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2015_Luzes-ApostoloPulchrum

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Rapidez e comodidade<br />

Para analisar esta questão, consideremos alguns meios<br />

de transporte.<br />

Toda coisa é perfeita na medida em que atinge o seu<br />

fim. Ora, o fim de uma carruagem, por exemplo, é transportar;<br />

e se ela transporta nas condições ideais, realizou<br />

a sua perfeição.<br />

Quais são as condições ideais do meio de transporte?<br />

Ele deve ser, entre outras coisas, rápido e cômodo. Entretanto,<br />

o conceito de cômodo é muito amplo, porque<br />

uma é a comodidade que se pode querer ter em um automóvel<br />

que transpõe a distância de alguns quarteirões;<br />

outra é a comodidade exigida desse veículo fazendo uma<br />

longa viagem. São distâncias muito diferentes em que o<br />

corpo e o próprio espírito humano pedem graus e modos<br />

de conforto diferentes.<br />

Há outras circunstâncias que condicionam a comodidade<br />

de um veículo, como, por exemplo: um molejo adequado<br />

para transitar em superfícies irregulares; arranque<br />

suave e silencioso do motor; estabilidade pela qual o passageiro<br />

sinta-se bem e seguro, mesmo em alta velocidade,<br />

etc.<br />

Chegamos, assim, à conclusão de que o espírito prático<br />

deve ser adaptado a várias circunstâncias.<br />

Beleza ou conforto?<br />

A beleza interna de um veículo é uma condição de<br />

conforto? Evidentemente sim. Porque tudo que lisonjeia<br />

os sentidos, de algum modo, é condição de conforto. É<br />

muito confortável viajar em uma carruagem e ver o sol<br />

entrando pelos cristais das janelas e incidindo sobre sedas,<br />

damascos, veludos, “brincando” naqueles tecidos de<br />

luxo. Portanto, estaria de acordo com o espírito prático<br />

— que deve procurar o conforto de um veículo — tornar<br />

bonito o interior de uma carruagem.<br />

Mas também deve estar de acordo com o espírito prático<br />

que um automóvel tenha um compartimento com<br />

um pequeno refrigerador contendo líquidos gelados para<br />

que, no auge do calor, sem ter de diminuir a velocidade<br />

do carro, o dono possa servir-se de um refresco.<br />

Havendo tudo isso, pode-se dizer que o espírito prático<br />

obteve uma vitória. Mas torna-se impossível fabricar<br />

uma bela carruagem com essas comodidades. Onde colocar<br />

a geladeira e as supermolas compatíveis com a supervelocidade?<br />

Onde instalar um mecanismo por onde baste<br />

apertar um botão para as janelas subirem e baixarem<br />

fazendo um ruído prestigioso? Essas coisas cabem nos<br />

produtos modernos, não nos antigos. Então, o que escolher:<br />

a beleza da carruagem ou o conforto do automóvel?<br />

Alma do homem e pulcritude<br />

Até pouco tempo atrás, os homens não tinham perdido<br />

a noção do belo, mesmo passando da era da bela<br />

carruagem para a do automóvel. Tomemos, por exemplo,<br />

automóveis do tipo Mercedes. Eram bonitos veículos,<br />

com cores lindas, reluzentes. O homem tinha a impressão<br />

de entrar em uma pedra preciosa, de tal maneira<br />

aquela lataria toda era ornada. Dentro havia couros<br />

de primeira ordem, espaço amplo, enfim, todos os agrados<br />

dos transportes de luxo se encontravam reunidos ali.<br />

Diversos modelos de<br />

carruagens inglesas<br />

Tony Hisgett (CC 3.0)<br />

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