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as atividades de pequenos grupos nas empresas ... - Anpad

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AS ATIVIDADES DE PEQUENOS GRUPOS NAS EMPRESAS JAPONESAS E<br />

AMERICANAS SOB UM ENFOQUE ESTRATÉGICO DE RECURSOS HUMANOS<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O aumento da concorrência no mercado interno e <strong>as</strong> dificulda<strong>de</strong>s estruturais pel<strong>as</strong> quais<br />

o país p<strong>as</strong>sa, estão impondo, como condição fundamental para qualquer empresa que queira<br />

manter-se competitiva, saber não somente quem são seus clientes externos, como também<br />

conhecer melhor seus clientes internos. As expectativ<strong>as</strong> dos funcionários, ou seja, o que estes<br />

esperam da empresa, bem como, tudo o que a ela po<strong>de</strong>m oferecer em termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serviço, são conteúdos que p<strong>as</strong>sam a exigir um tratamento, cada vez mais transparente e justo na<br />

dimensão capital-trabalho. Tudo isto, ocorrendo <strong>de</strong> tal forma que os ajustes e melhori<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

especificações <strong>de</strong> produtos e processos sejam um reflexo da capacida<strong>de</strong> do homem <strong>de</strong> interagir no<br />

seu meio.<br />

Face ao quadro acima estabelecido, e b<strong>as</strong>eando-se em <strong>de</strong>terminad<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong>,<br />

principalmente, dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> organizações japones<strong>as</strong> e american<strong>as</strong>, como por<br />

exemplo : Qualida<strong>de</strong> Total e Produção Enxuta, configura-se um cenário <strong>de</strong> alta competitivida<strong>de</strong><br />

em nível mundial. Desta forma, muit<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>, no início da década <strong>de</strong> 80, p<strong>as</strong>saram<br />

a adotar program<strong>as</strong> que enfatizavam o aumento da produtivida<strong>de</strong> e a redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong><br />

produção.<br />

Estes program<strong>as</strong> se inserem em estratégi<strong>as</strong> <strong>de</strong> gestão, cujos diversos rótulos, como<br />

(Controle da Qualida<strong>de</strong> Total - TQC, Gestão da Qualida<strong>de</strong> Total -TQM), têm como b<strong>as</strong>e<br />

princípios e métodos muito próximos ao Sistema Toyota <strong>de</strong> Produção. Todos eles têm muito<br />

presente a transcendência do controle ao compromisso e do comando ao consenso (Ter<br />

flexibilida<strong>de</strong>, trabalhar em equipe, ce<strong>de</strong>r, negociar ). Na transição da “ Produção em m<strong>as</strong>sa” à<br />

“Produção Enxuta ”, o que diz respeito a organização do trabalho ganha expressiva relevância.<br />

“Na b<strong>as</strong>e <strong>de</strong>sta mudança está, com certeza, o trabalho em Grupo, o qual substitui a expressão<br />

um posto-um homem-uma tarefa, que caracterizava a relação individual típica do trabalho em<br />

Ford” ( Ru<strong>as</strong>,1993). Muitos <strong>de</strong>stes program<strong>as</strong>, b<strong>as</strong>eados no Sistema Toyota <strong>de</strong> produção (mo<strong>de</strong>lo<br />

japonês), têm como b<strong>as</strong>e <strong>de</strong> sustentação <strong>as</strong> melhori<strong>as</strong> d<strong>as</strong> Ativida<strong>de</strong>s por Pequenos Grupos<br />

(APG’s) ( Mon<strong>de</strong>n, 1984 ).<br />

Assim, o estudo dos conceitos e característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> APG’s, mais especificamente, dos<br />

“<strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> ou CCQ” (Davidson,1982) serviu como b<strong>as</strong>e para a análise da pesquisa <strong>de</strong><br />

campo realizada. Trata-se <strong>de</strong> du<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong>, a Hit<strong>as</strong>hi Co., empresa japonesa situada em<br />

Tokyo, que segue o mo<strong>de</strong>lo japonês <strong>de</strong> APG’s(CCQ’s)(I<strong>de</strong>m, 1982) e uma empresa situada no<br />

RGS pertencente a um grupo norte-americano do setor metal-mecânico <strong>de</strong> autopeç<strong>as</strong>. Nesta<br />

empresa foi <strong>de</strong>senvolvida uma pesquisa <strong>de</strong> campo coor<strong>de</strong>nada e executada pelo autor. Enfatiza-se<br />

que esta empresa, embora siga o estilo norte-americano <strong>de</strong> gestão administrativa da produção,<br />

adota o CCQ japonês como mo<strong>de</strong>lo para su<strong>as</strong> APG’s.<br />

2.BASE TEÓRICA<br />

2.1 Conceito <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> n<strong>as</strong> organizações<br />

1


As organizações também são constituíd<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> trabalhado que se interligam e<br />

sobrepõe, por meio da participação simultânea d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> em diferentes <strong>grupos</strong>.<br />

Conforme Maximiniano(1993), <strong>as</strong> organizações possuem Três tipos <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> formais:<br />

1. “Os <strong>grupos</strong> funcionais <strong>de</strong> trabalho, em que a estrutura organizacional se divi<strong>de</strong>, usualmente<br />

n<strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> unida<strong>de</strong>s, secções ou <strong>de</strong>partamentos;<br />

2. Os <strong>grupos</strong> adhoc temporários, criados para resolver problem<strong>as</strong> específicos e se <strong>de</strong>smobilizar<br />

<strong>as</strong>sim que isso aconteça, nos quais os integrantes têm participação oc<strong>as</strong>ional;<br />

3. Os <strong>grupos</strong> adhoc permanentes, em que a participação também é oc<strong>as</strong>ional, m<strong>as</strong> que cuidam <strong>de</strong><br />

problem<strong>as</strong> interruptos”.<br />

A cl<strong>as</strong>sificação dos <strong>grupos</strong> formais <strong>de</strong> Maximiniano(1993) é <strong>de</strong> singular importância,<br />

neste trabalho, à medida que facilitará ao leitor perceber <strong>as</strong> limitações do eixo <strong>de</strong> análise no qual<br />

seguiu o estudo. O trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido a partir da análise e <strong>de</strong>scrição teórica d<strong>as</strong> APG’s<br />

segundo às <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> Adhoc permanentes.<br />

Conforme Cole (1989), o Conceito <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pequenos Grupos é ambíguo ao<br />

permitir que, indistintamente, possa-se referir aos seus diferentes tipos e finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> e<br />

<strong>de</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong>, tanto na fábrica quanto no escritório. Embora <strong>as</strong> naturez<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> que levam<br />

a necessida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ntro da fábrica sejam distint<strong>as</strong>,<br />

alguns autores como Cole(1989) e Davidson(1982) consi<strong>de</strong>ram o termo APG’s suficientemente<br />

amplo para conceitualmente abranger <strong>de</strong>terminados <strong>grupos</strong> com propósitos <strong>de</strong>finidos. Dentre os<br />

tipos <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> que constituem APG’s cita-se : Célul<strong>as</strong> <strong>de</strong> manufatura, Equipes <strong>de</strong> Processo,<br />

Grupos <strong>de</strong> Trabalho força-tarefa (T<strong>as</strong>k force groups), Grupos semi-autônomos, Grupos <strong>de</strong><br />

melhori<strong>as</strong> gerenciais (Improvement management groups), Círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong><br />

(CCQ) e Círculos <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> (CQ).<br />

Também <strong>de</strong>fine-se APG’s como “ <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>, na maioria formados por<br />

funcionários operacionais, que reúnem-se sistemática e continuamente, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

prevenir <strong>de</strong>sperdícios e melhorar a qualida<strong>de</strong>” ( Ru<strong>as</strong>, 1995 ).<br />

Para Ishikawa(1993), um dos iniciadores do TQC (Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> Total) no<br />

Japão e consequentemente dos CCQ, o Círculo <strong>de</strong> CQ é “um pequeno grupo para executar<br />

<strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> voluntariamente na mesma oficina. Este pequeno grupo<br />

prossegue continuamente como parte d<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em toda a empresa ,<br />

auto<strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong>senvolvimento mútuo, controle e melhoramento da oficina, com<br />

participação <strong>de</strong> todos os membros”.<br />

2.2 O Mo<strong>de</strong>lo Japonês <strong>de</strong> APG’s<br />

De acordo com Mon<strong>de</strong>m (1984) os <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> po<strong>de</strong>m ser estruturados pela<br />

necessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> cert<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> industriais como: célul<strong>as</strong> <strong>de</strong> manufatura (layout<br />

celular), setup time (troca rápida <strong>de</strong> ferrament<strong>as</strong>), minifábric<strong>as</strong>, Manutenção Produtiva Total<br />

(TPM) e também para <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong> e solução <strong>de</strong> problem<strong>as</strong>. Est<strong>as</strong> últim<strong>as</strong>, são<br />

<strong>de</strong>senvolvid<strong>as</strong> por <strong>grupos</strong> do tipo CCQ (Círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>), <strong>grupos</strong> força-tarefa,<br />

equipes <strong>de</strong> processo e projeto e etc. Est<strong>as</strong> Ativida<strong>de</strong>s por Pequenos Grupos, quando na forma <strong>de</strong><br />

CCQ (Círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>), servirão <strong>de</strong> b<strong>as</strong>e para analisarmos, do ponto <strong>de</strong> vista<br />

estratégico, a forma como est<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> foram utilizad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong> e american<strong>as</strong>.<br />

2


2.2.1. O C<strong>as</strong>o Japonês Da Hit<strong>as</strong>hi Co.<br />

Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> vinte e sete fábric<strong>as</strong> japones<strong>as</strong> da Hitachi empregam program<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>. “Círculos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, ou <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>, cujo objetivo é<br />

melhorar e controlar a qualida<strong>de</strong> dos produtos, respon<strong>de</strong>m por 29% <strong>de</strong> toda ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong>ntro da Hitachi”. Outros 4% <strong>de</strong> todos os <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> estão<br />

direcionados a questões <strong>de</strong> segurança dos trabalhadores. O restante se concentra no que são<br />

chamad<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> gerenciamento ou Improvment Management (MI). O foco<br />

dos <strong>grupos</strong> MI po<strong>de</strong> ser geralmente <strong>de</strong>scrito como Gerenciamento e refinamento <strong>de</strong> operações. É<br />

importante notar que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> no Japão abrange não somente trabalhadores<br />

<strong>de</strong> produção, m<strong>as</strong> também pessoal administrativo, <strong>de</strong> apoio e certos gerentes. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

área <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, <strong>grupos</strong> MI tem um importante papel na criação e refinamento <strong>de</strong> sistem<strong>as</strong><br />

operacionais, administrativos e organizacionais (Davidson,1982).<br />

A pesquisa <strong>de</strong> Davidson(1982) <strong>de</strong>staca que o conceito <strong>de</strong> pequeno grupo foi introduzido<br />

pela gerência ao resto da organização em 1975. Ao nível dos operários, o programa <strong>de</strong> pequeno<br />

grupo foi implementado como parte <strong>de</strong> uma campanha mais abrangente <strong>de</strong>stinada a melhorar,<br />

fundamentalmente, o <strong>de</strong>sempenho e a produtivida<strong>de</strong> da Mus<strong>as</strong>hi Works. Este programa<br />

abrangente, chamado movimento MMM, não trouxe inovações organizacionais ou gerenciais<br />

específic<strong>as</strong>. Era <strong>de</strong>stinado a incentivar tem<strong>as</strong> <strong>de</strong> rotina, pontos <strong>de</strong> discussão e objetivos amplos<br />

em todo processo inicial do programa <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>. O movimento MMM se refere a três<br />

palavr<strong>as</strong>: muda, mura e muri. El<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m ser traduzid<strong>as</strong> respectivamente como <strong>de</strong>sperdício,<br />

insuficiência e inconsistência. Est<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> foram usad<strong>as</strong> para simbolizar um novo tema-guia<br />

para a Mus<strong>as</strong>hi Works. A finalida<strong>de</strong> do movimento MMM é eliminar estes três males da Mus<strong>as</strong>hi<br />

Works.<br />

2.2.2. Mecanismos Para Alcançar os Objetivos da Gerência.<br />

A proposta <strong>de</strong> melhoria submetida por <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>, individualmente, é o<br />

mecanismo-chave para alcançar os objetivos da gerência como abordado no movimento MMM.<br />

B<strong>as</strong>eados nos tem<strong>as</strong> sugeridos pela gerência, <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> propõem melhori<strong>as</strong> que são, então,<br />

traduzid<strong>as</strong> em projetos específicos. Assim, o apoio da gerência ao programa <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>,<br />

em conjunto com o que a Hitachi chama <strong>de</strong> total participação do empregado, criativida<strong>de</strong> e<br />

espírito <strong>de</strong> luta, leva a benefícios específicos <strong>de</strong> moral, qualida<strong>de</strong> e eficiência (Davidson,<br />

1982). Parece não ficar muito claro quais são os benefícios específicos ligados à moral dos<br />

empregados que a gerência japonesa tem como objetivo. Talvez, isto se esclareça se<br />

relacionarmos esta questão à pesquisa <strong>de</strong> Cole(1989) a respeito da utilização d<strong>as</strong> APG’s sob o<br />

ponto <strong>de</strong> vista estratégico gerencial. Segundo i<strong>de</strong>m (1989), a implantação d<strong>as</strong> APG’s, no Japão,<br />

está relacionada a “forç<strong>as</strong> indutor<strong>as</strong>, a respost<strong>as</strong> estratégic<strong>as</strong> e a objetivos gerenciais”, conforme a<br />

figura a seguir:<br />

3


Forç<strong>as</strong> indutor<strong>as</strong><br />

Esc<strong>as</strong>sez <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>obra<br />

Internacionalização<br />

Poluição<br />

Aumento do nível<br />

educacuinal<br />

Respost<strong>as</strong> estratégic<strong>as</strong><br />

Investimento<br />

<strong>de</strong> capital<br />

Mão <strong>de</strong> obra<br />

estrangeira<br />

Mão <strong>de</strong> obra<br />

sazonal<br />

Mão-<strong>de</strong>-obra<br />

em meio turno<br />

Instalações e<br />

fornecedores<br />

no estrangeiro<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>pequenos</strong><br />

<strong>grupos</strong><br />

DescentralizaDescentralização<br />

Objetivos<br />

Comunicação,<br />

espírito <strong>de</strong> gru-<br />

po e motivação<br />

Melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> e<br />

produtivida<strong>de</strong><br />

Ações restritiv<strong>as</strong><br />

para manter<br />

a produção<br />

Flexibilida<strong>de</strong><br />

Oportunida<strong>de</strong>s<br />

alternativ<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

lucro<br />

Fig. 1 Motivadores gerenciais para a utilização d<strong>as</strong> APG’s no Japão (Cole,1989)<br />

Observa-se, na figura 1 (partes grifad<strong>as</strong>), que ações estratégic<strong>as</strong> gerenciais como <strong>as</strong><br />

APG’s e a <strong>de</strong>scentralização têm como finalida<strong>de</strong> atingir objetivos <strong>de</strong> proporcionar benefícios <strong>de</strong><br />

moral aos funcionários, através do incentivo à comunicação, espírito <strong>de</strong> grupo e motivação. Como<br />

po<strong>de</strong>-se verificar, a <strong>de</strong>scentralização é uma estratégia paralela e correlacionada às APG’s. Amb<strong>as</strong><br />

têm finalida<strong>de</strong>s comuns <strong>de</strong> melhorar a comunicação, o espírito <strong>de</strong> grupo, a motivação e da mesma<br />

forma a qualida<strong>de</strong> e a produtivida<strong>de</strong>. Os objetivos gerenciais parecem ser amplos e até ousados,<br />

se por exemplo, pensarmos po<strong>de</strong>r atingir objetivos como maior motivação e ampla participação<br />

<strong>de</strong> <strong>grupos</strong> e pesso<strong>as</strong> utilizando recursos como os CCQ’s e estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização. Quanto<br />

a qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>, não parece haver maiores problem<strong>as</strong>, haja vista os resultados<br />

<strong>de</strong>stes program<strong>as</strong> que são <strong>de</strong>scritos a seguir.<br />

2.2.3. Resultado do Programa <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pequenos Grupos na Hit<strong>as</strong>hi<br />

Na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1980, na Mus<strong>as</strong>hi Works, 112.022 propost<strong>as</strong> foram submetid<strong>as</strong><br />

pelos 360 <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> operários na fábrica da Mus<strong>as</strong>hi. Deste total, 98.347 melhori<strong>as</strong> foram<br />

implantad<strong>as</strong> até o fim do ano. Em média, cada grupo completou aproximadamente 45 melhori<strong>as</strong><br />

por mês entre julho e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1980 (Davidson,1982). As melhori<strong>as</strong> completad<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

dividid<strong>as</strong> em vári<strong>as</strong> categori<strong>as</strong>. D<strong>as</strong> 98.347 melhori<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong>, 26 por cento resultaram na<br />

redução <strong>de</strong> tempos padrão em diferentes seções trabalho. Adicionais 27 % resultaram na redução<br />

<strong>de</strong> inventário. Melhori<strong>as</strong> <strong>de</strong> segurança e contenção geral <strong>de</strong> <strong>de</strong>spes<strong>as</strong> respon<strong>de</strong>m cada uma por 6<br />

por cento d<strong>as</strong> melhori<strong>as</strong> totais realizad<strong>as</strong>. Melhoria <strong>de</strong> eficiência em funções <strong>de</strong> escritório e<br />

administrativ<strong>as</strong> foram o foco <strong>de</strong> 24 por cento d<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong>, o que refletiu a proporção<br />

dos resultados d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> fora da linha <strong>de</strong> produção. O restante d<strong>as</strong><br />

propost<strong>as</strong> foram <strong>de</strong>votad<strong>as</strong> a aumentar a produtivida<strong>de</strong> em vári<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> da produção. Apesar do<br />

nível e intensida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> parecer espantosa para padrões oci<strong>de</strong>ntais, a<br />

Mus<strong>as</strong>hi conseguiu apen<strong>as</strong> um nível médio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> na Hitachi como um todo em 1980. Em<br />

1979, algum<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong> japones<strong>as</strong> exibiram níveis mais altos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong><br />

<strong>grupos</strong>. Como dados comparativos segue uma lista <strong>de</strong> algum<strong>as</strong> <strong>de</strong>st<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong> e o número <strong>de</strong><br />

propost<strong>as</strong> submetid<strong>as</strong> por cada operário.<br />

- Aishin Seiki: 56 propost<strong>as</strong> por operário.<br />

4


- Fuji Electric: 99 propost<strong>as</strong> por operário.<br />

- Pentel: 43 propost<strong>as</strong> por operário.<br />

Como um todo, a Hitachi Corporation recebeu uma média <strong>de</strong> 39 propost<strong>as</strong> por operário.<br />

Isto não significa que represente o padão japonês. Significa que representa um dos padrões <strong>de</strong> um<br />

estrato d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong>.<br />

2.2.4. Conclusão da pesquisa em empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong><br />

Através da pesquisa realizada por Davidson(1982), observa-se que os sistem<strong>as</strong> japoneses<br />

<strong>de</strong> APG’s são <strong>de</strong>vidamente esquematizados para se tornarem uma estrutura po<strong>de</strong>rosa e altamente<br />

sofisticada no sentido <strong>de</strong> alcançar objetivos gerenciais gerais e específicos. A participação dos<br />

trabalhadores é encorajada através da pressão dos companheiros, benefícios para afiliados aos<br />

<strong>grupos</strong>, e competição inter-<strong>grupos</strong> inerente ao sistema. Em sua pesquisa, Davidson(1982)<br />

afirma constatar que “a estrutura do grupo é usada para formalizar objetivos específicos e<br />

compromissos consistentes com a estratégia gerencial geral em todos os níveis da organização”.<br />

Esta afirmação permite transparecer os limites, <strong>as</strong> fronteir<strong>as</strong>, ou seja, <strong>as</strong> limitações do uso d<strong>as</strong><br />

técnic<strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong> e <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> problem<strong>as</strong> por parte dos operários, diante dos<br />

objetivos e interesses específicos <strong>de</strong>mandados pela estratégia gerencial em todos os níveis da<br />

organização.<br />

Entretanto, segundo os resultados da pesquisa <strong>de</strong> Davidson(1982) o registro da ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> na Mus<strong>as</strong>hi Works indica o tremendo potencial <strong>de</strong> tais program<strong>as</strong> para<br />

melhorar resultados na operação. Est<strong>as</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> sistematizam e aceleram a realização <strong>de</strong><br />

benefícios na curva <strong>de</strong> experiência em todos os <strong>as</strong>pectos d<strong>as</strong> operações. Como uma força para a<br />

melhoria da qualida<strong>de</strong> e eficiência, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> representa uma importantes<br />

vantagem competitiv<strong>as</strong> do sistema industrial japonês. Tais <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> são particularmente<br />

importantes em indústri<strong>as</strong> tais como a <strong>de</strong> semicondutores, on<strong>de</strong> a mudança técnica é freqüente e a<br />

evolução do processo é rápida.<br />

2.3. O Mo<strong>de</strong>lo norte americano d<strong>as</strong> APG’s<br />

2.3.1 A problemática d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> norte american<strong>as</strong><br />

Segundo a pesquisa <strong>de</strong> Cole(1989), até a década <strong>de</strong> 80 <strong>as</strong> APG’s eram muito pouco<br />

conhecid<strong>as</strong> nos EUA. Os lí<strong>de</strong>res empresariais não sentiam necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança na<br />

organização e administração dos empregados. A alta rotativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> funcionários se tornara<br />

comum e a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> treinar pesso<strong>as</strong> e colocá-l<strong>as</strong> em um dado cargo, tão rapidamente, era<br />

rotina, não constituindo, propriamente, um problema grave para <strong>as</strong> empres<strong>as</strong>. No início dos anos<br />

70 <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> american<strong>as</strong> enfrentavam altos índices <strong>de</strong> rotativida<strong>de</strong> e absenteísmo. Na General<br />

Motors Co., entre 1965 e 1969 o absenteísmo subiu cerca <strong>de</strong> 50%, índices <strong>de</strong> rotativida<strong>de</strong><br />

subiram mais <strong>de</strong> 70%, reclamações subiram 38% e <strong>de</strong>missões por motivos <strong>de</strong> disciplina<br />

cresceram mais <strong>de</strong> 40%.<br />

O surpreen<strong>de</strong>nte é que, conforme Cole(1989), os administradores americanos não interpretavam<br />

estes números como um problema sério. Pelo contrário, eles estavam habituados a este tipo <strong>de</strong><br />

instabilida<strong>de</strong> do quadro <strong>de</strong> funcionários e argumentavam po<strong>de</strong>r treinar pesso<strong>as</strong> e colocá-l<strong>as</strong> em<br />

um dado cargo com facilida<strong>de</strong>, mesmo que isto exigisse um planejamento extra. Desta forma, os<br />

5


elevados índices <strong>de</strong> rotativida<strong>de</strong> não representavam importância para os empregadores<br />

americanos da época. Desta forma, <strong>as</strong> APG’s, mais especificamente os CCQ’s, que já vinham<br />

sendo empregad<strong>as</strong> em gran<strong>de</strong> escala pel<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong>, no Japão, também não mereceram<br />

atenção dos administradores americanos.<br />

Entretanto, a acirrada concorrência externa, principalmente com o Japão, gerou, a partir<br />

dos anos 80, uma década <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e pressão n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> norte american<strong>as</strong>. Experiênci<strong>as</strong> e<br />

testes com nov<strong>as</strong> abordagens, se fizeram necessários. O fortalecimento do dólar nos anos 80<br />

favoreceu investimentos no estrangeiro, e a nova estratégia industrial p<strong>as</strong>sou a ser “automatizar <strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong>”( Jim Baker, vice presi<strong>de</strong>nte executivo da GM apud Cole,1989 ). A automação trouxe a<br />

necessida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> tecnologi<strong>as</strong> e <strong>de</strong> recursos humanos mais confiáveis e eficientes,<br />

aumentando, <strong>de</strong> certa forma, o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência na relação empregado e empregador. Neste<br />

contexto, <strong>as</strong> APG’s não só p<strong>as</strong>saram a ser mais acreditad<strong>as</strong> nos EUA, como representaram uma<br />

d<strong>as</strong> alternativ<strong>as</strong> para <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> american<strong>as</strong> se tornarem mais competitiv<strong>as</strong>. Verificou-se que o<br />

sucesso japonês era b<strong>as</strong>eado em seus altos níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>. Estes altos<br />

índices, <strong>de</strong>corriam, em parte, <strong>de</strong> uma abordagem japonesa que tinha origem americana. Eram os<br />

círculos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, os quais foram introduzidos no Japão, na década <strong>de</strong> 50, com o<br />

auxílio dos professores W.Eduard Deming e J.M.Juran. Estes americanos, ao fazerem com que<br />

<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> controle estatístico <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> fossem acatad<strong>as</strong> pelos empresários e<br />

administradores japoneses, gerando excelentes resultados, criaram uma gran<strong>de</strong> expectativa aos<br />

americanos no sentido <strong>de</strong> tornar su<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> mais competitiv<strong>as</strong>, não só frente à América, m<strong>as</strong><br />

também ao mercado europeu e ao Japão (i<strong>de</strong>m,1989).<br />

2.3.2 A reação d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> norte american<strong>as</strong><br />

A década <strong>de</strong> 70 nos EUA, caracterizada por uma situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m econômica e forte<br />

concorrência interna e externa, levou <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> american<strong>as</strong> a repensarem su<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

gestão. Cole(1989) em sua pesquisa, cita o nome <strong>de</strong> Ernest Savoie, um dirigente da Ford que na<br />

década <strong>de</strong> 80, em um workshop na universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Michigan, <strong>de</strong>clara ter sido a Ford a<br />

companhia recordista em <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> na década <strong>de</strong> setenta. “Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

companhi<strong>as</strong> norte american<strong>as</strong> somad<strong>as</strong> não ultrap<strong>as</strong>saram o número <strong>de</strong> APG’s existentes na Ford<br />

nesta década”.<br />

A partir da década <strong>de</strong> 80, <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> american<strong>as</strong> p<strong>as</strong>saram a investir intensamente em<br />

automação industrial. Esta, por sua vez, trazia a necessida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> tecnologi<strong>as</strong>, como<br />

técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pequenos Grupos e fortes medid<strong>as</strong> <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> custos que incluía<br />

a redução do quadro <strong>de</strong> pessoal. Esse processo <strong>de</strong> avanço tecnológico foi muito influenciado pela<br />

mídia e por empres<strong>as</strong> que p<strong>as</strong>saram a efetivar parceri<strong>as</strong> com empres<strong>as</strong> internacionais.<br />

Coincidência ou não, <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> que faziam pesados investimentos em nov<strong>as</strong> tecnologia e em<br />

<strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>, como o c<strong>as</strong>o da Companhia automotiva Ford, eram <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong><br />

que utilizavam ativamente instalações própri<strong>as</strong> e fornecedores no exterior. Portanto, era <strong>de</strong> se<br />

esperar que fossem competitiv<strong>as</strong> (Cole,1989).<br />

Neste contexto, <strong>as</strong> APG’s, tais quais foram <strong>de</strong>senvolvid<strong>as</strong> no Japão <strong>de</strong>spertaram ainda<br />

maior interesse dos administradores e empresários norte americanos. De acordo com a<br />

Associação Internacional <strong>de</strong> Círculos <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>, a maior organização envolvida com CCQ’s<br />

nos EUA, <strong>de</strong>clarou-se que :<br />

6


“ Ao serem <strong>de</strong>safiados pelo Japão, empresários americanos começaram a examinar a<br />

situação e estudar o fenômeno da rápida expansão econômica <strong>de</strong>ste país. Rapidamente<br />

perceberam que o sucesso japonês <strong>de</strong>via-se, em gran<strong>de</strong> parte, à preocupação japonesa em atingir<br />

qualida<strong>de</strong> superior e altos níveis <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> no trabalho, preocupação esta representada<br />

e <strong>de</strong>monstrada pela qu<strong>as</strong>e total <strong>de</strong>dicação da força <strong>de</strong> trabalho japonesa. Além disso, empresários<br />

americanos perceberam que a abordagem mais extensivamente usada pelos japoneses na busca<br />

<strong>de</strong>stes objetivos, tinha origem americana, ou seja, “Círculos <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>”, um tipo único e<br />

específico <strong>de</strong> sistema estruturado <strong>de</strong> modo formal envolvendo a participação do empregado”<br />

(i<strong>de</strong>m, 1982). Assim, observa-se que o objetivo <strong>de</strong>sejado pela administração empresarial<br />

americana, ao querer introduzir <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>, como os CCQ, em su<strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong>, foi promover maior <strong>de</strong>dicação dos funcionários a seus empregos, <strong>de</strong> modo que<br />

melhor<strong>as</strong>sem a qualida<strong>de</strong> e a produtivida<strong>de</strong> permitindo a empresa uma melhor posição<br />

competitiva, interna e externamente. Esta suposição parece fazer mais sentido quando<br />

Cole(1982) <strong>de</strong>staca em sua pesquisa que a Ford, ao fazer pesados investimentos em tecnologia e<br />

APG’s, também era uma empresa que mostrava-se competitiva e com intenções expansionist<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

globalização. Este era, segundo sua pesquisa, um dos motivos pelos quais os trabalhadores<br />

freqüentemente mostravam-se <strong>de</strong>sconfiados do interesse da administração da empresa quando a<br />

mesma propunha e utilizava <strong>as</strong> APG’s. Talvez <strong>de</strong>sconfi<strong>as</strong>sem que <strong>as</strong> APG’s fossem,<br />

principalmente, uma estratégia adotada pela administração d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> que pretendiam manter<br />

instalações e fornecedores no exterior, visando oportunida<strong>de</strong>s e alternativ<strong>as</strong> <strong>de</strong> aumentar os lucros<br />

da organização, e não, propriamente, utilizá-l<strong>as</strong> como uma ferramenta estratégica <strong>de</strong> melhorar <strong>as</strong><br />

condições no ambiente <strong>de</strong> trabalho.<br />

A implícita questão por parte dos trabalhadores era : seriam <strong>as</strong> APG’s, no c<strong>as</strong>o, os CCQ,<br />

uma ferramenta pela qual a administração ofereceria melhores condições ambientais no trabalho<br />

através do envolvimento do funcionário ?, ou utilizaria o maior envolvimento dos funcionários<br />

para, simplesmente, obter melhores resultados <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>, tornando-se, então,<br />

uma organização mais competitiva no cenário mundial ? Est<strong>as</strong> questões são respondid<strong>as</strong> na<br />

pesquisa <strong>de</strong> Cole(1982), através da figura 2 a seguir, ao esquematizar <strong>de</strong> forma muito clara <strong>as</strong><br />

“forç<strong>as</strong> indutor<strong>as</strong>”, <strong>as</strong> “respost<strong>as</strong> estratégic<strong>as</strong>” e os objetivos da administração empresarial norte<br />

americana ao introduzir <strong>as</strong> APG’s, <strong>de</strong>stacando os CCQ’s, em su<strong>as</strong> companhi<strong>as</strong>.<br />

Forç<strong>as</strong> indutor<strong>as</strong><br />

Internacionalização<br />

da economia e queda<br />

da posição competitiva.<br />

Respost<strong>as</strong> estratégic<strong>as</strong><br />

Investimento<br />

<strong>de</strong> capital<br />

Instalações e<br />

fornecedores<br />

no estrangeiro<br />

Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>pequenos</strong><br />

<strong>grupos</strong><br />

DescentralizaDescentralização<br />

Objetivos<br />

Aumentar a<br />

satisfação no<br />

trabalho<br />

Melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> e<br />

produtivida<strong>de</strong><br />

Oportunida<strong>de</strong>s<br />

alternativ<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

lucro<br />

Fig.2 Motivadores Gerenciais para a utilização d<strong>as</strong> APG’s nos EUA (Cole,1989)<br />

7


A figura 2 (partes grifad<strong>as</strong>) esclarece a questão logo acima elaborada. As APG’s foram<br />

utilizad<strong>as</strong> pelos administradores americanos como uma estratégia que tinha como finalida<strong>de</strong> tanto<br />

aumentar a satisfação no trabalho como melhorar a qualida<strong>de</strong> e a produtivida<strong>de</strong>. Os objetivos <strong>de</strong><br />

“alternativa e oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lucro” eram conseqüênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> estratégi<strong>as</strong> tais como “instalações e<br />

fornecedores no estrangeiro”, que por sua vez eram estratégi<strong>as</strong> paralel<strong>as</strong> às <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong>, m<strong>as</strong>, necessariamente, não se correlacionavam diretamente, como supunham os<br />

trabalhadores.<br />

3.METODOLOGIA<br />

No período <strong>de</strong> seis meses (<strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1996 a fevereiro <strong>de</strong> 1997) foi realizada uma<br />

pesquisa numa indústria do setor metal-mecânico do RGS. Esta pesquisa teve como objetivo<br />

principal analisar a configuração d<strong>as</strong> APG’s do tipo CCQ’s nesta empresa, à luz dos princípios<br />

que os fundamentam. Entretanto, para este artigo, optou-se por apresentar alguns resultados <strong>de</strong><br />

um dos objetivos específicos <strong>de</strong>sta pesquisa. Trata-se da verificação do nível <strong>de</strong> importância e <strong>de</strong><br />

satisfação dos trabalhadores <strong>de</strong>sta empresa em relação aos 6(seis) fatores característicos do<br />

Programa <strong>de</strong> Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong> adotado. Procurou-se verificar também <strong>as</strong> limitações dos<br />

princípios dos CCQ à medida que estes representaram formalmente um dos principais<br />

componentes da administração participativa <strong>de</strong>sta empresa. Foram entrevistados 12 indivíduos<br />

do nível gerencial e foi aplicado um total <strong>de</strong> 309 questionários aos trabalhadores sem cargos <strong>de</strong><br />

chefia. Desta forma, verificou-se tanto a percepção da gerência como a dos subordinados em<br />

relação aos objetivos da pesquisa.<br />

A investigação foi orientada pelo método <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o. Segundo Bardin(1977) este<br />

método é indicado para “o estudo d<strong>as</strong> motivações, valores, atitu<strong>de</strong>s, crenç<strong>as</strong> e tendênci<strong>as</strong>”. O<br />

presente trabalho tem caráter qualitativo e quantitativo simultaneamente. Para ( Yin, 1981 apud<br />

Roesch, 1995 ) o estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o po<strong>de</strong> ser tratado tanto <strong>de</strong> forma qualitativa como quantitativa.<br />

Entretanto, o estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o não visa testar hipóteses e nem ser conclusivo, ao p<strong>as</strong>so que busca<br />

estabelecer suposições e <strong>de</strong>scobrir nov<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> a serem testad<strong>as</strong> e validad<strong>as</strong> por outr<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong><br />

que tenham caráter conclusivo. Por est<strong>as</strong> razões, o estudo proposto foi cl<strong>as</strong>sificado como<br />

exploratório, qualitativo e com levantamentos quantitativos simultaneamente. ( Boyd,1989).<br />

A pesquisa realizada na empresa norte-americana com se<strong>de</strong> no Br<strong>as</strong>il não teve a<br />

pretensão <strong>de</strong> ter resultados representativos, pois não buscou generalizações estatístic<strong>as</strong> em nível<br />

<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empres<strong>as</strong>, e sim, generalizações sob o ponto <strong>de</strong> vista analítico limitada a uma<br />

d<strong>as</strong> unida<strong>de</strong>s da companhia pertencente ao setor <strong>de</strong> autopeç<strong>as</strong>. Os dados <strong>de</strong>sta pesquisa po<strong>de</strong>rão<br />

ser analisados com b<strong>as</strong>e na análise comparativa entre o mo<strong>de</strong>lo norte- americano e o mo<strong>de</strong>lo<br />

japonês <strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> utilização d<strong>as</strong> APG’s estudado e concebido por Cole(1989).<br />

3.1. Instrumentos <strong>de</strong> Coleta dos dados e plano Amostral<br />

Os questionários, <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong>, a observação direta individual e a análise <strong>de</strong><br />

documentos constituem <strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados escolhidos para a pesquisa <strong>de</strong> campo. Há<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> entrevist<strong>as</strong>, que variam <strong>de</strong> acordo com o propósito do investigador. Neste<br />

trabalho optou-se pela utilização <strong>de</strong> entrevist<strong>as</strong> semi-estruturad<strong>as</strong>.<br />

8


Para a análise quantitativa, a utilização <strong>de</strong> questionários requer uma série or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong><br />

pergunt<strong>as</strong> ou questões a serem respondid<strong>as</strong> ou avaliad<strong>as</strong>. A aplicação <strong>de</strong>ste instrumento não<br />

necessariamente requer a presença do entrevistador. É um instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados útil, a<br />

medida que se quer atingir maior número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> simultaneamente. Entretanto, apen<strong>as</strong> po<strong>de</strong><br />

ser aplicado a pesso<strong>as</strong> alfabetizad<strong>as</strong> e , normalmente, conta com elevado número <strong>de</strong> pergunt<strong>as</strong><br />

sem respost<strong>as</strong> (Lakatos, 1985:89). Na f<strong>as</strong>e <strong>de</strong> natureza quantitativa da pesquisa foi utilizado o<br />

pré-teste. Para Roesch (1995 : 124) o Pré-teste consiste em “testes aplicados antes do início <strong>de</strong><br />

um programa ou experimento”. Este instrumento foi utilizado para testar os questionários<br />

aplicados ao corpo <strong>de</strong> subordinados da empresa pesquisada.<br />

Para uma melhor compreensão da utilização dos instrumentos e técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>ste<br />

estudo <strong>de</strong> c<strong>as</strong>o é necessário frisar que a pesquisa dividiu-se em du<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es distint<strong>as</strong>: uma <strong>de</strong> cunho<br />

qualitativo, voltando-se mais às opiniões e percepções gerenciais(d<strong>as</strong> chefi<strong>as</strong>) e outra <strong>de</strong> cunho<br />

quantitativo, enfatizando a questão da percepção e satisfação do corpo <strong>de</strong> subordinados da<br />

empresa em relação ao Programa <strong>de</strong> Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong> empregado pela mesma. Enfatiza-se<br />

que neste artigo serão apresentad<strong>as</strong>, predominantemente, evidênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> cunho quantitativo<br />

e diretamente relacionad<strong>as</strong> a percepção dos subordinados 1<br />

da empresa, pois os resultados<br />

numéricos obtidos facilitarão o leitor refletir e comparar, conforme o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Cole(1989)<br />

ilustrado n<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> 1 e 2 (partes grifad<strong>as</strong>), a respeito dos diferentes enfoques estratégicos na<br />

utilização d<strong>as</strong> APG’s n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong>, american<strong>as</strong> e na empresa norte-american<strong>as</strong> sediada<br />

no RGS pesquisada pelo autor.<br />

Primeiramente foram levantados dados referenciais relativos às especificida<strong>de</strong>s<br />

(Qualida<strong>de</strong>s característic<strong>as</strong>) e princípios do programa CCQ (Círculos <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>).<br />

B<strong>as</strong>eado nesta pesquisa teórica, foi montado um roteiro com os fatores chaves e característicos<br />

<strong>de</strong>ste programa. Com este roteiro foram realizad<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> em profundida<strong>de</strong> semiestruturad<strong>as</strong><br />

com lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo, supervisão, gerência e diretoria da empresa.<br />

Os entrevistados dos níveis gerenciais da empresa são compostos pela alta gerência,<br />

gerência intermediária e supervisão.<br />

A alta gerência da empresa é formada pelo diretor presi<strong>de</strong>nte, diretor técnico, gerência <strong>de</strong><br />

manufatura, <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> engenharia, e <strong>de</strong> Recursos Humanos.. A gerência intermediária é<br />

composta pelos gerentes <strong>de</strong> produção alocados por setor e pela gerência do planejamento<br />

industrial.. Os <strong>de</strong>mais membros com cargos <strong>de</strong> chefia entrevistados foram supervisores <strong>de</strong><br />

fábrica e coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamento.<br />

O instrumento necessário para medir o nível <strong>de</strong> satisfação dos subordinados da<br />

empresa em estudo requer a utilização do método quantitativo. Este, caracteriza-se pelo “emprego<br />

da quantificação tanto n<strong>as</strong> modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados, quanto no tratamento <strong>de</strong>stes através<br />

<strong>de</strong> técnic<strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong>” (Richardson, 1985:29).<br />

Esta F<strong>as</strong>e da pesquisa subdividiu-se em du<strong>as</strong> etap<strong>as</strong>:<br />

a) Etapa <strong>de</strong> Evidência Qualitativa: nesta realizaram-se entrevist<strong>as</strong> com indivíduos do<br />

nível operacional (técnicos administrativos, técnicos <strong>de</strong> fábrica e operadores <strong>de</strong> máquina) que não<br />

1 Trabalhadores sem cargos <strong>de</strong> chefia na empresa pesquisada.<br />

9


exercessem cargos <strong>de</strong> chefia. Estes, foram selecionados aleatoriamente <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong><br />

lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> CCQ/PROMECON.<br />

As entrevist<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> com lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> CCQ, além d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> em<br />

profundida<strong>de</strong> realizad<strong>as</strong> com o corpo gerencial, auxiliaram muito no levantamento d<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong><br />

básic<strong>as</strong> do PROMECON para fins <strong>de</strong> construção do instrumento <strong>de</strong> medição do nível <strong>de</strong><br />

satisfação dos funcionários. O posicionamento dos lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo quanto aos fatores analisados<br />

permitiram fazer um pré-levantamento, sugerindo supost<strong>as</strong> forç<strong>as</strong> e fraquez<strong>as</strong>, satisfações e<br />

insatisfações, dificulda<strong>de</strong>s e facilida<strong>de</strong>s e limitações relacionad<strong>as</strong> às <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> do PROMECON.<br />

b) Etapa <strong>de</strong> Evidência Quantitativa: Utilizaram-se questionários cuj<strong>as</strong> questões eram<br />

qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> fechad<strong>as</strong>. Est<strong>as</strong> caracterizaram-se por serem do tipo escalar intervalares e permitem a<br />

comparação <strong>de</strong> intervalos. A escala é um instrumento científico <strong>de</strong> observação e mensuração dos<br />

fenômenos sociais. Sua i<strong>de</strong>alização tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “medir a intensida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e<br />

opiniões na forma mais objetiva possível” (An<strong>de</strong>r-Egg apud Lakatus,.1985:102).<br />

Entre <strong>as</strong> escal<strong>as</strong> intervalares existentes optou-se pela escala <strong>de</strong> Lickert. Segundo Lakatus<br />

(1985:108) esta requer :<br />

1. A elaboração <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> proposições consi<strong>de</strong>rad<strong>as</strong> importantes em<br />

relação <strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s ou opiniões, que tenha relação direta ou indireta com o objetivo a ser estudado.<br />

2. Que <strong>as</strong> proposições apresentad<strong>as</strong> a certo número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> indiquem su<strong>as</strong> reações,<br />

anotando os valores 5,4,3,2,1, que correspon<strong>de</strong>ram às seguintes categori<strong>as</strong> na pesquisa realizada:<br />

“( muito insatisfeito); (insatisfeito); (indiferente); (satisfeito);(muito satisfeito)” (Richardson,<br />

1985:226).<br />

Além d<strong>as</strong> 5(cinco) categori<strong>as</strong> da escala escolhida, optou-se pela utilização da alternativa<br />

“Não sei”. Para Selltiz(1965:291) a inclusão <strong>de</strong> uma alternativa “não sei” po<strong>de</strong> “ajudar a<br />

indicação <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> opinião cristalizada”. Nesta segunda etapa foram aplicados 309<br />

questionários, com o propósito <strong>de</strong> coletar dados referentes ao nível <strong>de</strong> satisfação dos funcionários.<br />

Essa amostra garante a confiabilida<strong>de</strong> estatística <strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> (95%) e a margem <strong>de</strong> erro admitido<br />

<strong>de</strong> (5%). A tabela que segue apresenta a distribuição da amostra pesquisada conforme a área <strong>de</strong><br />

atuação dos participantes. Salienta-se que esta amostra caracteriza-se por ser aleatória sistemática.<br />

Segundo Lakatus (1985:39) num processo <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> amostra sistemática, a população, ou a<br />

relação <strong>de</strong> seus componentes, <strong>de</strong>ve ser “or<strong>de</strong>nada” <strong>de</strong> maneira que cada elemento seja<br />

i<strong>de</strong>ntificado, univocamente pela posição.<br />

Em relação a amostra <strong>de</strong> subordinados lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo entrevistados, partiu-se <strong>de</strong> uma<br />

lista <strong>de</strong> aproximadamente 100(cem) lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> CCQ. Desta lista, conforme critério <strong>de</strong><br />

aleatorieda<strong>de</strong> sistemática e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>ste pessoal selecionado, entrevistou-se<br />

5(cinco) lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> grupo.<br />

- Distribuição amostral por área<br />

Tabela A - V1-Área/setor (Centro <strong>de</strong> Custo)<br />

10


v1<br />

Diretos produção<br />

Indiretos prod/adm/com<br />

TOTAL CIT.<br />

Qt. cit. Freqüência<br />

157 50.8%<br />

152 49.2%<br />

309 100.0%<br />

Tabela elaborada pelo autor, com b<strong>as</strong>e nos resultados da pesquisa<br />

Tabela B - V1-Área/setor <strong>de</strong>scriminados (Centro <strong>de</strong> Custo)<br />

v1<br />

Qt. cit. Freqüência<br />

Diretos Junta Fixa<br />

45 14.6%<br />

Diretos Montagem<br />

30 9.7%<br />

Diretos Componentes<br />

45 14.6%<br />

Diretos Junta Deslizante<br />

37 12.0%<br />

Indiretos áre<strong>as</strong> produtiv<strong>as</strong><br />

31 10.0%<br />

Indiretos apoio produção<br />

82 26.5%<br />

Indiretos apoio Adm/Com<br />

39 12.6%<br />

TOTAL OBS.<br />

309 100.0%<br />

Tabela elaborada pelo autor, com b<strong>as</strong>e nos resultados da pesquisa<br />

Os percentuais são calculados em relação ao número <strong>de</strong> observações.<br />

As tabel<strong>as</strong> acima estratificam a distribuição amostral selecionada em dois gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>grupos</strong>, funcionários diretos e indiretos. A proporção é praticamente 1(um) funcionário indireto<br />

para cada funcionário direto.<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se trabalhadores indiretos áre<strong>as</strong> produtiv<strong>as</strong>, àqueles ligados às áre<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

apoio d<strong>as</strong> seguintes divisões da produção: Componentes, Junta Deslizante, Junta Fixa e<br />

Montagem.<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se trabalhadores indiretos apoio a produção ou áre<strong>as</strong> <strong>de</strong> apoio industrial,<br />

àqueles ligados aos seguintes <strong>de</strong>partamentos: Planejamento Industrial, DGQ, Almoxarifado,<br />

Ferramentaria, Ref. Máquin<strong>as</strong>, PCP, Pré-set, Setup, Expedição, Eng. Produto e Eng.<br />

Processo. Consi<strong>de</strong>rou-se trabalhadores Indiretos apoio Administrativo comercial, àqueles ligados<br />

aos setores <strong>de</strong>: Recursos Humanos(DP), Recursos Humanos(Treinamento), Segurança<br />

Patrimonial, Segurança Industrial e Compr<strong>as</strong>.<br />

. Aplicação dos Instrumentos <strong>de</strong> pesquisa<br />

A) Aos Níveis Gerenciais : <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> foram aplicad<strong>as</strong> conforme a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cada gerência e supervisão. A maior parte d<strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong> realizaram-se nos meses <strong>de</strong> novembro e<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1996. Os entrevistados eram chamados, no máximo, em <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> dois indivíduos<br />

para cada entrevista. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> entrevist<strong>as</strong>, com exceção a <strong>de</strong> um dos diretores (Diretor<br />

Presi<strong>de</strong>nte), foram gravad<strong>as</strong> em fit<strong>as</strong> c<strong>as</strong>sete e simultaneamente registrad<strong>as</strong> manualmente. Esta<br />

ativida<strong>de</strong> foi coor<strong>de</strong>nada e executada pelo autor.<br />

11


B) Aos Subordinados: 309 (trezentos e nove) questionários foram aplicados durante o<br />

mês <strong>de</strong> janeiro e parte do mês <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1997. Os trabalhadores eram chamados, no<br />

máximo, em <strong>grupos</strong> <strong>de</strong> 15 indivíduos por setor. A cada grupo foi explicado o objetivo da pesquisa<br />

e esclarecido a dinâmica <strong>de</strong> preenchimento d<strong>as</strong> questões. Se enfatizou que tanto a empresa quanto<br />

a pesquisa acadêmica não se interessavam pela satisfação e opinião individual, e sim, do corpo<br />

coletivo. Portanto, manteve-se o anonimato no preenchimento dos questionários. Embora alguns<br />

funcionários da empresa tenham auxiliado no sentido <strong>de</strong> disponibilizar sal<strong>as</strong> e trabalhadores para<br />

a realização da pesquisa, a coor<strong>de</strong>nação e execução <strong>de</strong>sta f<strong>as</strong>e da mesma também foi realizada<br />

apen<strong>as</strong> pelo autor.<br />

4. Resultados da Pesquisa em uma d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> da companhia norte-americana com filial<br />

no Br<strong>as</strong>il<br />

O posicionamento dos trabalhadores da empresa sem cargos <strong>de</strong> chefia em relação ao<br />

Programa <strong>de</strong> Melhori<strong>as</strong> Contínu<strong>as</strong> (PROMECON) da mesma foi avaliado através do nível <strong>de</strong><br />

satisfação <strong>de</strong>stes indivíduos e da importância atribuída em relação a cada um dos fatores abaixo:<br />

RANKING GERAL DE IMPORTÂNCIA<br />

RANKING GERAL DE SATISFAÇÃO<br />

Do (+) importante ao (-) importante<br />

Do (-) satisfeito ao (+) satisfeito<br />

FATORES MÉDIA FATORES MÉDIA<br />

Retorno e reconhecimento por parte da<br />

empresa.<br />

3.64 Gerenciamento. Estrutura Funcional 2.91<br />

Gerenciamento da. Estrutura Funcional 3.60 Perfil do meu grupo <strong>de</strong> CCQ 2.97<br />

Educação/Treinamento<br />

3.59 Educação/Treinamento 2.99<br />

Gerenciamento da. Estrutura <strong>de</strong> Apoio<br />

3.58 Gerenciamento da. Estrutura <strong>de</strong> Apoio 3.11<br />

Perfil do meu grupo <strong>de</strong> CCQ<br />

3.55 Retorno e reconhecimento por parte da<br />

empresa<br />

3.18<br />

Questionar proposta <strong>de</strong> participação via 3.51 Questionar proposta <strong>de</strong> participação 3.55<br />

CCQ<br />

via CCQ<br />

Quadro 1. elaborado pelo autor, com b<strong>as</strong>e nos cálculos d<strong>as</strong> médi<strong>as</strong> cruzad<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> através <strong>de</strong> software estatístico 2<br />

A cada fator listado acima são relacionad<strong>as</strong> variáveis explicativ<strong>as</strong> que, através <strong>de</strong><br />

regressão linear múltipla, possibilitam explicar o quanto cada variável influencia o fator<br />

analisado. O quadro acima reflete a atitu<strong>de</strong> dos trabalhadores na or<strong>de</strong>m do item mais importante<br />

ao menos importante e do item cuja satisfação é menor ao item cuja satisfação é maior. Foi<br />

utilizada uma escala <strong>de</strong> Lickert, atitudinal que varia <strong>de</strong> 1(muito insatisfeito) a 5(muito satisfeito),<br />

sendo também utilizada para medir o nível <strong>de</strong> importância atribuído aos mesmos fatores.<br />

Verificou-se que os trabalhadores atribuíram maior importância ao retorno e<br />

reconhecimento oferecido pela empresa às su<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong>. Enfatiza-se que o pessoal<br />

não valoriza muito o perfil do seu grupo. Não há uma preocupação com a qualificação do grupo<br />

no qual eles estão inseridos. Entretanto, eles não <strong>de</strong>monstram satisfação em relação ao perfil <strong>de</strong><br />

seus <strong>grupos</strong>. Foi constatado que 54% dos empregados geram <strong>de</strong> nenhuma a uma idéia a cada três<br />

meses na empresa. Uma parcela significativa <strong>de</strong> indivíduos pertencentes a <strong>grupos</strong> (43%) afirma<br />

2 Le Sphinx Plus<br />

12


não estar se reunindo <strong>de</strong> nenhuma forma com seus coleg<strong>as</strong> <strong>de</strong> grupo. Apen<strong>as</strong> 14% dos indivíduos<br />

afirma se reunir, conforme <strong>as</strong> regr<strong>as</strong> do programa ( du<strong>as</strong> hor<strong>as</strong> por mês).<br />

De maneira geral, os funcionários da empresa não <strong>de</strong>monstram-se satisfeitos com a<br />

maioria dos itens avaliados nesta pesquisa. As médi<strong>as</strong> gerais dos fatores avaliados revelaram um<br />

índice intermediário <strong>de</strong> satisfação dos trabalhadores (63%). O item que apresentou maior índice<br />

<strong>de</strong> satisfação por parte dos funcionários foi “ Proposta <strong>de</strong> participação que a empresa oferece via<br />

CCQ”. Entretanto, este item não recebeu maior pontuação em função do pessoal sentir-se não<br />

satisfeito com <strong>as</strong> variáveis explicativ<strong>as</strong> : (a)oportunida<strong>de</strong> dos funcionários proporem mudanç<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> norm<strong>as</strong>, regr<strong>as</strong> e procedimentos do programa <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong> da empresa (recebeu média 2,6 na<br />

escala <strong>de</strong> satisfação); (b)Oportunida<strong>de</strong> que os funcionários dizem ter em influenciar n<strong>as</strong><br />

aprovações d<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong> (recebeu média 2,9 na escala <strong>de</strong> satisfação).<br />

Ressalta-se que 19% dos funcionários da empresa consi<strong>de</strong>ram o CCQ limitado pelo<br />

fato <strong>de</strong> não permitir que o funcionário participe d<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> aprovação d<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> sugerid<strong>as</strong>.<br />

Salienta-se também que 15% do quadro avaliado consi<strong>de</strong>ra o CCQ limitado pelo fato <strong>de</strong> não<br />

permitir que o funcionário participe da elaboração d<strong>as</strong> regr<strong>as</strong> do PROMECON e da linha <strong>de</strong><br />

produção, no sentido <strong>de</strong> alterá-l<strong>as</strong> quando acharem justo e necessário. Segundo a maioria dos<br />

funcionários da empresa o maior problema enfrentado pelos circulist<strong>as</strong> é a “Falta <strong>de</strong> tempo para<br />

participar <strong>de</strong> reuniões” (42.4%), seguido da “Falta <strong>de</strong> motivação do grupo” (39.5%). O terceiro<br />

maior problema é “Projetos não implantados”.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que tanto a falta <strong>de</strong> motivação do grupo como a não implantação dos<br />

projetos e a falta <strong>de</strong> tempo para <strong>as</strong> reuniões são efeitos da eficiência operacional do programa e <strong>de</strong><br />

sua eficácia. Uma vez estabelecid<strong>as</strong> <strong>as</strong> regr<strong>as</strong> do programa faz-se necessário, logicamente, um<br />

comprometimento, tanto por parte do empregado como do empregador. Salienta-se que o<br />

PROMECON faz parte <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> administração participativa, e que a abertura na<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong>st<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong>, buscando a constante a<strong>de</strong>são dos funcionários é fundamental. Por um<br />

lado a pesquisa revela o elevado grau <strong>de</strong> satisfação dos funcionários em receber prêmios em<br />

dinheiro, por outro, indica a falta <strong>de</strong> motivação dos <strong>grupos</strong> como um dos maiores problem<strong>as</strong>,<br />

entre outros. Até que ponto ou até em que nível <strong>as</strong> recompens<strong>as</strong> motivam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>? Ou ainda,<br />

Será que <strong>as</strong> recompens<strong>as</strong> motivam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>?<br />

Segundo Kohn (1995), renomado conferencista em program<strong>as</strong> <strong>de</strong> educação e gestão<br />

empresarial, “apoiar-se nos incentivos para aumentar a produtivida<strong>de</strong> em nada ajuda no sentido<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os possíveis problem<strong>as</strong> subjacentes e propor mudanç<strong>as</strong> significativ<strong>as</strong>. Nada ameaça<br />

tanto uma organização como uma porção <strong>de</strong> indivíduos, orientados para o incentivo, tentando<br />

lisonjear aquele que distribui esse incentivo”.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, o pensamento do autor acima não afirma e nem recomenda que <strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong> não recompensem seus funcionários. Sua argumentação é forte no sentido <strong>de</strong> que,<br />

freqüentemente, a administração cria um clima <strong>de</strong> expectativa muito gran<strong>de</strong> pela recompensa,<br />

focaliza a atenção dos funcionários na seguinte premissa: “Faça isto e você conseguirá aquilo”.<br />

Será que <strong>as</strong> recompens<strong>as</strong> motivam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>? Absolutamente não. El<strong>as</strong> motivam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a<br />

conseguir recompens<strong>as</strong>.<br />

13


5 CONCLUSÃO<br />

5.1. Balanço da utilização d<strong>as</strong> APG’s em empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong> e american<strong>as</strong><br />

A aplicação do sistema <strong>de</strong> <strong>ativida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>pequenos</strong> <strong>grupos</strong> nos EUA, apesar <strong>de</strong> ter ocorrido<br />

com relativo sucesso, esteve longe <strong>de</strong> alcançar o espectro dos program<strong>as</strong> japoneses<br />

(Davidson,1982). Isto se <strong>de</strong>ve, provavelmente, ao fato <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> orientad<strong>as</strong> a<br />

<strong>grupos</strong> paralelos nos Estados Unidos não tenha se <strong>de</strong>senvolvido com o mesmo êxito do que no<br />

Japão. Ao p<strong>as</strong>so que se verificou em 1980, durante o auge da participação em CCQ na Hit<strong>as</strong>hi<br />

Co., um total <strong>de</strong> 112 mil propost<strong>as</strong> <strong>de</strong> melhori<strong>as</strong>, em 1996, ao se realizar a pesquisa na empresa<br />

norte-americana sediada no RGS verificou-se um total <strong>de</strong> 36 mil propost<strong>as</strong> apresentad<strong>as</strong> e<br />

implantad<strong>as</strong> neste ano. No total, a companhia japonesa apresentou uma média <strong>de</strong> 39 propost<strong>as</strong><br />

implantad<strong>as</strong> por empregado/ano, ao p<strong>as</strong>so que a filial norte-americana tem mantido uma média<br />

<strong>de</strong><br />

21 propost<strong>as</strong> por empregado/ano. Não que estes resultados comprovem o melhor <strong>de</strong>sempenho dos<br />

CCQ’s n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> reforçam os resultados <strong>de</strong> outr<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> como <strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

Davidson(1982) e <strong>de</strong> Cole(1989). Ainda <strong>as</strong>sim, <strong>de</strong>staca-se que a empresa norte-americana sediada<br />

no Br<strong>as</strong>il, cuja pesquisa foi realizada pelo autor, posiciona-se no ranking gaúcho da<br />

AGQ(Associação Gaúcha <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>) entre os primeiros lugares em criativida<strong>de</strong> e número <strong>de</strong><br />

idéi<strong>as</strong> gerad<strong>as</strong> nos concursos estaduais <strong>de</strong> CCQ dos últimos cinco anos. Desta forma, trata-se <strong>de</strong><br />

uma empresa br<strong>as</strong>ileira com excelente <strong>de</strong>sempenho n<strong>as</strong> APG’s do tipo CCQ.<br />

Curiosamente, embora os CCQ’s, no Japão, correspon<strong>de</strong>ssem a 29% <strong>de</strong> todo o conjunto<br />

<strong>de</strong> APG’s n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong> (Davidson,1982), eles tiveram ampla aceitação n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong><br />

japones<strong>as</strong>, o que não ocorreu nos EUA e na América. Fazendo um paralelo entre o conjunto <strong>de</strong><br />

estratégi<strong>as</strong> adotad<strong>as</strong> e os objetivos a serem atingidos pela administração empresarial japonesa e a<br />

americana, conforme a pesquisa <strong>de</strong> Cole(1989), talvez possa-se perceber <strong>de</strong>terminad<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong><br />

que expliquem o maior e melhor resultado d<strong>as</strong> APG’s no Japão do que nos EUA e na empresa<br />

norte-americana com se<strong>de</strong> no RGS. Desta forma, utiliza-se como referência, para uma análise<br />

comparativa, <strong>as</strong> figur<strong>as</strong> 1 e 2 (partes grifad<strong>as</strong>), que representam, b<strong>as</strong>icamente, <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

estímulo, <strong>as</strong> respost<strong>as</strong> estratégic<strong>as</strong> e os objetivos gerenciais da utilização d<strong>as</strong> APG’s no Japão e<br />

nos EUA, respectivamente. Verifica-se diferenç<strong>as</strong> significativ<strong>as</strong> nest<strong>as</strong> variáveis através do<br />

quadro comparativo abaixo:<br />

Relação entre variáveis que influenciaram a adoção e utilização d<strong>as</strong> APG’s n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong><br />

japones<strong>as</strong> american<strong>as</strong> e na empresa pesquisada pelo autor.<br />

VARIÁVEIS JAPÃO EUA<br />

Internacionalização<br />

(Competitivida<strong>de</strong>)<br />

Em relação a internacionalização dos mercados, os EUA tornavam-se<br />

pouco competitivos em relação ao Japão apen<strong>as</strong> em alguns setores<br />

concentrados da indústria, como ex: automobilístico e eletrônico. Isto<br />

po<strong>de</strong> ter influenciado outros setores a não se interessarem por nov<strong>as</strong><br />

estratégi<strong>as</strong> como <strong>as</strong> APG’s.<br />

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Elo entre objetivos <strong>de</strong> “<br />

crescimento do pessoal” e<br />

aumento na qualida<strong>de</strong> e<br />

produtivida<strong>de</strong>.<br />

Há uma intensa relação entre os<br />

objetivos <strong>de</strong> fortificar o<br />

“espírito”<strong>de</strong> grupo, melhorar a<br />

comunicação no trabalho e a<br />

motivação com os objetivos <strong>de</strong><br />

aumentar a qualida<strong>de</strong> e a<br />

produtivida<strong>de</strong>. Tudo isto como<br />

conseqüência comum d<strong>as</strong><br />

estratégi<strong>as</strong> <strong>de</strong> APG’s mutuamente<br />

com a <strong>de</strong>scentralização d<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>cisões no trabalho.<br />

Disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra A esc<strong>as</strong>sez da mão-<strong>de</strong>-obra<br />

incentivava o trabalho em grupo.<br />

Não há uma intensa relação entre<br />

os objetivos <strong>de</strong> aumentar a<br />

satisfação no trabalho e <strong>as</strong><br />

melhori<strong>as</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e<br />

produtivida<strong>de</strong>, visto que <strong>as</strong><br />

APG’s agem como estratégi<strong>as</strong><br />

estanques, alimentando dois<br />

objetivos gerenciais <strong>de</strong> forma<br />

separada e distinta. Além disso,<br />

<strong>as</strong> APG’s não estimulam e nem<br />

apoiam a formação <strong>de</strong> <strong>grupos</strong>,<br />

m<strong>as</strong> a satisfação no trabalho, o<br />

que parece um incentivo<br />

individual às pesso<strong>as</strong> e não a<br />

<strong>grupos</strong>.<br />

Não havia esc<strong>as</strong>sez da mão <strong>de</strong> obra<br />

tal qual no Japão.<br />

Quadro 2. elaborado pelo autor com b<strong>as</strong>e n<strong>as</strong> figur<strong>as</strong> 1 e 2.<br />

Segundo <strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> feit<strong>as</strong> por Cole (1989) e o que foi possível constatar na filial norteamericana<br />

pesquisada, <strong>as</strong> APG’s do tipo CCQ difundid<strong>as</strong> na cultura americana são orientad<strong>as</strong><br />

para <strong>de</strong>senvolver o talento dos trabalhadores em administrar melhori<strong>as</strong> da forma que melhor lhes<br />

garanta retorno financeiro e “status” individual. São estratégi<strong>as</strong> pouco dirigid<strong>as</strong> a objetivos <strong>de</strong><br />

espírito <strong>de</strong> grupo e motivação. Seu foco principal parece ser dirigido ao aumento da qualida<strong>de</strong> e<br />

produtivida<strong>de</strong> dos meios <strong>de</strong> produção e satisfação dos empregados através <strong>de</strong> estímulos e<br />

recompens<strong>as</strong> que buscam a promoção individual, e não através do crescimento técnico e pessoal<br />

homogêneo e <strong>de</strong>vidamente distribuído entre os <strong>grupos</strong> compostos pelo quadro <strong>de</strong> trabalhadores<br />

da empresa.<br />

Embora a empresa norte-americana pesquisada pelo autor tenha adotado o mo<strong>de</strong>lo<br />

japonês <strong>de</strong> APG’s, os resultados <strong>de</strong> cunho qualitativo e quantitativo da pesquisa sugerem que<br />

este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização do trabalho(APG/CCQ Japonês) a medida que adaptou-se na<br />

América, <strong>as</strong>semelhou-se muito ao mo<strong>de</strong>lo norte-americano d<strong>as</strong> APG’s construído conforme <strong>as</strong><br />

pesquis<strong>as</strong> <strong>de</strong> Cole(1989). Desta forma, verificou-se que a proposta do CCQ japonês adotada n<strong>as</strong><br />

empres<strong>as</strong> american<strong>as</strong> e na empresa pesquisada no RGS é conduzida por propósitos diferentes que<br />

n<strong>as</strong> japones<strong>as</strong>. Estes propósitos diferentes, por sua vez, pareceram justificar os distintos<br />

resultados obtidos com a utilização d<strong>as</strong> APG’s n<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> japones<strong>as</strong> e american<strong>as</strong>.<br />

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