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um chamado aos jovens<br />
Também em busca <strong>de</strong> uma análise<br />
mais múltipla e ampla sobre a participação política<br />
dos jovens, principalmente à luz da menor<br />
participação dos jovens entre 16 e 17 anos no<br />
pleito majoritário <strong>de</strong>ste ano, a <strong>ComTempo</strong> encontrou<br />
a Engajamundo, que <strong>de</strong>fine-se como<br />
uma organização <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança jovem que atua<br />
para abrir caminhos para a participação da juventu<strong>de</strong><br />
nas <strong>de</strong>cisões políticas internacionais.<br />
Segundo o Engajamundo, a atuação<br />
da organização está focada, atualmente, em<br />
cinco temas: biodiversida<strong>de</strong>, cida<strong>de</strong>s sustentável,<br />
clima, <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
e gênero.<br />
A reportagem enviou questões a Engajamundo,<br />
que fora respondidas pela coor<strong>de</strong>nadora<br />
da organização, Amanda Segnini,<br />
formada em Relações Internacionais pela<br />
PUC-SP e com pós-graduação em Inovação<br />
Social pelo Instituto Amani. Confira a entrevista<br />
na íntegra.<br />
<strong>ComTempo</strong> – É possível fazer análise do porquê um percentual<br />
tão baixo <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong>cidiu votar nestas eleições?<br />
Amanda Segnini – Na nossa perspectiva como Engajamundo, isso<br />
acontece porque poucos jovens sentem-se representados com a<br />
maioria dos candidatos que estão ocupando os cargos hoje em dia.<br />
Isso faz com que o interesse por pesquisar outros representantes<br />
seja quase nulo. O resultado <strong>de</strong>sse ciclo é uma eleição com percentual<br />
tão baixo <strong>de</strong> jovens exercendo, <strong>de</strong> fato, o direito ao voto, ou seja,<br />
comparecendo às urnas e não o anulando.<br />
CT – Quais fatores po<strong>de</strong>m levar os jovens a não se interessarem<br />
por política?<br />
Amanda – O distanciamento da política institucional e o encastelamento<br />
das instituições, construindo uma narrativa <strong>de</strong> ser a política<br />
algo distante do nosso cotidiano, diminuindo, por conseguinte, a representação<br />
das diversida<strong>de</strong>s do país, resultando em duplo afastamento:<br />
por não se ver e não enten<strong>de</strong>r a política na sua vida.<br />
CT – Quais ferramentas po<strong>de</strong>riam ser iniciativas para<br />
<strong>de</strong>spertar o interesse?<br />
Amanda – Dispositivos mediadores das dinâmicas on<strong>de</strong> a juventu<strong>de</strong><br />
está presente, como as re<strong>de</strong>s sociais. Nesse sentido, cabe citar a<br />
plataforma #MeRepresenta, que faz o match político entre candidaturas<br />
e pessoas eleitoras, buscando efetivar essa ponte, diminuir o<br />
distanciamento e aumentar a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corpos e pautas<br />
na política institucional. Além do #MeRepresenta e outras plataformas<br />
que estão buscando a reaproximação dos jovens com a política,<br />
o Engajamundo encoraja fortemente a participação das juventu<strong>de</strong>s<br />
em rodas <strong>de</strong> conversa, participação em <strong>de</strong>bates e aproximação com<br />
as temáticas abordadas pelos seus candidatos. Possibilitar que a política<br />
seja um assunto falado abertamente pelos jovens, com respeito<br />
às divergências <strong>de</strong> opinião e buscando que esses jovens se sintam<br />
à vonta<strong>de</strong> em fazer parte <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>bate também são ações que acreditamos<br />
serem possíveis.<br />
CT – Os jovens sentem-se representados por políticos<br />
que ocupam os cargos eletivos?<br />
Amanda – Atualmente, não. O perfil <strong>de</strong> políticos hoje é distante das<br />
faces da juventu<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando o congresso e os cargos executivos.<br />
Um congresso extremamente conservador e o mesmo perfil na<br />
maioria dos cargos públicos eleitos: homens, brancos, cisgêneros,<br />
heteronormativos, <strong>de</strong> classe média alta para cima e distantes das<br />
pautas que a juventu<strong>de</strong> vem <strong>de</strong>batendo e reivindicando, seja em movimentos<br />
organizados, seja em re<strong>de</strong>s.