />

as linhas férreas atingirem a<br />

marca de 35 mil quilômetros até<br />

Hóspede exigente<br />

é hóspede inteligente.<br />

Bem-vindo a bordo.<br />

AJUSTES<br />

10 mil<br />

dos atuais 28 mil quilômetros<br />

da malha ferroviária têm<br />

algum tipo de inadequação.<br />

EXTENSÃO<br />

35 mil<br />

é o tamanho que a malha pode<br />

atingir até 2015 se o investimento<br />

prometidos sair do papel.<br />

INVESTIMENTOS<br />

R$ 40 bi<br />

é o que está previsto no PAC para<br />

logística. BNDES teria papel<br />

fundamental para liberar a verba.<br />

CONCESSIONÁRIAS<br />

R$ 3 bi<br />

é quanto as concessionárias<br />

devem investir até o final<br />

deste ano na malha ferroviária.<br />

DESPERDÍCIO<br />

✽<br />

Vagões parados<br />

em portos<br />

Segundo o presidente da ANTF,<br />

Marcello Spinelli, há portos<br />

no país com até 2 mil vagões<br />

parados por falta de<br />

infraestrutura adequada para<br />

acomodar os dois meios.<br />

2015, a carga transportada poderá<br />

passar das atuais 460 milhões<br />

de toneladas úteis por ano<br />

para mais de 600 milhões de<br />

toneladas úteis. ■ S.R.<br />

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18 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

INOVAÇÃO & SUSTENTABILIDADE<br />

Martha San Juan França<br />

mfranca@brasileconomico.com.br<br />

A colombiana Fermina Ortega,<br />

revendedora de produtos Avon<br />

há nove anos, nunca tinha ouvido<br />

falar da Mata Atlântica, mas<br />

resolveu agir. “Os problemas<br />

ecológicos são uma realidade<br />

em todo o mundo e quero ajudar<br />

a causa sensibilizando as pessoas<br />

a comprar uma árvore”,<br />

disse por e-mail ao BRASIL ECO-<br />

NÔMICO. Como ela, outras milhares<br />

de revendedoras de cosméticos<br />

e produtos de beleza de<br />

60 países participam da campanha<br />

Hello Green Tomorrow<br />

(Viva o Amanhã Mais Verde), da<br />

multinacional, levantando fundos<br />

para o plantio de árvores na<br />

Mata Atlântica brasileira.<br />

O programa faz parte de<br />

outro projeto internacional<br />

da The Nature Conservancy<br />

(TNC), uma das maiores organizações<br />

civis voltadas para o<br />

meio ambiente, hoje presente<br />

em 32 países. Trabalhando com<br />

a entidade local, a TNC criou a<br />

Plant a Billion Trees (Plante 1<br />

bilhão de árvores), programa<br />

de arrecadação de fundos para<br />

restauração da Mata Atlântica.<br />

A campanha é simples e eficiente:<br />

a doação de US$ 1 ajuda<br />

a plantar uma árvore e proteger<br />

uma das florestas mais ameaçadas<br />

do mundo.<br />

Arrecadação internacional<br />

Com esse slogan, a campanha<br />

internacional já conseguiu arrecadar<br />

US$ 5 milhões desde o seu<br />

início há dois anos. Ao unir o seu<br />

programa ao da TNC, em março,<br />

a Avon esperava arrecadar US$ 1<br />

milhão. Três meses depois, já<br />

havia levantado US$ 2 milhões,<br />

o que permitiu o plantio de quase<br />

2 milhões de árvores.<br />

Provavelmente vai significar<br />

a maior doação da campanha,<br />

pois o programa continua. Até<br />

agora, o campeão de doações<br />

são os Estúdios Disney que arrecadaram<br />

US$ 2,7 milhões.<br />

Para cada pessoa que assistiu ao<br />

filme Earth (Terra) nos Estados<br />

Unidos na primeira semana de<br />

abril de 2009, a empresa separou<br />

US$ 1 do ingresso. Outras<br />

<strong>empresas</strong> que se engajaram com<br />

propostas semelhantes foram a<br />

Penguin Books, o grupo de hotéis<br />

e restaurantes Kimpton e a<br />

rede de lojas Payless Shoes.<br />

“A campanha Plant a Billion<br />

Trees faz parte do projeto da<br />

TNC de estabelecer uma relação<br />

forte entre a melhoria da qualidade<br />

de vida e a conservação<br />

dos ambientes degradados”,<br />

afirma Fernando Veiga, coordenador<br />

de serviços ambientais da<br />

entidade no <strong>Brasil</strong>. Ele explica<br />

que à medida que os recursos<br />

entram, são usados para alavancar<br />

processos de parceria<br />

Empresas se engajam<br />

por meio de doações<br />

para o programa<br />

Plant a Billion<br />

Trees, que visa<br />

incentivar modelos<br />

e alternativas de<br />

produção inovadores<br />

baseados na floresta<br />

com governos, instituições e<br />

proprietários. Até setembro, o<br />

consumidor que investiu no<br />

plantio de árvores poderá conferir<br />

no site da TNC onde as mudas<br />

estão sendo plantadas.<br />

Os projetos da TNC fazem<br />

parte do Pacto pela Restauração<br />

da Mata Atlântica, movimento<br />

que conta com 150 organizações<br />

de governos, instituições civis e<br />

<strong>empresas</strong>, como Vale, Fibria,<br />

Citibank e Suzano. A meta é dar<br />

condições para a restauração de<br />

15 milhões de hectares até o ano<br />

de 2050, ou seja aumentar para<br />

30% a cobertura florestal —<br />

atualmente, restam apenas 7%<br />

de Mata Atlântica. “Tão importante<br />

quanto o plantio, é a possibilidade<br />

de estabelecer parcerias<br />

para o processo ganhar escala”,<br />

diz Veiga, da TNC. ■<br />

SEXTA-FEIRA<br />

TECNOLOGIA<br />

SEGUNDA-FEIRA<br />

EDUCAÇÃO<br />

Da Disney aos cosméticos, US$ 5<br />

O estúdio de cinema foi o campeão de doações, mas Avon, rede Kimpton, Penguin Books participam de campanha<br />

DISNEY CAMPEÃ<br />

US$ 2,7 mi<br />

É o total arrecadado para<br />

o programa pelo campeão<br />

de doações, os Estúdios Disney.<br />

Corresponde a US$ 1 por ingresso<br />

vendido para o filme Earth<br />

na semana de lançamento, em<br />

abril de 2009.<br />

CAMPANHA CONTINUA<br />

US$ 2 mi<br />

É o valor levantado pela<br />

multinacional de cosméticos Avon<br />

de março até agora; campanha<br />

vai prosseguir nos próximos<br />

meses. Revendedoras arrecadam<br />

R$ 2 na venda de cada produto<br />

para o plantio de árvores.<br />

FLORESTA É COMO CRIANÇA, TEM DE CUIDAR<br />

A pedagoga Amélia da Silva Netto se orgulha<br />

de ter ajudado na compra de 220 árvores.<br />

Revendedora da Avon, ela já tinha o hábito<br />

de reciclar o lixo caseiro e cultivar plantas.<br />

“Foi natural me engajar na campanha”,<br />

afirma. A cada produto comprado, o cliente<br />

colaborava com o projeto, se quisesse<br />

(no <strong>Brasil</strong> são R$ 2). “Muita gente não<br />

quer, mas a gente precisa falar, cuidar<br />

do planeta é igual cuidar de criança”, diz.<br />

OUTROS PROJETOS<br />

Opção pela parceria<br />

A parceria com <strong>empresas</strong><br />

e instituições levou a TNC a<br />

desenvolver programas de<br />

cadastramento de propriedades<br />

rurais, combinando o<br />

mapeamento das terras para<br />

detectar a derrubada de árvores<br />

com incentivos econômicos<br />

para fazendeiros que se mostrem<br />

dispostos a regularizar suas<br />

atividades. O projeto existe em<br />

20 municípios. “Nós temos claro<br />

que o trabalho de conservação<br />

precisa de parceiros”, diz Ana<br />

Cristina Barros, representante<br />

da TNC no <strong>Brasil</strong>. “Somos<br />

facilitadores para quem está no<br />

front da conservação florestal.”<br />

TRÊS PERGUNTAS A...<br />

...TOD ARBOGAST<br />

Vice-presidente de<br />

Sustentabilidade da Avon<br />

Divulgação<br />

“O envolvimento das<br />

revendedoras é uma<br />

das forças da Avon”


TERÇA-FEIRA<br />

EMPREENDEDORISMO<br />

QUARTA-FEIRA<br />

GESTÃO<br />

mi para a floresta<br />

internacional para plantar 1 bilhão de árvores na Mata Atlântica<br />

O americano Tod Arbogast diz<br />

que a defesa do meio ambiente<br />

se soma às campanhas globais<br />

da Avon, como o câncer de mama.<br />

Como a Avon se engajou<br />

nesse programa?<br />

O Hello Green Tomorrow é um<br />

esforço que visa fortalecer um<br />

movimento feminino global para<br />

cuidar da natureza, com a dupla<br />

missão de promover educação<br />

ambiental e arrecadação de<br />

fundos. Neste ano de lançamento,<br />

envolvemos os funcionários<br />

com informações em sites,<br />

blogs, além do convite para que<br />

todos realizassem melhorias e<br />

implementassem suas ideias nos<br />

60 países. As revendedoras<br />

autônomas se preocupam com<br />

as comunidades onde vivem e<br />

estão ávidas por colaborar. Essa é<br />

uma das maiores forças da Avon:<br />

o poder de 6,2 milhões de pessoas<br />

prontas para fazer a diferença.<br />

Por que a Avon escolheu<br />

a Mata Atlântica, menos<br />

conhecida mundialmente<br />

que a Amazônia?<br />

Tivemos a consultoria de<br />

especialistas em meio ambiente<br />

que nos ajudaram a conhecer<br />

as regiões e as necessidades<br />

que abordaríamos. Sabemos<br />

que tanto as revendedoras<br />

autônomas quanto seus clientes<br />

estão sensíveis a questões do<br />

desmatamento e à necessidade<br />

Marcela Beltrão<br />

de buscar recuperar as florestas.<br />

Com apenas 7% de sua área<br />

original, a Mata Atlântica é<br />

considerada uma das florestas<br />

mais ameaçadas do planeta.<br />

O <strong>Brasil</strong> é prioridade para<br />

os próximos investimentos<br />

sociais ou ambientais?<br />

O <strong>Brasil</strong> é um dos maiores<br />

mercados da Avon, com mais<br />

de 1,1 milhão de revendedoras<br />

e alto grau de liderança nas<br />

ações socialmente responsáveis,<br />

como a causa contra o câncer<br />

de mama. A presença da Avon<br />

no mercado brasileiro e a<br />

necessidade de recuperação da<br />

Mata Atlântica foram decisivos<br />

para o investimento ambiental.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 19<br />

Do marketing verde à<br />

economia ambiental<br />

O plantio de árvores é a mais antiga e uma das mais comuns<br />

entre as práticas de ambientalistas no <strong>Brasil</strong>. Plantar<br />

um pé de pau-brasil era protocolo quase obrigatório<br />

das cerimônias do Dia da Independência nas escolas públicas,<br />

décadas atrás, e solenidade culminante no Dia da<br />

Árvore. Por esse motivo, tornou-se uma das primeiras<br />

opções de <strong>empresas</strong> interessadas em associar seus nomes<br />

à defesa do ambiente. Também por isso, havia em setores<br />

do ambientalismo algumas restrições a essa prática.<br />

Uma das razões era que muitas <strong>empresas</strong> usavam o<br />

plantio ou a doação de árvores para distrair a atenção do<br />

público de outras práticas menos edificantes. Outra<br />

questão que tradicionalmente deixava os ativistas do<br />

ambientalismo com um pé atrás era certa distância entre<br />

o setor de atuação da empresa nos negócios e seu engajamento<br />

no plantio de árvores, estratégia muito facilmente<br />

confundida com o chamado “marketing verde”, que de<br />

verde costuma ter apenas a tinta.<br />

A iniciativa da The Nature Conservancy (TNC) tem um<br />

alcance muito maior: trata-se de recuperar trechos da<br />

mata nativa do litoral, conectando ilhas de florestas preservadas<br />

e criando corredores de biodiversidade. A restauração<br />

das ligações entre essas ilhas de florestas deve<br />

estimular a “economia”<br />

ambiental, favorecendo<br />

No Congresso, corre<br />

o projeto de lei<br />

sobre pagamento<br />

pelos serviços<br />

prestados pelos<br />

ecossistemas como<br />

a regulação de<br />

gases, conservação<br />

de biodiversidade<br />

e proteção dos solos<br />

LUCIANO<br />

MARTINS COSTA<br />

Jornalista e escritor, consultor<br />

em estratégia e sustentabilidade<br />

a preservação de espécies<br />

ameaçadas de extinção.<br />

É também uma<br />

forma de recuperar a<br />

vegetação degradada,<br />

manter os córregos<br />

límpidos e indiretamente<br />

o clima ameaçado<br />

pelas mudanças climáticas.<br />

No Congresso<br />

corre projeto de lei sobre<br />

o pagamento pelos<br />

serviços prestados pelos<br />

ecossistemas, como<br />

a regulação de gases<br />

(produção de oxigênio e<br />

sequestro de carbono), conservação da biodiversidade,<br />

proteção de solos e regulação das funções hídricas.<br />

Um dos principais exemplos de iniciativas desse tipo<br />

foi criado pela bióloga e veterinária Wangari Maathai,<br />

nascida no Quênia. Ela havia observado, desde a infância,<br />

que a pobreza avançava em torno de Nairóbi conforme<br />

as matas eram derrubadas. Em 1977, após obter o<br />

doutorado na Alemanha, criou o movimento Cinturão<br />

Verde, estimulando os habitantes a plantar árvores. Além<br />

de recuperar o ambiente, seus ativistas promoviam o<br />

diálogo entre as etnias, combatendo a violência.<br />

Em 2004, o comitê do Prêmio Nobel havia estabelecido<br />

como tema a defesa do meio ambiente e suas relações<br />

com a democracia e a paz e Wangari Maathai foi a escolhida.<br />

Quando recebeu o Nobel da Paz, em 2004, por essa<br />

iniciativa, ela já havia inspirado o plantio de mais de 30<br />

milhões de árvores por toda a África.<br />

A iniciativa da TNC acontece em cenário muito distinto,<br />

mas igualmente necessitado de uma ação enérgica.<br />

Vivem nas poucas florestas que restaram ao longo da<br />

costa cerca de 60% das espécies sob ameaça Os cerca de<br />

7% que sobraram das matas originais guardam uma<br />

imensa diversidade, que corresponde a 8% de todas as<br />

espécies de plantas do mundo. As <strong>empresas</strong> que apoiam<br />

essa iniciativa estão indo muito além de seus planos de<br />

marketing. Estão contribuindo para recuperar uma das<br />

mais importantes reservas de diversidade biológica do<br />

planeta. Além disso, ao envolver funcionários, parceiros<br />

e clientes, contribuem para a conscientização em torno<br />

da necessidade de proteger o patrimônio ambiental. ■


20 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

ENCONTRO DE CONTAS<br />

Carro na<br />

tomada<br />

LURDETE ERTEL<br />

A perspectiva de<br />

incentivos tributários<br />

do governo federal para<br />

a produção de carros<br />

elétricos está fazendo<br />

roncar projetos de<br />

montadoras pelo <strong>Brasil</strong>.<br />

Até outubro, deve estar<br />

concluído o projeto da<br />

fábrica que produzirá,<br />

em escala industrial,<br />

o primeiro veículo do<br />

gênero do Ceará.<br />

O modelo foi criado pelo<br />

engenheiro e pesquisador<br />

Elifas Gurgel do Amaral,<br />

que mantém em<br />

circulação pelas ruas de<br />

Fortaleza um protótipo<br />

movido por baterias<br />

de íons de lítio.<br />

A planta deve ser<br />

instalada em área de<br />

10 hectares em Limoeiro<br />

do Norte, com suporte<br />

financeiro do Banco do<br />

Nordeste e apoio do<br />

governo do Ceará. Além<br />

de incentivos, Cid Gomes,<br />

prometeu comprar os<br />

primeiros 100 veículos<br />

fabricados no Estado.<br />

Zarpagem<br />

Uma das 30 maiores <strong>empresas</strong><br />

mundiais em movimentação de<br />

cargas por guindastes, a Locar<br />

inaugura hoje um terminal<br />

marítimo de 25 mil metros na Ilha<br />

do Governador, no Rio de Janeiro,<br />

onde operará sua base offshore.<br />

O terminal faz parte dos R$ 300<br />

milhões em investimentos<br />

programados para 2010.<br />

No mercado de transporte<br />

marítimo desde 2009, a empresa<br />

tem 14 embarcações em<br />

operação. E deve chegar a 30,<br />

com aporte de US$ 150 milhões.<br />

Carga pesada<br />

Também hoje, a Locar fará o<br />

batismo de um barco de apoio<br />

e de um rebocador adquiridos,<br />

respectivamente, dos estaleiros<br />

Erin, de Manaus, e SRD, de Angra<br />

dos Reis, por R$ 20 milhões.<br />

E apresentará o maior guindaste<br />

telescópico do mundo sobre<br />

pneus: o LTM 11.200, comprado<br />

da Liebher por R$ 15 milhões.<br />

Ele levanta até 1.200 t de carga.<br />

“É assustadora<br />

a possibilidade<br />

de uma<br />

epidemia<br />

global de<br />

superbactérias<br />

– aquelas que<br />

contêm o<br />

gene NDM-1,<br />

que as tornam<br />

resistentes aos<br />

antibióticos<br />

mais<br />

poderosos.<br />

É preciso<br />

estar alerta”<br />

Trecho de artigo divulgado<br />

nesta semana na publicação<br />

científica Lancet, sobre<br />

estudo de cientistas com<br />

bactérias não tratáveis.<br />

Beleza no papel<br />

Depois das passarelas e da telinha de tevê,<br />

a top Isabella Fiorentino, 31 anos, engrena<br />

os passos também no mercado editorial.<br />

A agora empresária, consultora de moda e<br />

apresentadora do SBT vai estar no estande<br />

da Libreria, na Bienal do Livro de São Paulo,<br />

para autografar seu guia de moda.<br />

Lançado em abril deste ano pela editora<br />

▲<br />

As torres gêmeas<br />

verdes do Rio<br />

Juan Guerra<br />

Nova Cultural, o livro Na Moda com Isabella<br />

Fiorentino já está em sua quarta reimpressão<br />

e soma venda de 60 mil exemplares.<br />

Habituada a desfilar pelo mundo desde os 13 anos,<br />

Isabella tem uma escola de modelos (Officina<br />

da Imagem), por onde já passaram 5 mil alunas.<br />

Além de apresentar o reality Esquadrão da Moda,<br />

também comanda uma produtora de eventos.<br />

Com inquilinos de peso como<br />

Petrobras, BNDES e British Gas,<br />

o Ventura Corporate Towers (foto)<br />

será totalmente entregue em<br />

evento a ser realizado no Rio<br />

hoje, depois de quatro anos<br />

de obras e investimentos de<br />

R$ 500 milhões.<br />

As duas torres de escritórios<br />

de alto padrão com 36 andares<br />

foram erguidas na Avenida<br />

República do Chile, no coração<br />

financeiro do Rio.<br />

Além de ser o maior edifício do<br />

gênero da capital fluminense,<br />

o empreendimento foi o primeiro<br />

prédio verde da cidade, com<br />

certificação Green Building Gold.<br />

Projeto da incorporadora<br />

norte-americana Tishman<br />

Speyer e da Camargo Corrêa,<br />

o complexo soma serão 104 mil<br />

metros quadrados de área<br />

locável. A primeira torre ficou<br />

pronta em 2008. A segunda,<br />

que chega agora ao mercado,<br />

já está com praticamente 65%<br />

dos seus espaços pré-locados.


Faro fino<br />

Um cão da raça pastor belga<br />

malinois, do canil da Guarda<br />

Municipal de Jundiaí, deve entrar<br />

para o Guinness World of Records,<br />

o livro dos recordes mundiais.<br />

Com quase 4 anos, K-9 Athom<br />

é candidato à celebridade na<br />

categoria de maior apreensão de<br />

entorpecentes feita por um cão.<br />

O pastor belga foi responsável<br />

por encontrar 9 toneladas<br />

de maconha escondidas em<br />

um caminhão com madeiras.<br />

Cliques turbinados<br />

O caso Eliza Samúdio e o acidente<br />

que matou o filho da atriz<br />

Cissa Guimarães ajudaram<br />

o site de notícias G1, líder em<br />

seu segmento na internet,<br />

a alcançar em julho a maior<br />

audiência de todos os tempos.<br />

A média de acessos diários ao site<br />

foi de 5,2 milhões no último mês.<br />

Além de recorde, o número foi<br />

32% maior que o mês de junho.<br />

Mesa cheia<br />

O espaço gastronômico da<br />

KitchenAid, do Jardim América,<br />

em São Paulo, será moldura<br />

do próximo encontro do Lide<br />

Gastronomia, promovido pelo<br />

Grupo de Líderes Empresariais,<br />

comandado por João Doria Jr.<br />

O evento reunirá alguns dos 50<br />

mais importantes CEOs do <strong>Brasil</strong>.<br />

À mesa estarão nomes como<br />

Alexandre Costa, da Cacau Show,<br />

Chieko Aoki, do Blue Tree,<br />

Miguel Angel Garcia Lopez,<br />

da Audi, e Arthur Carlos<br />

Briquet Jr, da Bvlgari.<br />

O cardápio será preparado a<br />

quatro mãos pelo chef japonês<br />

Tsuyoshi Murakami e pelo<br />

francês Emmanuel Bassoleil.<br />

Apito por microfone<br />

O árbitro de futebol licenciado<br />

Alessandro Souza (ainda<br />

ligado à Confederação Carioca<br />

de Futebol), de 32 anos,<br />

volta a entrar em campo<br />

no mercado fonográfico.<br />

Com o nome artístico de<br />

Alessandro Leale, está tirando<br />

na prensa o seu segundo<br />

CD pelo selo SkemaMusic.<br />

Reforço na banca<br />

Fotos: divulgação<br />

O escritório Tauil & Chequer<br />

Advogados, associado a Mayer<br />

Brown LLP, está com novo sócio.<br />

Felipe Berer passa a integrar<br />

a equipe do escritório em São<br />

Paulo e ficará responsável pela<br />

área de comércio internacional<br />

no <strong>Brasil</strong>. Berer já representou<br />

clientes estrangeiros em<br />

investigações de defesa comercial<br />

diante do Departamento<br />

de Comércio dos EUA.<br />

Maquete no valor de um apartamento<br />

Uma maquete do tamanho de um apartamento foi montada pela RJZ<br />

Cyrela para apresenta os empreendimentos já lançados e os que estão<br />

por vir no Cidade Jardim e Centro Metropolitano, bairros desenvolvidos<br />

e planejados pela empresa em parceria com a Carvalho Hosken.<br />

Desenvolvida por Adhemir Fogassa, mesmo responsável pelo museu<br />

da Ferrari em Abu Dhabi, a maquete-bairro custou R$ 900 mil.<br />

Com 90 metros quadrados, é a maior e mais cara já exibida pela empresa.<br />

Valerie Macon/AFP<br />

MARCADO<br />

● O Centro de Empreendedorismo e<br />

Novos Negócios da Fundação Getulio<br />

Vargas (FGV), de São Paulo, promove<br />

workshop sobre franquias no dia 16.<br />

● Amanhã, o WTC Business Club<br />

reúne o Comitê de Comunicação<br />

Corporativa para falar sobre<br />

“Comunicação da Sustentabilidade”.<br />

Ronco dourado<br />

Brinde<br />

incendiário<br />

Custará caro ao magnata<br />

americano de mídia Rupert<br />

Murdoch o CD com músicas<br />

do lendário guitarrista<br />

Jimi Hendrix que distribuiu<br />

gratuitamente a leitores<br />

do The Sunday Times,<br />

em 2006 — sem pedir<br />

as devidas autorizações.<br />

Um tribunal dos Estados<br />

Unidos condenou Murdoch<br />

a pagar indenização de<br />

US$ 250 mil por infringir os<br />

direitos autorais do artista.<br />

A ação foi deflagrada pelas<br />

<strong>empresas</strong> Experience<br />

Hendrix e Last Experience,<br />

que entraram na Justiça<br />

alegando prejuízos com o CD<br />

de brinde usado pelo jornal<br />

entre seus colecionáveis.<br />

As duas companhias haviam<br />

comprado os direitos do<br />

álbum para lançar projetos<br />

com as dez faixas, que<br />

traziam performances<br />

ao vivo de Jimi Hendrix<br />

no Royal Albert Hall<br />

em Londres, em 1969.<br />

Experience Hendrix e Last<br />

Experience estimam ter<br />

perdido cerca de US$ 5,8<br />

milhões em receitas com a<br />

bola nas costas da iniciativa<br />

do The Sunday Times.<br />

O valor da indenização diz<br />

respeito apenas aos juros<br />

das supostas perdas<br />

alegadas pelas <strong>empresas</strong>.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 21<br />

encontrodecontas@brasileconomico.com.br<br />

GIRO RÁPIDO<br />

Justus e confiável<br />

Roberto Justus, CEO do<br />

Grupo Newcomm, faturou<br />

mais um título. Foi eleito o<br />

publicitário mais confiável<br />

do <strong>Brasil</strong>, pelo segundo ano<br />

consecutivo, de acordo com a<br />

Pesquisa Marcas de Confiança.<br />

O levantamento é realizado<br />

pela Revista Seleções<br />

em parceria com o Ibope<br />

Inteligência. Justus recebeu<br />

55% dos votos na categoria.<br />

Cara nova<br />

O processo de modernização<br />

da Schincariol chegou<br />

à logomarca da cerveja.<br />

Começa a chegar ao<br />

mercado a partir deste<br />

mês a nova identidade da<br />

marca criada pela A10.<br />

Um carro do modelo Bugatti Veyron já é considerado uma joia automotiva.<br />

Mas nada se compara a exemplares do veículo que estão sendo customizados<br />

pela empresa alemã Mansory: o Mansory Bugatti Veyron 16.4 Linea Vincero<br />

d’Oro (fotos) traz detalhes em ouro no exterior — inclusive nas rodas —<br />

e no interior, em itens como assentos, câmbio, painel e maçanetas.<br />

A extravagância foi criada para atiçar o gosto de sheiks árabes com<br />

o bolso abarrotado de dinheiro e ávidos por exclusividades.<br />

E haja bolso abarrotado de dinheiro: essa versão do Bugatti Veyron<br />

não sai por menos de R$ 5 milhões.


22 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

EMPRESAS<br />

Amyris vai abrir capital<br />

nos Estados Unidos<br />

Empresa que detém tecnologia para fazer diesel de cana pretende captar US$ 100<br />

milhões para financiar a primeira unidade comercial no <strong>Brasil</strong> e dar liquidez às ações<br />

Luiz Silveira<br />

lsilveira@brasileconomico.com.br<br />

A empresa americana de biotecnologia<br />

Amyris, que tem os<br />

grupos brasileiros Votorantim e<br />

Cornélio Brennand como sócios,<br />

fará uma oferta pública<br />

inicial de ações nos Estados<br />

Unidos nas próximas semanas.<br />

A meta é captar US$ 100 milhões,<br />

que serão usados principalmente<br />

para financiar a primeira<br />

unidade comercial de<br />

produção de químicos a partir<br />

da cana-de-açúcar da companhia,<br />

anexa à Usina São Martinho,<br />

em Pradópolis (SP).<br />

A Amyris possui uma tecnologia<br />

para transformar o açúcar<br />

em diesel e em outras fórmulas<br />

químicas atualmente produzidas<br />

exclusivamente a partir do<br />

petróleo, com destaque para o<br />

farneseno (matéria-prima para<br />

indústrias como a de cosméticos<br />

e fluidos automotivos).<br />

A primeira unidade de escala<br />

comercial será construída por<br />

uma joint venture com a São<br />

Martinho, a SMA, mas os custos<br />

da primeira fase serão arcados<br />

inicialmente pela Amyris. O investimento<br />

é estimado entre<br />

US$ 80 milhões e US$ 100 milhões,<br />

e a São Martinho reembolsará<br />

parte dele caso o negócio<br />

tenha sucesso.<br />

Pelo acordo, a São Martinho<br />

entrará com a matéria-prima<br />

(cana). A Amyris fornecerá a levedura<br />

transgênica capaz de<br />

transformar a cana em farneseno<br />

e comercializará o produto.<br />

Protocolos de intenção para<br />

parcerias semelhantes foram<br />

firmados com os grupos sucroalcooleiros<br />

Cosan, Açúcar<br />

Guarani e Bunge.<br />

Janeiro de 2004<br />

Grandes <strong>empresas</strong><br />

como Cosan, Shell<br />

e Procter & Gamble<br />

já firmaram acordos<br />

com a companhia<br />

para comprar<br />

seus químicos<br />

e combustíveis<br />

verdes antes mesmo<br />

de eles começarem<br />

a ser produzidos<br />

SAIBA MAIS SOBRE OS INVESTIMENTOS DA AMYRIS DESDE SUA CRIAÇÃO<br />

Criada no ano anterior por três<br />

amigos na Universidade da<br />

Califórnia (Berkeley), a Amyris<br />

recebeu uma doação de US$ 42<br />

milhões da Fundação Bill &<br />

Melinda Gates para pesquisar<br />

uma maneira barata de produzir<br />

a artemisina, um medicamento<br />

para o combate à malária.<br />

A unidade terá capacidade<br />

para transformar 1 milhão de<br />

toneladas de cana em farneseno,<br />

produto que tem valor agregado<br />

superior ao diesel. Na segunda<br />

fase, de mais 1 milhão de<br />

toneladas, os investimentos serão<br />

compartilhados. A vantagem<br />

dos produtos da Amyris sobre<br />

outros químicos e combustíveis<br />

renováveis, como o biodiesel,<br />

é que as leveduras da<br />

empresa geram hidrocarbonetos,<br />

de fórmula idêntica àqueles<br />

feitos do petróleo.<br />

Liquidez<br />

O valor da oferta de ações nem é<br />

tão alto, se comparado à soma<br />

dos US$ 244 milhões que a<br />

Amyris já captou com vários fundos<br />

de investimento privados,<br />

mais os US$ 133 milhões injetados<br />

na empresa pela petrolífera<br />

francesa Total em troca de 20,8%<br />

das ações e os US$ 24 milhões que<br />

o Departamento de Energia dos<br />

Estados Unidos se comprometeu<br />

em investir na companhia entre<br />

este ano e 2012. Até o dia 31 de<br />

março, quando foi fechado o formulário<br />

entregue à SEC (comissão<br />

de valores mobiliários americana),<br />

a Amyris já tinha gastado<br />

US$ 136,6 milhões.<br />

Mas por trás da abertura de<br />

capital está também a necessidade<br />

de dar maior liquidez às<br />

ações detidas por dezenas de<br />

sócios, segundo o formulário de<br />

solicitação de oferta inicial de<br />

ações protocolado pela companhia<br />

junto à SEC.<br />

Entre os principais investidores<br />

da Amyris está o fundo Khosla<br />

Ventures, do empresário Vinod<br />

Khosla, fundador da Sun Microsystems.<br />

Já entre os sócios<br />

menores passou a figurar em de-<br />

zembro do ano passado a brasileira<br />

Stratus Investimentos, que<br />

comprou R$ 23 milhões em ações<br />

da subsidiária Amyris <strong>Brasil</strong>.<br />

A Stratus foi fundada em<br />

1999 por dois ex-executivos do<br />

banco Pactual, Alberto Camões<br />

e Álvaro Gonçalves. Camões foi<br />

também gestor de um fundo de<br />

private equity do Texas Pacific<br />

Group (TPG), outro dos grandes<br />

acionistas da Amyris.<br />

Com a abertura de capital<br />

nos Estados Unidos, as ações<br />

da Stratus serão trocadas por<br />

ações da Amyris Inc., companhia<br />

criada pela californiana<br />

Amyris no estado de Delaware,<br />

espécie de paraíso fiscal dentro<br />

do país. ■<br />

Setembro de 2007 Março de 2008 Abril de 2008 Setembro de 2008<br />

A Amyris conclui sua primeira<br />

captação de recursos com a<br />

emissão de ações. Cerca de<br />

US$ 70 milhões são aplicados<br />

na companhia diante das boas<br />

perspectivas de que o microorganismo<br />

desenvolvido para<br />

produzir a artemisina pode<br />

transformar açúcares em diesel.<br />

A Amyris e o instituto OneWorld<br />

Health, intermediador da doação<br />

de Bill Gates, assinam um<br />

acordo com o laboratório Sanofi-<br />

Aventis para o desenvolvimento<br />

da artemisina semi-sintética.<br />

A Amyris abre mão dos royalties<br />

sobre sua tecnologia para<br />

gerar remédios mais baratos.<br />

ALVO DE INVESTIMENTOS<br />

A Amyris é controlada por<br />

vários fundos internacionais<br />

e pela companhia petrolífera<br />

francesa Total<br />

PARTICIPAÇÃO NO CAPITAL<br />

Total Gas & Power<br />

20,8%<br />

Outros*<br />

27,8%<br />

John Melo<br />

(CEO)<br />

4,2%<br />

Advanced Equities<br />

5,2%<br />

Kleiner Perkins<br />

Caufield & Byers<br />

12,2%<br />

Khosla<br />

Ventures<br />

Fonte: Empresa<br />

*Inclui os grupos brasileiros Votorantim<br />

e Cornélio Brennand, além de outros fundos,<br />

como TriplePoint Capital e Naxos UK<br />

12,2%<br />

TPG<br />

Capital<br />

9,6%<br />

Temasek<br />

8%<br />

A brasileira Crystalsev,<br />

sociedade de várias usinas de<br />

cana-de-açúcar paulistas, fecha<br />

uma parceria com a Amyris para<br />

desenvolver o diesel de cana.<br />

A sociedade foi desfeita em<br />

2009, quando a Louis Dreyfus<br />

comprou a SantelisaVale,<br />

controladora da Crystalsev.<br />

Laboratório da Amyris<br />

em Campinas, no interior<br />

de São Paulo<br />

A primeira unidade piloto para<br />

a produção de diesel a partir<br />

de açúcar começa a funcionar na<br />

sede da Amyris em Emeryville,<br />

Califórnia. Em setembro de<br />

2009 entrou em operação uma<br />

nova fábrica piloto, de cinco<br />

mil litros, na unidade da<br />

companhia em Campinas (SP).


Patricia Santos<br />

<strong>Brasil</strong> Ecodiesel tem lucro de R$ 2,5 mi<br />

A companhia, presidida por Mauro Cerchiari, conseguiu reduzir seu<br />

endividamento —em relação ao mesmo período do ano passado,<br />

passou de uma dívida líquida de R$ 227,1 milhões para um caixa líquido<br />

de R$ 65,9 milhões. Já a receita líquida foi de R$ 107,9 milhões. Com<br />

a suspensão do Selo Combustível Social das usinas de Itaqui (MA)<br />

e Iraquara (BA), o volume contratado com a Petrobras para entrega no<br />

segundo trimestre foi reduzido de 69 mil para 45 mil metros cúbicos.<br />

Outubro de 2008 Setembro de 2009 Dezembro de 2009 Junho de 2010<br />

A Votorantim Novos Negócios<br />

(VNN), braço de private equity e<br />

venture capital do conglomerado<br />

brasileiro, torna-se sócia da<br />

Amyris. Considerando outras<br />

opções de compra de ações<br />

adquiridas pela VNN, a fatia<br />

da brasileira valeria hoje cerca<br />

de US$ 3,5 milhões.<br />

O grupo brasileiro de<br />

energia Cornélio Brennand<br />

entra na Amyris com<br />

um investimento não<br />

revelado. Somado<br />

a novos aportes de<br />

outros sócios, a Amyris<br />

capta US$ 41 milhões<br />

com a operação.<br />

Marcio Fernandes/AE<br />

A Amyris e o grupo<br />

sucroalcooleiro São Martinho<br />

fecham um acordo para instalar<br />

uma unidade de produção de<br />

diesel de cana anexa a uma<br />

usina do grupo. Em abril deste<br />

ano, o acordo foi alterado<br />

para outra usina e transformado<br />

em uma joint venture.<br />

Depois de ter recebido US$ 244<br />

milhões em aportes privados<br />

desde 2007, a Amyris recebe<br />

US$ 133 milhões da companhia<br />

petrolífera francesa Total em<br />

troca de 20,8% das ações.<br />

Uma série de acordos é firmada.<br />

Com a Cosan é acertada a<br />

criação de uma joint venture<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 23<br />

Produção será<br />

antecipada<br />

com parceria<br />

Farneseno será fabricado em<br />

Piracicaba enquanto unidade na<br />

São Martinho não fica pronta<br />

Com o sucesso de sua unidade<br />

piloto em Campinas (SP), a<br />

Amyris decidiu começar a produzir<br />

o farneseno em escala comercial<br />

antes mesmo de sua fábrica<br />

em parceria com a Usina<br />

São Martinho ficar pronta, no<br />

segundo trimestre de 2012. O<br />

caminho encontrado foi firmar<br />

parceiras com <strong>empresas</strong> que tenham<br />

estrutura ociosa ou possam<br />

receber os fermentadores<br />

do caldo de cana em suas instalações,<br />

em um modelo de negócios<br />

conhecido como “contract<br />

manufacturing”.<br />

A primeira dessas parcerias<br />

foi fechada em junho, com a filial<br />

brasileira da Biomin, empresa<br />

austríaca de nutrição animal.<br />

A fábrica da Biomin em Piracicaba<br />

(SP) receberá um fermentador<br />

no qual as leveduras<br />

transgênicas da Amyris reagirão<br />

com o caldo de cana e produzirão<br />

o farneseno.<br />

Até hoje, unidades piloto e<br />

contratos semelhantes ao da<br />

Biomin serviram apenas para<br />

produzir o farneseno e seus<br />

subprodutos com fins de certificação<br />

e testes. Em escala maior,<br />

a Amyris poderá inclusive afinar<br />

os detalhes do processo para sua<br />

primeira unidade própria.<br />

A expectativa é que a produção<br />

comece já em 2011. O foco<br />

da produção de farneseno na<br />

Biomin será o mercado de químicos,<br />

que já estaria demandante<br />

pelas matérias-primas<br />

renováveis da Amyris.<br />

Prova disso é que no mês<br />

passado a companhia americana<br />

firmou também vários acordos<br />

antecipados de venda de<br />

seus produtos. A Shell, por<br />

exemplo, fechou a compra da<br />

Uma fábrica da<br />

austríaca Biomin<br />

Nutrição Animal em<br />

Piracicaba (SP)<br />

receberá instalações<br />

para produzir os<br />

químicos verdes da<br />

Amyris a partir de<br />

2011, um ano antes<br />

de a primeira<br />

unidade comercial<br />

entrar em operação<br />

produção de diesel verde da<br />

Amyris. Já a Cosan assinou um<br />

acordo para criar uma joint venture<br />

com a Amyris para explorar<br />

o mercado internacional de químicos<br />

intermediários renováveis<br />

para certas aplicações industriais<br />

e automotivas. Outro<br />

acordo com a Procter & Gamble<br />

prevê o fornecimento dos derivados<br />

de farneseno para a fabricação<br />

de produtos da gigante de<br />

consumo. Acordo semelhante<br />

foi firmado com a química italiana<br />

M&G e com a francesa Soliance,<br />

fabricante de ingredientes<br />

renováveis para cosméticos.<br />

Em todos esses casos está prevista<br />

a parceria no desenvolvimento<br />

dos novos produtos com<br />

o farneseno. ■ L.S.<br />

para explorar o mercado global<br />

de químicos renováveis. Já com<br />

a Shell é fechada a venda do<br />

diesel a ser produzido. São feitos<br />

acordos de venda dos químicos<br />

da Amyris e desenvolvimento de<br />

cosméticos feitos com eles com<br />

a Procter & Gamble, a italiana<br />

M&G e a francesa Soliance.


24 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

EMPRESAS<br />

Variação<br />

cambial<br />

reduz lucro<br />

da Suzano<br />

Ganho do segundo trimestre<br />

ficou em R$ 135 milhões, inferior<br />

em 69,3% ao apurado em 2009<br />

A Suzano Papel e Celulose encerrou<br />

o segundo trimestre com<br />

lucro líquido abaixo do esperado,<br />

pressionada por variações<br />

cambiais negativas sobre a dívida<br />

em moeda estrangeira.<br />

A companhia teve lucro líquido<br />

de R$ 135 milhões ante expectativa<br />

média de previsões de<br />

seis analistas obtida pela Reuters<br />

de ganho de R$ 158,2 milhões.<br />

Um ano antes, o resultado apresentou<br />

ganho de R$ 439,2 milhões,<br />

quando “o real se valorizou<br />

em 15,7% em relação ao dólar,<br />

gerando resultado financeiro<br />

significativamente positivo”.<br />

Operacionalmente, a companhia<br />

elevou sua geração de<br />

caixa em 77,5% na comparação<br />

anual, obtendo um Ebitda (sigla<br />

em inglês para lucro antes<br />

de juros, impostos, depreciação<br />

e amortização) de R$ 413<br />

milhões. A margem saltou de<br />

21,1% para 34,7%.<br />

As vendas de celulose<br />

da companhia<br />

registraram queda<br />

de 23,3% no<br />

segundo trimestre<br />

em comparação<br />

com o ano passado<br />

A receita líquida da companhia<br />

cresceu 8,2% na comparação<br />

anual e 22,5% sobre o primeiro<br />

trimestre, para R$ 1,19 bilhão.<br />

As vendas de celulose recuaram<br />

23,3% na comparação<br />

com o segundo trimestre do ano<br />

passado e cresceram 9,1% na<br />

comparação com os três primeiros<br />

meses deste ano, para 420 mil<br />

toneladas. As vendas de papel<br />

também foram menores comparadas<br />

com o desempenho de um<br />

ano antes, queda de 5,4%, e cresceram<br />

sobre o primeiro trimestre,<br />

15,5%, para 297 mil toneladas.<br />

A produção registrou volume<br />

de celulose de mercado de<br />

422 mil toneladas de abril a junho,<br />

incremento de 1,4% sobre<br />

um ano antes e de 10,7% na<br />

comparação com o primeiro<br />

trimestre deste ano. ■<br />

Nelson Ching/Bloomberg<br />

SIDERURGIA<br />

Produção de aço na China cai 3,8%<br />

em julho e atinge 51,74 milhões de toneladas<br />

Os dados são do Bureau Nacional de Estatísticas da China. A produção<br />

média diária de julho, de 1,67 milhão de toneladas, declinou 6,7%<br />

em comparação a junho. A queda na produção média diária de julho<br />

foi a maior nos últimos dois anos, segundo analistas. A produção<br />

média diária é considerado um melhor indicador para estimativa<br />

de eventuais mudanças de tendência na direção da produção.


ENERGIA<br />

Eletrobras assina protocolo para participar<br />

de gestão compartilhada da Celgpar<br />

A empresa controla o fornecimento de energia em Goiás, da qual<br />

a Eletrobras é acionista minoritária e credora. O acordo prevê<br />

a implementação de gestão compartilhada da Celgpar e suas<br />

subsidiárias entre o governo do estado e a estatal. O governo de<br />

Goiás, em contrapartida, deverá contrair um empréstimo na Caixapara<br />

aportar na Celgpar, visando a recuperação financeira da companhia.<br />

Divulgação<br />

PETRÓLEO<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 25<br />

OGX descobre presença de óleo e gás em<br />

bloco de águas rasas da Bacia de Campos<br />

Até o momento, foi identificada uma coluna de óleo e gás de<br />

aproximadamente 12 metros em reservatórios carbonáticos da seção<br />

albiana do poço denominado Ingá, a 95 km da costa do estado do Rio<br />

de Janeiro. “Estamos ainda em zona de hidrocarbonetos e a perfuração<br />

desta seção, que foi interrompida para testemunhagem, continuará a fim<br />

de se determinar a coluna total e o net pay”, afirmou a empresa em nota.<br />

Eletronuclear<br />

e EPE<br />

avaliam<br />

novas usinas<br />

Companhias fecham acordo<br />

de cooperação técnica<br />

no valor de R$ 3,3 milhões<br />

A Eletronuclear, empresa da<br />

Eletrobras encarregada da geração<br />

de energia atômica no<br />

<strong>Brasil</strong>, assinou um acordo de<br />

cooperação técnica com a Empresa<br />

de Pesquisa Energética<br />

(EPE) para estudos preliminares<br />

de locais para instalação de<br />

novas usinas nucleares. De<br />

acordo com comunicado da<br />

EPE divulgado ontem, a parceria<br />

pesquisará áreas que podem<br />

receber novas usinas inicialmente<br />

nos Estados de Espírito<br />

Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,<br />

São Paulo, Paraná, Santa<br />

Catarina, Rio Grande do Sul,<br />

Goiás e Mato Grosso do Sul.<br />

Companhias<br />

realizam estudos<br />

preliminares das<br />

áreas que podem<br />

receber novas<br />

usinas nucleares nas<br />

regiões Sul, Sudeste<br />

e Centro-Oeste<br />

A EPE e a Eletronuclear compartilharão<br />

informações sobre<br />

seus interesses e definirão a metodologia<br />

da pesquisa. O valor<br />

do acordo é de R$ 3,3 milhões,<br />

sendo que a EPE participará<br />

com até R$ 1,28 milhão, durante<br />

os 24 meses de duração da parceria,<br />

que pode ser prorrogada.<br />

De acordo com um estudo de<br />

longo prazo elaborado pela EPE<br />

juntamente com o governo federal,<br />

a redução do potencial<br />

hidrelétrico nas próximas décadas<br />

abre a necessidade de construção<br />

de quatro usinas nucleares<br />

até 2030, além de Angra 3,<br />

cuja construção foi retomada no<br />

final do ano passado.<br />

“Como o potencial hidrelétrico<br />

brasileiro começa a se esgotar<br />

dentro de aproximadamente<br />

20 anos, a energia nuclear<br />

passará a ser uma boa opção<br />

para a expansão, complementada<br />

por fontes alternativas como<br />

a eólica e a biomassa”, afirma o<br />

presidente da EPE, Mauricio<br />

Tolmasquim. ■ Reuters


26 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

EMPRESAS<br />

CONSTRUÇÃO 1<br />

Lucro da Camargo Corrêa Desenvolvimento<br />

Imobiliário cresce 231,3% no 2º trimestre<br />

A CCDI registrou lucro líquido de R$ 25 milhões no segundo trimestre,<br />

valor superior ao ganho de R$ 7,5 milhões apurado um ano antes.<br />

O lucro por ação foi de R$ 0,2214 no segundo trimestre deste ano,<br />

face a R$ 0,0668 em igual época de 2009. A receita líquida de vendas<br />

avançou 64,2% entre abril e junho, totalizando R$ 219,1 milhões,<br />

ante R$ 133,49 milhões registrado em mesmo período do ano passado.<br />

Companhia atinge resultado de R$ 185,2 milhões no semestre e tem 48,5% das vendas no segmento comercial<br />

Natália Flach<br />

nflach@brasileconomico.com.br<br />

Um ano em um semestre. Assim<br />

foi o resultado operacional da<br />

Brookfield, que registrou de janeiro<br />

a junho um lucro líquido<br />

de R$ 185,2 milhões, montante<br />

equivalente a 92% do lucro total<br />

do ano passado. “Isso representa<br />

um crescimento de 94% em<br />

relação ao mesmo período do<br />

ano anterior”, compara Luiz<br />

Rogélio Tolosa, diretor executivo<br />

de relações institucionais e<br />

com investidores da Brookfield.<br />

A venda de 70% do edifício<br />

corporativo Triple A na Avenida<br />

Faria Lima, em São Paulo, foi<br />

fundamental para a obtenção<br />

desse resultado. Segundo Tolosa,<br />

o empreendimento — vendido<br />

por R$ 600,6 milhões — representa<br />

a metade da receita do<br />

segundo trimestre, que atingiu<br />

R$ 1,2 bilhão. “A comercialização<br />

do prédio não é um evento<br />

único, que nunca acontece. Na<br />

verdade, 20% da nossa operação é<br />

dedicada a empreendimentos comerciais”,<br />

afirma o executivo,<br />

acrescentando que, no primeiro<br />

semestre, a receita líquida somou<br />

R$ 1,7 bilhão, um aumento de<br />

111% em relação aos primeiros seis<br />

meses do ano passado. De acordo<br />

com Antônio Bezerra, analista da<br />

Lopes Filho Associados, esta é a<br />

maior transação do país. “Pelo<br />

fato de a Brookfield ter vendido<br />

apenas a sua participação de 70%<br />

e obtido mais de R$ 600 milhões,<br />

esta foi a venda mais alta.”<br />

De janeiro a junho, 48,5% do<br />

total de vendas contratadas vieram<br />

de empreendimentos comerciais.<br />

Além do Triple A, o DF<br />

Century Plaza, no Distrito Federal,<br />

rendeu aos cofres da companhia<br />

R$ 198 milhões. Para o segundo<br />

semestre, a Brookfield tem<br />

outra carta na manga. É o edifício<br />

Giroflex, localizado na Avenida<br />

das Nações Unidas, perto da ponte<br />

João Dias. De acordo com Tolosa,<br />

a meta é vender o empreendimento<br />

— que ganhou este nome<br />

por estar no terreno onde funcionava<br />

a fábrica da Giroflex — por<br />

R$ 400 milhões a R$ 500 milhões.<br />

“A torre está sendo ofertada, e o<br />

nosso objetivo é que seja vendida<br />

para uma única empresa, como<br />

foi com o Triple A”, afirma.<br />

“Temos capital<br />

dimensionado para<br />

crescer 20% neste ano e<br />

outros 20% no ano que<br />

vem. Isso nos levará ao<br />

dilema de continuar<br />

crescendo ou aumentar<br />

os dividendos<br />

Luiz Rogélio Tolosa,<br />

diretor executivo de relações<br />

institucionais e com investidores<br />

da Brookfield<br />

Rafael Neddermeyer<br />

CONSTRUÇÃO 2<br />

WTorre pode cancelar abertura de capital<br />

neste ano devido à oferta da Petrobras<br />

A companhia pode cancelar planos de vender ações neste ano já que<br />

a oferta da Petrobras deve reduzir o apetite dos investidores por<br />

novos papéis. A empresa decidirá em uma semana se leva adiante ou<br />

não seu processo de abertura de capital, disse o diretor de relações com<br />

investidores da empresa, Bruno de Queiroz. “Infelizmente, hoje parece<br />

não ser o momento, por mais que o mercado esteja voltando,” disse.<br />

Edifícios corporativos levam<br />

lucro da Brookfield à alta de 94%<br />

VENDAS CONTRATADAS<br />

R$ 1,8 bi<br />

é o montante comercializado no<br />

primeiro semestre, um aumento<br />

de 108% ante o mesmo período<br />

de 2009. Isso representa 73%<br />

da meta de vendas para 2010.<br />

CENTRO-OESTE<br />

71,6%<br />

de tudo o que foi lançado pela<br />

Brookfield no primeiro semestre<br />

está na região. São Paulo vem<br />

em segundo lugar, com 20,5%<br />

do total lançado no país.<br />

DÍVIDA/PATRIMÔNIO<br />

47%<br />

é a relação de endividamento da<br />

incorporadora. Segundo Tolosa,<br />

neste ano, vencem 7,5% das dívidas.<br />

Hoje, o banco de terrenos da<br />

Brookfield soma R$ 16,5 bilhões,<br />

sendo que a metade deverá<br />

ser utilizada nos próximos<br />

cinco anos. “Já o restante é investimento<br />

a longo prazo.”<br />

O executivo lembra que a<br />

meta para este ano é lançar empreendimentos<br />

que somem de<br />

R$ 3 bilhões a R$ 3,3 bilhões, e,<br />

no que se refere a vendas, o objetivo<br />

está entre R$ 2,5 bilhões e<br />

R$ 2,7 bilhões. “Mas, só nos seis<br />

primeiros meses, conseguimos<br />

atingir 73% do valor mínimo.<br />

Por isso, acho que vamos acabar<br />

ultrapassando a projeção.”<br />

Tolosa afirma que a Brookfield<br />

tem capital dimensionado para<br />

crescer 20% neste ano e outros<br />

20% no ano que vem. “Isso nos<br />

levará ao seguinte dilema, em<br />

2012: continuamos crescendo ou<br />

vamos aumentar os dividendos”,<br />

diz. “O problema é que, quando<br />

se tem muito dinheiro, a tendência<br />

é fazer bobagem. Mas, para<br />

isso, temos uma disciplina rígida<br />

aqui na companhia”, afirma.<br />

O executivo descarta, por<br />

exemplo, investir em outras<br />

áreas de negócio, que não seguem<br />

a mesma estratégia da<br />

companhia. “Mas adquirir em-<br />

Divulgação<br />

Edifício Triple A, na<br />

Avenida Faria Lima, em<br />

São Paulo, que foi vendido<br />

por R$ 600,6 milhões<br />

em junho deste ano<br />

presas do mercado imobiliário<br />

faz parte do nosso negócio. Se<br />

virmos que a companhia vai<br />

agregar valor, podemos comprar,<br />

sim. Tanto é que foi assim<br />

que a Brookfield foi formada”,<br />

diz sobre a união da Brascan,<br />

Company e MB Engenharia.<br />

Hoje, o caixa possui R$ 502<br />

milhões, e as dívidas a vencer<br />

neste ano correspondem a 7,5%<br />

do total. “E a maior parte é de<br />

Sistema Financeiro da Habitação<br />

(SFH).” Tolosa diz ainda<br />

que a relação entre dívida líquida<br />

sobre patrimônio é de 47%,<br />

“bem razoável”. ■


DROGARIAS<br />

Lucro e receita da Drogasil<br />

crescem no segundo trimestre<br />

No segundo trimestre deste ano, a Drogasil registrou lucro líquido<br />

de R$ 29 milhões, alta de 31,3% ante igual período de 2009, sendo<br />

que a receita bruta foi de R$ 513,3 milhões, 16,3% superior ao segundo<br />

trimestre de 2009. O Ebitda cresceu 35,5%, na mesma base de<br />

comparação, chegando a R$ 46,9 milhões. Deste total, 73% foram<br />

gerados pela venda de medicamentos e 27% por não medicamentos.<br />

Gran Estanplaza, em São Paulo: tarifas em real garantem preços<br />

competitivos e ocupação acima de 70% no primeiro semestre<br />

Grupo hoteleiro mudou modelo<br />

de negócio, e banco de terrenos<br />

deve garantir expansão<br />

Regiane de Oliveira<br />

roliveira@brasilconomico.com.br<br />

Um plano traçado há pouco mais<br />

de sete meses pretende mudar o<br />

perfil da rede hoteleira Estanplaza<br />

— a começar pelo nome. O grupo<br />

foi rebatizado de Concivil-Estanplaza<br />

porque uniu suas cinco<br />

unidades de negócios sob uma<br />

administração única— Estanplaza<br />

(hotéis), Concivil (construtora),<br />

Lucius (incorporadora e patrimonial),<br />

Estanconfor (administração<br />

de residenciais) e Estancorporate<br />

(administração de escritórios).<br />

O grupo inteiro passou a atuar<br />

no desenvolvimento de projetos<br />

imobiliários de hotelaria, residenciais<br />

ou comerciais baseados<br />

no conceito de longa permanência,<br />

com prazo mínimo<br />

de locação de um mês.<br />

Salam<br />

eueuismolor<br />

ilituni la<br />

alismod<br />

“A Lucius, braço patrimonial,<br />

adquire de 30% a 40% dos empreendimentos<br />

que são lançados”,<br />

afirma Célio Martinez, gerente<br />

de marketing da empresa.<br />

Segundo ele, a estratégia garante<br />

ao investidor que o projeto manterá<br />

seu conceito original no futuro,<br />

visto que o setor ainda é visto<br />

com desconfiança, devido a alterações<br />

repentinas na administração<br />

de empreendimentos de hotelaria<br />

lançados no passado.<br />

R. Donask<br />

Expansão<br />

Até o fim do ano, serão cruzadas<br />

as divisas da capital paulista.<br />

Campinas está na mira do grupo,<br />

que também tem terrenos<br />

em outras cidades do Sudeste,<br />

Sul e Centro-Oeste.<br />

Hoje, a receita da Concivil-Estanplaza<br />

é de R$ 130 milhões, e a<br />

expectativa é de aumento de 20%<br />

só com a demanda atual. São doze<br />

empreendimentos administrados<br />

por ela, sendo sete hotéis e cinco<br />

residenciais, que somam um patrimônio<br />

de R$ 850 milhões, valor<br />

que dobrou em dois anos. Segundo<br />

Martinez, é ideia é manter<br />

esta velocidade de crescimento.<br />

Três empreendimentos da<br />

marca Estanconfor acabam de<br />

ser lançados em São Paulo e vão<br />

representar um aumento de 60%<br />

a 70% no faturamento do grupo<br />

no prazo de três anos. Ao todo,<br />

será contabilizado um salto de<br />

612 apartamentos para 1.059. Um<br />

dos prédios, no bairro do Brook-<br />

COMÉRCIO<br />

lin, será o primeiro projeto da<br />

empresa a unir residencial de<br />

longa permanência e edifício comercial<br />

. Os clientes poderão alugar<br />

salas a partir de 60 metros<br />

quadrados por período de um<br />

mês e, se precisarem, apartamentos<br />

no mesmo terreno.<br />

Entre as grandes redes de hotelaria,<br />

esses três empreendimentos<br />

são os únicos em construção<br />

no mercado paulistano.<br />

Martinez afirma ter um banco de<br />

terrenos que viabiliza novos projetos.<br />

O preço do metro quadrado,<br />

na faixa R$ 10 mil em áreas nobres<br />

da cidade, impede, por exemplo,<br />

projetos de hotéis econômicos,<br />

cuja rentabilidade é menor.<br />

A Estanplaza trabalha com um<br />

valor entre R$ 8,5 mil e R$ 9 mil o<br />

metro quadrado, o que faz um<br />

apartamento de 39 metros quadrados<br />

ser comercializado a partir<br />

de R$ 360 mil. A rentabilidade<br />

esperada para os prédios em<br />

construção é de 0,8% ao mês. ■<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 27<br />

Lojas de material de construção vendem<br />

8,5% a mais em julho, segundo Anamaco<br />

As vendas do varejo de material de construção cresceram 8,5% em julho<br />

na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a Associação<br />

Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). “Em<br />

julho, para 34% das lojas, as vendas aumentaram. Para outros 28%, elas<br />

continuaram iguais”, diz Cláudio Conz, presidente da Anamaco. De janeiro<br />

a julho, o crescimento foi de 9,6% em relação ao mesmo período de 2009.<br />

Estanplaza vai cruzar divisa paulistana<br />

Receita atual é de<br />

R$ 130 milhões, com<br />

expectativa de alta<br />

de 20% apenas com<br />

a demanda existente<br />

Rafael Neddermeyer<br />

PATRIMÔNIO<br />

R$ 850 mi<br />

é quanto valem os apartamentos<br />

administrados atualmente<br />

pela companhia. Esse número<br />

deve dobrar em três anos, com<br />

o lançamento de novos hotéis.<br />

ESTADIA<br />

R$ 4,5 mil<br />

é o maior valor de aluguel mensal<br />

cobrado pela Concivil-Estanplaza.<br />

As acomodações de luxo custam,<br />

em média, R$ 36 mil por mês.<br />

HOTELARIA<br />

30%<br />

é a participação dos hotéis<br />

da bandeira Estanplaza<br />

no faturamento do grupo,<br />

que tem média de ocupação<br />

de quartos de 90% ao ano.


28 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

EMPRESAS<br />

PESQUISA<br />

<strong>Brasil</strong> alcança 26,1 milhões<br />

de acessos à banda larga<br />

Segundo balanço do primeiro semestre realizado pela Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira de Telecomunicações (Telebrasil), em parceria com a consultoria<br />

Teleco, o <strong>Brasil</strong> tem 26,1 milhões de acessos à banda larga. No seis<br />

primeiros meses do ano, houve crescimento de 42% em relação a<br />

dezembro de 2009, quando o país registrava 18,4 milhões de assinantes.<br />

De janeiro a junho, foram ativadas 7,7 milhões de novas conexões.<br />

Sony vai<br />

vender<br />

Playstation 3<br />

no <strong>Brasil</strong><br />

Console terá subsídio para turbinar<br />

comercialização de jogos e acessórios<br />

Carolina Pereira<br />

cpereira@brasileconomico.com.br<br />

A Sony <strong>Brasil</strong> anunciou ontem o<br />

ínicio das vendas do Playstation<br />

3 no <strong>Brasil</strong>. Desde ontem à tarde,<br />

o console pode ser encontrado<br />

nas lojas da marca por<br />

R$ 1.999, na versão com 120 gigabytes<br />

de memória, segundo o<br />

presidente da divisão Playstation<br />

no país, Anderson Gracias.<br />

O executivo afirma que o preço<br />

está sendo subsidiado e que não<br />

irá lucrar com as vendas. No entanto,<br />

alguns varejistas oferecem<br />

o produto por até 53% do<br />

valor. Em geral, são equipamentos<br />

que chegam ao país por<br />

meio de importadoras.<br />

Por trás do subsídio está a intenção<br />

da Sony de impulsionar<br />

as vendas de jogos e acessórios.<br />

Atualmente, a venda de consoles<br />

responde por 20% da divisão<br />

Playstation da Sony <strong>Brasil</strong>, enquanto<br />

o restante, os acessórios<br />

e os jogos, são responsável por<br />

80% da receita. Além do Playstation<br />

3, a Sony vende no <strong>Brasil</strong><br />

a versão 2 do console e os jogos<br />

de ambos. Nenhum dos produtos<br />

é fabricado no país.<br />

Para diminuir o preço dos<br />

consoles no <strong>Brasil</strong>, Gracias não<br />

descarta a produção local e afirma<br />

que há estudos em andamento.<br />

Mas diz que irá trabalhar outras<br />

formas para tentar baixar o<br />

valor, pois “pode ser que a fabricação<br />

local não aconteça”. Para<br />

se ter uma ideia do peso da tributação<br />

sobre o produto na importação,<br />

nos EUA, o videogame<br />

custa o equivalente a R$ 530 na<br />

loja on-line da Amazon.<br />

Concorrência<br />

A iniciativa da fabricante pretende<br />

também inibir a comercialização<br />

do produto trazido ao<br />

país por importadoras, sem<br />

O videogame<br />

portátil PSP<br />

também deve<br />

ser vendido<br />

oficialmente<br />

pela fabricante<br />

até o Natal<br />

Anderson Gracias,<br />

presidente da divisão<br />

Playstation da Sony<br />

<strong>Brasil</strong>, quer convencer<br />

varejistas a abandonar<br />

produtos trazidos<br />

por importadoras<br />

Daniel Acker/Bloomberg<br />

embalagens originais ou manuais<br />

em português e, segundo<br />

Gracias, fora das normas estipuladas<br />

por órgãos como o Instituto<br />

Nacional de Metrologia,<br />

Normalização e Qualidade Industrial<br />

(Inmetro) e a Agência<br />

Nacional de Telecomunicações<br />

(Anatel). O Playstation 3 que<br />

chega ao país por importadoras<br />

pode ser encontrado em varejistas<br />

como o Submarino, ao<br />

preço de R$ 1.299.<br />

Para encarar os preços mais<br />

baratos das importadoras, a<br />

empresa aposta nas vantagens<br />

que pode oferecer, como garantia<br />

de um ano (no caso do Submarino,<br />

por exemplo, o período<br />

é de três meses). Além disso,<br />

E-READER<br />

Plastic Logic desiste do lançamento<br />

do leitor eletrônico Que<br />

A fabricante britânica de telas Plastic Logic não vai mais colocar no<br />

mercado o aguardado leitor eletrônico Que, visto como um rival potencial<br />

ao Kindle, da Amazon. A empresa disse que decidiu se concentrar<br />

no desenvolvimento de uma segunda geração do aparelho, depois<br />

de aceitar que o mercado de dispositivos de leitura eletrônica evoluiu.<br />

A companhia não deu mais detalhes sobre um novo projeto.<br />

Gracias diz que a companhia<br />

está em processo de negociação<br />

com diversos varejistas para que<br />

passem a oferecer o produto<br />

“oficial”. “Queremos conscientizar<br />

as lojas de que estão levando<br />

a nossa marca ao consumidor<br />

da forma errada”, afirma.<br />

O executivo, no entanto, não<br />

diz com quais redes está conversando.<br />

“Pode acontecer do<br />

varejo resistir em comprar o<br />

produto da Sony”, afirma, referindo-se<br />

ao preço mais elevado<br />

do equipamento no país. Segundo<br />

estimativas da fabricante,<br />

mesmo sem disponibilizar o<br />

console no <strong>Brasil</strong> até ontem,<br />

cerca de 500 mil consumidores<br />

possuem o produto. ■<br />

Thiago Teixeira<br />

CONCORRÊNCIA<br />

● O Playstation 3 disputa<br />

diretamente com consoles de<br />

terceira geração como o Xbox<br />

360, fabricado pela Microsoft,<br />

e o Wii, da Nintendo.<br />

● A Microsoft vende o Xbox 360<br />

no <strong>Brasil</strong> desde 2006 e tem,<br />

entre os varejistas parceiros,<br />

o site Submarino, onde a versão<br />

mais barata custa R$ 999.<br />

● A Nintendo também vende<br />

o Wii no país. O produto<br />

é distribuído pela Latamel<br />

e vendido por lojas como Fnac,<br />

Saraiva e Extra.


RESULTADO<br />

Vendas no varejo registram<br />

crescimento no semestre<br />

De acordo com informações do IBGE, o primeiro semestre do ano<br />

fechou com alta recorde de 11,5%. Somente em junho, o aumento<br />

das vendas foi de 1% sobre maio e de 11,3% em relação ao mesmo<br />

mês do ano passado. “Se a expectativa é de que o país cresça<br />

no mínimo 6 %, o comércio vai acompanhar esse movimento”,<br />

disse o economista do IBGE Reinaldo Pereira.<br />

Competir diretamente com grandes<br />

<strong>empresas</strong> brasileiras de tecnologia<br />

como a Tivit e a CPM Braxis<br />

é o objetivo do Grupo Sonda,<br />

de origem chilena. Para ter a<br />

abrangência e o tamanho das<br />

concorrentes no país, a companhia<br />

desembolsou cerca de R$ 90<br />

milhões este ano apenas na aquisição<br />

de <strong>empresas</strong> locais, o que<br />

transformou a filial brasileira em<br />

um grupo de tecnologia com previsão<br />

de faturamento de R$ 1 bilhão<br />

ao final de 2011.<br />

Com as compras feitas este<br />

ano, a intenção da empresa é<br />

atuar em áreas estratégicas, nas<br />

quais a presença precisava ser fortalecida.<br />

A Telsinc, por exemplo,<br />

comprada em abril por R$ 66 milhões,<br />

fez com que a Sonda ampliasse<br />

a oferta dos produtos da<br />

Cisco, de redes. A Kaizen, por outro<br />

lado, adquirida por R$ 12 milhões,<br />

teve como objetivo ampliar<br />

o portfólio da fabricante EMC, especializada<br />

em armazenamento<br />

de dados. Com a Soft Team, que<br />

custou R$ 15 milhões, comprada<br />

em junho, a Sonda pretende reforçar<br />

a área de software fiscal.<br />

“Queremos convencer os<br />

clientes a reduzir custos concentrando<br />

tudo em um único fornecedor”,<br />

diz Carlos Henrique Testolini,<br />

presidente da Sonda<br />

Prockwork, uma das divisões do<br />

Grupo Sonda IT no <strong>Brasil</strong>, que<br />

também inclui a Sonda Telsinc e<br />

Sonda Software. Uma das apostas<br />

da empresa para ganhar mercado<br />

no país é o fato de os clientes optarem<br />

por ter um contrato único<br />

na América Latina, já que o grupo<br />

tem presença em nove países da<br />

região. “Antes, as <strong>empresas</strong> queriam<br />

fazer um contrato global de<br />

tecnologia. Hoje, viram que isso<br />

não funciona”, afirma o executivo,<br />

que acredita que os clientes<br />

preferem um integrador regional<br />

que conheça as particularidades<br />

dos mercados locais.<br />

Operação mundial<br />

Atualmente, a matriz chilena é a<br />

principal operação da empresa<br />

mas, segundo Testolini, no ano<br />

que vem o <strong>Brasil</strong> assumirá essa<br />

posição, com a consolidação das<br />

companhias. No ano passado,<br />

antes das três aquisições no país<br />

e uma no México, a NextiraOne,<br />

que custou R$ 50 milhões, o faturamento<br />

do grupo alcançou<br />

Tony Avelar/Bloomberg<br />

RECALL<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 29<br />

Apple vai substituir iPods nano com<br />

superaquecimento no Japão<br />

A unidade da Apple no Japão vai substituir qualquer iPod nano que<br />

apresentar superaquecimento, melhorando a oferta anterior que consistia<br />

apenas na troca de baterias defeituosas. A decisão ocorreu depois que<br />

o Ministério de Comércio do Japão determinou que a companhia<br />

publicasse um comunicado de “fácil entendimento” em seu site explicando<br />

como os usuários poderiam receber baterias novas e suporte técnico.<br />

Depois das compras, Sonda IT deve<br />

faturar no país R$ 1 bilhão em 2011<br />

Investimento de R$ 90 milhões em aquisições visa criar empresa capaz de competir com Tivit e CPM Braxis<br />

cerca de R$ 1,2 bilhão, sendo que<br />

o Chile foi responsável por 47%<br />

da receita e o <strong>Brasil</strong> por 34%. No<br />

primeiro semestre desse ano,<br />

ainda sem contabilizar as compras<br />

no país, o país expandiu em<br />

17% o faturamento em relação<br />

ao mesmo período do ano passado,<br />

atingindo receita de cerca<br />

de R$ 203 milhões.<br />

Para continuar crescendo<br />

depois da onda de aquisições, o<br />

plano da empresa é investir cerca<br />

de R$ 875 milhões em toda a<br />

operação entre 2010 e 2012 e<br />

metade desse montante será<br />

destinado a compras. Segundo a<br />

empresa, 60% do valor total<br />

será originado de recursos próprios<br />

e 40% de empréstimos.<br />

Dos cerca de R$ 437 milhões reservados<br />

para adquirir outras<br />

companhias, cerca de R$ 143 milhões<br />

foram utilizados esse ano,<br />

sendo que 65% do valor foi direcionado<br />

ao <strong>Brasil</strong>. O país continua<br />

sendo o primeiro em ordem de importância<br />

para aquisições, seguido<br />

de México e Colômbia. ■ C.P.<br />

■ COMPRAS<br />

O valor em aquisições de<br />

<strong>empresas</strong> este ano foi de<br />

R$143 mi<br />

■ NACIONAL<br />

Do valor utilizado para<br />

compras, o país ficou com<br />

65%<br />

■ AMPLIAÇÃO<br />

A brasileira Telsinc foi<br />

adquirida em abril por<br />

R$66 mi<br />

■ RESERVA<br />

Total em caixa destinado à<br />

expansão internacional é de<br />

R$437mi<br />

“Compramos três<br />

<strong>empresas</strong> no <strong>Brasil</strong><br />

este ano para<br />

ampliar o portfólio.<br />

Atualmente, os<br />

clientes querem<br />

concentrar toda a<br />

área de tecnologia<br />

em um contrato só<br />

Carlos Henrique Testolini,<br />

presidente da Sonda Prockwork<br />

Marcela Beltrão


30 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

EMPRESAS<br />

PRODUTOS DE CONSUMO 1<br />

Hypermarcas deve investir R$ 1,2 bilhão<br />

em novas compras nos próximos 12 meses<br />

A informação foi dada por Claudio Bergamo, diretor-presidente<br />

da quarta maior empresa de bens de consumo do país em valor<br />

de mercado. “A gente ainda tem espaço em balanço para fazer<br />

algo em torno de R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão” em aquisições,<br />

disse Bergamo. “Isso sem considerar trocas de ações,<br />

o que permitiria eventualmente fazer aquisições maiores.”<br />

Ana Paula Machado<br />

amachado@brasileconomico.com.br<br />

Para aumentar a presença no<br />

mercado brasileiro, a fabricante<br />

de jatos executivos de grande<br />

porte Gulfstream estuda a<br />

ampliação de seu centro de<br />

manutenção no <strong>Brasil</strong>. A empresa<br />

americana mantém,<br />

hoje, em parceria com a Jet<br />

Aviation, uma unidade para<br />

serviços de reparos leves em<br />

Sorocaba, no interior de São<br />

Paulo. O presidente mundial<br />

da Gulfstream, Joe Lombardo,<br />

disse que a intenção é ter no<br />

país um centro especializado<br />

em manutenção pesada e programada,<br />

hoje realizada apenas<br />

nos Estados Unidos.<br />

“O projeto é aumentar o<br />

hangar e os serviços efetuados<br />

aqui e, nos próximos dois anos,<br />

as obras estarão concluídas e<br />

poderemos oferecer todos os<br />

serviços de manutenção para<br />

nossos clientes”, disse Lombardo.<br />

Segundo ele, a empresa<br />

também deverá realizar a qualificação<br />

de técnicos para atuarem<br />

na nova área de serviço no<br />

<strong>Brasil</strong>. Hoje, acrescentou Lombardo,<br />

a empresa mantém um<br />

estoque de US$ 9 milhões em<br />

peças para facilitar as pequenas<br />

manutenções sem que seja necessária<br />

a importação de componentes<br />

das aeronaves. A companhia<br />

tem três centros de manutenção<br />

na América Latina e<br />

estão baseados no México, Venezuela<br />

e <strong>Brasil</strong>. No ano passado,<br />

na região, foram realizados<br />

109 reparos nas aeronaves fabricadas<br />

pela companhia.<br />

“O <strong>Brasil</strong> é um mercado muito<br />

importante para a empresa.<br />

Estamos no país desde 2002 e já<br />

temos 24 aeronaves em operação.<br />

O país, junto com a China,<br />

é um dos lugares em que a avia-<br />

PRODUTOS DE CONSUMO 2<br />

Companhia já desembolsou R$ 787,6<br />

milhões em cinco aquisições neste ano<br />

Os acordos ajudaram a impulsionar o valor de suas ações.<br />

A Hypermarcas teve alta de 50% nos últimos doze meses.<br />

Os papéis da empresa subiram 162% desde a abertura de capital<br />

em abril de 2008. O diretor-presidente, Claudio Bergamo, prevê que<br />

a compra de novas <strong>empresas</strong> vai ajudar as vendas da Hypermarcas<br />

a terem um crescimento médio anual de 65% nos próximos cinco anos.<br />

Gulfstream vai fazer manutenção<br />

pesada de jato executivo no país<br />

Fabricante tem unidade em Sorocaba, que é habilitada apenas para promover pequenos reparos<br />

“O <strong>Brasil</strong> é um dos<br />

mercados mais<br />

importantes para a<br />

empresa. Hoje, junto<br />

com a China, é um<br />

dos países que mais<br />

crescem no mundo,<br />

principalmente em<br />

função dos projetos<br />

de infraestrutura que<br />

devem sustentar todo<br />

o desenvolvimento<br />

econômico<br />

Joe Lombardo<br />

Fotos: Henrique Manreza<br />

Joe Lombardo, presidente<br />

mundial da Gulfstream:<br />

ampliação de serviços<br />

ção executiva mais cresce no<br />

mundo, isso em função do bom<br />

desempenho diante da crise<br />

econômica mundial. Toda semana<br />

temos reuniões estratégicas<br />

entre as <strong>empresas</strong> do Grupo<br />

General Dynamics e o <strong>Brasil</strong><br />

sempre está na pauta do dia”,<br />

afirmou o executivo.<br />

Hoje, 66% das entregas da<br />

companhia são realizadas fora<br />

dos Estados Unidos. Até 2004, o<br />

mercado americano era o grande<br />

comprador dos jatos Gulfstream,<br />

respondendo com 83%<br />

das entregas. “Os mercados no<br />

mundo mudaram e cresceu<br />

muito o interesse por esse tipo<br />

de aeronave, que além do conforto,<br />

proporciona mais autonomia<br />

para os empresários. Muitas<br />

vezes, eles têm reuniões marcadas<br />

em lugares distantes na<br />

mesma semana e não é interessante<br />

voar em avião de carreira,<br />

três, quatro vezes por semana.<br />

DESEMPENHO<br />

Mercado muda, e<br />

empresa entrega mais<br />

grandes aeronaves<br />

Para este ano, a Gulfstream<br />

tem programada a entrega<br />

de 77 jatos grandes, com<br />

capacidade para até 14<br />

passageiros e outras 14 médias.<br />

“Devemos entregar a mesma<br />

quantidade de aviões, mas<br />

o mercado vem mudando<br />

rapidamente. Houve uma<br />

transferência de pedidos de<br />

jatos médios para jatos<br />

grandes. Até 2007, as entregas<br />

de jatos médios somavam<br />

cerca de 50 unidades.<br />

Hoje, a preferência é por<br />

equipamentos maiores e com<br />

maior autonomia de voo”,<br />

disse o presidente mundial da<br />

Gulfstream, Joe Lombardo.<br />

A companhia tem em seu<br />

portfólio oito modelos<br />

de jatos executivos entre<br />

médios e grandes. Os preços<br />

de lista variam de US$ 15,1<br />

milhões para o G150 e<br />

US$ 64,5 milhões para<br />

o G650, que está em fase<br />

de testes e deve entrar em<br />

operação em 2012. A.P.M<br />

Aliás, dependendo da distância,<br />

isso se torna impossível ”, ressaltou<br />

Lombardo.<br />

No segundo trimestre deste<br />

ano, as vendas na aviação executiva<br />

chegaram a US$ 9,4 bilhões,<br />

aumento de 0,2% em relação<br />

ao mesmo período do ano<br />

passado. Mesmo com crescimento<br />

pouco expressivo, o desempenho<br />

nas encomendas<br />

deste ano interrompeu um ciclo<br />

de quedas que o setor experimentou<br />

nos últimos dois anos.<br />

No período, as fabricantes<br />

entregaram 547 aeronaves, volume<br />

40% superior no comparativo<br />

com o primeiro trimestre.<br />

“Os mercados estão reagindo,<br />

principalmente os emergentes<br />

como China e <strong>Brasil</strong>. Os Estados<br />

Unidos e a Europa, que sofreram<br />

mais com a recessão mundial,<br />

também dão sinais de melhora.<br />

Mas, tudo depende do comportamento<br />

da economia.” ■


LOGÍSTICA<br />

LLX, de Eike Batista, tem prejuízo líquido<br />

de R$ 5,4 milhões no segundo trimestre<br />

A companhia ainda está em fase pré-operacional. Um ano antes,<br />

registrou lucro de R$ 50,8 milhões. A companhia atribuiu o prejuízo<br />

às despesas gerais e administrativas de R$ 26,9 milhões de abril a junho,<br />

contra gastos de R$ 9,3 milhões nesse mesmo período um ano antes.<br />

A empresa tem em execução dois projetos portuários, o Superporto<br />

do Açu e o Porto Sudeste, ambos no estado do Rio de Janeiro.<br />

Yuriko Nakao/Reuters<br />

MONTADORAS<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 31<br />

Toyota suspende exportações ao Irã como<br />

parte das sanções à política nuclear do país<br />

“Interrompemos nossas remessas com destino ao Irã, levando em<br />

consideração a situação internacional”, afirma a empresa em um<br />

comunicado. “A Toyota considerou que se continuasse exportando<br />

para o Irã, no momento em que acabam de ser reforçadas as medidas<br />

de represália, seria difícil para a marca evitar consequências prejudiciais<br />

nos Estados Unidos”, destaca o jornal econômico japonês Nikkei.<br />

Julio Simões antecipa operação<br />

de terminal rodoferroviário em SP<br />

Contrato com a Usiminas<br />

foi decisivo para antecipação<br />

do projeto previsto para 2011<br />

A Julio Simões Logística começou<br />

a operar o terminal rodoferroviário<br />

em Itaquaquecetuba,no<br />

interior de São Paulo. O<br />

projeto era previsto para entrar<br />

em operação no próximo ano,<br />

mas foi adiantado em função<br />

de um contrato firmado com a<br />

Usiminas para o transporte de<br />

bobinas de aço.<br />

O diretor administrativo financeiro<br />

da companhia, Denys<br />

Ferrez, disse que hoje todo o<br />

transporte está sendo feito por<br />

rodovia e, por mês, são movi-<br />

mentadas 20 mil toneladas de<br />

bobinas entre a usina de Cubatão<br />

e os clientes finais da siderúrgica.<br />

Esse contrato tem<br />

validade para cerca de seis<br />

meses e poderá ser estendido<br />

com a conclusão das obras do<br />

ramal ferroviário e da ampliação<br />

do armazém.<br />

“A obra do terminal multimodal<br />

está dividida em fases e,<br />

nesta primeira etapa está prevista<br />

a construção de um armazém<br />

de 22 metros quadrados e<br />

um ramal ferroviário. Tudo isso<br />

deverá ser concluído no primeiro<br />

semestre do próximo<br />

ano. Hoje, operamos em 13 mil<br />

metros quadrados, com capaci-<br />

dade de 80 mil toneladas estáticas”,<br />

diz Ferrez. Com o contrato<br />

com a Usiminas, a Julio Simões<br />

coloca na estrada 20 carretas<br />

por dia e a expectativa é<br />

que possa movimentar, além<br />

das bobinas, 60 mil toneladas<br />

por mês até dezembro.<br />

O executivo ressaltou que no<br />

segundo trimestre, além do<br />

contrato com a Usiminas, a<br />

companhia teve uma receita de<br />

R$ 29 milhões com novos clientes<br />

e R$ 36 milhões com aumento<br />

de serviços de contratos<br />

já existentes. A receita bruta de<br />

prestação de serviços alcançou<br />

R$ 452,3 milhões, aumento de<br />

22,5% no comparativo com o<br />

mesmo período do ano passado.<br />

“A maior parte desse crescimento<br />

aconteceu com novos<br />

negócios da companhia.”<br />

O lucro líquido foi de R$ 6,7<br />

milhões, menor do que os R$ 17<br />

milhões do mesmo período do<br />

ano anterior. “Essa redução<br />

pode ser explicada pelo fato de<br />

que no ano passado tivemos um<br />

reconhecimento de créditos<br />

tributários diferidos. Excluindo-se<br />

os efeitos não recorrentes,<br />

o lucro líquido no ano passado<br />

foi de R$ 100 mil”, disse.<br />

Os investimentos foram de<br />

R$ 391 milhões no semestre,<br />

sendo que 92% foram destinados<br />

a novos negócios. ■ A.P.M.<br />

GERAÇÃO DE CAIXA<br />

R$ 55 mi<br />

Foi o Ebtida apurado no segundo<br />

trimestre de 2010. O crescimento<br />

de 23,3% em relação a 2009.<br />

A margem Ebitda subiu 0,8 ponto<br />

percentual sobre a margem do<br />

ano anterior, alcançando 12,9%.<br />

CONTRATOS<br />

R$ 1,2 bilhão<br />

Foi o volume de contratos<br />

fechados no semestre, seja<br />

com novos clientes ou com<br />

aqueles que já fazem parte<br />

da carteira da companhia.


32 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

EMPRESAS<br />

ALIMENTOS 1<br />

Lucro da Nestlé registra alta de 10% no<br />

primeiro semestre e atinge US$ 6,6 bilhões<br />

As venda totais alcançaram 55,3 bilhões de francos suíços (US$ 58,3<br />

bilhões) nos primeiros seis meses do ano, avanço de 5,9%. “Aumentamos<br />

nosso investimento em marcas, funcionários e capacidades, e preparamos<br />

a empresa para um segundo semestre mais difícil, o que me permite<br />

confirmar nossa meta anterior para o ano no setor de alimento e bebidas:<br />

crescimento orgânico de cerca de 5%”, declarou o CEO, Paul Bulcke.<br />

Crusoe Foods<br />

quer tirar<br />

a sardinha<br />

da Coqueiro<br />

Fabricante espanhola de pescados em<br />

conserva investe R$ 50 milhões no <strong>Brasil</strong><br />

Françoise Terzian<br />

fterzian@brasileconomico.com.br<br />

O paulistano Sidnei Rosa, 57<br />

anos, ex-gerente-geral comercial<br />

da Copersucar e ex-diretor<br />

comercial da mexicana Bimbo,<br />

foi escalado pelo grupo espanhol<br />

Jealsa-Rianxeira, um dos<br />

maiores produtores mundiais<br />

de pescados em conserva, para<br />

uma tarefa difícil: lançar no<br />

<strong>Brasil</strong> a marca Robinson Crusoe,<br />

de sardinha, atum, salmão<br />

e mexilhão em conserva, além<br />

de patê, e abocanhar uma fatia<br />

do mercado hoje dominado por<br />

nomes tradicionais como Coqueiro,<br />

Gomes da Costa, Pescador<br />

e Alcyon.<br />

Ele terá um orçamento de<br />

R$ 50 milhões para conseguir,<br />

atéofimdoanoquevem,5%do<br />

mercado brasileiro de pescados<br />

em conserva, o que na prática<br />

significa brigar pelos consumidores<br />

de atum e sardinha em<br />

lata. “A meta é faturar R$ 50 milhões<br />

no próximo ano, mas estou<br />

otimista de que conseguiremos<br />

ir além”, afirma Rosa.<br />

A partir de outubro, a Crusoe<br />

Foods, nome dado à empresa do<br />

grupo Jealsa-Rianxeira no <strong>Brasil</strong>,<br />

pretende levar parte de seu<br />

cardápio de produtos às gôndolas<br />

dos supermercados. No momento,<br />

ela está apresentando<br />

sua linha a grandes redes supermercadistas<br />

como Pão de Açúcar<br />

e Carrefour e também avaliando<br />

em qual cidade brasileira<br />

abrirá uma fábrica.<br />

Como a Jealsa-Rianxeira<br />

já tem uma unidade em Rio<br />

Grande, a 300 quilômetros de<br />

Porto Alegre, que pesca, congela<br />

e comercializa peças de 10<br />

quilos de atum para <strong>empresas</strong><br />

processadoras do <strong>Brasil</strong> e do<br />

exterior, ela pretende iniciar a<br />

produção de parte de sua linha<br />

Produção terá início<br />

na fábrica de atum<br />

do grupo Jealsa-<br />

Rianxeira em Rio<br />

Grande (RS), mas a<br />

intenção é construir<br />

uma nova unidade<br />

no país em 2011,<br />

no Nordeste ou<br />

Centro-Oeste<br />

Divulgação<br />

em outubro nesta unidade.<br />

Para tanto, investirá por volta<br />

de € 1 milhão (R$ 2,32 milhões)<br />

em uma linha de produção<br />

de itens em conserva.<br />

Enquanto isso, a empresa decidirá<br />

o local de abertura de<br />

uma segunda fábrica no país,<br />

voltada exclusivamente aos<br />

pescados em conserva. Com a<br />

unidade já existente no Sul do<br />

país, Rosa diz que provavelmente<br />

o município a ser escolhido<br />

estará localizado no Nordeste<br />

ou Centro-Oeste do país.<br />

“Penso até em três fábricas no<br />

<strong>Brasil</strong>, uma vez que a localização<br />

é importante para evitar altos<br />

custos logísticos”, afirma.<br />

Em relação à matéria-prima,<br />

Rosa acredita que comprará<br />

50% dela do mercado interno e<br />

importará a metade restante.<br />

A indústria que depende de<br />

sardinha no <strong>Brasil</strong> não consegue<br />

mais ser abastecida unicamente<br />

ALIMENTOS 2<br />

Kraft inicia produção de sucos Tang<br />

para crescer em mercados emergentes<br />

A Kraft Foods vai começar a produzir sucos Tang e chocolates em uma<br />

nova unidade de US$ 50 milhões no <strong>Brasil</strong> no ano que vem, dando gás à<br />

sua expansão em mercados emergentes com altas taxas de crescimento.<br />

A fábrica brasileira, no estado de Pernambuco, vai empregar 600 pessoas<br />

e poderá no futuro produzir os chicletes Trident, uma marca da Cadbury —<br />

comprada pela Kraft — cujas vendas aumentaram 30% neste ano.<br />

pelo mercado interno. O estoque<br />

é altamente controlado,<br />

uma vez que o país só libera sete<br />

meses de captura, enquanto a<br />

indústria demanda a matériaprima<br />

durante 12 meses.<br />

Por outro lado, o mercado internacional<br />

tem sardinha em<br />

excesso, por conta da crise financeira<br />

mundial que ainda segura<br />

o consumo. “Importar de<br />

outros países como o Marrocos<br />

não será um problema. Poderemos,<br />

inclusive, importar o produto<br />

acabado de uma das fábricas<br />

da Jealsa no exterior”, diz.<br />

Inicialmente, a sardinha deverá<br />

responder por cerca de 60%<br />

do faturamento da Crusoe Foods<br />

que, no futuro, pretende ampliar<br />

a participação do atum na sua<br />

receita. De olho na ascensão das<br />

classes C e D, Rosa quer incentivar<br />

o brasileiro a tirar a carne do<br />

prato para colocar o atum. Da<br />

Robinson Crusoe, é claro. ■<br />

“Vamos brigar com<br />

os dois leões do<br />

mercado, que são<br />

a Coqueiro e a<br />

Gomes da Costa,<br />

respectivamente<br />

líder em sardinha e<br />

atum em conserva.<br />

Nosso preço<br />

será parecido,<br />

mas traremos<br />

diferenciais como<br />

atum em cubo,<br />

atum com azeitona<br />

e até atum em<br />

conserva no<br />

azeite de oliva<br />

Sidnei Rosa,<br />

gerente-geral da Crusoe Foods<br />

PEIXE NA SALADA<br />

Murillo Constantino<br />

● Não é só com a marca Robinson<br />

Crusoe, famosa no Chile pelos<br />

pescados em conserva premium<br />

que comercializa, que a Crusoe<br />

Foods quer abocanhar uma<br />

fatia do mercado brasileiro.<br />

● A empresa espanhola também<br />

quer avançar no campo das<br />

saladas. Ela vai trazer para o país a<br />

linha americana de produtos para<br />

saladas chamada Fresh Gourmet,<br />

da fabricante Sugar Foods.<br />

● A Fresh Gourmet, cuja<br />

distribuição está na Europa e na<br />

América Latina, é feita pela Jealsa<br />

e contará com produtos como<br />

croutons, snacks, toppings (molhos<br />

para saladas) de diferentes<br />

sabores. O foco será tanto o varejo<br />

quanto o mercado de food service.


TECNOLOGIA<br />

São Carlos implanta rede<br />

de transmissão de dados<br />

A cidade de São Carlos (SP) vai iniciar uma rede de transmissão de<br />

dados, de 36 quilômetros que deverá entrar em operação em seis meses.<br />

Denominada de RedeSanca, o serviço vai interligar universidades, centros<br />

de pesquisas, parques tecnológicos, equipamentos de saúde municipal<br />

como Hospital-Escola, Samu, unidades escolares, Polícia Militar e Corpo<br />

de Bombeiros. A rede receberá investimentos de cerca de R$ 780 mil.<br />

Com a sustentabilidade da<br />

cadeia produtiva, objetivo é<br />

aumentar o mercado<br />

Marta San Juan França<br />

mfranca@brasileconomico.com.br<br />

A proposta de ampliar a oferta de<br />

pescado para os consumidores,<br />

que hoje é muito baixa, foi anunciada<br />

hoje pelo ministro da Pesca<br />

e Aquicultura, Altemir Gregolin,<br />

por meio de um acordo com a<br />

rede de supermercados Walmart.<br />

A ideia é diminuir a intermediação<br />

e facilitar a venda do produto<br />

identificando as cooperativas e<br />

colaborando com o processo de<br />

negociação. A produção brasileira<br />

de pescados é de cerca de 1,1<br />

milhão de toneladas por ano. Estima-se,<br />

no entanto, que o potencial<br />

chegue a 1,4 milhão de toneladas<br />

a partir de 2011, desde<br />

que explorado por meio de manejo<br />

rigoroso. Enquanto a pesca<br />

representa 70% deste total, a<br />

criação de peixes participa com<br />

30%, e segundo ele, é onde o potencial<br />

é maior. “Nós estamos<br />

apostando neste mercado, que<br />

cresce a cada ano e deve dobrar<br />

em 2011”, disse o ministro.<br />

Ele deu como exemplo a pesca<br />

nos reservatórios de hidrelétricas,<br />

como do Castanhão, no Ceará, e<br />

Ilha Solteira. Anunciou também a<br />

recuperação dos estoques de sardinhas,<br />

que haviam quase desaparecido<br />

há dez anos, e chegou a<br />

100 mil toneladas em vendas no<br />

ano passado. O presidente do<br />

Walmart <strong>Brasil</strong>, Hector Nunez,<br />

anunciou o compromisso da rede<br />

de ampliar a oferta de pescados<br />

artesanais e da Amazônia. A varejista<br />

lançou um programa de<br />

identificação da origem e localidade<br />

da produção dos fornecedores<br />

até 2013 e de um sistema de<br />

rastreabilidade para 100% da cadeia<br />

de pescados produzidos ou<br />

explorados no território brasileiro<br />

Jim Stem/Bloomberg<br />

até 2016. “Estamos engajados em<br />

construir uma cadeia do pescado<br />

mais sustentável, buscando iniciativas<br />

que mobilizem <strong>empresas</strong>,<br />

governo e sociedade”, afirmou.<br />

A Walmart também anunciou<br />

o programa Qualidade Selecionada,<br />

Origem Garantida, que permite<br />

ao cliente acompanhar no<br />

INOVAÇÃO<br />

site da empresa todo o processo<br />

da cadeia produtiva de itens de<br />

agricultura por meio de um código<br />

de barras disponível nas embalagens.<br />

Com isso, o consumidor<br />

pode saber a procedência dos<br />

alimentos e o caminho percorrido<br />

por eles. O primeiro produto a<br />

fazer parte desse projeto é a carne<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 33<br />

Finep tem R$ 50 milhões para<br />

Núcleos de Apoio à Gestão da Inovação<br />

A Finep está oferecendo R$ 50 milhões em recursos do FNDCT/Fundos<br />

Setoriais para a estruturação e operação de núcleos de apoio<br />

à gestão da inovação em <strong>empresas</strong>. Esta iniciativa faz parte do Pró-Inova<br />

— Programa Nacional de Sensibilização e Mobilização para a Inovação,<br />

coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e da Mobilização<br />

Empresarial para a Inovação da Confederação Nacional das Indústrias.<br />

Acordo entre varejista e governo<br />

incentiva consumo de pescado<br />

“Nós estamos<br />

apostando<br />

principalmente<br />

na criação de<br />

peixes, que cresce<br />

a cada ano e deve<br />

dobrar em 2011<br />

Altemir Gregolin<br />

Alan Marques/Folhapress<br />

Altemir Gregolin, ministro da<br />

Pesca e Aquicultura, acredita<br />

no manejo rigoroso para o<br />

crescimento do segmento<br />

da marca própria Campeiro, com<br />

seis cortes diferentes. “Por conta<br />

de todo o desafio da pecuária em<br />

relação ao desmatamento da<br />

Amazônia, a carne é o primeiro<br />

item desse programa”, disse Nunez.<br />

“Até o fim do ano, deveremos<br />

monitorar todos os produtos<br />

de hortifrúti.” ■


34 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

CRIATIVIDADE<br />

FÁBIO SUZUKI<br />

Ações genéricas de marketing<br />

Novas quebras de patentes de remédios elevam investimentos de fabricantes em mídia<br />

A quebra de patentes de medicamentos<br />

nos últimos meses,<br />

encabeçada pela marca Viagra,<br />

da Pfizer, levou as fabricantes de<br />

genéricos à mídia para ressaltar<br />

suas atuações nesse segmento.<br />

Mesmo com os limites impostos<br />

pela Agência Nacional de Vigilância<br />

Sanitária (Anvisa) para a<br />

comunicação de produtos dessa<br />

área, as <strong>empresas</strong> têm apostado<br />

alto em ações de marketing para<br />

levar vantagens nas vendas de<br />

produtos que são em média 35%<br />

mais baratos que os originais.<br />

A Hypermarcas, detentora do<br />

laboratório NeoQuímica, aposta<br />

no marketing esportivo para<br />

atrair os consumidores. A companhia<br />

passou de um investimento<br />

que era praticamente<br />

zero em 2009 para um montante<br />

de R$ 35 milhões em patrocínios<br />

com os times do Corinthians,<br />

Botafogo, Ceará e Criciúma. “É<br />

uma iniciativa que gera uma exposição<br />

muito grande em mídia<br />

espontânea. Estamos muito satisfeitos<br />

com os resultados”,<br />

afirma Claudio Bergamo, presidente<br />

da Hypermarcas.<br />

Nova leva<br />

A EMS, maior fabricante nacional<br />

de medicamentos com faturamento<br />

de R$ 2,45 bilhões em<br />

2009 havia obtido licença junto<br />

à Anvisa para produzir o genérico<br />

do Viagra. Nesta semana, ela<br />

aumentou a lista de novos remédios,<br />

ao conseguir permissão<br />

judicial para produzir um genérico<br />

do Lipitor (atorvastatina),<br />

cuja patente também pertence à<br />

Pfizer. Neste ano, as ações da<br />

empresa para a linha de consu-<br />

TRÊS PERGUNTAS A...<br />

...SCHER SOARES<br />

Consultor da Triunfo<br />

Consultoria e Treinamento<br />

“Medidas da<br />

Anvisa provocaram<br />

dúvidas no início”<br />

Divulgação<br />

A Hypermarcas,<br />

detentora do<br />

laboratório<br />

NeoQuímica, vai<br />

investir R$ 35 milhões<br />

em marketing<br />

esportivo, por meio<br />

de patrocínios aos<br />

times do Corinthians,<br />

Ceará, Botafogo<br />

e Criciúma<br />

Com experiência nas áreas de<br />

marketing, vendas e treinamento,<br />

Scher Soares diz que, devido<br />

as restrições a propaganda<br />

de genéricos, para ter um bom<br />

retorno de venda é preciso ter<br />

clareza dos objetivos que devem<br />

ser atingidos com as campanhas.<br />

Quais os cuidados para<br />

divulgar medicamentos<br />

genéricos?<br />

É preciso se certificar de utilizar<br />

abordagens específicas para cada<br />

consumidor. Para falar de<br />

medicamentos que dependem de<br />

prescrição médica, é importante<br />

fazer o produto que está na loja<br />

girar por meio de uma<br />

comunicação com o gerador da<br />

mo receberam pelo menos R$ 35<br />

milhões em investimentos.<br />

Até o ano passado, EMS,<br />

Medley e Eurofarma não figuravam<br />

entre os maiores anunciantes<br />

do setor farmacêutico, pelo<br />

demanda, o médico. Contudo,<br />

para introduzir o produto no ponto<br />

de venda se faz necessário uma<br />

comunicação com o farmacista.<br />

Para os medicamentos isentos<br />

de prescrição, a empresa pode<br />

se comunicar diretamente<br />

com o consumidor final.<br />

Em cada caso, a solução e a<br />

abordagem de comunicação<br />

são diferentes, por ter objetivos<br />

específicos. Como a divulgação<br />

dos medicamentos genéricos é<br />

feita a partir da sua marca<br />

institucional, é preciso se certificar<br />

de que a mensagem esteja clara<br />

e que transmita os atributos<br />

da marca para garantir que<br />

o consumidor não se confunda<br />

ao longo do ciclo de compras.<br />

Daniela Conti/O Dia<br />

ranking do Grupo Meio &Mensagem,<br />

Ibope e Pricewaterhouse-<br />

Coopers. O setor como um todo<br />

movimentou, em 2009, R$ 606,9<br />

milhões. Para este ano, há chances<br />

de eles subirem no ranking. ■<br />

Como o senhor avalia as ações<br />

realizadas atualmente?<br />

As medidas da Anvisa<br />

provocaram muitas dúvidas de<br />

interpretação logo de início, o<br />

que resultou na adoção de mais<br />

cautela por parte das <strong>empresas</strong>.<br />

Mas um fator determinante<br />

foi a capacidade das agências<br />

em desenvolver soluções de<br />

comunicação que superem<br />

os desafios das marcas e dos<br />

produtos e alavanquem os<br />

resultados das fabricantes.<br />

Como divulgar uma boa<br />

ação sem ultrapassar os<br />

limites impostos pela Anvisa?<br />

Os cuidados com a<br />

automedicação e com o<br />

The Creators Project<br />

acontece em SP<br />

neste fim de semana<br />

No próximo sábado, dia 14, a<br />

capital paulista recebe a edição<br />

brasileira do Creators Project,<br />

evento que ocorre em todo o mundo<br />

com o objetivo de celebrar a<br />

criatividade e a cultura entre os<br />

meios de comunicação. Das 12h de<br />

sábado às 2h de domingo, haverá<br />

exposições, exibição de filmes,<br />

palestras e shows. A iniciativa<br />

nasceu de uma parceria entre a<br />

Intel e a revista Vice, para promover,<br />

de forma diferente e independente,<br />

novos projetos e artistas.<br />

Concurso escolhe a<br />

melhor capa de livro<br />

Serão abertas hoje, durante a<br />

21ª edição da Bienal do Livro<br />

de São Paulo, que ocorre no<br />

Anhembi, na zona norte da capital<br />

paulista, as inscrições do Concurso<br />

Melhor Capa de Livro 2010,<br />

realizado pela Getty Images <strong>Brasil</strong>.<br />

A iniciativa visa premiar os<br />

profissionais de design que se<br />

destacaram no segmento. As<br />

capas inscritas serão avaliadas por<br />

um júri composto por profissionais<br />

do mercado editorial e profissionais<br />

do mercado publicitário. Além de<br />

um troféu, o vencedor leva uma<br />

filmadora digital da marca JVC.<br />

uso inadequado dos<br />

medicamentos devem ser<br />

uma preocupação de todos que<br />

estão no mercado da saúde.<br />

É responsabilidade das<br />

agências aprimorarem seu<br />

processo de planejamento<br />

estratégico de maneira a<br />

desenvolver alternativas<br />

efetivas de comunicação<br />

dentro dos parâmetros legais.<br />

Em suma, a solução é uma<br />

combinação de esforços<br />

e de complementaridade de<br />

papéis entre um cliente bom<br />

e uma agência boa. Se há<br />

clareza de desafios a serem<br />

superados via comunicação<br />

e especificidade de objetivos,<br />

melhores são as campanhas.


ANÚNCIO DA SEMANA<br />

Divulgação<br />

A peça é ilustrada com a imagem<br />

de um sombrio cemitério com folhas<br />

secas de árvores sobre túmulos mal<br />

conservados. A iniciativa foi de criar<br />

um ambiente de total abandono, para<br />

ressaltar que o lugar não tem qualquer<br />

sinal de movimentação de pessoas,<br />

sendo esta uma condição necessária<br />

para ativar o produto divulgado.<br />

No canto direito, o produto borrifa<br />

para divulgar o aromatizante de ar<br />

automático com sensor de movimento.<br />

Ultra Music Festival chega ao <strong>Brasil</strong><br />

Com atrações de peso como Carl Cox, Fatboy Slim e Moby, o evento chega<br />

ao país no dia 06 de novembro, em São Paulo, com realização da agência<br />

de marketing F,Frison. O diretor de produção será Jim Baggott, o mesmo<br />

que produziu a festa de abertura da Copa do Mundo na África do Sul.<br />

Criado há 12 anos, o Ultra Music Festival é realizado anualmente<br />

em Miami, Ibiza, Nova York e Porto Rico. O evento terá capacidade<br />

para 30 mil pessoas e as vendas dos ingressos começam neste mês.<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Agência: Giovanni+Draftfcb<br />

Cliente: S.C. Johnson<br />

Criação: Felipe Gomes e Rodrigo Dorfman<br />

Direção de criação: Adilson Xavier, Cristina<br />

Amorim e Fernando Barcellos<br />

Atendimento: Alvaro Figueiredo e Claudia Mattos<br />

Aprovação do cliente: Aliucha Ramos<br />

Grafite nas embalagens<br />

Sprite convida consumidores para participar de criação<br />

Divulgação<br />

■ Até o próximo dia 3 de novembro, os consumidores<br />

do refrigerante Sprite, da Coca-Cola, poderão<br />

participar da ação “Refresque suas ideias”, para<br />

ilustrar quatro embalagens da marca que serão<br />

comercializadas no próximo verão. Para divulgar<br />

e inspirar os interessados na iniciativa, a Sprite<br />

coloca este mês no mercado uma edição limitada<br />

de novas latas, cujas ilustrações são assinadas por<br />

grafiteiros que são referência na arte urbana: Bruno<br />

Big, Fefê Talavera, Jotapê e Nina Moraes. Além das<br />

embalagens, a ação conta com peças para divulgação<br />

na TV, cinema, internet e pontos de venda, além<br />

de uma página com conteúdo sobre grafite para<br />

ajudar os interessados na busca por votos para<br />

suas ilustrações em mídias sociais. Para participar<br />

do concurso, o consumidor deve acessar o site da<br />

marca e escolher uma versão para a qual pretende<br />

desenvolver a estampa - Sprite regular ou Sprite<br />

2.Zero - e criar uma sugestão de arte utilizando<br />

uma ferramenta desenvolvida especialmente para<br />

a ação. Os 30 autores mais votados ganharão um<br />

videogame Xbox customizado da marca e o grupo<br />

de grafiteiros vai eleger as quatro ilustrações<br />

das latas do próximo verão. As peças offline da<br />

campanha foram criadas pela agência WMcCann<br />

enquanto as ações na internet tiveram participação<br />

das <strong>empresas</strong> RMG Connect, CI&T e JWT.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 35<br />

Divulgação<br />

criatividade@brasileconomico.com.br<br />

LUIZ FERNANDO<br />

BIAGIOTTI<br />

Professor de marketing dos<br />

cursos de graduação em<br />

administração e comunicação<br />

social da ESPM<br />

Dirigir em excesso<br />

faz mal à saúde?<br />

Depois dos medicamentos, bebidas e cigarros, agora é a<br />

vez da indústria automobilística inserir frases educativas<br />

e de advertência nas publicidades de veículos e outros<br />

produtos relacionados ao setor. Não se trata das tradicionais<br />

campanhas de prevenção feitas pelo governo. A partir<br />

de agora, toda publicidade do setor deverá conter uma<br />

das frases aprovadas pelo Denatran, não importando o<br />

conteúdo original da peça.<br />

Isso não chega a ser exatamente uma novidade no segmento.<br />

Uma intervenção sutil nas mensagens publicitárias<br />

da área, e que existe há anos, é a obrigatoriedade da inserção<br />

do logo do Ibama. Não existe uma regra definitiva sobre<br />

quando e onde colocar o selo. Basta que no decorrer do filme<br />

ou em algum lugar do anúncio impresso o selo apareça, o<br />

que não interfere no conteúdo criativo da mensagem. A<br />

questão agora é mais complicada, pois estamos falando em<br />

inserir frases inteiras, não apenas uma referência visual.<br />

O desafio é muito maior. O caminho suave é como fazem<br />

as <strong>empresas</strong> de bebidas, o velho e conhecido GC (gerador de<br />

caracteres) onde um locutor lê o texto ao final dos comerciais,<br />

comendo uma parte<br />

dos preciosos segun-<br />

As mensagens até<br />

agora aprovadas<br />

pelo Denatran<br />

primam pelo óbvio.<br />

Temos na verdade<br />

motoristas<br />

despreparados ou<br />

que não respeitam<br />

a lei por acreditar<br />

na impunidade<br />

dos da publicidade paga,<br />

o que não atrapalharia a<br />

mensagem, mas quebraria<br />

o ritmo dos anúncios.<br />

Mas, independentemente<br />

de aspectos técnicos, a<br />

pergunta é: a indústria<br />

automobilística deve ser<br />

responsável pela conscientização<br />

do que pode<br />

ser feito no trânsito?<br />

É indiscutível que o<br />

consumo de bebidas em<br />

excesso, o uso indiscriminado<br />

de medicamentos<br />

e o próprio cigarro<br />

causem mal à saúde e problemas para quem está por perto;<br />

mas o que automóveis têm a ver com isso? Dirigir em<br />

excesso faz mal à saúde? As mensagens até agora aprovadas<br />

pelo Denatran primam pelo óbvio. O que temos na<br />

verdade são motoristas despreparados ou que simplesmente<br />

não respeitam a lei por acreditar na impunidade.<br />

Temos, no <strong>Brasil</strong>, o Conselho de Autorregulamentação<br />

Publicitária (Conar) com a missão de impedir a publicidade<br />

enganosa ou abusiva, cujo código é referência mundial<br />

para a publicidade. Ou seja, o próprio mercado publicitário<br />

pune quem tenta iludir o consumidor, exigindo dos<br />

anunciantes ainda mais responsabilidade sobre suas mensagens.<br />

O setor automobilístico, altamente competitivo,<br />

investiu e investe em melhorias contínuas de seus produtos,<br />

especialmente no que diz respeito à segurança. A indústria<br />

vem fazendo a sua parte. Terá ela agora que se responsabilizar<br />

pelo processo de educação dos motoristas?<br />

Agências e anunciantes encontrarão maneiras criativas<br />

e pertinentes de inserir mensagens em suas peças publicitárias.<br />

Mas se continuar assim, logo teremos centenas de<br />

mensagens com frases de advertência para os mais diversos<br />

produtos. Já imaginou uma propaganda de sorvete<br />

com a frase no final dizendo: “Tomar sorvete com a garganta<br />

inflamada faz mal à saúde”. ■


36 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

FINANÇAS<br />

Bolsas podem ter queda<br />

histórica, prevê analista<br />

É isso que a consultoria americana Elliott Wave International, fundada por Robert<br />

Prechter, acredita que esteja prestes a acontecer nos mercados globais de ações<br />

Mariana Segala<br />

msegala@brasileconomico.com.br<br />

A recuperação das bolsas de valores<br />

globais desde o pior da<br />

crise financeira internacional,<br />

em 2008, pode estar prestes a<br />

ruir. É quase certo que o mundo<br />

esteja prestes a presenciar a<br />

maior queda dos mercados do<br />

último século — que seria, realmente,<br />

enorme, já que por “último<br />

século” se entende o período<br />

que compreendeu também<br />

o recuo de 89% do índice<br />

Dow Jones entre 1929 e 1932. A<br />

opinião, catastrófica e solitária,<br />

é do analista técnico Brian<br />

Whitmer, da consultoria americana<br />

Elliott Wave International,<br />

auto-intitulada maior empresa<br />

de projeções de mercado.<br />

“O declínio de 1929 levou à deflação<br />

e à depressão, e o de agora<br />

fará o mesmo”, afirmou<br />

Whitner ao BRASIL ECONÔMICO.<br />

“É imperativo que as pessoas<br />

ajam agora para proteger o seu<br />

bem-estar financeiro”, alertou.<br />

As projeções de Whitner partem<br />

do chamado Princípio das<br />

Ondas de Elliott, modelo técnico<br />

de acompanhamento dos preços<br />

do mercado financeiro que baseia<br />

toda a atuação da consultoria —<br />

fundada por Robert Prechter, um<br />

psicólogo de formação internacionalmente<br />

conhecido por sua<br />

atuação como analista de mercado.<br />

Em recente entrevista ao jornal<br />

americano The New York Times,<br />

Prechter sugeriu aos pequenos<br />

investidores que saiam completamente<br />

do mercado e mantenham<br />

dinheiro em caixa.<br />

Como outras teorias da análise<br />

técnica (ou gráfica), a de<br />

Elliott parte da análise do histórico<br />

das cotações das ações para<br />

inferir sobre o seu comportamento<br />

no futuro. Segundo esse<br />

modelo, os preços das ações movem-se<br />

em ciclos de cinco movimentos.<br />

O primeiro, o terceiro e<br />

o quinto movimentos formam a<br />

tendência principal (seja de alta,<br />

seja de baixa do mercado). Os<br />

dois movimentos intermediários<br />

(o segundo e o quarto) ocorrem<br />

no sentido oposto.<br />

“O mercado de hoje é histórico,<br />

porque um padrão de cinco<br />

ondas que começou no fundo,<br />

atingido na época da depressão,<br />

em 1932, acabou entre 1999 e<br />

Como os movimentos<br />

das bolsas antecipam<br />

os da economia real,<br />

o crescimento do<br />

<strong>Brasil</strong> hoje está<br />

apenas refletindo um<br />

rali de 18 meses do<br />

mercado de ações,<br />

avalia Brian Whitmer<br />

2000”, acredita Whitner. “Estamos<br />

esperando uma correção<br />

maior do que qualquer outra nos<br />

últimos 80 anos.” O otimismo<br />

que varou o mundo recentemente<br />

e assistiu à alta das ações atingiu<br />

proporções “maníacas”, nas<br />

palavras do analista, que excederam<br />

qualquer topo de mercado<br />

dos últimos cem anos ou mais.<br />

Visão tão pessimista do mercado,<br />

porém, não é compartilhada por<br />

outros analistas técnicos americanos.<br />

Alguns veem chances de<br />

desempenho positivo, ou “bull<br />

market” (leia mais abaixo).<br />

Mercado brasileiro<br />

Para Whitner, não há pior lugar<br />

para deixar o dinheiro hoje do que<br />

a Europa. “O ‘bear market’ (mercado<br />

de queda) europeu está longe<br />

do fim”, afirma. Entre os melhores<br />

mercados para o momento,<br />

destaque para Taiwan, Coreia do<br />

Sul e Indonésia. E quanto ao <strong>Brasil</strong>?<br />

“O Ibovespa mostra cinco ondas<br />

claras desde os pisos de 1998,<br />

indicando que o mercado brasileiro<br />

está em linha para cair junto<br />

com os outros mercado mundiais”,<br />

afirma o analista. Ele argumenta<br />

que o crescimento econômico<br />

do país reflete o rali das<br />

ações nos últimos 18 meses.<br />

Como conselho, para investidores<br />

de todo o mundo, Whitner afirma:<br />

“Movam-se para ativos seguros<br />

agora. Prevemos uma tendência<br />

deflacionária que logo se<br />

tornará uma recessão.” ■<br />

A FRASE<br />

Fotos: Divulgação<br />

Ralph Acampora<br />

Diretor da Alverita<br />

e professor<br />

do Instituto<br />

de Finanças<br />

de Nova York<br />

“Diferentemente dos<br />

superpessimistas, não<br />

vejo os mercados abaixo<br />

de seus pisos de 2008<br />

e 2009. O pior do desastre<br />

global ficou para trás,<br />

o que não significa que<br />

não veremos volatilidade<br />

nos mercados à frente”<br />

Philip Roth<br />

Chefe de<br />

Análise Técnica<br />

da corretora<br />

Miller Tabak<br />

“O mercado teve uma<br />

queda forte, que terminou<br />

em 1932, e depois viu<br />

vários altos e baixos até<br />

o fim da década. É esse<br />

o ambiente em que vivemos.<br />

Acho que o que veremos<br />

por um par de anos são<br />

ralis curtos seguidos<br />

por correções rápidas”<br />

“Movam-se<br />

para ativos<br />

seguros agora.<br />

Prevemos uma<br />

tendência<br />

deflacionária<br />

que logo se<br />

tornará uma<br />

depressão”<br />

Brian Whitmer, analista<br />

da consultoria Elliott<br />

Wave International.<br />

Previsão<br />

Analistas técnicos concordam que<br />

haverá volatilidade e uma correção<br />

no segundo semestre, mas<br />

afastam previsões catastróficas<br />

O quase fim dos tempos previsto<br />

pelos analistas da Elliott Wave<br />

International ecoa praticamente<br />

sozinho nas rodas de Wall Street.<br />

“Esta não é a minha visão”, afirmou<br />

Philip Roth, chefe de análise<br />

técnica da corretora americana<br />

Miller Tabak, ao BRASIL ECO-<br />

NÔMICO, admitindo, no entanto,<br />

não estar de todo otimista para<br />

os próximos anos. “Acho que<br />

podemos, sim, revisitar os pisos<br />

de 2009 e, quando digo isso, as<br />

pessoas se assustam.”<br />

Há, nos Estados Unidos, análises<br />

até mais otimistas que a de<br />

Roth. “Tenho uma opinião mais


Jim Young/Reuters<br />

Fed usa instrumentos ao estilo do Japão<br />

A decisão do Federal Reserve, presidido por Ben Bernanke, de<br />

manter o nível atual de seus ativos, intensifica o foco do banco<br />

central em instrumentos de política econômica similares aos usados<br />

pelo Japão na década passada, com pouco impacto. Ontem, o Fed<br />

estabeleceu um piso em seus ativos de US$ 2,05 trilhões, com o objetivo<br />

de estancar qualquer contração em seu balanço, ao elevar os custos<br />

dos empréstimos em tempos de desaceleração da atividade econômica.<br />

AGENDA DO DIA<br />

● A Serasa divulga os dados<br />

de inadimplência de julho.<br />

● A 1h30, sai a produção<br />

industrial de julho no Japão.<br />

● Às 9h30, sai o índice de preços<br />

de importados de julho nos EUA.<br />

● Às 9h30, sai o auxíliodesemprego<br />

semanal nos EUA.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 37<br />

está longe do consenso entre especialistas<br />

construtiva do que negativa, acho<br />

que os preços vão subir no segundo<br />

semestre”, destacou o estrategista-chefe<br />

de análise técnica para<br />

a América do Norte do Barclays<br />

Capital, C. MacNeil Curry.<br />

Não aos superbears<br />

Outros analistas técnicos se mostram,<br />

de fato, satisfeitos com o<br />

rumo das bolsas de valores globais.<br />

“Discordo totalmente dos<br />

‘superbears’ (super pessimistas)”,<br />

ressaltou o diretor da Alverita<br />

e professor do Instituto de Finanças<br />

de Nova York (a escola de<br />

Wall Street), Ralph Acampora.<br />

Entre maio e julho, Acampora,<br />

que trabalha com gestão de<br />

fundos de índices (ETFs), acreditava<br />

que os mercados globais poderiam<br />

experimentar ondas de<br />

vendas que os levassem a cair até<br />

25% em relação aos topos alcançados<br />

em abril. “Mas foi essa a<br />

extensão do meu pessimismo.<br />

Não vejo os mercados abaixo dos<br />

pisos de 2008 e 2009.” Para o<br />

analista — que se diz um otimista<br />

(ou “bull”, no jargão financeiro)<br />

orgulhoso do próprio status — o<br />

pior do desastre global já ficou<br />

para trás. Isso não significa, no<br />

entanto, que não se assistirá à<br />

volatilidade daqui por diante.<br />

Semelhanças e diferenças<br />

Para Roth, o atual momento vivenciado<br />

pelo mercado americano<br />

se parece muito, do ponto<br />

de vista técnico, com o de 1930.<br />

“O mercado teve uma queda<br />

forte, que terminou em 1932, e<br />

depois viu vários altos e baixos<br />

Os mercados globais<br />

devem assistir a uma<br />

sequência de ralis<br />

curtos seguidos por<br />

correções rápidas,<br />

avalia Philip Roth<br />

até o fim da década. É esse o<br />

ambiente que vivemos”, disse.<br />

Na crise passada, as bolsas<br />

conseguiram cobrir parte dos<br />

prejuízos com a recuperação de<br />

1932 a 1937, movimento que<br />

Roth compara com o ocorrido<br />

entre 2003 e 2007. Em 1938,<br />

houve uma queda forte e rápida,<br />

semelhante à de 2008, que logo<br />

foi corrigida, tal e qual foi o<br />

comportamento das ações entre<br />

2009 e 2010. “Não digo que o<br />

desempenho desta vez será<br />

igual àquele. Mas acho que o que<br />

veremos por um par de anos são<br />

ralis curtos seguidos por correções<br />

rápidas”, avalia o analista.<br />

Isso tudo pensando no mercado<br />

americano. Quando o assunto<br />

é o brasileiro, o cenário é<br />

um pouco diferente. O Ibovespa<br />

Jin Lee/Bloomberg<br />

Na avaliação da Elliott Wave International,<br />

a queda dos mercados será seguida<br />

por deflação e depressão da economia<br />

deve repetir a forma que os índices<br />

de ações dos EUA desenharem<br />

nos gráficos daqui para frente.<br />

“Mas a magnitude será consideravelmente<br />

diferente”, afirma<br />

Roth. Para ele, os períodos de<br />

correção que as bolsas americanas<br />

provavelmente vivenciarão<br />

neste segundo semestre servirão<br />

de teste para brasileira. “E sou<br />

otimista ao dizer que não será o<br />

maior teste”, avalia.<br />

Acampora lembra que, em<br />

dólares, o Ibovespa alcançou<br />

um piso em maio e, desde então,<br />

subiu cerca de 26%. “Eu<br />

ainda seria um sendo um investidor<br />

ativo em <strong>Brasil</strong>”, disse.<br />

“Mas teria em minha mente que<br />

não haverá nenhum grande<br />

avanço do mercado após os topos<br />

de dezembro.” ■ M.S.


38 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

FINANÇAS<br />

PESQUISA<br />

Índia é o país dos Brics com câmbio<br />

mais livre, informa estudo da CNI<br />

A crise econômica internacional expôs as diferenças na forma como<br />

<strong>Brasil</strong>, Rússia, Índia e China — os Bric — conduzem a política de câmbio.<br />

Nos últimos dois anos, entre maio de 2008 e maio de 2010, a Índia foi<br />

o único entre o grupo a apresentar um câmbio com pouca interferência<br />

do governo para promover a valorização ou a desvalorização da moeda,<br />

segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).<br />

Empresas<br />

fortalecem<br />

gestão para<br />

evitar fraudes<br />

Conjunto de normas conhecido como<br />

“compliance” ganha instituto no <strong>Brasil</strong><br />

Maria Luíza Filgueiras<br />

mfilgueiras@brasileconomico.com.br<br />

É difícil traduzir “compliance”<br />

em uma só palavra em português,<br />

mas fato é que o termo começou<br />

a ganhar espaço no<br />

mundo corporativo brasileiro,<br />

como sinônimo de um conjunto<br />

de regras de transparência, gestão<br />

de risco e práticas anticorrupção<br />

ou, pode-se dizer também,<br />

a parte jurídica da governança<br />

corporativa.<br />

Mundo afora, isso tem se<br />

traduzido na elaboração de leis<br />

punitivas não só sobre os administradores,<br />

mas também<br />

sobre a as companhias. No<br />

<strong>Brasil</strong>, há uma projeto de lei<br />

tramitando no Congresso Nacional<br />

sobre a questão. O documento<br />

foi elaborado pela<br />

Controladoria Geral da União,<br />

Ministério da Justiça, Casa Civil<br />

e Advocacia-Geral da União<br />

e inclui o impedimento a <strong>empresas</strong><br />

fraudulentas de usufruto<br />

de benefícios fiscais e a incidência<br />

de multas.<br />

Para o advogado Marcelo de<br />

Aguiar Coimbra, esse movimento<br />

deve se traduzir na criação<br />

de áreas independentes de<br />

compliance dentro das <strong>empresas</strong><br />

ou de profissionais de compliance<br />

que atuam em diferentes<br />

departamentos do grupo.<br />

“Mesmo que as <strong>empresas</strong> se<br />

considerem éticas, não têm<br />

consciência de que ser ético<br />

exige um programa de gestão da<br />

integridade”, define. “Isso depende<br />

não só do estabelecimento<br />

de normas internas mas da<br />

verificação do cumprimento<br />

dessas normas.”<br />

Com essa avaliação, Coimbra<br />

e mais 12 profissionais relacionados<br />

à atividade fundaram o<br />

Instituto de Compliance e Inte-<br />

“Mesmo que as<br />

<strong>empresas</strong> se<br />

considerem éticas,<br />

não têm consciência<br />

de que ser ético exige<br />

um programa de<br />

gestão da integridade<br />

Marcelo Coimbra<br />

gridade Corporativa (Icic), lançado<br />

oficialmente ontem, em<br />

São Paulo. “Queremos fomentar<br />

o debate sobre o tema e a defesa<br />

de implementação de regras de<br />

ética”, explica.<br />

Entre os fundadores, estão<br />

executivos de <strong>empresas</strong> consideradas<br />

modelos para o avanço de<br />

compliance — caso de Hannes<br />

Schollenberger, gerente de compliance<br />

e segurança corporativa<br />

para América Latina do grupo<br />

Henkel, e Gustavo Henrique<br />

França, responsável pela área no<br />

Mercosul no Grupo Solvay.<br />

O instituto já estava juridicamente<br />

constituído para o<br />

lançamento do Manual de<br />

Jock Fistick/Bloomberg<br />

Marcelo Coimbra, presidente<br />

do Icic: criação de leis e regras<br />

internas de ética corporativa<br />

é movimento global<br />

Compliance, feito em julho,<br />

com as regras básicas que as<br />

<strong>empresas</strong> devem adotar internamente,<br />

criando um programa<br />

interno para evitar corrupção,<br />

lavagem de dinheiro e<br />

operações fraudulentas como<br />

desvio de recursos e orçamentos<br />

superdimensionados.<br />

Quantificar o universo de<br />

companhias avançadas ou atrasadas<br />

nesse processo é um dos<br />

principais objetivos do Icic. Segundo<br />

Coimbra, <strong>empresas</strong> de<br />

capital aberto e subsidiárias de<br />

grupos internacionais no <strong>Brasil</strong><br />

são os mais avançados na implementação<br />

de programas de<br />

“gestão da ética”. ■<br />

BALANÇO<br />

ING tem lucro de US$ 1,43 bilhão no<br />

segundo trimestre por negócios bancários<br />

O grupo holandês ING apresentou lucro para o segundo trimestre no<br />

topo das estimativas, por força no banco de varejo, e disse que ainda<br />

procura realizar uma oferta inicial de ações (IPO, em inglês) para sua<br />

unidade de seguros. Mesmo com a queda do desempenho na área<br />

de banco de investimentos, por conta da volatilidade do mercado,<br />

o grupo apresentou um lucro líquido de € 1,09 bilhão (US$ 1,43 bilhão)<br />

TENDÊNCIA DE MERCADO<br />

1 2<br />

Estrutura interna<br />

da gestão de risco<br />

As companhias que já incluíram<br />

um profissional de compliance<br />

em sua estrutura têm alocado<br />

essa atividade junto ao<br />

departamento jurídico ou de<br />

comunicação interna. Para o Icic,<br />

o ideal é que as <strong>empresas</strong> tenham<br />

um departamento específico<br />

e independente ou agentes em<br />

cada área para cuidar do tema.<br />

Integração com<br />

governança<br />

Quando a companhia não<br />

opta por um departamento<br />

independente, uma tendência<br />

global, segundo Coimbra,<br />

é a criação da área de GRC —<br />

Governança, Risco e Compliance.<br />

“A rigor, até o presidente da<br />

companhia tem que se submeter<br />

às normas e investigação desse<br />

departamento”, exemplifica.


CÂMBIO<br />

China e Fed pressionam<br />

dólar, que sobe a R$ 1,77<br />

O dólar subiu pelo segundo dia ante o real ontem, refletindo a busca<br />

por segurança em todo o mundo, depois da reunião do Federal Reserve<br />

e de sinais menos vigorosos sobre a economia da China. A moeda<br />

americana avançou 0,68%, para R$ 1,770. Enquanto o mercado<br />

fechava no <strong>Brasil</strong>, o dólar subia 1,8% ante uma cesta com as principais<br />

divisas, como o euro, que operava abaixo de 1,29 dólar.<br />

3<br />

Bancos estão um<br />

passo à frente<br />

Ainda que tenham o que avançar<br />

nesse quesito, as instituições<br />

financeiras estão entre as mais<br />

desenvolvidas em implementação<br />

de processos de compliance.<br />

Isso porque são reguladas pelo<br />

Banco Central, que já exige regras<br />

rígidas de transparência e gestão<br />

de risco, bem como uma área<br />

de denúncia dentro da empresa.<br />

4<br />

Henrique Manreza<br />

Siemens é exemplo<br />

de reviravolta<br />

Punida por reguladores, a alemã<br />

Siemens é citada como exemplo<br />

atual da aplicação de normas<br />

de conduta corporativa ética.<br />

Após ser multada pela Securities<br />

Exchange Commission (SEC)<br />

nos Estados Unidos, criou um<br />

departamento de compliance na<br />

matriz e filiais, e é tida entre as<br />

<strong>empresas</strong> mais ativas no mundo.<br />

Amanda Andersen/Reuters<br />

MERCADOS<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 39<br />

Medida do Fed e China puxam<br />

queda nas bolsas da Europa<br />

O principal índice das ações europeias caiu pelo segundo dia seguido<br />

ontem. A queda nas bolsas ocorreu após a avaliação pessimista do<br />

Federal Reserve sobre a economia. A confiança também piorou após<br />

dados mostrarem que a expansão do investimento e da produção<br />

industrial na China desaceleraram mais no mês passado. o índice<br />

FTSEurofirst 300 caiu 2,03%, para 1.040 pontos.<br />

Banrisul tem lucro<br />

de R$ 183 mi no 2º tri<br />

Banco iniciou em maio programa<br />

para redução de despesas e<br />

melhora do índice de eficiência<br />

Ana Paula Ribeiro<br />

aribeiro@brasileconomico.com.br<br />

O aumento das receitas oriundas<br />

das operações de crédito e a<br />

redução de despesas elevaram o<br />

lucro líquido do Banrisul para<br />

R$ 183,1 milhões no segundo<br />

trimestre, valor 75,7% superior<br />

ao registrado em igual período<br />

de 2009. O presidente da instituição,<br />

Mateus Bandeira, afirma<br />

que as condições são favoráveis<br />

e o resultado devem se manter<br />

nos próximos meses de 2010. “O<br />

segundo semestre costuma ser o<br />

melhor e ainda temos a possibilidade<br />

de termos ganhos adicionais<br />

com o nosso programa de<br />

redução das despesas”, afirma.<br />

Em junho, a carteira de crédito<br />

do banco gaúcho era de<br />

R$ 15,442 bilhões, um aumento<br />

de 28% em 12 meses. A maior<br />

parte da expansão desse saldo decorre<br />

das operações com pessoas<br />

físicas, que cresceram 50,8% na<br />

comparação com junho de 2009 e<br />

chegaram a R$ 6,895 bilhões.<br />

Já o total das operações para<br />

<strong>empresas</strong>, outro segmento significativo<br />

na carteira do banco,<br />

apresentou uma evolução menor,<br />

14,2%, para R$ 6,841 bilhões.<br />

Apesar do ritmo inferior<br />

ao do mercado, Bandeira aposta<br />

no incremento dessa carteira.<br />

Uma das razões é a expectativa<br />

de maior volume nas operações<br />

de recebíveis de cartões.<br />

O Banrisul possui uma operação<br />

própria na área de cartões, a<br />

rede Banricompras, que passará a<br />

fazer o credenciamento de outras<br />

bandeiras, sendo que já conseguiu<br />

a licença da MasterCard.<br />

“Agora somos multibandeira. Isso<br />

é um conforto a mais para o lojista<br />

e significa um maior potencial de<br />

negócios para nós”, explica. A<br />

projeção para o crescimento da<br />

carteira de crédito em 2010 foi<br />

mantida entre 22% e 28%.<br />

Na avaliação do executivo,<br />

caso o custo de captação do banco<br />

se mantenha, será possível inclusive<br />

manter para os próximos<br />

meses a margem financeira,<br />

mesmo com redução dos spreads.<br />

No segundo trimestre, a margem<br />

foi de R$ 710,9 milhões, alta de<br />

11,3% em relação a igual período<br />

de 2009. A expectativa, de acordo<br />

com Bandeira, decorre do<br />

Divulgação<br />

Mateus Bandeira<br />

Presidente<br />

do Banrisul<br />

“Enxergamos nos próximos<br />

meses uma melhora nos índices<br />

de atraso, porque a qualidade<br />

na concessão de crédito está<br />

maior. A inadimplência acima<br />

de 60 dias chegou a 3,2% em<br />

junho, ante 4,1% há 12 meses”<br />

custo de captação do banco, baseado<br />

nos depósitos de clientes.<br />

“É uma fonte estável e de baixo<br />

custo. Ficou em 78,2% da Selic<br />

no último período”, conta.<br />

Se por um lado o crédito deve<br />

continuar em crescimento, com<br />

o incremento das receitas, o<br />

banco trabalha também para a<br />

redução das despesas. O plano,<br />

lançado em maio, inclui todas as<br />

áreas do banco e a revisão de<br />

contratos com fornecedores. No<br />

segundo trimestre, a categoria<br />

outras despesas operacionais,<br />

apresentou queda de 58,3% em<br />

relação a igual período de 2009.<br />

Já o índice de eficiência melhorou,<br />

passando de 54% para<br />

50,5% (nesse índice, quanto<br />

menor, melhor o resultado).<br />

A rentabilidade sobre o patrimônio<br />

líquido médio passou de<br />

13,8% no segundo trimestre do<br />

ano passado para 22,4% entre<br />

abril e junho de 2010. ■<br />

MAKRO ATACADISTA S.A.<br />

CNPJ/MF nº 47.427.653/0001-15 - NIRE nº 353.001.140-60<br />

EDITAL DE CONVOCAÇÃO<br />

Ficam convidados os senhores acionistas da Companhia a se reunirem em Assembléia Geral<br />

Ordinária, no dia 20 de agosto de 2010, às 14:00 horas, na sede social, situada na Rua<br />

Carlos Lisdegno Carlucci, 519, nesta Capital, para deliberarem sobre a seguinte Ordem do<br />

Dia: (a) renúncia de membros do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo da<br />

sociedade; (b) eleição de membro do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo<br />

da sociedade; (c) ratificação da eleição dos demais membros do Conselho de Administração e<br />

do Conselho Consultivo realizada através da AGO de 30 de abril de 2010; (d) outros assuntos<br />

de interesse da Companhia. Os acionistas, seus representantes legais ou procuradores, para<br />

participarem da Assembléia ora convocada, deverão observar as disposições previstas no<br />

artigo 126 da Lei nº 6.404/76, conforme alterada. São Paulo, 10 de agosto de 2010. EDWIN<br />

ADRIAAN LEIJNSE - Presidente substituto do Conselho de Administração. (11,12,13)<br />

AGÊNCIA DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO<br />

DE PROCESSOS — AMGESP<br />

AVISO DE LICITAÇÃO<br />

Processo: 4105-363/2010<br />

Modalidade: Pregão Eletrônico n.º AMGESP-10.108/2010<br />

Tipo: menor preço por item<br />

Objeto: RP para eventual aquisição de medicamentos (farmácia<br />

básica) destinado a todo Estado.<br />

Data de realização: 31 de agosto de 2010 às 09:00 h.<br />

Processo: 4105-359/2010<br />

Modalidade: Pregão Eletrônico n.º AMGESP-10.109/2010<br />

Tipo: menor preço por item<br />

Objeto: RP para eventual aquisição de medicamentos (farmácia<br />

básica) destinado a todo Estado.<br />

Data de realização: 31 de agosto de 2010 às 09:00 h.<br />

Disponibilidade: endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br<br />

Todas as referências de tempo obedecerão ao horário de Brasília/DF<br />

Informações: Fone: 82 3315-3477, Fax: 82 3315-7246/7241/7240<br />

Maceió, 11 de agosto de 2010


40 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

FINANÇAS<br />

AJUDA<br />

Dívida pública alemã pode chegar<br />

a 90% do PIB com “banco ruim”<br />

O pacote de ajuda da Alemanha para o setor bancário pode elevar o<br />

nível da dívida pública do país para 90% do Produto Interno Bruto (PIB),<br />

afirmou o jornal semanal alemão Die Zeit. O jornal baseou a estimativa na<br />

recente decisão do Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat)<br />

de pedir à Alemanha para incluir os balanços dos bancos estatais ruins —<br />

criados para absorver ativos tóxicos e limpar os balanços de instituições.<br />

Acesso a crédito faz<br />

aumentar fatia de<br />

jovens endividados<br />

Empresas especializadas em recuperação do crédito adotam<br />

técnicas inovadoras para cobrar novos donos de cartões<br />

Conrado Mazzoni<br />

cmazzoni@brasileconomico.com.br<br />

O momento favorável da economia<br />

brasileira dá respaldo para<br />

uma evolução firme do crédito.<br />

No ambiente de maior concorrência<br />

entre as instituições financeiras,<br />

os níveis de inadimplência<br />

merecem ainda mais<br />

atenção. Atualmente, o exercício<br />

é redobrado, considerando o<br />

aumento da participação dos jovens<br />

entre os tomadores de financiamento<br />

para compras.<br />

O crescimento econômico do<br />

país e a queda nas taxas de desemprego<br />

são os pilares fundamentais<br />

do aquecimento do<br />

crédito. É aí que entra o apetite<br />

dos jovens, equipados pela disseminação<br />

do cartão de crédito.<br />

Para tratar com lupa essa questão,<br />

os bancos têm procurado os<br />

trabalhos de <strong>empresas</strong> especializadas<br />

na recuperação de crédito,<br />

que desenvolvem técnicas<br />

de cobrança específicas.<br />

É o caso da Cercred. Segundo<br />

o diretor Leonardo Coimbra, o<br />

leque de atuação da companhia<br />

tem percebido sensível avanço<br />

desses “novos consumidores”.<br />

“É preciso buscar alternativas<br />

para atendê-los, pois como o<br />

mercado está bem competitivo,<br />

a questão da inadimplência precisa<br />

estar muito bem alinhada”,<br />

destaca. O mercado de recuperação<br />

de crédito no <strong>Brasil</strong> já mobiliza<br />

R$ 8,64 bilhões por ano.<br />

O perfil básico é um jovem<br />

universitário que ingressou no<br />

mercado de trabalho e realiza o<br />

primeiro crédito via cartão. As<br />

técnicas de cobrança para atendê-lo<br />

na negociação de suas dívidas<br />

incluem mensagens de<br />

textos no celular (SMS) e até<br />

mesmo eventos com palestras<br />

de planejamento financeiro. No<br />

caso da Cercred, há também<br />

motoqueiros treinados para ir<br />

até a casa dos clientes prestar<br />

auxílio. Coimbra pondera que<br />

esse cenário reflete menos algo<br />

alarmante de inadimplência no<br />

“Os jovens realmente<br />

têm tomado mais<br />

crédito no mercado,<br />

mas não é nada<br />

alarmante. A dívida<br />

ocorre por ser o<br />

primeiro crédito,<br />

compatível com o<br />

primeiro emprego<br />

Leonardo Coimbra,<br />

diretor da Cercred<br />

André Valentim<br />

país do do que um natural amadurecimento<br />

do mercado. “Os<br />

jovens realmente têm tomado<br />

mais crédito no mercado, mas<br />

não é nada alarmante. A dívida<br />

ocorre por ser o primeiro crédito,<br />

compatível com o primeiro<br />

emprego. Mas é um público<br />

que, em geral, paga bem.”<br />

Inadimplência<br />

Segundo dados da Associação<br />

Nacional dos Executivos de Finanças,<br />

Administração e Contabilidade<br />

(Anefac), as taxas de<br />

juros nas operações de crédito<br />

caíram no mês de julho, ante<br />

junho, a despeito do ciclo de<br />

elevação da Selic implementado<br />

pelo Banco Central.<br />

De janeiro até o mês passado,<br />

dentre as linhas pesquisadas<br />

pela associação no caso de pessoa<br />

física, o cartão de crédito e o<br />

cheque especial registram ligeiro<br />

aumento nas taxas, na contramão<br />

do empréstimo pessoal.<br />

Uma evidência da maior parcela<br />

de jovens no crédito.<br />

O nível de inadimplência calculado<br />

pela Anefac somente<br />

para pessoa física está em 6,6%,<br />

caindo ante os 8,5% do ano passado.<br />

No cheque especial, chega<br />

a 9,1%, e para a aquisição de outros<br />

bens, 10,6%. A mais baixa é<br />

do financiamento de veículos,<br />

de 3,3%. Segundo especialistas<br />

em recuperação de crédito, a<br />

inadimplência no nicho de veículos<br />

é baixa entre os jovens.<br />

Muitas vezes o próprio pai realiza<br />

a compra. Há quem perceba<br />

também um gradual aprimoramento<br />

na relação do brasileiro<br />

perante os bancos.<br />

Um panorama de oportunidades.<br />

Fernando Manfio, sócioconsultor<br />

da consultoria WitRisk,<br />

especializada em gestão<br />

do risco de crédito, enxerga um<br />

vetor de crescimento nas modalidades<br />

voltadas a indivíduos<br />

com idade mais baixa. “O crédito<br />

estudantil junto com o<br />

imobiliário são as grandes estrelas<br />

dos próximos anos.” ■<br />

COMMODITY<br />

AIE alerta para efeito de desaceleração<br />

sobre consumo de petróleo<br />

A Agência Internacional de Energia (AIE) alerta para os possíveis efeitos<br />

da desaceleração econômica mundial sobre o consumo de petróleo.<br />

“A perspectiva econômica global é altamente incerta, representando<br />

risco de queda para o crescimento futuro da demanda por petróleo”,<br />

diz o relatório mensal da entidade, divulgado ontem. A AIE trabalha com<br />

a perspectiva de crescimento global de 4,5% neste ano e 4,3% em 2011.<br />

TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA<br />

No acumulado de 2010, as linhas de cartão de crédito e o cheque<br />

especial registram ligeiro aumento nas taxas, um reflexo, entre outros<br />

fatores, da bancarização de jovens no país<br />

TIPO DE<br />

FINANCIAMENTO<br />

COMÉRCIO<br />

CARTÃO DE CRÉDITO<br />

CHEQUE ESPECIAL<br />

CDC BANCOS<br />

EMPRÉSTIMO PESSOAL BANCOS<br />

EMPRÉSTIMO PESSOAL FINANCEIRAS<br />

TAXA MÉDIA<br />

Fonte: Anefac<br />

JANEIRO/2010<br />

TAXA/MÊS TAXA/ANO<br />

5,79%<br />

10,66%<br />

7,32%<br />

2,43%<br />

4,88%<br />

10,12%<br />

6,87%<br />

96,49%<br />

237,20%<br />

133,44%<br />

33,39%<br />

77,14%<br />

217,98%<br />

121,96%<br />

JULHO/2010<br />

TAXA/MÊS TAXA/ANO QUEDA, EM PONTOS<br />

PERCENTUAIS<br />

5,78%<br />

10,69%<br />

7,47%<br />

2,46%<br />

4,85%<br />

9,82%<br />

6,85%<br />

96,26%<br />

238,30%<br />

137,38%<br />

33,86%<br />

76,53%<br />

207,74%<br />

121,46%<br />

-0,23<br />

1,10<br />

3,94<br />

0,47<br />

0,61<br />

-10,245<br />

-0,50


BANCOS<br />

Lucro do Pine sobe 63,3% no segundo<br />

trimestre e chega a R$ 35,6 milhões<br />

O banco Pine apresentou no segundo trimestre do ano um lucro<br />

líquido de R$ 35,605 milhões, um crescimento de 63,3% na comparação<br />

com igual período de 2009. A carteira de crédito da instituição somava<br />

ao final de junho R$ 5,208 bilhões, um avanço de 32,8% em 12 meses.<br />

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio no período ficou<br />

em 17,9%, um incremento de 6,8 pontos percentuais em 12 meses.<br />

SEMARC >2010<br />

Relacionamento com o Consumidor ><br />

< Perspectivas para a Próxima Década<br />

Promoção especial para<br />

universitários: R$ 250.<br />

18 e 19 de Agosto, 2010<br />

Hotel Tivoli Mofarrej · Alameda Santos, 1.437, SP<br />

Informações e Inscrições: www.febraban.org.br<br />

Twitter: @semarc_2010<br />

Marcela Beltrão<br />

Facilidade de acesso atrai<br />

jovens ao crédito, mobilizando<br />

práticas especializadas de<br />

cobrança de dívidas<br />

Participações Confirmadas<br />

Daniel Moore/SXC<br />

· Romero Rodrigues, fundador e diretor do BuscaPé<br />

· Caíto Maia, presidente da Chilli Beans<br />

· Débora Fontenelle, diretora da SC Serviços ao Consumidor<br />

· Luca Cavalcanti, diretor setorial de Marketing<br />

e Comunicação da FEBRABAN<br />

· Marcelo Linardi, diretor setorial adjunto de Ouvidorias<br />

e Relações com Clientes da FEBRABAN<br />

· Eline Kullock, presidente do Grupo Foco<br />

· Carlos Alberto Sardenberg, comentarista econômico<br />

da Rede Globo e âncora da Rádio CBN<br />

· Ricardo Voltolini, professor da FIA/USP e diretor da IDEIA<br />

Sustentável Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade<br />

· Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular<br />

· Júlio Marques, ouvidor do Bradesco<br />

· Marcos de Barros Lisboa, vice-presidente da FEBRABAN<br />

CONTA CORRENTE<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 41<br />

Fluxo cambial está positivo<br />

em US$ 1,791 bilhão em agosto<br />

O saldo da entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial)<br />

está positivo em US$ 1,791 bilhão em agosto, de 2 até 6, conforme<br />

dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Já o fluxo<br />

comercial está negativo em US$ 591 milhões, enquanto o financeiro<br />

está positivo em US$ 2,382 bilhões. No acumulado do ano,<br />

o fluxo de câmbio está positivo em US$ 5,867 bilhões.<br />

Tendência é de queda<br />

das taxas de juro<br />

Vice-presidente da Anefac<br />

projeta continuidade de declínio,<br />

de olho nas indicações do BC<br />

Somado ao bom momento da<br />

economia, com mais gente empregada<br />

e queda da inadimplência,<br />

o quadro econômico no<br />

exterior anima o vice-presidente<br />

da Associação Nacional dos<br />

Executivos de Finanças, Administração<br />

e Contabilidade (Anefac),<br />

Miguel Oliveira. A normalização<br />

do crédito no mercado<br />

externo após o período turbulento<br />

na crise europeia é um dos<br />

indutores da queda nas taxas de<br />

juros. Para completar, “maior<br />

competição do setor financeiro<br />

leva os bancos a não repassarem<br />

a alta da Selic”, afirma.<br />

De acordo com dados da associação,<br />

os juros nas operações<br />

de crédito caíram no mês de julho,<br />

mesmo diante do ciclo de<br />

aperto monetário promovido<br />

pelo Banco Central. A taxa média<br />

de juros cobrada nos financiamentos<br />

à pessoa física recuou<br />

0,05 ponto percentual,<br />

registrando a menor taxa desde<br />

abril de 2010, quando ficou em<br />

6,82%. “Por esses fatores, a<br />

tendência é que as taxas de juros<br />

continuem em queda”, projeta<br />

Oliveira. O nível de inadimplência<br />

está em 5%, ante<br />

5,5% do início de 2010.<br />

Fernando Manfio, sócio-consultor<br />

da consultoria WitRisk,<br />

tem acompanhado essa métrica.<br />

“Em geral, temos uma redu-<br />

Redução ligeira<br />

da inadimplência,<br />

que tem peso menor<br />

hoje no volume total,<br />

reflete a própria<br />

aceleração do crédito<br />

patrocínio diamante patrocínio prata<br />

apoio institucional<br />

apoio de mídia<br />

apoio técnico<br />

ção pequena na inadimplência<br />

até pela aceleração do próprio<br />

crédito”. Com o mercado mais<br />

confiante e concedendo mais<br />

crédito, o peso da inadimplência<br />

é menor do que em momentos<br />

de vacas magras.<br />

Além disso, acrescenta ele,<br />

ocorre o efeito da mescla da carteira.<br />

Como produtos com juros<br />

menores (crédito de veículos e<br />

consignado) cresceram mais<br />

que o resto, há um impacto na<br />

amostra geral da inadimplência.<br />

“O mix puxa para uma<br />

taxa menor”, observa.<br />

Selic<br />

Cresce entre os agentes econômicos<br />

a perspectiva de fim do<br />

ciclo de alta nos juros, com a<br />

reunião do Comitê de Política<br />

Monetária do Banco Central<br />

(Copom) de 1º de setembro sacramentando<br />

a manutenção do<br />

patamar atual de 10,75% ao ano.<br />

A moderação da atividade econômica<br />

brasileira motivou a autoridade<br />

a reduzir o ritmo de<br />

aperto. Bom sinal para as taxas<br />

que chegam ao consumidor.<br />

Oliveira vai além. Ele acredita<br />

que, daqui para a frente, reduções<br />

das taxas de juros seja<br />

para produção (pessoa jurídica)<br />

como para consumo (pessoa física)<br />

devem ficar em patamares<br />

superiores às quedas da Selic.<br />

Suas projeções apontam que o<br />

volume total do crédito deve<br />

atingir 50% do Produto Interno<br />

Bruto (PIB) neste ano. ■ C.M.<br />

apoio acadêmico


42 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

INVESTIMENTOS<br />

Vanessa Correia<br />

vcorreia@brasileconomico.com.br<br />

Mau humor externo faz Bovespa recuar<br />

2,13% e voltar à casa dos 65 mil pontos<br />

Mercados financeiros mundo afora repercutiram,<br />

pelo segundo dia consecutivo, o<br />

tom pessimista que o Federal Reserve<br />

(Fed, banco central americano) entoou —<br />

no início da semana — sobre o ritmo de<br />

crescimento econômico nos Estados Unidos.<br />

Para agravar o cenário, dados econômicos<br />

chineses, aquém dos projetados, levaram<br />

as principais bolsas de valores a recuarem<br />

forte ontem.<br />

A bolsa brasileira não deixou de refletir o<br />

mau humor externo e encerrou o pregão —<br />

o quarto consecutivo — em queda de 2,13%,<br />

aos 65.790 pontos, patamar ao qual não retornava<br />

desde 22 de julho. Na semana, o<br />

principal índice acionário da BM&FBovespa<br />

acumula desvalorização de 3,38%. No ano,<br />

a queda da bolsa já é de 4,08%.<br />

Na terça-feira, o Fed — além de anunciar<br />

manutenção da taxa básica de juros entre<br />

zero e 0,25% — disse que a recuperação<br />

econômica deverá ser mais modesta do que<br />

o antecipado anteriormente. O banco central<br />

americano também anunciou que irá<br />

reinvestir os pagamentos obtidos com ativos<br />

lastreados em hipotecas para a compra<br />

de títulos de longo prazo do Tesouro, de<br />

forma a manter o tamanho de seu balanço.<br />

Além disso, o déficit comercial americano<br />

atingiu, em junho, o maior patamar dos últimos<br />

20 meses, a US$ 49,9 bilhões.<br />

Com relação à China, a Agência Nacional<br />

de Estatísticas do país informou que o crescimento<br />

anual da produção industrial desacelerou<br />

em julho para 13,4%, ante 13,7%<br />

em junho. No dia anterior, o governo havia<br />

divulgado que as importações chinesas desaceleraram<br />

em julho.<br />

PARA BAIXO<br />

Bolsas de valores mundo afora repercutem dados externos<br />

VARIAÇÃO DAS BOLSAS ONTEM<br />

De acordo com Marianna Costa, economista<br />

da Link Investimentos, as informações<br />

vindas dos Estados Unidos e China não<br />

foram tão ruins a ponto de levarem as principais<br />

bolsas a caírem. “O banco central<br />

americano falou o que já sabíamos. Na China,<br />

o que pesou foi o crescimento, menor<br />

que o esperado, da produção industrial. Então<br />

acredito que a queda generalizada foi um<br />

pretexto os investidores venderem ações<br />

que haviam subido dias antes”, afirma.<br />

Futuro incerto?<br />

Apesar do atual cenário negativo, a economista<br />

da Link Investimentos acredita<br />

que não há motivos para preocupações<br />

quanto ao processo de recuperação econômica<br />

mundial.<br />

“No nosso entendimento, o processo de<br />

retomada do crescimento não foi revertido.<br />

É possível que vejamos uma recuperação<br />

mais lenta que a projetada no início do ano,<br />

mas, ainda assim, será de crescimento”,<br />

pondera Marianna.<br />

Temporada de balanços<br />

A temporada brasileira de resultados trimestrais<br />

vai de vento em popa. Ontem, foram<br />

divulgados os resultados da Suzano Papel<br />

e Celulose, OGX, Ultrapar, Odontoprev,<br />

Paranapanema, CPFL, entre outras.<br />

Mas nenhuma das companhias citadas<br />

acima esteve entre as maiores altas do Ibovespa.<br />

Os destaques foram Lojas Renner ON<br />

(2%), Natura ON (1,41%) e Vivo PN (1,27%).<br />

Na ponta oposta estiveram as ações da Fibria<br />

ON (-5,33%), Metalúrgica Gerdau PN<br />

(-5,09) e Gerdau PN (-4,54%). ■<br />

MADRI (IBEX 35)<br />

-3,21%<br />

MILÃO (MIBTEL)<br />

-3,04%<br />

NOVA YORK (NASDAQ)<br />

-3,01%<br />

PARIS (CAC 40)<br />

-2,74%<br />

TÓQUIO (NIKKEI)<br />

-2,70%<br />

EUROPA (EURONEXT)<br />

-2,50%<br />

NOVA YORK (DOW JONES)<br />

-2,49%<br />

LONDRES (FTSE-100)<br />

-2,44%<br />

BUENOS AIRES (MERVAL)<br />

-2,21%<br />

SÃO PAULO (IBOVESPA)<br />

-2,13%<br />

FRANKFURT (DAX)<br />

-2,10%<br />

LISBOA (PSI GERAL)<br />

-2,00%<br />

MÉXICO (IPC)<br />

-1,92%<br />

ATENAS (COMPOSITE)<br />

-0,97%<br />

HONG KONG (HANG SENG)<br />

-0,83%<br />

MOSCOU (RTS2)<br />

-0,58%<br />

XANGAI (COMPOSITE)<br />

0,47%<br />

-3,5 -3,0 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5<br />

Fontes: Agências Internacionais e <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

Entre as principais<br />

bolsas de valores<br />

mundiais, Madri foi<br />

a que apresentou a<br />

maior desvalorização,<br />

3,21%, seguida<br />

por Milão, que recuou<br />

3,04%.<br />

A surpresa ficou com<br />

a Bolsa de Xangai,<br />

que, mesmo com<br />

a divulgação<br />

de dados econômicos<br />

negativos, avançou<br />

0,47% no pregão<br />

de quarta-feira<br />

CSN<br />

Com fortes margens, BB BI<br />

recomenda compra do papel<br />

O resultado da Companhia<br />

Siderúrgica Nacional (CSN) no<br />

segundo trimestre reforçou<br />

a avaliação positiva da empresa<br />

feita pelo analista Antonio<br />

Emilio Bittencourt Ruiz, da BB<br />

Investimentos. A recomendação<br />

da casa é de compra para a ação<br />

da siderúrgica (CSNA3), com<br />

preço-alvo de R$ 34,00. “Mais uma<br />

vez a CSN apresentou um bom<br />

resultado. Continua trabalhando<br />

com alto nível de produção e<br />

registrando contínuos ganhos de<br />

margem”, destaca em relatório.<br />

Para o analista, a companhia<br />

continua se beneficiando do<br />

cenário para o mercado interno<br />

e aproveitando oportunidades<br />

de diversificação dos negócios,<br />

o que tem se refletido em maiores<br />

volumes vendidos. No último<br />

trimestre, a receita líquida<br />

da CSN atingiu R$ 3,87 bilhões,<br />

um aumento de 22% sobre a<br />

performance do primeiro trimestre<br />

deste ano e de 55% sobre igual<br />

período de 2009. “O aumento das<br />

receitas de mineração foi o grande<br />

motivo. Mais uma vez houve um<br />

maior direcionamento das vendas<br />

para o mercado doméstico, que<br />

representaram 89% do total”,<br />

destaca Ruiz. A margem bruta<br />

surpreendeu, com resultado acima<br />

do estimado — a margem foi de<br />

48,3%, 4,4 pontos percentuais<br />

maior acima da margem bruta<br />

dos primeiros três meses do ano.<br />

“Permanecemos otimistas<br />

em relação ao desempenho da<br />

empresa e aos seus diferenciais<br />

estratégicos em relação às<br />

perspectivas sobre o setor”, diz.<br />

SUZANO<br />

Proventos<br />

A Suzano Papel e Celulose<br />

pagará R$ 58,8 milhões em<br />

juros sobre capital próprio (JCP).<br />

O montante equivale a R$ 0,14<br />

por ação ON (SUZB3), R$ 0,15<br />

por ação PNA (SUZB5) e<br />

R$ 0,15 por ação PNB (SUZB6) —<br />

sem o desconto de Imposto<br />

de Renda (IR). Os valores serão<br />

pagos no dia 10 de setembro<br />

e só terão direito os detentores<br />

das ações em circulação na<br />

data base de 10 de agosto.<br />

As ações já são negociadas<br />

ex-direito a juros sobre o<br />

capital próprio desde ontem.<br />

GP Investimentos<br />

Barclays corta preço-alvo<br />

por conta de San Antonio<br />

Depois da publicação do balanço<br />

do segundo trimestre da GP<br />

Investimentos, o Barclays reviu<br />

as projeções para os negócios<br />

da empresa de investimentos<br />

e reduziu em 16% o preço-alvo<br />

da ação GPIV11 de R$ 10,50 para<br />

R$ 8,80. Segundo relatório<br />

assinado pelos analistas Henrique<br />

Caldeira e Roberto Attuch, a revisão<br />

de preço reflete principalmente<br />

expectativas menores a respeito<br />

de San Antonio, prestadora de<br />

serviços para o setor de óleo e<br />

gás, controlada pela GP. Para os<br />

analistas, a solução para melhorar<br />

a condição de crédito da empresa<br />

vai resultar em um custo maior<br />

para a recuperação do principal<br />

investido pela GP, assim como<br />

afetar a lucratividade dos dois<br />

fundos de private equity da GP.<br />

Mas os analistas ponderam<br />

também que as decisões recentes<br />

tomadas pelos administradores<br />

da GP sobre a companhia devem<br />

deixar menos espaço para uma<br />

piora de condições. Os riscos<br />

financeiros já estão descontados<br />

na projeção do Barclays.<br />

No segundo trimestre, o balanço<br />

da GP mostrou receitas negativas<br />

em US$ 178,7 milhões, com<br />

impacto já anunciado previamente<br />

com a rede odontológica Imbra,<br />

responsável por perda de<br />

US$ 71,5 milhões e uma redução<br />

ainda não realizada no valor sobre<br />

o investimento na San Antonio.<br />

A preocupação dos investidores<br />

com a solvência de curto prazo de<br />

San Antonio é uma das principais<br />

explicações para a desvalorização<br />

do papel da GP em bolsa no ano.<br />

ESTÁCIO DE SÁ<br />

Oferta<br />

A Estácio de Sá protocolou<br />

na Anbima pedido de registro<br />

de oferta pública primária<br />

e secundária de ações.<br />

Os acionistas são João Uchôa<br />

Cavalcanti Netto e Monique<br />

Uchôa Cavalcanti de Vasconcelos,<br />

que venderão 32,8 milhões de<br />

ações ordinárias e, na oferta<br />

primária, serão até 3,28 milhões.<br />

O preço de venda das ações<br />

será fixado após a finalização<br />

do procedimento de coleta<br />

de intenções. Ontem, os papéis<br />

da empresa despencaram<br />

9,45% na BM&FBovespa.


BOLSA<br />

Giro financeiro<br />

R$ 5,3 bilhões<br />

foi o volume financeiro registrado ontem no segmento<br />

acionário da BM&FBovespa. O principal índice encerrou<br />

a sessão com variação negativa de 2,13%, aos 65.790 pontos.<br />

IBOVESPA<br />

Ação Código Cotação (R$) Rentabilidade* (%)<br />

Mínima Máxima Fechamento No dia No ano<br />

ALL AMER LAT UNT N2 ALLL11 15,80 16,36 15,98 -3,56 -1,90<br />

AMBEV PN AMBV4 181,04 183,05 181,40 -0,87 5,00<br />

B2W VAREJO ON BTOW3 29,25 29,69 29,30 -2,01 -38,54<br />

BMF BOVESPA ON BVMF3 12,77 13,04 12,90 -1,83 7,49<br />

BRADESCO PN BBDC4 30,70 31,37 30,95 -1,96 3,99<br />

BRADESPAR PN BRAP4 37,34 38,80 37,34 -4,08 -1,83<br />

BRASIL ON BBAS3 29,50 30,08 29,70 -2,01 3,78<br />

BRASIL TELEC PN BRTO4 10,86 11,03 10,93 -0,73 -34,75<br />

BRASKEM PNA BRKM5 13,10 13,60 13,43 -0,52 -4,62<br />

BRF FOODS ON BRFS3 23,05 23,98 23,06 -2,91 1,89<br />

CCR RODOVIAS ON CCRO3 39,44 40,23 39,70 -1,49 0,11<br />

CEMIG PN CMIG4 25,65 25,95 25,89 -0,99 -5,37<br />

CESP PNB CESP6 25,35 25,97 25,83 0,51 8,10<br />

CIELO ON CIEL3 15,71 15,89 15,83 -0,44 6,99<br />

COPEL PNB CPLE6 38,90 39,59 39,44 1,10 7,42<br />

COSAN ON CSAN3 23,95 24,88 24,50 -0,61 -2,38<br />

CPFL ENERGIA ON CPFE3 41,29 41,99 41,90 0,36 23,13<br />

CYRELA REALTY ON CYRE3 22,46 23,13 22,60 -1,31 -5,64<br />

DURATEX ON DTEX3 16,91 17,35 16,97 -2,53 5,58<br />

ECODIESEL ON ECOD3 0,86 0,88 0,87 0,00 -20,18<br />

ELETROBRAS ON ELET3 22,14 22,68 22,30 -1,72 -12,83<br />

ELETROBRAS PNB ELET6 26,47 27,25 26,68 -2,27 -10,48<br />

ELETROPAULO PNB ELPL6 32,25 32,66 32,39 -1,10 17,95<br />

EMBRAER ON EMBR3 11,07 11,46 11,07 -4,16 17,83<br />

FIBRIA ON FIBR3 27,31 28,36 27,31 -5,40 -30,14<br />

GAFISA ON GFSA3 12,14 12,40 12,19 -2,17 -12,78<br />

GERDAU PN GGBR4 24,86 25,65 24,86 -4,38 -14,28<br />

GERDAU MET PN GOAU4 30,13 31,22 30,13 -4,74 -13,28<br />

GOL PN GOLL4 23,44 24,24 23,95 -1,40 -5,19<br />

ITAUSA PN ITSA4 12,14 12,47 12,25 -2,46 6,33<br />

ITAUUNIBANCO PN ITUB4 37,01 37,85 37,47 -1,59 -0,80<br />

JBS ON JBSS3 8,08 8,35 8,25 1,60 -11,19<br />

KLABIN S/A PN KLBN4 4,82 4,94 4,83 -2,23 -6,85<br />

LIGHT S/A ON LIGT3 21,65 22,20 21,78 -1,85 -9,02<br />

LLX LOG ON LLXL3 9,07 9,37 9,33 0,32 -7,72<br />

LOJAS AMERIC PN LAME4 14,00 14,20 14,17 -0,91 -8,39<br />

LOJAS RENNER ON LREN3 52,32 54,30 54,00 1,93 40,06<br />

MMX MINER ON MMXM3 12,12 12,43 12,18 -3,94 21,56<br />

MRV ON MRVE3 14,21 14,85 14,36 -2,38 3,58<br />

NATURA ON NATU3 41,66 43,25 43,15 1,29 23,72<br />

NET PN NETC4 22,65 22,76 22,73 -0,09 -5,29<br />

OGX PETROLEO ON OGXP3 18,05 18,46 18,29 -0,05 6,96<br />

P.ACUCAR-CBD PNA PCAR5 56,75 57,34 56,98 -1,23 -11,51<br />

PDG REALT ON PDGR3 16,95 17,37 17,00 -2,30 -0,69<br />

PETROBRAS ON PETR3 31,63 32,50 31,65 -3,80 -22,53<br />

PETROBRAS PN PETR4 27,50 28,16 27,50 -3,20 -23,38<br />

REDECARD ON RDCD3 24,65 24,99 24,74 -1,24 -8,07<br />

ROSSI RESID ON RSID3 14,71 15,22 14,86 -2,81 -1,38<br />

SABESP ON SBSP3 33,77 34,82 33,90 -3,09 -0,91<br />

SID NACIONAL ON CSNA3 28,92 29,89 29,05 -3,87 7,17<br />

SOUZA CRUZ ON CRUZ3 73,20 74,40 73,70 -0,41 34,88<br />

TAM S/A PN TAMM4 27,92 28,91 28,49 -1,76 -21,54<br />

TELEMAR ON TNLP3 29,55 30,09 29,55 -1,50 -27,88<br />

TELEMAR PN TNLP4 24,80 25,18 24,89 -0,44 -25,75<br />

TELEMAR N L PNA TMAR5 44,14 45,02 44,81 1,15 -27,97<br />

TELESP PN TLPP4 36,95 37,26 37,26 -0,11 -7,59<br />

TIM PART S/A ON TCSL3 7,53 7,73 7,63 -0,78 6,71<br />

TIM PART S/A PN TCSL4 5,02 5,15 5,09 -0,97 2,31<br />

TRAN PAULIST PN TRPL4 47,71 48,63 48,20 -0,52 0,62<br />

ULTRAPAR PN UGPA4 90,30 91,74 91,08 -1,11 15,34<br />

USIMINAS ON USIM3 48,20 49,86 48,59 -3,48 -2,76<br />

USIMINAS PNA USIM5 47,70 48,85 48,15 -2,73 -2,24<br />

VALE ON VALE3 48,31 49,21 48,31 -3,38 -1,71<br />

VALE PNA VALE5 42,27 42,98 42,38 -2,80 1,26<br />

VIVO PN VIVO4 42,50 43,55 43,45 0,70 -16,76<br />

IBOVESPA IBOV 65690 67216 65790 -2,13 -4,08<br />

* Ajustada por proventos, inclusive dividendos. Fonte: Economatica<br />

IBOVESPA<br />

67.500<br />

66.875<br />

66.250<br />

65.625<br />

65.000<br />

10h<br />

Fonte: BM&FBovespa<br />

11h<br />

12h<br />

13h<br />

Máxima 67.216,74<br />

Mínima 65.690,39<br />

Fechamento 65.790,29<br />

14h<br />

15h<br />

(Em pontos)<br />

16h<br />

17h<br />

JURO<br />

Contrato futuro<br />

11,58%<br />

foi a taxa de fechamento do contrato futuro de DI com vencimento<br />

em janeiro de 2012, o mais negociado ontem. O volume financeiro<br />

deste contrato foi de R$ 27,5 bilhões, em 320.335 negócios.<br />

21.200<br />

21.000<br />

20.800<br />

20.600<br />

20.400<br />

10h<br />

17h<br />

RENDA FIXA<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 43<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 10/AGO 8,49 5,17 1,00 50.000<br />

BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI 10/AGO 8,49 5,16 1,00 -<br />

CAIXA FIC EXECUTIVO RF L PRAZO 10/AGO 7,87 4,83 1,10 30.000<br />

CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 10/AGO 7,34 4,52 1,50 5.000<br />

BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 11/AGO 7,27 4,49 2,00 5.000<br />

BRADESCO FIC DE FI RF MERCURIO 11/AGO 6,80 4,14 2,50 5.000<br />

BB RENDA FIXA 200 FIC FI 11/AGO 6,12 3,79 3,00 200<br />

BB RENDA FIXA 50 FIC FI 11/AGO 5,62 3,50 3,50 50<br />

ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 11/AGO 5,21 3,18 4,00 300<br />

BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 10/AGO 5,17 3,20 4,00 100<br />

DI<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

BB REFERENCIADO DI ESTILO FICFI 11/AGO 8,23 5,05 1,00 ND<br />

ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 11/AGO 8,20 5,00 1,00 80.000<br />

CAIXA FIC DI LONGO PRAZO 10/AGO 6,77 4,20 2,00 100<br />

BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI 11/AGO 6,60 4,08 2,50 5.000<br />

BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI 10/AGO 6,25 3,87 2,47 100<br />

BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI 11/AGO 6,00 3,72 3,00 200<br />

HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 11/AGO 5,43 3,46 3,00 30<br />

ITAU PREMIO REF DI FICFI 11/AGO 4,94 3,07 4,00 1.000<br />

BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 11/AGO 4,57 2,76 4,50 100<br />

SANTANDER FIC FI CLAS REF DI 11/AGO 4,21 2,61 5,00 100<br />

AÇÕES<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 10/AGO 31,85 1,35 2,00 200<br />

CAIXA FMP FGTS VALE I 10/AGO 31,80 0,66 1,90 -<br />

BRADESCO FIC DE FIA 10/AGO 13,79 (3,65) 4,00 -<br />

BRADESCO FIC DE FIA IV 10/AGO 12,69 (3,76) ND -<br />

BRADESCO FIC DE FIA MAXI 10/AGO 12,36 (3,75) 4,00 -<br />

UNIBANCO BLUE FI ACOES 10/AGO 9,59 (6,28) 5,00 200<br />

ITAU ACOES FI 10/AGO 9,07 (8,04) 4,00 1.000<br />

MB FUNDO DE INV EM ACOES 10/AGO 8,49 (2,06) 7,00 100<br />

ALFA FIC DE FI EM ACOES 10/AGO 2,27 (10,45) 8,50 -<br />

BB ACOES PETROBRAS FIA 10/AGO (13,49) (20,67) 2,00 200<br />

MULTIMERCADOS<br />

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.<br />

12 meses No ano adm. (%) (R$)<br />

REAL CAP PROT VGOGH 3 FI MULTIM 10/AGO 12,91 6,72 2,50 10.000<br />

BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 10/AGO 8,68 5,06 1,50 -<br />

REAL CAP PROT VGOGH 4 FI MULTIM 10/AGO 8,58 5,52 2,30 5.000<br />

ITAU PERS K2 MULTIM FICFI 10/AGO 8,52 4,60 1,50 50.000<br />

CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 10/AGO 8,43 5,18 1,50 20.000<br />

ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 10/AGO 8,25 4,74 1,25 5.000<br />

ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI 10/AGO 8,04 0,65 2,00 5.000<br />

ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 10/AGO 7,60 2,08 2,00 5.000<br />

ITAU PERS MULT MODERADO FICFI 10/AGO 7,41 2,75 2,00 5.000<br />

SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM 10/AGO 4,74 2,74 2,00 50.000<br />

*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.<br />

Fonte: Anbima. Elaboração: <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong><br />

IBRX-100 SMALL CAP - SMLL<br />

MIDLARGE CAP - MLCX<br />

1.250<br />

1.240<br />

1.230<br />

1.220<br />

1.210<br />

10h<br />

17h<br />

940<br />

930<br />

920<br />

910<br />

900<br />

10h<br />

17h


44 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

MUNDO<br />

Venezuela e Colômbia marcam<br />

Após retomada de relações diplomáticas, encontro bilateral direto vai definir criação de grupos de trabalho<br />

A chanceler da Colômbia, María<br />

Ángela Holguín, anunciou ontem<br />

que no dia 20 de agosto viajará a<br />

Caracas para reunir-se com seu<br />

colega da Venezuela, Nicolás Maduro,<br />

depois da decisão dos presidentes<br />

dos dois países de restabelecer<br />

as relações diplomáticas,<br />

tomada na noite de terça-feira.<br />

Holguín indicou aos meios de<br />

comunicação que no encontro<br />

com Maduro se tentará avançar<br />

no tema da formação das comissões<br />

que os presidentes Juan Manuel<br />

Santos, da Colômbia, e Hugo<br />

Chávez, da Venezuela, acerta-<br />

ram na reunião de terça em Santa<br />

Marta, no norte da Colômbia.<br />

Comissão quíntupla<br />

Durante o encontro, Chávez e<br />

Santos, Caracas e Bogotá acertaram<br />

a criação de cinco comissões<br />

de trabalho. Uma será destinada<br />

a atuar sobre o pagamento<br />

da dívida venezuelana aos<br />

exportadores colombianos - estimada<br />

em US$ 800 milhões -<br />

outra no setor de estímulo das<br />

relações comerciais bilaterais e a<br />

terceira que tratará da criação<br />

de um acordo de complementa-<br />

“O presidente<br />

Chávez me<br />

garantiu que<br />

não vai permitir<br />

a presença de<br />

grupos armados<br />

em seu território<br />

Juan Manuel Santos,<br />

presidente da Colômbia<br />

ção econômica entre os países.<br />

A quarta subcomissão vai<br />

cuidar das áreas de investimentos<br />

sociais e zona fronteiriça.<br />

Por fim, a quinta subcomissão<br />

que vai lidar com os setores de<br />

infraestrutura e segurança na<br />

fronteira comum.<br />

Santos considerou que “o resultado<br />

das conversações foi muito<br />

positivo”. “Estamos identificados,<br />

Chávez e eu, com a necessidade<br />

básica de promover o bem-estar<br />

de nossos povos, e vamos construir<br />

uma relação duradoura”.<br />

“O presidente Chávez me ga-<br />

rantiu que não vai permitir a<br />

presença de grupos armados em<br />

seu território. Acredito que isto é<br />

um passo importante para que<br />

nossas relações se mantenham<br />

sobre bases firmes”, completou<br />

o líder colombiano.<br />

Por sua vez, Chávez foi taxativo<br />

sobre a questão: “o governo<br />

que eu dirijo não apoia e nem<br />

apoiará grupos guerrilheiros,<br />

isto é uma infâmia”.<br />

A Venezuela decidiu romper relações<br />

com a Colômbia no final de<br />

julho, após o governo do então presidente<br />

colombiano, Alvaro Uribe,


Norberto Duarte/AFP<br />

Felipe Pinzon/AFP<br />

Chávez e Santos após o<br />

acordo: contra o apoio a grupos<br />

armados em solo colombiano<br />

reunião<br />

para resolver pendências entre países<br />

denunciar a presença de 1.500<br />

guerrilheiros das Forças Armadas<br />

Revolucionárias da Colômbia<br />

(Farc) no território venezuelano.<br />

Posição brasileira<br />

Já o <strong>Brasil</strong> comemorou o fim do<br />

impasse entre os países. Para o<br />

governo brasileiro, o restabelecimento<br />

das relações diplomáticas<br />

deve ser motivo de satisfação e a<br />

oportunidade para retomar o dinamismo<br />

e o entendimento na<br />

região. Em nota oficial, divulgada<br />

pelo Ministério das Relações<br />

Exteriores, o governo se coloca à<br />

Exames médicos confirmam linfoma em Lugo<br />

A Presidência paraguaia confirmou ontem que os exames feitos pelo<br />

presidente Fernando Lugo em São Paulo confirmaram o diagnóstico de<br />

linfoma. No entanto, de acordo com porta-voz, “o presidente está bem,<br />

com muito bom humor. Ele teria lido os jornais paraguaios via internet<br />

e pedido para não receber visitas. O governo negou que o líder do<br />

Paraguai já esteja recebendo tratamento e garantiu que ele deve ser<br />

liberado do hospital hoje, de posse de um diagnóstico completo.<br />

VENEZUELA 2<br />

Governo quer<br />

proibir controle da<br />

mídia por banqueiros<br />

Enquanto Chávez discute<br />

a paz com a Colômbia,<br />

a Assembleia Nacional da<br />

Venezuela se prepara para<br />

avaliar uma reforma da lei do<br />

sistema bancário, proposta<br />

pelo Executivo, que proíbe<br />

donos e diretores de meios de<br />

comunicação de ter participação<br />

acionária em instituições<br />

financeiras do país.<br />

A iniciativa “é destinada<br />

a desmantelar essa perversa<br />

relação entre meios de<br />

comunicação e setor financeiro”,<br />

declarou o vice-presidente<br />

Elias Jaua, depois de uma<br />

reunião com parlamentares,<br />

onde apresentou a proposta.<br />

O governo refere-se ao<br />

caso do Banco Federal, que<br />

será liquidado depois de ter<br />

sido fechado em junho passado<br />

pelas autoridades. O presidente<br />

da instituição, Nelson Mezerhane,<br />

é também um dos principais<br />

acionistas do canal Globovisión,<br />

o mais crítico ao governo<br />

venezuelano de Hugo Chávez.<br />

Sobre Mezerhane, foragido<br />

da Justiça, pesa uma ordem<br />

de prisão por fraude.<br />

Segundo Jaua, os diretores<br />

do Banco Federal enviavam<br />

mensagens através<br />

da Globovisión para “enganar<br />

os correntistas”, induzindo-os<br />

a depositar seu dinheiro<br />

nessa instituição.<br />

“Queremos evitar que os<br />

correntistas, que são quase<br />

7 milhões de venezuelanos,<br />

sejam novas vítimas de uma<br />

relação como a do Banco<br />

Federal e a Globovisión”,<br />

afirmou o vice-presidente. AFP<br />

disposição para cooperar na<br />

consolidação do acordo de paz.<br />

“O <strong>Brasil</strong> reitera sua disposição<br />

de seguir cooperando com<br />

as autoridades venezuelanas e<br />

colombianas para consolidar<br />

esta nova etapa de diálogo, em<br />

benefício da paz e da prosperidade<br />

regionais”, informou a<br />

nota oficial do Itamaraty.<br />

De acordo com o Ministério<br />

das Relações Exteriores, o entendimento<br />

entre a Venezuela e a Colômbia<br />

dará um novo impulso às<br />

relações políticas e econômicas<br />

na região. ■ AFP e Agência <strong>Brasil</strong><br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 45<br />

Déficit fiscal dos EUA<br />

fica abaixo do previsto<br />

Foi o 22º mês seguido de rombo,<br />

mas pela terceira vez seguida<br />

o valor do buraco diminuiu<br />

O déficit fiscal do governo<br />

americano em julho mantevese<br />

em queda em relação ao<br />

mesmo mês do ano anterior,<br />

segundo dados ontem pelo Departamento<br />

do Tesouro.<br />

O déficit foi de US$ 165 bilhões<br />

no mês, contra US$ 180,7<br />

bilhões do mesmo período de<br />

2009. A maior parte dos economistas<br />

previa uma cifra em torno<br />

de US$ 169 bilhões.<br />

Julho é tradicionalmente um<br />

mês de déficit para o governo,<br />

devido aos gastos elevados e<br />

sem uma data limite para o pagamento<br />

de impostos. Trata-se<br />

do 22º mês consecutivo de déficit<br />

no país. No entanto, pelo terceiro<br />

mês consecutivo, o Estado<br />

registrou um déficit menor que<br />

no mesmo mês do ano anterior.<br />

Nos 10 primeiros meses do<br />

exercício orçamentário, que<br />

corre de outubro a setembro nos<br />

EUA, o déficit alcançou US$ 1,17<br />

trilhão, mostrando queda de 8%<br />

em relação ao mesmo período<br />

do exercício anterior.<br />

Dado que agosto e setembro<br />

são meses nos quais o déficit é<br />

Embora resultado<br />

fiscal tenha sido<br />

encorajador,<br />

déficit da balança<br />

comercial ficou perto<br />

de US$ 50 bilhões<br />

ARÁBIA SAUDITA INAUGURA O MAIOR RELÓGIO DO MUNDO EM MECA<br />

tradicionalmente menor que em<br />

julho, o déficit para a totalidade<br />

do exercício 2010 tem boas possibilidades<br />

de ser menor que o<br />

registrado em 2009, que foi de<br />

US$ 1,41 trilhão.<br />

O fato vai contra a previsão<br />

publicada pela Casa Branca no<br />

mês passado, segundo a qual o<br />

déficit de 2010 bateria o recorde<br />

atingido no ano passado.<br />

Balança comercial<br />

Outro ponto que lança dúvidas<br />

sobre o futuro da economia<br />

americana é o déficit comercial,<br />

que se aprofundou fortemente<br />

em junho, indo para US$ 49,9<br />

bilhões. Foi o terceiro aumento<br />

consecutivo e o mais elevado<br />

desde 2008. As importações dos<br />

EUA subiram 3%, enquanto que<br />

as exportações retrocederam<br />

1,3%. Já o volume total de negócios<br />

do país com o exterior aumentou<br />

1,1% na comparação<br />

com o mês anterior.<br />

“Isso é muito mau”, afirmou<br />

Ian Shepherdson, da consultoria<br />

High Frequency Economic.<br />

Christopher Cornell, da agência<br />

Moody’s, mostrou-se surpreendido<br />

com a “mais forte<br />

alta mensal do déficit em muito<br />

tempo”. ■ Com agências<br />

Hassan Batel/AFP<br />

Um relógio gigante<br />

começou a funcionar<br />

ontem na cidade sagrada<br />

islâmica de Meca, no<br />

início do mês sagrado do<br />

Ramadã. O Relógio de<br />

Meca, que o governo diz<br />

ser o maior do mundo,<br />

tem quatro lados, com<br />

diâmetro de 43 metros<br />

cada e foi fixado a 400<br />

metros de altura. Logo<br />

será transferido para<br />

um arranha-céu de 600<br />

metros de altura, que<br />

será o segundo mais alto<br />

do mundo. Mais de 90<br />

milhões de peças de vidro<br />

formam a máquina, que<br />

têm uma grande inscrição<br />

do nome “Alá”. A ideia<br />

équeaHoradeMeca<br />

substitua a ocidental<br />

Hora de Greenwich<br />

como horário-padrão<br />

para os muçulmanos.


46 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

ÚLTIMA HORA<br />

Velocidade da internet<br />

móvel gera polêmica<br />

Anatel defende rapidez como parâmetro de qualidade do serviço. Operadoras são contra<br />

Fabiana Monte<br />

fmonte@brasileconomico.com.br<br />

A velocidade é uma das características<br />

mais importantes da<br />

banda larga móvel, pois provoca<br />

impacto diretamente na avaliação<br />

do usuário quanto ao serviço.<br />

Esta é a avaliação do gerente<br />

geral de comunicações pessoais<br />

terrestres da Agência Nacional<br />

de Telecomunicações (Anatel),<br />

Bruno Ramos, que participou de<br />

audiência pública ontem, em<br />

São Paulo, para discutir as novas<br />

regras de qualidade do serviço<br />

móvel, incluindo para o acesso à<br />

web pelo celular. “Velocidade<br />

talvez seja um dos fatores mais<br />

importantes quanto à percepção<br />

do usuário. É a percepção do<br />

acesso à informação”, afirma.<br />

As operadoras celulares, porém,<br />

enfrentam dificuldades no<br />

que se refere a garantir a velocidade<br />

e tentam derrubar esse parâmetro.<br />

Para a Oi, por exemplo,<br />

Revisão da<br />

regulamentação<br />

fica em consulta<br />

pública até o<br />

dia 26 de agosto<br />

a velocidade não deve ser considerada<br />

como uma das principais<br />

características para avaliar a<br />

qualidade da banda larga móvel,<br />

porque ela pode sofrer variações<br />

provocadas por elementos que<br />

estão fora do controle da operadora.<br />

O consultor de regulamentação<br />

da Oi, José Carlos Picolo,<br />

defende que a banda larga<br />

móvel tem características mais<br />

importantes, como mobilidade,<br />

capacidade, estabilidade e acessibilidade.<br />

“Algumas aplicações<br />

não exigem velocidade, como é<br />

o caso do e-mail”, diz.<br />

A pedido do Sindicato Nacional<br />

das Empresas de Telefonia<br />

e de Serviço Móvel Celular e<br />

Pessoal (Sinditelebrasil), o<br />

CPqD realizou um estudo que<br />

mostra que a velocidade da<br />

banda larga móvel sofre a influência<br />

de elementos como<br />

distância entre o usuário e a estação<br />

rádiobase; velocidade de<br />

deslocamento do assinante; e<br />

Marcela Beltrão<br />

Para a Oi, fatores externos podem comprometer<br />

o tempo de resposta das páginas on-line<br />

número simultâneo de clientes<br />

acessando a rede. Além disso, o<br />

tráfego de dados pode ser comprometido<br />

por gargalos em redes<br />

de outros provedores, às<br />

quais as operadoras precisam se<br />

conectar para chegar a informações<br />

solicitadas pelo cliente.<br />

“Do ponto de vista técnico é difícil<br />

prever a velocidade mínima”,<br />

diz o pesquisador do<br />

CPqD, Jadir Antônio da Silva.<br />

A revisão da regulamentação<br />

sobre a qualidade do serviço<br />

móvel fica em consulta pública<br />

no site da Anatel até 26 de agosto.<br />

Entre as propostas ligadas à<br />

banda larga móvel, a agência<br />

quer que as operadoras garantam<br />

velocidades mínimas para<br />

acesso à web pela rede móvel.<br />

Logo após a entrada em vigor da<br />

regulamentação, elas teriam de<br />

garantir no mínimo 30% da velocidade<br />

contratada pelo usuário<br />

em horários de maior uso.<br />

Em um ano, 50%. ■<br />

TV paga<br />

busca novas<br />

receitas<br />

na web<br />

Modelos de negócio estão em<br />

discussão, mas <strong>empresas</strong> não<br />

sabem como lucrar com a internet<br />

Carlos Eduardo Valim<br />

cvalim@brasileconomico.com.br<br />

A TV paga brasileira busca uma<br />

forma de transformar em receita<br />

o conteúdo audiovisual disponível<br />

pela internet. A ideia é fazer<br />

da web uma aliada e não uma<br />

ameaça a suas receitas atuais,<br />

como ocorreu nos Estados Unidos.<br />

Em evento da Associação<br />

<strong>Brasil</strong>eira de TV por Assinatura,<br />

ontem, representantes de algumas<br />

das principais operadoras de<br />

TV por assinatura e produtoras de<br />

conteúdo mostraram que devem<br />

apostar em um modelo híbrido<br />

de negócio, que combine a oferta<br />

de conteúdo gratuito e pago.<br />

Desafio da TV por<br />

assinatura é<br />

desenvolver um<br />

diferencial em relação<br />

ao conteúdo on-line<br />

As dificuldades de implantar<br />

um modelo gratuito, financiado<br />

exclusivamente por anunciantes,<br />

são muitas, diz Antonio<br />

João Filho, diretor executivo de<br />

televisão da Via Embratel. De<br />

acordo com ele, sem receita de<br />

assinatura, as <strong>empresas</strong> não têm<br />

como bancar a produção de<br />

conteúdo. “Deve haver cuidado<br />

para não matar essa fonte”, diz,<br />

explicando que neste segmento<br />

os anunciantes não são a principal<br />

fonte de recursos.<br />

Uma forma de compensar a<br />

perda de assinantes seria o chamado<br />

advertainment (combinação,<br />

em inglês, para as palavras<br />

publicidade e entretenimento) —<br />

que prega a produção de conteúdos<br />

de interesse geral vinculada a<br />

marcas. Para o diretor executivo<br />

da Net Serviços, Fernando Ramos,<br />

essa é uma modalidade desejável,<br />

por permitir a cobrança<br />

de um valor maior do anunciante.<br />

Mas, ele mesmo reconhece<br />

que, usado em excesso, esse recurso<br />

não traria escala de audiência<br />

e ainda corromperia a<br />

separação entre conteúdo e publicidade.<br />

Ou seja, o desafio da<br />

TV paga para conviver com a internet<br />

e o seu potencial, é desenvolver<br />

um diferencial em relação<br />

ao conteúdo on-line. ■


Divulgação<br />

Mattel faz recall da boneca Sonya Lee<br />

A Mattel Fisher-Prince anunciou um recall da boneca Sonya Lee<br />

que teve oito unidades comercializadas no <strong>Brasil</strong>. Elas fazem parte<br />

do Acampamento Divertido Little People e não medem mais do<br />

que um palmo. Foram vendidas entre 16 e 31 de julho cinco unidades<br />

no Estado de São Paulo, uma na Paraíba e outra em Goiás. O risco,<br />

segundo o fabricante, é que a cintura da boneca se quebre e libere<br />

peças pequenas que, se eventualmente engolidas, levariam a asfixia.<br />

Quinta-feira, 12 de agosto, 2010 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> 47<br />

Princípio de incêndio em plataforma<br />

de petróleo na Bacia de Campos<br />

A Capitania dos Portos informou<br />

ontem que foi comunicada<br />

pela Petrobras de um princípio<br />

de incêndio na plataforma de<br />

produção de petróleo P-35, instalada<br />

no campo de Marlim, na<br />

Bacia de Campos. A unidade<br />

constava, ao lado da P-31 e da<br />

P-33, da lista de embarcações<br />

com condições críticas de manutenção<br />

elaborada pelo Sindicato<br />

dos Petroleiros do Norte<br />

Fluminense (Sindipetro-NF). A<br />

P-33 foi vistoriada ontem pela<br />

Marinha e pela Agência Nacional<br />

do Petróleo (ANP).<br />

Segundo comunicado da Capitania<br />

dos Portos, não houve vítimas<br />

nem danos ambientais no<br />

incidente da P-35. O incêndio<br />

teria sido iniciado por conta do<br />

“gotejamento de condensado de<br />

vapores de água e hidrocarbo-<br />

netos sobre o revestimento térmico<br />

da Torre Regeneradora de<br />

Glicol (equipamento que faz<br />

parte do tratamento de gás na<br />

unidade).” O fogo foi controlado<br />

pelos próprios trabalhadores<br />

da plataforma.<br />

A perícia da Marinha será realizada<br />

hoje, às 9h. Ontem, técnicos<br />

da Marinha e da ANP estiveram<br />

na P-33, também instalada<br />

em Marlim, que é alvo de<br />

denúncias a respeito das condições<br />

de segurança. Os resultados<br />

da vistoria só serão divulgados<br />

pela ANP após análise das<br />

informações coletadas na plataforma.<br />

A unidade chegou a<br />

ser interditada na semana passada<br />

a pedido da Delegacia Regional<br />

do Trabalho, mas a Petrobras<br />

retomou as atividades<br />

após obter liminar no sábado.<br />

Incêndio na<br />

plataforma P-35,<br />

da Petrobras, não<br />

causou vítimas<br />

nem danos<br />

ambientais e<br />

foi controlado<br />

pelos próprios<br />

trabalhadores<br />

Em nota, a Petrobras voltou a<br />

negar problemas de manutenção<br />

e disse que a plataforma está<br />

“com os reparos devidamente<br />

programados”. “No próximo<br />

mês de outubro a P-33 realizará<br />

sua parada programada para<br />

manutenção geral.” As paradas<br />

para manutenção são realizadas<br />

regularmente em todas as plataformas<br />

marítimas de petróleo,<br />

às vezes resultando em queda na<br />

média mensal de produção de<br />

petróleo. A P-33, porém, tem<br />

produção pequena, em torno de<br />

20 mil barris por dia.<br />

Segundo a estatal, a última<br />

vistoria certificação da Marinha<br />

na embarcação foi emitida em<br />

dezembro de 2009 e continua<br />

válida. Na nota, a companhia<br />

diz que não há riscos à segurança<br />

e informou que parte dos<br />

problemas apontados é comum<br />

a instalações em “atmosfera extremamente<br />

corrosiva, típica de<br />

ambientes marinhos”.<br />

O Sindipetro, porém, sustenta<br />

que há sérios problemas de segurança<br />

na P-33, que tem 11<br />

anos de operação no campo de<br />

Marlim, na Bacia de Campos. As<br />

denúncias de problemas de<br />

conservação foram feitas pelos<br />

próprios trabalhadores, segundo<br />

o Sindicato, que iniciou uma<br />

mobilização para interromper<br />

as atividades na embarcação.<br />

O coordenador do sindicato,<br />

José Maria Rangel, citou as plataformas<br />

P-31 e P-35 como<br />

unidades com sinais de má<br />

conservação, além da P-33. Até<br />

o início da noite de hoje, a Petrobras<br />

não havia comentado o<br />

incêndio. ■ Agência Estado


48 <strong>Brasil</strong> <strong>Econômico</strong> Quinta-feira, 12 de agosto, 2010<br />

ÚLTIMA HORA<br />

BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística <strong>Econômico</strong> S.A, com sede à Avenida das<br />

Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000<br />

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Portonave eleva a receita da Triunfo<br />

A receita operacional líquida da Triunfo Participações<br />

(TPI) aumentou 21,8% no segundo trimestre em relação<br />

à mesma base do ano passado, passando de R$ 91,69<br />

milhões para R$ 117,77 milhões. O bom desempenho do<br />

faturamento se deve ao aumento da movimentação de<br />

contêineres no terminal portuário em Navegantes<br />

(SC), o Portonave, que registrou 137, 63 mil TEUs,<br />

(cada TEU corresponde a um contêiner de 20 pés),<br />

com um crescimento de 40,6%, na comparação com o<br />

segundo trimestre de 2009. A receita nessa operação<br />

foi de R$ 10 milhões. Além disso, o aumento do movimento<br />

nas rodovias que administramos gerou faturamento<br />

de R$ 11 milhões no período.<br />

A Triunfo também anunciou a distribuição de dividendos<br />

a seus acionistas, devendo repassar cerca<br />

de R$ 7 milhões a partir do dia 19. “Mesmo com o<br />

prejuízo de R$ 4,44 milhões no segundo trimestre,<br />

temos condições de efetuar a distribuição”, disse<br />

Ana Carvalho, diretora de relações com os investidores,<br />

já que no acumulado do ano, a empresa obteve<br />

resultado positivo de R$ 10 milhões. Este valor, contudo,<br />

representou uma queda de 68,1% no comparativo<br />

com o mesmo período de 2009, quando o lucro<br />

da TPI foi de R$ 31,35 milhões.<br />

Lucro trimestral da<br />

Odontoprev cresce 70%<br />

A Odontoprev registrou lucro líquido ajustado de R$ 24,7<br />

milhões no segundo trimestre do ano, volume 70,7%<br />

maior quando comparado a igual período do ano passado.<br />

O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos,<br />

depreciações e amortizações) totalizou R$ 35,6 milhões,<br />

expansão de 81,2% ante os R$ 19,6 milhões apresentados<br />

entre abril e junho de 2009. “A geração de caixa subiu<br />

81%. O efeito do desdobramento feito em 1º de julho já se<br />

faz notar: o número de acionistas cresceu 6% em um<br />

mês, e a ação triplicou o número de negócios por pregão”,<br />

diz José Roberto Pacheco, diretor de relações com<br />

investidores (RI) da Odontoprev. ■ Vanessa Correia<br />

DESTAQUE<br />

Grandes construtoras reformarão o Maracanã<br />

O consórcio formado pelos grupos Andrade Gutierrez,<br />

Odebrecht e Delta venceu a licitação do governo do<br />

Rio de Janeiro para realizar a reforma do estádio<br />

para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. O valor<br />

do consórcio para reforma da arena, de R$ 705 milhões,<br />

representou uma economia de 2,14% em relação<br />

ao preço inicial.<br />

Acompanhe em tempo real<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

Henrique Manreza<br />

Calote causa perda de 34%<br />

a fundo da Unicred MG<br />

O fundo Unicred Long Term Crédito Privado sofreu, na segunda-feira,<br />

um prejuízo de 34%. O ajuste ocorreu porque<br />

o administrador, o BNY Mellon, provisionou perdas para<br />

papéis de crédito — Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) —<br />

da carteira, cujos emissores ficaram inadimplentes. O cotista<br />

do fundo, que viu o patrimônio cair de R$ 60 milhões<br />

para R$ 39,8 milhões, é a Unicred Minas Gerais, cooperativa<br />

de crédito de profissionais da saúde ligada à Unimed.<br />

A atual gestora do fundo é a SulAmérica Investimentos,<br />

que em fevereiro substituiu a Global Capital, gestora original.<br />

“Decidimos trocar quando sentimos que os créditos<br />

teriam problemas”, disse o presidente da Unicred MG, Jamil<br />

Saliba. A SulAmérica destacou que quando assumiu a<br />

gestão, a carteira já contava com “ativos considerados de<br />

baixa liquidez e alto risco de crédito”, que tentou vender.<br />

A Global Capital, dirigida por Julius Buchenrode, é a<br />

mesma gestora de outros fundos — que contavam com os<br />

fundos de pensão da Petrobras e dos Correios entre os cotistas<br />

— que tiveram prejuízo por calote nas CCBs da Zoomp<br />

e de, ao menos, mais oito <strong>empresas</strong>. “Na crise, elas tiveram<br />

dificuldade de capital de giro”, justifica Buchenrode.<br />

Desta vez, disse Saliba, o problema foi com a Indústrias<br />

de Papéis Sudeste e com a GPAT, empresa de publicidade<br />

pertencente a Guilherme Milnitsky. CCBs emitidas pelo<br />

próprio Milnitsky correspondem a 25% do patrimônio do<br />

fundo. Segundo Buchenrode, a GPAT foi vendida à WPP,<br />

um dos maiores grupos mundiais de publicidade, mas os<br />

valores estão sendo questionados. Saliba disse que os calotes<br />

não terão impacto nos resultados da Unicred MG, pois já<br />

tinham sido previstos no ano passado. ■ Mariana Segala<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

MAIS LIDAS ONTEM<br />

● Kepler Weber obtém lucro de R$ 3,7 milhões no 2º tri<br />

● “Bolsa-luz” abre caminho para a energia pré-paga<br />

● LLX Logística tem prejuízo de R$ 5,393 milhões<br />

● Lucro da Nestlé registra alta de 10% no 1º semestre<br />

● Aversão ao risco penaliza bolsa brasileira<br />

Leia versão completa em<br />

www.brasileconomico.com.br<br />

Divulgação<br />

Ana Carvalho explicou que a queda no resultado se<br />

explica pela variação cambial no período, já que hoje a<br />

compania tem uma dívida de R$ 117 milhões em moeda<br />

estrangeira. “Isso é um efeito contábil, não há impacto<br />

no caixa da empresa. Nossa dívida é de longo<br />

prazo, de seis anos, mas temos que incluí-la em nosso<br />

balanço.” ■ Ana Paula Machado<br />

Ricardo Galuppo<br />

rgaluppo@brasileconomico.com.br<br />

Diretor de Redação<br />

Por uma revolução<br />

na educação pública<br />

O advogado Jair Ribeiro é um nome conhecido no<br />

mundo financeiro e é dono de um repertório formidável<br />

para analisar <strong>empresas</strong> e negócios. Mas ontem,<br />

durante o almoço, ele passou quase duas horas falando<br />

de educação. Ribeiro é, ao lado de Ana Maria<br />

Diniz, coordenador do Parceiros da Educação, organização<br />

formada por empresários que dedicam tempo,<br />

experiência, recursos e rede de contatos à missão<br />

de melhorar a qualidade do ensino público em São<br />

Paulo. De um modo geral, as escolas administradas<br />

pelo Parceiros apresentam, a partir da adoção, avanços<br />

significativos no Idesp, o índice que mede o desenvolvimento<br />

da educação no estado.<br />

Se o atraso do <strong>Brasil</strong> em relação<br />

aos países desenvolvidos é de 40<br />

anos em matéria de infraestrutura,<br />

na educação é de um século<br />

Uma preocupação de Ribeiro nos últimos dias tem<br />

sido a falta de menção ao ensino básico nos discursos<br />

dos principais candidatos à Presidência. Isso encontra<br />

explicação, segundo ele, no caminho escolhido<br />

pelos coordenadores para eleger as questões que estarão<br />

no centro das campanhas. Por maiores que sejam<br />

suas deficiências, a escola pública nunca é incluída<br />

pela população entre os principais problemas do<br />

país. Pelo contrário: a maioria das pessoas a aprova.<br />

Como, em matéria de educação, a maior demanda do<br />

povo é por mais ensino técnico, é dele que os candidatos<br />

tratam em suas campanhas. Quem, no entanto,<br />

conhece a realidade do ensino público sabe que as<br />

deficiências são enormes e tem certeza de que é preciso<br />

uma revolução para sacudir a área.<br />

Alguns dados são preocupantes. Entre eles, o de<br />

que um número expressivo de alunos sai da escola semianalfabeto<br />

— ou, para usar o termo politicamente<br />

correto, analfabeto funcional. Se o atraso do <strong>Brasil</strong><br />

em relação aos países desenvolvidos é de 40 anos em<br />

termos de infraestrutura e saneamento, por exemplo,<br />

em matéria de educação básica é de 100. É preciso<br />

encurtar essa distância, e isso será conseguido se a<br />

educação básica for posta no topo das prioridades. Do<br />

contrário, a economia crescerá sempre acima dos indicadores<br />

sociais, o que será péssimo para todo mundo.<br />

Inclusive para a parte mais rica da população. ■<br />

ENQUETE<br />

Os debates<br />

entre os<br />

candidatos<br />

à Presidência<br />

da República<br />

influenciam<br />

na decisão<br />

do seu voto?<br />

Não<br />

41%<br />

Fonte: <strong>Brasil</strong>Economico.com.br<br />

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www.brasileconomico.com.br<br />

Sim<br />

59%<br />

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