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2012_Luzes-ApostoloPulchrum

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Dr. Plinio, aPóstolo Do PulcHrum<br />

Revista Dr Plinio 174, Setembo <strong>2012</strong><br />

Fotos: Dario Sanches / Cláudio Dias Timm<br />

Uma joia dotada de asas<br />

Quem não se encanta ao contemplar o voo de um beija-flor?<br />

Tão pequenino e tão belo, ele nos dá a ideia de uma pedraria voando,<br />

uma joia dotada de asas.<br />

Há animais que podem ser muito frágeis, mas<br />

na sua fragilidade são também muito ágeis. E<br />

a agilidade lhes dá uma capacidade de avançar,<br />

de fugir e de voltar, que constitui a sua força. Uma<br />

ave que me dá muito essa impressão é o beija-flor.<br />

Analisando um beija-flor<br />

Lembro-me de uma vez em que eu estava trabalhando<br />

num terraço e, de repente, um beija-flor parou e começou<br />

a sugar o néctar que ele encontrava nas flores de<br />

uma trepadeira. Era um beija-flor de muito bom gênio<br />

e que se contentava com pouco, porque não parecia haver<br />

muito néctar naquelas esquálidas flores. Mas, enfim,<br />

o beija-flor sugou flor por flor. Interrompi o que eu estava<br />

fazendo e fiquei, em silêncio, olhando o beija-flor,<br />

com o cuidado de não o atrapalhar.<br />

Ele, tão inflexível em voar, na hora de sugar tremia e<br />

avançava, com mil movimentos, em torno da flor, tirando<br />

todo o néctar que podia e batendo com as asas de tal maneira<br />

que nenhum dos movimentos imitava exatamente o<br />

outro, e nenhuma das vibrações repetia a outra; parecia<br />

um instrumento tocando uma música sempre nova.<br />

Eu pensava: “Ele tem lá suas regras, que não conheço,<br />

mas afinal quando ele vai acabar?” Então sugava, sugava,<br />

e, de repente, da maneira mais inopinada, tomando<br />

conhecimento de que não havia nada, ou quase nada,<br />

a aproveitar da flor, deixava-a de um modo tão completo<br />

que era como se nunca aquela flor tivesse existido para<br />

ele; e, sem vacilação, ia direto para outra flor.<br />

Então eu refletia: “É a própria imagem da decisão.<br />

Quando é hora de sugar, faz força e suga; quando é hora<br />

de partir, abandona, rejeita e deixa a coisa reduzida a<br />

bagaço.”<br />

Aquele beija-flor não conhecia o sentimento brasileiro<br />

de saudade: ele abandonava cada flor sem rancor, mas<br />

também sem saudade. Eu tinha a impressão de que depois<br />

de tirar o último néctar ele ficava meio liberado, e<br />

então voava e recomeçava em outro lugar.<br />

O beija-flor não conhece<br />

o sentimento brasileiro de<br />

saudade: ele abandona cada<br />

flor sem rancor, mas também<br />

sem saudade. Depois de<br />

tirar o último néctar ele fica<br />

meio liberado, e então voa e<br />

recomeça em outro lugar.<br />

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